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APOSTILA See MG Analista Inspetor
APOSTILA See MG Analista Inspetor
SEE-MG
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS
CÓD: SL-045JH-23
7908433237105
INTRODUÇÃO
Algumas dicas podem sempre ajudar a elevar o nível dos estudos, criando uma motivação para estudar. Pensando nisso, a Solução
preparou esta introdução com algumas dicas que irão fazer toda a diferença na sua preparação.
• Não saia atirando para todos os lados: Procure dar atenção a um concurso de cada vez, a dificuldade é muito maior quando você
tenta focar em vários certames, pois as matérias das diversas áreas são diferentes. Desta forma, é importante que você defina uma
área e especializando-se nela. Se for possível realize todos os concursos que saírem que englobe a mesma área;
• Defina um local, dias e horários para estudar: Uma maneira de organizar seus estudos é transformando isso em um hábito,
determinado um local, os horários e dias específicos para estudar cada disciplina que irá compor o concurso. O local de estudo não
pode ter uma distração com interrupções constantes, é preciso ter concentração total;
• Organização: Como dissemos anteriormente, é preciso evitar qualquer distração, suas horas de estudos são inegociáveis. É
praticamente impossível passar em um concurso público se você não for uma pessoa organizada, é importante ter uma planilha
contendo sua rotina diária de atividades definindo o melhor horário de estudo;
• Método de estudo: Um grande aliado para facilitar seus estudos, são os resumos. Isso irá te ajudar na hora da revisão sobre o assunto
estudado. É fundamental que você inicie seus estudos antes mesmo de sair o edital, buscando editais de concursos anteriores. Busque
refazer a provas dos concursos anteriores, isso irá te ajudar na preparação.
• Invista nos materiais: É essencial que você tenha um bom material voltado para concursos públicos, completo e atualizado. Esses
materiais devem trazer toda a teoria do edital de uma forma didática e esquematizada, contendo exercícios para praticar. Quanto mais
exercícios você realizar, melhor será sua preparação para realizar a prova do certame;
• Cuide de sua preparação: Não são só os estudos que são importantes na sua preparação, evite perder sono, isso te deixará com uma
menor energia e um cérebro cansado. É preciso que você tenha uma boa noite de sono. Outro fator importante na sua preparação, é
tirar ao menos 1 (um) dia na semana para descanso e lazer, renovando as energias e evitando o estresse.
A motivação é a chave do sucesso na vida dos concurseiros. Compreendemos que nem sempre é fácil, e às vezes bate aquele desânimo
com vários fatores ao nosso redor. Porém tenha garra ao focar na sua aprovação no concurso público dos seus sonhos.
Como dissemos no começo, não existe uma fórmula mágica, um método infalível. O que realmente existe é a sua garra, sua dedicação
e motivação para realizar o seu grande sonho de ser aprovado no concurso público. Acredite em você e no seu potencial.
A Solução tem ajudado, há mais de 36 anos, quem quer vencer a batalha do concurso público. Vamos juntos!
Editora
O concurso SEE-MG é uma oportunidade única para quem deseja ingressar no serviço público como servidor da
Secretaria da Educação do Estado de Minas Gerais. Por isso, é importante se preparar adequadamente para enfrentar
essa prova desafiadora. A Editora Solução se orgulha de apresentar uma apostila exclusiva para Conhecimentos
Específicos - Especialidade, a fim de auxiliar os estudantes a alcançar seus objetivos.
Nosso material foi organizado de forma a introduzir o aluno no que é cobrado pelo edital e nas principais
bibliografias indicadas para o concurso. Ressaltamos que a apostila é uma ferramenta introdutória e complementar
aos estudos. Para obter um conhecimento completo, é fundamental que o estudante vá atrás de cada bibliografia e
documento oficial indicado no edital.
Nossa apostila visa auxiliar na compreensão dos principais pontos cobrados no edital, assim como fornecer uma
base teórica sólida para a resolução de questões. Acreditamos que, com dedicação e empenho, nossos alunos terão
sucesso nesse desafio.
É importante lembrar que, além do conteúdo abordado na apostila, o edital do concurso SEE-MG também
exige conhecimentos específicos em outras áreas. Por isso, é fundamental que o estudante busque informações
complementares em outras fontes.
Por fim, ressaltamos a importância do estudo sério e constante, bem como a dedicação ao aprendizado.
Desejamos a todos um excelente preparo e sucesso no concurso SEE-MG. A Editora Solução está à disposição para
auxiliar no que for preciso.
Editora
Lingua Portuguesa
1. Interpretação e Compreensão de texto...................................................................................................................................... 9
2. Organização estrutural dos textos. Marcas de textualidade: coesão, coerência e intertextualidade......................................... 10
3. Modos de organização discursiva: descrição, narração, exposição, argumentação e injunção; características específicas de
cada modo.................................................................................................................................................................................. 12
4. Tipos textuais: informativo, publicitário, propagandístico, normativo, didático e divinatório; características específicas de
cada tipo..................................................................................................................................................................................... 13
5. Textos literários e não literários.................................................................................................................................................. 16
6. Tipologia da frase portuguesa. Estrutura da frase portuguesa: operações de deslocamento, substituição, modificação e cor-
reção. Problemas estruturais das frases. Organização sintática das frases: termos e orações. Ordem direta e inversa............ 17
7. Norma culta................................................................................................................................................................................ 20
8. Pontuação e sinais gráficos......................................................................................................................................................... 21
9. Tipos de discurso........................................................................................................................................................................ 23
10. Registros de linguagem............................................................................................................................................................... 26
11. Funções da linguagem................................................................................................................................................................ 27
12. Elementos dos atos de comunicação.......................................................................................................................................... 28
13. Estrutura e formação de palavras............................................................................................................................................... 28
14. Formas de abreviação................................................................................................................................................................. 30
15. Classes de palavras; os aspectos morfológicos, sintáticos, semânticos e textuais de substantivos, adjetivos, artigos, numerais,
pronomes, verbos, advérbios, conjunções e interjeições........................................................................................................... 32
16. os modalizadores. Semântica: sentido próprio e figurado; antônimos, sinônimos, parônimos e hiperônimos. Polissemia e
ambiguidade............................................................................................................................................................................... 39
17. Os dicionários: tipos................................................................................................................................................................... 40
18. A organização de verbetes.......................................................................................................................................................... 42
19. Vocabulário: neologismos, arcaísmos, estrangeirismos............................................................................................................. 48
20. latinismos.................................................................................................................................................................................... 49
21. Ortografia.................................................................................................................................................................................... 50
22. Acentuação gráfica...................................................................................................................................................................... 50
23. A crase........................................................................................................................................................................................ 52
24. Periodização da literatura brasileira; estudo dos principais autores dos estilos de época......................................................... 55
Editora
8. Geometria básica: ângulos, triângulos, polígonos, distâncias, proporcionalidade, perímetro e área. Plano cartesiano: sistema
de coordenadas, distância.......................................................................................................................................................... 96
Fundamentos da Educação
1. Concepções e tendências pedagógicas contemporâneas........................................................................................................... 107
2. Relações socioeconômicas e político-culturais da educação...................................................................................................... 116
3. Educação em direitos humanos, democracia e cidadania.......................................................................................................... 124
4. A função social da escola............................................................................................................................................................ 130
5. Inclusão educacional e respeito à diversidade........................................................................................................................... 133
6. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica.......................................................................................................... 142
7. Currículo Referência de Minas Gerais......................................................................................................................................... 149
8. Didática e organização do ensino............................................................................................................................................... 150
9. Saberes, processos metodológicos e avaliação da aprendizagem.............................................................................................. 164
10. Novas tecnologias da informação, comunicação e suas contribuições com a prática pedagógica............................................. 166
11. Projeto político-pedagógico da escola e o compromisso com a qualidade social do ensino...................................................... 171
Inspeção escolar
1. A função da inspeção/supervisão no sistema de ensino............................................................................................................ 177
2. Organização e funcionamento da Inspeção Escolar em Minas Gerais........................................................................................ 183
3. Concepções e processos democráticos de gestão educacional.................................................................................................. 184
4. Projeto político pedagógico da escola........................................................................................................................................ 189
5. Avaliações Educacionais na rede estadual de ensino de Minas Gerais....................................................................................... 193
6. Resolução SEE nº 3.428 de 13/06/2017 - Estabelece normas para organização e atuação do Serviço de Inspeção Escolar nas
unidades regionais e escolares da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais............................................................. 198
7. Resolução SEE nº 4.487 de 25/01/21 - Institui o Protocolo Orientador da atuação da Inspeção Escolar no Sistema de Ensino
de Minas Gerais.......................................................................................................................................................................... 200
8. Resolução SEE nº 4.256/2020, de 07/01/2020 - Institui as Diretrizes para normatização e organização da Educação Especial
na rede estadual de Ensino de Minas Gerais.............................................................................................................................. 201
9. Resolução SEE nº 4.662, de 24/11/2021 - Institui o Programa de Convivência Democrática da rede estadual de ensino de
Minas Gerais............................................................................................................................................................................... 205
10. Resolução Conjunta SEE/SEDESE Nº 8, de 10/12/2021 - Institui o Sistema Integrado de Monitoramento e Avaliação em Direi-
tos Humanos – Módulo SIMA Educação – como sistema oficial de registro dos casos de violência e ações de promoção em
Direitos Humanos nas escolas estaduais do Estado de Minas Gerais......................................................................................... 206
11. Resolução SEE nº 4.775, de 19/08/2022 - Estabelece normas para a realização do cadastro e encaminhamento dos can-
didatos/alunos em 2022, no Sistema Único de Cadastro e Encaminhamento para Matrícula - SUCEM, para o ano letivo de
2023............................................................................................................................................................................................ 209
12. Resolução SEE nº 4.055, de 17/12/2018 - Dispõe sobre o registro e a atualização de dados no Sistema Mineiro de Administra-
ção Escolar (SIMADE) e a normatização do Diário Escolar Digital (DED) nas unidades das Escolas Estaduais de Educação Básica
de Minas Gerais.......................................................................................................................................................................... 213
13. Resolução Conjunta SEPLAG/SEE nº 10.586, de 24/05/2021 - Dispõe sobre a metodologia, os critérios e os procedimentos da
Avaliação de Desempenho dos Analistas Educacionais/Inspetores Escolares – ADIE, lotados nas Superintendências Regionais
de Ensino da Secretaria de Estado de Educação e com atuação nas Unidades Escolares do Sistema de Ensino....................... 215
Editora
Material Digital:
Legislação Educacional
1. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988............................................................................................................ 4
2. Constituição Estadual de Minas Gerais...................................................................................................................................... 5
3. Lei Federal nº 9.394/96 - (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) e suas alterações.................................................. 72
4. Leis nº 10.639/03 e 11.645/2008 – História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena...................................................................... 88
5. Base Nacional Comum Curricular (BNCC)................................................................................................................................... 89
6. Lei Federal nº 13.005/2014 - Plano Nacional deEducação......................................................................................................... 129
7. Lei Estadual nº 23.197/2018 - (Plano Estadual de Educação de Minas Gerais – PEE)................................................................ 144
8. Lei Estadual nº 869/1952 - Dispõe sobre o estatuto dos funcionários públicos civis do Estado de Minas Gerais...................... 156
9. Lei Estadual nº 15.293/2004 - Institui as carreiras dos Profissionais da Educação do Estado.................................................... 175
10. Lei 21.710/2015 - Dispõe sobre a política remuneratória das carreiras do Grupo de Atividades de Educação Básica do Poder
Executivo, altera a estrutura da carreira de Professor de Educação Básica................................................................................ 183
11. Decreto Estadual nº 46.644/2014 - Dispõe sobre o código de conduta ética do agente público e da alta administração esta-
dual............................................................................................................................................................................................. 187
12. Resolução SEE nº 4.692/2021 - Dispõe sobre a organização e o funcionamento do ensino nas Escolas Estaduais de Educação
Básica de Minas Gerais e dá outras providências....................................................................................................................... 192
Direitos Humanos
1. Lei Federal nº 8.069/90 - Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA...................................................................................... 206
2. Lei Federal nº 13.146/2015 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência)....... 246
3. Lei Federal nº 10.741/2003 – Estatuto da Pessoa Idosa............................................................................................................. 263
4. Conceito de Direitos Humanos................................................................................................................................................... 274
5. Evolução dos direitos humanos e suas implicações para o campo educacional. ....................................................................... 274
6. Declaração Universal dos Direitos Humanos.............................................................................................................................. 275
7. Temas transversais, projetos interdisciplinares e educação em direitos humanos.................................................................... 277
8. Direitos Humanos na Constituição Federal................................................................................................................................. 287
9. Direitos étnico-raciais................................................................................................................................................................. 293
10. Declaração de Salamanca: Sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais..................... 294
Atenção
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do material seguindo os passos da página 2.
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Definição Geral
Compreensão de Textos
Resumidamente, a compreensão textual consiste na análise do “A Constituição garante o direito à educação para todos e a
que está explícito no texto, ou seja, na identificação da mensagem. inclusão surge para garantir esse direito também aos alunos com
É assimilar (uma devida coisa) intelectualmente, fazendo uso deficiências de toda ordem, permanentes ou temporárias, mais ou
da capacidade de entender, atinar, perceber, compreender. menos severas.”
Compreender um texto é apreender de forma objetiva a mensagem
transmitida por ele. Portanto, a compreensão textual envolve a A partir do fragmento acima, assinale a afirmativa incorreta.
decodificação da mensagem que é feita pelo leitor. Por exemplo, (A) A inclusão social é garantida pela Constituição Federal de
ao ouvirmos uma notícia, automaticamente compreendemos 1988.
a mensagem transmitida por ela, assim como o seu propósito (B) As leis que garantem direitos podem ser mais ou menos
comunicativo, que é informar o ouvinte sobre um determinado severas.
evento. (C) O direito à educação abrange todas as pessoas, deficientes
ou não.
Interpretação de Textos (D) Os deficientes temporários ou permanentes devem ser in-
É o entendimento relacionado ao conteúdo, ou melhor, os cluídos socialmente.
resultados aos quais chegamos por meio da associação das ideias (E) “Educação para todos” inclui também os deficientes.
e, em razão disso, sobressai ao texto. Resumidamente, interpretar
é decodificar o sentido de um texto por indução. Comentário da questão:
A interpretação de textos compreende a habilidade de se Em “A” – Errado: o texto é sobre direito à educação, incluindo as
chegar a conclusões específicas após a leitura de algum tipo de pessoas com deficiência, ou seja, inclusão de pessoas na sociedade.
texto, seja ele escrito, oral ou visual. Em “B” – Certo: o complemento “mais ou menos severas” se
Grande parte da bagagem interpretativa do leitor é resultado refere à “deficiências de toda ordem”, não às leis.
da leitura, integrando um conhecimento que foi sendo assimilado Em “C” – Errado: o advérbio “também”, nesse caso, indica a
ao longo da vida. Dessa forma, a interpretação de texto é subjetiva, inclusão/adição das pessoas portadoras de deficiência ao direito à
podendo ser diferente entre leitores. educação, além das que não apresentam essas condições.
Em “D” – Errado: além de mencionar “deficiências de
Exemplo de compreensão e interpretação de textos toda ordem”, o texto destaca que podem ser “permanentes ou
Para compreender melhor a compreensão e interpretação de temporárias”.
textos, analise a questão abaixo, que aborda os dois conceitos em Em “E” – Errado: este é o tema do texto, a inclusão dos
um texto misto (verbal e visual): deficientes.
Resposta: Letra B.
FGV > SEDUC/PE > Agente de Apoio ao Desenvolvimento Escolar Espe-
cial > 2015
Português > Compreensão e interpretação de textos
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA
– O conhecimento de mundo: todos nós temos uma bagagem ser direta, com a transcrição integral (cópia) da passagem útil, ou
de saberes adquirida ao longo da vida e que é arquivada na nossa indireta, que é uma clara exploração das informações, mas sem
memória. Esses conhecimentos podem ser os chamados scripts transcrição, re-elaborada e explicada nas palavras do autor.
(roteiros, tal como normas de etiqueta), planos (planejar algo – Intertextualidade implícita: esse modo compreende os textos
com um objetivo, tal como jogar um jogo), esquemas (planos de que, ao aproveitarem conceitos, dados e informações presentes em
funcionamento, como a rotina diária: acordar, tomar café da manhã, produções prévias, não fazem a referência clara e não reproduzem
sair para o trabalho/escola), frames (rótulos), etc. integralmente em sua estrutura as passagens envolvidas. Em
Exemplo: outras palavras, faz-se a menção sem revelá-la ou anunciá-la.
“Coelhinho e ovos de chocolate! Vai ser um lindo Natal!” De qualquer forma, para que se compreenda o significado da
relação estabelecida, é indispensável que o leitor seja capaz de
O conhecimento cultural nos leva a identificar incoerência na reconhecer as marcas intertextuais e, em casos mais específicos,
frase, afinal, “coelho” e “ovos de chocolate” são elementos, os ter lido e compreendido o primeiro material. As características da
chamados frames, que pertencem à comemoração de Páscoa, e intertextualidade implícita são: conexão indireta com o texto fonte;
nada têm a ver com o Natal. o leitor não a reconhece com facilidade; demanda conhecimento
prévio do leitor; exigência de análise e deduções por parte do leitor;
Elementos da organização textual: segmentação, encadeamen- os elementos do texto pré-existente não estão evidentes na nova
to e ordenação. estrutura.
A segmentação é a divisão do texto em pequenas partes para
melhorar a compreensão. A encadeamento é a ligação dessas par- — Tipos de Intertextualidade
tes, criando uma lógica e coesão no texto. A ordenação é a dispo- 1 – Paródia: é o processo de intertextualidade que faz uso da
sição dessas partes de forma a transmitir uma mensagem clara e crítica ou da ironia, com a finalidade de subverter o sentido original
coerente. Juntos, esses elementos ajudam a criar uma estrutura do texto. A modificação ocorre apenas no conteúdo, enquanto a
eficiente para o texto. estrutura permanece inalterada. É muito comum nas músicas, no
cinema e em espetáculos de humor. Observe o exemplo da primeira
Intertextualidade. estrofe do poema “Vou-me embora pra Pasárgada”, de Manuel
Bandeira:
— Definições gerais
Intertextualidade é, como o próprio nome sugere, uma relação TEXTO ORIGINAL
entre textos que se exerce com a menção parcial ou integral de “Vou-me embora para Pasárgada
elementos textuais (formais e/ou semânticos) que fazem referência Lá sou amigo do rei
a uma ou a mais produções pré-existentes; é a inserção em um texto Lá tenho a mulher que eu quero
de trechos extraídos de outros textos. Esse diálogo entre textos Na cama que escolherei?”
não se restringe a textos verbais (livros, poemas, poesias, etc.) e
envolve, também composições de natureza não verbal (pinturas, PARÓDIA DE MILLÔR FERNANDES
esculturas, etc.) ou mista (filmes, peças publicitárias, música, “Que Manoel Bandeira me perdoe, mas vou-me embora de
desenhos animados, novelas, jogos digitais, etc.). Pasárgada
Sou inimigo do Rei
— Intertextualidade Explícita x Implícita Não tenho nada que eu quero
– Intertextualidade explícita: é a reprodução fiel e integral Não tenho e nunca terei”
da passagem conveniente, manifestada aberta e diretamente nas
palavras do autor. Em caso de desconhecimento preciso sobre a 2 – Paráfrase: aqui, ocorre a reafirmação sentido do texto
obra que originou a referência, o autor deve fazer uma prévia da inicial, porém, a estrutura da nova produção nada tem a ver com
existência do excerto em outro texto, deixando a hipertextualidade a primeira. É a reprodução de um texto com as palavras de quem
evidente. escreve o novo texto, isto é, os conceitos do primeiro texto são
As características da intertextualidade explícita são: preservados, porém, são relatados de forma diferente. Exemplos:
– Conexão direta com o texto anterior; observe as frases originais e suas respectivas paráfrases:
– Obviedade, de fácil identificação por parte do leitor, sem “Deus ajuda quem cedo madruga” – A professora ajuda quem
necessidade de esforço ou deduções; muito estuda.
– Não demanda que o leitor tenha conhecimento preliminar “To be or not to be, that is the question” – Tupi or not tupi, that
do conteúdo; is the question.
– Os elementos extraídos do outro texto estão claramente
transcritos e referenciados. 3 – Alusão: é a referência, em um novo texto, de uma dada
obra, situação ou personagem já retratados em textos anteriores,
– Intertextualidade explícita direta e indireta: em textos de forma simples, objetiva e sem quaisquer aprofundamentos. Veja
acadêmicos, como dissertações e monografias, a intertextualidade o exemplo a seguir:
explícita é recorrente, pois a pesquisa acadêmica consiste “Isso é presente de grego” – alusão à mitologia em que os
justamente na contribuição de novas informações aos saberes já troianos caem em armadilhada armada pelos gregos durante a
produzidos. Ela ocorre em forma de citação, que, por sua vez, pode Guerra de Troia.
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA
Os tipos de argumentação
– Argumentação de autoridade: recorre-se a uma
personalidade conhecida por sua atuação em uma determinada
área ou a uma renomada instituição de pesquisa para enfatizar os
conceitos influenciar a opinião do leitor. Por exemplo, recorrer ao
parecer de um médico infectologista para prevenir as pessoas sobre
os riscos de contrair o novo corona vírus.
– Argumentação histórica: recorre-se a acontecimentos e
marcos da história que remetem ao assunto abordado. Exemplo:
“A desigualdade social no Brasil nos remete às condutas racistas
desempenhadas instituições e pela população desde o início do
século XVI, conhecido como período escravista.”
– Argumentação de exemplificação: recorre a narrativas do
cotidiano para chamar a atenção para um problema e, com isso,
auxiliar na fundamentação de uma opinião a respeito. Exemplo:
“Os casos de feminicídio e de agressões domésticas sofridas pelas
mulheres no país são evidenciados pelos sucessivos episódios de
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br
violência vividos por Maria da Penha no período em que ela esteve
casada com seu ex-esposo. Esses episódios motivaram a criação de
6) Epígrafe: é a transição de uma pequena passagem do texto
uma lei que leva seu nome, e que visa à garantia da segurança das
de origem na abertura do texto corrente. Em geral, a epígrafe está
mulheres.”
localizada no início da página, à direita e em itálico. Mesmo sendo
– Argumentação de comparação: equipara ideias divergentes
uma passagem “solta”, esse tipo de intertextualidade está sempre
com o propósito de construir uma perspectiva indicando as
relacionado ao teor do novo texto.
diferenças ou as similaridades entre os conceitos abordados.
Exemplo:
Exemplo: No reino Unido, os desenvolvimentos na educação
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu,
passaram, em duas décadas, por sucessivas políticas destinadas
mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre
ao reconhecimento do professor e à sua formação profissional. No
aquilo que todo mundo vê.”
Brasil, no entanto, ainda existe um um déficit na formação desses
profissionais, e o piso nacional ainda é muito insuficiente.”
Arthur Schopenhaus
– Argumentação por raciocínio lógico: recorre-se à relação
de causa e efeito, proporcionando uma interpretação voltada
diretamente para o parecer defendido pelo emissor da mensagem.
Exemplo: “Promover o aumento das punições no sistema penal
em diversos países não reduziu os casos de violência nesses locais,
assim, resultados semelhantes devem ser observados se o sistema
penal do Brasil aplicar maiores penas e rigor aos transgressores das
leis.”
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA
Os gêneros argumentativos Texto descritivo: esse tipo compreende textos que descrevem
– Texto dissertativo-argumentativo: esse texto apresenta um lugares ou seres ou relatam acontecimentos. Em geral, esse tipo de
tema, de modo que a argumentação é um recurso fundamental de texto contém adjetivos que exprimem as emoções do narrador, e,
seu desenvolvimento. Por meio da argumentação, o autor defende em termos de gêneros, abrange diários, classificados, cardápios de
seu ponto de vista e realiza a exposição de seu raciocínio. Resenhas, restaurantes, folhetos turísticos, relatos de viagens, etc.
ensaios e artigos são alguns exemplos desse tipo de texto. Texto expositivo: corresponde ao texto cuja função é transmitir
– Resenha crítica: a argumentação também é um recurso ideias utilizando recursos de definição, comparação, descrição,
fundamental desse tipo de texto, além de se caracterizar pelo pelo conceituação e informação. Verbetes de dicionário, enciclopédias,
juízo de valor, isto é, se baseia na exposição de ideias com grande jornais, resumos escolares, entre outros, fazem parte dos textos
potencial persuasivo. expositivos.
– Crônica argumentativa: esse tipo de texto se assemelha aos Texto argumentativo: os textos argumentativos têm o objetivo
artigos de opinião, e trata de temas e eventos do cotidiano. Ao de apresentar um assunto recorrendo a argumentações, isto é,
contrário das crônicas cômicas e históricas, a argumentativa recorre caracteriza-se por defender um ponto de vista. Sua estrutura é
ao juízo de valor para acordar um dado ponto de vista sempre com composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. Os textos
vistas ao convencimento e à persuasão do leitor. argumentativos compreendem os gêneros textuais manifesto e
– Ensaio: por expor ideias, pensamentos e pontos de vista, abaixo-assinado.
esse texto caracteriza-se como argumentativo. Recebe esse Texto injuntivo: esse tipo de texto tem como finalidade de
nome exatamente por estar relacionado à ação de ensaiar, isto orientar o leitor, ou seja, expor instruções, de forma que o emissor
é, demonstrar as proposições argumentativas com flexibilidade e procure persuadir seu interlocutor. Em razão disso, o emprego de
despretensão. verbos no modo imperativo é sua característica principal. Pertencem
– Texto editorial: dentre os textos jornalísticos, o editorial é a este tipo os gêneros bula de remédio, receitas culinárias, manuais
aquele que faz uso da argumentação, pois se trata de uma produção de instruções, entre outros.
que considera a subjetividade do autor, pela sua natureza crítica e Texto prescritivo: essa tipologia textual tem a função de instruir
opinativa. o leitor em relação ao procedimento. Esses textos, de certa forma,
– Artigos de opinião: são textos semelhantes aos editoriais, por impedem a liberdade de atuação do leitor, pois decretam que ele
apresentarem a opinião ao autor acerca de assuntos atuais, porém, siga o que diz o texto. Os gêneros que pertencem a esse tipo de
em vez de uma síntese do tema, esses textos são elaborados por texto são: leis, cláusulas contratuais, edital de concursos públicos.
especialistas, pois seu objetivo é fazer uso da argumentação para
propagar conhecimento.
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a solução para o seu concurso!
LÍNGUA PORTUGUESA
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LÍNGUA PORTUGUESA
Tragédia Criatividade
É a representação de um fato trágico, suscetível de provocar De maneira geral, para conseguir causar efeitos de sentido e
compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era “uma re- seduzir, chamar a atenção dos interlocutores, os autores das peças
presentação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em publicitárias fazem trocadilhos e trabalham as linguagens verbal e
linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando não verbal de maneira criativa.
dó e terror”. Ex.: Romeu e Julieta, de Shakespeare.
Objetividade
Farsa Geralmente, os textos publicitários têm extensão bem reduzi-
A farsa consiste no exagero do cômico, graças ao emprego de da, já que circulam em suportes cujo espaço também é reduzido
processos como o absurdo, as incongruências, os equívocos, a ca- e o valor de cada anúncio depende de seu tamanho. A seção dos
ricatura, o humor primário, as situações ridículas e, em especial, o classificados de jornal, que é um exemplo de texto publicitário, é
engano. um bom exemplar para que possamos observar essa característica.
Outro exemplo que ilustra a objetividade dos textos publicitários é a
Comédia criação de slogan (uma frase curta e de fácil memorização) ou man-
É a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento chetes, os quais resumem em um único enunciado as informações
comum, de riso fácil. Sua origem grega está ligada às festas popu- e os objetivos do texto.
lares.
Exemplos de slogan:
Tragicomédia - “Cheetos, é impossível comer um só. (Elma Chips)
Modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômi- - Vem pra Caixa você também. Vem! (Caixa Econômica Federal)
cos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário. - A rádio que toca notícias, só notícias. (Rádio CBN)
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A extensão do texto publicitário depende da intencionalidade Identificação do produto ou marca: A maioria dos anunciantes
discursiva do autor/anunciante e do espaço disponível/sugerido desenvolve um slogan para que o consumidor identifique a marca.
pelo suporte de circulação no qual o texto será veiculado: jornal, Certamente você conhece inúmeros exemplos, como músicas que
revista, outdoors, jingles em rádio (aliado à musicalidade), redes ficam na cabeça.
sociais, sites etc.
Gênero normativo
Vertentes do texto publicitário Os textos normativos são considerados como textos regulató-
Existem duas vertentes filosóficas do texto publicitário, ambas rios capazes de sistematizar leis e códigos que asseguram nossos
com origens filosóficas: a apolínea e a dionisíaca. direitos e deveres. Esta modalidade textual também regula as nor-
mas funcionais de uma determinada comunidade, instituição, igre-
Apolínea ja, escola, empresas privadas ou instituições públicas. Atualmente
A vertente apolínea visa ao desenvolvimento de textos que viver em sociedade significa seguir regras e respeitar normas, não é
remetem à individualização, ou seja, descrevendo e/ou narrando, verdade? Regras de como conviver com outras pessoas. Regras para
como ocorre com as artes plásticas, fotografia e narração de his- se ter segurança no trânsito. Respeitar normas de boa convivência
tórias. no trabalho ou na escola. Formais ou informais. No entanto, muitas
vezes para que uma regra seja respeitada é necessário um registro,
Dionísica desta forma protocolos, portarias e editais são claros exemplos de
A vertente dionisíaca busca despertar sentimentos diversos textos normativos.
em seus leitores/interlocutores para que assim possa criar empa- Os textos normativos e legais devem ser claros, de modo a não
tia, contradição, terror, carinho etc. Geralmente, para causar esses causar problemas de compreensão para o público a quem ele se
efeitos, a música, a dramatização e a expressividade corporal são destina. Deve ser objetivo e centra-se na regulamentação do que
utilizadas. está em questão, podendo ser relações de convivência, trabalho e
comércio.
Características do texto propagandístico Em nosso cotidiano, temos inúmeros exemplos de textos nor-
Os textos propagandísticos/publicitários, como o próprio nome mativos, dentre eles ressaltamos:
já diz, têm como objetivo principal a propaganda. Através desta, • Um contrato de trabalho ou compra e venda
anuncia-se um determinado produto, ideia, benefício, movimento • O código de defesa do consumidor
social, partido, entre outros. Como seu objetivo é convencer, é na- • As leis de trânsito
tural que a função apelativa da linguagem se destaque neste gênero • A Constituição Federal
textual. • A Declaração Universal dos Direitos Humanos
Sendo o objetivo persuadir o receptor, o texto publicitário, a • Diário Oficial
fim de chamar a atenção, apresenta um produto ou serviço ao con- • ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
sumidor, promove sua venda ou garante a boa imagem da marca • Estatuto do idoso
explicando por que o produto é bom e, ao mesmo tempo, estimu-
lando a possuí-lo e depois comprar. No entanto, isso não é feito Os textos normativos são fundamentais para relações humanas
aleatoriamente. e acima de tudo são considerados como gêneros que asseguram
Toda propaganda tem um público-alvo, sempre voltado para nossos direitos e deveres.
uma pessoa ou coletividade, com base em dados como idade, con-
dição socioeconômica, escolaridade, costumes e hábitos de consu- Texto divinatório
mo. Função - prever.
Para atingir o seu propósito, os textos publicitários costumam Modelos - horóscopo, oráculos.
utilizar verbos no modo imperativo e contam com outras estratégias Fontes: brasilescola.uol.com.br
argumentativas. A boa propaganda trabalha com uma linguagem descomplica.com.br
sugestiva por meio da ambiguidade, da ironia, do jogo de palavras e
de subentendidos, ou seja, vários formatos conotativos que fazem
com que o público perceba a sutileza da inteligência dos textos. TEXTOS LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS
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elementos que constituem o atrativo do texto literário: a escrita Para que se possa compreender a análise sintática, é importante
diferenciada, o trabalho com a palavra, seu aspecto conotativo, retomarmos alguns conceitos, como o de frase, oração e período.
seus enigmas. Vejamos:
A literatura apresenta-se como o instrumento artístico de análi-
se de mundo e de compreensão do homem. Cada época conceituou Frase
a literatura e suas funções de acordo com a realidade, o contexto Trata-se de um enunciado que carrega um sentido completo
histórico e cultural e, os anseios dos indivíduos daquele momento. que possui sentido integral, podendo ser constituída por somente
Ficcionalidade: os textos baseiam-se no real, transfigurando-o, uma ou várias palavras podendo conter verbo (frase verbal) ou
recriando-o. não (frase nominal). Uma frase pode exprimir ideias, sentimentos,
apelos ou ordens. Exemplos: “Saia!”, “O presidente vai fazer seu
Aspecto subjetivo: o texto apresenta o olhar pessoal do artista, discurso.”, “Atenção!”, “Que horror!”.
suas experiências e emoções.
A ordem das palavras: associada à pontuação apropriada, a
Ênfase na função poética da linguagem: o texto literário mani- disposição das palavras na frase também é fundamental para a
pula a palavra, revestindo-a de caráter artístico. compreensão da informação escrita, e deve seguir os padrões da
Língua Portuguesa. Observe que a frase “A professora já vai falar.”
Plurissignificação: as palavras, no texto literário, assumem vá- Pode ser modificada para, por exemplo, “Já vai falar a professora.” ,
rios significados. sem que haja prejuízo de sentido. No entanto, a construção “Falar a
já professora vai.” , apesar da combinação das palavras, não poderá
Principais características do texto não literário ser compreendida pelo interlocutor.
Apresenta peculiaridades em relação a linguagem literária, en-
tre elas o emprego de uma linguagem convencional e denotativa. Oração
É uma unidade sintática que se estrutura em redor de um
Ela tem como função informar de maneira clara e sucinta, des- verbo ou de uma locução verbal. Uma frase pode ser uma oração,
considerando aspectos estilísticos próprios da linguagem literária. desde que tenha um verbo e um predicado; quanto ao sujeito, nem
sempre consta em uma oração, assim como o sentido completo. O
Os diversos textos podem ser classificados de acordo com a importante é que seja compreensível pelo receptor da mensagem.
linguagem utilizada. A linguagem de um texto está condicionada à Analise, abaixo, uma frase que é oração com uma que não é.
sua funcionalidade. Quando pensamos nos diversos tipos e gêneros 1 – Silêncio!”: É uma frase, mas não uma oração, pois não
textuais, devemos pensar também na linguagem adequada a ser contém verbo.
adotada em cada um deles. Para isso existem a linguagem literária 2 – “Eu quero silêncio.”: A presença do verbo classifica a frase
e a linguagem não literária. como oração.
Diferente do que ocorre com os textos literários, nos quais há Unidade sintática (ou termo sintático): a sintaxe de uma
uma preocupação com o objeto linguístico e também com o estilo, oração é formada por cada um dos termos, que, por sua vez,
os textos não literários apresentam características bem delimitadas estabelecem relação entre si para dar atribuir sentido à frase. No
para que possam cumprir sua principal missão, que é, na maioria exemplo supracitado, a palavra “quero” deve unir-se às palavras
das vezes, a de informar. Quando pensamos em informação, alguns “Eu” e “silêncio” para que o receptor compreenda a mensagem.
elementos devem ser elencados, como a objetividade, a transpa- Dessa forma, cada palavra desta oração recebe o nome de termo
rência e o compromisso com uma linguagem não literária, afastan- ou unidade sintática, desempenhando, cada qual, uma função
do assim possíveis equívocos na interpretação de um texto. sintática diferente.
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– Período simples: “Resolvo esse problema até amanhã.” - – Predicados Verbais: resultam da relação entre sujeito e verbo,
apresenta apenas um verbo. ou entre verbo e complementos. Os verbos, por sua vez, também
– Período composto: Resolvo esse problema até amanhã ou recebem sua classificação, conforme abaixo:
ficarei preocupada.” - contém dois verbos. – Verbo transitivo: é o verbo que transita, isto é, que vai adiante
para passar a informação adequada. Em outras palavras, é o verbo
— Análise Sintática que exige complemento para ser entendido. Para produzir essa
É o nome que se dá ao processo que serve para esmiuçar a compreensão, esse trânsito do verbo, o complemento pode ser
estrutura de um período e das orações que compõem um período. direto ou indireto. No primeiro caso, a ligação direta entre verbo e
Termos da oração: é o nome dado às palavras que atribuem complemento. Ex.: “Quero comprar roupas.”. No segundo, verbo e
sentido a uma frase verbal. A reunião desses elementos forma o complemento são unidos por preposição. Ex.: “Preciso de dinheiro.”
que chamamos de estrutura de um período. Os termos essenciais – Verbo intransitivo: não requer complemento, é provido de
se subdividem em: essenciais, integrantes e acessórios. Acompanhe sentido completo. São exemplos: morrer, acordar, nascer, nadar,
a seguir as especificidades de cada tipo. cair, mergulhar, correr.
– Verbo de ligação: servem para expressar características de
1 – Termos Essenciais (ou fundamentais) da oração estado ao sujeito, sendo eles: estado permanente (“Pedro é alto.”),
Sujeito e Predicado: enquanto um é o ser sobre quem/o qual estado de transição (“Pedro está acamado.”), estado de mutação
se declara algo, o outro é o que se declara sobre o sujeito e, por (“Pedro esteve enfermo.”), estado de continuidade (“Pedro continua
isso, sempre apresenta um verbo ou uma locução verbal, como nos esbelto.”) e estado aparente (“Pedro parece nervoso.”).
respectivos exemplos a seguir: – Predicados nominais: são aqueles que têm um nome
Exemplo: em “Fred fez um lindo discurso.”, o sujeito é “Fred”, (substantivo ou adjetivo) como cujo núcleo significativo da oração.
que “fez um lindo discurso” (é o restante da oração, a declaração Ademais, ele se caracteriza pela indicação de estado ou qualidade,
sobre o sujeito). e é composto por um verbo de ligação mais o predicativo do sujeito.
Nem sempre o sujeito está no início da oração (sujeito direto), – Predicativo do sujeito: é um termo que atribui características
podendo apresentar-se também no meio da fase ou mesmo após ao sujeito por meio de um verbo. Exemplo: em “Marta é
o predicado (sujeito inverso). Veja um exemplo para cada um dos inteligente.”, o adjetivo é o predicativo do sujeito “Marta”, ou seja,
respectivos casos: é sua característica de estado ou qualidade. Isso é comprovado pelo
“Fred fez um lindo discurso.” “ser” (é), que é o verbo de ligação entre Marta e sua característica
“Um lindo discurso Fred fez.” atual. Esse elemento não precisa ser, obrigatoriamente, um adjetivo,
“Fez um lindo discurso, Fred.” mas pode ser uma locução adjetiva, ou mesmo um substantivo ou
palavra substantivada.
– Sujeito determinado: é aquele identificável facilmente pela – Predicado Verbo-Nominal: esse tipo deve apresentar sempre
concordância verbal. um predicativo do sujeito associado a uma ação do sujeito acrescida
– Sujeito determinado simples: possui apenas um núcleo ligado de uma qualidade sua. Exemplo: “As meninas saíram mais cedo da
ao verbo. Ex.: “Júlia passou no teste”. aula. Por isso, estavam contentes.
– Sujeito determinado composto: possui dois ou mais núcleos. O sujeito “As meninas” possui como predicado o verbo “sair”
Ex.: “Júlia e Felipe passaram no teste.” e também o adjetivo “contentes”. Logo, “estavam contentes” é o
predicativo do sujeito e o verbo de ligação é “estar”.
– Sujeito determinado implícito: não aparece facilmente na
oração, mas a frase é dotada de entendimento. Ex.: “Passamos no 2 – Termos integrantes da oração
teste.” Aqui, o termo “nós” não está explícito na oração, mas a Basicamente, são os termos que completam os verbos de uma
concordância do verbo o destaca de forma indireta. oração, atribuindo sentindo a ela. Eles podem ser complementos
– Sujeito indeterminado: é o que não está visível na oração verbais, complementos nominais ou mesmo agentes da passiva.
e, diferente do caso anterior, não há concordância verbal para – Complementos Verbais: como sugere o nome, esses termos
determiná-lo. completam o sentido de verbos, e se classificam da seguinte forma:
– Objeto direto: completa verbos transitivos diretos, não
Esse sujeito pode aparecer com: exigindo preposição.
– Verbo na 3a pessoa do plural. Ex.: “Reformaram a casa velha”. – Objeto indireto: complementam verbos transitivos indiretos,
– Verbo na 3a pessoa do singular + pronome “se”: “Contrata-se isto é, aqueles que dependem de preposição para que seu sentido
padeiro.”». seja compreendido.
– Verbo no infinitivo impessoal: “Vai ser mais fácil se você
estiver lá.” Quanto ao objeto direto, podemos ter:
– Um pronome substantivo: “A equipe que corrigiu as provas.”
– Orações sem sujeito: são compostas somente por predicado, – Um pronome oblíquo direto: “Questionei-a sobre o
e sua mensagem está centralizada no verbo, que é impessoal. acontecido.”
Essas orações podem ter verbos que constituam fenômenos da – Um substantivo ou expressão substantivada: “Ele consertou
natureza, ou os verbos ser, estar, haver e fazer quando indicativos os aparelhos.»
de fenômeno meteorológico ou tempo. Observe os exemplos:
“Choveu muito ontem”.
“Era uma hora e quinze”.
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– Complementos Nominais: esses termos completam o sentido – Aposto: é o termo que se relaciona com o sujeito para
de uma palavra, mas não são verbos; são nomes (substantivos, caracterizá-lo, contribuindo para a complementação uma
adjetivos ou advérbios), sempre seguidos por preposição. Observe informação já completa. Observe os exemplos:
os exemplos: “Michael Jackson, o rei do pop, faleceu há uma década.”
– “Maria estava satisfeita com seus resultados.” – observe que “Brasília, capital do Brasil, foi construída na década de 1950.”
“satisfeita” é adjetivo, e “com seus resultados” é complemento
nominal. – Vocativo: esse termo não apresenta relação sintática nem
– “O entregador atravessou rapidamente pela viela. – com sujeito nem com predicado, tendo sua função no chamamento
“rapidamente” é advérbio de modo. ou na interpelação de um ouvinte, e se relaciona com a 2a pessoa
– “Eu tenho medo do cachorro.” – Nesse caso, “medo” é um do discurso. Os vocativos são o receptor da mensagem, ou seja, a
substantivo. quem ela é dirigida. Podem ser acompanhados de interjeições de
apelo. Observe:
– Agentes da Passiva: são os termos de uma oração que praticam “Ei, moça! Seu documento está pronto!”
a ação expressa pelo verbo, quando este está na voz passiva. Assim, “Senhor, tenha misericórdia de nós!”
estão normalmente acompanhados pelas preposições de e por. “Vista o casaco, filha!”
Observe os exemplos do item anterior modificados para a voz
passiva: — Estudo da relação entre as orações
– “Os resultados foram motivo de satisfação de Maria.” Os períodos compostos são formados por várias orações.
– “O cachorro foi alvo do meu medo.” As orações estabelecem entre si relações de coordenação ou de
– “A viela foi atravessada rapidamente pelo entregador.” subordinação.
– Período composto por coordenação: é formado por orações
3 – Termos acessórios da oração independentes. Apesar de estarem unidas por conjunções
Diversamente dos termos essenciais e integrantes, os termos ou vírgulas, as orações coordenadas podem ser entendidas
acessórios não são fundamentais o sentido da oração, mas servem individualmente porque apresentam sentidos completos.
para complementar a informação, exprimindo circunstância, Acompanhe a seguir a classificação das orações coordenadas:
determinando o substantivo ou caracterizando o sujeito. Confira – Oração coordenada aditiva: “Assei os salgados e preparei os
abaixo quais são eles: doces.”
– Adjunto adverbial: são os termos que modificam o sentido do – Oração coordenada adversativa: “Assei os salgados, mas não
verbo, do adjetivo ou do advérbio. Analise os exemplos: preparei os doces.”
“Dormimos muito.” – Oração coordenada alternativa: “Ou asso os salgados ou
preparo os doces.”
O termo acessório “muito” classifica o verbo “dormir”. – Oração coordenada conclusiva: “Marta estudou bastante,
“Ele ficou pouco animado com a notícia.” logo, passou no exame.”
– Oração coordenada explicativa: “Marta passou no exame
O termo acessório “pouco” classifica o adjetivo “animado” porque estudou bastante.”
“Maria escreve bastante bem.” – Período composto por subordinação: são constituídos por
orações dependentes uma da outra. Como as orações subordinadas
O termo acessório “bastante” modifica o advérbio “bem”. apresentam sentidos incompletos, não podem ser entendidas
de forma separada. As orações subordinadas são divididas em
Os adjuntos adverbiais podem ser: substantivas, adverbiais e adjetivas. Veja os exemplos:
– Advérbios: pouco, bastante, muito, ali, rapidamente longe, etc. – Oração subordinada substantiva subjetiva: “Ficou provado
– Locuções adverbiais: o tempo todo, às vezes, à beira-mar, etc. que o suspeito era realmente o culpado.”
– Orações: «Quando a mercadoria chegar, avise.” (advérbio de – Oração subordinada substantiva objetiva direta: “Eu não
tempo). queria que isso acontecesse.”
– Oração subordinada substantiva objetiva indireta: “É
– Adjunto adnominal: é o termo que especifica o substantivo, obrigatório de que todos os estudantes sejam assíduos.”
com função de adjetivo. Em razão disso, pode ser representado – Oração subordinada substantiva completiva nominal: “Tenho
por adjetivos, locuções adjetivas, artigos, numerais adjetivos ou expectativa de que os planos serão melhores em breve!”
pronomes adjetivos. Analise o exemplo: – Oração subordinada substantiva predicativa: “O que importa
“O jovem apaixonado presenteou um lindo buquê à sua colega é que meus pais são saudáveis.”
de escola.” – Oração subordinada substantiva apositiva: “Apenas saiba
– Sujeito: “jovem apaixonado” disto: que tudo esteja organizado quando eu voltar!”
