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Se Os Teus Olhos Forem Bons

John Wesley

"A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o
teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso.
Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!".
(Mateus 6:22-23)

1. 'Simplicidade e pureza', diz um homem devoto, 'são as duas asas que


erguem a alma aos céus: Simplicidade, que está na intenção; e pureza, que está na
afeição'. O primeiro deste, um grande e bom homem, bispo Taylor, recomenda com
muita sinceridade, no começo de seu excelente livro, 'As Regras da Vida e Morte em
Santidade'. Ele insiste nisto, e estabelece que este é o primeiro ponto da religião
verdadeira, nos alertando que, sem isto, todos os nossos esforços serão em vão e
ineficazes. A mesma verdade que o forte e elegante escritor, Sr. Law, sinceramente
defendeu em seu 'Um Sério Chamado para uma Vida Devota; – um tratado que
dificilmente será sobrepujado, se, alguma vez, for igualado, na Língua Inglesa, tanto
pela beleza da expressão, quanto pela justeza e profundidade de pensamento. E quem
pode censurar alguns dos seguidores de Cristo, por colocarem tão grande ênfase neste
ponto, que considera a maneira em que nosso Mestre o recomenda, nas palavras acima
citadas?

2. Vamos considerar atenciosamente toda esta passagem, como ela foi


literalmente traduzida. 'Os olhos são a candeia do corpo': O que o olho é para o
corpo, a intenção é para a alma. Nós podemos observar com que exata propriedade
nosso Senhor coloca a simplicidade de intenção, entre os desejos e preocupações
mundanas; qualquer uma delas tendem diretamente a destruí-la. 'Se teus olhos forem
bons', simplesmente fixados em Deus, 'todo teu corpo', ou seja, toda tua alma, 'será
cheia de luz', -- será preenchida com santidade e felicidade. 'Mas, se teu olho for
mau', não puro, almejando algum outro objeto; buscando alguma coisa debaixo do sol,
-- 'todo seu corpo deverá ser cheio de trevas. E se a luz que está em ti, for trevas,
quão grande serão tais trevas!'. Quão remoto, não apenas de todo conhecimento real,
mas de toda santidade e felicidade verdadeiras!

3. Considerando tudo isto, nós podemos bem clamar: 'Quão grande coisa é ser
um cristão; ser um cristão verdadeiro, interior, bíblico, obediente no coração e na
vida à vontade de Deus! Mas quem é suficiente para essas coisas?'. Ninguém, a
menos que ele seja nascido de Deus! Eu não me admiro que algum dos mais sensíveis
Deístas [os que crêem em Deus, mas rejeitam a Revelação] possa dizer: 'Eu penso que
a Bíblia é o livro mais primoroso que eu, alguma vez, li, em minha vida; ainda assim,
eu faço uma objeção insuperável a ela: Ela é muito boa. Ela estabelece tal plano de
vida, tal propósito de doutrina e prática, que está muito além dos homens fracos e
tolos almejarem, tanto quanto tentarem tomar como modelo'.

Tudo isto é a mais pura verdade, acima de qualquer outra que não seja as
hipóteses bíblicas. Mas admitindo-se isto: que todas as dificuldades desaparecem no
ar. Porque se 'todas as coisas são possíveis com Deus, então, todas as coisas são
possíveis àquele que crê'.

4. Mas vamos considerar:


I. Em Primeiro Lugar, a primeira parte da declaração de nosso Senhor: -- 'Se
teu olho for bom, todo seu corpo será cheio de luz'.

II. Em Segundo Lugar, a última parte: -- 'Se teu olho for mau, todo teu corpo
será cheio de trevas'.

III. Em Terceiro Lugar, a terrível condição daqueles cujos olhos não são
bons: -- 'Se a luz que há em ti for trevas, quão grande serão tais trevas!'.

1. Em Primeiro Lugar, 'se teu olho for bom, todo teu corpo será cheio de
luz'. Se teu olho for bom; se Deus está em todos os teus pensamentos; se tu estás
constantemente almejando a Ele que é invisível; se for tua intenção, em todas as
coisas, pequenas e grandes, em toda a tua conversa, agradar a Deus, fazer, não apenas
a tua vontade, mas a vontade Dele que enviou a ti para o mundo; se tu podes dizer,
não para alguma criatura, mas a Ele que fez a ti para Si mesmo, 'eu vejo a ti, Senhor e
finalidade de todos os meus desejos'; - - então, a promessa certamente tomará lugar:
'Todo teu corpo deverá ser cheio de luz'; toda tua alma deverá estar preenchida com a
luz dos céus, -- com a glória do Senhor descansando sobre ti. Em todas as tuas ações e
conversas, tu terás não apenas o testemunho de uma boa consciência em direção a
Deus, mas igualmente de seu Espírito, testemunhando com teu espírito que todos os
teus caminhos são aceitáveis para ele.

