Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Essenciais Compra e Venda Manuel Abecassis
Essenciais Compra e Venda Manuel Abecassis
perturbações
Manuel Abecasis
1. Oponibilidade a terceiros
- Relatividade dos contratos 406º, cláusula contratual não pode ser aposta a terceiros
- Não faz sentido que imóveis dependesse de registos e móveis fosse oponível erga
omnes
- Não existe no nosso direito um princípio geral da tutela da aparência; paralelo com o
penhor está consagrada para a CeV por comerciante (havendo aí alguma tutela
dispensada a terceiro) mas não na CeV-RP.
- 104 nº4 CIRE, é oponível a terceiros desde que exija documento escrito (aqui
percebe-se a exigência dada a probabilidade de comportamento fraudulento).
- Não é possível conservar numa determinada esfera jurídica um bem que nunca lá
esteve
- Não é necessário que se admita, já que a posição jurídica do vendedor com reserva
de propriedade é transferível
- Existe um princípio da tipicidade dos direitos reais 1306º, não estamos no âmbito da
autonomia privada
- Existe uma união interna voluntária entre o contrato de CeV e o contrato de mútuo;
incumprimento do mútuo tem incidência direta na CeV-RP, vendedor pode exigir a
entrega da coisa
ALGUMA DOUTRINA:
- Não se deu ainda a transferência do direito real, deve ser o alienante a sustentar o
risco pelo art.796º
PEDRO DE ALBUQUERQUE:
- RP visa reforçar o vendedor quanto ao risco de não pagamento, pelo que seria
estranho um mecanismo que o visa proteger o acabar por prejudicar
- Assim, cada contraente suporta o risco do seu próprio direito → vendedor continua a
ter direito ao preço e o comprador continua obrigado a pagar, só que vendedor deixa
de ter a garantia e comprador já não tem possibilidade de vir a adquirir o bem
7. Moldura dogmática
v. O direito transmite-se imediatamente, e o vendedor fica com uma posição jurídica real
que lhe garante a reaquisição do bem em caso de incumprimento:
- Envolve uma alteração estrutural da compra e venda com reserva de propriedade
face àquilo que parece emergir do 409º
O vendedor está obrigado a cumprir todas as diligências, caso contrário responderá por
incumprimento 880.
Responde pelo interesse contratual negativo ou positivo?
- PEDRO DE ALBUQUERQUE:
- Surge logo para o vendedor a obrigação do vendedor a obrigação de fazer o
comprador adquirir a coisa
PEDRO DE ALBUQUERQUE → 881º vai na direção de exigir menção escrita para funcionar
como forma de dissipação de dúvidas que podem existir acerca de um estado subjetivo.
Também por razões de cautela
Preço acordado por unidade comprada → compra e venda por medida → preço deve ser
proporcional à quantidade real (preço X quantidade real) art.887º.
Preço global → compra e venda a corpo → comprador deve a mesma soma 888º nº1,
menos se variação for superior a 20% nº2
1. As várias modalidades
- Contrato produz efeitos desde logo, mas o comprador tem o direito de resolver o
contrato se a coisa não lhe agradar
- Aqui não há uma paralisação dos efeitos típicos da compra e venda, transfere-se o
risco
- Prazo é dado pelo contrato; senão pelos usos. Se ambos forem omissos, vendedor
estabelece um prazo
- Mesma coisa quanto à modalidade da prova
- Cabe ao comprador o encargo de comunicar ao vendedor o resultado da prova
antes de expirar o prazo, sob pena de o contrato produzir definitivamente todos os
seus efeitos
- PEDRO DE ALBUQUERQUE → se a conformidade da prova depender de um
pequeno afinamento, deve-se dar a prova por superada
a) Regime
A vende casa a B, e logo no contrato estipulam que A podia reaver a casa mas apenas
decorridos 6 meses sobre a data do contrato.
Bens imóveis → resolução deve ser reduzida a escritura pública ou documento particular
autenticado nos 15 dias imediatos à sua verificação.
Resolução fica sem efeito se no prazo dos 15 dias o vendedor não pagar de volta ao
comprador art.931º
b) Risco
ROMANO MARTÍNEZ → por conta do comprador 796ºnº3 → mas isto pressuporia que a
CeV a retro correspondesse a uma situação de condição.
→ PEDRO ALBUQUERQUE, não corresponde, porque é uma condição potestativa.
c) Oponibilidade
886º (derroga o 801º) → transmitida a propriedade da coisa o vendedor não pode resolver o
contrato por falta de pagamento.
934º → afasta a aplicação do 881º
PEDRO DE ALBUQUERQUE → 934º deve ser aplicado também nos casos em que não
houve tradição da coisa:
- O desapossamento traz consequências particularmente penosas para o comprador
- Uma interpretação literal neste ponto do artigo desprotegeria, sem se encontrar uma
razão para isso, o comprador, na eventualidade de não ter beneficiado da tradição
da coisa
- Não faria sentido um comprador a quem a coisa tenha sido entregue ser tutelado de
forma mais eficaz, especialmente quando ao estar avantajado pela entrega da coisa
o incumprimento, faz com que o incumprimento seja ainda mais censurável
a) Caracterização
892º → nulo
Mas nulidade atípica; tem um regime muito próprio, pode ser convalidada, e a sua
invocação também é particular.