– Núcleo do predicado verbal: “presenteou” – Oração subordinada adverbial causal: “Não posso me
– Objeto direto do verbo entregar: “um lindo buquê” demorar porque tenho hora marcada na psicóloga.”
– Objeto indireto: “à amiga de classe” – Adjuntos adnominais: – Oração subordinada adverbial consecutiva: “Ficamos tão
no sujeito, temos o artigo “o” e “apaixonado”, pois caracterizam felizes que pulamos de alegria.”
o “jovem”, núcleo do sujeito; o numeral “um” e o adjetivo “lindo” – Oração subordinada adverbial final: “Eles ficaram vigiando
fazem referência a “buquê” (substantivo); o artigo “à” (contração para que nós chegássemos a casa em segurança.”
da preposição + artigo feminino) e a locução “de trabalho” são os – Oração subordinada adverbial temporal: “Assim que eu
adjuntos adnominais de “colega”. cheguei, eles iniciaram o trabalho.”
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– Oração subordinada adverbial condicional: “Se você vier logo, A norma culta é responsável por representar as práticas lin-
espero por você.» guísticas embasadas nos modelos de uso encontrados em textos
– Oração subordinada adverbial concessiva: “Ainda que formais. É o modelo que deve ser utilizado na escrita, sobretudo
estivesse cansado, concluiu a maratona.” nos textos não literários, pois segue rigidamente as regras gramati-
– Oração subordinada adverbial comparativa: “Marta sentia cais. A norma culta conta com maior prestígio social e normalmente
como se ainda vivesse no interior.” é associada ao nível cultural do falante: quanto maior a escolariza-
– Oração subordinada adverbial conformativa: “Conforme ção, maior a adequação com a língua padrão.
combinamos anteriormente, entregarei o produto até amanhã.” Exemplo:
– Oração subordinada adverbial proporcional: “Quanto mais Venho solicitar a atenção de Vossa Excelência para que seja
me exercito, mais tenho disposição.” conjurada uma calamidade que está prestes a desabar em cima
– Oração subordinada adjetiva explicativa: “Meu filho, que da juventude feminina do Brasil. Refiro-me, senhor presidente, ao
passou no concurso, mudou-se para o interior.” movimento entusiasta que está empolgando centenas de moças,
– Oração subordinada adjetiva restritiva: “A aluna que esteve atraindo-as para se transformarem em jogadoras de futebol, sem
enferma conseguiu ser aprovada nas provas.” se levar em conta que a mulher não poderá praticar este esporte
violento sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico de suas fun-
ções orgânicas, devido à natureza que dispôs a ser mãe.
NORMA CULTA
A Linguagem Popular ou Coloquial
É aquela usada espontânea e fluentemente pelo povo. Mostra-
A Linguagem Culta ou Padrão se quase sempre rebelde à norma gramatical e é carregada de
É aquela ensinada nas escolas e serve de veículo às ciências vícios de linguagem (solecismo – erros de regência e concordância;
em que se apresenta com terminologia especial. É usada pelas barbarismo – erros de pronúncia, grafia e flexão; ambiguidade;
pessoas instruídas das diferentes classes sociais e caracteriza-se cacofonia; pleonasmo), expressões vulgares, gírias e preferência
pela obediência às normas gramaticais. Mais comumente usada pela coordenação, que ressalta o caráter oral e popular da língua.
na linguagem escrita e literária, reflete prestígio social e cultural. É A linguagem popular está presente nas conversas familiares ou
mais artificial, mais estável, menos sujeita a variações. Está presente entre amigos, anedotas, irradiação de esportes, programas de TV e
nas aulas, conferências, sermões, discursos políticos, comunicações auditório, novelas, na expressão dos esta dos emocionais etc.
científicas, noticiários de TV, programas culturais etc.
Ouvindo e lendo é que você aprenderá a falar e a escrever bem. Dúvidas mais comuns da norma culta
Procure ler muito, ler bons autores, para redigir bem.
A aprendizagem da língua inicia-se em casa, no contexto fa- Perca ou perda
miliar, que é o primeiro círculo social para uma criança. A criança Isto é uma perda de tempo ou uma perca de tempo? Tomara
imita o que ouve e aprende, aos poucos, o vocabulário e as leis que ele não perca o ônibus ou não perda o ônibus? Quais são as fra-
combinatórias da língua. Um falante ao entrar em contato com ou- ses corretas com perda e perca? Certo: Isto é uma perda de tempo.
tras pessoas em diferentes ambientes sociais como a rua, a escola
e etc., começa a perceber que nem todos falam da mesma forma. Embaixo ou em baixo
Há pessoas que falam de forma diferente por pertencerem a outras O gato está embaixo da mesa ou em baixo da mesa? Continu-
cidades ou regiões do país, ou por fazerem parte de outro grupo arei falando em baixo tom de voz ou embaixo tom de voz? Quais
ou classe social. Essas diferenças no uso da língua constituem as são as frases corretas com embaixo e em baixo? Certo: O gato está
variedades linguísticas. embaixo da cama
Certas palavras e construções que empregamos acabam de- Ver ou vir
nunciando quem somos socialmente, ou seja, em que região do A dúvida no uso de ver e vir ocorre nas seguintes construções:
país nascemos, qual nosso nível social e escolar, nossa formação e, Se eu ver ou se eu vir? Quando eu ver ou quando eu vir? Qual das
às vezes, até nossos valores, círculo de amizades e hobbies. O uso frases com ver ou vir está correta? Se eu vir você lá fora, você vai
da língua também pode informar nossa timidez, sobre nossa capa- ficar de castigo!
cidade de nos adaptarmos às situações novas e nossa insegurança.
A norma culta é a variedade linguística ensinada nas escolas, Onde ou aonde
contida na maior parte dos livros, registros escritos, nas mídias te- Os advérbios onde e aonde indicam lugar: Onde você está?
levisivas, entre outros. Como variantes da norma padrão aparecem: Aonde você vai? Qual é a diferença entre onde e aonde? Onde indi-
a linguagem regional, a gíria, a linguagem específica de grupos ou ca permanência. É sinônimo de em que lugar. Onde, Em que lugar
profissões. O ensino da língua culta na escola não tem a finalidade Fica?
de condenar ou eliminar a língua que falamos em nossa família ou
em nossa comunidade. O domínio da língua culta, somado ao do- Como escrever o dinheiro por extenso?
mínio de outras variedades linguísticas, torna-nos mais preparados Os valores monetários, regra geral, devem ser escritos com al-
para nos comunicarmos nos diferentes contextos lingísticos, já que garismos: R$ 1,00 ou R$ 1 R$ 15,00 ou R$ 15 R$ 100,00 ou R$ 100
a linguagem utilizada em reuniões de trabalho não deve ser a mes- R$ 1400,00 ou R$ 1400.
ma utilizada em uma reunião de amigos no final de semana.
Portanto, saber usar bem uma língua equivale a saber empre-
gá-la de modo adequado às mais diferentes situações sociais de que
participamos.
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Obrigado ou obrigada
Segundo a gramática tradicional e a norma culta, o homem ao PONTUAÇÃO E SINAIS GRÁFICOS
agradecer deve dizer obrigado. A mulher ao agradecer deve dizer
obrigada.
— Visão Geral
Mal ou mau O sistema de pontuação consiste em um grupo de sinais
Como essas duas palavras são, maioritariamente, pronunciadas gráficos que, em um período sintático, têm a função primordial
da mesma forma, são facilmente confundidas pelos falantes. Qual a de indicar um nível maior ou menor de coesão entre estruturas
diferença entre mal e mau? Mal é um advérbio, antônimo de bem. e, ocasionalmente, manifestar as propriedades da fala (prosódias)
Mau é o adjetivo contrário de bom. em um discurso redigido. Na escrita, esses sinais substituem os
gestos e as expressões faciais que, na linguagem falada, auxiliam a
“Vir”, “Ver” e “Vier” compreensão da frase.
A conjugação desses verbos pode causar confusão em algumas
situações, como por exemplo no futuro do subjuntivo. O correto é, O emprego da pontuação tem as seguintes finalidades:
por exemplo, “quando você o vir”, e não “quando você o ver”. – Garantir a clareza, a coerência e a coesão interna dos diversos
Já no caso do verbo “ir”, a conjugação correta deste tempo ver- tipos textuais;
bal é “quando eu vier”, e não “quando eu vir”. – Garantir os efeitos de sentido dos enunciados;
– Demarcar das unidades de um texto;
“Ao invés de” ou “em vez de” – Sinalizar os limites das estruturas sintáticas.
“Ao invés de” significa “ao contrário” e deve ser usado apenas
para expressar oposição. — Sinais de pontuação que auxiliam na elaboração de um
Por exemplo: Ao invés de virar à direita, virei à esquerda. enunciado
Já “em vez de” tem um significado mais abrangente e é usado
principalmente como a expressão “no lugar de”. Mas ele também Vírgula
pode ser usado para exprimir oposição. Por isso, os linguistas reco- De modo geral, sua utilidade é marcar uma pausa do enunciado
mendam usar “em vez de” caso esteja na dúvida. para indicar que os termos por ela isolados, embora compartilhem
da mesma frase ou período, não compõem unidade sintática. Mas,
Por exemplo: Em vez de ir de ônibus para a escola, fui de bici- se, ao contrário, houver relação sintática entre os termos, estes
cleta. não devem ser isolados pela vírgula. Isto quer dizer que, ao mesmo
tempo que existem situações em que a vírgula é obrigatória, em
“Para mim” ou “para eu” outras, ela é vetada. Confira os casos em que a vírgula deve ser
Os dois podem estar certos, mas, se você vai continuar a frase empregada:
com um verbo, deve usar “para eu”.
Por exemplo: Mariana trouxe bolo para mim; Caio pediu para • No interior da sentença
eu curtir as fotos dele. 1 – Para separar elementos de uma enumeração e repetição:
“Tem” ou “têm”
ENUMERAÇÃO
Tanto “tem” como “têm” fazem parte da conjugação do verbo
“ter” no presente. Mas o primeiro é usado no singular, e o segundo Adicione leite, farinha, açúcar, ovos, óleo e chocolate.
no plural. Paguei as contas de água, luz, telefone e gás.
Por exemplo: Você tem medo de mudança; Eles têm medo de
mudança.
REPETIÇÃO
“Há muitos anos”, “muitos anos atrás” ou “há muitos anos Os arranjos estão lindos, lindos!
atrás”
Usar “Há” e “atrás” na mesma frase é uma redundância, já que Sua atitude foi, muito, muito, muito indelicada.
ambas indicam passado. O correto é usar um ou outro.
Por exemplo: A erosão da encosta começou há muito tempo; O 2 – Isolar o vocativo
romance começou muito tempo atrás. “Crianças, venham almoçar!”
Sim, isso quer dizer que a música Eu nasci há dez mil anos atrás, “Quando será a prova, professora?”
de Raul Seixas, está incorreta.
3 – Separar apostos
“O ladrão, menor de idade, foi apreendido pela polícia.”
6 – Isolar o adjunto adverbial anteposto ou intercalado: O uso da vírgula é vetado nos seguintes casos: separar sujeito
“Amanhã pela manhã, faremos o comunicado aos funcionários e predicado, verbo e objeto, nome de adjunto adnominal, nome
do setor.” e complemento nominal, objeto e predicativo do objeto, oração
“Ele foi visto, muitas vezes, vagando desorientado pelas ruas.” substantiva e oração subordinada (desde que a substantivo não seja
7 – Separar o complemento pleonástico antecipado: apositiva nem se apresente inversamente).
“Estas alegações, não as considero legítimas.”
Ponto
8 – Separar termos coordenados assindéticos (não conectadas 1 – Para indicar final de frase declarativa:
por conjunções) “O almoço está pronto e será servido.”
“Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem-se, morrem.”
2 – Abrevia palavras:
9 – Isolar o nome de um local na indicação de datas: – “p.” (página)
“São Paulo, 16 de outubro de 2022”. – “V. Sra.” (Vossa Senhoria)
– “Dr.” (Doutor)
10 – Marcar a omissão de um termo:
“Eu faço o recheio, e você, a cobertura.” (omissão do verbo 3 – Para separar períodos:
“fazer”). “O jogo não acabou. Vamos para os pênaltis.”
3 – Emprega-se a vírgula sempre que orações coordenadas 2 – Para indicar hesitação ou dúvida:
apresentam sujeitos distintos, por exemplo: “Então... tenho algumas suspeitas... mas prefiro não revelar
“A mulher ficou irritada, e o marido, constrangido.” ainda.”
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3 – Para concluir uma frase gramaticalmente inacabada com o “A índole natural da ciência é a longanimidade.” (Machado de
objetivo de prolongar o raciocínio: Assis)
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas
faces duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar).
TIPOS DE DISCURSO
4 – Suprimem palavras em uma transcrição:
“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros -
Raimundo Fagner). Discurso direto
É a fala da personagem reproduzida fielmente pelo narrador,
Ponto de Interrogação ou seja, reproduzida nos termos em que foi expressa.
1 – Para perguntas diretas: — Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores com-
“Quando você pode comparecer?” pletamente bêbados, não é?
2 – Algumas vezes, acompanha o ponto de exclamação para Foi aí que um dos bêbados pediu:
destacar o enunciado: — Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós quatro é
“Não brinca, é sério?!” o seu marido que os outros querem ir para casa.
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Os verbos declarativos podem, além de introduzir a fala, indicar — Isso nunca; não faço esmolas! disse ele. (Machado de Assis)
atitudes, estados interiores ou situações emocionais das persona-
gens como, por exemplo, os verbos protestar, gritar, ordenar e ou- Observe que os verbos de elocução aparecem em letras minús-
tros. Esse efeito pode ser também obtido com o uso de adjetivos ou culas depois dos pontos de exclamação e interrogação.
advérbios aliados aos verbos de elocução: falou calmamente, gritou
histérica, respondeu irritada, explicou docemente. Discurso indireto
No discurso indireto, o narrador exprime indiretamente a fala
Exemplo: da personagem. O narrador funciona como testemunha auditiva e
— O amor, prosseguiu sonhadora, é a grande realização de nos- passa para o leitor o que ouviu da personagem. Na transcrição, o
sas vidas. verbo aparece na terceira pessoa, sendo imprescindível a presen-
Ao utilizar o discurso direto – diálogos (com ou sem travessão) ça de verbos dicendi (dizer, responder, retrucar, replicar, perguntar,
entre as personagens –, você deve optar por um dos três estilos a pedir, exclamar, contestar, concordar, ordenar, gritar, indagar, de-
seguir: clamar, afirmar, mandar etc.), seguidos dos conectivos que (dicendi
afirmativo) ou se (dicendi interrogativo) para introduzir a fala da
Estilo 1: personagem na voz do narrador.
João perguntou:
— Que tal o carro? A certo ponto da conversação, Glória me disse que desejava
muito conhecer Carlota e perguntou por que não a levei comigo.
Estilo 2:
João perguntou: “Que tal o carro?” (As aspas são optativas) (Ciro dos Anjos)
Antônio respondeu: “horroroso” (As aspas são optativas)
Fui ter com ela, e perguntei se a mãe havia dito alguma coisa;
Estilo 3: respondeu-me que não.
Verbos de elocução no meio da fala:
— Estou vendo, disse efusivamente João, que você adorou o (Machado de Assis)
carro.
— Você, retrucou Antônio, está completamente enganado. Discurso indireto livre
Resultante da mistura dos discursos direto e indireto, existe
Verbos de elocução no fim da fala: uma terceira modalidade de técnica narrativa, o chamado discurso
— Estou vendo que você adorou o carro — disse efusivamente indireto livre, processo de grande efeito estilístico. Por meio dele,
João. o narrador pode, não apenas reproduzir indiretamente falas das
— Você está completamente enganado — retrucou Antônio. personagens, mas também o que elas não falam, mas pensam, so-
nham, desejam etc. Neste caso, discurso indireto livre corresponde
Os trechos que apresentam verbos de elocução podem vir com ao monólogo interior das personagens, mas expresso pelo narrador.
travessões ou com vírgulas. Observe os seguintes exemplos: As orações do discurso indireto livre são, em regra, indepen-
dentes, sem verbos dicendi, sem pontuação que marque a passa-
— Não posso, disse ela daí a alguns instantes, não deixo meu gem da fala do narrador para a da personagem, mas com transpo-
filho. (Machado de Assis) sições do tempo do verbo (pretérito imperfeito) e dos pronomes
(terceira pessoa). O foco narrativo deve ser de terceira pessoa. Esse
— Não vá sem eu lhe ensinar a minha filosofia da miséria, disse discurso é muito empregado na narrativa moderna, pela fluência e
ele, escarrachando-se diante de mim. (Machado de Assis) ritmo que confere ao texto.
— Vale cinquenta, ponderei; Sabina sabe que custou cinquenta Fabiano ouviu o relatório desconexo do bêbado, caiu numa in-
e oito. (Machado de Assis) decisão dolorosa. Ele também dizia palavras sem sentido, conversa
à toa. Mas irou-se com a comparação, deu marradas na parede. Era
— Ainda não, respondi secamente. bruto, sim senhor, nunca havia aprendido, não sabia explicar-se.
Estava preso por isso? Como era? Então mete- se um homem na
(Machado de Assis) cadeia por que ele não sabe falar direito?
(Machado de Assis)
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Para produzir discurso indireto livre que exprima o mundo interior da personagem (seus pensamentos, desejos, sonhos, fantasias
etc.), o narrador precisa ser onisciente. Observe que os pensamentos da personagem aparecem, no trecho transcrito, principalmente nas
orações interrogativas, entremeadas com o discurso do narrador.
Transposição de discurso
Na narração, para reconstituir a fala da personagem, utiliza-se a estrutura de um discurso direto ou de um discurso indireto. O domínio
dessas estruturas é importante tanto para se empregar corretamente os tipos de discurso na redação.
Os sinais de pontuação (aspas, travessão, dois-pontos) e outros recursos como grifo ou itálico, presentes no discurso direto, não
aparecem no discurso indireto, a não ser que se queira insistir na atribuição do enunciado à personagem, não ao narrador. Tal insistência,
porém, é desnecessária e excessiva, pois, se o texto for bem construído, a identificação do discurso indireto livre não oferece dificuldade.
Discurso Direto
• Presente
A enfermeira afirmou:
– É uma menina.
• Pretérito perfeito
– Já esperei demais, retrucou com indignação.
• Futuro do presente
Pedrinho gritou:
– Não sairei do carro.
• Imperativo
Olhou-a e disse secamente:
– Deixe-me em paz.
Outras alterações
• Primeira ou segunda pessoa
Maria disse:
– Não quero sair com Roberto hoje.
• Vocativo
– Você quer café, João?, perguntou a prima.
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Função Poética
Função Referencial
Esta função é característica das obras literárias que possui
A função referencial tem como objetivo principal informar, re-
como marca a utilização do sentido conotativo das palavras.
ferenciar algo. Esse tipo de texto, que é voltado para o contexto da
Nela, o emissor preocupa-se de que maneira a mensagem será
comunicação, é escrito na terceira pessoa do singular ou do plural,
transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões, das
o que enfatiza sua impessoalidade.
figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunica-
Para exemplificar a linguagem referencial, podemos citar os
tivo é a mensagem.
materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por
A função poética não pertence somente aos textos literários.
meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo,
Podemos encontrar a função poética também na publicidade ou
sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas
(provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas).
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Verbais
Indicam flexões de modo, tempo, pessoa e número nos verbos
Exemplos
vendêSSEmos, entregáRAmos. (modo e tempo)
vendesteS, entregásseIS. (pessoa e número)
Vogal e consoante de ligação: São os elementos que se interpõem aos vocábulos por necessidade de eufonia.
Exemplos
chaLeira, cafeZal.
Afixos
Os afixos são elementos que se acrescentam antes ou depois do radical de uma palavra para a formação de outra palavra. Dividem-se
em:
Prefixo: Partícula que se coloca antes do radical.
Exemplos
DISpor, EMpobrecer, DESorganizar.
Visão geral: a formação de palavras que integram o léxico da língua baseia-se em dois principais processos morfológicos (combinação
de morfemas): a derivação e a composição.
Derivação: é a formação de uma nova palavra (palavra derivada) com base em uma outra que já existe na língua (palavra primitiva ou
radical).
3 – Prefixal e sufixal: nesse tipo, a presença do prefixo ou do sufixo à palavra primitiva já é o suficiente para formação de uma nova
palavra.
PREFIXO PALAVRA PRIMITIVA SUFIXO PALAVRA DERIVADA
inf feliz – Infeliz
– feliz mente Felizmente
des igual – desigual
– igual dade igualdade
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4 – Parassintética: também consiste na adição de prefixo e sufixo à palavra primitiva, porém, diferentemente do tipo anterior, para
existência da nova palavra, ambos os acréscimos são obrigatórios. Esse processo parte de substantivos e adjetivos para originar um verbo.
5 – Regressiva: é a remoção da parte final de uma palavra primitiva para, dessa forma, obter uma palavra derivada. Esse origina
substantivos a partir de formas verbais que expressam uma ação. Essas novas palavras recebem o nome de deverbais. Tal composição
ocorre a partir da substituição da terminação verbal formada pela vogal temática + desinência de infinitivo (“–ar” ou “–er”) por uma das
vogais temáticas nominais (-a, -e,-o).”
6 – Imprópria (ou conversão): é o processo que resulta na mudança da classe gramatical de uma palavra primitiva, mas não modifica
sua forma. Exemplo: a palavra jantar pode ser um verbo na frase “Convidaram-me para jantar”, mas também pode ser um substantivo na
frase “O jantar estava maravilhoso”.
Composição: é o processo de formação de palavra a partir da junção de dois ou mais radicais. A composição pode se realizar por
justaposição ou por aglutinação.
– Justaposição: na junção, não há modificação dos radicais. Exemplo: passa + tempo - passatempo; gira + sol = girassol.
– Aglutinação: existe alteração dos radicais na sua junção. Exemplo: em + boa + hora = embora; desta + arte = destarte.
FORMAS DE ABREVIAÇÃO
Abreviatura
Existem algumas regras para abreviar as palavras, porém a maioria das abreviaturas que ganham o gosto do público são aquelas que,
mesmo sem seguir as regras preditas pela gramática, são usuais, práticas. Vejamos algumas regras para se fazer uma abreviatura da ma-
neira correta (prevista na gramática).
Quando usar:
Quando há necessidade de redução de espaço em títulos, legendas, tabelas, gráficos, infográficos, creditagem de TV e crawl.
Mesmo assim, é necessário ter cuidado para que o uso de abreviaturas não prejudique a compreensão.
Regra Geral: primeira sílaba da palavra + a primeira letra da sílaba seguinte + ponto abreviativo. Exemplos: adj. (adjetivo), num. (nu-
meral).
Outras Regras:
As abreviaturas devem ser acentuadas quando o acento gráfico ocorrer antes do ponto abreviativo.
Exemplos:
– técnicas → téc.
– páginas → pág.
– século → séc.
Nunca se deve cortar a palavra numa vogal, sempre na consoante. Caso a primeira letra da segunda sílaba seja vogal, escreve-se até
a consoante.
Se a palavra tiver acento na primeira sílaba, ele é conservado.
núm. (número)
lóg. (lógica)
Caso a segunda sílaba se inicie por duas consoantes, utiliza-se as duas na abreviatura.
Constr. (construção)
Secr. (secretário)
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O ponto abreviativo também serve como ponto final, sendo as- kg quilograma
sim, se a abreviatura estiver no final da frase, não há necessidade Sem ponto, sem plural
l litro
de se utilizar outro ponto. Ex: Comprei frutas, verduras, legumes,
etc. Hz hertz
KHz quilo-hertz
Alguns gramáticos não admitem que as flexões sejam marca- MHz mega-hertz
das na abreviatura. GHz giga-hertz
Profª (professora) mi milhão
Págs. (páginas) Só são usadas para valores
bi bilhão
Algumas palavras, mesmo não seguindo as regras descritas aci- monetários.
tri trilhão
ma, são aceitas pela gramática normativa, é o caso de:
a.C. ou A.C. (antes de Cristo) m metro
ap. ou apto. (apartamento) km quilômetro
bel. (bacharel) metro quadrado
cel. (coronel) m²
quilômetro qua-
Cia. (Companhia) km²
drado
cx. (caixa)
Ltda. limitada
D. (Dom, Dona)
Ilmo. (Ilustríssimo) jan., fev.
Ltda. (Limitada) mar.,
p. ou pág. (página) e pp. Págs. (páginas) abr.
pg. (pago) mai., Com todas as letras em
vv. (versos, versículos) jun. caixa alta, use sem ponto:
jul., ago. JAN, FEV, OUT
Mesmo sabendo que estas siglas são permitidas e reconheci- set., out.
das pela gramática, ao escrevermos textos oficiais, artigos, traba- nov.,
lhos, redações, não devemos utilizá-las abusivamente, pois acabará dez.
atrapalhando a clareza da comunicação. Em textos informais, no en- Mantém-se o acento
tanto, não há nenhuma restrição, a abreviatura pode ser utilizada pág. página
Plural: págs.
quando quisermos.
S.A. sociedade anônima Plural: S.As.
Símbolos Tevê também pode ser usado.
O desenvolvimento científico e tecnológico exigiu medições TV Para emissoras, use apenas TV.
cada vez mais precisas e diversificadas. Por essa razão, o Sistema Não use tv ou Tv
Métrico Decimal acabou sendo substituído pelo Sistema Internacio-
nal de Unidades - SI, adotado também no Brasil a partir de 1962. Sigla
As unidades SI podem ser escritas por seus nomes ou repre- As siglas são a junção das letras iniciais de um termo composto
sentadas por meio de SÍMBOLOS, um sinal convencional e invari- por mais de uma palavra:
ável utilizado para facilitar e universalizar a escrita e a leitura das P.S. (pós escrito = escrito depois)
unidades SI. S.A. (Sociedade Anônima)
Lembre-se de que os símbolos que representam as unidades SI IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
não são abreviaturas; por isso mesmo não são seguidos de ponto,
não têm plural nem podem ser grafados como expoentes. Se a sigla tiver até três letras, ou se todas as letras forem pro-
Abreviaturas e símbolos mais usados nunciadas individualmente, todas ficam maiúsculas.
MEC, USP, PM, INSS.
Usa-se com ponto. Porém, se a sigla tiver a partir de quatro letras, e nem todas
etc. Etcetera forem pronunciadas separadamente, apenas a primeira letra será
A vírgula antes é facultativa
maiúscula, e as demais minúsculas:
KB kilobyte Embrapa, Detran, Unesco.
GB gigabyte
MB megabyte
KW quilowatt
MW megawatt
GW gigawatt
h hora
min minuto Não têm ponto nem plural
s segundo
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— Definição
Classes gramaticais são grupos de palavras que organizam o estudo da gramática. Isto é, cada palavra existente na língua portuguesa
condiz com uma classe gramatical, na qual ela é inserida em razão de sua função. Confira abaixo as diversas funcionalidades de cada classe
gramatical.
— Artigo
É a classe gramatical que, em geral, precede um substantivo, podendo flexionar em número e em gênero.
Indicação de posse: antes de palavras que atribuem parentesco ou de partes do corpo, o artigo definido pode exprimir relação de
posse. Por exemplo:
“No momento em que ela chegou, o marido já a esperava.”
Na frase, o artigo definido “a” esclarece que se trata do marido do sujeito “ela”, omitindo o pronome possessivo dela.
Expressão de valor aproximado: devido à sua natureza de generalização, o artigo indefinido inserido antes de numeral indica valor
aproximado. Mais presente na linguagem coloquial, esse emprego dos artigos indefinidos representa expressões como “por volta de” e
“aproximadamente. Observe:
“Faz em média uns dez anos que a vi pela última vez.”
“Acrescente aproximadamente umas três ou quatro gotas de baunilha.”
PREPOSIÇÃO
de em a per/por
singular o do no ao pelo
masculino plural os dos nos aos pelos
ARTIGOS singular a da na à pela
DEFINIDOS feminino plural as das nas às pelas
singular um dum num
masculino plural uns duns nuns
ARTIGOS singular uma duma numa
INDEFINIDOS feminino plural umas dumas numas
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— Pronome
O pronome tem a função de indicar a pessoa do discurso (quem fala, com quem se fala e de quem se fala), a posse de um objeto
e sua posição. Essa classe gramatical é variável, pois flexiona em número e gênero. Os pronomes podem suplantar o substantivo ou
acompanhá-lo; no primeiro caso, são denominados “pronome substantivo” e, no segundo, “pronome adjetivo”. Classificam-se em:
pessoais, possessivos, demonstrativos, interrogativos, indefinidos e relativos.
Pronomes pessoais
Os pronomes pessoais apontam as pessoas do discurso (pessoas gramaticais), e se subdividem em pronomes do caso reto
(desempenham a função sintática de sujeito) e pronomes oblíquos (atuam como complemento), sendo que, para cada caso reto, existe
um correspondente oblíquo.
Observe os exemplos:
– Na frase “Maria está feliz. Ela vai se casar.”, o pronome cabível é do caso reto. Quem vai se casar? Maria.
– Na frase “O forno? Desliguei-o agora há pouco. O pronome “o” completa o sentido do verbo. Fechei o que? O forno.
Lembrando que os pronomes oblíquos o, a, os, as, lo, la, los, las, no, na nos, e nas desempenham apenas a função de objeto direto.
Pronomes possessivos
Esses pronomes indicam a relação de posse entre o objeto e a pessoa do discurso.
Exemplo: “Nossos filhos cresceram.” → o pronome indica que o objeto pertence à 1ª pessoa (nós).
Pronomes de tratamento
Tratam-se termos solenes que, em geral, são empregados em contextos formais — a única exceção é o pronome você. Eles têm a
função de promover uma referência direta do locutor para interlocutor (parceiros de comunicação). São divididos conforme o nível de
formalidade, logo, para cada situação, existe um pronome de tratamento específico. Apesar de expressarem interlocução (diálogo), à qual
seria adequado o emprego do pronome na segunda pessoa do discurso (“tu”), no caso dos pronomes de tratamento, os verbos devem ser
usados em 3a pessoa.
Pronomes demonstrativos
Sua função é indicar a posição dos seres no que se refere ao tempo ao espaço e à pessoa do discurso – nesse último caso, o pronome
determina a proximidade entre um e outro. Esses pronomes flexionam-se em gênero e número.
Observe os exemplos:
“Esta caneta é sua?”
“Esse restaurante é bom e barato.”
Pronomes Indefinidos
Esses pronomes indicam indeterminação ou imprecisão, assim, estão sempre relacionados à 3ª pessoa do discurso. Os pronomes
indefinidos podem ser variáveis (flexionam conforme gênero e número) ou invariáveis (não flexionam). Analise os exemplos abaixo:
– Em “Alguém precisa limpar essa sujeira.”, o termo “alguém” quer dizer uma pessoa de identidade indefinida ou não especificada).
– Em “Nenhum convidado confirmou presença.”, o termo “nenhum” refere-se ao substantivo “convidado” de modo vago, pois não se
sabe de qual convidado se trata.
– Em “Cada criança vai ganhar um presente especial.”, o termo “cada” refere-se ao substantivo da frase “criança”, sem especificá-lo.
– Em “Outras lojas serão abertas no mesmo local.”, o termo “outras” refere-se ao substantivo “lojas” sem especificar de quais lojas se
trata.
Confira abaixo a tabela com os pronomes indefinidos:
Pronomes relativos
Os pronomes relativos, como sugere o nome, se relacionam ao termo anterior e o substituem, sendo importante, portanto, para
prevenir a repetição indevida das palavras em um texto. Eles podem ser variáveis (o qual, cujo, quanto) ou invariáveis (que, quem, onde).
Observe os exemplos:
– Em “São pessoas cuja história nos emociona.”, o pronome “cuja” se apresenta entre dois substantivos (“pessoas” e “história”) e se
relaciona àquele que foi dito anteriormente (“pessoas”).
– Em “Os problemas sobre os quais conversamos já estão resolvidos.” , o pronome “os quais” retoma o substantivo dito anteriormente
(“problemas”).
Pronomes interrogativos
Os pronomes interrogativos são palavras variáveis e invariáveis cuja função é formular perguntas diretas e indiretas. Exemplos:
“Quanto vai custar a passagem?” (oração interrogativa direta)
“Gostaria de saber quanto custará a passagem.” (oração interrogativa indireta)
— Advérbio
É a classe de palavras invariável que atua junto aos verbos, aos adjetivos e mesmo aos advérbios, com o objetivo de modificar ou
intensificar seu sentido, ao adicionar-lhes uma nova circunstância. De modo geral, os advérbios exprimem circunstâncias de tempo, modo,
lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, aprovação, afirmação, negação, dúvida, entre outras noções. Confira na tabela:
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— Conjunção
As conjunções integram a classe de palavras que tem a função de conectar os elementos de um enunciado ou oração e, com isso,
estabelecer uma relação de dependência ou de independência entre os termos ligados. Em função dessa relação entre os termos
conectados, as conjunções podem ser classificadas, respectivamente e de modo geral, como coordenativas ou subordinativas. Em outras
palavras, as conjunções são um vínculo entre os elementos de uma sentença, atribuindo ao enunciado uma maior mais clareza e precisão
ao enunciado.
No exemplo, a conjunção “e” estabelece uma relação de adição ao enunciado, ao conectar duas orações em um mesmo período: além
de terem ouvido os pedidos de ajuda, chamaram o socorro. Perceba que não há relação de dependência entre ambas as sentenças, e que,
para fazerem sentido, elas não têm necessidade uma da outra. Assim, classificam-se como orações coordenadas, e a conjunção que as
relaciona, como coordenativa.
Neste caso, temos uma locução conjuntiva (duas palavras desempenham a função de conjunção). Além disso, notamos que o sentido
da segunda sentença é totalmente dependente da informação que é dada na primeira. Assim, a primeira oração recebe o nome de oração
principal, enquanto a segunda, de oração subordinada. Logo, a conjunção que as relaciona é subordinativa.
Conjunções coordenativas: essas conjunções se reclassificam em razão do sentido que possuem cinco subclassificações, em função o
sentido que estabelecem entre os elementos que ligam. São cinco:
Conjunções subordinativas: com base no sentido construído entre as duas orações relacionadas, a conjunção subordinativa pode ser
de dois subtipos:
1 – Conjunções integrantes: introduzem a oração que cumpre a função de sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo,
complemento nominal ou aposto de outra oração. Essas conjunções são que e se. Exemplos:
«É obrigatório que o senhor compareça na data agendada.”
“Gostaria de saber se o resultado sairá ainda hoje.”
2 – Conjunções adverbiais: introduzem sintagmas adverbiais (orações que indicam uma circunstância adverbial relacionada à oração
principal) e se subdividem conforme a tabela abaixo:
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— Numeral
É a classe de palavra variável que exprime um número determinado ou a colocação de alguma coisa dentro de uma sequência. Os
numerais podem ser: cardinais (um, dois, três), ordinais (primeiro, segundo, terceiro), fracionários (meio, terço, quarto) e multiplicativos
(dobro, triplo, quádruplo). Antes de nos aprofundarmos em cada caso, vejamos o emprego dos numerais, que tem três principais finalidades:
1 – Indicar leis e decretos: nesses casos, emprega-se o numeral ordinal somente até o número nono; após, devem ser utilizados os
numerais cardinais. Exemplos: Parágrafo 9° (parágrafo nono); Parágrafo 10 (Parágrafo 10).
2 – Indicar os dias do mês: nessas situações, empregam-se os numerais cardinais, sendo que a única exceção é a indicação do primeiro
dia do mês, para a qual deve-se utilizar o numeral ordinal. Exemplos: dezesseis de outubro; primeiro de agosto.
3 – Indicar capítulos, séculos, capítulos, reis e papas: após o substantivo emprega-se o numeral ordinal até o décimo; após o décimo
utiliza-se o numeral cardinal. Exemplos: capítulo X (décimo); século IV (quarto); Henrique VIII (oitavo), Bento XVI (dezesseis).
Os tipos de numerais
Cardinais: são os números em sua forma fundamental e exprimem quantidades.
Exemplos: um dois, dezesseis, trinta, duzentos, mil.
– Alguns deles flexionam em gênero (um/uma, dois/duas, quinhentos/quinhentas).
– Alguns números cardinais variam em número, como é o caso: milhão/milhões, bilhão/bilhões, trilhão/trilhões, e assim por diante.
– Apalavra ambos(as) é considerada um numeral cardinal, pois significa os dois/as duas. Exemplo: Antônio e Pedro fizeram o teste,
mas os dois/ambos foram reprovados.
Ordinais: indicam ordem de uma sequência (primeiro, segundo, décimo, centésimo, milésimo…), isto é, apresentam a ordem de
sucessão e uma série, seja ela de seres, de coisas ou de objetos.
– Os numerais ordinais variam em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: primeiro/primeira, primeiros/
primeiras, décimo/décimos, décima/décimas, trigésimo/trigésimos, trigésima/trigésimas.
– Alguns numerais ordinais possuem o valor de adjetivo. Exemplo: A carne de segunda está na promoção.
Fracionários: servem para indicar a proporções numéricas reduzidas, ou seja, para representar uma parte de um todo. Exemplos: meio
ou metade (½), um quarto (um quarto (¼), três quartos (¾), 1/12 avos.
– Os números fracionários flexionam-se em gênero (masculino e feminino) e número (singular e plural). Exemplos: meio copo de leite,
meia colher de açúcar; dois quartos do salário-mínimo.
Multiplicativos: esses numerais estabelecem relação entre um grupo, seja de coisas ou objetos ou coisas, ao atribuir-lhes uma
característica que determina o aumento por meio dos múltiplos. Exemplos: dobro, triplo, undécuplo, doze vezes, cêntuplo.
– Em geral, os multiplicativos são invariáveis, exceto quando atuam como adjetivo, pois, nesse caso, passam a flexionar número e
gênero (masculino e feminino). Exemplos: dose dupla de elogios, duplos sentidos.
Coletivos: correspondem aos substantivos que exprimem quantidades precisas, como dezena (10 unidades) ou dúzia (12 unidades).
– Os numerais coletivos sofrem a flexão de número: unidade/unidades, dúzia/dúzias, dezena/dezenas, centena/centenas.
— Preposição
Essa classe de palavras cujo objetivo é marcar as relações gramaticais que outras classes (substantivos, adjetivos, verbos e advérbios)
exercem no discurso. Por apenas marcarem algumas relações entre as unidades linguísticas dentro do enunciado, as preposições não
possuem significado próprio se isoladas no discurso. Em razão disso, as preposições são consideradas classe gramatical dependente, ou
seja, sua função gramatical (organização e estruturação) é principal, embora o desempenho semântico, que gera significado e sentido,
esteja presente, possui um valor menor.
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Unesco
A ORGANIZAÇÃO DE VERBETES Sigla do inglês United Nations Educational, Scientific and Cultu-
ral Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura).
Organização do verbete Os substantivos que denominam seres sagrados (Buda, Deus
A cabeça de verbete, também conhecida como entrada de ver- etc.), seres mitológicos (Diana, Zeus etc.), astros (Marte, Terra etc.),
bete, constitui-se de uma palavra simples, uma palavra composta festas religiosas (Natal, Páscoa etc.) e pontos cardeais que indicam
por hífen, uma locução, uma sigla, um símbolo ou uma abreviatura. regiões são grafados com inicial minúscula e com a informação
Ela está destacada na cor azul. “[com inicial maiúscula]”.
daltonismo buda
dal·to·nis·mo bu·da
sm sm
FILOS, REL
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2 Juntar, reunir ou incorporar alguma coisa a outra: A atitude SIN: maltrapilho, molambudo, mulambudo.
do político perante as câmeras cerziu os piores comentários. O au- VAR: mulambento.
tor cerziu o romance com textos picantes. [Verbo irregular. ] ETIMOLOGIA
ETIMOLOGIA der de molambo+ento.
lat sarcire. anorexia
carpir a·no·re·xi·a
car·pir (cs)
vtd sf
1 ANT Arrancar (fios de barba ou de cabelo) em sinal de dor ou MED Falta ou perda de apetite.
de sentimento. EXPRESSÕES
vtd Anorexia nervosa, MED, PSICOL: distúrbio nervoso grave, ca-
2 Arrancar (erva daninha ou mato); capinar. racterizado pelo medo obsessivo de engordar, fazendo com que a
vtd pessoa pare de se alimentar, fique desnutrida e tenha sua vida ame-
3 Expressar-se por meio de lamento; chorar, lamentar. açada. Acomete especialmente mulheres, em geral entre 16 e 25
vtd e vpr anos, e provoca menstruação irregular, queda de peso repentina,
4 Lastimar(-se), prantear(-se). palidez, atrofia dos músculos, recusa do organismo em ingerir ali-
vtd e vint mentos, insônia, diminuição ou ausência da libido etc. O tratamen-
5 Expressar sons tristes e comoventes; sussurrar como que to inclui a administração de antidepressivo, psicoterapia individual
chorando. e reeducação alimentar.
vpr INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
6 Exprimir-se em tom de lamento; lamentar-se, prantear-se. ANTÔN: orexia.
[Verbo defectivo. ] ETIMOLOGIA
ETIMOLOGIA gr anoreksía.
lat carpĕre. plástico-bolha
garoar plás·ti·co-bo·lha
ga·ro·ar sm
vint Cair garoa, chuviscar: Ontem, garoou à noitinha. [Verbo Material plástico, produzido em polietileno de baixa densida-
impessoal.] de, com bolhas de ar prensadas, utilizado na embalagem de pro-
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES dutos diversos, proporcionando-lhes proteção. É também usado no
VAR: garuar. revestimento de pisos, antes da colocação de carpetes de madeira
ETIMOLOGIA e afins, conferindo-lhes isolação acústica.
der de garoa1+ar1. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Quando uma unidade lexical tem sua definição em outro ver- PL: plásticos-bolhas e plásticos-bolha.
bete, por ser sinônimo ou não ser o termo preferencial, a remissão ETIMOLOGIA
é indicada pela letra V (veja) seguida do verbete a consultar. Se a re- voc comp.
missão refere-se a determinada acepção, esta também é indicada. barão
guri ba·rão
gu·ri sm
sm 1 Título nobiliárquico imediatamente inferior ao de visconde:
1 REG (RS) Vmenino, acepção 1. “Lia-se no Jornal do Comércio que Sua Excelência fora agraciado
2 BOT Vguriri. pelo governo português com o título de Barão do Freixal […]” (AA1).
3 ZOOL Denominação comum aos peixes teleósteos silurifor- 2 ANT Senhor feudal, subordinado ao rei.
mes, da família dos ariídeos, encontrados em águas marinhas, com 3 ANT Homem ilustre por seus feitos e por sua riqueza.
o corpo revestido de escamas grossas, que formam uma couraça, 4 BOT Variedade de algodoeiro.
dotados de grandes barbilhões; uri. 5 Homem de muito poder: É o barão da pequena cidade.
ETIMOLOGIA 6 COLOQ Pessoa muito rica: Os barões vivem enclausurados em
tupi wyrí, como esp. suas mansões.
No final do verbete, numa seção denominada “Informações 7 Homem que se destaca em determinado ramo de negócios:
complementares”, registram-se os sinônimos, os antônimos, as va- “Os últimos brilhos do poente já iam e, a pedido do barão do café,
riantes, os plurais, os femininos, os aumentativos e os diminutivos fogueiras e tochas não deveriam ser acesas” (TM1).
irregulares e os superlativos absolutos sintéticos. Às vezes essas 8 OBSOL Cédula antiga de mil cruzeiros.
formas (antônimo, sinônimo, plural etc.) podem referir-se apenas a 9 ETNOL Entidade sobrenatural do boi de mamão.
uma acepção. Nesse caso, essa acepção é indicada. INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
molambento FEM: baronesa.
mo·lam·ben·to ETIMOLOGIA
adj lat baronem.
Que está em farrapos; roto e sujo. animal
adj sm a·ni·mal
Que ou aquele que se veste com farrapos. sm
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1 BIOL Ser vivo multicelular, dotado de movimento, de cresci- Tomate francês, BOT: tomate de forma e tamanho de um ovo,
mento limitado, com capacidade de responder a estímulos. de coloração vermelho-escura, de tom alaranjado no interior, con-
2 Ser animal destituído de razão; animal irracional. sistência firme, sabor levemente ácido, com sementes pretas.
3 COLOQ Pessoa insensível ou cruel. Tomate italiano, BOT: tomate pequeno, de formato geralmente
4 COLOQ Pessoa muito grosseira ou ignorante. cilíndrico, com a extremidade inferior pontuda. É adocicado e tem
5 Animal cavalar, especialmente o macho. menos sumo que a maioria das variedades dos tomates. É muito
6 FIG A natureza animal; animalidade. usado na preparação de molhos.
adj m+f Tomate seco, CUL: tomate cortado em duas metades, retiran-
1 Relativo ou pertencente aos animais. do-se as sementes, seco no forno ou ao sol, temperado com azeite,
2 Próprio de animal. orégano, sal e, frequentemente, alho. É comumente servido em sa-
3 Extraído ou obtido de animal. ladas ou como antepasto.
4 FIG Que se entrega aos prazeres do sexo; lascivo, libidinoso. fuga 2
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES fu·ga
AUM (sm): animalaço, animalzão. EXPRESSÕES
DIM: animalzinho, animalejo, animálculo. Fuga escolar, MÚS: aquela com rígida observância das regras
EXPRESSÕES formais.
Animal inferior, ZOOL: animal invertebrado. Fuga real, MÚS: aquela cuja resposta não apresenta alterações
Animal irracional: qualquer animal, exceto o homem. intervalares em relação ao sujeito.
Animal sem fogo, REG (CE): cavalo ainda não marcado ou fer- Fuga tonal, MÚS: aquela cuja resposta apresenta alterações in-
rado. tervalares em relação ao sujeito.