2. Quando toda tua alma estiver cheia desta luz, tu serás capaz (de acordo com
a direção de Paulo aos Tessalonicenses) de 'regozijar-se sempre mais; orar sem
cessar, e em todas as coisas dar graças' [I Tessalonicense 5:16-18]. Porque quem
poderá estar constantemente consciente da presença amorosa de Deus, sem 'regozijar-
se cada vez mais?'. Quem poderá ter o olho amoroso de sua alma, perpetuamente
fixado em Deus, a não ser 'orando sem cessar?'. Porque 'seu coração está com Deus,
sem uma voz, e seu silencia fala a Ele'. Quem poderá estar consciente de que esse Pai
amoroso está agradado com tudo que ele faz e sofre, a não ser aquele que estiver
constrangido a 'em todas as coisas dar graças', sabendo que todas as coisas
'cooperam juntas para o bem?'.

3. Assim, 'todo seu corpo será cheio de luz'. A luz do conhecimento é, sem
dúvida, uma coisa aqui pretendida; erguendo-se 'da unção do Espírito Santo que
habita nele, e o ensina todas as coisas', -- todas as coisas que agora são necessárias
para ele conhecer, com o objetivo de agradar a Deus. Por meio disto, ele terá um
conhecimento claro da vontade divina em todas as circunstâncias da vida. Não sem os
meios, mas no uso de todos esses meios que Deus o tem provido. E, caminhando nesta
luz, ele não poderá deixar de 'crescer na graça, e no conhecimento de nosso Senhor
Jesus Cristo'. Ele continuamente irá prosseguir em toda santidade, e em toda imagem
de Deus.

II
1. Em Segundo Lugar, nosso Senhor observa que, 'se teu olho for mau, todo
seu corpo deverá estar cheio de trevas'. Se ele for mau, ou seja, não puro (porque o
olho que não é puro é mau), 'todo o teu corpo deverá estar cheio de trevas'. É certo
que não existe meio termo, entre o olho mau e o olho bom; porque, quando quer que
não almejemos a Deus, estaremos procurando felicidade em algumas criaturas: e isto,
qualquer que seja aquela criatura, é não menos do que idolatria. É tudo uma coisa só,
quer almejemos os prazeres dos sentidos; os prazeres da imaginação; o louvor de
homens, ou riquezas; tudo que João resume sob aquela expressão geral: 'o amor do
mundo'. O olho é mau, se nós almejamos qualquer um desses, ou, na verdade, alguma
coisa debaixo do sol. Assim sendo, quando você busca a algum desses, de fato; a
alguma coisa abaixo de Deus, toda sua alma, e todo o curso de sua vida estarão em
completa escuridão. Ignorância de si mesmos; a ignorância de seu interesse real, e a
ignorância de sua relação com Deus irão cercar você com nuvens impenetráveis; com
escuridão que pode ser sentida. E, por quanto tempo o olho de sua alma descansa
sobre todos ou alguns desses, esses irão continuar a cercar sua alma, e a cobri-la com
trevas.

2. Com quantos muitos exemplos desta verdade melancólica, -- de que aqueles


cujos olhos não são bons são totalmente ignorantes da natureza da religião verdadeira,
-- nós estamos cercados! Quantas, até mesmo, da boa espécie de pessoas, daquelas
cujas vidas são inocentes, são tão ignorantes de si mesmas, de Deus, e da adoração
Dele, em espírito e verdade, quanto os Maometanos ou ateus! E, ainda assim, elas não
são, de maneira alguma, imperfeitas no entendimento natural. E alguns delas têm
melhorado suas habilidades naturais, através de uma educação liberal, por meio da
qual elas armazenaram um estoque considerável de aprendizado profundo e
diversificado. Contudo, quão totalmente ignorantes elas são de Deus e das coisas de
Deus! Quão estranhas, quanto ao mundo invisível e o eterno! Oh! Por que elas
continuam nesta ignorância deplorável? Simplesmente por causa disto: -- seus olhos
não são bons. Elas não almejam a Deus; Ele não está em todos os seus pensamentos.
Elas não desejam ou pensam a respeito dos céus; portanto, elas mergulham profundo,
como no inferno.

