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Etapa Ensino Fundamental Língua

Anos Finais Portuguesa

Conto: como se
inventaram os
almanaques –
Parte 2
7o ANO
Aula 2 – 4º bimestre
Conteúdo Objetivos
● Gênero conto; ● Caracterizar personagens e
acontecimentos;
● Compreensão de texto.
● Relacionar informações do
conto para deduzir
intencionalidades.
Para começar
Você sabe o que é cosmogonia?
Para começar
Você sabe o que é cosmogonia?
Cada povo tem sua própria forma de explicar a
origem do mundo ou de qualquer elemento que
fará parte do mundo. Em épocas em que as
explicações ainda não eram científicas, cada
cultura criou suas próprias histórias sobre isso, e
elas são chamadas de histórias cosmogônicas.
Assim, a cultura iorubá explica que o mundo
começou quando Obatalá contou ao deus
Olodumaré sua vontade de criar a Terra, que seria
chamada de Ilê Aiyê.
Para começar
Na cultura grega, o mundo terá nascido
do caos, que, dando origem a Nix (a
noite), possibilitou o surgimento de
Gaia – a Terra – e de Urano – a
abóbada celeste.
Para os tupis-guaranis, o mundo foi
criado por Tupã, o deus do trovão, com
a ajuda de Jaci, a deusa da noite e da
lua, depois de descerem na região do
monte Areguá, atual Paraguai, e
formarem tudo o que existe.
Foco no conteúdo
Vamos continuar a leitura compartilhada do
conto de Machado de Assis
“Como se inventaram os almanaques”.
Na primeira parte da história, que já foi lida, conhecemos as
personagens Tempo e Esperança.
A personagem Tempo usa estratégias para convencer Esperança a se
casar com ela, mas sem sorte: a personagem Esperança acha o
Tempo velho demais para ela.
A última tentativa do Tempo foi a invenção do almanaque. O Tempo
queria que a Esperança entendesse que a mocidade dela iria passar e
que ela iria envelhecer também. Será que o plano dele daria certo?
Foco no conteúdo

A leitura pode ser feita em voz alta (as vozes do narrador e


das personagens podem ser representadas por colegas da
turma do 7º ano).

O texto na íntegra está disponível em:


https://drive.google.com/drive/u/1/folders/13GnZilvBr8V__9p2gfJi7798dArqsCPO
Foco no conteúdo
Continuação: Como se inventaram os
almanaques
O almanaque trazia a língua das cidades e dos campos em que caía.
Assim toda a terra possuiu, no mesmo instante, os primeiros
almanaques. Se muitos povos os não têm ainda hoje, se outros
morreram sem os ler, é porque vieram depois dos acontecimentos
que estou narrando. Naquela ocasião o dilúvio foi universal.
— Agora, sim, disse Esperança pegando no folheto que achou na
horta; agora já me não engano nos dias das amigas. Irei jantar ou
passar a noite com elas, marcando aqui nas folhas, com sinais de
cor os dias escolhidos.
Foco no conteúdo

Todas tinham almanaques. Nem só elas, mas também as matronas,


e os velhos e os rapazes, juízes, sacerdotes, comerciantes,
governadores, fâmulos; era moda trazer o almanaque na algibeira.
Um poeta compôs um poema atribuindo a invenção da obra às
Estações, por ordem de seus pais, o Sol e a Lua; um astrônomo, ao
contrário, provou que os almanaques eram destroços de um astro
onde desde a origem dos séculos estavam escritas as línguas
faladas na Terra e provavelmente nos outros planetas.
Foco no conteúdo
A explicação dos teólogos foi outra. Um grande físico entendeu que
os almanaques eram obra da própria Terra, cujas palavras,
acumuladas no ar, formaram-se em ordem, imprimiram-se no
próprio ar, convertido em folhas de papel, graças… Não continuou;
tantas e tais eram as sentenças, que a de Esperança foi a mais
aceita do povo.
— Eu creio que o almanaque é o almanaque, dizia ela rindo.
Quando chegou o fim do ano, toda a gente, que trazia o almanaque
com mil cuidados, para consultá-lo no ano seguinte, ficou espantada
de ver cair à noite outra chuva de almanaques. Toda a terra
amanheceu alastrada deles; eram os do ano novo.
Na prática
Antes de continuar a leitura do texto, responda:
1. As pessoas gostaram do almanaque?
2. A personagem Esperança gostou do almanaque? Em que ele
ajudaria a personagem?
3. Especialistas de diferentes áreas estudavam e procuravam
explicar o almanaque. Como Esperança o explicava?