Animal sem rabo, COLOQ: pessoa grosseira, mal-educada. Foram utilizados exemplos e abonações com o objetivo de au-
Animal superior: animal vertebrado. torizar o emprego das palavras. As abonações foram extraídas de
ETIMOLOGIA textos literários de autores brasileiros consagrados e estão transcri-
lat anĭmal. tas entre aspas, com a sigla que representa o autor e a obra entre
ágil parênteses. Os exemplos foram criados pela equipe de lexicógrafos
á·gil e são registrados em itálico.
adj m+f NOTA: Entenda o que significa cada sigla das abonações na se-
1 Que se movimenta com rapidez ou agilidade: “Firmo […] era ção “Abonações – obras e siglas” em “Como consultar”.
um mulato pachola, delgado de corpo e ágil como um cabrito […]” fadigar
(AA1). fa·di·gar
2 FIG Que tem raciocínio rápido; desembaraçado, ligeiro, pers- vtd e vpr Causar ou sentir fadiga; afadigar: A alta temperatu-
picaz. ra fadigou alguns corredores. O rapaz fadigou-se com o excesso de
3 Que atua ou trabalha com eficiência; diligente. trabalho.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
SUP ABS SINT: agílimo e agilíssimo. VAR: fatigar.
ANTÔN: moroso, sonolento, vagaroso. ETIMOLOGIA
ETIMOLOGIA der de fadiga+ ar1, como esp fatigar.
lat agĭlis. fabricação
Também são chamadas de subverbetes as expressões na es- fa·bri·ca·ção
trutura de um verbete. Elas estão destacadas ao final do verbete, sf
numa seção denominada “Expressões”. 1 Ação, processo ou arte de fabricar algo; fábrica, fabrico, ma-
barba nufatura: “Três meses mais tarde Mr. Chang Ling apareceria em
bar·ba Antares com a mulher e seus cinco filhos e mais três compatriotas
EXPRESSÕES seus, especialistas na fabricação de óleos comestíveis” (EV).
Barba a barba: em situação de confronto. 2 POR EXT O que resulta da fabricação; fabrico.
Barba de baleia, MAR: pequena haste ao lado do mastro da 3 Ação de inventar ou elaborar algo novo; criação, produção: É
proa, utilizada para disparos de cabos que prendem as velas. um mestre na fabricação de personagens.
Barba de bode: Vcavanhaque. 4 Ação de produzir de modo natural: A fabricação de anticor-
À barba, COLOQ: bem visível. pos pelo organismo é a sua principal defesa.
Fazer a barba: raspar a barba, barbear-se. 5 Produção ou criação de algo de modo ilícito, com o objetivo
Fazer barba, cabelo e bigode, ESP: vencer pelo menos três ve- de distorcer os fatos: A fabricação das provas era evidente.
zes o mesmo adversário em categorias diferentes em curto espaço EXPRESSÕES
de tempo. Fabricação em série: fabricação em grande escala, segundo es-
Nas barbas de: na presença de alguém, faltando-lhe o respeito. pecificações padronizadas.
Pôr as barbas de molho: agir com prevenção contra alguma si- ETIMOLOGIA
tuação perigosa. der de fabricar+ção, como esp fabricación.
Ter barbas: ser muito antigo. O campo destinado à etimologia do vocábulo está sempre no
tomate final do verbete, após a indicação “Etimologia” e nele há diversos
to·ma·te tipos de informação como a língua de origem, o étimo e os elemen-
EXPRESSÕES tos de composição.
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NOTA: Entenda como a etimologia dos vocábulos foi criada e – a redução de proparoxítonas a paroxítonas: Petrópis (Petró-
como está padronizada neste dicionário lendo a seção “Etimologia” polis), fórfi (fósforo), porva (pólvora), todas elas formas típicas de
em “Como consultar”. pessoas de baixa condição social.
astroquímica – A pronúncia do “l” final de sílaba como “u” (na maioria das
as·tro·quí·mi·ca regiões do Brasil) ou como “l” (em certas regiões do Rio Grande
sf do Sul e Santa Catarina) ou ainda como “r” (na linguagem caipira):
ASTROQ Estudo da composição química dos astros, baseado quintau, quintar, quintal; pastéu, paster, pastel; faróu, farór, farol.
especialmente nas análises espectroquímicas. – deslocamento do “r” no interior da sílaba: largato, preguntar,
ETIMOLOGIA estrupo, cardeneta, típicos de pessoas de baixa condição social.
voc comp do gr ástron+química, como ingl astrochemistry. – a queda do “r” final dos verbos, muito comum na linguagem
Fonte: michaelis.uol.com.br oral no português: falá, vendê, curti (em vez de curtir), compô.
– o acréscimo de vogal no início de certas palavras: eu me
alembro, o pássaro avoa, formas comuns na linguagem clássica,
VOCABULÁRIO: NEOLOGISMOS, ARCAÍSMOS, hoje frequentes na fala caipira.
ESTRANGEIRISMOS – a queda de sons no início de palavras: ocê, cê, ta, tava, marelo
(amarelo), margoso (amargoso), características na linguagem oral
coloquial.
É possível encontrar no Brasil diversas variações linguísticas,
como na linguagem regional. Elas reúnem as variantes da língua Variações Sintáticas
que foram criadas pelos homens e são reinventadas a cada dia. Correlação entre as palavras da frase. No domínio da sintaxe,
Delas surgem as variações que envolvem vários aspectos histó- como no da morfologia, não são tantas as diferenças entre uma va-
ricos, sociais, culturais, geográficos, entre outros. riante e outra. Como exemplo, podemos citar:
Nenhuma língua é usada de maneira uniforme por todos os – a substituição do pronome relativo “cujo” pelo pronome
seus falantes em todos os lugares e em qualquer situação. Sabe-se “que” no início da frase mais a combinação da preposição “de” com
que, numa mesma língua, há formas distintas para traduzir o mes- o pronome “ele” (=dele): É um amigo que eu já conhecia a família
mo significado dentro de um mesmo contexto. dele (em vez de cuja família eu já conhecia).
As variações que distinguem uma variante de outra se mani- – a mistura de tratamento entre tu e você, sobretudo quando
festam em quatro planos distintos, a saber: fônico, morfológico, se trata de verbos no imperativo: Entra, que eu quero falar com
sintático e lexical. você (em vez de contigo); Fala baixo que a sua (em vez de tua) voz
me irrita.
Variações Morfológicas – ausência de concordância do verbo com o sujeito: Eles che-
Ocorrem nas formas constituintes da palavra. As diferenças en- gou tarde (em grupos de baixa extração social); Faltou naquela se-
tre as variantes não são tantas quanto as de natureza fônica, mas mana muitos alunos; Comentou-se os episódios.
não são desprezíveis. Como exemplos, podemos citar: – o uso de pronomes do caso reto com outra função que não
– uso de substantivos masculinos como femininos ou vice-ver- a de sujeito: encontrei ele (em vez de encontrei-o) na rua; não irão
sa: duzentas gramas de presunto (duzentos), a champanha (o cham- sem você e eu (em vez de mim); nada houve entre tu (em vez de
panha), tive muita dó dela (muito dó), mistura do cal (da cal). ti) e ele.
– a omissão do “s” como marca de plural de substantivos e ad- – o uso do pronome lhe como objeto direto: não lhe (em vez de
jetivos (típicos do falar paulistano): os amigo e as amiga, os livro “o”) convidei; eu lhe (em vez de “o”) vi ontem.
indicado, as noite fria, os caso mais comum. – a ausência da preposição adequada antes do pronome relati-
– o enfraquecimento do uso do modo subjuntivo: Espero que o vo em função de complemento verbal: são pessoas que (em vez de:
Brasil reflete (reflita) sobre o que aconteceu nas últimas eleições; Se de que) eu gosto muito; este é o melhor filme que (em vez de a que)
eu estava (estivesse) lá, não deixava acontecer; Não é possível que eu assisti; você é a pessoa que (em vez de em que) eu mais confio.
ele esforçou (tenha se esforçado) mais que eu.
– o uso do prefixo hiper- em vez do sufixo -íssimo para criar o Variações Léxicas
superlativo de adjetivos, recurso muito característico da linguagem Conjunto de palavras de uma língua. As variantes do plano do
jovem urbana: um cara hiper-humano (em vez de humaníssimo), léxico, como as do plano fônico, são muito numerosas e caracteri-
uma prova hiperdifícil (em vez de dificílima), um carro hiperpossan- zam com nitidez uma variante em confronto com outra. São exem-
te (em vez de possantíssimo). plos possíveis de citar:
– a conjugação de verbos irregulares pelo modelo dos regula- – as diferenças lexicais entre Brasil e Portugal são tantas e, às
res: ele interviu (interveio), se ele manter (mantiver), se ele ver (vir) vezes, tão surpreendentes, que têm sido objeto de piada de lado a
o recado, quando ele repor (repuser). lado do Oceano. Em Portugal chamam de cueca aquilo que no Brasil
– a conjugação de verbos regulares pelo modelo de irregulares: chamamos de calcinha; o que chamamos de fila no Brasil, em Por-
vareia (varia), negoceia (negocia). tugal chamam de bicha; café da manhã em Portugal se diz pequeno
almoço; camisola em Portugal traduz o mesmo que chamamos de
Variações Fônicas suéter, malha, camiseta.
Ocorrem no modo de pronunciar os sons constituintes da pala- – a escolha do adjetivo maior em vez do advérbio muito para
vra. Entre esses casos, podemos citar: formar o grau superlativo dos adjetivos, características da lingua-
gem jovem de alguns centros urbanos: maior legal; maior difícil;
Esse amigo é um carinha maior esforçado.
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Designações das Variantes Lexicais: Deverão, contudo, ser grafadas com algum sinal indicativo da
– Arcaísmo: palavras que já caíram de uso. Por exemplo, um sua condição de expressão de outro idioma: em itálico, entre aspas,
bobalhão era chamado de coió ou bocó; em vez de refrigerante usa- sublinhadas, em negrito. Confira exemplos das principais palavras e
va-se gasosa; algo muito bom, de qualidade excelente, era supimpa. expressões latinas usadas atualmente na língua portuguesa:
– Neologismo: contrário do arcaísmo. São palavras recém-cria- Ab initio: desde o princípio.
das, muitas das quais mal ou nem entraram para os dicionários. A A contrario sensu: em sentido contrário, pela razão contrária.
na computação tem vários exemplos, como escanear, deletar, printar. A posteriori: pelo que segue, depois de um fato. Diz-se do ra-
– Estrangeirismo: emprego de palavras emprestadas de outra ciocínio que se remonta do efeito à causa.
língua, que ainda não foram aportuguesadas, preservando a forma A priori: segundo um princípio anterior, admitido como eviden-
de origem. Nesse caso, há muitas expressões latinas, sobretudo da te; antes de argumentar, sem prévio conhecimento.
linguagem jurídica, tais como: habeas-corpus (literalmente, “tenhas Apud: em, junto a, junto em. Emprega-se em citações indiretas,
o corpo” ou, mais livremente, “estejas em liberdade”), ipso facto isto é, citações colhidas numa obra.
(“pelo próprio fato de”, “por isso mesmo. Carpe Diem: “Aproveita o dia”. (Aviso para que não desperdi-
As palavras de origem inglesas são várias: feeling (“sensibilida- cemos o tempo).
de”, capacidade de percepção), briefing (conjunto de informações Curriculum Vitae: conjuntos de dados relativos ao estado civil,
básicas). ao preparo profissional e às atividades anteriores de quem se can-
– Jargão: vocabulário típico de um campo profissional como a didata a um emprego.
medicina, a engenharia, a publicidade, o jornalismo. Furo é notícia Data venia: concedida a licença, com a devida vênia. É uma ex-
dada em primeira mão. Quando o furo se revela falso, foi uma bar- pressão respeitosa com que se inicia uma argumentação discordan-
riga. te da de outrem.
– Gíria: vocabulário especial de um grupo que não deseja ser Et cetera (ou Et caetera) (abrev.: etc.): e as outras coisas, e os
entendido por outros grupos ou que pretende marcar sua identida- outros, e assim por diante. Apesar de seu sentido etimológico (= e
de por meio da linguagem. Por exemplo, levar um lero (conversar). outras coisas), emprega-se, atualmente, não somente após nomes
– Preciosismo: é um léxico excessivamente erudito, muito raro: de coisas, mas também de pessoas, como expressão continuativa.
procrastinar (em vez de adiar); cinesíforo (em vez de motorista). Exempli gratia: por exemplo. É expressão sinônima de Verbi
– Vulgarismo: o contrário do preciosismo, por exemplo, de saco gratia.
cheio (em vez de aborrecido), se ferrou (em vez de se deu mal, ar- Habeas corpus: “Que tenhas o corpo”. Meio extraordinário de
ruinou-se). garantir e proteger todo aquele que sofre violência ou ameaça de
constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte
Tipos de Variação de qualquer autoridade legítima.
As variações mais importantes, são as seguintes: Habeas data: “Que tenha os dados”, “Que conheça os dados”.
– Sociocultural: Esse tipo de variação pode ser percebido com Trata-se de garantia ativa dos direitos fundamentais, que se destina
certa facilidade. a assegurar:
– Geográfica: é, no Brasil, bastante grande. Ao conjunto das a) o conhecimento de informações relativas à pessoa do impe-
características da pronúncia de uma determinada região dá-se o trante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
nome de sotaque: sotaque mineiro, sotaque nordestino, sotaque governamentais ou de caráter público;
gaúcho etc. b) a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por pro-
– De Situação: são provocadas pelas alterações das circunstân- cesso sigiloso, judicial ou administrativo.
cias em que se desenrola o ato de comunicação. Um modo de falar Homo sapiens: homem sábio; nome da espécie humana na no-
compatível com determinada situação é incompatível com outra menclatura de Lineu.
– Histórica: as línguas se alteram com o passar do tempo e com Id est: isto é, quer dizer. Às vezes, aparece abreviadamente
o uso. Muda a forma de falar, mudam as palavras, a grafia e o senti- (i.e.).
do delas. Essas alterações recebem o nome de variações históricas. In memoriam: em comemoração, para memória, para lembran-
ça.
In posterum: no futuro.
LATINISMOS In terminis: no fim. Decisão final que encerra o processo.
In verbis: nestes termos, nestas palavras. Emprega-se para ex-
primir as citações ou as referências feitas com as palavras da pessoa
EXPRESSÕES E VOCÁBULOS LATINOS que se citou ou do texto a que se alude.
Embora muitos gramáticos e estudiosos da língua defendam Ipsis Verbis: pelas próprias palavras, exatamente, sem tirar nem
que se deve privilegiar o uso de palavras em português, diversas pôr.
palavras e expressões latinas são usadas diariamente pelos falantes Lato sensu: em sentido amplo, em sentido geral.
da língua, quer em linguagem formal ou de áreas específicas, quer Per capita: por cabeça, para cada indivíduo.
em linguagem informal. Quorum: número mínimo de membros presentes necessário
As expressões latinas não sofrem processos de aportuguesa- para que uma assembleia possa funcionar ou deliberar regularmen-
mento, devendo assim ser escritas em sua forma original, sem qual- te.
quer tentativa de aproximação às regras ortográficas e fonológicas Sic: assim, assim mesmo, exatamente. Pospõe-se a uma cita-
da língua portuguesa. ção, ou nela se intercala, entre parênteses ou entre colchetes, para
indicar que o texto original é da forma que aparece.
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Statu quo: “No estado em que”. Emprega-se, na linguagem jurí- – Nos sufixos “ês” e “esa”, quando designarem origem, título ou
dica, para indicar a forma, a situação ou a posição em que se encon- nacionalidade. Exemplo: marquês/marquesa, holandês/holandesa,
tra certa questão ou coisa em determinado momento. burguês/burguesa.
Stricto sensu: em sentido restrito, em sentido literal. – Nas palavras derivadas de outras cujo radical já apresenta “s”.
Verbi gratia: por exemplo. Exemplo: casa – casinha – casarão; análise – analisar.
Verbum ad verbum: palavra por palavra, textualmente, literal-
mente. Porque, Por que, Porquê ou Por quê?
– Porque (junto e sem acento): é conjunção explicativa, ou seja,
indica motivo/razão, podendo substituir o termo pois. Portanto,
ORTOGRAFIA toda vez que essa substituição for possível, não haverá dúvidas de
que o emprego do porque estará correto. Exemplo: Não choveu,
porque/pois nada está molhado.
— Definições – Por que (separado e sem acento): esse formato é empregado
Com origem no idioma grego, no qual orto significa “direito”, para introduzir uma pergunta ou no lugar de “o motivo pelo qual”,
“exato”, e grafia quer dizer “ação de escrever”, ortografia é o nome para estabelecer uma relação com o termo anterior da oração.
dado ao sistema de regras definido pela gramática normativa que Exemplos: Por que ela está chorando? / Ele explicou por que do
indica a escrita correta das palavras. Já a Ortografia Oficial se refere cancelamento do show.
às práticas ortográficas que são consideradas oficialmente como – Porquê (junto e com acento): trata-se de um substantivo e,
adequadas no Brasil. Os principais tópicos abordados pela ortografia por isso, pode estar acompanhado por artigo, adjetivo, pronome
são: o emprego de acentos gráficos que sinalizam vogais tônicas, ou numeral. Exemplo: Não ficou claro o porquê do cancelamento
abertas ou fechadas; os processos fonológicos (crase/acento grave); do show.
os sinais de pontuação elucidativos de funções sintáticas da língua e – Por quê (separado e com acento): deve ser empregado ao
decorrentes dessas funções, entre outros. fim de frases interrogativas. Exemplo: Ela foi embora novamente.
Os acentos: esses sinais modificam o som da letra sobre Por quê?
a qual recaem, para que palavras com grafia similar possam
ter leituras diferentes, e, por conseguinte, tenham significados Parônimos e homônimos
distintos. Resumidamente, os acentos são agudo (deixa o som da – Parônimos: são palavras que se assemelham na grafia e na
vogal mais aberto), circunflexo (deixa o som fechado), til (que faz pronúncia, mas se divergem no significado. Exemplos: absolver
com que o som fique nasalado) e acento grave (para indicar crase). (perdoar) e absorver (aspirar); aprender (tomar conhecimento) e
O alfabeto: é a base de qualquer língua. Nele, estão apreender (capturar).
estabelecidos os sinais gráficos e os sons representados por cada – Homônimos: são palavras com significados diferentes, mas
um dos sinais; os sinais, por sua vez, são as vogais e as consoantes. que divergem na pronúncia. Exemplos: “gosto” (substantivo) e
As letras K, Y e W: antes consideradas estrangeiras, essas letras “gosto” (verbo gostar) / “este” (ponto cardeal) e “este” (pronome
foram integradas oficialmente ao alfabeto do idioma português demonstrativo).
brasileiro em 2009, com a instauração do Novo Acordo Ortográfico.
As possibilidades da vogal Y e das consoantes K e W são, basicamente,
para nomes próprios e abreviaturas, como abaixo: ACENTUAÇÃO GRÁFICA
– Para grafar símbolos internacionais e abreviações, como Km
(quilômetro), W (watt) e Kg (quilograma).
– Para transcrever nomes próprios estrangeiros ou seus — Definição
derivados na língua portuguesa, como Britney, Washington, Nova A acentuação gráfica consiste no emprego do acento nas
York. palavras grafadas com a finalidade de estabelecer, com base nas
regras da língua, a intensidade e/ou a sonoridade das palavras.
Relação som X grafia: confira abaixo os casos mais complexos Isso quer dizer que os acentos gráficos servem para indicar a sílaba
do emprego da ortografia correta das palavras e suas principais tônica de uma palavra ou a pronúncia de uma vogal. De acordo com
regras: as regras gramaticais vigentes, são quatro os acentos existentes na
«ch” ou “x”?: deve-se empregar o X nos seguintes casos: língua portuguesa:
– Em palavras de origem africana ou indígena. Exemplo: oxum, – Acento agudo: Indica que a sílaba tônica da palavra tem som
abacaxi. aberto. Ex.: área, relógio, pássaro.
– Após ditongos. Exemplo: abaixar, faixa. – Acento circunflexo: Empregado acima das vogais “a” e” e
– Após a sílaba inicial “en”. Exemplo: enxada, enxergar. “o”para indicar sílaba tônica em vogal fechada. Ex.: acadêmico,
– Após a sílaba inicial “me”. Exemplo: mexilhão, mexer, âncora, avô.
mexerica. – Acento grave/crase: Indica a junção da preposição “a” com
o artigo “a”. Ex: “Chegamos à casa”. Esse acento não indica sílaba
s” ou “x”?: utiliza-se o S nos seguintes casos tônica!
– Nos sufixos “ese”, “isa”, “ose”. Exemplo: síntese, avisa, – Til: Sobre as vogais “a” e “o”, indica que a vogal de determinada
verminose. palavra tem som nasal, e nem sempre recai sobre a sílaba tônica.
– Nos sufixos “ense”, “osa” e “oso”, quando formarem adjetivos. Exemplo: a palavra órfã tem um acento agudo, que indica que a
Exemplo: amazonense, formosa, jocoso.
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sílaba forte é “o” (ou seja, é acento tônico), e um til (˜), que indica Acentuação das palavras Proparoxítonas
que a pronúncia da vogal “a” é nasal, não oral. Outro exemplo Classificam-se assim as palavras cuja antepenúltima sílaba é
semelhante é a palavra bênção. tônica, e todas recebem acento, sem exceções. Ex.: ácaro, árvore,
bárbaro, cálida, exército, fétido, lâmpada, líquido, médico, pássaro,
— Monossílabas Tônicas e Átonas tática, trânsito.
Mesmo as palavras com apenas uma sílaba podem sofrer
alteração de intensidade de voz na sua pronúncia. Exemplo: observe Ditongos e Hiatos
o substantivo masculino “dó” e a preposição “do” (contração Acentuam-se:
da preposição “de” + artigo “o”). Ao comparar esses termos, – Oxítonas com sílaba tônica terminada em abertos “_éu”,
percebermos que o primeiro soa mais forte que o segundo, ou seja, “_éi” ou “_ói”, sucedidos ou não por “_s”. Ex.: anéis, fiéis, herói,
temos uma monossílaba tônica e uma átona, respectivamente. mausoléu, sóis, véus.
Diante de palavras monossílabas, a dica para identificar se é tônica – As letras “_i” e “_u” quando forem a segunda vogal tônica de
(forte) ou fraca átona (fraca) é pronunciá-las em uma frase, como um hiato e estejam isoladas ou sucedidas por “_s” na sílaba. Ex.: caí
abaixo: (ca-í), país (pa-ís), baú (ba-ú).
“Sinto grande dó ao vê-la sofrer.”
“Finalmente encontrei a chave do carro.” Não se acentuam:
– A letra “_i”, sempre que for sucedida por de “_nh”. Ex.:
Recebem acento gráfico: moinho, rainha, bainha.
– As monossílabas tônicas terminadas em: -a(s) → pá(s), má(s); – As letras “_i” e o “_u” sempre que aparecerem repetidas. Ex.:
-e(s) → pé(s), vê(s); -o(s) → só(s), pôs. juuna, xiita. xiita.
– As monossílabas tônicas formados por ditongos abertos -éis, – Hiatos compostos por “_ee” e “_oo”. Ex.: creem, deem, leem,
-éu, -ói. Ex: réis, véu, dói. enjoo, magoo.
Hoje: Ela sempre para para ver a banda passar. [verbo / “Refiro-me a você. (sem crase) – Apaixonei-me por você /
preposição] Gosto de você / Penso em você.”
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Já a exposição de motivos que submeta à consideração do do anexo para as exposições de motivos que proponham a adoção
Presidente da República a sugestão de alguma medida a ser adotada de alguma medida ou a edição de ato normativo tem como
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embora sigam finalidade:
também a estrutura do padrão ofício –, além de outros comentários a) permitir a adequada reflexão sobre o problema que se busca
julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigatoriamente, resolver;
apontar: b) ensejar mais profunda avaliação das diversas causas do
a) na introdução: o problema que está a reclamar a adoção da problema e dos efeitos que pode ter a adoção da medida ou a
medida ou do ato normativo proposto; edição do ato, em consonância com as questões que devem ser
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida ou analisadas na elaboração de proposições normativas no âmbito do
aquele ato normativo o ideal para se solucionar o problema, e Poder Executivo (v. 10.4.3.).
eventuais alternativas existentes para equacioná-lo; c) conferir perfeita transparência aos atos propostos.
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser tomada, ou
qual ato normativo deve ser editado para solucionar o problema. Dessa forma, ao atender às questões que devem ser analisadas
na elaboração de atos normativos no âmbito do Poder Executivo,
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à exposição o texto da exposição de motivos e seu anexo complementam-se
de motivos, devidamente preenchido, de acordo com o seguinte e formam um todo coeso: no anexo, encontramos uma avaliação
modelo previsto no Anexo II do Decreto no 4.176, de 28 de março profunda e direta de toda a situação que está a reclamar a adoção
de 2002. de certa providência ou a edição de um ato normativo; o problema a
Anexo à Exposição de Motivos do (indicar nome do Ministério ser enfrentado e suas causas; a solução que se propõe, seus efeitos
ou órgão equivalente) nº de 200. e seus custos; e as alternativas existentes. O texto da exposição de
motivos fica, assim, reservado à demonstração da necessidade da
1. Síntese do problema ou da situação que reclama providências providência proposta: por que deve ser adotada e como resolverá o
2. Soluções e providências contidas no ato normativo ou na problema. Nos casos em que o ato proposto for questão de pessoal
medida proposta (nomeação, promoção, ascensão, transferência, readaptação, reversão,
3. Alternativas existentes às medidas propostas aproveitamento, reintegração, recondução, remoção, exoneração,
Mencionar: demissão, dispensa, disponibilidade, aposentadoria), não é necessário
- Se há outro projeto do Executivo sobre a matéria; o encaminhamento do formulário de anexo à exposição de motivos.
- Se há projetos sobre a matéria no Legislativo; Ressalte-se que:
- Outras possibilidades de resolução do problema. – A síntese do parecer do órgão de assessoramento jurídico
não dispensa o encaminhamento do parecer completo;
4. Custos – O tamanho dos campos do anexo à exposição de motivos
Mencionar: pode ser alterado de acordo com a maior ou menor extensão dos
- Se a despesa decorrente da medida está prevista na lei comentários a serem ali incluídos.
orçamentária anual; se não, quais as alternativas para custeá-la;
- Se é o caso de solicitar-se abertura de crédito extraordinário, Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente que
especial ou suplementar; a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (clareza, concisão,
- Valor a ser despendido em moeda corrente; impessoalidade, formalidade, padronização e uso do padrão culto de
linguagem) deve ser redobrada. A exposição de motivos é a principal
5. Razões que justificam a urgência (a ser preenchido somente modalidade de comunicação dirigida ao Presidente da República pelos
se o ato proposto for medido provisória ou projeto de lei que deva Ministros. Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada cópia
tramitar em regime de urgência) ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ainda, ser publicada
Mencionar: no Diário Oficial da União, no todo ou em parte.
- Se o problema configura calamidade pública;
- Por que é indispensável a vigência imediata; Mensagem
- Se se trata de problema cuja causa ou agravamento não
tenham sido previstos; — Definição e Finalidade
- Se se trata de desenvolvimento extraordinário de situação já É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes dos
prevista. Poderes Públicos, notadamente as mensagens enviadas pelo Chefe
do Poder Executivo ao Poder Legislativo para informar sobre fato
6. Impacto sobre o meio ambiente (sempre que o ato ou da Administração Pública; expor o plano de governo por ocasião
medida proposta possa vir a tê-lo) da abertura de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional
7. Alterações propostas matérias que dependem de deliberação de suas Casas; apresentar
8. Síntese do parecer do órgão jurídico veto; enfim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja de
Com base em avaliação do ato normativo ou da medida interesse dos poderes públicos e da Nação. Minuta de mensagem
proposta à luz das questões levantadas no item 10.4.3. pode ser encaminhada pelos Ministérios à Presidência da República,
A falta ou insuficiência das informações prestadas pode a cujas assessorias caberá a redação final. As mensagens mais
acarretar, a critério da Subchefia para Assuntos Jurídicos da Casa usuais do Poder Executivo ao Congresso Nacional têm as seguintes
Civil, a devolução do projeto de ato normativo para que se complete finalidades:
o exame ou se reformule a proposta. O preenchimento obrigatório
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a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, complementar art. 223 já define o prazo da tramitação. Além do ato de outorga
ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou complementar são ou renovação, acompanha a mensagem o correspondente processo
enviados em regime normal (Constituição, art. 61) ou de urgência administrativo.
(Constituição, art. 64, §§ 1o a 4o). Cabe lembrar que o projeto pode f) encaminhamento das contas referentes ao exercício anterior.
ser encaminhado sob o regime normal e mais tarde ser objeto de O Presidente da República tem o prazo de sessenta dias após a
nova mensagem, com solicitação de urgência. Em ambos os casos, abertura da sessão legislativa para enviar ao Congresso Nacional as
a mensagem se dirige aos Membros do Congresso Nacional, mas contas referentes ao exercício anterior (Constituição, art. 84, XXIV),
é encaminhada com aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência para exame e parecer da Comissão Mista permanente (Constituição,
da República ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, art. 166, § 1o), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a
para que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreendem plano disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno.
plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos anuais e créditos g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
adicionais), as mensagens de encaminhamento dirigem-se aos Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre a situação
Membros do Congresso Nacional, e os respectivos avisos são do País e solicitação de providências que julgar necessárias
endereçados ao Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão (Constituição, art. 84, XI). O portador da mensagem é o Chefe
é que o art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual da Casa Civil da Presidência da República. Esta mensagem difere
sobre as leis financeiras em sessão conjunta, mais precisamente, das demais porque vai encadernada e é distribuída a todos os
“na forma do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso Congressistas em forma de livro.
Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constituição, art. h) comunicação de sanção (com restituição de autógrafos).
57, § 5o), que comanda as sessões conjuntas. As mensagens aqui Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso Nacional,
tratadas coroam o processo desenvolvido no âmbito do Poder encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da Casa onde se
Executivo, que abrange minucioso exame técnico, jurídico e originaram os autógrafos. Nela se informa o número que tomou a
econômico-financeiro das matérias objeto das proposições por lei e se restituem dois exemplares dos três autógrafos recebidos,
elas encaminhadas. Tais exames materializam-se em pareceres dos nos quais o Presidente da República terá aposto o despacho de
diversos órgãos interessados no assunto das proposições, entre eles sanção.
o da Advocacia-Geral da União. Mas, na origem das propostas, as i) comunicação de veto.
análises necessárias constam da exposição de motivos do órgão Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, art. 66,
onde se geraram (v. 3.1. Exposição de Motivos) – exposição que § 1o), a mensagem informa sobre a decisão de vetar, se o veto é
acompanhará, por cópia, a mensagem de encaminhamento ao parcial, quais as disposições vetadas, e as razões do veto. Seu texto
Congresso. vai publicado na íntegra no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e
b) encaminhamento de medida provisória. Estrutura), ao contrário das demais mensagens, cuja publicação se
Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Constituição, restringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo. (v. 19.6.Veto)
o Presidente da República encaminha mensagem ao Congresso, j) outras mensagens.
dirigida a seus membros, com aviso para o Primeiro Secretário do
Senado Federal, juntando cópia da medida provisória, autenticada Também são remetidas ao Legislativo com regular frequência
pela Coordenação de Documentação da Presidência da República. mensagens com:
c) indicação de autoridades. – Encaminhamento de atos internacionais que acarretam
As mensagens que submetem ao Senado Federal a indicação encargos ou compromissos gravosos (Constituição, art. 49, I);
de pessoas para ocuparem determinados cargos (magistrados dos – Pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis às
Tribunais Superiores, Ministros do TCU, Presidentes e Diretores operações e prestações interestaduais e de exportação
do Banco Central, Procurador-Geral da República, Chefes de (Constituição, art. 155, § 2o, IV);
Missão Diplomática, etc.) têm em vista que a Constituição, no seu – Proposta de fixação de limites globais para o montante da
art. 52, incisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI);
competência privativa para aprovar a indicação. O curriculum vitae – Pedido de autorização para operações financeiras externas
do indicado, devidamente assinado, acompanha a mensagem. (Constituição, art. 52, V); e outros.
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-
Presidente da República se ausentarem do País por mais de 15 dias. Entre as mensagens menos comuns estão as de:
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. 49, III, e 83), – Convocação extraordinária do Congresso Nacional
e a autorização é da competência privativa do Congresso Nacional. (Constituição, art. 57, § 6o);
O Presidente da República, tradicionalmente, por cortesia, quando – Pedido de autorização para exonerar o Procurador-Geral da
a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz uma comunicação a República (art. 52, XI, e 128, § 2o);
cada Casa do Congresso, enviando-lhes mensagens idênticas. – Pedido de autorização para declarar guerra e decretar
e) encaminhamento de atos de concessão e renovação de mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
concessão de emissoras de rádio e TV. A obrigação de submeter – Pedido de autorização ou referendo para celebrar a paz
tais atos à apreciação do Congresso Nacional consta no inciso XII (Constituição, art. 84, XX);
do artigo 49 da Constituição. Somente produzirão efeitos legais a – Justificativa para decretação do estado de defesa ou de sua
outorga ou renovação da concessão após deliberação do Congresso prorrogação (Constituição, art. 136, § 4o);
Nacional (Constituição, art. 223, § 3o). Descabe pedir na mensagem – Pedido de autorização para decretar o estado de sítio
a urgência prevista no art. 64 da Constituição, porquanto o § 1o do (Constituição, art. 137);
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Em resumo: estabelecer a autonomia literária é descobrir os mo- principal preocupação dos jesuítas era o trabalho de catequese, ob-
mentos em que as formas e artifícios literários se prestam a fixar a jetivo que determinou toda a sua produção literária, tanto na poe-
nova visão estética da nova realidade. Assim, a literatura, ao invés de sia quanto no teatro. Mesmo assim, do ponto de vista estético, foi a
períodos cronológicos, deverá ser dividida, desde o seu nascedouro, melhor produção literária do Quinhentismo brasileiro. Além da po-
de acordo com os estilos correspondentes às suas diversas fases, do esia de devoção, os jesuítas cultivaram o teatro de caráter pedagó-
Quinhentismo ao Modernismo, até a fase da contemporaneidade. gico, baseado em trechos bíblicos, e as cartas que informavam aos
Duas eras - A literatura brasileira tem sua história dividida em superiores na Europa sobre o andamento dos trabalhos na colônia.
duas grandes eras, que acompanham a evolução política e econô- Não se pode comentar, no entanto, a literatura dos jesuítas
mica do país: a Era Colonial e a Era Nacional, separadas por um sem referências ao que o padre José de Anchieta representa para o
período de transição, que corresponde à emancipação política do Quinhentismo brasileiro. Chamado pelos índios de «Grande Piahy»
Brasil. As eras apresentam subdivisões chamadas escolas literárias (supremo pajé branco), Anchieta veio para o Brasil em 1553 e, no
ou estilos de época. ano seguinte, fundou um colégio no planalto paulista, a partir do
A Era Colonial abrange o Quinhentismo (de 1500, ano do des- qual surgiu a cidade de São Paulo.
cobrimento, a 1601), o Seiscentismo ou Barroco (de 1601 a 1768), Ao realizar um exaustivo trabalho de catequese, José de An-
o Setecentismo (de 1768 a 1808) e o período de Transição (de 1808 chieta deixou uma fabulosa herança literária: a primeira gramática
a 1836). A Era Nacional, por sua vez, envolve o Romantismo (de do tupi-guarani, insuperável cartilha para o ensino da língua dos na-
1836 a 1881), o Realismo (de 1881 a 1893), o Simbolismo (de 1893 a tivos; várias poesias no estilo do verso medieval; e diversos autos,
1922) e o Modernismo (de 1922 a 1945). A partir daí o que está em segundo o modelo deixado pelo poeta português Gil Vicente, que
estudo é a contemporaneidade da literatura brasileira. agrega à moral religiosa católica os costumes dos indígenas, sempre
com a preocupação de caracterizar os extremos, como o bem e o
O Quinhentismo mal, o anjo e o diabo.
Essa expressão é a denominação genérica de todas as manifes-
tações literárias ocorridas no Brasil durante o século XVI, correspon- O Barroco
dendo à introdução da cultura europeia em terras brasileiras. Não O Barroco no Brasil tem seu marco inicial em 1601, com a pu-
se pode falar em uma literatura “do” Brasil, como característica do blicação do poema épico «Prosopopeia”, de Bento Teixeira, que in-
País naquele período, mas sim em literatura “no” Brasil – uma lite- troduz definitivamente o modelo da poesia camoniana em nossa
ratura ligada ao Brasil, mas que denota as ambições e as intenções literatura. Estende-se por todo o século XVII e início do XVIII.
do homem europeu. Embora o Barroco brasileiro seja datado de 1768, com a fun-
No quinhentismo, o que se demonstrava era o momento histó- dação da Arcádia Ultramarina e a publicação do livro “Obras”, de
rico vivido pela Península Ibérica, que abrangia uma literatura infor- Cláudio Manuel da Costa, o movimento academicista ganha corpo
mativa e uma literatura dos jesuítas, como principais manifestações a partir de 1724, com a fundação da Academia Brasílica dos Esque-
literárias no século XVI. Quem produzia literatura naquele período cidos. Este fato assinala a decadência dos valores defendidos pelo
estava com os olhos voltados para as riquezas materiais (ouro, pra- Barroco e a ascensão do movimento árcade. O termo barroco de-
ta, ferro, madeira etc.), enquanto a literatura dos jesuítas preocupa- nomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos
va-se com o trabalho de catequese. de 1600 e início dos anos de 1700. Além da literatura, estende-se à
Com exceção da carta de Pero Vaz de Caminha, considerada o música, pintura, escultura e arquitetura da época.
primeiro documento da literatura no Brasil, as principais crônicas da Antes do texto de Bento Teixeira, os sinais mais evidentes da
literatura informativa datam da segunda metade do século XVI, fato influência da poesia barroca no Brasil surgiram a partir de 1580 e
compreensível, já que a colonização só pode ser contada a partir de começaram a crescer nos anos seguintes ao domínio espanhol na
1530. A literatura jesuítica, por seu lado, também caracteriza o fi- Península Ibérica, já que é a Espanha a responsável pela unificação
nal do Quinhentismo, tendo esses religiosos pisado o solo brasileiro dos reinos da região, o principal foco irradiador do novo estilo po-
somente em 1549. ético.
A literatura informativa, também chamada de literatura dos O quadro brasileiro se completa no século XVII, com a presen-
viajantes ou dos cronistas, reflexo das grandes navegações, empe- ça cada vez mais forte dos comerciantes, com as transformações
nha-se em fazer um levantamento da terra nova, de sua flora, fau- ocorridas no Nordeste em consequência das invasões holandesas e,
na, de sua gente. É, portanto, uma literatura meramente descritiva finalmente, com o apogeu e a decadência da cana-de-açúcar,
e, como tal, sem grande valor literário Uma das principais referências do barroco brasileiro é Gregório
A principal característica dessa manifestação é a exaltação da de Matos Guerra, poeta baiano que cultivou com a mesma beleza
terra, resultante do assombro do europeu que vinha de um mundo tanto o estilo cultista quanto o conceptista (o cultismo é marcado
temperado e se defrontava com o exotismo e a exuberância de um pela linguagem rebuscada, extravagante, enquanto o conceptismo
mundo tropical. Com relação à linguagem, o louvor à terra aparece caracteriza-se pelo jogo de ideias, de conceitos. O primeiro valo-
no uso exagerado de adjetivos, quase sempre empregados no su- riza o pormenor, enquanto o segundo segue um raciocínio lógico,
perlativo (belo é belíssimo, lindo é lindíssimo etc.) racionalista)
O melhor exemplo da escola quinhentista brasileira é Pero Vaz Na poesia lírica e religiosa, Gregório de Matos deixa claro cer-
de Caminha. Sua “Carta a El Rei Dom Manuel sobre o achamento do to idealismo renascentista, colocado ao lado do conflito (como de
Brasil”, além do inestimável valor histórico, é um trabalho de bom hábito na época) entre o pecado e o perdão, buscando a pureza da
nível literário. O texto da carta mostra claramente o duplo objetivo fé, mas tendo ao mesmo tempo necessidade de viver a vida mun-
que, segundo Caminha, impulsionava os portugueses para as aven- dana. Contradição que o situava com perfeição na escola barroca
turas marítimas, isto é, a conquista dos bens materiais e a dilatação do Brasil.
da fé cristã Literatura jesuíta - Consequência da Contrarreforma, a
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Antônio Vieira - Se por um lado, Gregório de Matos mexeu com Gosto burguês - Assim, a burguesia atinge uma posição de do-
as estruturas morais e a tolerância de muita gente - como o admi- mínio no campo econômico e passa a lutar pelo poder político, en-
nistrador português, o próprio rei, o clero e os costumes da própria tão em mãos da monarquia. Isto se reflete claramente no campo
sociedade baiana do século XVII - por outro, ninguém angariou tan- social e das artes: a antiga arte cerimonial das cortes cede lugar ao
tas críticas e inimizades quanto o “impiedoso” Padre Antônio Vieira, poder do gosto burguês.
detentor de um invejável volume de obras literárias, inquietantes Pode-se dizer que a falta de substitutos para o padre Antônio
para os padrões da época. Vieira e Gregório de Matos, mortos nos últimos cinco anos do sé-
Politicamente, Vieira tinha contra si a pequena burguesia cris- culo XVII, foi também um aspecto motivador do surgimento do Ar-
tã (por defender o capitalismo judaico e os cristãos-novos); os pe- cadismo no Brasil. De qualquer forma, suas características no País
quenos comerciantes (por defender o monopólio comercial); e os seguem a linha europeia: a volta aos padrões clássicos da Antigui-
administradores e colonos (por defender os índios). Essas posições, dade e do Renascimento; a simplicidade; a poesia bucólica, pastoril;
principalmente a defesa dos cristãos-novos, custaram a Vieira uma o fingimento poético e o uso de pseudônimos. Quanto ao aspecto
condenação da Inquisição, ficando preso de 1665 a 1667. A obra do formal, a escola é marcada pelo soneto, os versos decassílabos, a
Padre Antônio Vieira pode ser dividida em três tipos de trabalhos: rima optativa e a tradição da poesia épica. O Arcadismo tem como
Profecias, Cartas e Sermões. principais nomes: Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonza-
As Profecias constam de três obras: História do Futuro, Es- ga, José de Santa Rita Durão e Basílio da Gama.
peranças de Portugal e Clavis Prophetarum. Nelas se notam o se-
bastianismo e as esperanças de que Portugal se tornaria o “quinto O Romantismo
império do Mundo”. Segundo ele, tal fato estaria escrito na Bíblia. O Romantismo se inicia no Brasil em 1836, quando Gonçalves
Aqui ele demonstra bem seu estilo alegórico de interpretação bíbli- de Magalhães publica na França a “Niterói - Revista Brasiliense”,
ca (uma característica quase que constante de religiosos brasileiros e, no mesmo ano, lança um livro de poesias românticas intitulado
íntimos da literatura barroca). Além, é claro, de revelar um naciona- “Suspiros poéticos e saudades”.
lismo megalomaníaco e servidão incomum. Em 1822, Dom Pedro I concretiza um movimento que se fa-
O grosso da produção literária do Padre Antônio Vieira está nas zia sentir, de forma mais imediata, desde 1808: a independência
cerca de 500 cartas. do Brasil. A partir desse momento, o novo país necessita inserir-se
Elas versam sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, no modelo moderno, acompanhando as nações independentes da
sobre a Inquisição e os cristãos novos e sobre a situação da colônia, Europa e América. A imagem do português conquistador deveria
transformando-se em importantes documentos históricos. ser varrida. Há a necessidade de autoafirmação da pátria que se
Os melhores de sua obra, no entanto, estão nos 200 sermões. formava. O ciclo da mineração havia dado condições para que as fa-
De estilo barroco conceptista, totalmente oposto ao Gongorismo, mílias mais abastadas mandassem seus filhos à Europa, em particu-
o pregador português joga com as ideias e os conceitos, segundo lar França e Inglaterra, onde buscavam soluções para os problemas
os ensinamentos de retórica dos jesuítas. Um dos seus principais brasileiros. O Brasil de então nem chegava perto da formação social
trabalhos é o Sermão da Sexagésima, pregado na capela Real de dos países industrializados da Europa (burguesia/proletariado). A
Lisboa, em 1655. A obra também ficou conhecida como “A palavra estrutura social do passado próximo (aristocracia/escravo) ainda
de Deus”. prevalecia. Nesse Brasil, segundo o historiador José de Nicola, “o
Polêmico, este sermão resume a arte de pregar. Com ele, Vieira ser burguês ainda não era uma posição econômica e social, mas
procurou atingir seus adversários católicos, os gongóricos domini- mero estado de espírito, norma de comportamento”.
canos, analisando no sermão “Porque não frutificava a Palavra de Marco final - Nesse período, Gonçalves de Magalhães viajava
Deus na terra”, atribuindo-lhes culpa. pela Europa. Em 1836, ele funda a revista Niterói, da qual circula-
ram apenas dois números, em Paris.
O Arcadismo Nela, ele publica o “Ensaio sobre a história da literatura brasi-
O Arcadismo no Brasil começa no ano de 1768, com dois fatos leira”, considerado o nosso primeiro manifesto romântico. Essa es-
marcantes: a fundação da Arcádia Ultramarina e a publicação de cola literária só teve seu marco final no ano de 1881, quando foram
Obras, de Cláudio Manuel da Costa. A escola setecentista, por sinal, lançados os primeiros romances de tendência naturalista e realista,
desenvolve-se até 1808, com a chegada da Família Real ao Rio de como “O mulato”, de Aluízio Azevedo, e “Memórias póstumas de
Janeiro, que, com suas medidas político-administrativas, permite a Brás Cubas”, de Machado de Assis. Manifestações do movimento
introdução do pensamento pré-romântico no Brasil. realista, aliás, já vinham ocorrendo bem antes do início da deca-
No início do século XVIII dá-se a decadência do pensamento dência do Romantismo, como, por exemplo, o liderado por Tobias
barroco, para a qual vários fatores colaboraram, entre eles o can- Barreto desde 1870, na Escola de Recife.
saço do público com o exagero da expressão barroca e da chamada O Romantismo, como se sabe, define-se como modismo nas
arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença e atinge em letras universais a partir dos últimos 25 anos do século XVIII. A se-
meados do século um estágio estacionário (e até decadente), per- gunda metade daquele século, com a industrialização modificando
dendo terreno para o subjetivismo burguês; o problema da ascen- as antigas relações econômicas, leva a Europa a uma nova compo-
são burguesa superou o problema religioso; surgem as primeiras sição do quadro político e social, que tanto influenciaria os tempos
arcádias, que procuram a pureza e a simplicidade das formas clássi- modernos. Daí a importância que os modernistas deram à Revo-
cas; os burgueses, como forma de combate ao poder monárquico, lução Francesa, tão exaltada por Gonçalves de Magalhães. Em seu
começam a cultuar o “bom selvagem”, em oposição ao homem cor- “Discurso sobre a história da literatura do Brasil”, ele diz: “...Eis aqui
rompido pela sociedade. como o Brasil deixou de ser colônia e foi depois elevado à categoria
de Reino Unido. Sem a Revolução Francesa, que tanto esclareceu os
povos, esse passo tão cedo se não daria...”.