3. Por esta razão, elas estão tão longe da santidade verdadeira, quanto elas
estão do conhecimento precioso. E, porque seus olhos não são bons, eles são tão
estranhos à religião vital. Mesmo que elas sejam aperfeiçoadas em outros aspectos;
que elas sejam sempre tão cultas; sempre tão bem versadas em todo ramo da literatura
refinada; sim, sempre tão cortês; tão humana; ainda assim, se seus olhos não
estiverem simplesmente fixados em Deus, eles não podem saber coisa alguma da
religião bíblica. Elas nunca souberam o que a santidade cristã significa; qual é a
entrada para ela, o novo nascimento, com todas as circunstâncias que o atendem: Elas
não conhecem coisa alguma mais do que as bestas dos campos conhecem. Elas se
arrependeram e creram no Evangelho? Quanto menos elas estão 'renovadas no
espírito de suas mentes', na imagem daquele que as criou. Como elas não têm a menor
experiência disto, então, elas não têm a menor concepção disto. Fosse você mencionar
tal coisa, você poderia esperar ouvir, que 'excesso de religião o tem deixado louco'.
Tão destituídas elas estão, quaisquer que sejam as realizações perfeitas que elas
tenham além, da única religião que tem proveito com Deus.

4. E até que seus olhos sejam bons, eles estarão muito aquém da felicidade,
assim como da santidade. Eles podem, de agora em diante ter sonhos agradáveis sobre
a riqueza, honra, prazeres, ou o que for. Esta coisa de curta duração que o mundo pode
dar; no entanto, nenhuma delas poderá satisfazer o apetite de uma alma imortal. Mais
ainda, todos elas juntas não podem dar descanso, que é o menor ingrediente da
felicidade, para um espírito eterno, o qual Deus criou para o seu próprio desfrute. A
alma faminta, assim como a abelha ocupada, vagueia de flor em flor, mas sai dela,
com uma esperança perdida, e uma expectativa ilusória. Cada criatura clama (algumas
fazendo alarde, e outras, secretamente) 'a felicidade não está em mim'. O mais
impetuoso e o mais contido proclamam a um ouvido atento: 'O Criador não
implantou em mim a capacidade de fazer alguém feliz: Portanto, com todas as tuas
habilidades e esforços, tu não extrairás isto de mim'. E, de fato, quanto mais algum
dos filhos dos homens se esforça para extraí-la de algum objeto mundano, maiores
serão as suas mortificações, -- e mais garantido será seu desapontamento.

5. 'Mas, embora o rebanho comum da humanidade não possa encontrar


felicidade; embora ela não possa ser encontrada nos prazeres vazios do mundo; ela
não possa ser encontrada no aprendizado, até mesmo por ele que tem um olhar bom;
certamente, o contentamento do espírito deve fluir da ciência, porque esta é um
atributo divino para se conhecer'.

De modo algum. Ao contrário, tem sido observado em todas as épocas, que os


homens que possuíram os mais elevados níveis de conhecimentos foram os mais
insatisfeitos de todos os homens. Isto fez com que uma pessoa de cultura eminente
declarasse: 'Um tolo pode encontrar uma forma de paraíso sobre a terra', (embora
isto seja um grande equívoco), 'mas um homem sábio encontrará nenhum'. Estes são
os mais descontentes, os mais impacientes dos homens. Na verdade, aprender,
naturalmente causa isto: Conhecer', como o Apóstolo observa, 'ufana'. Mas, onde o
orgulho está, a felicidade não se encontra; eles são totalmente inconsistentes, um com
o outro. Quanto mais alicerce existe para a reflexão melancólica, onde quer que a
religião não esteja, importa à razão ser sábia? Para ver este panorama pesaroso com
olhos penetrantes? Para saber com mais distinção queixar-se, e ter um senso superior
do sentimento de dor?

III

1. Em Terceiro Lugar, resta considerar a questão importante de nosso Senhor:


'Se a luz que está em ti for trevas, ó quão grande serão estas trevas!'. O significado
claro é, se aquele princípio que deve fornecer luz a toda tua alma, como o olho faz
com o corpo, para direcionar teu entendimento, paixões, afeições, temperamentos, --
todos os teus pensamentos, palavras, e ações; se este mesmo princípio for trevas, --
colocado de maneira errado, trevas no lugar de luz; quão grande deverão ser aquelas
trevas! Quão terríveis seus efeitos!