Responda às questões em seu caderno, depois confira-as com um


colega. Ajustem as respostas para depois participarem da correção
que o professor vai fazer.
Na prática Correção
1. As pessoas gostaram do almanaque?
Sim. Todos tinham almanaques. Ele virou moda.
2. A personagem Esperança gostou do almanaque?
Sim. A passagem do tempo ficou mais fácil de ser acompanhada
e os compromissos de serem lembrados. (“— Agora, sim, disse
Esperança pegando no folheto que achou na horta; agora já me
não engano nos dias das amigas. Irei jantar ou passar a noite
com elas, marcando aqui nas folhas, com sinais de cor os dias
escolhidos”).
3. Especialistas de diferentes áreas estudavam e procuravam explicar
o almanaque. Como Esperança o explicava?
De uma forma muito simples: “— Eu creio que o almanaque é o
almanaque, dizia ela rindo”.
Foco no conteúdo
Guardaram naturalmente os velhos. Ano findo, outro almanaque;
assim foram eles vindo, até que Esperança contou vinte e cinco
anos, ou, como então se dizia, vinte e cinco almanaques. Nunca os
dias pareceram correr tão depressa. Voavam as semanas, com elas
os meses, e, mal o ano começava, estava logo findo. Esse efeito
entristeceu a terra. A própria Esperança, vendo que os dias
passavam tão velozes, e não achando marido, pareceu desanimada;
mas foi só um instante. Nesse mesmo instante apareceu-lhe o
Tempo.
— Aqui estou, não deixes que te chegue a velhice... [...]
Esperança respondeu-lhe com duas gaifonas, e deixou-se estar
solteira. Há de vir o noivo, pensou ela.
Foco no conteúdo
Olhando-se ao espelho, viu que mui pouco mudara. Os vinte e cinco
almanaques quase lhe não apagaram a frescura dos quinze. Era a
mesma linda e jovem Esperança. O velho Tempo [...] ia deixando
cair os almanaques, ano por ano, até que ela chegou aos trinta e daí
aos trinta e cinco.
Eram já vinte almanaques; toda a gente começava a odiá-los,
menos Esperança, que era a mesma menina das quinze primaveras.
Trinta almanaques, quarenta, cinquenta, sessenta, cem
almanaques; velhices rápidas, mortes sobre mortes, recordações
amargas e duras. A própria Esperança, indo ao espelho, descobriu
um fio de cabelo branco e uma ruga.
— Uma ruga! Uma só!
Foco no conteúdo
Outras vieram, à medida dos almanaques. Afinal a cabeça de
Esperança ficou sendo um pico de neve, a cara um mapa de linhas.
Só o coração era verde como acontecia ao Tempo; verdes ambos,
eternamente verdes. Os almanaques iam sempre caindo. Um dia, o
Tempo desceu a ver a bela Esperança; achou-a anciã, mas forte,
com um perpétuo riso nos lábios.
— Ainda assim te amo, e te peço... disse ele.
Esperança abanou a cabeça; mas, logo depois, estendeu-lhe a mão.
— Vá lá, disse ela; ambos velhos, não será longo o consórcio.
— Pode ser indefinido.
— Como assim?
Foco no conteúdo
O velho Tempo pegou da noiva e foi com ela para um espaço azul e
sem termos, onde a alma de um deu à alma de outro o beijo da
eternidade. Toda a criação estremeceu deliciosamente. A verdura
dos corações ficou ainda mais verde.
Esperança, daí em diante, colaborou nos almanaques. Cada ano, em
cada almanaque, atava Esperança uma fita verde. Então a tristeza
dos almanaques era assim alegrada por ela; e nunca o Tempo
dobrou uma semana que a esposa não pusesse um mistério na
semana seguinte.
Foco no conteúdo
Deste modo todas elas foram passando, vazias ou cheias, mas
sempre acenando com alguma coisa que enchia a alma dos homens
de paciência e de vida. Assim as semanas, assim os meses, assim
os anos. E choviam almanaques, muitos deles entremeados e
adornados de figuras, de versos, de contos, de anedotas, de mil
coisas recreativas. E choviam. E chovem. E hão de chover
almanaques. O Tempo os imprime, Esperança os costura; é toda a
oficina da vida.
Na prática
4. O Tempo conseguiu conquistar a Esperança usando a estratégia
da criação dos almanaques? Explique como isso aconteceu, de
acordo com o que foi lido.
5. Com o passar dos anos, as pessoas passaram a odiar os
almanaques. Por quê?
6. De acordo com o texto, como Esperança muda a visão negativa
que as pessoas tinham dos almanaques?
7. Deduza, segundo o autor do conto, qual é o papel da esperança
na "oficina da vida"?
Na prática Correção
4. O Tempo consegue conquistar a Esperança usando a estratégia da
criação dos almanaques? Explique como isso aconteceu, de
acordo com o que foi lido.
Sugestão de resposta:
Sim, a Esperança percebe a passagem do tempo conforme os
almanaques foram se acumulando e as marcas da idade
(cabelos brancos e rugas) foram aparecendo. Esperança
ainda recusa mais uma tentativa de conquista do Tempo, mas
acaba por ceder, já quando ambos estão velhos, não mais só
o Tempo. Esperança passa, inclusive, a ajudar o Tempo na
produção dos almanaques.
Na prática Correção
5. Com o passar dos anos, as pessoas passaram a odiar os
almanaques. Por quê?
Porque os almanaques expunham a passagem do tempo, as
velhices rápidas, as mortes e as recordações amargas.
6. De acordo com o texto, como Esperança muda a visão negativa
que as pessoas tinham dos almanaques?
Esperança acrescenta uma fita verde em cada almanaque,
adorna-o com figuras, versos, contos e coisas recreativas que
alegram a publicação.
Na prática Correção
7. Deduza, segundo o autor do conto, qual é o papel da esperança
na "oficina da vida"?
Sugestão de resposta:
A esperança tem o papel de tornar menos pesada a certeza
da passagem do tempo; tem a função de criar uma
expectativa positiva para o dia, o mês, o ano seguinte.
Outra resposta é considerada adequada, desde que esteja
relacionada com o aspecto positivo da esperança com a
passagem do tempo.
Aplicando
Na seção Para começar, foi falado o que é cosmogonia. Lembra?
Cosmogonia refere-se às narrativas ancestrais ou conhecimentos
transmitidos ao longo das gerações para explicar a origem do mundo ou
de qualquer elemento que faça parte dele. Por exemplo: como as
estrelas nasceram; por que a lua tem quatro fases; por que uma árvore
que produzia frutos brancos passou a dar frutos vermelhos?; e muitas
outras explicações fascinantes.
Onde encontrar essas narrativas e conhecimentos acestrais? Em salas
de leitura? Livrarias? Bibliotecas públicas? Meios digitais? O local de
busca não é o mais importante. O essencial é ter a oportunidade de
conhecê-las.
#ficaadica!
O que aprendemos hoje?