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A classe social delineia-se em duas classes distintas e antagô- A geração condoreira, caracterizada pela poesia social e liber-
nicas, embora atuassem paralelas durante a Revolução Francesa: tária, reflete as lutas internas da segunda metade do reinado de D.
a classe dominante, agora representada pela burguesia capitalista Pedro II. Essa geração sofreu intensamente a influência de Victor
industrial, e a classe dominada, representada pelo proletariado. O Hugo e de sua poesia político-social, daí ser conhecida como gera-
Romantismo foi uma escola burguesa de caráter ideológico, a favor ção hugoana. O termo condoreirismo é consequência do símbolo
da classe dominante. Daí porque o nacionalismo, o sentimentalis- de liberdade adotado pelos jovens românticos: o condor, águia que
mo, o subjetivismo e o irracionalismo - características marcantes do habita o alto da condilheira dos Antes. Seu principal representante
Romantismo inicial - não podem ser analisados isoladamente, sem foi Castro Alves, seguido por Tobias Barreto e Sousândrade.
se fazer menção à sua carga ideológica. Duas outras variações literárias do Romantismo merecem des-
Novas influências - No Brasil, o momento histórico em que taque: a prosa e o teatro romântico. José de Nicola demonstrou
ocorre o Romantismo tem que ser visto a partir das últimas pro- quais as explicações para o aparecimento e desenvolvimento do
duções árcades, caracterizadas pela sátira política de Gonzaga e romance no Brasil: “A importação ou simples tradução de romances
Silva Alvarenga. Com a chegada da Corte, o Rio de Janeiro passa europeus; a urbanização do Rio de Janeiro, transformado, então,
por um processo de urbanização, tornando-se um campo propício à em Corte, criando uma sociedade consumidora representada pela
divulgação das novas influências europeias. A colônia caminhava no aristocracia rural, profissionais liberais, jovens estudantes, todos em
rumo da independência. busca de entretenimento; o espírito nacionalista em consequência
Após 1822, cresce no Brasil independente o sentimento de na- da independência política a exigir uma “cor local” para os enredos;
cionalismo, busca-se o passado histórico, exalta-se a natureza pá- o jornalismo vivendo o seu primeiro grande impulso e a divulgação
tria. Na realidade, características já cultivadas na Europa, e que se em massa de folhetins; o avanço do teatro nacional.”.
encaixaram perfeitamente à necessidade brasileira de ofuscar pro- Os romances respondiam às exigências daquele público leitor;
fundas crises sociais, financeiras e econômicas. giravam em torno da descrição dos costumes urbanos, ou de ame-
De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período conturbado, como nidades das zonas rurais, ou de imponentes selvagens, apresentan-
reflexo do autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembleia do personagens idealizados pela imaginação e ideologia românticas
Constituinte; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; com os quais o leitor se identificava, vivendo uma realidade que lhe
a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação convinha. Algumas poucas obras, porém, fugiram desse esquema,
de ter mandado assassinar Líbero Badaró e, finalmente, a abolição como “Memórias de um Sargento de Milícias”, de Manuel Antônio
da escravatura. Segue-se o período regencial e a maioridade pre- de Almeida, e até “Inocência”, do Visconde de Taunay.
matura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge Ao se considerar a mera cronologia, o primeiro romance bra-
o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, sileiro foi “O filho do pescador”, publicado em 1843, de autoria de
de nacionalismo. Teixeira de Souza (1812-1881). Mas se tratava de um romance senti-
No final do Romantismo brasileiro, a partir de 1860, as transfor- mentalóide, de trama confusa e que não serve para definir as linhas
mações econômicas, políticas e sociais levam a uma literatura mais que o romance romântico seguiria na literatura brasileira.
próxima da realidade; a poesia reflete as grandes agitações, como Por esta razão, sobretudo pela aceitação obtida junto ao
a luta abolicionista, a Guerra do Paraguai, o ideal de República. É público leitor, justamente por ter moldado o gosto deste público
a decadência do regime monárquico e o aparecimento da poesia ou correspondido às suas expectativas, convencionou-se adotar o
social de Castro Alves. No fundo, uma transição para o Realismo. romance “A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado
O Romantismo apresenta uma característica inusitada: revela em 1844, como o primeiro romance brasileiro.
nitidamente uma evolução no comportamento dos autores român- Dentro das características básicas da prosa romântica, desta-
ticos. A comparação entre os primeiros e os últimos representantes cam-se, além de Joaquim Manuel de Macedo, Manuel Antônio de
dessa escola mostra traços peculiares a cada fase, mas discrepantes Almeida e José de Alencar. Almeida, por sinal, com as “Memórias de
entre si. No caso brasileiro, por exemplo, há uma distância consi- um Sargento de Milícias” realizou uma obra totalmente inovadora
derável entre a poesia de Gonçalves Dias e a de Castro Alves. Daí a para sua época, exatamente quando Macedo dominava o ambiente
necessidade de se dividir o Romantismo em fases ou gerações. No literário. As peripécias de um sargento descritas por ele podem ser
romantismo brasileiro podemos reconhecer três gerações: Geração consideradas como o verdadeiro romance de costumes do Roman-
Nacionalista ou indianista; geração do “mal do século” e a “geração tismo brasileiro, pois abandona a visão da burguesia urbana, para
condoreira”. retratar o povo com toda a sua simplicidade.
A primeira (nacionalista ou indianista) é marcada pela exalta- “Casamento” - José de Alencar, por sua vez, aparece na litera-
ção da natureza, volta ao passado histórico, medievalismo, criação tura brasileira como o consolidador do romance, um ficcionista que
do herói nacional na figura do índio, de onde surgiu a denominação cai no gosto popular. Sua obra é um retrato fiel de suas posições
“geração indianista”. O sentimentalismo e a religiosidade são outras políticas e sociais. Ele defendia o “casamento” entre o nativo e o
características presentes. Entre os principais autores, destacam-se europeu colonizador, numa troca de favores: uns ofereciam a natu-
Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias e Araújo Porto. reza virgem, um solo esplêndido; outros a cultura. Da soma desses
Egocentrismo - A segunda (do mal do século, também chamada fatores resultaria um Brasil independente. “O guarani” é o melhor
de geração byroniana, de Lord Byron) é impregnada de egocentris- exemplo, ao se observar a relação do principal personagem da obra,
mo, negativismo boêmio, pessimismo, dúvida, desilusão adolescen- o índio Peri, com a família de D. Antônio de Mariz.
te e tédio constante. Seu tema preferido é a fuga da realidade, que Esse jogo de interesses entre o índio e o europeu, proposto
se manifesta na idealização da infância, nas virgens sonhadas e na por Alencar, aparece também em Iracema (um anagrama da pala-
exaltação da morte. Os principais poetas dessa geração foram Ál- vra América), na relação da índia com o Português Martim. Moacir,
vares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Junqueira Freire e Fagundes filho de Iracema e Martim, é o primeiro brasileiro fruto desse casa-
Varela. mento.
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José de Alencar diversificou tanto sua obra, que tornou pos- O Realismo reflete as profundas transformações econômicas,
sível uma classificação por modalidades: romances urbanos ou de políticas, sociais e culturais da segunda metade do século XIX. A
costumes (retratando a sociedade carioca de sua época - o Rio do Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase,
II Reinado); romances históricos (dois, na verdade, voltados para caracterizada pela utilização do aço, do petróleo e da eletricidade;
o período colonial brasileiro - “As minas de prata” e “A guerra dos ao mesmo tempo, o avanço científico leva a novas descobertas nos
mascates”); romances regionais (“O sertanejo” e “O gaúcho” são campos da física e da química. O capitalismo se estrutura em mol-
as duas obras regionais de Alencar); romances rurais (como “Til” e des modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais,
“O tronco do ipê”); e romances indianistas (que trouxeram maior aumentando a massa operária urbana, e formando uma população
popularidade para o escritor, como “O Guarani”, “Iracema” e “Ubi- marginalizada, que não partilha dos benefícios do progresso indus-
rajara”). trial, mas, pelo contrário, é explorada e sujeita a condições subu-
manas de trabalho.
Realismo e Naturalismo O Brasil também passa por mudanças radicais tanto no cam-
“O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantis- po econômico quanto no político-social, no período compreendido
mo era a apoteose do sentimento - o Realismo é a anatomia do ca- entre 1850 e 1900, embora com profundas diferenças materiais,
ráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios se comparadas às da Europa. A campanha abolicionista intensifica-
olhos - para condenar o que houve de mau na nossa sociedade”. Ao -se a partir de 1850; a Guerra do Paraguai (1864/1870) tem como
cunhar este conceito, Eça de Queiroz sintetizou a visão de vida que consequência o pensamento republicano (o Partido Republicano
os autores da escola realista tinham do homem durante e logo após foi fundado no ano em que essa guerra terminou); a Monarquia
o declínio do Romantismo. vive uma vertiginosa decadência. A Lei Áurea, de 1888, não resolveu o
Esse estilo de época teve uma prévia: os românticos Castro Al- problema dos negros, mas criou uma nova realidade: o fim da mão-de-
ves, Sousândrade e Tobias Barreto, embora fizessem uma poesia -obra escrava e a sua substituição pela mão-de-obra assalariada, então
romântica na forma e na expressão, utilizavam temas voltados para representada pelas levas de imigrantes europeus que vinham trabalhar
a realidade político-social da época (final da década de 1860). Da na lavoura cafeeira, o que originou uma nova economia voltada para o
mesma forma, algumas produções do romance romântico já apon- mercado externo, mas agora sem a estrutura colonialista.
tavam para um novo estilo na literatura brasileira, como algumas Raul Pompéia, Machado de Assis e Aluízio Azevedo transfor-
obras de Manuel Antônio de Almeida, Franklin Távora e Visconde maram-se nos principais representantes da escola realista no Brasil.
de Taunay. Começava-se o abandono do Romantismo enquanto sur- Ideologicamente, os autores desse período são antimonárquicos,
giam os primeiros sinais do Realismo. assumindo uma defesa clara do ideal republicano, como nos ro-
Na década de 70 surge a chamada Escola de Recife, com Tobias mances “O mulato”, “O cortiço” e “O Ateneu”. Eles negam a burgue-
Barreto, Silvio Romero e outros, aproximando-se das ideias euro- sia a partir da família. A expressão Realismo é uma denominação
peias ligadas ao positivismo, ao evolucionismo e, principalmente, genérica da escola literária, que abriga três tendências distintas:
à filosofia. São os ideais do Realismo que encontravam ressonância “romance realista”, “romance naturalista” e “poesia parnasiana”.
no conturbado momento histórico vivido pelo Brasil, sob o signo do O romance realista foi exaustivamente cultivado no Brasil por
abolicionismo, do ideal republicano e da crise da Monarquia. Machado de Assis. Trata-se de uma narrativa mais preocupada com
No Brasil considera-se 1881 como o ano inaugural do Realismo. a análise psicológica, fazendo a crítica à sociedade a partir do com-
De fato, esse foi um ano fértil para a literatura brasileira, com a pu- portamento de determinados personagens. Para se ter uma ideia,
blicação de dois romances fundamentais, que modificaram o curso os cinco romances da fase realista de Machado de Assis apresentam
de nossas letras: Aluízio Azevedo publica “O mulato”, considerado nomes próprios em seus títulos (“Brás Cubas”; “Quincas Borba”;
o primeiro romance naturalista do Brasil; Machado de Assis publica “Dom Casmurro”, “Esaú e Jacó”; e “Aires”). Isto revela uma clara
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o primeiro romance realista preocupação com o indivíduo. O romance realista analisa a socieda-
de nossa literatura. de por cima. Em outras palavras: seus personagens são capitalistas,
Na divisão tradicional da história da literatura brasileira, o ano pertencem à classe dominante. O romance realista é documental,
considerado data final do Realismo é 1893, com a publicação de retrato de uma época.
“Missal” e “Broquéis”, ambos de Cruz e Sousa, obras inaugurais do
Simbolismo, mas não o término do Realismo e suas manifestações Naturalismo
na prosa - com os romances realistas e naturalistas - e na poesia, O romance naturalista, por sua vez, foi cultivado no Brasil por
com o Parnasianismo “Príncipe dos poetas” - Da mesma forma, Aluísio Azevedo e Júlio Ribeiro. Aqui, Raul Pompéia também pode
o início do Simbolismo, em 1893, não representou o fim do Rea- ser incluído, mas seu caso é muito particular, pois seu romance “O
lismo, porque obras realistas foram publicadas posteriormente a Ateneu” ora apresenta características naturalistas, ora realistas, ora
essa data, como “Dom Casmurro”, de Machado de Assis, em 1900, impressionistas. A narrativa naturalista é marcada pela forte análise
e “Esaú e Jacó”, do mesmo autor, em 1904. Olavo Bilac, chamado social, a partir de grupos humanos marginalizados, valorizando o
“príncipe dos poetas”, obteve esta distinção em 1907. A Academia coletivo. Os títulos das obras naturalistas apresentam quase sem-
Brasileira de Letras, templo do Realismo, também foi inaugurada pre a mesma preocupação: “O mulato”, “O cortiço”, “Casa de pen-
posteriormente à data-marco do fim do Realismo: 1897. Na realida- são”, “O Ateneu”.
de, nos últimos vinte anos do século XIX e nos primeiros do século O Naturalismo apresenta romances experimentais. A influência
XX, três estéticas se desenvolvem paralelamente: o Realismo e suas de Charles Darwin se faz sentir na máxima segundo a qual o homem
manifestações, o Simbolismo e o Pré-Modernismo, que só conhe- é um animal; portanto antes de usar a razão deixa-se levar pelos
cem o golpe fatal em 1922, com a Semana de Arte Moderna. instintos naturais, não podendo ser reprimido em suas manifesta-
ções instintivas, como o sexo, pela moral da classe dominante. A
constante repressão leva às taras patológicas, tão ao gosto do Na-
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turalismo. Em consequência, esses romances são mais ousados e A Revolução Federalista (1893 a 1895), que começou como
erroneamente tachados, por alguns, de pornográficos, apresentan- uma disputa regional, ganhou dimensão nacional ao se opor ao
do descrições minuciosas de atos sexuais, tocando, inclusive, em te- governo de Floriano Peixoto, gerando cenas de extrema violência
mas então proibidos como o homossexualismo - tanto o masculino e crueldade no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Além
(O Ateneu), quanto o feminino (O cortiço). disso, surgiu a Revolta da Armada, movimento rebelde que exigiu a
renúncia de Floriano, combatendo, sobretudo, a Marinha brasileira.
O Parnasianismo Ao conseguir esmagar os revoltosos, o presidente consegue conso-
A poesia parnasiana preocupa-se com a forma e a objetivida- lidar a República.
de, com seus sonetos alexandrinos perfeitos. Olavo Bilac, Raimun- Esse ambiente provavelmente representou a origem do Sim-
do Correia e Alberto de Oliveira formam a trindade parnasiana O bolismo, marcado por frustrações, angústias, falta de perspectivas,
Parnasianismo é a manifestação poética do Realismo, dizem alguns rejeitando o fato e privilegiando o sujeito.
estudiosos da literatura brasileira, embora ideologicamente não E isto é relevante pois a principal característica desse estilo de
mantenha todos os pontos de contato com os romancistas realistas época foi justamente a negação do Realismo e suas manifestações.
e naturalistas. Seus poetas estavam à margem das grandes transfor- A nova estética nega o cientificismo, o materialismo e o racionalis-
mações do final do século XIX e início do século XX. mo. E valoriza as manifestações metafísicas e espirituais, ou seja, o
Culto à forma - A nova estética se manifesta a partir do final da extremo oposto do Naturalismo e do Parnasianismo.
década de 1870, prolongando-se até a Semana de Arte Moderna. “Dante Negro” - Impossível referir-se ao Simbolismo sem re-
Em alguns casos chegou a ultrapassar o ano de 1922 (não conside- verenciar seus dois grandes expoentes: Cruz e Sousa e Alphonsus
rando, é claro, o neo-parnasianismo). Objetividade temática e culto de Guimarães. Aliás, não seria exagero afirmar que ambos foram o
da forma: eis a receita. A forma fixa representada pelos sonetos; a próprio Simbolismo. Especialmente o primeiro, chamado, então, de
métrica dos versos alexandrinos perfeitos; a rima rica, rara e perfei- “cisne negro” ou “Dante negro”. Figura mais importante do Simbo-
ta. Isto tudo como negação da poesia romântica dos versos livres e lismo brasileiro, sem ele, dizem os especialistas, não haveria essa
brancos. Em suma, é o endeusamento da forma. estética no Brasil. Como poeta, teve apenas um volume publicado
em vida: “Broquéis” (os dois outros volumes de poesia são póstu-
O Simbolismo mos). Teve uma carreira muito rápida, apesar de ser considerado
É comum, entre críticos e historiadores, afirmar-se que o Bra- um dos maiores nomes do Simbolismo universal. Sua obra apre-
sil não teve momento típico para o Simbolismo, sendo essa escola senta uma evolução importante: na medida em que abandona o
literária a mais europeia, dentre as que contaram com seguidores subjetivismo e a angústia iniciais, avança para posições mais uni-
nacionais, no confronto com as demais. Por isso, foi chamada de versalizantes - sua produção inicial fala da dor e do sofrimento do
“produto de importação”. O Simbolismo no Brasil começa em 1893 homem negro (colocações pessoais, pois era filho de escravos), mas
com a publicação de dois livros: “Missal” (prosa) e “Broquéis” (po- evolui para o sofrimento e a angústia do ser humano.
esia), ambos do poeta catarinense Cruz e Sousa, e estende-se até Já Alphonsus de Guimarães preferiu manter-se fiel a um “tri-
1922, quando se realizou a Semana de Arte Moderna. ângulo” que caracterizou toda a sua obra: misticismo, amor e mor-
O início do Simbolismo não pode ser entendido como o fim da te. A crítica o considera o mais místico poeta de nossa literatura. O
escola anterior, o Realismo, pois no final do século XIX e início do sé- amor pela noiva, morta às vésperas do casamento, e sua profunda
culo XX tem-se três tendências que caminham paralelas: Realismo, religiosidade e devoção por Nossa Senhora, gerou, e não poderia
Simbolismo e pré-modernismo, com o aparecimento de alguns au- ser diferente, um misticismo que beirava o exagero. Um exemplo
tores preocupados em denunciar a realidade brasileira, entre eles é o “Setenário das dores de Nossa Senhora”, em que ele atesta sua
Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato. Foi a Semana devoção pela Virgem. A morte aparece em sua obra como um único
de Arte Moderna que, pois, fim a todas as estéticas anteriores e meio de atingir a sublimação e se aproximar de Constança - a noiva
traçou, de forma definitiva, novos rumos para a literatura do Brasil. morta - e da virgem. Daí o amor aparecer sempre espiritualizado.
Transição - O Simbolismo, em termos genéricos, reflete um mo- A própria decisão de se isolar na cidade mineira de Mariana,
mento histórico extremamente complexo, que marcaria a transição que ele próprio considerou sua “torre de marfim”, é uma postura
para o século XX e a definição de um novo mundo, consolidado a simbolista.
partir da segunda década deste século. As últimas manifestações
simbolistas e as primeiras produções modernistas são contemporâ- O Pré-modernismo
neas da primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa. O que se convencionou chamar de pré-modernismo no Brasil
Nesse contexto de conflitos e insatisfações mundiais (que mo- não constitui uma escola literária. Pré-modernismo, é, na verdade,
tivou o surgimento do Simbolismo), era natural que se imaginasse um termo genérico que designa toda uma vasta produção literária,
a falta de motivos para o Brasil desenvolver uma escola de época que caracteriza os primeiros vinte anos deste século.
como essa. Mas é interessante notar que as origens do Simbolismo Nele é que se encontram as mais variadas tendências e estilos
brasileiro se deram em uma região magirnalizada pela elite cultural literários - desde os poetas parnasianos e simbolistas, que conti-
e política: o Sul - a que mais sofreu com a oposição à recém-nas- nuavam a produzir, até os escritores que começavam a desenvol-
cida república, ainda impregnada de conceitos, teorias e práticas ver um novo regionalismo, alguns preocupados com uma literatura
militares. A República de então não era a que se desejava. E o Rio política, e outros com propostas realmente inovadoras. É grande a
Grande do Sul, onde a insatisfação foi mais intensa, transformou-se lista dos autores que pertenceram ao pré-modernismo, mas, indis-
em palco de lutas sangrentas iniciadas em 1893, o mesmo ano do cutivelmente, merecem destaque: Euclides da Cunha, Lima Barreto,
início do Simbolismo. Graça Aranha, Monteiro Lobato e Augusto dos Anjos.
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Assim, pode-se dizer que essa escola começou em 1902, com pela alta burguesia, de um lado, e pelo operariado, de outro. Surge
a publicação de dois livros: “Os sertões”, de Euclides da Cunha, e a pequena burguesia, formada por funcionários públicos, comer-
“Canaã”, de Graça Aranha, e se estende até o ano de 1922, com a ciantes, profissionais liberais e militares, entre outros, criando uma
realização da Semana de Arte Moderna. massa politicamente “barulhenta” e reivindicatória. A falta de ho-
Apesar de o pré-modernismo não constituir uma escola literá- mogeneidade no bloco urbano tem origem em alguns aspectos do
ria, apresentando individualidades muito fortes, com estilos às ve- comportamento do operariado. Os imigrantes de origem europeia
zes antagônicos - como é o caso, por exemplo, de Euclides da Cunha trazem suas experiências de luta de classes. Em geral esses traba-
e Lima Barreto - percebe-se alguns pontos comuns entre as princi- lhadores eram anarquistas e suas ações resultavam, quase sempre,
pais obras pré-modernistas: em greves e tensões sociais de toda sorte, entre 1905 e 1917. Um
a) eram obras inovadoras, que apresentavam ruptura com o ano depois, quando ocorreu a Revolução Russa, os artigos na im-
passado, com o academicismo; prensa a esse respeito tornaram-se cada vez mais comuns. O par-
b) primavam pela denúncia da realidade brasileira, negando tido comunista seria fundado em 1922. Desde então, ocorreria o
o Brasil literário, herdado do Romantismo e do Parnasianismo. O declínio da influência anarquista no movimento operário.
grande tema do pré-modernismo é o Brasil não oficial do sertão Desta forma, circulavam pela cidade de São Paulo, numa mes-
nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios; ma calçada, um barão do café, um operário anarquista, um padre,
c) acentuavam o regionalismo, com o qual os autores acabam um burguês, um nordestino, um professor, um negro, um comer-
montando um vasto painel brasileiro: o Norte e o Nordeste nas ciante, um advogado, um militar etc., formando, de fato, uma “pau-
obras de Euclides da Cunha, o Vale do Rio Paraíba e o interior pau- liceia desvairada” (título de célebre obra de Mário de Andrade).
lista nos textos de Monteiro Lobato, o Espírito Santo, retratado por Esse desfile inusitado e variado de tipos humanos serviu de palco
Graça Aranha, ou o subúrbio carioca, temática quase que invariável ideal para a realização de um evento que mostrasse uma arte inova-
da obra de Lima Barreto; dora a romper com as velhas estruturas literárias vigentes no País.
d) difundiram os tipos humanos marginalizados, que tiveram
ampliado o seu perfil, até então desconhecido, ou desprezado, O Modernismo - (primeira fase)
quando conhecido - o sertanejo nordestino, o caipira, os funcioná- O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento mo-
rios públicos, o mulato; dernista, justamente em consequência da necessidade de defini-
e) traçaram uma ligação entre os fatos políticos, econômicos e ções e do rompimento de todas as estruturas do passado. Daí o
sociais contemporâneos, aproximando a ficção da realidade. caráter anárquico desta primeira fase modernista e seu forte sen-
Esses escritores acabaram produzindo uma redescoberta do tido destruidor.
Brasil, mais próxima da realidade, e pavimentaram o caminho para Ao mesmo tempo em que se procura o moderno, o original e
o período literário seguinte, o Modernismo, iniciado em 1922, que o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas:
acentuou de vez a ruptura com o que até então se conhecia como uma volta às origens, à pesquisa das fontes quinhentistas, à procu-
literatura brasileira. ra de uma língua brasileira (a língua falada pelo povo nas ruas), as
paródias, numa tentativa de repensar a história e a literatura mani-
A Semana de Arte Moderna festos nacionalistas do Pau-Brasil (o Manifesto do Pau-Brasil, escrito
O Modernismo, como tendência literária, ou estilo de época, por Oswald de Andrade em 1924, propõe uma literatura extrema-
teve seu prenúncio com a realização da Semana de Arte Moderna mente vinculada à realidade brasileira) e da Antropofagia, dentro
no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro da linha comandada por Oswald de Andrade. Mas havia também os
de 1922. Idealizada por um grupo de artistas, a Semana pretendia manifestos do Verde-Amarelismo e o do Grupo da Anta, que trazem
colocar a cultura brasileira a par das correntes de vanguarda do a semente do nacionalismo fascista comandado por Plínio Salgado.
pensamento europeu, ao mesmo tempo que pregava a tomada de No final da década de 20, a postura nacionalista apresenta duas
consciência da realidade brasileira. vertentes distintas: de um lado, um nacionalismo crítico, conscien-
O Movimento não deve ser visto apenas do ponto de vista ar- te, de denúncia da realidade brasileira e identificado politicamente
tístico, como recomendam os historiadores e críticos especializados com as esquerdas; de outro, o nacionalismo ufanista, utópico, exa-
em história da literatura brasileira, mas também como um movi- gerado, identificado com as correntes políticas de extrema direita.
mento político e social. O País estava dividido entre o rural e o urba- Entre os principais nomes dessa primeira fase do Modernismo,
no. Mas o bloco urbano não era homogêneo. As principais cidades que continuariam a produzir nas décadas seguintes, destacam-se
brasileiras, em particular São Paulo, conheciam uma rápida trans- Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio
formação como consequência do processo industrial. A primeira de Alcântara Machado, além de Menotti del Picchia, Cassiano Ricar-
Guerra Mundial foi a responsável pelo primeiro surto de industria- do, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.
lização e consequente urbanização. O Brasil contava com 3.358 in-
dústrias em 1907. Em 1920, esse número pulou para 13.336. Isso O Modernismo - (segunda fase)
significou o surgimento de uma burguesia industrial cada dia mais O período de 1930 a 1945 registrou a estreia de alguns dos
forte, mas marginalizada pela política econômica do governo fede- nomes mais significativos do romance brasileiro. Refletindo o mes-
ral, voltada para a produção e exportação do café. mo momento histórico e apresentando as mesmas preocupações
Imigrantes - Ao lado disso, o número de imigrantes europeus dos poetas da década de 30 (Murilo Mendes, Jorge de Lima, Carlos
crescia consideravelmente, especialmente os italianos, distribuin- Drummond de Andrade, Cecília Meireles e Vinícius de Moraes), a
do-se entre as zonas produtoras de café e as zonas urbanas, onde segunda fase do Modernismo apresenta autores como José Lins do
estavam as indústrias. De 1903 a 1914, o Brasil recebeu nada menos Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e Érico
que 1,5 milhão de imigrantes. Nos centros urbanos criou-se uma
faixa considerável de população espremida pelos barões do café e
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Veríssimo, que produzem uma literatura de caráter mais construti- primeiro número é lançado na “Primavera de 1947” e que afirma,
vo, de maturidade, aproveitando as conquistas da geração de 1922 entre outras coisas, que “uma geração só começa a existir no dia em
e sua prosa inovadora. que não acredita nos que a precederam, e só existe realmente no
Efeitos da crise - Na década de 30, o País passava por gran- dia em que deixam de acreditar nela.”
des transformações, fortemente marcadas pela revolução de 30 e Essa geração de escritores negou a liberdade formal, as ironias,
o questionamento das oligarquias tradicionais. Não havia como não as sátiras e outras “brincadeiras” modernistas. Os poetas de 45 par-
sentir os efeitos da crise econômica mundial, os choques ideológi- tem para uma poesia mais equilibrada e séria”, distante do que eles
cos que levavam a posições mais definidas e engajadas. Tudo isso chamavam de “primarismo desabonador” de Mário de Andrade e
formou um campo propício ao desenvolvimento de um romance Oswald de Andrade. A preocupação primordial era quanto ao resta-
caracterizado pela denúncia social, verdadeiro documento da reali- belecimento da forma artística e bela; os modelos voltam a ser os
dade brasileira, atingindo um elevado grau de tensão nas relações mestres do Parnasianismo e do Simbolismo.
do indivíduo com o mundo. Esse grupo, chamado de Geração de 45, era formado, entre
Nessa busca do homem brasileiro “espalhado nos mais distan- outros poetas, por Lêdo Ivo, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Geir
tes recantos de nossa terra”, no dizer de José Lins do Rego, o regio- Campos e Darcy Damasceno. O final dos anos 40, no entanto, reve-
nalismo ganha uma importância até então não alcançada na litera- lou um dos mais importantes poetas da nossa literatura, não filiado
tura brasileira, levando ao extremo as relações do personagem com esteticamente a qualquer grupo e aprofundador das experiências
o meio natural e social. Destaque especial merecem os escritores modernistas anteriores: ninguém menos que João Cabral de Melo
nordestinos que vivenciam a passagem de um Nordeste medieval Neto. Contemporâneos a ele, e com alguns pontos de contato com
para uma nova realidade capitalista e imperialista. E nesse aspecto, sua obra, destacam-se Ferreira Gullar e Mauro Mota.
o Baiano Jorge Amado é um dos melhores representantes do ro-
mance brasileiro, quando retrata o drama da economia cacaueira, A produção contemporânea
desde a conquista e uso da terra até a passagem de seus produtos Produção contemporânea deve ser entendida como as obras
para as mãos dos exportadores. Mas também não se pode esquecer e movimentos literários surgidos nas décadas de 60 e 70, e que
de José Lins do Rego, com as suas regiões de cana, os banguês e os refletiram um momento histórico caracterizado inicialmente pelo
engenhos sendo devorados pelas modernas usinas. autoritarismo, por uma rígida censura e enraizada autocensura. Seu
O primeiro romance representativo do regionalismo nordes- período mais crítico ocorreu entre os anos de 1968 e 1978, durante
tino, que teve seu ponto de partida no Manifesto Regionalista de a vigência do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Tanto que, logo após a
1926, foi “A bagaceira”, de José Américo de Almeida, publicado em extinção do Ato, verificou-se uma progressiva normalização no País.
1928. Verdadeiro marco na história literária do Brasil, sua importân- As adversidades políticas, no entanto, não mergulharam o País
cia deve-se mais à temática (a seca, os retirantes, o engenho) e ao numa calmaria cultural. Ao contrário, as décadas de 60 e 70 assisti-
caráter social do romance, do que aos valores estéticos. ram a uma produção cultural bastante intensa em todos os setores.
Na poesia, percebe-se a preocupação em manter uma temática
Pós-Modernismo social, um texto participante, com a permanência de nomes consa-
O Pós-Modernismo se insere no contexto dos extraordinários grados como Carlos Drummond de Andrade, João Cabral de Melo
fenômenos sociais e políticos de 1945. Foi o ano que assistiu ao fim Neto e Ferreira Gullar, ao lado de outros poetas que ainda apara-
da Segunda Guerra Mundial e ao início da Era Atômica, com as ex- vam as arestas em suas produções.
plosões de Hiroshima e Nagasaki. O mundo passa a acreditar numa Visual - O início da década de 60 apresentou alguns grupos em
paz duradoura. Cria-se a Organização das Nações Unidas (ONU) e, luta contra o que chamaram “esquemas analítico-discursivos da sin-
em seguida, publica-se a Declaração dos Direitos do Homem. Mas, taxe tradicional”. Ao mesmo tempo, esses grupos buscavam solu-
logo depois, inicia-se a Guerra Fria. ções no aproveitamento visual da página em branco, na sonoridade
Paralelamente a tudo isso, o Brasil vive o fim da ditadura de das palavras e nos recursos gráficos. O sintoma mais importante
Getúlio Vargas. O País inicia um processo de redemocratização. desse movimento foi o surgimento da Poesia Concreta e da Poesia
Convoca-se uma eleição geral e os partidos são legalizados. Apesar Práxis. Paralelamente, surgia a poesia “marginal”, que se desenvol-
disso, abre-se um novo tempo de perseguições políticas, ilegalida- veu fora dos grandes esquemas industriais e comerciais de produ-
des e exílios. ção de livros.
A literatura brasileira também passa por profundas alterações, No romance, ao lado da última produção de Jorge Amado e
com algumas manifestações representando muitos passos adiante; Érico Veríssimo, e das obras “lacriminosas” de José Mauro de Vas-
outras, um retrocesso. O jornal “O Tempo”, excelente crítico literá- concelos (“Meu pé de Laranja-Lima”, “Barro Blanco”), de muito su-
rio, encarrega-se de fazer a seleção. cesso junto ao grande público, tem se mantido o regionalismo de
Intimismo - A prosa, tanto nos romances como nos contos, Mário Palmério, Bernardo Élis, Antônio Callado, Josué Montello e
aprofunda a tendência já trilhada por alguns autores da década de José Cândido de Carvalho. Dentre os intimistas, destacam-se Os-
30, em busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica, man Lins, Autran Dourado e Lygia Fagundes Telles.
introspectiva, com destaque para Clarice Lispector. Na prosa, as duas décadas citadas assistiram à consagração das
Ao mesmo tempo, o regionalismo adquire uma nova dimensão narrativas curtas (crônica e conto). O desenvolvimento da crônica
com a produção fantástica de João Guimarães Rosa e sua recriação está intimamente ligado ao espaço aberto a esse gênero na grande
dos costumes e da fala sertaneja, penetrando fundo na psicologia imprensa. Hoje, por exemplo, não há um grande jornal que não in-
do jagunço do Brasil central. clua em suas páginas crônicas de Rubem Braga, Fernando Sabino,
Na poesia, ganha corpo, a partir de 1945, uma geração de poe- Carlos Heitor Cony, Paulo Mendes Campos, Luís Fernando Veríssimo
tas que se opõe às conquistas e inovações dos modernistas de 1922. e Lourenço Diaféria, entre outros. Deve-se fazer uma menção espe-
A nova proposta foi defendida, inicialmente, pela revista Orfeu, cujo
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cial a Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto), que, com suas bem-hu- Um dia ele deixou o monótono caminhar de corpo mole
moradas e cortantes sátiras político-sociais, escritas na década de para subir as poucas rampas do seu cais.
60, tem servido de mestre a muitos cronistas. Foi conhecendo o movimento da cidade,
O conto, por outro lado, analisado no conjunto das produções a pobreza residente nas taperas marginais.
contemporâneas, situa-se em posição privilegiada tanto em quali- Pois tão irado e tão potente fez-se o rio
dade quanto em quantidade. Entre os contistas mais significativos, que todo um povo se juntou para enfrentá-lo.
destacam-se Dalton Trevisan, Moacyr Scliar, Samuel Rawet, Rubem Mas ele prosseguiu indiferente,
Fonseca, Domingos Pellegrini Jr. e João Antônio. carregando no seu dorso bois e gente,
até roçados de arroz e de feijão.
Na sua obstinada e galopante caminhada,
destruiu paredes, casas, barricadas,
QUESTÕES
deixando no percurso mágoa e dor.
Depois subiu os degraus da igreja santa
1. PREFEITURA DE LUZIÂNIA-GO – PROFESSOR I – AROEIRA – e postou-se horas sob os pés do Criador.
2021 E desceu devagarinho, até deitar-se
Nos enunciados abaixo, pode-se observar a presença de dife- novamente no seu leito.
rentes tipologias textuais como base dos gêneros materializados Mas toda noite o seu olhar de rio
nas sequências enunciativas. Numere os parênteses conforme o fica boiando sob as luzes da cidade.
código de cada tipologia. (Adaptado de: MORAES, Herculano. O rio da minha
( ) 1 - --- Não; é casada. --- Com quem? --- Com um estancieiro terra. Disponível em: https://www.escritas.org)
do Rio grande. --- Chama-se? --- Ele? Fonseca, ela, Maria Cora. No trecho até roçados de arroz e de feijão, o termo “até” clas-
--- O marido não veio com ela? --- Está no Rio Grande. (ASSIS, sifica-se como
Machado de Assis.Maria Cora.) (A) pronome.
( ) 2 - Ao acertar os seis números na loteria, Paulo foi para casa, (B) preposição.
entrou calado no quarto e dormiu. (C) artigo.
( ) 3 - Incorpore em sua vida quatro sentimentos positivos: a (D) advérbio.
compaixão, a generosidade, a alegria e o otimismo. (E) conjunção.
( ) 4 - No meu ponto de vista, a mulher ideal deve ter como ca-
racterísticas físicas o cabelo liso, pele macia, olhos claros, nariz 3. INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto a seguir para res-
fino. Ser amiga, compreensiva e, acima de tudo, ser fiel. (ALVES, ponder à questão que a ele se refere.
André, Escola. Estadual Pereira Barreto. Texto adaptado.) Texto 01
( ) 5 - As palavras mal empregadas podem ter efeitos mais
negativos do que os traumas físicos.
( 1 ) narrativa;
( 2 ) dialogal;
( 3 ) argumentativa;
( 4 ) injuntiva;
( 5 ) descritiva.
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De acordo com o texto, “[...] sair de um acidente em alta velocidade pelo vidro da frente” indica uma
(A) solução.
(B) alternativa.
(C) prevenção.
(D) consequência.
(E) precaução.
4. FGV - 2022 - TJ-DFT - Oficial de Justiça Avaliador Federal- “Quando se julga por indução e sem o necessário conhecimento dos fatos,
às vezes chega-se a ser injusto até mesmo com os malfeitores.” O raciocínio abaixo que deve ser considerado como indutivo é:
(A) Os funcionários públicos folgam amanhã, por isso meu marido ficará em casa;
(B) Todos os juízes procuram julgar corretamente, por isso é o que ele também procura;
(C) Nos dias de semana os mercados abrem, por isso deixarei para comprar isso amanhã;
(D) No inverno, chove todos os dias, por isso vou comprar um guarda-chuva;
(E) Ontem nevou bastante, por isso as estradas devem estar intransitáveis.
5. FGV - 2022 - TJ-DFT - Analista Judiciário - Segurança da Informação- “Também leio livros, muitos livros: mas com eles aprendo menos
do que com a vida. Apenas um livro me ensinou muito: o dicionário. Oh, o dicionário, adoro-o. Mas também adoro a estrada, um dicionário
muito mais maravilhoso.”
Depreende-se desse pensamento que seu autor:
(A) nada aprende com os livros, com exceção do dicionário;
(B) deve tudo que conhece ao dicionário;
(C) adquire conhecimentos com as viagens que realiza;
(D) conhece o mundo por meio da experiência de vida;
(E)constatou que os dicionários registram o melhor da vida.
6. COTEC - 2022 - Prefeitura de Paracatu - MG - Técnico Higiene Dental - INSTRUÇÃO: Leia, com atenção, o texto 01 a seguir para
responder à questão que a ele se refere.
Texto 01
A vírgula, na fala do primeiro quadro, foi usada de acordo com a norma para separar um
(A) vocativo.
(B) aposto explicativo.
(C) expressão adverbial.
(D) oração coordenada.
(E) predicativo.
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teve, desde cedo, acesso à melhor educação possível de sua época 8. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário -
e, assim, aprendeu a língua de sinais francesa no Instituto Nacional Área Judiciária- A chama é bela
de Surdos-Mudos de Paris. No Brasil, tomando-se como inspiração Nos anos 1970 comprei uma casa no campo com uma bela la-
a iniciativa de Huet, fundouse, em 26 de setembro de 1856, o Im- reira, e para meus filhos, entre 10 e 12 anos, a experiência do fogo,
perial Instituto de SurdosMudos, instituição de caráter privado. No da brasa que arde, da chama, era um fenômeno absolutamente
seu percurso, o instituto recebeu diversos nomes, mas a mudança novo. E percebi que quando a lareira estava acesa eles deixavam a
mais significativa se deu em 1957, quando foi denominado Instituto televisão de lado. A chama era mais bela e variada do que qualquer
Nacional de Educação dos Surdos – INES, que está em funciona- programa, contava histórias infinitas, não seguia esquemas fixos
mento até hoje! Essa mudança refletia o princípio de modernização como um programa televisivo.
da década de 1950, pelo qual se guiava o instituto, com suas discus-
sões sobre educação de surdos. O fogo também se faz metáfora de muitas pulsões, do infla-
Dessa forma, Huet e a língua de sinais francesa tiveram grande mar-se de ódio ao fogo da paixão amorosa. E o fogo pode ser a luz
influência na língua brasileira de sinais, a Libras, que foi ganhando ofuscante que os olhos não podem fixar, como não podem encarar
espaço aos poucos e logo passou a ser utilizada pelos surdos bra- o Sol (o calor do fogo remete ao calor do Sol), mas devidamente
sileiros. Contudo, nesse mesmo período, muitos educadores ainda amestrado, quando se transforma em luz de vela, permite jogos de
defendiam a ideia de que a melhor maneira de ensinar era pelo mé- claro-escuro, vigílias noturnas nas quais uma chama solitária nos
todo oralizado, ou seja, pessoas surdas seriam educadas por meio obriga a imaginar coisas sem nome...
de línguas orais. Nesse caso, a comunicação acontecia nas modali- O fogo nasce da matéria para transformar-se em substância
dades de escrita, leitura, leitura labial e também oral. No Congresso cada vez mais leve e aérea, da chama rubra ou azulada da raiz à
de Milão, em 11 de setembro de 1880, muitos educadores votaram chama branca do ápice, até desmaiar em fumaça... Nesse sentido,
pela proibição da utilização da língua de sinais por não acreditarem a natureza do fogo é ascensional, remete a uma transcendência e,
na efetividade desse método na educação das pessoas surdas. contudo, talvez porque tenhamos aprendido que ele vive no cora-
Essa decisão prejudicou consideravelmente o ensino da Língua ção da Terra, é também símbolo de profundidades infernais. É vida,
Brasileira de Sinais, mas, mesmo diante dessa proibição, a Libras mas é também experiência de seu apagar-se e de sua contínua fra-
continuou sendo utilizada devido à persistência dos surdos. Poste- gilidade.
riormente, buscou-se a legitimidade da Língua Brasileira de Sinais,
e os surdos continuaram lutando pelo seu reconhecimento e regu- (Adaptado de: ECO, Umberto. Construir o inimigo. Rio de Janei-
lamentação por meio de um projeto de lei escrito em 1993. Porém, ro: Record, 2021, p. 54-55)
apenas em 2002, foi aprovada a Lei 10.436/2002, que reconhece a
Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação Está plenamente adequada a pontuação da seguinte frase:
e expressão no país. (A) Os filhos do autor diante da lareira, não deixaram de se es-
pantar, com o espetáculo inédito daquelas chamas bruxulean-
Internet:: <www.ufmg.br>(com adaptações) tes.
(B) Como metáfora, o fogo por conta de seus inúmeros atribu-
Assinale a opção correta a respeito do emprego das formas ver- tos, chega mesmo a propiciar expansões, simbólicas e metafó-
bais e dos sinais de pontuação no texto CG1A1. ricas.
(A) A correção gramatical e a coerência do texto seriam preser- (C) Tanto como a do Sol, a luz do fogo, uma vez expandida,
vadas, caso a vírgula empregada logo após o vocábulo “mas” pode ofuscar os olhos de quem, imprudente, ouse enfrentá-la.
(primeiro período do quarto parágrafo) fosse eliminada. (D) O autor do texto em momentos descritivos, não deixa de
(B) A forma verbal “tiveram” (primeiro período do terceiro pa- insinuar sua atração, pela magia dos poderes e do espetáculo
rágrafo) poderia ser substituída por “obtiveram” sem prejuízo do fogo.
aos sentidos e à correção gramatical do texto. (E) Disponíveis metáforas, parecem se desenvolver quando,
(C) A forma verbal “continuou” (primeiro período do quarto por amor ou por ódio extremos somos tomados por paixões
parágrafo) está flexionada no singular para concordar com o incendiárias.
artigo definido “a”, mas poderia ser substituída, sem prejuízo
à correção gramatical, pela forma verbal “continuaram”, que 9. AGIRH - 2022 - Prefeitura de Roseira - SP - Enfermeiro 36
estabeleceria concordância com o termo “Libras”. horas - Assinale o item que contém erro de ortografia.
(D) A forma verbal “acreditarem” (quarto período do terceiro (A) Na cultura japonesa, fica desprestigiado para sempre quem
parágrafo) concorda com “educadores” e por isso está flexio- inflinge as regras da lealdade.
nada no plural. (B) Não conseguindo prever o resultado a que chegariam, sen-
(E) No primeiro período do terceiro parágrafo do texto, é facul- tiu-se frustrado.
tativo o emprego da vírgula imediatamente após “Libras”. (C) Desgostos indescritíveis, porventura, seriam rememorados
durante a sessão de terapia.
(D) Ao reverso de outros, trazia consigo autoconhecimento e
autoafirmação.
