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André L. Chevitarese Gabriele Cornelli (orgs) A descoberta do Jesus historico ROTC ELAUOR UMM tonteTecrn nee HME TOm Tin Tone OEM Men om Ramo maro rene etc intent [atte versal, baseado na era crista. Uma parte considerdvel da humanidade professa a ROMOU COMUNE rTM TSC oe mest um profeta. Para além do Cristianismo SLOVO HSMM enero ttn mate HSCS tros crentes ou para agnés uma referéncia fundamental, pela dife- renga, contraste ou oposigao. No entanto, o Jesus da hist6ria, aque- le homem galileu que viveu ha dois mil anos, ainda é um grande desconhecido. O Cristo da fé dominou, por muitos s¢- culos, as reflexdes sobre este homem: Rome tni Tams roTni eee: Th CCl) das discuss6es teolégicas foram muitas, mas o homem Jesus foi tocado pelos: eM TSIM OSM CTTTTT CONC TISTom culos, E essa retomada de interesse da mostras de estar apenas no comeg¢o. HOON OER CT Nese pago interdisciplinar que acolhe as mais: SETURL CO MM ICOM TSTe Ces figura marcante de Jesus de Nazaré: a enue oe) MEEHAN ria, a espiritualidade, e tantas outras. A descoberta do Jesus historico CoLEGAO QUEM DIZEM QUE sou? Morte e ressurrei¢do de Jesus: reconstrugdo e hermenéutica. Um debate com John Dominic Crossan — Paulo Augusto de Souza Nogueira e Jonas Machado (orgs.) « A descoberta de Jesus histérico — André L, Chevitarese e Gabrielle Cornelli (orgs.) André L. Chevitarese Gabriele Cornelli (orgs) A descoberta do Jesus historico Dados Internacionais de Catalogagio na Publicagio (CIP) (Camara Brasileira do Livro, SP, Brasil) A descoberta do Jesus histérico / André L. Chevitarese, Gabriele ‘Comelli, (organizadores). ~ 1. ed. ~ Sao Paulo : Paulinas, 2009, — (Colegao quem dizem que sou?) Bibliografia ISBN 978-85-356-2481-6 1. Jesus Cristo ~ Historicidade 2, Jesus Cristo ~ Pessoa e missio 1. Chevitarese, André L, IL. Comelli, Gabriele, II, Série 09-05589 cDD.232.908 {nice para catilogo sistemtico: 1. Jesus Cristo isténcia histérica : Cristologia 232,908 I edigtio — 2009 Diregio-geral: Flavia Reginatto Conselho Editorial: Dr: Afonso M. L. Soares Dr. Antonio Francisco Lelo Luzia M. de Oliveira Sena Dra. Maria Alexandre de Oliveira Dr. Matthias Grenzer Dra. Vera Ivanise Bombonatto Editores responsiveis: Vera Ivanise Bombonatto e Afonso M. L, Soares Copidesque: Cirano Dias Pelin Coordenagio de revisio: Marina Mendonga Revisiio: Jaci Dantas Diregio de arte: Irma Cipriani Gerente de produgio: Felicio Calegaro Neto Projeto gréfico: Teima Custédio Nenhuma parte desta obra poderd ser reproduzida on transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrénico ou mecénico, incluindo fotocépia e gravagao) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissao escrita da Editora. Direltos reservados. 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Joao Batista e Jesus conheceram os essénios? Isiboro MAZzAROLO .. A tipologia de dominio imperial romano em debate Norma Musco Menprs.... O mandamento do amor ao préximo: 0 exercicio da afeicao enquanto transposicao das fronteiras do ser Loutra GUIMARAES GUERRA... A primeira expansiao crista nos Atos dos Apéstolos: fendmeno gradual ou difusio rapida? Monica SELVATICL... INTRODUGAO Jesus de Nazaré constitui personagem histérico da maior impor- tancia, a comecar pelo proprio calend4rio, hoje universal, baseado na era crista. Uma parte consideravel da humanidade professa a fé crista e outra parte considera Jesus um profeta. Para além do Cristianismo e do Islamismo, Jesus constitui para outros crentes ou para agnésticos e ateus uma referéncia fundamental, pela diferenga, contraste ou oposigao. No entanto, o Jesus da histéria, aquele homem galileu que viveu ha dois mil anos, ainda constitui um grande desconhecido. O Cristo da fé dominou, por muitos séculos, as reflexdes sobre este homem de singular significa- cao. As paixées das discussées teolégicas foram muitas, mas o homem Jesus foi tocado pelos estudiosos apenas nos tiltimos dois séculos. Num primeiro momento, a luz das certezas positivistas, em busca do conhecimento histérico preciso e objetivo, tentou-se desvencilhar Je- sus de toda crenga. Com 0 passar das décadas, e com 0 amadurecimento do conhecimento histérico, mais do que tentar tudo explicar pelo ra- cionalismo moderno, buscou-se entender 0 homem em seu contexto e circunstancias, impregnados de espiritualidade. Em seguida, e mesmo paralelamente, buscou-se na teoria social um ferramental que permitisse melhor entender essas circunstancias historicas. Em particular, nas ultimas décadas, as transformacées so- ciais levaram