• Caracterizamos personagens e acontecimentos a partir da


leitura compartilhada do conto de Machado de Assis
“Como se inventaram os almanaques”.
• Relacionamos informações do conto para deduzir
intencionalidades.
Tarefa SP
Localizador: 101136
1.Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com seu login:
tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br
2.Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
3.Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
4.Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
5.Clique em “Procurar”.
Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/
Referências
ASSIS, Machado. “Como se inventaram os almanaques”. Disponível
em:
http://www.portugues.seed.pr.gov.br/arquivos/File/leit_online/mac
hado46.pdf . Acesso em: 28 jul. 2023.
ASSIS, Machado. “Como se inventaram os almanaques” (adaptado).
Disponível em:
https://drive.google.com/drive/u/1/folders/13GnZilvBr8V__9p2gfJi7
798dArqsCPO. Acesso em: 28 jul. 2023.
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Gramática texto e
construção de sentido. São Paulo: Moderna, 2006.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português
contemporâneo. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.
Referências
Espaço do conhecimento. “Conheça a origem do mundo segundo a
crença iorubá”. Outubro de 2015. Disponível em:
https://memoria.ebc.com.br/infantil/voce-sabia/2015/10/conheca-
origem-do-mundo-segundo-crenca-ioruba. Acesso em: 28 jul. 2023.
LEMOV, Doug. Aula nota 10: 62 técnicas para melhorar a gestão da
sala de aula. Tradução de Marcelo de Abreu Almeida, Sandra Maria
Mallmann da Rosa. 2. ed. Porto Alegre: Penso, 2018.
MARTINS, Roberto de Andrade. “Capítulo 1: A origem do Universo na
Mitologia e na Religião” in O Universo: Teorias sobre sua origem e
evolução. Disponível em:
https://www.ghtc.usp.br/Universo/cap01.html. Acesso em: 28 jul. 2023.
Referências
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo em Ação:
Língua Portuguesa. Volume 2 – 7º ano. São Paulo, 2022.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo Paulista
do Ensino Fundamental. São Paulo, 2019.
SILVEIRA, Tamires Batista. “Cosmogonias e Cosmologias” in UFMG.
Disponível em: https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/a-
cosmogonia-grega/. Acesso em: 28 jul. 2023.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – Disponível em:
https://pixabay.com/pt/photos/constela%C3%A7%C3%B5es-
gal%C3%A1xia-estrelas-c%C3%A9u-2609647/. Acesso em: 16 ago. 2023.
Slide 4 – Imagem de AK por Pixabay. Disponível em:
https://pixabay.com/pt/vectors/coletor-ideal-elemento-pluma-
padr%C3%A3o-3334132/. Acesso em: 26 jul. 2023.
Slide 5 – Disponível em:
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Georg_Andreas_Wolfgang,_the_
Elder,_God_Creating_Order_from_Chaos,_1665,_NGA_133454.jpg. Acesso
em: 18 ago. 2023.
Material
Digital

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