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10. Unoesc - 2022 - Prefeitura de Maravilha - SC - Agente Admi- 13. OBJETIVA - 2022 - Prefeitura de Dezesseis de Novembro -
nistrativo - Edital nº 2- Considerando a acentuação tônica, assinale RS - Controlador Interno- Considerando-se a concordância nominal,
as alternativas abaixo com (V) verdadeiro ou (F) falso. marcar C para as afirmativas Certas, E para as Erradas e, após, assi-
( ) As palavras “gramática” e “partir” são, respectivamente, nalar a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
proparoxítona e oxítona. ( ) Agora que tudo passou, sinto que tenho menas tristezas na
( ) “Nós” é uma palavra oxítona. minha vida.
( ) “César” não é proparoxítona, tampouco oxítona. ( ) Posso pedir teu bloco e tua caneta emprestada?
( ) “Despretensiosamente” é uma palavra proparoxítona. ( ) É proibido a entrada de animais na praia.
( ) “Café” é uma palavra paroxítona. (A) C - E - C.
A sequência correta de cima para baixo é: (B) C - E - E.
(A) F, V, V, F, V. (C) E - E - C.
(B) V, V, F, V, F. (D) E - C - E.
(C) V, F, V, F, V.
(D) V, V, V, F, F. 14. FCC - 2022 - TRT - 14ª Região (RO e AC) - Analista Judiciário
- Área Judiciária
11. CESPE / CEBRASPE - 2022 - TCE-PB - Médico- Texto CB1A1-I O meu ofício
A história da saúde não é a história da medicina, pois apenas O meu ofício é escrever, e sei bem disso há muito tempo. Espe-
de 10% a 20% da saúde são determinados pela medicina, e essa ro não ser mal-entendida: não sei nada sobre o valor daquilo que
porcentagem era ainda menor nos séculos anteriores. Os outros posso escrever. Quando me ponho a escrever, sinto-me extraordi-
três determinantes da saúde são o comportamento, o ambiente e a nariamente à vontade e me movo num elemento que tenho a im-
biologia – idade, sexo e genética. As histórias da medicina centradas pressão de conhecer extraordinariamente bem: utilizo instrumen-
no atendimento à saúde não permitem uma compreensão global tos que me são conhecidos e familiares e os sinto bem firmes em
da melhoria da saúde humana. A história dessa melhoria é uma his- minhas mãos. Se faço qualquer outra coisa, se estudo uma língua
tória de superação. Antes dos primeiros progressos, a saúde huma- estrangeira, se tento aprender história ou geografia, ou tricotar
na estava totalmente estagnada. Da Revolução Neolítica, há 12 mil uma malha, ou viajar, sofro e me pergunto como é que os outros
anos, até meados do século XVIII, a expectativa de vida dos seres conseguem fazer essas coisas. E tenho a impressão de ser cega e
humanos ocidentais não evoluíra de modo significativo. Estava pa- surda como uma náusea dentro de mim.
ralisada na faixa dos 25-30 anos. Foi somente a partir de 1750 que Já quando escrevo nunca penso que talvez haja um modo mais
o equilíbrio histórico se modificou positivamente. Vários elementos correto, do qual os outros escritores se servem. Não me importa
alteraram esse contexto, provocando um aumento praticamente nada o modo dos outros escritores. O fato é que só sei escrever
contínuo da longevidade. Há 200 anos, as suecas detinham o re- histórias. Se tento escrever um ensaio de crítica ou um artigo sob
corde mundial com uma longevidade de 46 anos. Em 2019, eram as encomenda para um jornal, a coisa sai bem ruim. O que escrevo
japonesas que ocupavam o primeiro lugar, com uma duração média nesses casos tenho de ir buscar fora de mim. E sempre tenho a sen-
de vida de 88 anos. Mesmo sem alcançar esse recorde, as popula- sação de enganar o próximo com palavras tomadas de empréstimo
ções dos países industrializados podem esperar viver atualmente ou furtadas aqui e ali.
ao menos 80 anos. Desde 1750, cada geração vive um pouco mais Quando escrevo histórias, sou como alguém que está em seu
do que a anterior e prepara a seguinte para viver ainda mais tempo. país, nas ruas que conhece desde a infância, entre as árvores e os
Jean-David Zeitoun. História da saúde humana: vamos viver muros que são seus. Este é o meu ofício, e o farei até a morte. Entre
cada vez mais? os cinco e dez anos ainda tinha dúvidas e às vezes imaginava que
Tradução Patrícia Reuillard. São Paulo: Contexto, 2022, p. 10-11 podia pintar, ou conquistar países a cavalo, ou inventar uma nova
(com adaptações). máquina. Mas a primeira coisa séria que fiz foi escrever um conto,
No que se refere a aspectos linguísticos do texto CB1A1-I, jul- um conto curto, de cinco ou seis páginas: saiu de mim como um mi-
gue o item seguinte. lagre, numa noite, e quando finalmente fui dormir estava exausta,
A inserção de uma vírgula imediatamente após o termo “au- atônita, estupefata.
mento” (nono período) prejudicaria a correção gramatical e o sen-
tido original do texto. (Adaptado de: GINZBURG, Natalia. As pequenas virtudes. Trad.
( )CERTO Maurício Santana Dias. São Paulo: Cosac Naify, 2015, p, 72-77, pas-
( )ERRADO sim)
12. FGV - 2022 - SEAD-AP - Cuidador Uma das marcas da textu- As normas de concordância verbal encontram-se plenamente
alidade é a coerência. Entre as frases abaixo, assinale aquela que se observadas em:
mostra coerente. (A) As palavras que a alguém ocorrem deitar no papel acabam
(A) Avise-me se você não receber esta carta. por identificar o estilo mesmo de quem as escreveu.
(B) Só uma coisa a vida ensina: a vida nada ensina. (B) Gaba-se a autora de que às palavras a que recorre nunca
(C) Quantos sofrimentos nos custaram os males que nunca falta a espontaneidade dos bons escritos.
ocorreram. (C) Faltam às tarefas outras de que poderiam se incumbir a fa-
(D) Todos os casos são únicos e iguais a outros. cilidade que encontra ela em escrever seus textos.
(E) Como eu disse antes, eu nunca me repito. (D) Os possíveis entraves para escrever um conto, revela a au-
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tora, logo se dissipou em sua primeira tentativa. colisão. Uma motocicleta atinge a traseira de seu veículo.
(E) Não haveria de surgir impulsos mais fortes, para essa escri- Eu tomo a defesa do motorista: ele não viu a moto se aproxi-
tora, do que os que a levaram a imaginar histórias. mar. Presumo que vários dos leitores já passaram por situação se-
melhante, mas, caso você seja exceção e acredite que enxergaria
15. SELECON - 2019 - Prefeitura de Cuiabá - MT - Técnico em a motocicleta, eu o convido a assistir a um vídeo que existe sobre
Nutrição Escolar- Considerando a regência nominal e o emprego do isso. O filme prova quão difícil é perceber objetos que de repente
acento grave, o trecho destacado em “inerentes a esta festa” está somem ou aparecem em uma cena.
corretamente substituído em: Nossa condição humana está casada com uma inabilidade de
(A) inerentes à determinado momento perceber certas mudanças. Claro que notamos muitas alterações à
(B) inerentes à regras de convivência nossa volta, especialmente se olharmos para o ponto alvo da modi-
(C) inerentes à regulamentos anteriores ficação no momento em que ela ocorrerá. Assim, se olharmos fixa-
(D) inerentes à evidência de incorreções mente para uma janela cheia de vasos de flores, poderemos assistir
à queda de um deles. Mas, se desviarmos brevemente nossos olhos
16. Assinale a frase com desvio de regência verbal. da janela, justamente no momento do tombo, é possível que nem
(A) Informei-lhe o bloqueio do financiamento de pesquisas. notemos a falta do enfeite. O fenômeno se chama cegueira para
(B) Avisaram-no a liberação de recursos para ciência e tecno- mudança: nossa incapacidade de visualizar variações do ambiente
logia. entre uma olhada e outra.
(C) Os acadêmicos obedecem ao planejamento estratégico. No mundo real, mudanças são geralmente antecedidas por
(D) Todos os homens, por natureza, aspiram ao saber. uma série de movimentos. Se esses movimentos superam um limiar
(E) Assistimos ao filme que apresentou a obra daquele grande atrativo, vão capturar nossa atenção que focará na alteração consi-
cientista. derada dominante. Por sua vez, modificações que não ultrapassam
o limiar não provocarão divergência da atenção e serão ignoradas.
17. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital Quando abrimos nossos olhos, ficamos com a impressão de
nº 007- Sendo (C) para as assertivas corretas e (E) para as erradas, termos visão nítida, rica e bem detalhada do mundo que se estende
assinale a alternativa com a sequência certa considerando a obser- por todo nosso campo visual. A consciência de nossa percepção não
vância das normas da língua portuguesa: é limitada, mas nossa atenção e nossa memória de curtíssimo prazo
( ) O futebol é um esporte de que o povo gosta. são. Não somos capazes de memorizar tudo instantaneamente à
( ) Visitei a cidade onde você nasceu. nossa volta e nem podemos nos ater a tudo que nos cerca. Nossa in-
( ) É perigoso o local a que você se dirige. trospecção da grandiosidade de nossa experiência visual confronta
( ) Tenho uma coleção de quadros pela qual já me ofereceram com nossas limitações perceptivas práticas e cria uma vivência rica,
milhões. porém efêmera e sujeita a erros de interpretações. Dimensiona um
gradiente entre o que é real e o que se presume, algo que favorece
(A) E – E – E – C os acidentes de trânsito.
(B) C – C – C – E Podemos interpretar que o acidente do exemplo do início do
(C) C – E – E – E texto se deu porque o motorista convergiu sua atenção às partes
(D) C – C – C – C centrais da pista, por onde os carros preferencialmente circulam
sob velocidade mais ou menos previsível. Assim que o último carro
18. FADCT - 2022 - Prefeitura de Ibema - PR - Assistente Admi- passou, ficou fácil pressupor que o centro da pista permaneceria
nistrativo- A frase “ O estudante foi convidado para assistir os deba- vazio por um intervalo de tempo seguro para a travessia. As late-
tes políticos.” apresenta, de acordo com a norma padrão da Língua rais da pista, locais em que motocicletas geralmente trafegam, não
portuguesa, um desvio de: tiveram a atenção merecida, e a velocidade da moto não estava no
(A) Concordância nominal. padrão esperado.
(B) Concordância verbal. O mundo aqui fora é um caos repleto de acontecimentos, e
(C) Regência verbal. nossos cérebros têm que coletar e reter alguns deles para que pos-
(D) Regência nominal samos compreendê-lo e, assim, agirmos em busca da nossa sobre-
vivência. Mas essas informações são salpicadas, incompletas e mu-
19. FUNCERN - 2019 - Prefeitura de Apodi - RN - Professor de táveis. Traçar uma linha que contextualize todos esses dados não é
Ensino Fundamental I ( 1º ao 5º ano)- simples. Eventualmente, esse jogo mental de ligar pontinhos cria
Os pontos cegos de nosso cérebro e o risco eterno de aciden- armadilha para nós mesmos, pois por vezes um ponto que deveria
tes ser descartado é inserido em uma lógica apenas por ser chamativo.
Luciano Melo E outro, ao contrário, deveria ser considerado, mas é menospreza-
O motorista aguarda o momento seguro para conduzir seu car- do, pois à primeira vista não atendeu a um pressuposto.
ro e atravessar o cruzamento. Olha para os lados que atravessará e, Essas interpretações podem provocar outras tragédias além de
estático, aguarda que outros veículos deixem livre o caminho pela acidentes de carro.
via transversal à sua frente. Enquanto espera, olha de um lado a ou-
tro a vigiar a pista quase livre. Finalmente não avista mais nenhum Disponível em:<https://www1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 20 abr.
veículo que poderá atrapalhar seu planejado movimento. É hora de 2019. (texto adaptado)
dirigir, mas, no meio da travessia, ele é surpreendido por uma grave
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No trecho “[...]poderemos assistir à queda de um deles.”, a (A IMPORTÂNCIA dos debates. GaúchaZH, 17 de outubro de 2018. Dis-
ocorrência do acento grave é justificada ponível em: https://gauchazh.clicrbs.com.br. Acesso em: 30 de agosto
(A) pela exigência de artigo do termo regente, que é um ver- de 2022)
bo, e pela exigência de preposição do termo regido, que é um
nome. No segundo parágrafo do texto, há a frase: “Colocados frente
(B) pela exigência de preposição do termo regente, que é um a frente nos microfones da Rádio Gaúcha, ambos tiveram a oportu-
nome, e pela exigência de artigo do termo regido, que é um nidade de enfrentar questões importantes ligadas ao cotidiano dos
verbo. eleitores.” Conforme se observa, na expressão em destaque, não há
(C) pela exigência de artigo do termo regente, que é um nome, ocorrência da crase.
e pela exigência de artigo do termo regido, que é um verbo. Assim, seguindo a regra gramatical acerca da crase, assinale a
(D) pela exigência de preposição do termo regente, que é um alternativa em que há o emprego da crase indevidamente:
verbo, e pela exigência de artigo do termo regido, que é um (A) cara a cara; às ocultas; à procura.
nome. (B) face a face; às pressas; à deriva.
(C) à frente; à direita; às vezes.
20. MPE-GO - 2022 - MPE-GO - Oficial de Promotoria - Edital (D) à tarde; à sombra de; a exceção de.
nº 006
A importância dos debates
É promissor que os candidatos ao governo gaúcho venham GABARITO
dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo de inte-
resse específico dos eleitores
O primeiro confronto direto entre os candidatos Eduardo Leite
1 C
(PSDB) e José Ivo Sartori (MDB), que disputam o governo do Estado
em segundo turno, reafirmou a importância dessa alternativa de- 2 D
mocrática para ajudar os eleitores a fazer suas escolhas. Uma das 3 D
vantagens do sistema de votação em dois turnos, instituído pela
Constituição de 1988, é justamente a de propiciar um maior de- 4 E
talhamento dos programas de governo dos dois candidatos mais 5 D
votados na primeira etapa. 6 A
Foi justamente o que ocorreu ontem entre os postulantes ao
Palácio Piratini. Colocados frente a frente nos microfones da Rá- 7 D
dio Gaúcha, ambos tiveram a oportunidade de enfrentar questões 8 C
importantes ligadas ao cotidiano dos eleitores. A viabilidade de as
9 A
principais demandas dos gaúchos serem contempladas vai depen-
der acima de tudo da estratégia de cada um para enfrentar a crise 10 D
das finanças públicas. 11 CERTO
Diferentemente do que os eleitores estão habituados a assistir
no horário eleitoral obrigatório e a acompanhar por postagens dos 12 B
candidatos nas redes sociais, debates se prestam menos para pro- 13 D
paganda pessoal, estratégias de marketing e para a disseminação 14 B
de informações inconfiáveis e notícias falsas, neste ano usadas lar-
gamente em campanhas. Além disso, têm a vantagem de desafiar 15 D
os candidatos com questionamentos de jornalistas e do público. As 16 B
respostas, inclusive, podem ser conferidas por profissionais de im-
17 D
prensa, com divulgação posterior, o que facilita o discernimento por
parte de eleitores sobre o que corresponde ou não à verdade. 18 C
O Rio Grande do Sul enfrenta uma crise fiscal no setor público 19 D
que, se não contar com uma perspectiva de solução imediata, pra-
20 D
ticamente vai inviabilizar a implantação de qualquer plano de go-
verno. Por isso, é promissor que, enquanto em outros Estados pre-
dominam denúncias e acusações, os candidatos ao governo gaúcho
venham dando ênfase nas conversas diretas a projetos de governo
de interesse específico dos eleitores.
Democracia se faz com diálogo e transparência. Sem discus-
sões amplas, perdem os cidadãos, que ficam privados de informa-
ções essenciais para fazer suas escolhas com mais objetividade e
menos passionalismo.
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Raciocínio lógico é o modo de pensamento que elenca hipó- Existem cinco conectivos fundamentais, são eles:
teses, a partir delas, é possível relacionar resultados, obter conclu-
sões e, por fim, chegar a um resultado final. ^: e (aditivo) conjunção
Mas nem todo caminho é certeiro, sendo assim, certas estru- Posso escrever “Carlos é professor e a moeda do Brasil é o
turas foram organizadas de modo a analisar a estrutura da lógica, Real”, posso escrever p ^ q.
para poder justamente determinar um modo, para que o caminho
traçado não seja o errado. Veremos que há diversas estruturas para v: ou (um ou outro) ou disjunção
isso, que se organizam de maneira matemática. p v q: Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real
A estrutura mais importante são as proposições.
: “ou” exclusivo (este ou aquele, mas não ambos) ou
Proposição: declaração ou sentença, que pode ser verdadeira disjunção exclusiva (repare o ponto acima do conectivo).
ou falsa. p v q: Ou Carlos é professor ou a moeda do Brasil é o Real (mas
nunca ambos)
Ex.: Carlos é professor.
¬ ou ~: negação
As proposições podem assumir dois aspectos, verdadeiro ou ~p: Carlos não é professor
falso. No exemplo acima, caso Carlos seja professor, a proposição é
verdadeira. Se fosse ao contrário, ela seria falsa. ->: implicação ou condicional (se… então…)
Importante notar que a proposição deve afirmar algo, acompa- p -> q: Se Carlos é professor, então a moeda do Brasil é o Real
nhado de um verbo (é, fez, não notou e etc). Caso a nossa frase seja
“Brasil e Argentina”, nada está sendo afirmado, logo, a frase não é ⇔: Se, e somente se (ou bi implicação) (bicondicional)
uma proposição. p ⇔ q: Carlos é professor se, e somente se, a moeda do Brasil
Há também o caso de certas frases que podem ser ou não é o Real
proposições, dependendo do contexto. A frase “N>3” só pode ser
classificada como verdadeira ou falsa caso tenhamos algumas in- Vemos que, mesmo tratando de letras e símbolos, estas estru-
formações sobre N, caso contrário, nada pode ser afirmado. Nestes turas se baseiam totalmente na nossa linguagem, o que torna mais
casos, chamamos estas frases de sentenças abertas, devido ao seu natural decifrar esta simbologia.
caráter imperativo. Por fim, a lógica tradicional segue três princípios. Podem pa-
O processo matemático em volta do raciocínio lógico nos per- recer princípios tolos, por serem óbvios, mas pensemos aqui, que
mite deduzir diversas relações entre declarações, assim, iremos estamos estabelecendo as regras do nosso jogo, então é primordial
utilizar alguns símbolos e letras de forma a exprimir estes encade- que tudo esteja extremamente estabelecido.
amentos.
As proposições podem ser substituídas por letras minúsculas 1 – Princípio da Identidade
(p.ex.: a, b, p, q, …) p=p
Literalmente, estamos afirmando que uma proposição é igual
(ou equivalente) a ela mesma.
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Note que quando tínhamos uma proposição, nossa tabela verdade resultou em uma tabela com 2 linhas e quando tínhamos duas
proposições nossa tabela era composta por 4 linhas.
A fórmula para o número de linhas se dá através de 2^n, onde n é o número de proposições.
Se tivéssemos a seguinte tabela verdade:
p q r p v q -> r
Mesmo sem preenchê-la, podemos afirmar que ela terá 2³ linhas, ou seja, 8 linhas.
Mais um exemplo:
p q p -> q ~p ~q ~q -> ~p
V V V F F V
V F F F V F
F V V V F V
F F V V V V
Note que o resultado de p->q é igual a ~q -> ~p (V-F-F-V). Quando isso acontece, diremos que as proposições compostas são logica-
mente equivalentes (iguais).
Outro exemplo de como a tabela verdade pode nos ajudar a resolver certas proposições mais complicadas: Quero saber os resultados
para a proposição composta (p^q) -> pvq. O que vamos fazer primeiro é montar a tabela verdade para p^q e pvq.
p q p^q pvq
V V V V
V F F V
F V F V
F F F F
Agora que sabemos como nossos elementos se comportam, vamos relacionar com p->q:
p q p->q
V V V
V F F
F V V
F F V
Desta forma, sabemos que a implicação que relaciona V com V resulta em V, e V com F resulta em F, e assim por diante.
Podemos então agora montar nossa tabela completa com todas estas informações:
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
(p^q) ->
p q p^q pvp p->q
pvq
V V V V V V
V F F V F V
F V F V V V
F F F F V V
O processo pode parecer trabalhoso, mas a prática faz com que seja rápida a montagem destas tabelas, chegando rapidamente na
análise da questão e com seu resultado prontamente obtido.
Geralmente, não é simples construir uma tabela verdade, algumas relações podem facilitar as análises. Uma delas são as Leis de Mor-
gan, que negam algumas relações. São elas:
– 1ª lei de Morgan: ¬(p^q) = (¬p) v (¬q)
– 2ª lei de Morgan: ¬(p v q) = (¬p) ^ (¬q)
Então, através de Morgan, negar p ^ q (Carlos é professor E a moeda do Brasil é o Real,) equivale a dizer, Carlos não é professor OU a
moeda do Brasil não é o real
Da mesma forma, negar p v q (Carlos é professor OU a moeda do Brasil é o Real) equivale a Carlos não é professor E a moeda do Brasil
não é o Real.
Estas leis podem parecer abstratas mas através da prática é possível familiarizar-se com elas, já que são importantes aliadas para
resolver diversas questões.
Quando uma expressão sempre apresenta a coluna resultado na tabela verdade como verdadeira, ela é chamada de tautologia. Na
mesma linha de pensamento, podemos denominar uma expressão como uma contradição quando sua tabela verdade sempre resulta em
falso. Por fim, são denominadas como contingência, as expressões que não são nem tautologias nem contradições, ou seja, que apresen-
tam tanto resultados verdadeiros quanto falsos.
Vejamos a seguinte tabela verdade:
Uma certa evolução de uma lógica sentencial é a lógica de primeira ordem ou lógica de predicados, onde além dos conectivos, estão
presente os quantificadores (com expressões como qualquer e algum, por exemplo)2.
Esta forma de raciocinar segue os mesmos preceitos que a lógica com conectivos (e, ou, ou exclusivo, implicação, …), tendo também
novos símbolos, que são:
O raciocínio verbal lida com problemas de lógica quase que to- RACIOCÍNIO ESPACIAL E TEMPORAL
talmente escritos, abordando geralmente a negação de certas fra-
ses que podem parecer óbvias mas que muitas vezes nos pregam Existem tipos de questões de lógica que envolvem situações
peças. específicas que necessitam de algo a mais para resolver do que so-
Podemos nos perguntar se a lógica, em geral, não é estabelecer mente as tabelas verdade. Um exemplo disso são questões envol-
símbolos para traduzir estas frases. Sim! A diferença é que negar vendo espaço (posição, fila e tamanho e etc.) e tempo (horas, dias,
certas frases podem fazer sentido verbalmente, mas devemos nos calendário e etc.).
ater a lógica em si e buscar então absorver isso ao nosso raciocínio. Não há uma forma de elaborar estratégias específicas para a
resolução de questões deste tipo, então iremos fornecer alguns
Uma importante ferramenta neste momento são as Leis de exemplos para inspirar quais análises podem ser feitas.
Morgan:
Exemplos:
1ª lei de Morgan 1 – Em um determinado ano, o mês de setembro teve 5 sába-
¬(p ∧ q) = (¬p) ∨ (¬q) dos e 5 domingos. Rodrigo faz aniversário no dia 1º de setembro.
Em qual dia da semana foi o seu aniversário esse ano?
2ª lei de Morgan
¬(p ∨ q) = (¬p) ∧ (¬q) Aqui, temos um exercício lidando com tempo. Neste caso, es-
tamos lidando com calendário, envolvendo dias de um mês. Numa
Exemplo: primeira vista, esta questão pode parecer muito difícil de resolver,
p: João dirige pois, aparentemente, há informações faltando. Mas vamos ver
q: a capital do mundo é Itapeva. como proceder na análise:
1º) Vamos nos atentar que setembro possui 30 dias;
p ∧ q: João dirige e a capital do mundo é Itapeva. 2º) Dessa forma, dividindo este valor por 7, descobrimos quan-
tas semanas há nesse mês: 30 : 7 = 4 (e sobra 2).
Vamos negar esta proposição. Num primeiro momento, pode- 3º) Assim, esse mês terá 4 semanas e mais dois dias.
mos estar inclinados a responder que a negativa seria João não diri- 4º) Se o mês começasse numa quinta-feira, teríamos então:
ge e a capital do mundo não é Itapeva. Mas a 1ª Lei de Morgan nos 4 domingos
sinaliza que está errado3. Devemos, negar as proposições simples e 4 segundas
trocar o nosso conectivo. Se estava e, agora precisa estar ou. 4 terças
Assim, a negação da frase seria: João não dirige ou a capital do 4 quartas
mundo não é Itapeva. Diferença sutil, mas muito importante. 4 quintas
5 sextas
5 sábados
3 Repare que as Leis de Morgan se tratam de equivalências lógicas.
Caso se interesse em ver essas igualdades, veja o tópico equivalências
lógicas.
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
5º) No exemplo acima, para dar 5 sextas e 5 sábados, o mês 3 – Ana, Bela, Carla e Dora estão sentadas em volta de uma
começou numa quinta. Assim, para termos 5 sábados e 5 domingos, mesa quadrada em cadeiras numeradas de 1 a 4, como mostra a
o mês deve começar numa sexta. figura a seguir:
6º) Como o aniversário de Rodrigo é no dia 1º de setembro,
então seu aniversário será numa sexta-feira
---
4º) O último ano bissexto foi em 2020, então o próximo será 3º) Ana e Dora estão nas cadeiras pares
em 2024. Nos anos bissextos, fevereiro ganha um dia a mais. Se Ana estiver na cadeira 2, temos a configuração:
5º) Temos então que de 2021 para 2024:
1 – Carla 2 – Ana 3 – Bela
2021 2022: +1 dia na semana 4 – Dora
2022 2023: +1 dia na semana
2023 2024: +2 dias na semana Se Ana estiver na cadeira na cadeira 4, temos a configuração
= +4 dias na semana
1 – Dora 2 – Bela 3 – Carla
6º) Como o dia 23 de outubro de 2021 caiu num sábado, o 4 – Ana
dia 23 de outubro de 2024 cairá 4 dias da semana depois, ou seja,
numa quarta. Mas essa opção não é possível, pois Ana e Dora estão nas pa-
res.
– Lembrando: calendário e horas Logo, estão sentadas Carla na cadeira 1, Ana na cadeira 2, Bela
Janeiro – 31 dias na cadeira 3 e Dora na cadeira 4.
Fevereiro – 28* dias
Março – 31 dias ---
Abril – 30 dias
Maio – 31 dias Vemos que cabe ao candidato uma certa criatividade aliada ao
Junho – 30 dias raciocínio para abordar as questões. Não há nada muito complexo,
Julho – 31 dias mas deve ser cuidadosamente vista para evitar deslizes e más in-
Agosto – 31 dias terpretações.
Setembro – 30 dias
Outubro – 31 dias LÓGICA SEQUENCIAL
Novembro – 30 dias
Dezembro – 31 dias A lógica sequencial envolve a percepção e interpretação de
objetos que induzem a uma sequência, buscando reconhecer essa
*Os anos bissextos acontecem a cada 4 anos (múltiplos de 4 sequência e estabelecer sucessores a este objeto.
como 2000, 2004, 2008, 2012, 2016, 2020, 2024, 2028, …) e nestes Muitas vezes essas questões vêm atreladas com aspectos arit-
anos fevereiro possui 29 dias. méticos (sequências numéricas) ou geometria (construção de cer-
tas figuras).
1 dia = 24 horas Não há como sistematizar este assunto, então iremos ver al-
1 hora = 60 minutos guns exemplos para nos inspirar para que busquemos resolver de-
1 minuto = 60 segundos mais questões.
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Exemplos:
1 – A sequência de números a seguir foi construída com um padrão lógico e é uma sequência ilimitada:
0, 1, 2, 3, 4, 5, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 40, …
A partir dessas informações, identifique o termo da posição 74 e o termo da posição 95. Qual a soma destes dois termos?
6 x 1 = 6 (0 até 5)
6 x 2 = 12 (10 até 15)
6 x 3 = 18 (20 até 25)
3º) O número que está multiplicando o 6 menos uma unidade representa a dezena que estamos começando a contar:
6x1 1 - 1 = 0 (0 até 5)
6x2 2 - 1 = 1 (10 até 15)
6x3 3 - 1 = 2 (20 até 25)
74 : 6 = 12 (sobra 2)
95 : 6 = 15 (sobra 5)
4; 7; 13; 25; 49
Admitindo-se que a regularidade dessa sequência permaneça a mesma para os números seguintes, é correto afirmar que o sétimo
termo será igual a?
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3 – Observe a sequência:
O padrão de formação dessa sequência permanece para as figuras seguintes. Desse modo, a figura que deve ocupar a 131ª posição
na sequência é idêntica à qual figura?
1º) Vemos que o padrão retorna para a origem a cada 7 termos.
2º) Os termos 14, 21, 28, 35, …, irão ser os mesmos que o padrão da 7ª figura.
3º) Os termos 8, 15, 22, 29, 36, …, irão ser os mesmos que o padrão da 1ª figura.
4º) Vamos então dividir 131 por 7 para descobrir essa equivalência.
131 : 7 = 18 (sobra 5)
DIAGRAMAS LÓGICOS
Os diagramas lógicos são usados na resolução de vários problemas. Uma situação em que esses diagramas poderão ser usados, será
na determinação da quantidade de elementos que apresentam uma determinada característica.
Assim, se num grupo de pessoas há 43 que dirigem carro, 18 que dirigem moto e 10 que dirigem carro e moto. Baseando-se nesses
dados, e nos diagramas lógicos poderemos saber: Quantas pessoas têm no grupo ou quantas dirigem somente carro ou ainda quantas
dirigem somente motos. Vamos inicialmente montar os diagramas dos conjuntos que representam os motoristas de motos e motoristas
de carros. Começaremos marcando quantos elementos tem a intersecção e depois completaremos os outros espaços.
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
gramas. Existia a necessidade de criar diagramas em que pudessem matemática. Embora seja simples construir diagramas de Venn para
ser observadas, por meio de suposição, quaisquer relações entre as dois ou três conjuntos, surgem dificuldades quando se tenta usá-los
zonas não apenas as que são “verdadeiras”. para um número maior. Algumas construções possíveis são devidas
Os diagramas de Euler (em conjunto com os de Venn) são larga- ao próprio John Venn e a outros matemáticos como Anthony W. F.
mente utilizados para ensinar a teoria dos conjuntos no campo da Edwards, Branko Grünbaum e Phillip Smith. Além disso, encontram-
matemática ou lógica matemática no campo da lógica. Eles também -se em uso outros diagramas similares aos de Venn, entre os quais
podem ser utilizados para representar relacionamentos complexos os de Euler, Johnston, Pierce e Karnaugh.
com mais clareza, já que representa apenas as relações válidas. Em
estudos mais aplicados esses diagramas podem ser utilizados para Dois Conjuntos: considere-se o seguinte exemplo: suponha-se
provar / analisar silogismos que são argumentos lógicos para que se que o conjunto A representa os animais bípedes e o conjunto B re-
possa deduzir uma conclusão. presenta os animais capazes de voar. A área onde os dois círculos
se sobrepõem, designada por intersecção A e B ou intersecção A-B,
Diagramas de Venn conteria todas as criaturas que ao mesmo tempo podem voar e têm
Designa-se por diagramas de Venn os diagramas usados em apenas duas pernas motoras.
matemática para simbolizar graficamente propriedades, axiomas e
problemas relativos aos conjuntos e sua teoria. Os respetivos dia-
gramas consistem de curvas fechadas simples desenhadas sobre
um plano, de forma a simbolizar os conjuntos e permitir a repre-
sentação das relações de pertença entre conjuntos e seus elemen-
tos (por exemplo, 4 {3,4,5}, mas 4 ∉ {1,2,3,12}) e relações de con-
tinência (inclusão) entre os conjuntos (por exemplo, {1, 3} ⊂ {1, 2, Considere-se agora que cada espécie viva está representada
3, 4}). Assim, duas curvas que não se tocam e estão uma no espaço por um ponto situado em alguma parte do diagrama. Os humanos e
interno da outra simbolizam conjuntos que possuem continência; os pinguins seriam marcados dentro do círculo A, na parte dele que
ao passo que o ponto interno a uma curva representa um elemento não se sobrepõe com o círculo B, já que ambos são bípedes mas não
pertencente ao conjunto. podem voar. Os mosquitos, que voam mas têm seis pernas, seriam
Os diagramas de Venn são construídos com coleções de cur- representados dentro do círculo B e fora da sobreposição. Os caná-
vas fechadas contidas em um plano. O interior dessas curvas re- rios, por sua vez, seriam representados na intersecção A-B, já que
presenta, simbolicamente, a coleção de elementos do conjunto. De são bípedes e podem voar. Qualquer animal que não fosse bípede
acordo com Clarence Irving Lewis, o “princípio desses diagramas é nem pudesse voar, como baleias ou serpentes, seria marcado por
que classes (ou conjuntos) sejam representadas por regiões, com pontos fora dos dois círculos.
tal relação entre si que todas as relações lógicas possíveis entre as Assim, o diagrama de dois conjuntos representa quatro áreas
classes possam ser indicadas no mesmo diagrama. Isto é, o diagra- distintas (a que fica fora de ambos os círculos, a parte de cada cír-
ma deixa espaço para qualquer relação possível entre as classes, e culo que pertence a ambos os círculos (onde há sobreposição), e
a relação dada ou existente pode então ser definida indicando se as duas áreas que não se sobrepõem, mas estão em um círculo ou
alguma região em específico é vazia ou não-vazia”. Pode-se escrever no outro):
uma definição mais formal do seguinte modo: Seja C = (C1, C2, ... Cn) - Animais que possuem duas pernas e não voam (A sem sobre-
uma coleção de curvas fechadas simples desenhadas em um plano. posição).
C é uma família independente se a região formada por cada uma - Animais que voam e não possuem duas pernas (B sem sobre-
das interseções X1 X2 ... Xn, onde cada Xi é o interior ou o exterior posição).
de Ci, é não-vazia, em outras palavras, se todas as curvas se inter- - Animais que possuem duas pernas e voam (sobreposição).
sectam de todas as maneiras possíveis. Se, além disso, cada uma - Animais que não possuem duas pernas e não voam (branco
dessas regiões é conexa e há apenas um número finito de pontos - fora).
de interseção entre as curvas, então C é um diagrama de Venn para
n conjuntos. Essas configurações são representadas, respectivamente, pelas
Nos casos mais simples, os diagramas são representados por operações de conjuntos: diferença de A para B, diferença de B para
círculos que se encobrem parcialmente. As partes referidas em um A, intersecção entre A e B, e conjunto complementar de A e B. Cada
enunciado específico são marcadas com uma cor diferente. Even- uma delas pode ser representada como as seguintes áreas (mais
tualmente, os círculos são representados como completamente escuras) no diagrama:
inseridos dentro de um retângulo, que representa o conjunto uni-
verso daquele particular contexto (já se buscou a existência de um
conjunto universo que pudesse abranger todos os conjuntos possí-
veis, mas Bertrand Russell mostrou que tal tarefa era impossível). A
ideia de conjunto universo é normalmente atribuída a Lewis Carroll.
Do mesmo modo, espaços internos comuns a dois ou mais con-
juntos representam a sua intersecção, ao passo que a totalidade
dos espaços pertencentes a um ou outro conjunto indistintamente
representa sua união.
John Venn desenvolveu os diagramas no século XIX, ampliando
e formalizando desenvolvimentos anteriores de Leibniz e Euler. E,
na década de 1960, eles foram incorporados ao currículo escolar de
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Complementar de dois conjuntos: U \ (AB) Diagrama de Venn mostrando todas as intersecções possíveis
entre A, B e C.
Além disso, essas quatro áreas podem ser combinadas de 16
formas diferentes. Por exemplo, pode-se perguntar sobre os ani-
mais que voam ou tem duas patas (pelo menos uma das caracterís-
ticas); tal conjunto seria representado pela união de A e B. Já os ani-
mais que voam e não possuem duas patas mais os que não voam e
possuem duas patas, seriam representados pela diferença simétrica
entre A e B. Estes exemplos são mostrados nas imagens a seguir,
que incluem também outros dois casos.
União de três conjuntos: ABC
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Nenhum A é B. É falsa.
Algum A é B. É verdadeira.
Algum A não é B. É falsa.
(B U C) \ A
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
- Todo A é B
- Nenhum A é B 2. Se a proposição Nenhum A é B é verdadeira, então temos
- Algum A é B e somente a representação:
- Algum A não é B Todo A é B. É falsa.
Algum A é B. É falsa.
Proposições do tipo Todo A é B afirmam que o conjunto A é um Algum A não é B. É verdadeira.
subconjunto do conjunto B. Ou seja: A está contido em B. Atenção:
dizer que Todo A é B não significa o mesmo que Todo B é A. Enun- 3. Se a proposição Algum A é B é verdadeira, temos as quatro
ciados da forma Nenhum A é B afirmam que os conjuntos A e B são representações possíveis:
disjuntos, isto é, não tem elementos em comum. Atenção: dizer que
Nenhum A é B é logicamente equivalente a dizer que Nenhum B é A.
Por convenção universal em Lógica, proposições da forma
Algum A é B estabelecem que o conjunto A tem pelo menos um
elemento em comum com o conjunto B. Contudo, quando dizemos
que Algum A é B, pressupomos que nem todo A é B. Entretanto,
no sentido lógico de algum, está perfeitamente correto afirmar que
“alguns de meus colegas estão me elogiando”, mesmo que todos
eles estejam. Dizer que Algum A é B é logicamente equivalente a
dizer que Algum B é A. Também, as seguintes expressões são equi-
valentes: Algum A é B = Pelo menos um A é B = Existe um A que é B.
Proposições da forma Algum A não é B estabelecem que o con-
Nenhum A é B. É falsa.
junto A tem pelo menos um elemento que não pertence ao conjun-
Todo A é B. Pode ser verdadeira (em 3 e 4) ou falsa (em 1 e 2).
to B. Temos as seguintes equivalências: Algum A não é B = Algum A
Algum A não é B. Pode ser verdadeira (em 1 e 2) ou falsa (em 3
é não B = Algum não B é A. Mas não é equivalente a Algum B não é
e 4) – é indeterminada.
A. Nas proposições categóricas, usam-se também as variações gra-
maticais dos verbos ser e estar, tais como é, são, está, foi, eram, ...,
4. Se a proposição Algum A não é B é verdadeira, temos as três
como elo de ligação entre A e B.
representações possíveis:
- Todo A é B = Todo A não é não B.
- Algum A é B = Algum A não é não B.
- Nenhum A é B = Nenhum A não é não B.
- Todo A é não B = Todo A não é B.
- Algum A é não B = Algum A não é B.
- Nenhum A é não B = Nenhum A não é B.
- Nenhum A é B = Todo A é não B.
- Todo A é B = Nenhum A é não B.
- A negação de Todo A é B é Algum A não é B (e vice-versa).
- A negação de Algum A é B é Nenhum A não é B (e vice-versa).
Todo A é B. É falsa.
Verdade ou Falsidade das Proposições Categóricas Nenhum A é B. Pode ser verdadeira (em 3) ou falsa (em 1 e 2 – é
Dada a verdade ou a falsidade de qualquer uma das proposi- indeterminada).
ções categóricas, isto é, de Todo A é B, Nenhum A é B, Algum A é Algum A é B. Ou falsa (em 3) ou pode ser verdadeira (em 1 e
B e Algum A não é B, pode-se inferir de imediato a verdade ou a 2 – é ideterminada).
falsidade de algumas ou de todas as outras.
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4 https://matematicario.com.br/ 5 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/multiplos-divisores.htm
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Assim, temos o dividendo N = 525 e o divisor d = 8. Veja que Divisão pelo número primo 7:
as propriedades são satisfeitas, pois (525 – 5 + 8) = 528 é divisível
por 8 e:
528 = 8 · 66
— Números Primos
Os números primos são aqueles que apresentam apenas dois
divisores: um e o próprio número6. Eles fazem parte do conjunto
dos números naturais.
Por exemplo, 2 é um número primo, pois só é divisível por um
e ele mesmo.
Quando um número apresenta mais de dois divisores eles são Divisão pelo número primo 11:
chamados de números compostos e podem ser escritos como um
produto de números primos.
Por exemplo, 6 não é um número primo, é um número com-
posto, já que tem mais de dois divisores (1, 2 e 3) e é escrito como
produto de dois números primos 2 x 3 = 6.
Algumas considerações sobre os números primos:
– O número 1 não é um número primo, pois só é divisível por
ele mesmo; Observe que chegamos a uma divisão não exata cujo quociente
– O número 2 é o menor número primo e, também, o único é menor que o divisor. Isso comprova que o número 113 é primo.
que é par;
– O número 5 é o único número primo terminado em 5;
PORCENTAGEM
– Os demais números primos são ímpares e terminam com os
algarismos 1, 3, 7 e 9.
Uma maneira de reconhecer um número primo é realizando A porcentagem representa uma razão cujo denominador é 100, ou
divisões com o número investigado. Para facilitar o processo, veja seja, .
alguns critérios de divisibilidade:
– Divisibilidade por 2: todo número cujo algarismo da unidade O termo por cento é abreviado usando o símbolo %, que sig-
é par é divisível por 2; nifica dividir por 100 e, por isso, essa razão também é chamada de
– Divisibilidade por 3: um número é divisível por 3 se a soma razão centesimal ou percentual7.
dos seus algarismos é um número divisível por 3; Saber calcular porcentagem é importante para resolver proble-
– Divisibilidade por 5: um número será divisível por 5 quando o mas matemáticos, principalmente na matemática financeira para
algarismo da unidade for igual a 0 ou 5. calcular descontos, juros, lucro, e assim por diante.
Se o número não for divisível por 2, 3 e 5 continuamos as divi- — Calculando Porcentagem de um Valor
sões com os próximos números primos menores que o número até Para saber o percentual de um valor basta multiplicar a razão
que: centesimal correspondente à porcentagem pela quantidade total.
– Se for uma divisão exata (resto igual a zero) então o número Exemplo: para descobrir quanto é 20% de 200, realizamos a se-
não é primo. guinte operação:
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o quo-
ciente for menor que o divisor, então o número é primo.
– Se for uma divisão não exata (resto diferente de zero) e o
quociente for igual ao divisor, então o número é primo.
6 https://www.todamateria.com.br/o-que-sao-numeros-primos/ 7 https://www.todamateria.com.br/calcular-porcentagem/
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2º passo: multiplicar o valor que representa 1% pela porcenta- Fator multiplicativo para desconto em um valor
gem que se quer descobrir. Para calcular um desconto de um produto, a fórmula do fator
multiplicativo envolve uma subtração.
2 x 20 = 40 Fator de multiplicação = 1 - 0,25.
Chegamos mais uma vez à conclusão que 20% de 200 é 40. Exemplo: Ao aplicar um desconto de 25% em uma mercadoria
que custa R$ 100, qual o valor final da mercadoria?
Método 2: Calcular porcentagem utilizando frações equiva- 1º passo: encontrar a taxa de variação.
lentes
As frações equivalentes representam a mesma porção do todo
e podem ser encontradas dividindo o numerador e o denominador
da fração pelo mesmo número natural.
Veja como encontrar a fração equivalente de . 2º passo: aplicar a taxa na fórmula do fator multiplicativo.
Fator de multiplicação = 1 - 0,25.
Fator de multiplicação = 0,75.
JUROS
— Diferença entre Juros Simples e Compostos Exemplo: Se o capital de R$ 1 000,00 rende mensalmente R$
Nos juros simples a correção é aplicada a cada período e consi- 25,00, qual é a taxa anual de juros no sistema de juros simples?
dera apenas o valor inicial. Nos juros compostos a correção é feita Solução: Primeiro, vamos identificar cada grandeza indicada no
em cima de valores já corrigidos. problema.
Por isso, os juros compostos também são chamados de juros
sobre juros, ou seja, o valor é corrigido sobre um valor que já foi C = R$ 1 000,00
corrigido. J = R$ 25,00
t = 1 mês
Sendo assim, para períodos maiores de aplicação ou emprésti- i=?
mo a correção por juros compostos fará com que o valor final a ser
recebido ou pago seja maior que o valor obtido com juros simples. Agora que fizemos a identificação de todas as grandezas, pode-
mos substituir na fórmula dos juros:
A maioria das operações financeiras utiliza a correção pelo sis- — Fórmula de Juros Compostos
tema de juros compostos. Os juros simples se restringem as opera- O montante capitalizado a juros compostos é encontrado apli-
ções de curto período. cando a seguinte fórmula:
C = 2 000
Podemos substituir o valor de J, na fórmula acima e encontrar i = 4% ou 0,04 ao trimestre
a seguinte expressão para o montante: t = 1 ano = 4 trimestres
M=?
Razão9 nada mais é que o quociente entre dois números (quan- 2. A soma dos dois primeiros termos está para o primeiro (ou
tidades, medidas, grandezas). para o segundo termo), assim como a soma dos dois últimos está
Sendo a e b dois números, chama-se razão de a para b: para o terceiro (ou para o quarto termo).
PROPORÇÃO
MEDIDAS DE COMPRIMENTO, ÁREA, VOLUME, MASSA E
Bem resumido, temos que proporção10 é uma igualdade entre TEMPO
duas razões.
— Medidas de Comprimento
Existem várias medidas de comprimento, como por exemplo a jarda, a polegada e o pé.
No SI a unidade padrão de comprimento é o metro (m). Atualmente ele é definido como o comprimento da distância percorrida pela
luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 de um segundo.
Assim, são múltiplos do metro: quilômetro (km), hectômetro (hm) e decâmetro (dam)12.
Enquanto são submúltiplos do metro: decímetro (dm), centímetro (cm) e milímetro (mm).
Os múltiplos do metro são as grandes distâncias. Eles são chamados de múltiplos porque resultam de uma multiplicação que tem
como referência o metro.
Os submúltiplos, ao contrário, como pequenas distâncias, resultam de uma divisão que tem igualmente como referência o metro. Eles
aparecem do lado direito na tabela acima, cujo centro é a nossa medida base - o metro.
— Medidas de Capacidade
As medidas de capacidade representam as unidades usadas para definir o volume no interior de um recipiente13. A principal unidade
de medida da capacidade é o litro (L).