2. Com o objetivo de ver isto de um ponto de vista melhor, vamos considerar


algumas poucas instâncias específicas. Comecemos com uma de pequena importância.
Aqui está um pai escolhendo uma ocupação para seu filho. Se o olho dele não for
bom; se ele não almejar simplesmente a glória de Deus na salvação de sua alma; se
não for sua única consideração, que o chamado é igualmente para assegurar-lhe o
mais alto lugar nos céus; não a maior partilha dos tesouros terrenos, ou o mais alto
cargo honorífico na Igreja; -- a luz que está nele será manifestamente trevas. E quão
grandes serão aquelas trevas! O engano em que ele está, não é algo pequeno, mas
inexprimivelmente grande. O que! Você não prefere que ele seja um operário na terra,
e um glorioso santo nos céus, em vez de se tornar um lorde na terra, e um espírito
condenado no inferno? Se não, quão grandes; indescritivelmente grandes serão as
trevas que cobrirão sua alma! Que tolo, que pateta, que louco, quão estúpido é, além
de toda expressão, aquele que julga que um palácio na terra é preferível a um trono no
céu!
Quão inexprimivelmente está seu entendimento enegrecido, quem, para obter
para seu filho a honra que vem dos homens, acarreta sobre ele a vergonha eterna na
companhia do demônio e seus anjos!

3. Eu não posso descartar este assunto ainda, visto que ele é da mais extrema
importância. Quão grande é a escuridão daquele execrável patife (eu não posso dar a
ele melhor título, seja ele rico ou pobre), que irá vender sua própria filha para o diabo;
que irá permutar sua própria felicidade eterna, por alguma quantidade de ouro e prata!
Que monstro será considerado o homem que devorar a carne de sua própria
descendência! E não será tão grande monstro aquele que, através de seu próprio ato e
obra, deixar que sua filha seja devorada por aquele leão ameaçador? Porque
certamente fará isto (já que está em seu poder) aquele que casar sua filha com um
homem profano. 'Mas ele é rico; mas ele tem dez mil libras!'. O que? E se fosse cem
mil? Tanto pior; menor probabilidade ela terá de escapar da condenação do inferno.
Com que cara, você irá olhar para ela, quando ela lhe disser nos reinos abaixo: 'Tu me
lançaste para dentro deste lugar de tormento. Tiveste tu me dado um bom homem,
embora pobre, eu poderia agora estar nos seios de Abrão. Mas, ó! De que me
adiantou a riqueza? Ela mergulhou a mim e a ti no inferno!'.

4. Alguns de vocês que são chamados Metodistas são assim misericordiosos


para com seus filhos? Buscam casá-los bem (como a frase jargão é), ou seja, os vende
para algum comprador que tem muito dinheiro, mas pouca, ou nenhuma religião? A
luz que está em vocês será, então, também trevas? Será que vocês estão se
preocupando mais com Deus do que com o espírito de cobiça? Vocês também estão
sem entendimento? Será que vocês não têm mais proveito naquilo que têm ouvido?
Homem, mulher, pensem no que vocês são! Vocês se atrevem a vender seus filhos
para o diabo? Vocês, sem dúvida, fazem isto (tanto quanto lhes cabe), quando vocês
casam um filho ou uma filha, com um filho do diabo; embora ele seja alguém que se
espoje em ouro e prata! Oh! Tomem cuidado, enquanto é tempo! Previnam-se da
tentação dourada! Morte e inferno estão escondidos embaixo. Prefiram a graça, em
vez de ouro e pedras preciosas; glória nos céus, em vez de riquezas na terra! Se não
fizerem isto, vocês são piores do que os próprios nascidos em Canaã. Eles apenas
fizeram seus filhos passarem 'através do fogo', por Moloch [ídolo fenício]. Vocês
estão fazendo seus filhos passarem pelo fogo que nunca irá se extinguir, e
permanecerem nele para sempre! Oh! Quão grandes são as trevas que vocês causam,
depois de terem feito isto, 'limparem suas bocas, e dizerem que fizeram nada de mal!'.