Doutrina discute → há quem diga que abrange os casos em que o vendedor admite não ser
titular do bem mas pensa ter legitimidade para o vender quando não tem → mas há uma
norma que abrange especificamente esta situação art.268º nº4
892º:
- vendedor só pode opor ao comprador de má-fé
- comprador doloso não pode opor ao vendedor de boa-fé
Termo “dolo” não corresponde ao do art.253º, mas sim a má-fé (deve aproximar-se da boa
fé em sentido ético) → haverá má-fé quando a propriedade de terceiro seja conhecida ou
ignorada com culpa.
e) Efeitos da nulidade
894º nº1 → comprador de boa-fé, diante nulidade, tem direito de exigir a restituição integral
do preço mesmo que os bens estejam perdidos, deteriorados ou desvalorizados → preceito
gera discussão; maioria dos autores, fazendo uma interpretação a contrario, afirmam não
poder o comprador de má-fé pedir a restituição do preço (ao invés do que acontece no
regime geral):
- DIOGO BÁRTOLO (apoiado por PEDRO DE ALBUQUERQUE): 894º não pode ser
alvo de uma interpretação a contrario; ao contrário do que é subentendido, o que o
894º faz não é atribuir ao comprador de boa-fé um direito a restituição integral (isto
já resulta do 289º que é o regime geral), mas sim desligar esse direito este direito
das vicissitudes sofridas pela coisa.
- Assim, o comprador de má-fé só não tem direito à restituição total caso haja
deterioração da coisa
- Culpa é irrelevante, até porque não sendo o bem do vendedor este não tem direito a
receber nenhuma contrapartida pela destruição do bem
a) Caracterização
- regime do erro e do dolo não tem susceptibilidade de aplicação no que diz respeito à
expurgação do ónus do 907º
De facto, o erro não afeta a fase de formação do negócio, mas sim na sua execução, onde
é identificado um bem que não corresponde à vontade formada de maneira correta e isenta
de vícios → é um cumprimento defeituoso e não uma hipótese de erro.
b) Remédios
Mas se as circunstâncias demonstrarem que sem o erro o dolo o comprador teria adquirido
à mesma os bens apenas lhe caberá a redução do preço, além da indemnização do 911º.
907º nº1 e 3; 909º e 910º cedem perante estipulação, menos se vendedor proceder com
dolo e as cláusulas visem beneficiá-lo.
a) Caracterização
arts.913º a 922º CC → 913º faz uma remissão genérica para o regime da compra e venda
de bens onerados
Não se exige que os vícios sejam ocultos → a ciência de falha escondida sem afirmação de
necessidade de proceder à reparação afasta a responsabilidade do vendedor.
Diante de vícios patentes → será que as partes pretenderam negociar a coisa no estado em
que se acha? O comprador deve ter atenção à ambiência negocial; aquisição por baixo
valor numa feira por exemplo pode levar à necessidade de aceitação de uma coisa menos
perfeita.
Se o comprador sabia ou devia saber de vícios ou faltas de qualidade não há cumprimento
defeituoso.
Perante pagamentos de valores importantes há uma presunção hominis n o sentido da
ignorância do vício, que serve ao contrário quando se paga “barato” → MENEZES
CORDEIRO: “preço é bitola para aferir a qualidade do bem”.
- Teoria do erro: Compra e venda de coisa defeituosa é uma simples hipótese de erro.
Acordo dirige-se apenas à coisa como tal, sem abranger as suas qualidades, erro
sobre o objeto.
- Teoria do incumprimento: cumprimento defeituoso do negócio, já que a vontade
contratual abrangeria os atributos do bem. A indicação da coisa como objeto do
contrato tem dupla função: por uma lado determina o bem devido; por outro
representa o bem singular tido pelo comprar como idóneo ao dever ser contratual →
vontade expressa sem vícios, erro na execução.
Nas situações de erro → 247º e ss., não 905º e ss → estes servem para as situações de
vício da coisa:
- Interesse do comprador em obter um bem sem defeitos teve expressão no contrato
- Qualidades estão abrangidas e são designadas pelo negócio
918º + 914º → ninguém pode ser obrigado a aceitar um bem diverso do devido
Tem de escolher um regime ou o outro, menos se for estipulado que o comprador apenas
pagará após a entrega, situação na qual pode optar pelas pretensões do 914º e ao mesmo
tempo alegar exceção, MENEZES CORDEIRO:
- Isto quer dizer que pode por exemplo exigir reparação e até lá não pagar
ii) A reparação ou substituição da coisa
914º → direito a reparação ou substituição da coisa se for esta for necessária e bem tiver
natureza fungível
- As duas obrigações não estão no mesmo plano; há uma preferência pela reparação
- 914º tutela o cumprimento pontual; afastar a estes direitos caso não haja culpa
pressuporia um favor debitoris insuscetível de se mostrar apropriado. Isto é uma
ação de cumprimento, o comprador pede a condenação do vendedor na prestação
devida
iv. Indemnização
Deve-se distinguir prazo para a denúncia do vício ou defeito dos prazos para interposição
da ação destinada a fazer valer os direitos do comprador:
Prazo expira 6 meses depois da entrega da coisa → defeito deve ser denunciado dentro do
prazo de garantia e, salvo estipulação diversa, até 30 dias depois de conhecido 921º nº2 e 3