O litro representa a capacidade de um cubo de aresta igual a 1 dm. Como o volume de um cubo é igual a medida da aresta elevada ao
cubo, temos então a seguinte relação:
1 L = 1 dm³
Mudança de Unidades
O litro é a unidade fundamental de capacidade. Entretanto, também é usado o quilolitro(kL), hectolitro(hL) e decalitro que são seus
múltiplos e o decilitro, centilitro e o mililitro que são os submúltiplos.
Como o sistema padrão de capacidade é decimal, as transformações entre os múltiplos e submúltiplos são feitas multiplicando-se ou
dividindo-se por 10.
Para transformar de uma unidade de capacidade para outra, podemos utilizar a tabela abaixo:
Note que dividir por 1000 é o mesmo que “andar” com a vírgula três casa diminuindo o número.
b) 5 daL em dL
Seguindo o mesmo raciocínio anterior, identificamos que para converter de decalitro para decilitro devemos multiplicar duas vezes
por 10, ou seja, multiplicar por 100.
5 . 100 = 500 dL
c) 400 cL em L
Para passar de centilitro para litro, vamos dividir o número duas vezes por 10, isto é, dividir por 100:
400 : 100 = 4 L
12 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-comprimento/
13 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-capacidade/
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Medida de Volume
As medidas de volume representam o espaço ocupado por um corpo. Desta forma, podemos muitas vezes conhecer a capacidade de
um determinado corpo conhecendo seu volume.
A unidade de medida padrão de volume é o metro cúbico (m³), sendo ainda utilizados seus múltiplos (km³, hm³ e dam³) e submúltiplos
(dm³, cm³ e mm³).
Em algumas situações é necessário transformar a unidade de medida de volume para uma unidade de medida de capacidade ou vice-
versa. Nestes casos, podemos utilizar as seguintes relações:
1 m³ = 1 000 L
1 dm³ = 1 L
1 cm³ = 1 mL
Exemplo: Um tanque tem a forma de um paralelepípedo retângulo com as seguintes dimensões: 1,80 m de comprimento, 0,90 m de
largura e 0,50 m de altura. A capacidade desse tanque, em litros, é:
A) 0,81
B) 810
C) 3,2
D) 3200
Para começar, vamos calcular o volume do tanque, e para isso, devemos multiplicar suas dimensões:
V = 1,80 . 0,90 . 0,50 = 0,81 m³
Para transformar o valor encontrado em litros, podemos fazer a seguinte regra de três:
Medidas de Massa
No Sistema Internacional de unidades a medida de massa é o quilograma (kg)14. Um cilindro de platina e irídio é usado como o padrão
universal do quilograma.
As unidades de massa são: quilograma (kg), hectograma (hg), decagrama (dag), grama (g), decigrama (dg), centigrama (cg) e miligrama
(mg).
São ainda exemplos de medidas de massa a arroba, a libra, a onça e a tonelada. Sendo 1 tonelada equivalente a 1000 kg.
Utilizando o grama como base, os múltiplos e submúltiplos das unidades de massa estão na tabela a seguir.
Além das unidades apresentadas existem outras como a tonelada, que é um múltiplo do grama, sendo que 1 tonelada equivale a 1
000 000 g ou 1 000 kg. Essa unidade é muito usada para indicar grandes massas.
A arroba é uma unidade de medida usada no Brasil, para determinar a massa dos rebanhos bovinos, suínos e de outros produtos. Uma
arroba equivale a 15 kg.
O quilate é uma unidade de massa, quando se refere a pedras preciosas. Neste caso 1 quilate vale 0,2 g.
14 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-massa/
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
— Conversão de unidades
Como o sistema padrão de medida de massa é decimal, as transformações entre os múltiplos e submúltiplos são feitas multiplicando-
se ou dividindo-se por 1015.
Para transformar as unidades de massa, podemos utilizar a tabela abaixo:
Exemplos:
a) Quantas gramas tem 1 kg?
Para converter quilograma em grama basta consultar o quadro acima. Observe que é necessário multiplicar por 10 três vezes.
1 kg → g
1 kg x 10 x 10 x 10 = 1 x 1000 = 1.000 g
— Medidas de Tempo
Existem diversas unidades de medida de tempo, por exemplo a hora, o dia, o mês, o ano, o século. No sistema internacional de
medidas a unidades de tempo é o segundo (s)16.
O diagrama abaixo apresenta a operação que devemos fazer para passar de uma unidade para outra.
Em algumas áreas é necessário usar medidas com precisão maior que o segundo. Neste caso, usamos seus submúltiplos.
Assim, podemos indicar o tempo decorrido de um evento em décimos, centésimos ou milésimos de segundos.
Por exemplo, nas competições de natação o tempo de um atleta é medido com precisão de centésimos de segundo.
15 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-massa/
16 https://www.todamateria.com.br/medidas-de-tempo/
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Instrumentos de Medidas
Para medir o tempo utilizamos relógios que são dispositivos que medem eventos que acontecem em intervalos regulares.
Os primeiros instrumentos usados para a medida do tempo foram os relógios de Sol, que utilizavam a sombra projetada de um objeto
para indicar as horas.
Foram ainda utilizados relógios que empregavam escoamento de líquidos, areia, queima de fluidos e dispositivos mecânicos como os
pêndulos para indicar intervalos de tempo.
Tudo o que estiver do lado direito da medida base são chamados submúltiplos. Os prefixos deci, centi e mili correspondem
respectivamente à décima, centésima e milésima parte da unidade fundamental.
Do lado esquerdo estão os múltiplos. Os prefixos deca, hecto e quilo correspondem respectivamente a dez, cem e mil vezes a unidade
fundamental.
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Exemplos:
a) Quantos mililitros correspondem 35 litros?
Para fazer a transformação pedida, vamos escrever o número na tabela das medidas de capacidade. Lembrando que a medida pode
ser escrita como 35,0 litros. A virgula e o algarismo que está antes dela devem ficar na casa da unidade de medida dada, que neste caso
é o litro.
Depois completamos as demais caixas com zeros até chegar na unidade pedida. A vírgula ficará sempre atrás dos algarismos que
estiver na caixa da unidade pedida, que neste caso é o ml.
Depois completamos com zeros até chegar na casa da unidade pedida, que neste caso é o quilograma. A vírgula passa então para
atrás do algarismo que está na casa do quilograma.
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
— Gráficos
Os gráficos são representações que facilitam a análise de dados, os quais costumam ser dispostos em tabelas quando se realiza pes-
quisas estatísticas17. Eles trazem muito mais praticidade, principalmente quando os dados não são discretos, ou seja, quando são números
consideravelmente grandes. Além disso, os gráficos também apresentam de maneira evidente os dados em seu aspecto temporal.
Elementos do Gráfico
Ao construirmos um gráfico em estatística, devemos levar em consideração alguns elementos que são essenciais para sua melhor
compreensão. Um gráfico deve ser simples devido à necessidade de passar uma informação de maneira mais rápida e coesa, ou seja, em
um gráfico estatístico, não deve haver muitas informações, devemos colocar nele somente o necessário.
As informações em um gráfico devem estar dispostas de maneira clara e verídica para que os resultados sejam dados de modo coeso
com a finalidade da pesquisa.”
Tipos de Gráficos
Em estatística é muito comum a utilização de diagramas para representar dados, diagramas são gráficos construídos em duas dimen-
sões, isto é, no plano. Existem vários modos de representá-los. A seguir, listamos alguns.
• Gráfico de Pontos
Também conhecido como Dotplot, é utilizado quando possuímos uma tabela de distribuição de frequência, sendo ela absoluta ou
relativa. O gráfico de pontos tem por objetivo apresentar os dados das tabelas de forma resumida e que possibilite a análise das distribui-
ções desses dados.
Exemplo: Suponha uma pesquisa, realizada em uma escola de educação infantil, na qual foram coletadas as idades das crianças. Nessa
coleta foi organizado o seguinte rol:
Rol: {1, 1, 2, 2, 2, 2, 3, 3, 4, 4, 4, 4, 4, 4, 5, 5, 6}
Observe que a quantidade de pontos corresponde à frequência de cada idade e o somatório de todos os pontos fornece-nos a quan-
tidade total de dados coletados.
• Gráfico de linha
É utilizado em casos que existe a necessidade de analisar dados ao longo do tempo, esse tipo de gráfico é muito presente em análises
financeiras. O eixo das abscissas (eixo x) representa o tempo, que pode ser dado em anos, meses, dias, horas etc., enquanto o eixo das
ordenadas (eixo y) representa o outro dado em questão.
17 https://brasilescola.uol.com.br/matematica/graficos.htm
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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Uma das vantagens desse tipo de gráfico é a possibilidade de realizar a análise de mais de uma tabela, por exemplo.
Exemplo: Uma empresa deseja verificar seu faturamento em determinado ano, os dados foram dispostos em uma tabela.
Veja que nesse tipo de gráfico é possível ter uma melhor noção a respeito do crescimento ou do decrescimento dos rendimentos da
empresa.
• Gráfico de Barras
Tem como objetivo comparar os dados de determinada amostra utilizando retângulos de mesma largura e altura. Altura essa que deve
ser proporcional ao dado envolvido, isto é, quanto maior a frequência do dado, maior deve ser a altura do retângulo.
Exemplo: Imagine que determinada pesquisa tem por objetivo analisar o percentual de determinada população que acesse ou tenha:
internet, energia elétrica, rede celular, aparelho celular ou tablet. Os resultados dessa pesquisa podem ser dispostos em um gráfico como
este:
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• Gráfico de Colunas
Seu estilo é semelhante ao do gráfico de barras, sendo utilizado para a mesma finalidade. O gráfico de colunas então é usado quando
as legendas forem curtas, a fim de não deixar muitos espaços em branco no gráfico de barra.
Exemplo: Este gráfico está, de forma genérica, quantificando e comparando determinada grandeza ao longo de alguns anos.
• Gráfico de Setor
É utilizado para representar dados estatísticos com um círculo dividido em setores, as áreas dos setores são proporcionais às frequên-
cias dos dados, ou seja, quanto maior a frequência, maior a área do setor circular.
Exemplo: Este exemplo, de forma genérica, está apresentando diferentes variáveis com frequências diversas para determinada gran-
deza, a qual pode ser, por exemplo, a porcentagem de votação em candidatos em uma eleição.
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• Histograma
O Histograma é uma ferramenta de análise de dados que apresenta diversos retângulos justapostos (barras verticais)18.
Por esse motivo, ele se assemelha ao gráfico de colunas, entretanto, o histograma não apresenta espaço entre as barras.
• Infográficos
Os infográficos representam a união de uma imagem com um texto informativo. As imagens podem conter alguns tipos de gráficos.
18 https://www.todamateria.com.br/tipos-de-graficos/
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— Tabelas
As tabelas são usadas para organizar algumas informações ou dados. Da mesma forma que os gráficos, elas facilitam o entendimento,
por meio de linhas e colunas que separam os dados.
Sendo assim, são usadas para melhor visualização de informações em diversas áreas do conhecimento. Também são muito frequentes
em concursos e vestibulares.
GEOMETRIA BÁSICA: ÂNGULOS, TRIÂNGULOS, POLÍGONOS, DISTÂNCIAS, PROPORCIONALIDADE, PERÍMETRO E ÁREA. PLA-
NO CARTESIANO: SISTEMA DE COORDENADAS, DISTÂNCIA
A geometria é uma área da matemática que estuda as formas geométricas desde comprimento, área e volume19. O vocábulo geome-
tria corresponde a união dos termos “geo” (terra) e “metron” (medir), ou seja, a “medida de terra”.
A Geometria é dividida em três categorias:
- Geometria Analítica;
- Geometria Plana;
- Geometria Espacial;
Assim, a geometria analítica, também chamada de geometria cartesiana, une conceitos de álgebra e geometria através dos sistemas
de coordenadas. Os conceitos mais utilizados são o ponto e a reta.
Enquanto a geometria plana ou euclidiana reúne os estudos sobre as figuras planas, ou seja, as que não apresentam volume, a
geometria espacial estuda as figuras geométricas que possuem volume e mais de uma dimensão.
— Geometria Plana
É a área da matemática que estuda as formas que não possuem volume. Triângulos, quadriláteros, retângulos, circunferências são
alguns exemplos de figuras de geometria plana (polígonos)20.
Para geometria plana, é importante saber calcular a área, o perímetro e o(s) lado(s) de uma figura a partir das relações entre os
ângulos e as outras medidas da forma geométrica.
Algumas fórmulas de geometria plana:
— Teorema de Pitágoras
Uma das fórmulas mais importantes para esta frente matemática é o Teorema de Pitágoras.
Em um triângulo retângulo (com um ângulo de 90º), a soma dos quadrados dos catetos (os “lados” que formam o ângulo reto) é igual
ao quadrado da hipotenusa (a aresta maior da figura).
Teorema de Pitágoras: a² + b² = c²
19 https://www.todamateria.com.br/matematica/geometria/#:~:text=A%20geometria%20%C3%A9%20uma%20%C3%A1rea,Geometria%20
Anal%C3%ADtica
20 https://bityli.com/BMvcWO
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- h é altura.
— Teorema de Tales
O Teorema de Tales é uma propriedade para retas paralelas.
Polígonos
O perímetro é a soma de todos os lados da figura, ou seja, o comprimento do polígono.
Onde A é a área da figura, veja as principais fórmulas:
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Fórmulas da Circunferência
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— Geometria Espacial
É a frente matemática que estuda a geometria no espaço. Ou seja, é o estudo das formas que possuem três dimensões: comprimento,
largura e altura.
Apenas as figuras de geometria espacial têm volume.
Uma das primeiras figuras geométricas que você estuda em geometria espacial é o prisma. Ele é uma figura formada por retângulos,
e duas bases. Outros exemplos de figuras de geometria espacial são cubos, paralelepípedos, pirâmides, cones, cilindros e esferas. Veja a
aula de Geometria espacial sobre prisma e esfera.
V+F=A+2
Fórmulas da Esfera
Fórmulas do Cone
Onde r é o raio da base, g é a geratriz e H é a altura.
Área lateral do cone: Š = π · R . g
Área da base do cone: A = π · R²
Área da superfície total do cone: S = Š + A
Volume do cone: V = 1/3 . A . H
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Volume (V): V = . AB . h.
h² + r² = t²
h² + a² = g²
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RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
Área da face: AF =
Área total: AT =
— Geometria Analítica
A geometria analítica utiliza coordenadas e funções do plano
cartesiano para solucionar perguntas matemáticas. É a área da
matemática que relaciona a álgebra com a geometria. A álgebra
utiliza variáveis para representar os números e u utiliza fórmulas QUESTÕES
matemáticas.
Conhecer essa frente da matemática também é importante
para resolver questões de Física. Por exemplo, o cálculo da área em 1. PREFEITURA DE GUZOLÂNDIA/SP - ESCRITURÁRIO -
um plano cartesiano pode informar o deslocamento (ΔS) se o eixo x OMNI/2021
e o eixo y informarem a velocidade e o tempo. Podemos definir um número primo, como um número natu-
O primeiro passo para estudar essa matéria é aprender o ral, que é divisível por exatamente dois números naturais. Como os
conceito de ponto e reta. números racionais são números escritos como a fração entre dois
- Um ponto determina uma posição no espaço. números inteiros, assinale a opção CORRETA em relação aos núme-
- Uma reta é um conjunto de pontos. ros primos e racionais.
- Um plano é um conjunto infinito com duas dimensões. (A) Os números primos não são racionais, já que não podemos
escrevê-los na forma de uma fração.
Entender a relação entre ponto, reta e plano é importante (B) O único número primo e racional é o número 1.
para resolver questões com coordenadas no plano cartesiano, mas (C) Todos os números primos também são racionais.
também para responder perguntas sobre a definição de ponto, reta (D) Não existe número primo que seja par.
e plano, e a posição relativa entre retas, reta e plano e planos.
Para representar um ponto (A, por exemplo) em um plano 2. PREFEITURA DE PAULÍNIA/SP - CARGOS DE NÍVEL FUNDA-
cartesiano, primeiro você deve indicar a posição no eixo x (horizontal) MENTAL - FGV/2021
e depois no eixo y (vertical). Assim, segue as coordenadas seguem Observe o exemplo seguinte.
o modelo A (xa,ya). O número 10 possui 4 divisores, pois os únicos números que
dividem 10 exatamente são: 1, 2, 5 e 10.
— Equação Fundamental da Reta O número de divisores de 48 é
A equação fundamental da reta que passa pelo ponto P (x0, y0) (A) 6.
e tem coeficiente angular m é: (B) 7.
(C) 8.
y – y0 = m . (x – x0) (D) 9.
Equação Reduzida e Equação Geral da Reta (E) 10.
• Equação reduzida: y = mx + q e m = tgα.
• Equação geral: ax + by + c = 0. 3. PREFEITURA DE ITATIBA/SP - PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁ-
SICA - AVANÇA SP/2020
No que se refere aos Conjuntos Numéricos, julgue os itens a
seguir e, ao final, assinale a alternativa correta:
I – Reúnem diversos conjuntos cujos elementos são quase to-
dos números.
II – São formados por números naturais, inteiros, racionais, ir-
racionais e reais.
III – O ramo da Matemática que estuda os conjuntos numéricos
é a Teoria dos Sistemas.
(A) Apenas o item I é verdadeiro.
(B) Apenas o item II é verdadeiro.
(C) Apenas o item III é verdadeiro.
(D) Apenas os itens I e III são verdadeiros.
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12. CREFONO - 1ª REGIÃO - AGENTE FISCAL - QUADRIX/2020 (C) Função de segundo grau, f(x) = 3,75x2 + 20
Com base nessa situação hipotética, julgue o item. (D) Função de primeiro grau, f(x) = 3,75x + 20
Supondo-se que um cachorro de pequeno porte precise de 600 (E) Função de segundo grau, f(x) = 4x + 3,75 + 20
mL de água por dia para se manter hidratado e que 1 g de água
ocupe o volume de 1 cm3, é correto afirmar que a quantidade de 18. PREFEITURA DE SANTO AUGUSTO/RS - AUDITOR FISCAL DE
água necessária para um cachorro de pequeno porte se manter hi- TRIBUTOS MUNICIPAIS - FUNDATEC/2020
dratado é superior a meio quilo. Considerando as seguintes frações: f(x) = 2x + 8 e g(x) = 3x – 2,
( ) CERTO assinale a alternativa que apresenta o resultado de f(6)/g(2).
( ) ERRADO (A) 3.
(B) 5.
13. AVAREPREV/SP - OFICIAL DE MANUTENÇÃO E SERVIÇOS - (C) 8.
VUNESP/2020 (D) 16.
A capacidade de uma caixa d´água é de 8,5 m³. Essa capacidade (E) 24.
em litros é de:
(A) 8,5. 19. AVAREPREV/SP - OFICIAL DE MANUTENÇÃO E SERVIÇOS -
(B) 85. VUNESP/2020
(C) 850. Paulo vai alugar um carro e pesquisou os preços em duas agên-
(D) 8500. cias. A tabela a seguir apresenta os valores cobrados para a locação
de um mesmo tipo de carro nessas duas agências.
14. COMUR DE NOVO HAMBURGO/RS - AGENTE DE ATENDI- Agência Taxa inicial Taxa por quilômetro rodado
MENTO E VENDAS - FUNDATEC/2021 Qual o resultado da equação I R$ 40,00 R$ 8,00
de primeiro grau 2x - 7 = 28 - 5x? II R$ 20,00 R$ 5,00
(A) 3. O valor do aluguel é calculado somando-se a taxa inicial com
(B) 5. o valor correspondente ao total de quilômetros rodados. Se Paulo
(C) 7. escolher a agência II e rodar 68 km, ele pagará pelo aluguel a quan-
(D) -4,6. tia de
(E) Não é possível resolver essa equação. (A) R$ 360,00.
(B) R$ 420,00.
15. PREFEITURA DE PEREIRAS/SP - ASSISTENTE SOCIAL - AVAN- (C) R$ 475,00.
ÇA SP/2021 (D) R$ 584,00.
Assinale a alternativa que apresenta o resultado correto para a
seguinte equação de primeiro grau: 20. PREFEITURA DE TAUBATÉ/SP - ESCRITURÁRIO - VU-
x + 5 = 20 – 4x NESP/2022
(A) x = 1. Um mestre de obras precisa de um pedaço de madeira cortada
(B) x = 2. em formato de triângulo retângulo, com o maior lado medindo 37
(C) x = 3. cm, e o menor lado medindo 12 cm. O perímetro desse pedaço de
(D) x = 4. madeira triangular deve ser de:
(E) x = 5. (A) 81 cm.
(B) 82 cm.
16. PREFEITURA DE CERQUILHO/SP - PROFESSOR DE ENSINO (C) 83 cm.
FUNDAMENTAL II - METROCAPITAL SOLUÇÕES/2020 (D) 84 cm.
Assinale a alternativa que apresenta corretamente o resultado (E) 85 cm.
para a seguinte equação de primeiro grau:
13x - 23 -45 = -7x +12 21. CÂMARA DE IPIRANGA DO NORTE/MT - ASSISTENTE ADMI-
(A) 2. NISTRATIVO - OBJETIVA/2022
(B) 3. Um terreno retangular com comprimento de 16m e largura de
(C) 4. 12m será dividido ao meio por uma de suas diagonais. Supondo-se
(D) 5. que será utilizado uma cerca para fazer essa divisão, ao todo, quan-
(E) 6. tos metros de cerca serão necessários?
(A) 18m
17. PREFEITURA DE VENÂNCIO AIRES/RS - PSICOPEDAGOGO - (B) 20m
OBJETIVA/2021 (C) 22m
Um posto de combustível está com promoção em prol de uma (D) 24m
entidade. Em dias normais, o litro da gasolina está R$ 4,00, mas, na
promoção, abastecendo o carro e doando o valor de R$ 20,00 para
uma entidade beneficente, o litro da gasolina sai por R$ 3,75. A pro-
moção feita pelo posto pode ser descrita por uma função. Como é
chamada essa função e como podemos escrevê-la?
(A) Função de primeiro grau, f(x) = 4x − 3,75x + 20
(B) Função de segundo grau, f(x) = 4x2 − 3,75x + 20
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a solução para o seu concurso!
RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO
22. PREFEITURA DE LARANJAL PAULISTA/SP - PEB II - AVANÇA 26. PREFEITURA DE LARANJAL PAULISTA/SP - AUXILIAR ADMI-
SP/2022 NISTRATIVO - AVANÇA SP/2021
Raquel deseja comprar 15 litros de uma bebida vendida na se- Um pai e uma mãe, no dia do nascimento do seu filho, resol-
guinte embalagem: veram aplicar uma determinada quantia em um investimento. Esse
dinheiro será resgatado quando o filho fizer 18 anos. Considerando
que o valor aplicado foi de R$ 15.000,00 com taxa de juros simples
de 1,5 % ao mês, qual será o valor do resgate?
(A) R$ 48.600,00
(B) R$ 63.600,00
(C) R$ 78.600,00
(D) R$ 83.600,00
(E) R$ 98.600,00
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a solução para o seu concurso!
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______________________________________________________
GABARITO ______________________________________________________
______________________________________________________
1 C ______________________________________________________
2 E ______________________________________________________
3 B
______________________________________________________
4 D
______________________________________________________
5 CERTO
6 D ______________________________________________________
7 B ______________________________________________________
8 D ______________________________________________________
9 C ______________________________________________________
10 D
______________________________________________________
11 D
______________________________________________________
12 CERTO
13 D ______________________________________________________
14 B ______________________________________________________
15 C ______________________________________________________
16 C
______________________________________________________
17 D
______________________________________________________
18 B
19 A ______________________________________________________
20 D ______________________________________________________
21 B ______________________________________________________
22 C
______________________________________________________
23 CERTO
______________________________________________________
24 B
25 B ______________________________________________________
26 B ______________________________________________________
27 C ______________________________________________________
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
de cada idade. A aprendizagem, assim, é receptiva e mecânica, para Método de ensino - a ideia de “aprender fazendo” está sempre
o que se recorre frequentemente à coação. A retenção do material presente. Valorizam-se as tentativas experimentais, a pesquisa, a
ensinado é garantida pela repetição de exercícios sistemáticos e re- descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de solução
capitulação da matéria. A transferência da aprendizagem depende de problemas. Embora os métodos variem, as escolas ativas ou no-
do treino; é indispensável a retenção, a fim de que o aluno possa vas (Dewey, Montessori, Decroly, Cousinet e outros) partem sempre
responder às situações novas de forma semelhante às respostas da- de atividades adequadas à natureza do aluno e às etapas do seu
das em situações anteriores. desenvolvimento. Na maioria delas, acentua-se a importância do
trabalho em grupo não apenas como técnica, mas como condição
Avaliação - se dá por verificações de curto prazo (interrogató- básica do desenvolvimento mental. Os passos básicos do método
rios orais, exercício de casa) e de prazo mais longo (provas escritas, ativo são:
trabalhos de casa). O esforço é, em geral, negativo (punição, notas - Colocar o aluno numa situação de experiência que tenha um
baixas, apelos aos pais); às vezes, é positivo (emulação, classifica- interesse por si mesma;
ções). - O problema deve ser desafiante, como estímulo à reflexão;
- O aluno deve dispor de informações e instruções que lhe per-
Manifestações na prática escolar - a pedagogia liberal tradicio- mitam pesquisar a descoberta de soluções;
nal é viva e atuante em nossas escolas, predominante em nossa - Soluções provisórias devem ser incentivadas e ordenadas,
história educacional. com a ajuda discreta do professor;
- Deve-se garantir a oportunidade de colocar as soluções à pro-
Tendência Liberal Renovada va, a fim de determinar sua utilidade para a vida.
A Tendência Liberal Renovada acentua, igualmente, o sentido
da cultura como desenvolvimento das aptidões individuais. A edu- Relacionamento professor-aluno - não há lugar privilegiado
cação é a vida presente, é a parte da própria experiência humana. para o professor; antes, seu papel é auxiliar o desenvolvimento
A escola renovada propõe um ensino que valorize a autoeducação livre e espontâneo da criança; se intervém, é para dar forma ao
(o aluno como sujeito do conhecimento), a experiência direta sobre raciocínio dela. A disciplina surge de uma tomada de consciência
o meio pela atividade; um ensino centrado no aluno e no grupo. dos limites da vida grupal; assim, aluno disciplinado é aquele que
é solidário, participante, respeitador das regras do grupo. Para se
A Tendência Liberal Renovada apresenta-se, entre nós, em garantir um clima harmonioso dentro da sala de aula é indispen-
duas versões distintas: sável um relacionamento positivo entre professores e alunos, uma
forma de instaurar a “vivência democrática” tal qual deve ser a vida
- a Renovada Progressivista, ou Pragmatista, principalmen- em sociedade.
te na forma difundida pelos pioneiros da educação nova, entre os
quais se destaca Anísio Teixeira (deve-se destacar, também a influ- Pressupostos de aprendizagem - a motivação depende da força
ência de Montessori, Decroly e, de certa forma, Piaget); de estimulação do problema e das disposições internas e interesses
do aluno. Assim, aprender se torna uma atividade de descoberta,
- a Renovada Não Diretiva orientada para os objetivos de auto é uma autoaprendizagem, sendo o ambiente apenas o meio esti-
realização (desenvolvimento pessoal) e para as relações interpesso- mulador. É retido o que se incorpora à atividade do aluno pela des-
ais, na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers. coberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura
cognitiva para ser empregado em novas situações.
Tendência Liberal Renovada Progressivista
Papel da escola - a finalidade da escola é adequar as necessi- Avaliação - é fluida e tenta ser eficaz à medida que os esforços e
dades individuais ao meio social e, para isso, ela deve se organizar os êxitos são prontos e explicitamente reconhecidos pelo professor.
de forma a retratar, o quanto possível, a vida. Todo ser dispõe den-
tro de si mesmo de mecanismos de adaptação progressiva ao meio Manifestações na prática escolar - os princípios da pedagogia
e de uma consequente integração dessas formas de adaptação no progressivista vêm sendo difundidos, em larga escala, nos cursos
comportamento. Tal integração se dá por meio de experiências que de licenciatura, e muitos professores sofrem sua influência. Entre-
devem satisfazer, ao mesmo tempo, os interesses do aluno e as exi- tanto, sua aplicação é reduzidíssima, não somente por falta de con-
gências sociais. À escola cabe suprir as experiências que permitam dições objetivas como também porque se choca com uma prática
ao aluno educar-se, num processo ativo de construção e reconstru- pedagógica basicamente tradicional. Alguns métodos são adotados
ção do objeto, numa interação entre estruturas cognitivas do indiví- em escolas particulares, como o método Montessori, o método dos
duo e estruturas do ambiente. centros de interesse de Decroly, o método de projetos de Dewey.
O ensino baseado na psicologia genética de Piaget tem larga acei-
Conteúdos de ensino - como o conhecimento resulta da ação a tação na educação pré-escolar. Pertencem, também, à tendência
partir dos interesses e necessidades, os conteúdos de ensino são es- progressivista muitas das escolas denominadas “experimentais”,
tabelecidos em função de experiências que o sujeito vivencia frente as “escolas comunitárias” e mais remotamente (década de 60) a
a desafios cognitivos e situações problemáticas. Dá-se, portanto, “escola secundária moderna”, na versão difundida por Lauro de Oli-
muito mais valor aos processos mentais e habilidades cognitivas do veira Lima.
que a conteúdos organizados racionalmente. Trata-se de “aprender
a aprender”, ou seja, é mais importante o processo de aquisição do
saber do que o saber propriamente dito.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Tendência Liberal Renovada Não Diretiva cadores e professores, principalmente orientadores educacionais e
Papel da escola - formação de atitudes, razão pela qual deve psicólogos escolares que se dedicam ao aconselhamento. Menos
estar mais preocupada com os problemas psicológicos do que com recentemente, podem-se citar também tendências inspiradas na
os pedagógicos ou sociais. Todo esforço está em estabelecer um escola de Summerhill do educador inglês A. Neill.
clima favorável a uma mudança dentro do indivíduo, isto é, a uma
adequação pessoal às solicitações do ambiente. Rogers2 considera Tendência Liberal Tecnicista
que o ensino é uma atividade excessivamente valorizada; para ele A tendência Liberal Tecnicista subordina a educação à socieda-
os procedimentos didáticos, a competência na matéria, as aulas, de, tendo como função a preparação de “recursos humanos” (mão-
livros, tudo tem muito pouca importância, face ao propósito de -de-obra para a indústria). A sociedade industrial e tecnológica es-
favorecer à pessoa um clima de autodesenvolvimento e realização tabelece (cientificamente) as metas econômicas, sociais e políticas,
pessoal, o que implica estar bem consigo próprio e com seus seme- a educação treina (também cientificamente) nos alunos os compor-
lhantes. O resultado de uma boa educação é muito semelhante ao tamentos de ajustamento a essas metas.
de uma boa terapia. No tecnicismo acredita-se que a realidade contém em si suas
próprias leis, bastando aos homens descobri-las e aplicá-las. Dessa
Conteúdos de ensino - a ênfase que esta tendência põe nos pro- forma, o essencial não é o conteúdo da realidade, mas as técnicas
cessos de desenvolvimento das relações e da comunicação torna (forma) de descoberta e aplicação. A tecnologia (aproveitamento
secundária a transmissão de conteúdos. Os processos de ensino ordenado de recursos, com base no conhecimento científico) é o
visam mais facilitar aos estudantes os meios para buscarem por si meio eficaz de obter a maximização da produção e garantir um óti-
mesmos os conhecimentos que, no entanto, são dispensáveis. mo funcionamento da sociedade; a educação é um recurso tecno-
lógico por excelência.
Métodos de ensino - os métodos usuais são dispensados, pre- Ela “é encarada como um instrumento capaz de promover, sem
valecendo quase que exclusivamente o esforço do professor em contradição, o desenvolvimento econômico pela qualificação da
desenvolver um estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos mão-de-obra, pela redistribuição da renda, pela maximização da
alunos. Rogers explicita algumas das características do professor produção e, ao mesmo tempo, pelo desenvolvimento da ‘consci-
“facilitador”: aceitação da pessoa do aluno, capacidade de ser con- ência política’ indispensável à manutenção do Estado autoritário”3.
fiável, receptivo e ter plena convicção na capacidade de autodesen- Utiliza-se basicamente do enfoque sistêmico, da tecnologia educa-
volvimento do estudante. Sua função restringe-se a ajudar o aluno cional e da análise experimental do comportamento.
a se organizar, utilizando técnicas de sensibilização onde os sen-
timentos de cada um possam ser expostos, sem ameaças. Assim, Papel da escola - a escola funciona como modeladora do com-
o objetivo do trabalho escolar se esgota nos processos de melhor portamento humano, através de técnicas específicas. À educação
relacionamento interpessoal, como condição para o crescimento escolar compete organizar o processo de aquisição de habilidades,
pessoal. atitudes e conhecimentos específicos, úteis e necessários para que
os indivíduos se integrem na máquina do sistema social global. Tal
Relacionamento professor-aluno - propõe uma educação cen- sistema social é regido por leis naturais (há na sociedade a mesma
trada no aluno, visando formar sua personalidade através da vi- regularidade e as mesmas relações funcionais observáveis entre os
vência de experiências significativas que lhe permitam desenvolver fenômenos da natureza), cientificamente descobertas. Basta aplicá-
características inerentes à sua natureza. O professor é um especia- -las. A atividade da “descoberta” é função da educação, mas deve
lista em relações humanas, ao garantir o clima de relacionamento ser restrita aos especialistas; a “aplicação” é competência do pro-
pessoal e autêntico. “Ausentar-se” é a melhor forma de respeito e cesso educacional comum.
aceitação plena do aluno. Toda intervenção é ameaçadora, inibido- A escola atua, assim, no aperfeiçoamento da ordem social vi-
ra da aprendizagem. gente (o sistema capitalista), articulando-se diretamente com o sis-
tema produtivo; para tanto, emprega a ciência da mudança de com-
Pressupostos de aprendizagem - a motivação resulta do desejo portamento, ou seja, a tecnologia comportamental. Seu interesse
de adequação pessoal na busca da auto realização; é, portanto, um imediato é o de produzir indivíduos “competentes” para o mercado
ato interno. A motivação aumenta, quando o sujeito desenvolve o de trabalho, transmitindo, eficientemente, informações precisas,
sentimento de que é capaz de agir em termos de atingir suas metas objetivas e rápidas.
pessoais, isto é, desenvolve a valorização do “eu”. Aprender, portan- A pesquisa científica, a tecnologia educacional, a análise expe-
to, é modificar suas próprias percepções; daí que apenas se apren- rimental do comportamento garante a objetividade da prática es-
de o que estiver significativamente relacionado com essas percep- colar, uma vez que os objetivos instrucionais (conteúdos) resultam
ções. Resulta que a retenção se dá pela relevância do aprendido em da aplicação de leis naturais que independem dos que a conhecem
relação ao “eu”, ou seja, o que não está envolvido com o “eu” não é ou executam.
retido e nem transferido.
Conteúdos de ensino - são as informações, princípios científi-
Avaliação - perde inteiramente o sentido, privilegiando-se a cos, leis etc., estabelecidos e ordenados numa sequência lógica e
autoavaliação. psicológica por especialistas. É matéria de ensino apenas o que é
redutível ao conhecimento observável e mensurável; os conteúdos
Manifestações na prática escolar - o inspirador da pedagogia decorrem, assim, da ciência objetiva, eliminando-se qualquer sinal
não diretiva é C. Rogers, na verdade mais psicólogo clínico que 3 KUENZER, Acácia A; MACHADO, Lucília R. S. “Pedagogia Tecnicista”, in
educador. Suas ideias influenciam um número expressivo de edu- Guiomar N. de MELLO (org.), Escola nova, tecnicismo e educação compensatória.
2 ROGERS, Carl. Liberdade para aprender. 1969 2012
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de subjetividade. O material instrucional encontra-se sistematizado modo a que o aluno saia da situação de aprendizagem diferente de
nos manuais, nos livros didáticos, nos módulos de ensino, nos dis- como entrou. Ou seja, o ensino é um processo de condicionamento
positivos audiovisuais etc. através do uso de reforçamento das respostas que se quer obter.
Assim, os sistemas instrucionais visam ao controle do comporta-
Métodos de ensino - consistem nos procedimentos e técnicas mento individual face objetivos preestabelecidos.
necessárias ao arranjo e controle nas condições ambientais que Trata-se de um enfoque diretivo do ensino, centrado no con-
assegurem a transmissão/recepção de informações. Se a primeira trole das condições que cercam o organismo que se comporta. O
tarefa do professor é modelar respostas apropriadas aos objetivos objetivo da ciência pedagógica, a partir da psicologia, é o estudo
instrucionais, a principal é conseguir o comportamento adequado científico do comportamento: descobrir as leis naturais que presi-
pelo controle do ensino; daí a importância da tecnologia educacio- dem as reações físicas do organismo que aprende, a fim de aumen-
nal. tar o controle das variáveis que o afetam.
Os componentes da aprendizagem - motivação, retenção,
A Tecnologia Educacional é a “aplicação sistemática de princí- transferência - decorrem da aplicação do comportamento operan-
pios científicos comportamentais e tecnológicos a problemas edu- te. Segundo Skinner, o comportamento aprendido é uma resposta a
cacionais, em função de resultados efetivos, utilizando uma meto- estímulos externos, controlados por meio de reforços que ocorrem
dologia e abordagem sistêmica abrangente”4. com a resposta ou após a mesma: “Se a ocorrência de um (com-
portamento) operante é seguida pela apresentação de um estímulo
Qualquer sistema instrucional (há uma grande variedade deles) (reforçador), a probabilidade de reforçamento é aumentada”. Entre
possui três componentes básicos: objetivos instrucionais operacio- os autores que contribuem para os estudos de aprendizagem des-
nalizados em comportamentos observáveis e mensuráveis, procedi- tacam-se: Skinner, Gagné, Bloon e Mager.
mentos instrucionais e avaliação.
Manifestações na prática escolar5 - a influência da pedagogia
As etapas básicas de um processo de ensino e de aprendizagem tecnicista remonta à 2ª metade dos anos 50 (PABAEE - Programa
são: Brasileiro-americano de Auxílio ao Ensino Elementar). Entretanto
- Estabelecimento de comportamentos terminais, através de foi introduzida mais efetivamente no final dos anos 60 com o obje-
objetivos instrucionais; tivo de adequar o sistema educacional à orientação político-econô-
- Análise da tarefa de aprendizagem, a fim de ordenar sequen- mica do regime militar: inserir a escola nos modelos de racionaliza-
cialmente os passos da instrução; ção do sistema de produção capitalista.
- Executar o programa, reforçando gradualmente as respostas Quando a orientação escolanovista cede lugar à tendência tec-
corretas correspondentes aos objetivos. nicista, pelo menos no nível de política oficial; os marcos de im-
plantação do modelo tecnicista são as leis 5.540/68 e 5.692/71, que
O essencial da tecnologia educacional é a programação por reorganizam o ensino superior e o ensino de 1º e 2º graus.
passos sequenciais empregada na instrução programada, nas técni- A despeito da máquina oficial, entretanto, não há indícios se-
cas de microensino, multimeios, módulos etc. O emprego da tecno- guros de que os professores da escola pública tenham assimilado a
logia instrucional na escola pública aparece nas formas de: plane- pedagogia tecnicista, pelo menos em termos de ideário. A aplicação
jamento em moldes sistêmicos, concepção de aprendizagem como da metodologia tecnicista (planejamento, livros didáticos progra-
mudança de comportamento, operacionalização de objetivos, uso mados, procedimentos de avaliação etc.) não configura uma pos-
de procedimentos científicos (instrução programada, audiovisuais, tura tecnicista do professor; antes, o exercício profissional continua
avaliação etc., inclusive a programação de livros didáticos). mais para uma postura eclética em torno de princípios pedagógicos
assentados nas pedagogias tradicional e renovada.
Relacionamento professor-aluno - são relações estruturadas e
objetivas, com papéis bem definidos: o professor administra as con- Pedagogia Progressista
dições de transmissão da matéria, conforme um sistema instrucio- “Formulação de inspiração marxista que influenciou diversos
nal eficiente e efetivo em termos de resultados da aprendizagem; o pedagogos brasileiros em fins de 1970. Trabalha com a educação na
aluno recebe, aprende e fixa as informações. O professor é apenas perspectiva da luta de classes, ou seja, a escola pode e deve servir
um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno, cabendo-lhe na luta contra o sistema capitalista, visando a construção do socia-
empregar o sistema instrucional previsto. O aluno é um indivíduo lismo. Dessa forma, sua metodologia tem inspiração na teoria do
responsivo, não participa da elaboração do programa educacional. conhecimento marxista, pela dialética materialista, pelo movimen-
Ambos são espectadores frente à verdade objetiva. A comunicação to de continuidade e ruptura.
professor-aluno tem um sentido exclusivamente técnico, que é o de Na sala de aula, parte-se da necessidade e aspirações dos es-
garantir a eficácia da transmissão do conhecimento. Debates, dis- tudantes, com seu cotidiano, com o objetivo de estimular rupturas,
cussões, questionamentos são desnecessários, assim como pouco sair do imediato e chegar ao teórico e abstrato. Depois desse mo-
importam as relações afetivas e pessoais dos sujeitos envolvidos no vimento, espera-se um retorno ao real com uma nova visão que
processo de ensino e de aprendizagem. possibilite uma nova ação sobre ele.
Foi proposta pelo educador francês Georges Snyders6 em pelo questiona concretamente a realidade das relações do homem com
menos quatro de suas obras: Pedagogia progressista, Para onde a natureza e com os outros homens, visando a uma transformação
vão as pedagogias não-diretivas? Alegria na escola e Alunos felizes. - daí ser uma educação crítica.
Opõe-se ao ensino tecnicista, de linha autoritária, adotado por Conteúdos de ensino - denominados “temas geradores”, são
volta de 1970, em que professores e alunos executam projetos ela- extraídos da problematização da prática de vida dos educandos.
borados em gabinetes e desvinculados do contexto social e político. Os conteúdos tradicionais são recusados porque cada pessoa, cada
Ou seja, a pedagogia progressista procura formar cidadãos cons- grupo envolvido na ação pedagógica dispõe em si próprio, ainda
cientes e participativos na vida da sociedade, que leve o aluno a que de forma rudimentar, dos conteúdos necessários dos quais se
refletir, a desenvolver o espírito crítico e criativo e a relacionar o parte. O importante não é a transmissão de conteúdos específicos,
aprendizado a seu contexto social.”7 mas despertar uma nova forma da relação com a experiência vivida.
A transmissão de conteúdos estruturados a partir de fora é consi-
A pedagogia progressista tem-se manifestado em três tendên- derada como “invasão cultural” ou “depósito de informação” por-
cias: que não emerge do saber popular. Se forem necessários textos de
- A libertadora, mais conhecida como pedagogia de Paulo leitura estes deverão ser redigidos pelos próprios educandos com a
Freire; orientação do educador.
- A libertária, que reúne os defensores da autogestão pedagó- Em nenhum momento o inspirador e mentor da pedagogia li-
gica; bertadora Paulo Freire, deixa de mencionar o caráter essencialmen-
- A crítico-social dos conteúdos que, diferentemente das ante- te político de sua pedagogia, o que, segundo suas próprias palavras,
riores, acentua a primazia dos conteúdos no seu confronto com as impede que ela seja posta em prática em termos sistemáticos, nas
realidades sociais. instituições oficiais, antes da transformação da sociedade. Daí por-
que sua atuação se dê mais a nível da educação extraescolar. O que
As versões libertadora e libertária têm em comum o antiauto- não tem impedido, por outro lado, que seus pressupostos sejam
ritarismo, a valorização da experiência vivida como base da rela- adotados e aplicados por numerosos professores.
ção educativa e a ideia de autogestão pedagógica. Em função disso,
dão mais valor ao processo de aprendizagem grupal (participação Métodos de ensino - “Para ser um ato de conhecimento o pro-
em discussões, assembleias, votações) do que aos conteúdos de cesso de alfabetização de adultos demanda, entre educadores e
ensino. Como decorrência, a prática educativa somente faz senti- educandos, uma relação de autêntico diálogo; aquela em que os
do numa prática social junto ao povo, razão pela qual preferem as sujeitos do ato de conhecer se encontram mediatizados pelo obje-
modalidades de educação popular “não-formal”. to a ser conhecido” (...) “O diálogo engaja ativamente a ambos os
A tendência da pedagogia crítico-social dos conteúdos propõe sujeitos do ato de conhecer: educador-educando e educando-edu-
uma síntese superadora das pedagogias tradicional e renovada, cador”.
valorizando a ação pedagógica enquanto inserida na prática social Assim sendo, a forma de trabalho educativo é o “grupo de dis-
concreta. Entende a escola como mediação entre o individual e o cussão a quem cabe autogerir a aprendizagem, definindo o conteú-
social, exercendo aí a articulação entre a transmissão dos conteú- do e a dinâmica das atividades. O professor é um animador que, por
dos e a assimilação ativa por parte de um aluno concreto (inserido princípio, deve descer ao nível dos alunos, adaptando-se às suas ca-
num contexto de relações sociais); dessa articulação resulta o saber racterísticas ao desenvolvimento próprio de cada grupo. Deve cami-
criticamente reelaborado. nhar ‘junto’, intervir o mínimo indispensável, embora não se furte,
quando necessário, a fornecer uma informação mais sistematizada.