5. Vamos considerar um outro caso, não muito distante deste. Suponham um


jovem, tendo terminado seus estudos na Universidade, e que esteja desejoso de
ministrar nas coisas santas, e, assim sendo, entrar para a ordenação. Qual a intenção
dele nisto? Qual a finalidade que ele propõe a si mesmo? Se seus olhos forem bons,
seu único desejo será salvar sua própria alma, e daqueles que o ouvem; trazer tantos
pecadores quanto ele possivelmente puder da escuridão para a maravilhosa luz. Se,
por outro lado, seus olhos não forem bons; se ele almejar o conforto, honra, dinheiro
ou prestígio na igreja; o mundo poderá considerá-lo um homem sábio, mas Deus dirá
a ele: 'Tu, tolo!'. E, enquanto a luz que está nele for assim trevas, 'quão grandes serão
aquelas trevas!'. Que insensatez é comparável com sua insensatez! – alguém
particularmente dedicado ao Deus dos céus, 'pretender coisas terrenas!'. Um Clérigo
do mundo é um tolo, acima de todos os tolos; um louco, acima de todos os loucos!
Tais patifes vilões e abjetos como estes são os 'alicerces' verdadeiros 'do desrespeito
ao Clero'. Clérigos indolentes; Clérigos que buscam prazer; amantes do dinheiro;
Clérigos que amam o reconhecimento de outros Clérigos; que buscam cargos
honoríficos, -- esses são os miseráveis que farão com que a ordem seja condenada.
Estas são as pestes do mundo cristão; o grande estorvo da humanidade; o fedor nas
narinas de Deus! Tais como esses foram os que fizeram Crisóstomo dizer: 'O inferno
está pavimentado com as almas dos sacerdotes cristãos!'.

6. Tomemos um outro caso. Suponhamos uma jovem, de uma fortuna


independente, sendo endereçada, ao mesmo tempo, a um homem de riqueza, sem
religião, e um homem de religião, sem riqueza; em outras palavras, para um rico, filho
do diabo, e um pobre, filho de Deus. O que poderemos dizer, se, em iguais
circunstâncias, ela preferir o homem rico, ao bom homem? Fica claro que seus olhos
não são bons; portanto, seu tolo coração é trevas; e quão grandes são aquelas trevas,
que a faz julgar que o ouro e a prata são uma recomendação maior do que a santidade!
Que faz com que um filho do diabo com dinheiro, parece mais agradável a ela do que
um filho de Deus, sem ele! Quais palavras podem suficientemente expressar a tolice
indesculpável de tal escolha? Que alvo de risos (a menos que ela se arrependa
severamente) ela será para todos os diabos no inferno, quando seu endinheirado
companheiro a arrastar para seu próprio lugar de tormento!

7. Existe algum de vocês que estão no momento diante de Deus, que estejam
preocupados com alguns desses assuntos? Permitam-me colocar com 'grande clareza
de discurso', e consagrar as suas consciências 'às vistas de Deus'. Vocês, a quem Deus
tem confiado seus filhos ou filhas, ao escolherem os parceiros para eles, têm feito isto
com bons olhos? Quais as qualificações que vocês buscam em seus genros e noras? –
religião ou riquezas? Qual é a primeira consideração de vocês? Vocês não pensam
como os antigos pagãos, 'busquem dinheiro primeiro: e, então, que a virtude seja
buscada.

Pensem a respeito: o que vocês preferem? Um pagão rico, ou um cristão


devoto? – um filho do diabo, com uma propriedade, ou um filho de Deus, sem
alguma? – um lorde, ou um cavalheiro, com o diabo em seu coração (ele não esconde
isto, seu discurso o trai); ou um comerciante, que, vocês têm motivo para acreditar
que Cristo habita em seu coração? Ó quão grandes são aquelas trevas que os fazem
preferir um filho do diabo a um filho de Deus! O que faz com que vocês prefiram a
pobre escória da riqueza mundana, que desaparece como uma sombra, às riquezas da
glória eterna?

8. Eu chamo a atenção, especialmente, de vocês que são chamados de


Metodistas. Às vistas do grande Deus, por mais de cinqüenta anos, eu tenho
ministrado a vocês; eu tenho sido seu servo por causa de Jesus. Durante este tempo,
eu tenho dado a vocês muitas advertências solenes, sobre esse assunto. Eu agora dou a
vocês uma mais, talvez, a última. Vocês ousam, ao escolher seu chamado ou situação,
olhar as coisas da terra, em vez das coisas do alto? Ao escolherem sua profissão, ou
companheira (o) para a vida de seus filhos, vocês olham para a terra, ou para o
paraíso? Vocês podem deliberadamente preferir, tanto para vocês mesmos, quanto
para suas descendências, um filho do diabo com dinheiro a um filho de Deus sem ele?
"Ó, almas, curvadas para a terra, e estranhas para o céu!". Arrependam-se.
Arrependam-se de suas mentes terrenas vis! Renunciem ao título de cristãos, ou
prefiram, no que se refere a vocês mesmos, ou aos seus filhos, a graça ao dinheiro; o
céu à terra! Para o tempo que virá, pelo menos, que 'seus olhos sejam puros' que 'todo
seu corpo possa ser cheio de luz!".

[Editado por Amber Knettle, estudante da Northwest Nazarene College (Nampa, ID), com
correções de George Lyons para a Wesley Center for Applied Theology.]

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