ao questionamento de postulados seculares sobre a vida em sociedade. Os movimentos sociais, principalmente apés a II Guerra Mundial, expuseram a diversidade no interior das sociedades, composta por grupos diversos e conflitantes, a0 menos em alguns casos. Mulheres emergiram a ribalta, assim como outras sexualidades ou géneros. Grupos étnicos ou religiosos puderam explicitar suas aspiragdes e reivindicar sua legitimidade. Mesmo identidades etarias, como os movi- mentos estudantis e juvenis, explicitaram suas reivindicagées. Os mol- des tradicionais de interpretagio das sociedades foram, como resultado, criticados. Os modelos normativos, que propugnavam sociedades ho- mogéneas e comportamentos segundo normas compartilhadas, foram postos em questio, As identidades sociais, em sua imensa diversidade, 8 | InrRopuGAO mostraram-se fluidas e em constante mutagao. Os conflitos, antes enca- rados como desvios, passaram a fazer parte da dindmica social. Isso tudo afetou, de forma profunda, 0 estudo do Jesus histérico, Os varios grupos sociais, agora reconhecidos como interlocutores legi- timos, passaram a reivindicar suas proprias percepgdes, a propugnar énfases antes inexistentes. A identidade étnica de Jesus, como judeu, passou a ser explorada, assim como sua relagdo com as mulheres, mas também as multiplas relagdes étnicas, religiosas e de género que pulu- lam no relato biblico, se lido a luz da diversidade da nossa época. A luta anti-imperialista moderna serviu de inspiragao, direta ou indireta, para a compreensao de facetas do movimento de Jesus. Antes apanagio de tedlogos, o estudo do Jesus hist6rico passou a interessar, em no menor medida, historiadores, antropdlogos, arquedlogos. Nos alvores do Iluminismo, Voltaire dizia que houve “um judeu obscuro, do povinho, chamado Jesus, crucificado como blasfemo, ao tempo do imperador Tibério, sem que se possa saber o ano”! Passados mais de dois séculos, 0 estudo do Jesus histérico pode produzir reflexdes tanto mais completas quanto menos distantes do ambiente em que ele viveu, menos avessas as suas raizes judaicas e populares. Num certo sen- tido, pode-se, depois de tantos decénios de embates entre racionalistas e agnésticos, de um lado, ¢ religiosos, de outro, almejar aproximagées sine ira et studio? Isso nao significa, de modo algum, que se pretenda superar as limitagdes do conhecimento e da subjetividade, inevitavel e mesmo um valor a ser respeitado. Por isso mesmo tem-se estudado, também, a propria historia da ciéncia, os meandros nos quais as interpretagdes his- toriograficas se construiram e constroem. Tudo isso transparece neste volume. Mesclam-se, aqui, abordagens de variados pontos de vista tericos, assim como diversos so os objetos, mas todos contribuindo para formar uma imagem complexa do Jesus historico. Agenciam-se as fontes de maior tradigao, como os textos ca- nénicos, e séo incorporados documentos nio menos importantes, mas que refletem, justamente, a imensa diversidade existente na época de Jesus. Assim, textos gnésticos, historias das correntes judaicas, tradigio textual, cultural material e iconografia, disso tudo se trata, numa rique- za e variedade fertilizadora. Outro aspecto a ser destacado refere-se ao ‘Un juif obscur, de a lie du peuple, nommé Jésus, crucifié comme blasphémateur au temps de Vempereur Tibére, sans qu'on puisse savoir en quelle année.” Diew et les hommes. 1769. p. 279. 2 TACITO, Anais, 1,1,3: sem raiva ou parcialidade. INTRoDUGAG | 9 recurso 4 teoria social. Isso sem desconsiderar suas diversas formas e correntes. Por fim, mas nao menos importante, o volume congrega, de forma muito bem articulada, a ciéncia internacional e brasileira. John Dominic Crossan, esse grande mestre, profundo conhecedor do Jesus histérico, insere a obra no contexto mundial de vanguarda e alicerga 0 caminho para as contribuig6es brasileiras, resultado do amadurecimento da histo- riografia nacional sobre um tema tao relevante e cada vez mais em voga: Jesus. O leitor saira enriquecido e ansioso, por certo, por novas reflexées, instigado a buscar o Jesus hist6rico. PEDRO PauLo A. Funari* * Graduado em Histéria (1981), mestre em Ciencias Sociais (Antropologia Social) ¢ doutor em Arqueologia, sempre pela Universidade de Sao Paulo. Livre-docente em Histéria pela Universidade Estadual de Campinas. Professor titular da Universidade Estadual de Campinas ¢ professor dos programas de pés-graduagio da mesma universidade e da Universidade de Sio Ticilan Bdiaili olamatiieslienmn tbe

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