Tendência Progressista Libertadora8
Papel da escola - não é próprio da pedagogia libertadora fa- Os passos da aprendizagem - codificação-decodificação, e pro-
lar em ensino escolar, já que sua marca é a atuação “não-formal”. blematização da situação - permitirão aos educandos um esforço
Entretanto, professores e educadores engajados no ensino escolar de compreensão do “vivido”, até chegar a um nível mais crítico de
vêm adotando pressupostos dessa pedagogia. Assim, quando se conhecimento e sua realidade, sempre através da troca de experi-
fala na educação em geral, diz-se que ela é uma atividade onde pro- ência em torno da prática social. Se nisso consiste o conteúdo do
fessores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem e da trabalho educativo, dispensam um programa previamente estrutu-
qual extraem o conteúdo de aprendizagem, atingem um nível de rado, trabalhos escritos, aulas expositivas assim como qualquer tipo
consciência dessa mesma realidade, a fim de nela atuarem, num de verificação direta da aprendizagem, formas essas próprias da
sentido de transformação social. “educação bancária”, portanto, domesticadoras. Entretanto admi-
Tanto a educação tradicional, denominada “bancária” - que te-se a avaliação da prática vivenciada entre educador-educandos
visa apenas depositar informações sobre o aluno, quanto a educa- no processo de grupo e, às vezes, a auto avaliação feita em termos
ção renovada - que pretenderia uma libertação psicológica individu- dos compromissos assumidos com a prática social.
al - são domesticadoras, pois em nada contribuem para desvelar a
realidade social de opressão. A educação libertadora, ao contrário, Relacionamento professor-aluno - no diálogo, como método
6 SNYDERS, Georges. Pedagogia progressista. Lisboa, Ed. Almedina. 1974. básico, a relação é horizontal, onde educador e educandos se po-
7 MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. Verbete peda- sicionam como sujeitos do ato de conhecimento. O critério de bom
gogia progressista. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - Educabrasil. São relacionamento é a total identificação com o povo, sem o que a re-
Paulo: Midiamix, 2001. http://www.educabrasil.com.br/pedagogia-progressista/ lação pedagógica perde consistência. Elimina-se, por pressuposto,
8 FREIRE, Paulo. Ação Cultural para a Liberdade; Pedagogia do Oprimido e toda relação de autoridade, sob pena de esta inviabilizar o trabalho
Extensão ou Comunicação?, 1978. de conscientização, de “aproximação de consciências”. Trata-se de
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
uma “não diretividade”, mas não no sentido do professor que se Conteúdos de ensino - as matérias são colocadas à disposição
ausenta (como em Rogers), mas que permanece vigilante para as- do aluno, mas não são exigidas. São um instrumento a mais, porque
segurar ao grupo um espaço humano para “dizer sua palavra” para importante é o conhecimento que resulta das experiências vividas
se exprimir sem se neutralizar. pelo grupo, especialmente a vivência de mecanismos de participa-
ção crítica. “Conhecimento” aqui não é a investigação cognitiva do
Pressupostos de aprendizagem - a própria designação de “edu- real, para extrair dele um sistema de representações mentais, mas
cação problematizadora” como correlata de educação libertadora a descoberta de respostas às necessidades e às exigências da vida
revela a força motivadora da aprendizagem. A motivação se dá a social. Assim, os conteúdos propriamente ditos são os que resultam
partir da codificação de uma situação-problema, da qual se toma de necessidades e interesses manifestos pelo grupo e que não são,
distância para analisá-la criticamente. “Esta análise envolve o exer- necessária nem indispensavelmente, as matérias de estudo.
cício da abstração, através da qual procuramos alcançar, por meio
de representações da realidade concreta, a razão de ser dos fatos”. Método de ensino - é na vivência grupal, na forma de autoges-
Aprender é um ato de conhecimento da realidade concreta, tão, que os alunos buscarão encontrar as bases mais satisfatórias
isto é, da situação real vivida pelo educando, e só tem sentido se de sua própria “instituição”, graças à sua própria iniciativa e sem
resulta de uma aproximação crítica dessa realidade. O que é apren- qualquer forma de poder. Trata-se de “colocar nas mãos dos alunos
dido não decorre de uma imposição ou memorização, mas do nível tudo o que for possível: o conjunto da vida, as atividades e a orga-
crítico de conhecimento, ao qual se chega pelo processo de com- nização do trabalho no interior da escola (menos a elaboração dos
preensão, reflexão e crítica. O que o educando transfere, em termos programas e a decisão dos exames que não dependem nem dos
de conhecimento, é o que foi incorporado como resposta às situa- docentes, nem dos alunos)”. Os alunos têm liberdade de trabalhar
ções de opressão - ou seja, seu engajamento na militância política. ou não, ficando o interesse pedagógico na dependência de suas ne-
cessidades ou das do grupo.
Manifestações na prática escolar - a pedagogia libertadora tem
como inspirador e divulgador Paulo Freire, que tem aplicado suas O progresso da autonomia, excluída qualquer direção de fora
ideias pessoalmente em diversos países, primeiro no Chile, depois do grupo, se dá num “crescendo”: primeiramente a oportunidade
na África. Entre nós, tem exercido uma influência expressiva nos de contatos, aberturas, relações informais entre os alunos. Em se-
movimentos populares e sindicatos e, praticamente, se confunde guida, o grupo começa a se organizar, de modo que todos possam
com a maior parte das experiências do que se denomina “educação participar de discussões, cooperativas, assembleias, isto é, diversas
popular”. Há diversos grupos desta natureza que vêm atuando não formas de participação e expressão pela palavra; quem quiser fa-
somente no nível da prática popular, mas também por meio de pu- zer outra coisa, ou entra em acordo com o grupo, ou se retira. No
blicações, com relativa independência em relação às ideias originais terceiro momento, o grupo se organiza de forma mais efetiva e, fi-
da pedagogia libertadora. Embora as formulações teóricas de Paulo nalmente, no quarto momento, parte para a execução do trabalho.
Freire se restrinjam à educação de adultos ou à educação popular
em geral, muitos professores vêm tentando colocá-las em prática Relação professor-aluno - a pedagogia institucional visa “em
em todos os graus de ensino formal. primeiro lugar, transformar a relação professor-aluno no sentido
da não diretividade, isto é, considerar desde o início a ineficácia e
Tendência Progressista Libertária9 a nocividade de todos os métodos à base de obrigações e amea-
Papel da escola - a pedagogia libertária espera que a escola ças”. Embora professor e aluno sejam desiguais e diferentes, nada
exerça uma transformação na personalidade dos alunos num senti- impede que o professor se ponha a serviço do aluno, sem impor
do libertário e autogestionário. A ideia básica é introduzir modifica- suas concepções e ideias, sem transformar o aluno em “objeto”. O
ções institucionais, a partir dos níveis subalternos que, em seguida, professor é um orientador e um catalisador, ele se mistura ao grupo
vão “contaminando” todo o sistema. A escola instituirá, com base para uma reflexão em comum.
na participação grupal, mecanismos institucionais de mudança (as- Se os alunos são livres frente ao professor, também este o é em
sembleias, conselhos, eleições, reuniões, associações etc.), de tal relação aos alunos (ele pode, por exemplo, recusar-se a responder
forma que o aluno, uma vez atuando nas instituições “externas”, uma pergunta, permanecendo em silêncio). Entretanto, essa liber-
leve para lá tudo o que aprendeu. dade de decisão tem um sentido bastante claro: se um aluno resol-
Outra forma de atuação da pedagogia libertária, correlata a pri- ve não participar, o faz porque não se sente integrado, mas o grupo
meira, é - aproveitando a margem de liberdade do sistema - criar tem responsabilidade sobre este fato e vai se colocar a questão;
grupos de pessoas com princípios educativos autogestionários (as- quando o professor se cala diante de uma pergunta, seu silêncio
sociações, grupos informais, escolas autogestionários). Há, portan- tem um significado educativo que pode, por exemplo, ser uma aju-
to, um sentido expressamente político, à medida que se afirma o in- da para que o grupo assuma a resposta ou a situação criada. No
divíduo como produto do social e que o desenvolvimento individual mais, ao professor cabe a função de “conselheiro” e, outras vezes,
somente se realiza no coletivo. de instrutor-monitor à disposição do grupo. Em nenhum momento
A autogestão é, assim, o conteúdo e o método; resume tanto esses papéis do professor se confundem com o de “modelo”, pois
o objetivo pedagógico quanto o político. A pedagogia libertária, na a pedagogia libertária recusa qualquer forma de poder ou autori-
sua modalidade mais conhecida entre nós, a “pedagogia institu- dade.
cional”, pretende ser uma forma de resistência contra a burocracia
como instrumento da ação dominadora do Estado, que tudo con- Pressupostos de aprendizagem - as formas burocráticas das ins-
trola (professores, programas, provas etc.), retirando a autonomia. tituições existentes, por seu traço de impessoalidade, comprome-
9 LOBROT, Michel. Pedagogia instotucional, la escuela hacia la autogestión. tem o crescimento pessoal. A ênfase na aprendizagem informal, via
1999. grupo, e a negação de toda forma de repressão visam favorecer o
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desenvolvimento de pessoas mais livres. A motivação está, portan- Conteúdos de ensino - são os conteúdos culturais universais
to, no interesse em crescer dentro da vivência grupal, pois supõe-se que se constituíram em domínios de conhecimento relativamente
que o grupo devolva a cada um de seus membros a satisfação de autônomos, incorporados pela humanidade, mas permanentemen-
suas aspirações e necessidades. te reavaliados face às realidades sociais. Embora se aceite que os
Somente o vivido, o experimentado é incorporado e utilizável conteúdos são realidades exteriores ao aluno, que devem ser assi-
em situações novas. Assim, o critério de relevância do saber siste- milados e não simplesmente reinventados eles não são fechados e
matizado é seu possível uso prático. Por isso mesmo, não faz senti- refratários às realidades sociais. Não basta que os conteúdos sejam
do qualquer tentativa de avaliação da aprendizagem, ao menos em apenas ensinados, ainda que bem ensinados, é preciso que se li-
termos de conteúdo. guem, de forma indissociável, à sua significação humana e social.
Essa maneira de conceber os conteúdos do saber não estabele-
Outras tendências pedagógicas correlatas - a pedagogia liber- ce oposição entre cultura erudita e cultura popular, ou espontânea,
tária abrange quase todas as tendências antiautoritárias em edu- mas uma relação de continuidade em que, progressivamente, se
cação, entre elas, a anarquista, a psicanalista, a dos sociólogos, e passa da experiência imediata e desorganizada ao conhecimento
também a dos professores progressistas. Embora Neill e Rogers sistematematizado. Não que a primeira apreensão da realidade seja
não possam ser considerados progressistas (conforme entendemos errada, mas é necessária a ascensão a uma forma de elaboração
aqui), não deixam de influenciar alguns libertários, como Lobrot. superior, conseguida pelo próprio aluno, com a intervenção do pro-
Entre os estrangeiros devemos citar Vasquez y Oury entre os mais fessor.
recentes, Ferrer y Guardia entre os mais antigos. Particularmente
significativo é o trabalho de C. Freinet, que tem sido muito estu- A postura da pedagogia “dos conteúdos” - ao admitir um co-
dado entre nós, existindo inclusive algumas escolas aplicando seu nhecimento relativamente autônomo - assume o saber como tendo
método. um conteúdo relativamente objetivo, mas, ao mesmo tempo, intro-
Entre os estudiosos e divulgadores da tendência libertária po- duz a possibilidade de uma reavaliação crítica frente a esse conte-
de-se citar Maurício Tragtenberg, apesar da tônica de seus traba- údo. Como sintetiza Snyders, ao mencionar o papel do professor,
lhos não ser propriamente pedagógica, mas de crítica das institui- trata-se, de um lado, de obter o acesso do aluno aos conteúdos,
ções em favor de um projeto autogestionário. ligando-os com a experiência concreta dele - a continuidade; mas,
de outro, de proporcionar elementos de análise crítica que ajudem
Tendência Progressista “Crítico Social dos Conteúdos”10 o aluno a ultrapassar a experiência, os estereótipos, as pressões di-
Papel da escola - a difusão de conteúdos é a tarefa primordial. fusas da ideologia dominante - é a ruptura.
Não conteúdos abstratos, mas vivos, concretos e, portanto, indisso- Dessas considerações resulta claro que se pode ir do saber ao
ciáveis das realidades sociais. A valorização da escola como instru- engajamento político, mas não o inverso, sob o risco de se afetar a
mento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta própria especificidade do saber e até cair-se numa forma de peda-
aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir gogia ideológica, que é o que se critica na pedagogia tradicional e
para eliminar a seletividade social e torná-la democrática. na pedagogia nova.
Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é
também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que de- Métodos de ensino - a questão dos métodos se subordina à dos
fine uma pedagogia crítica é a consciência de seus condicionantes conteúdos: se o objetivo é privilegiar a aquisição do saber, e de um
histórico-sociais, a função da pedagogia “dos conteúdos” é dar um saber vinculado às realidades sociais, é preciso que os métodos fa-
passo à frente no papel transformador da escola, mas a partir das voreçam a correspondência dos conteúdos com os interesses dos
condições existentes. alunos, e que estes possam reconhecer nos conteúdos o auxílio ao
Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses po- seu esforço de compreensão da realidade (prática social). Assim,
pulares é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação nem se trata dos métodos dogmáticos de transmissão do saber da
dos conteúdos escolares básicos que tenham ressonância na vida pedagogia tradicional, nem da sua substituição pela descoberta, in-
dos alunos. Entendida nesse sentido, a educação é “uma atividade vestigação ou livre expressão das opiniões, como se o saber pudesse
mediadora no seio da prática social global”, ou seja, uma das me- ser inventado pela criança, na concepção da pedagogia renovada.
diações pela qual o aluno, pela intervenção do professor e por sua
própria participação ativa, passa de uma experiência inicialmente Os métodos de uma pedagogia crítico-social dos conteúdos
confusa e fragmentada (sincrética) a uma visão sintética, mais or- não partem, então, de um saber artificial, depositado a partir de
ganizada e unificada. fora, nem do saber espontâneo, mas de uma relação direta com
Em síntese, a atuação da escola consiste na preparação do alu- a experiência do aluno, confrontada com o saber trazido de fora.
no para, o mundo adulto e suas contradições, fornecendo-lhe um O trabalho docente relaciona a prática vivida pelos alunos com os
instrumental, por meio da aquisição de conteúdos e da socializa- conteúdos propostos pelo professor, momento em que se dará a
ção, para uma participação organizada e ativa na democratização “ruptura” em relação à experiência pouco elaborada. Tal ruptura
da sociedade. apenas é possível com a introdução explícita, pelo professor, dos
elementos novos de análise a serem aplicados criticamente à prá-
tica do aluno.
Em outras palavras, uma aula começa pela constatação da
10 SAVIANI, Dermeval, Educação: do senso comum à consciência filosófica. prática real, havendo, em seguida, a consciência dessa prática no
2013. sentido de referi-la aos termos do conteúdo proposto, na forma de
MELLO, Guiomar N de, Magistério de 1° grau. 1982. um confronto entre a experiência e a explicação do professor. Vale
CURY, Carlos R. J. Educação e contradição: elementos. 1985.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
dizer: vai-se da ação à compreensão e da compreensão à ação, até Resulta com clareza que o trabalho escolar precisa ser avalia-
a síntese, o que não é outra coisa senão a unidade entre a teoria e do, não como julgamento definitivo e dogmático do professor, mas
a prática. como uma comprovação para o aluno de seu progresso em direção
a noções mais sistematizadas.
Relação professor-aluno - se o conhecimento resulta de trocas
que se estabelecem na interação entre o meio (natural, social, cul- Manifestações na prática escolar11 - o esforço de elaboração de
tural) e o sujeito, sendo o professor o mediador, então a relação pe- uma pedagogia “dos conteúdos” está em propor modelos de ensino
dagógica consiste no provimento das condições em que professores voltados para a interação conteúdos-realidades sociais; portanto,
e alunos possam colaborar para fazer progredir essas trocas. O pa- visando avançar em termos de uma articulação do político e do
pel do adulto é insubstituível, mas acentua-se também a participa- pedagógico, aquele como extensão deste, ou seja, a educação “a
ção do aluno no processo. Ou seja, o aluno, com sua experiência serviço da transformação das relações de produção”. Ainda que a
imediata num contexto cultural, participa na busca da verdade, ao curto prazo se espere do professor maior conhecimento dos conte-
confrontá-la com os conteúdos e modelos expressos pelo professor. údos de sua matéria e o domínio de formas de transmissão, a fim
Mas esse esforço do professor em orientar, em abrir perspec- de garantir maior competência técnica, sua contribuição “será tanto
tivas a partir dos conteúdos, implica um envolvimento com o estilo mais eficaz quanto mais seja capaz de compreender os vínculos de
de vida dos alunos, tendo consciência inclusive dos contrastes entre sua prática com a prática social global”, tendo em vista (...) “a de-
sua própria cultura e a do aluno. Não se contentará, entretanto, em mocratização da sociedade brasileira, o atendimento aos interesses
satisfazer apenas as necessidades e carências; buscará despertar das camadas populares, a transformação estrutural da sociedade
outras necessidades, acelerar e disciplinar os métodos de estudo, brasileira”.
exigir o esforço do aluno, propor conteúdos e modelos compatíveis
com suas experiências vividas, para que o aluno se mobilize para Tendências Pedagógicas Pós-LDB 9.394/9612
uma participação ativa. Após a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de n.
Evidentemente o papel de mediação exercido em torno da aná- º 9.394/96, revalorizam-se as ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon.
lise dos conteúdos exclui a não diretividade como forma de orienta- Um dos pontos em comum entre esses psicólogos é o fato de serem
ção do trabalho escolar, por que o diálogo adulto-aluno é desigual. interacionistas, porque concebem o conhecimento como resultado
O adulto tem mais experiência acerca das realidades sociais, dispõe da ação que se passa entre o sujeito e um objeto. De acordo com
de uma formação (ao menos deve dispor) para ensinar, possui co- Aranha13, o conhecimento não está, então, no sujeito, como que-
nhecimentos e a ele cabe fazer a análise dos conteúdos em confron- riam os inatistas, nem no objeto, como diziam os empiristas, mas
to com as realidades sociais. resulta da interação entre ambos.
A não diretividade abandona os alunos a seus próprios dese-
jos, como se eles tivessem uma tendência espontânea a alcançar Para citar um exemplo no ensino da língua, segundo essa pers-
os objetivos esperados da educação. Sabemos que as tendências pectiva interacionista, a leitura como processo permite a possibi-
espontâneas e naturais não são “naturais”, antes são tributárias das lidade de negociação de sentidos em sala de aula. O processo de
condições de vida e do meio. Não são suficientes o amor, a acei- leitura, portanto, não é centrado no texto, ascendente, bottom-up,
tação, para que os filhos dos trabalhadores adquiram o desejo de como queriam os empiristas, nem no receptor, descendente, top-
estudar mais, de progredir: é necessária a intervenção do professor -down, segundo os inatistas, mas ascendente/descendente, ou seja,
para levar o aluno a acreditar nas suas possibilidades, a ir mais lon- a partir de uma negociação de sentido entre enunciador e receptor.
ge, a prolongar a experiência vivida. Assim, nessa abordagem interacionista, o receptor é retirado da sua
condição de mero objeto do sentido do texto, de alguém que esta-
Pressupostos de aprendizagem - por um esforço próprio, o alu- va ali para decifrá-lo, decodificá-lo, como ocorria, tradicionalmente,
no se reconhece nos conteúdos e modelos sociais apresentados no ensino da leitura.
pelo professor; assim, pode ampliar sua própria experiência. O co-
nhecimento novo se apoia numa estrutura cognitiva já existente, As ideias desses psicólogos interacionistas vêm ao encontro da
ou o professor provê a estrutura de que o aluno ainda não dispõe. concepção que considera a linguagem como forma de atuação so-
O grau de envolvimento na aprendizagem dependa tanto da pron- bre o homem e o mundo e das modernas teorias sobre os estudos
tidão e disposição do aluno, quanto do professor e do contexto da do texto, como a Linguística Textual, a Análise do Discurso, a Semân-
sala de aula. tica Argumentativa e a Pragmática, entre outros.
Aprender, dentro da visão da pedagogia dos conteúdos, é de-
senvolver a capacidade de processar informações e lidar com os De acordo com esse quadro teórico de José Carlos Libâneo,
estímulos do ambiente, organizando os dados disponíveis da expe- deduz-se que as tendências pedagógicas liberais, ou seja, a tradi-
riência. Em consequência, admite-se o princípio da aprendizagem cional, a renovada e a tecnicista, por se declararem neutras, nunca
significativa que supõe, como passo inicial, verificar aquilo que o assumiram compromisso com as transformações da sociedade, em-
aluno já sabe. O professor precisa saber (compreender) o que os
alunos dizem ou fazem, o aluno precisa compreender o que o pro- 11 SAVIANI, Demerval. Escola e democracia. 1983.
fessor procura dizer-lhes. A transferência da aprendizagem se dá a 12 SILVA, Delcio Barros da. As Principais Tendências Pedagógicas na Prática
partir do momento da síntese, isto é, quando o aluno supera sua Escolar Brasileira e seus Pressupostos de Aprendizagem.
visão parcial e confusa e adquire uma visão mais clara e unificadora. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública. São Paulo: Loyola,
1990.
13 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da Educação. São Paulo: Editora
Moderna, 1998.
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bora, na prática, procurassem legitimar a ordem econômica e social do sistema capitalista. No ensino da língua, predominaram os métodos
de base ora empirista, ora inatista, com ensino da gramática tradicional, ou sob algumas as influências teóricas do estruturalismo e do
gerativismo, a partir da Lei 5.692/71, da Reforma do Ensino.
Já as tendências pedagógicas progressistas, em oposição às liberais, têm em comum a análise crítica do sistema capitalista. De base
empirista (Paulo Freire se proclamava um deles) e marxista (com as ideias de Gramsci), essas tendências, no ensino da língua, valorizam
o texto produzido pelo aluno, a partir do seu conhecimento de mundo, assim como a possibilidade de negociação de sentido na leitura.
A partir da LDB 9.394/96, principalmente com a difusão das ideias de Piaget, Vygotsky e Wallon, numa perspectiva socio-histórica,
essas teorias buscam uma aproximação com modernas correntes do ensino da língua que consideram a linguagem como forma de atuação
sobre o homem e o mundo, ou seja, como processo de interação verbal, que constitui a sua realidade fundamental.
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Também Lobrot, C.
Transforma-
É não diretiva, prima pela valori- Freinet, Miguel
Tendência ção da personali- As matérias Vivência
o professor é zação da vivência Gonzales, Vas-
Progressista dade num sentido são colocadas, grupal na forma
orientador e os cotidiana. Apren- quez, Oury, Mau-
Libertária libertário e auto- mas não exigidas. de autogestão.
alunos livres. dizagem informal rício Tragtenberg,
gestionário.
via grupo. Ferrer y Guardia.
Conteúdos O método
Tendência Papel do aluno Makarenko,
culturais uni- parte de uma Baseadas
Progressista como participador B. Charlot,
versais que são relação direta da nas estruturas
“Crítico-social Difusão dos e do professor Suchodolski,
incorporados experiência do cognitivas já
dos conteúdos conteúdos. como mediador Manacorda, G.
pela humanidade aluno confronta- estruturadas nos
ou histórico-crí- entre o saber e o Snyders Demer-
frente à realidade da com o saber alunos.
tica” aluno. val Saviani.
social. sistematizado.
14 GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência, São Paulo, Rio de Janeiro, 34/Universidade Cândido Mendes - Centro de Estudos Afro-Asiáti-
cos, 2001.
15 GOMES. Nilma Lino. Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre relações raciais no Brasil. Uma breve discussão. S.D.
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e raça no contexto da ambiguidade do racismo brasileiro e da cres- cabe às escolas incluir no contexto dos estudos e atividades, que
cente desigualdade social. Por fim, raça e etnia são expressões que proporciona diariamente as contribuições histórico-culturais dos
se fundem no contexto social, visto que ambos os termos são carre- povos indígenas e dos descendentes de asiáticos, além das de
gados de significações e podem determinar o pensamento, atitude raiz africana e europeia. É preciso ter clareza que o artigo 26-A
e a forma de ser e pensar no mundo que o cercam. acrescido à Lei 9.394/1996 provoca a inclusão de novos conteúdos,
exige que se repensem relações étnico-raciais, sociais, pedagógicas,
A Distinção entre Preconceito - Discriminação - Racismo procedimentos de ensino, condições oferecidas para aprendizagem,
Existe muito preconceito, racismo e discriminação no contexto objetivos tácitos e explícitos da educação oferecida pelas escolas.
educacional e este é um grande problema de todos nós. Vamos es-
Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de
clarecer um pouco sobre cada conceito:
ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo
da história e cultura afro-brasileira e indígena.
- Preconceito: é uma opinião que formamos das pessoas antes
de conhecê-las. É um julgamento apressado e superficial e muito § 1o O conteúdo programático a que se refere este artigo
perigoso, pois ao invés de melhorar a nossa vida e da sociedade, incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam
acaba trazendo muitas situações complicadas e até mesmo violen- a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos
tas. étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos,
- Racismo: as pessoas que não conseguem deixar de ser pre- a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra
conceituosas podem vir a se tornar racistas. Um racista acredita e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade
que existe raças superiores às outras, o que é grande tolice, pois nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social,
na espécie humana, não podemos dizer que existam raças; a cor econômica e política, pertinentes à história do Brasil.
da pele, a forma do nariz, o tipo do cabelo, o tipo do sangue, o § 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira
formato e cor dos olhos, a espessura dos lábios, não são suficientes e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito
para estabelecer diferentes tipos de raças entre os seres humanos, de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação
que biologicamente são iguais em quase tudo , restando pequenas artística e de literatura e história brasileiras.
diferenças externas pouco importantes e que não servem para fazer
com que uns sejam superiores ou inferiores aos outros e vice versa. Em relação a autonomia dos estabelecimentos de ensino para
- Discriminação: a pessoa que faz isso, geralmente, quer valo- compor os projetos pedagógicos, permite que se valham da cola-
rizar a si próprio e diminuir os demais mesmo “de brincadeira”. É boração das comunidades a que a escola serve, do apoio direto
insegura porque não tem capacidade de conviver com os outros e ou indireto de profissionais e do Movimento Negro, com os quais
aceitar as diferenças naturais entre os seres humanos. Os precon- estabelecerão canais de comunicação e encontrarão formas pró-
ceituosos e racistas têm dificuldades em aceitar e conviver com a prias de incluir nas vivências promovidas pela escola, inclusive em
diferença e. às vezes, suas atitudes chegam ao delírio e como são conteúdos de disciplinas, as temáticas em questão. E caberá, aos
medrosos e inseguros, projetam sobre os outros que são inferiores sistemas de ensino, às mantenedoras, à coordenação pedagógica e
a eles e que não podem ter os mesmos direitos - quando os racistas aos professores, estabelecer conteúdos de ensino, unidades de es-
e preconceituosos agem dessa maneira estão tratando os que eles tudos, projetos e programas, abrangendo os diferentes componen-
julgam como inferiores a ele de maneira discriminatória. Discrimi- tes curriculares. E aos administradores dos sistemas de ensino e das
nação é portanto tratar os outros com inferioridade, se julgando mantenedoras caberá material bibliográfico e materiais didáticos,
superior. além de acompanhar os trabalhos desenvolvidos, a fim de evitar
que questões tão complexas, muito pouco tratadas, tanto na for-
Educação nas relações étnico-raciais - Obrigatoriedade do En- mação inicial como continuada de professores, sejam abordadas de
sino de História e Cultura Afro-Brasileiras - Determinações16 maneira resumida, incompleta, com erros. Em outras palavras, aos
A obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasilei- estabelecimentos de ensino está sendo atribuída responsabilidade
ra e Africana nos currículos da educação básica trata-se de questão de acabar com o modo falso e reduzido de tratar a contribuição dos
política, com repercussões pedagógicas, inclusive na formação de africanos escravizados e de seus descendentes para a construção da
professores. Com esta medida, reconhece-se que, além de garantir nação brasileira, e de fiscalizar para que os alunos negros deixem
vagas para negros nos bancos escolares, é preciso valorizar devida- de sofrer os primeiros e continuados atos de racismo de que são
mente a história e cultura de seu povo, buscando reparar danos, vítimas, e assumir estas responsabilidades implica compromisso
que se repetem há cinco séculos, à sua identidade e a seus direitos. com o entorno sociocultural da escola, da comunidade onde esta
A relevância do estudo de temas decorrentes da história e cul- se encontra e a que serve, compromisso com a formação de cida-
tura afro-brasileira e africana não se restringe à população negra, dãos atuantes e democráticos, capazes de compreender as relações
ao contrário, diz respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem sociais e étnico-raciais de que participam e ajudam a manter e/ou
educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade a reelaborar, capazes de decodificar palavras, fatos e situações a
multicultural e pluriétnica, capazes de construir uma nação demo- partir de diferentes perspectivas, de desempenhar-se em áreas de
crática. competências que lhes permitam continuar e aprofundar estudos
É importante destacar que não se trata de mudar um foco em diferentes níveis de formação.
etnocêntrico marcadamente de raiz europeia por um africano, O Brasil, país multiétnico e pluricultural, de organizações esco-
mas de ampliar o foco dos currículos escolares para a diversidade lares em que todos se vejam incluídos, em que lhes seja garantido o
cultural, racial, social e econômica brasileira. E nesta perspectiva, direito de aprender e de ampliar conhecimentos, sem ser obrigados
16 Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação das relações étnico-raciais a negar a si mesmos, ao grupo étnico racial a que pertencem e a
e para o ensino da história afrobrasileira e africana. Brasília: SECAD/ME, 2004.
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adotar costumes, ideias e comportamentos que lhes são adversos. Diversidade étnico racial como princípio da lei de Diretrizes e
E estes, certamente, serão indicadores da qualidade da educação Bases da Educação Nacional
que estará sendo oferecida pelos estabelecimentos de ensino de A questão diversidade é muito ampla e estudos sobre o referido
diferentes níveis. tema vão desde conceitos, às questões de raça, etnia e gênero, até
Para conduzir suas ações, os sistemas de ensino, os estabeleci- as mais abrangentes pelo fato de se considerar a diversidade como
mentos e os professores terão como referência, entre outros perti- diferença individual entre os indivíduos.
nentes às bases filosóficas e pedagógicas que assumem, os princí- Diversidade étnico racial:
pios a seguir explicitados. É a união de vários povos numa mesma sociedade. Etnia
O sucesso das políticas públicas de Estado, institucionais e pe- é um grupo de indivíduos que possuem afinidades de origem,
dagógicas, visando a reparações, reconhecimento e valorização da história, idioma religião e cultura, independente do país em que se
identidade, da cultura e da história dos negros brasileiros depen- encontrem.
de necessariamente de condições físicas, materiais, intelectuais e O Brasil é um país com grande diversidade étnica, sua popula-
afetivas favoráveis para o ensino e para aprendizagens e em outras ção é composta da miscigenação de vários povos que juntos forma-
palavras, todos os alunos e os professores, precisam sentir-se va- ram uma nova identidade cultural. De acordo com o último censo, a
lorizados e apoiados. Depende também, de maneira decisiva, da população negra conta com percentual de 54% que auto classificam
reeducação das relações entre negros e brancos, o que aqui esta- como negros.
mos designando como relações étnico-raciais. Depende do trabalho A diversidade étnico-racial, é considerada como princípio de en-
conjunto, de articulação entre processos educativos escolares, po- sino com a entrada em vigor da Lei nº 12.796/1317, que alterou a Lei
líticas públicas, movimentos sociais, visto que as mudanças éticas, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e tornou obrigatório o
culturais, pedagógicas e políticas nas relações étnico-raciais não se ensino de história e cultura afro-brasileiras nos estabelecimentos
limitam à escola. de ensinos fundamental e médio, oficiais e particulares. Conforme
Se não é fácil ser descendente de seres humanos escravizados consta:
e forçados à condição de objetos utilitários ou a semoventes, tam- Artigo 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes prin-
bém é difícil descobrir-se descendente dos escravizadores, temer, cípios:
embora veladamente, revanche dos que, por cinco séculos, têm
XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
sido desprezados e massacrados.
Para reeducar as relações étnico-raciais, no Brasil, é necessário
A reflexão sobre o lugar das tradições africanas no redesenho
fazer emergir as dores e medos que têm sido gerados. É preciso
cultural da escola brasileira incentiva professores e professoras a
entender que o sucesso de uns tem o preço da marginalização e
relacionarem-se com o mundo de possibilidades que a sociabilida-
da desigualdade impostas a outros. E então decidir que sociedade
de negra criou, para além das referências e práticas eurocêntricas,
queremos construir daqui para frente.
cujas reiteração e reprodução na escola brasileira ainda fazem desta
Como bem salientou Frantz Fanon, os descendentes dos merca-
mais um problema do que uma solução para os desafios de nossa
dores de escravos, dos senhores de ontem, não têm, hoje, de assu-
sociedade. E essa posição adotada pelo Estado representa uma das
mir culpa pelas desumanidades provocadas por seus antepassados.
grandes inovações em relação à educação das relações étnico-ra-
No entanto, têm eles a responsabilidade moral e política de com-
ciais, representando novas posições a serem adotadas pela estru-
bater o racismo, as discriminações e, juntamente com os que vêm
tura da educação brasileira. Portanto, a diversidade étnico-racial na
sendo mantidos à margem, os negros, construir relações raciais e
condição de princípio do ensino vem afirmar, que deverá constar
sociais sadias, em que todos cresçam e se realizem enquanto seres
em todos os níveis do ensino, inclusive na estrutura da Educação
humanos e cidadãos. Não fossem por estas razões, eles a teriam de
brasileira.
assumir, pelo fato de usufruírem do muito que o trabalho escravo
A cultura afro-brasileira já estava consagrada na Constituição
possibilitou ao país.
Federal, agora como princípio geral do ensino, revela a importância
Assim sendo, a educação das relações étnico-raciais impõe
dada ao tema, representa que nos diversos níveis da Educação há
aprendizagens entre brancos e negros, trocas de conhecimentos,
de ser realizada inclusive nas áreas representadas pelas atividades-
quebra de desconfianças, projeto conjunto para construção de uma
-fim como de controle governamental e meio, nas formações inicial
sociedade justa, igual, equânime. Para combater o racismo, tem
e continuada dos profissionais da Educação. Perceber a diversidade
como objetivo o trabalho pelo fim da desigualdade social e racial,
étnico-racial como princípio proporcionará uma nova dimensão das
empreender reeducação das relações étnico-raciais não são tarefas
interpretações e valorização da identidade cultural, necessariamen-
exclusivas da escola. As formas de discriminação de qualquer natu-
te quando aliada ao propósito da desconstrução do racismo.
reza não têm o seu nascedouro na escola, porém o racismo, as desi-
Esse reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, ci-
gualdades e discriminações correntes na sociedade perpassam por
vis, culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade
ali. Para que as instituições de ensino desempenhem a contento o
daquilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem
papel de educar, é necessário que se constituam em espaço demo-
a população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, racio-
crático de produção e divulgação de conhecimentos e de posturas
cínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras.
que visam a uma sociedade justa.
Porém, requer também que se conheça a sua história e cultura
apresentadas, explicadas, buscando-se especificamente descons-
truir o mito da democracia racial na sociedade brasileira; mito este
17 BRASIL. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Alteração das Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm
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que difunde crença de que, se os negros não atingem os mesmos Esses alunos que compõem a maioria na escola pública atende
patamares que os não negros, é por falta de competência ou inte- e que precisa dar conta, oportunizando condições de aprendiza-
resse, desconsiderando as desigualdades seculares que a estrutura gem, num processo de qualidade. São alunos que estão à margem
social hierárquica cria com prejuízos para o negro. da sociedade, e que muitas vezes passam por diversas circunstân-
cias perversas, como a fome, situações de violência, problemas com
Para que haja realmente a construção de um país democráti- alcoolismo e drogas, situações de abandono, entre outros, e esses
co, faz-se necessário que todos tenham seus direitos garantidos e são os verdadeiros excluídos da sociedade que estão na escola cla-
sua identidade valorizada, a começar pela escola que, infelizmente, mando por ajuda. E as condições socioeconômicas e culturais é um
continua desenvolvendo práticas preconceituosas detectadas no dos fatores que podem interferir, e muito, no desempenho escolar
currículo, no material didático, nas relações entre os alunos, nas dos alunos.
relações entre alunos, e não poucas vezes até professores.
O desafio da escola é de possibilitar a essa grande maioria o
A educação é o fato de maior eficácia para contribuir para a acesso à escola, mas garantindo-lhes permanecer e ter sucesso
promoção dos excluídos. Por isso, muitas ações têm sido desenca- no processo de ensino e aprendizagem, pois o acesso ao conheci-
deadas no sentido de reconhecimento e valorização do negro, ga- mento historicamente elaborado é que poderá dar a esses alunos,
rantindo a eles as mesmas condições, numa constante luta contra muitas vezes excluídos do sistema e da sociedade, condições para
o racismo e o preconceito. Luta esta que deve ser de todos que transformar suas vidas e possibilitar uma maior inserção na comu-
acreditam num país democrático, justo e igualitário. nidade, podendo atuar como cidadãos, capazes de transformá-la.
Atualmente, a Lei nº 12.796/13 que alterou o artigo 3º, inciso XII O sistema escolar e os professores precisam reconhecer nesses
da LDB já retratava a preocupação na reflexão acerca do preconcei- alunos os seres humanos que ali estão e clamam por uma oportu-
to e da discriminação, buscando democratizar e universalizar o ensi- nidade, que sonham com uma perspectiva de vida melhor e que
no, garantindo a todos os alunos o reconhecimento e valorização de querem ter seus direitos de cidadãos garantidos. É preciso destruir
sua cultura, de sua história, de sua identidade, e, assim, combater o o histórico de exclusão e desigualdade do sistema escolar públi-
racismo e as discriminações, educando cidadãos orgulhosos de seu co, reconhecendo em cada aluno suas potencialidades e precisa
pertencimento étnico racial tendo seus direitos garantidos e sua se preocupar em oferecer um ensino público de maior qualidade,
identidade valorizada. que possa compensar, pelo menos parcialmente, as dificuldades de
aprendizagem. É preciso que se fique claro que as crianças que vi-
A escola é responsável por trabalhar esse sentido de promover vem em ambientes desfavoráveis também podem ter um nível de
a inclusão e a cidadania de todos os alunos, visando a eliminar todo aprendizagem satisfatória. E cabe à escola oportunizar essas con-
tipo de injustiça e discriminação, enxergando os seres humanos dições, oferecendo o apoio necessário aos alunos em condições
dotados de capacidades e valorizando-os como pessoas, principal- socioeconômicas e culturais desfavoráveis, ajudando-os a superar
mente dos afrodescendentes, marcados por um histórico triste na as dificuldades e carências do contexto onde vivem, procurando
educação e na sociedade brasileira de discriminação, racismo e pre- destruir o histórico de exclusão e desigualdade do sistema escolar
conceito. O ensino tem o papel importante na transformação da público.
humanidade e ao desenvolver seu trabalho de forma democrática,
comprometendo-se com o ser humano em sua totalidade e respei- A Diversidade Cultural e o Fortalecimento de Identidades e Di-
tando-o em suas diferenças. reitos como Princípio Educativo
Consciência Política e Histórica da Diversidade
Em relação aos afrodescendentes, esses devem ser reconheci- - À igualdade básica de pessoa humana como sujeito de direitos;
dos em nossa sociedade com as mesmas igualdades de oportunida- - À compreensão de que a sociedade é formada por pessoas que
des que são concedidas a outras etnias e grupos sociais, buscando pertencem a grupos étnico-raciais distintos, que possuem cultura
assim eliminar todas as formas de desigualdades raciais e resgatar e história próprias, igualmente valiosas e que em conjunto cons-
a contribuição dos negros na formação da sociedade brasileira e, troem, na nação brasileira, sua história;
assim, valorizando a história da cultura dos afro-brasileiros e afri- - Ao conhecimento e à valorização da história dos povos afri-
canos. canos e da cultura afro-brasileira na construção histórica e cultural
brasileira;
Diversidade Socioeconômica e Cultural - À superação da indiferença, injustiça e desqualificação com
A escola pública possui em sua grande maioria alunos prove- que os negros, os povos indígenas e também as classes populares
nientes de uma classe socioeconômica cultural desfavorecida, de às quais os negros, no geral, pertencem, são comumente tratados;
famílias que possuem uma condição de vida desfavorável e que, na - À desconstrução, por meio de questionamentos e análises
maioria, possuem dificuldades de aprendizagem. São alunos filhos críticas, objetivando eliminar conceitos, ideias, comportamentos
da classe trabalhadora, cujo pais permanecem a maior parte do dia veiculados pela ideologia do branqueamento, pelo mito da demo-
fora de casa trabalhando como empregados em indústrias, lojas, cracia racial, que tanto mal fazem a negros e brancos;
casas de família, em trabalhos sazonais como boias-frias na zona - À busca, da parte de pessoas, em particular de professores
rural, cortadores de cana, pedreiros, garis, empregadas domésticas, não familiarizados com a análise das relações étnico-raciais e sociais
etc., e muitos pais encontram-se até desempregados. com o estudo de história e cultura afro-brasileira e africana, de in-
formações e subsídios que lhes permitam formular concepções não
baseadas em preconceitos e construir ações respeitosas;
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te se esbocem nas relações pedagógicas cotidianas. Medidas que, promovam-se oportunidades de diálogo em que se conheçam, se
convém, sejam compartilhadas pelos sistemas de ensino, estabe- ponham em comunicação diferentes sistemas simbólicos e estru-
lecimentos, processos de formação de professores, comunidade, turas conceituais, bem como se busquem formas de convivência
professores, alunos e seus pais. respeitosa, além da construção de projeto de sociedade em que
todos se sintam encorajados a expor, defender sua especificidade
Medidas que repudiam, como prevê a Constituição Federal21 étnico-racial e a buscar garantias para que todos o façam; - sejam
nos seguintes artigos: incentivadas atividades em que pessoas - estudantes, professores,
servidores, integrantes da comunidade externa aos estabelecimen-
“Artigo 3º, inciso IV: o “preconceito de origem, raça, sexo, cor, tos de ensino - de diferentes culturas interatuem e se interpretem
idade e quaisquer outras formas de discriminação” e o artigo 208, reciprocamente, respeitando os valores, visões de mundo, raciocí-
inciso IV reconhecem que todos são portadores de singularidade nios e pensamentos de cada um.
irredutível e que a formação escolar tem de estar atenta para o - O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, a
desenvolvimento de suas personalSão princípios que mostram as educação das relações étnico-raciais, tal como explicita o presente
exigências de mudança de mentalidade, de maneiras de pensar e parecer, se desenvolverão no cotidiano das escolas, nos diferentes
agir dos indivíduos em particular, assim como das instituições e de níveis e modalidades de ensino, como conteúdo de disciplinas, par-
suas tradições culturais. É neste sentido que se fazem as seguintes ticularmente, Educação Artística, Literatura e História do Brasil, sem
determinações: prejuízo das demais , em atividades curriculares ou não, trabalhos
em salas de aula, nos laboratórios de ciências e de informática, na
- A conexão dos objetivos, estratégias de ensino e atividades utilização de sala de leitura, biblioteca, brinquedoteca, áreas de re-
com a experiência de vida dos alunos e professores, valorizando creação, quadra de esportes e outros ambientes escolares.
aprendizagens vinculadas às suas relações com pessoas negras, - O ensino de História Afro-Brasileira abrangerá, entre outros
brancas, mestiças, assim como as vinculadas às relações entre ne- conteúdos, iniciativas e organizações negras, incluindo a história
gros, indígenas e brancos no conjunto da sociedade; dos quilombos, a começar pelo de Palmares, e de remanescentes
- A crítica pelos coordenadores pedagógicos, orientadores edu- de quilombos, que têm contribuído para o desenvolvimento de
cacionais, professores, das representações dos negros e de outras comunidades, bairros, localidades, municípios, regiões (exemplos:
minorias nos textos, materiais didáticos, bem como providências associações negras recreativas, culturais, educativas, artísticas, de
para corrigi-las; assistência, de pesquisa, irmandades religiosas, grupos do Movi-
- Condições para professores e alunos pensarem, decidirem, mento Negro). Será dado destaque a acontecimentos e realizações
agirem, assumindo responsabilidade por relações étnico-raciais po- próprios de cada região e localidade.
sitivas, enfrentando e superando discordâncias, conflitos, contesta- - Datas significativas para cada região e localidade serão de-
ções, valorizando os contrastes das diferenças; vidamente assinaladas. O 13 de maio, Dia Nacional de Denúncia
- Valorização da oralidade, da corporeidade e da arte, por exem- contra o Racismo, será tratado como o dia de denúncia das reper-
plo, como a dança, marcas da cultura de raiz africana, ao lado da cussões das políticas de eliminação física e simbólica da população
escrita e da leitura; afro-brasileira no pós-abolição, e de divulgação dos significados da
- Educação patrimonial, aprendizado a partir do patrimônio cul- Lei Áurea para os negros. No 20 de novembro será celebrado o Dia
tural afro-brasileiro, visando a preservá-lo e a difundi-lo; Nacional da Consciência Negra, entendendo-se consciência negra
- O cuidado para que se dê um sentido construtivo à participa- nos termos explicitados anteriormente neste parecer. Entre outras
ção dos diferentes grupos sociais, étnico-raciais na construção da datas de significado histórico e político deverá ser assinalado o 21
nação brasileira, aos elos culturais e históricos entre diferentes gru- de março, Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discrimina-
pos étnico-raciais, às alianças sociais; ção Racial.
- Participação de grupos do Movimento Negro, e de grupos cul- - Em História da África, tratada em perspectiva positiva, não só
turais negros, bem como da comunidade em que se insere a esco- de denúncia da miséria e discriminações que atingem o continen-
la, sob a coordenação dos professores, na elaboração de projetos te, nos tópicos pertinentes se fará articuladamente com a história
político-pedagógicos que contemplem a diversidade étnico-racial. dos afrodescendentes no Brasil e serão abordados temas relativos:
- O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, evitan- - ao papel dos anciãos e dos gritos como guardiões da memória his-
do-se distorções, envolverá articulação entre passado, presente e tórica; - à história da ancestralidade e religiosidade africana; - aos
futuro no âmbito de experiências, construções e pensamentos pro- núbios e aos egípcios, como civilizações que contribuíram decisi-
duzidos em diferentes circunstâncias e realidades do povo negro. É vamente para o desenvolvimento da humanidade; - às civilizações
um meio privilegiado para a educação das relações étnico-raciais e e organizações políticas pré-coloniais, como os reinos do Mali, do
tem por objetivos o reconhecimento e valorização da identidade, Congo e do Zimbabwe; - ao tráfico e à escravidão do ponto de vista
história e cultura dos afro-brasileiros, garantia de seus direitos de dos escravizados; - ao papel de europeus, de asiáticos e também de
cidadãos, reconhecimento e igual valorização das raízes africanas africanos no tráfico; - à ocupação colonial na perspectiva dos africa-
da nação brasileira, ao lado das indígenas, europeias, asiáticas. nos; - às lutas pela independência política dos países africanos; - às
- O ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana se fará ações em prol da união africana em nossos dias, bem como o papel
por diferentes meios, em atividades curriculares ou não, em que: - da União Africana, para tanto; - às relações entre as culturas e as
se explicitem, busquem compreender e interpretar, na perspectiva histórias dos povos do continente africano e os da diáspora; - à for-
de quem o formule, diferentes formas de expressão e de organi- mação compulsória da diáspora, vida e existência cultural e históri-
zação de raciocínios e pensamentos de raiz da cultura africana; - ca dos africanos e seus descendentes fora da África; - à diversidade
21 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988. http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm
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da diáspora, hoje, nas Américas, Caribe, Europa, Ásia; - aos acordos - Instalação, nos diferentes sistemas de ensino, de grupo de tra-
políticos, econômicos, educacionais e culturais entre África, Brasil e balho para discutir e coordenar planejamento e execução da forma-
outros países da diáspora. ção de professores para atender ao disposto neste parecer quanto
- O ensino de Cultura Afro-Brasileira destacará o jeito próprio de à Educação das Relações Étnico-Raciais e ao determinado nos Art.
ser, viver e pensar manifestado tanto no dia-a-dia, quanto em cele- 26 e 26A da Lei 9.394/1996, com o apoio do Sistema Nacional de
brações como congadas, moçambiques, ensaios, maracatus, rodas Formação Continuada e Certificação de Professores do MEC.
de samba, entre outras. - Introdução, nos cursos de formação de professores e de outros
- O ensino de Cultura Africana abrangerá: - as contribuições do profissionais da educação: de análises das relações sociais e raciais
Egito para a ciência e filosofia ocidentais; - as universidades africa- no Brasil; de conceitos e de suas bases teóricas, tais como racismo,
nas Timbuktu, Gao, Djene que floresciam no século XVI; - as tecno- discriminações, intolerância, preconceito, estereótipo, raça, etnia,
logias de agricultura, de beneficiamento de cultivos, de mineração cultura, classe social, diversidade, diferença, multiculturalismo; de
e de edificações trazidas pelos escravizados, bem como a produção práticas pedagógicas, de materiais e de textos didáticos, na pers-
científica, artística (artes plásticas, literatura, música, dança, tea- pectiva da reeducação das relações étnico-raciais e do ensino e
tro), política, na atualidade. aprendizagem da História e Cultura dos Afro-brasileiros e dos Afri-
- O ensino de História e de Cultura Afro-Brasileira, se fará por canos.
diferentes meios, inclusive, a realização de projetos de diferentes - Inclusão de discussão da questão racial como parte integrante
naturezas, no decorrer do ano letivo, com vistas à divulgação e estu- da matriz curricular, tanto dos cursos de licenciatura para Educação
do da participação dos africanos e de seus descendentes em episó- Infantil, os anos iniciais e finais da Educação Fundamental, Educa-
dios da história do Brasil, na construção econômica, social e cultural ção Média, Educação de Jovens e Adultos, como de processos de
da nação, destacando-se a atuação de negros em diferentes áreas formação continuada de professores, inclusive de docentes no En-
do conhecimento, de atuação profissional, de criação tecnológica sino Superior.
e artística, de luta social (tais como: Zumbi, Luiza Nahim, Aleijadi- - Inclusão, respeitada a autonomia dos estabelecimentos do
nho, Padre Maurício, Luiz Gama, Cruz e Souza, João Cândido, André Ensino Superior, nos conteúdos de disciplinas e em atividades cur-
Rebouças, Teodoro Sampaio, José Correia Leite, Solano Trindade, riculares dos cursos que ministra, de Educação das Relações Étnico-
Antonieta de Barros, Edison Carneiro, Lélia Gonzáles, Beatriz Nas- -Raciais, de conhecimentos de matriz africana e/ou que dizem res-
cimento, Milton Santos, Guerreiro Ramos, Clóvis Moura, Abdias do peito à população negra. Por exemplo: em Medicina, entre outras
Nascimento, Henrique Antunes Cunha, Tereza Santos, Emmanuel questões, estudo da anemia falciforme, da problemática da pressão
Araújo, Cuti, Alzira Rufino, Inaicyra Falcão dos Santos, entre outros). alta; em Matemática, contribuições de raiz africana, identificadas
- O ensino de História e Cultura Africana se fará por diferentes e descritas pela Etno-Matemática; em Filosofia, estudo da filosofia
meios, inclusive a realização de projetos de diferente natureza, no tradicional africana e de contribuições de filósofos africanos e afro-
decorrer do ano letivo, com vistas à divulgação e estudo da partici- descendentes da atualidade.
pação dos africanos e de seus descendentes na diáspora, em episó- - Inclusão de bibliografia relativa à história e cultura afro-bra-
dios da história mundial, na construção econômica, social e cultural sileira e africana às relações étnico-raciais, aos problemas desen-
das nações do continente africano e da diáspora, destacando-se a cadeados pelo racismo e por outras discriminações, à pedagogia
atuação de negros em diferentes áreas do conhecimento, de atua- antirracista nos programas de concursos públicos para admissão de
ção profissional, de criação tecnológica e artística, de luta social. professores.
- Para tanto, os sistemas de ensino e os estabelecimentos de - Inclusão, em documentos normativos e de planejamento dos
Educação Básica, nos níveis de Educação Infantil, Educação Funda- estabelecimentos de ensino de todos os níveis - estatutos, regimen-
mental, Educação Média, Educação de Jovens e Adultos, Educação tos, planos pedagógicos, planos de ensino - de objetivos explíci-
Superior, precisarão providenciar: tos, assim como de procedimentos para sua consecução, visando
- Registro da história não contada dos negros brasileiros, tais ao combate do racismo, das discriminações, e ao reconhecimento,
como em remanescentes de quilombos, comunidades e territórios valorização e respeito das histórias e culturas afro-brasileira e afri-
negros urbanos e rurais. cana.
- Apoio sistemático aos professores para elaboração de planos, - Previsão, nos fins, responsabilidades e tarefas dos conselhos
projetos, seleção de conteúdos e métodos de ensino, cujo foco seja escolares e de outros órgãos colegiados, do exame e encaminha-
a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e a Educação das Re- mento de solução para situações de racismo e de discriminações,
lações Étnico-Raciais. buscando-se criar situações educativas em que as vítimas rece-
- Mapeamento e divulgação de experiências pedagógicas de bam apoio requerido para superar o sofrimento e os agressores,
escolas, estabelecimentos de ensino superior, secretarias de edu- orientação para que compreendam a dimensão do que praticaram
cação, assim como levantamento das principais dúvidas e dificul- e ambos, educação para o reconhecimento, valorização e respeito
dades dos professores em relação ao trabalho com a questão racial mútuos.
na escola e encaminhamento de medidas para resolvê-las, feitos - Inclusão de personagens negros, assim como de outros grupos
pela administração dos sistemas de ensino e por Núcleos de Estu- étnico-raciais, em cartazes e outras ilustrações sobre qualquer tema
dos Afro-Brasileiros. abordado na escola, a não ser quando tratar de manifestações cul-
- Articulação entre os sistemas de ensino, estabelecimentos de turais próprias, ainda que não exclusivas, de um determinado grupo
ensino superior, centros de pesquisa, Núcleos de Estudos Afro-Bra- étnico-racial.
sileiros, escolas, comunidade e movimentos sociais, visando à for- - Organização de centros de documentação, bibliotecas, midio-
mação de professores para a diversidade étnico-racial. tecas, museus, exposições em que se divulguem valores, pensa-
mentos, jeitos de ser e viver dos diferentes grupos étnico-raciais
brasileiros, particularmente dos afrodescendentes.
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- Identificação, com o apoio dos Núcleos de Estudos Afro-Bra- terpretar as orientações, enriquecer, executar as determinações
sileiros, de fontes de conhecimentos de origem africana, a fim de aqui feitas e avaliar seu próprio trabalho e resultados obtidos por
selecionarem-se conteúdos e procedimentos de ensino e de apren- seus alunos, considerando princípios e critérios apontados.
dizagens;
- Incentivo, pelos sistemas de ensino, a pesquisas sobre proces- Ao analisar as políticas educacionais no país não pode negligen-
sos educativos orientados por valores, visões de mundo, conheci- ciar os marcos históricos, políticos, econômicos e a relação com o
mentos afro-brasileiros e indígenas, com o objetivo de ampliação e Estado e a sociedade, apontam uma série de ações realizadas pe-
fortalecimento de bases teóricas para a educação brasileira. las escolas públicas na implementação das leis n. 10.639/03 e a Lei
- Identificação, coleta, compilação de informações sobre a po- 12.796/2013, representam a implementação de ações afirmativas
pulação negra, com vistas à formulação de políticas públicas de Es- voltadas para a população negra brasileira, as quais são desenvolvi-
tado, comunitárias e institucionais. das juntamente com as políticas públicas de caráter universal.
- Edição de livros e de materiais didáticos, para diferentes níveis No caso da diversidade étnico-racial, é importante entender
e modalidades de ensino, que atendam ao disposto neste parecer, que os avanços que essa tem vivenciado no campo da política edu-
em cumprimento ao disposto no Art. 26A da LDB, e, para tanto, cacional e na construção da igualdade e da equidade mantêm re-
abordem a pluralidade cultural e a diversidade étnico-racial da na- lação direta com as lutas políticas da população negra em prol da
ção brasileira, corrijam distorções e equívocos em obras já publica- educação ao longo dos séculos, pois trata-se de uma demanda po-
das sobre a história, a cultura, a identidade dos afrodescendentes, lítica do Movimento Negro nos dias atuais e de outros movimentos
sob o incentivo e supervisão dos programas de difusão de livros sociais partícipes da luta antirracista na construção da democracia.
educacionais do MEC - Programa Nacional do Livro Didático e Pro- Uma democracia que assuma o direito à diversidade como par-
grama Nacional de Bibliotecas Escolares (PNBE). te constitutiva dos direitos sociais e assim equacione de forma mais
- Divulgação, pelos sistemas de ensino e mantenedoras, com o sistemática a diversidade étnico-racial, a igualdade e a equidade.
apoio dos Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros, de uma bibliografia
afro-brasileira e de outros materiais como mapas da diáspora, da
África, de quilombos brasileiros, fotografias de territórios negros EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS, DEMOCRACIA E
urbanos e rurais, reprodução de obras de arte afro-brasileira e afri- CIDADANIA
cana a serem distribuídos nas escolas da rede, com vistas à forma-
ção de professores e alunos para o combate à discriminação e ao
racismo. EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
- Oferta de Educação Fundamental em áreas de remanescentes Estamos vendo como os Direitos Humanos ocupam, em nossos
22
de quilombos, contando as escolas com professores e pessoal ad- dias, lugar de destaque tanto nas agendas governamentais como
ministrativo que se disponham a conhecer física e culturalmente, a nos movimentos da sociedade civil, tornando-se condição imperati-
comunidade e a formar-se para trabalhar com suas especificidades. va à consideração da dignidade da pessoa humana. No processo de
- Garantia, pelos sistemas de ensino e entidades mantenedoras, afirmação desses direitos, a educação representa papel importante,
de condições humanas, materiais e financeiras para execução de ao possibilitar a conscientização, a reflexão e a proposição de ações
projetos com o objetivo de Educação das Relações Étnico-Raciais e que podem e devem ser implementadas nas escolas. Educar em Di-
estudo de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, assim como reitos Humanos é exigência colocada às escolas e demais espaços
organização de serviços e atividades que controlem, avaliem e redi- educativos, cabendo aos Conselhos Escolares, juntamente com ou-
mensionem sua consecução, que exerçam fiscalização das políticas tras instituições da comunidade escolar, estimular a sua permanen-
adotadas e providenciem correção de distorções. te reflexão e apontar formas e mecanismos para sua viabilização. Os
- Realização, pelos sistemas de ensino federal, estadual e mu- Conselhos Escolares podem contribuir nesse processo educativo,
nicipal, de atividades periódicas, com a participação das redes das por meio, por exemplo:
escolas públicas e privadas, de exposição, avaliação e divulgação - Do incentivo e apoio à organização de reuniões, palestras, de-
dos êxitos e dificuldades do ensino e aprendizagem de História e bates sobre te- mas como discriminação, violência escolar, igualda-
Cultura Afro-Brasileira e Africana e da Educação das Relações Étni- de de gênero, igualdade étnico/ racial, entre outros;
co-Raciais; assim como comunicação detalhada dos resultados ob- - Do acompanhamento e discussão das situações de desrespeito
tidos ao Ministério da Educação, à Secretaria Especial de Promoção aos Direitos Humanos, para a busca de soluções conjuntas;
da Igualdade Racial, ao Conselho Nacional de Educação, e aos res- - Da participação, junto com outros segmentos da escola, em
pectivos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, para que campanhas informativas e de conscientização sobre os direitos e
encaminhem providências, quando for o caso. deveres dentro da escola.
- Adequação dos mecanismos de avaliação das condições de - Da iniciativa de realização de atividades educativas, organiza-
funcionamento dos estabelecimentos de ensino, tanto da educação das junto com a comunidade escolar, em datas significativas, como
básica quanto superior, ao disposto neste Parecer; inclusive com a o Dia Internacional da Mulher, o Dia do Trabalho, o Dia da Consciên-
inclusão nos formulários, preenchidos pelas comissões de avalia- cia Negra, o Dia Internacional dos Direitos Humanos, entre outras.
ção, nos itens relativos a currículo, atendimento aos alunos, projeto
pedagógico, plano institucional, de quesitos que contemplem as
orientações e exigências aqui formuladas.
- Disponibilização deste parecer, na sua íntegra, para os pro- 22 Conselho Escolar e Direitos Humanos - Brasília: Presidência da República,
fessores de todos os níveis de ensino, responsáveis pelo ensino de Secretaria Especial dos Direitos Humanos; Ministério da Educação, Secretaria de
diferentes disciplinas e atividades educacionais, assim como para Educação Básica, 2008. Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos
outros profissionais interessados a fim de que possam estudar, in- Escolares.
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Declaração Universal dos Direitos Humanos23 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na con-
dição política, jurídica ou internacional do país ou território a que
Adotada e proclamada pela Assembleia Geral das Nações Uni- pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente,
das (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948. sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limi-
tação de soberania.
Preâmbulo
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a Artigo 3
todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança
inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no pessoal.
mundo.
Considerando que o desprezo e o desrespeito pelos direitos hu- Artigo 4
manos resultaram em atos bárbaros que ultrajaram a consciência Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão
da humanidade e que o advento de um mundo em que mulheres e e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
homens gozem de liberdade de palavra, de crença e da liberdade de
viverem a salvo do temor e da necessidade foi proclamado como a Artigo 5
mais alta aspiração do ser humano comum. Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou casti-
Considerando ser essencial que os direitos humanos sejam pro- go cruel, desumano ou degradante.
tegidos pelo império da lei, para que o ser humano não seja compe-
lido, como último recurso, à rebelião contra a tirania e a opressão. Artigo 6
Considerando ser essencial promover o desenvolvimento de re- Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, re-
lações amistosas entre as nações. conhecido como pessoa perante a lei.
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram, na
Carta, sua fé nos direitos fundamentais do ser humano, na digni- Artigo 7
dade e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos do Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer dis-
homem e da mulher e que decidiram promover o progresso social e tinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção
melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla. contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e
Considerando que os Países-Membros se comprometeram a contra qualquer incitamento a tal discriminação.
promover, em cooperação com as Nações Unidas, o respeito uni-
versal aos direitos e liberdades fundamentais do ser humano e a Artigo 8
observância desses direitos e liberdades. Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais
Considerando que uma compreensão comum desses direitos e competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos
liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela
desse compromisso. lei.
Agora portanto a Assembleia Geral proclama a presente Decla-
ração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser Artigo 9
atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
que cada indivíduo e cada órgão da sociedade tendo sempre em
mente esta Declaração, esforce-se, por meio do ensino e da educa- Artigo 10
ção, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacio- e pública audiência por parte de um tribunal independente e im-
nal, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância uni- parcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qual-
versais e efetivos, tanto entre os povos dos próprios Países-Mem- quer acusação criminal contra ele.
bros quanto entre os povos dos territórios sob sua jurisdição.
Artigo 11
Artigo 1 1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em rela- provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe te-
ção uns aos outros com espírito de fraternidade. nham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa.
2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão
Artigo 2 que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional
1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qual- aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso.
quer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimen- Artigo 12
to, ou qualquer outra condição. Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua
família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua
honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei
contra tais interferências ou ataques.
23 https://www.unicef.org/brazil/pt/resources_10133.htm
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Artigo 13 Artigo 22
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e re- Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à
sidência dentro das fronteiras de cada Estado. segurança social, à realização pelo esforço nacional, pela coopera-
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclu- ção internacional e de acordo com a organização e recursos de cada
sive o próprio e a esse regressar. Estado, dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis
à sua dignidade e ao livre desenvolvimento da sua personalidade.
Artigo 14
1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de Artigo 23
procurar e de gozar asilo em outros países. 1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de
2. Esse direito não pode ser invocado em caso de perseguição emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contra o desemprego.
contrários aos objetivos e princípios das Nações Unidas. 2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual
remuneração por igual trabalho.
Artigo 15 3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remune-
1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. ração justa e satisfatória que lhe assegure, assim como à sua famí-
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, lia, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se
nem do direito de mudar de nacionalidade. acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles
Artigo 16 ingressar para proteção de seus interesses.
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restri-
ção de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair ma- Artigo 24
trimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive a limi-
ao casamento, sua duração e sua dissolução. tação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas perió-
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno con- dicas.
sentimento dos nubentes.
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e Artigo 25
tem direito à proteção da sociedade e do Estado. 1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de
assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimen-
Artigo 17 tação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais
1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em socie- indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doen-
dade com outros. ça invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. subsistência em circunstâncias fora de seu controle.
2. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistên-
Artigo 18 cia especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matri-
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, cons- mônio, gozarão da mesma proteção social.
ciência e religião; esse direito inclui a liberdade de mudar de reli-
gião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença Artigo 26
pelo ensino, pela prática, pelo culto em público ou em particular. 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será
gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A ins-
Artigo 19 trução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expres- será acessível a todos, bem como a instrução superior está baseada
são; esse direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opi- no mérito.
niões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por 2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvi-
quaisquer meios e independentemente de fronteiras. mento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito
pelos direitos do ser humano e pelas liberdades fundamentais. A
Artigo 20 instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre
1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e asso- todas as nações e grupos raciais ou religiosos e coadjuvará as ativi-
ciação pacífica. dades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.
2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de
instrução que será ministrada a seus filhos.
Artigo 21
1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo Artigo 27
de seu país diretamente ou por intermédio de representantes livre- 1. Todo ser humano tem o direito de participar livremente da
mente escolhidos. vida cultural da comunidade, de fruir as artes e de participar do
2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço pú- progresso científico e de seus benefícios.
blico do seu país. 2. Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses mo-
3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; rais e materiais decorrentes de qualquer produção científica literá-
essa vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por ria ou artística da qual seja autor.
sufrágio universal, por voto secreto ou processo equivalente que
assegure a liberdade de voto.
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prática. Vários programas e planos governamentais foram construí- manos; formulação e divulgação de estudos, pesquisas e produção
dos, acompanhando os documentos elaborados na esfera interna- de materiais relativos à Educação em Direitos Humanos; monitora-
cional. mento e avaliação da implementação do PNEDH.
No Programa Nacional de Direitos Humanos de 1996, por exem-
plo, já estava presente um item dedicado à educação e à cidada- Aspectos Conceituais e Metodológicos da Educação em Direi-
nia, compreendendo-as como bases para uma cultura de Direitos tos Humanos na Escola
Humanos. Nessa parte do Programa, estavam previstas ações de A Educação em Direitos Humanos, para ser realizada de forma
produção e distribuição de informações e conhecimento, de cons- efetiva, precisa ser desenvolvida por meio de uma prática pedagó-
cientização e mobilização pelos Direitos Humanos. O PNDH de gica coerente e articulada com seus valores. Em outras palavras,
2002, em uma nova versão, dá destaque à educação, enfatizando deve ser uma prática pedagógica em Direitos Humanos. Para isso,
a conscientização e a mobilização. Propõe fortalecer programas de alguns passos iniciais são fundamentais nesse trabalho. O PNEDH,
Educação em Direitos Humanos nas escolas de ensino fundamen- documento de referência para essa área no país, considera a edu-
tal e médio; incentivar campanhas nacionais sobre a importância cação um meio privilegiado na promoção dos Direitos Humanos.
do respeito aos Direitos Humanos; apoiar programas de formação, Por isso, a primeira questão que precisa ser definida num processo
educação e treinamento em Direitos Hu- manos para profissionais de EDH é a sua finalidade, que é a de construção de uma cultura de
de Direito (advogados, promotores, procuradores, juízes, desem- Direitos Humanos. O segundo passo nesse processo é compreender
bargadores), policiais, agentes penitenciários e lideranças sindicais, que educar em Direitos Humanos não é apenas ter conhecimento
associativas e comunitárias, entre outros. Em 2003, com a criação e do tema. É imprescindível ter uma prática coerente com o discurso
a implantação do Comitê Nacional de Educação em Direitos Huma- utilizado, pois é impossível pensar num educador e numa educado-
nos, no âmbito da SEDH, foi iniciado o processo de elaboração do ra em Direitos Humanos que se relaciona de forma autoritária com
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, que contou com seus educandos e educandas. Como podemos querer que estudan-
a participação de diversas instituições políticas e da sociedade civil tes sejam protagonistas na construção de uma cultura de Direitos
em uma ampla discussão em todos os estados. Esse processo foi Humanos se eles não puderem se identificar com um discurso posto
desenvolvido em etapas, a partir da elaboração de versões do docu- em prática? Nessa área, portanto, educar com o exemplo é a for-
mento que foram sendo modificadas e melhoradas com a discussão ma mais eficaz. Assim, é preciso desenvolver atitudes positivas, que
nos estados. A última versão do PNEDH é de 2006. estimulem o respeito ao ser humano, a tolerância à diferença, às
Vejamos os pontos principais do PNEDH: relações democráticas e solidárias, de forma a quebrar o ciclo de
- Conceito de Educação em Direitos Humanos A EDH é enten- desigualdade, violência, discriminação e exclusão. Partindo dessas
dida como um processo sistemático e de variadas dimensões, que questões, todas as demais ações que compõem um processo de
orienta a formação do sujeito de direitos, incluindo conhecimentos EDH devem ser elaboradas por meio de uma metodologia partici-
e habilidades, valores, atitudes e comportamentos, e ação. Ou seja, pativa, democrática e baseada no diálogo, ou seja, uma metodolo-
é composta pela conexão: conhecimento-valores-ação. Por isso, a gia de ensino e aprendizagem em que o aluno e a aluna participem
EDH precisa do desenvolvimento de processos participativos e de diretamente da construção das informações.
construção coletiva, e do fortalecimento de práticas individuais e Como a EDH deve estar presente no dia-a-dia, nas diversas si-
sociais que favoreçam a apreensão de conhecimentos, a formação tuações e relações cotidianas, a escola precisa ter um compromisso
de uma consciência cidadã e a afirmação de uma cultura de Direitos com os Direitos Humanos e promover o desenvolvimento de uma
Humanos. prática pedagógica democrática, coerente e articulada com seus
- Objetivos Seus principais objetivos são: destacar o papel estra- valores.
tégico da Educação em Direitos Humanos para o fortalecimento da É importante lembrar que a EDH não é tarefa exclusiva da escola.
democracia no país, e orientar políticas educacionais direcionadas Ela acontece nos diversos campos de formação e convivência, mas
para a constituição de uma formação e de uma cultura de Direitos é no âmbito da educação formal, ou seja, no âmbito da escola, que
Humanos. as condições são mais favoráveis para a socialização dos conteúdos
- Áreas temáticas São cinco as áreas temáticas: educação bási- e valores relacionados aos Direitos Humanos. Por isso mesmo, um
ca (compreendendo educação infantil, ensino fundamental, ensino dos objetivos do PNEDH é o de orientar as políticas educacionais
médio); educação superior; educação não-formal; educação dos para a constituição de uma cultura de Direitos Humanos. Lógico que
profissionais dos sistemas de justiça e segurança; educação e mídia. para trabalhar essa questão na escola é preciso redefinir seu papel,
- Linhas gerais de ação No total, são sete: 1) desenvolvimen- a partir da elaboração de um projeto político-pedagógico que seja
to normativo e institucional (responsável pela criação de normas participativo e construído de forma democrática, a fim de que a
e pela inserção da questão no cotidiano das instituições educacio- formação dos educandos seja assumida pelo coletivo (Silva, 2000).
nais); 2) produção de informação e conhecimento; 3) produção e Os conteúdos de Direitos Humanos devem ser trabalhados de
divulgação de materiais; 4) formação e capacitação de profissionais, várias maneiras e de forma prazerosa, por meio da música, teatro,
5) gestão de programas e projetos; 6) realização de parcerias e in- poesia, literatura, etc., aproveitando o que cada comunidade tem
tercâmbios internacionais; 7) avaliação e monitoramento. de riqueza cultural.
- Processo de implementação O processo de implementação Qual deve ser o direcionamento da Educação em Direitos Hu-
compreende ações de: divulgação do documento; articulação de manos? Dentro desse contexto, é preciso enfatizar que educar em
parcerias e intercâmbios no âmbito internacional e nacional; inte- Direitos Humanos não se restringe meramente a informar. Ao con-
gração de esferas de governo nos níveis federal, estadual e muni- trário, é uma ação recíproca no processo ensino-aprendizagem.
cipal; implementação e apoio a projetos de Educação em Direitos Também não pode ser reduzida à introdução de alguns conhecimen-
Humanos; formação e capacitação de promotores de Direitos Hu- tos na área dos Direitos Humanos, mas constituir-se num processo
que possibilite uma ação transformadora, especialmente porque
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envolve a questão dos valores. É nesse sentido que o PNEDH defen- - A inclusão da capacitação em Direitos Humanos nas metodo-
de a dimensão da afirmação de valores, atitudes e práticas sociais logias didáticas correspondentes na formação de professores/as
que expressem a cultura de Direitos Humanos em todos os espaços antes e depois de sua entrada no sistema de ensino;
sociais. A postura do educador e da educadora frente a esse traba- - A organização de atividades extracurriculares tanto nas escolas
lho é essencial. Ele não pode ser um mero transmissor dos conteú- como no âmbito da família e da comunidade;
dos, mas ter a convicção de que o respeito aos Direitos Humanos é - A preparação do material didático;
fundamental para todas as pessoas. Lembrando que é necessário - O estabelecimento de redes de apoio de professores e outros
educar com o exemplo, pois o discurso não pode estar desconec- profissionais (tais como grupos de Direitos Humanos, sindicatos de
tado da prática. Assim, o princípio didático mais importante nesse docentes, organizações não governamentais, etc.).
âmbito é o de que não basta refletir sobre os Direitos Humanos,
é preciso vivenciá-los e praticar os valores que os fundamentam. Construção Coletiva
Dessa forma, será possível fortalecer as práticas individuais e sociais É importante que as pessoas analisem em grupo a informação
que gerem ações e instrumentos em favor da promoção e proteção recebida sobre Direitos Humanos e deixem de ser receptoras
dos Direitos Humanos, conforme estabelecido no PNEDH. passivas, transformando-se em produtoras de conhecimentos.
Que metodologias devem guiar esse processo? As metodolo- Por meio dela, a pessoa se apropria do discurso e o recria, ou seja,
gias e estratégias adotadas no desenvolvimento da EDH no ensino reelabora as várias mensagens e as traduz num discurso próprio,
formal devem propiciar sua incorporação de forma transversal e que passa a orientar as atuações da sua vida.
transdisciplinar15, seguindo a proposta do PNEDH. Isso é o que vai Algumas das técnicas pedagógicas sugeridas para o ensino
garantir um gradual processo de consolidação da EDH em todos os na área de Direitos Humanos a partir dessa metodologia são:
âmbitos da escola. intercâmbio livre de ideias; estudos de caso; debate; expressão
Para a educação básica, o PNEDH define os seguintes princípios criativa (utilização de técnicas como a poesia, a expressão gráfica,
norteadores da Educação em Direitos Humanos: a escultura, o teatro, as canções, a dança, etc.); excursões/visitas à
- A educação deve ter a função de desenvolver uma cultura de comunidade; entrevistas; projetos de investigação; jogos/simula-
Direitos Hu- manos; ções; material visual (cartazes, fotografias, vídeos, etc.).
- A escola deve assegurar que os objetivos e práticas sejam coe-
rentes com os valores e princípios da Educação em Direitos Huma- A Educação Como Direito Humano
nos, possibilitando que a EDH ocorra em espaços marcados pelo O ato de educar-se permanentemente é inerente ao ser huma-
entendimento mútuo, respeito e responsabilidade; no. Por isso, podemos afirmar que a educação é um Direito Huma-
- A EDH deve estruturar-se na diversidade cultural e ambiental, no básico, condição para o exercício da cidadania. É uma condição
garantindo a cidadania, o acesso ao ensino, permanência e conclu- para a realização do ser humano.
são, a equidade e a qualidade da educação; A educação como um Direito Humano assume um sentido am-
- A EDH deve ser um dos eixos fundamentais da educação bá- plo, que vai além da educação formal, da educação escolar que,
sica e estar presente no currículo, na formação inicial e continuada apesar de sua inegável contribuição à formação dos seres humanos,
dos profissionais da educação, no projeto político-pedagógico da não é tarefa e não acontece apenas na escola. Essa ação se proces-
escola, nos materiais didático-pedagógicos, no modelo de gestão sa em diferentes espaços: na família, nas instituições, nas práticas
e avaliação; sociais e políticas, na convivência social, no trabalho, no lazer, nas
- A prática escolar deve ser orientada para a EDH, assegurando práticas culturais.
o seu caráter transversal e a relação de diálogo entre os diversos Por outro lado, a escolarização como Direito Humano é, na atua-
atores sociais. Além disso, outros princípios relacionados à prática lidade, reconhecida na maioria dos países. Entretanto, em grande
pedagógica em Direitos Humanos contribuem para o desenvolvi- parte dos países em desenvolvimento, o direito à escolarização, de
mento da metodologia específica para essa área. forma universal, que atenda a todas as pessoas, ainda é um ideal a
conquistar. Na condição de um Direito Humano, a educação é re-
Por outro lado, os fundamentos metodológicos para a EDH de- conhecida internacional- mente, figurando no Pacto Internacional
vem estar baseados na compreensão de que esse é um processo dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (artigo 13). Da mesma
contínuo, no qual a estratégia da oficina pedagógica é fundamental. forma, o direito à educação está declarado na nossa Constituição
Essa deve ser vivenciada como espaço de análise da realidade, de Federal de 1988, artigo 6º, como um direito subjetivo, que pode
intercâmbio de experiências, de forma a possibilitar um processo ser reclamado por qualquer cidadão e cidadã quando não ofertado,
de construção coletiva do saber. As dinâmicas adotadas nas ofi- ou a oferta não for de forma adequada, estabelecendo um avanço
cinas – aulas dialogadas, discussão de textos, reflexão e debate a substantivo na legislação educacional. Além disso, é importante
partir de vídeos e dramatizações de situações concretas – devem lembrar que a LDB define, entre as finalidades da educação, o pre-
igualmente propiciar a socialização da palavra, a participação e a paro dos educandos para o exercício da cidadania (artigo 2º).
criatividade. Complementando esses passos, as Nações Unidas ela- Na qualidade de um Direito Humano, a realização da educação
boraram um conjunto de orientações para que a inserção da EDH não pode estar dissociada de todos os outros direitos. Isso é o que
nos sistemas educacionais tenha sustentabilidade e seja completa explica o princípio da indivisibilidade dos Direitos Humanos. E o Di-
e eficaz, quais sejam: reito Humano à educação favorece a realização dos demais direitos,
- A incorporação do ensino dos Direitos Humanos nas leis nacio- pois, por meio da educação, desenvolve-se o empoderamento18
nais que regulam a educação que se ministra nas escolas; das pessoas. Por exemplo, participar do Conselho Escolar, do Grê-
- A modificação dos programas de estudo e dos livros de texto; mio Estudantil, da Associação de Pais e Mestres, de movimentos
comunitários ou de bairros, de movimentos sociais como os femi-
nistas, os ecológicos, os étnicos, de GLBTT, de negros, etc., constitui
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formas de empoderamento, porque as pessoas passam a ter um preocupação com o desenvolvimento pleno das potencialidades do
poder de pressão maior, tendo em vista o exercício e a conquista de indivíduo, valorizando a dimensão do trabalho, do lazer e das ar-
direitos políticos, econômicos e sociais. tes. Um espaço, portanto, de formação e exercício da cidadania, da
A educação, portanto, deve ser tratada e realizada como um di- prática da participação e da construção da democracia. Isso porque
reito, e não como um serviço. E, como tal, não deve resumir-se a a tarefa de qualificar as novas gerações para a sociedade da infor-
ofertas de vagas nas escolas públicas. Não é apenas o acesso à es- mação ou do conhecimento, de forma vinculada ao exercício pleno
cola que garante a realização do direito à educação. É preciso asse- de sua cidadania, requer a urgente reconstrução de sua forma de
gurar a qualidade do ensino, a permanência e a aprendizagem dos ser, tornando-a um espaço vivo e prazeroso, em que a prática da
alunos na escola, a formação continuada dos professores e demais criatividade, do senso crítico, da participação, seja uma constante
trabalhadores em educação e também da família, com a realização em seu cotidiano.
de palestras promovidas pelo Conselho Escolar, além de investir em Essa escola, como local de mediação da cidadania, deve desen-
uma educação de princípios e valores democráticos que responda volver a tarefa de preparar os alunos para assumir a sua condição
aos interesses da comunidade. De igual forma, é necessário assegu- de sujeitos construtores da história, na medida em que intervêm
rar que a gestão da escola esteja respaldada por uma legislação que na realidade em que vivem, como atores das práticas sociais. Uma
assegure a promoção dos Direitos Humanos. escola, portanto, preocupada com o exercício da cidadania e que,
Não seria interessante fazer uma pesquisa junto à comunidade por isso, cria condições para que os alunos se apropriem de conhe-
escolar sobre o conhecimento e a vivência da legislação que rege a cimentos relevantes e possam produzir novos saberes e fazeres,
escola? Como conselheiros, em ação conjunta com a direção, vocês de forma solidária e articulada com o contexto social e político da
podem, dentre outras ações, propor: sociedade. Quando estamos defendendo a escola como espaço de
- Colocar essas legislações à disposição da comunidade escolar, exercício da cidadania é porque estamos certos de que a cidadania
na biblioteca; é uma condição da própria existência humana, pois o homem só
- Colocar, quinzenalmente, no mural da escola, alguns artigos de consegue ser plenamente humano quando exerce a sua cidadania,
legislação que tratem da questão dos Direitos Humanos; que implica na garantia e efetivação de direitos civis, políticos, so-
- Afixar o regimento em áreas de circulação da escola para que ciais, culturais, econômicos e ambientais. Estamos falando, assim,
todos possam ler; na cidadania plena, uma cidadania que envolve a garantia dos direi-
- Estudar com os alunos o Estatuto da Criança e do Adolescente. tos em todos os seus sentidos e dimensões. É por isso que cidadania
A concepção de educação como um Direito Humano necessi- deve constituir um tema central numa escola que tem como obje-
ta do esforço conjunto do governo e da sociedade para atender a tivo formar pessoas/sujeitos de direitos. Significa que a escola deve
todos os brasileiros, indistintamente, situando-o como um direito incluir, em sua proposta pedagógica, o estudo e a reflexão crítica so-
público e subjetivo. A efetivação do direito à educação depende, de bre os Direitos Humanos, uma condição indispensável para que ela
um lado, da vontade política dos governantes, ao situá-la como um possa formar cidadãos. Não podem ser cidadãos de direitos quem
imperativo na definição das políticas públicas e, de outro da força não conhece os direitos do cidadão, os direitos da pessoa humana.
da mobilização da sociedade civil organizada, sobretudo, dos seg-
mentos educacionais, na medida em que se conscientizam do seu
status de Direito Humano. Um direito, portanto, imperativo. A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA
A educação como um Direito Humano nos impõe considerar a
diferença como um de seus indicadores. O reconhecimento das di-
ferenças é um elemento indispensável ao respeito à pessoa huma- A escola tem como função criar uma forte ligação entre o for-
na. São muitos os movimentos da sociedade civil que vêm lutando mal e teórico, ao cotidiano e prático. Reúne os conhecimentos com-
pela constituição de novos direitos a partir do respeito às diferenças provados pela ciência ao conhecimento que o aluno adquire em sua
existentes entre as pessoas e grupos sociais, e pela urgente neces- rotina, o chamado senso comum. Já o professor, é o agente que
sidade de eliminação das enormes desigualdades produzidas pela possibilita o intermédio entre escola e vida, e o seu papel principal
nossa sociedade. é ministrar a vivência do aluno ao meio em que vive.
preparo profissional dos educadores, salas de aula superlotadas, o trabalho e trabalha para sobreviver. Sendo levado a esquecer de
cursos de formação acelerados, salários baixos, falta de recursos, que é um ser humano, um integrante do meio social em que vive,
currículos e programas pré-elaborados pelo governo, dentre tantos um cidadão capaz de transformar a realidade que o aliena, o exclui.
outros fatores, tudo em busca da redução de custos. Há uma contribuição de Saviani (2000, p.36) que a respeito do
Todas essas questões contribuem de fato para a crise educa- homem considera “(...) existindo num meio que se define pelas co-
cional, mas é preciso ir além e buscar compreender o núcleo dessa ordenadas de espaço e tempo. Este meio condiciona-o, determina-
problemática, encontrar a raiz desses fatores, entendendo de onde -o em todas as suas manifestações.” Vê-se a relação da escola na
eles surgem. A grande questão é: qual a origem desses fatores que formação do homem e na forma como ela reproduz o sistema de
impedem a qualidade na educação? classes.
Certamente a resposta para uma discussão tão atual como essa Para Duarte (2003) assim como para Saviani (1997) o trabalho
surja com o estudo sobre as bases que compõem a sociedade atual. educativo produz nos indivíduos a humanidade, alcançando sua fi-
Pois, ao analisar o sistema capitalista nas suas mais amplas esferas, nalidade quando os indivíduos se apropriam dos elementos cultu-
descobre-se que todas essas problemáticas surgem da forma como rais necessários a sua humanização.
a sociedade está organizada com bases na propriedade privada, lu- O essencial do trabalho educativo é garantir a possibilidade do
cro, exploração do ser humano e da natureza e se manifestam na homem tornar-se livre, consciente, responsável a fim de concretizar
ideologia do sistema. sua humanização. E para issotanto a escola como as demais esfe-
Um sistema que prega a acumulação privada de bens de pro- ras sociaisdevem proporcionar a procura, a investigação, a reflexão,
dução, formando uma concepção de mundo e de poder baseada buscando razões para a explicação da realidade, uma vez que é atra-
no acumular sempre para consumir mais, onde quanto mais bens vés da reflexão e do diálogo que surgem respostas aos problemas.
possuir, maior será o poder que exercerá sobre a sociedade, acaba Saviani (2000, p.35) questiona “(...) a educação visa o homem;
por provocar diversos problemas para a população, principalmen- na verdade, que sentido terá a educação se ela não estiver voltada
te para as classes menos favorecidas, como: falta de qualidade na para a promoção do homem?” E continua sua indagação ao refle-
educação, ineficiência na saúde, aumento da violência, tornando os tir “(...) uma visão histórica da educação mostra como esta esteve
sistemas públicos, muitas vezes, caóticos. sempre preocupada em formar determinado tipo de homem. Os
Independentemente do discurso sobre a educação, ele sempre tipos variam de acordo com as diferentes exigências das diferentes
terá uma base numa determinada visão de homem, dentro e em épocas. Mas a preocupação com o homem é uma constante.”
função de uma realidade histórica e social específica. Acredita-se Os espaços educativos, principalmente aqueles de formação de
que a educação baseia-se em significações políticas, de classe. Frei- educadores devem orientar para a necessidade da relação subjeti-
tag (1980) ressalta a frequente aceitação por parte de muitos estu- vidade-objetividade, buscando compreender as relações, uma vez
diosos de que toda doutrina pedagógica, de um modo ou de outro, que, os homens se constroem na convivência, na troca de experi-
sempre terá como base uma filosofia de vida, uma concepção de ências. É função daqueles que educam levar os alunos a romperem
homem e, portanto, de sociedade. com a superficialidade de uma relação onde muitos se relacionam
Ainda segundo Freitag (1980, p.17) a educação é responsável protegidos por máscaras sociais, rótulos.
pela manutenção, integração, preservação da ordem e do equilí-
brio, e conservação dos limites do sistema social. E reforça “para A educação, vista de um outro paradigma, enquanto mecanis-
que o sistema sobreviva, os novos indivíduos que nele ingressam mo de socialização e de inserção social aponta-se como o caminho
precisam assimilar e internalizar os valores e as normas que regem para construção da ética. Não usando-a para cumprir funções ou
o seu funcionamento.” realizar papéis sociais, mas para difundir e exercitar a capacidade de
A educação em geral, designa-se com esse termo a transmissão reflexão, de criticidade e de trabalho não-alienado.
e o aprendizado das técnicas culturais, que são as técnicas de uso, (...) sem ingenuidade, cabe reconhecer os limites impostos pela
produção e comportamento, mediante as quais um grupo de ho- exploração, pela exclusão social e pela renovada força da violência,
mens é capaz de satisfazer suas necessidades, proteger-se contra a da competição e do individualismo. Assim, se a educação e a ética
hostilidade do ambiente físico e biológico e trabalhar em conjunto, não são as únicas instâncias fundamentais, é inegável reconhecer
de modo mais ou menos ordenado e pacífico. Como o conjunto des- que, sem a palavra, a participação, a criatividade e apolítica, muito
sas técnicas se chama cultura, uma sociedade humana não pode so- pouco, ou quase nada, podemos fazer para interferir nos contextos
breviver se sua cultura não é transmitida de geração para geração; complexos do mundo contemporâneo. Esse é o desafio que diz res-
as modalidades ou formas de realizar ou garantir essa transmissão peito a todos nós. (RIBEIRO; MARQUES; RIBEIRO 2003, p.93)
chama-se educação. (ABBAGNANO, 2000, p. 305-306) A escola não pode continuar a desenvolver o papel de agência
Assim a educação não alienada deve ter como finalidade a for- produtora de mão de obra. Seu objetivo principal deve ser formar o
mação do homem para que este possa realizar as transformações educando como homem humanizado e não apenas prepará-lo para
sociais necessárias à sua humanização, buscando romper com o os o exercício de funções produtivas, para ser consumidor de produ-
sistemas que impedem seu livre desenvolvimento. tos, logo, esvaziados, alienados, deprimidos, fetichizados.24
A alienação toma as diretrizes do mundo do trabalho no seio
da sociedade capitalista e no modo como esse modelo de produção Função social do educador
nega o homem enquanto ser, pois a maioria das pessoas vive ape- Quando se fala na função social do professor, observa-se que
nas para o trabalho alienado, não se completa enquanto ser, tem existe um conjunto de situações relacionadas como atitudes, valo-
como objetivo atingir a classe mais alta da sociedade ou, ao menos, res, éticas, que formam itens fundamentais para o seu desenvolvi-
sair do estado de oprimido, de miserável. Perde-se em valores e mento no papel da educação. No primeiro momento ira se fazer um
valorações, não consegue discernir situações e atitudes, vive para
24 Fonte: www.webartigos.com
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análise sobre as atitudes e valores de ensino, e em seguida sobre o quência do reforço positivo ou negativo que recebem (em forma de
papel da educação no desenvolvimento de competências éticas e aprovação e reconhecimento dos outros ou em forma de autograti-
de valores. ficação: sentir-se bem, reforçar a própria autoestima, etc [...]
Percebe-se que existe uma série de fatores que se relacionam Um ponto importante no processo de construção das atitudes
com o processo de aprendizagem, que envolvem professor, aluno esta o papel do professor. Ele tem a função de criar um processo de
e escola. Esses fatores são: Atitudes e valores vão se formando ao aprendizagem dinâmico entendendo a necessidade e diversidade
longo da vida, através de influências sociais; A escola tem papel do aluno, mostrando os caminhos corretos para o desenvolvimento
fundamental no desenvolvimento das atitudes e valores através de das atitudes.
um modelo pedagógico eficiente; O ensino e a aprendizagem estão Segundo Trillo ( 2000, p.44) o professor tem que ter a habili-
relacionados num processo de desenvolvimento das atitudes e va- dade de estimular os alunos através de trabalhos dinâmicos de ex-
lores de acordo com a diversidade cultural; O Professor como ponte pressão pessoal, em meio a diversidade e perspectivas diferentes,
de ligação entre a escola e o aluno, proporcionando o desenvolvi- acompanhando e valorizando os pontos dos trabalhos, de modo a
mento das atitudes no processo de aprendizagem. enriquecer as atitudes dos aluno.
Quando se fala em atitude, é comum escutar frases como: ela [...] O professor /a que procura nos trabalhos a expressão pes-
é uma pessoa de atitude, ou não vejo que ela tenha atitude. Mas soal dos seus estudantes, e que os adverte valorará a originalidade
afinal o que é atitude. como um dos pontos importantes dos seus trabalhos, esta a estabe-
De acordo com Trilo (2000, p.26) atitude é algo interno que se lecer as bases de uma atitude de expressão livre. E se isto ampliar,
manifesta através de um estado mental e emocional, e que não tem no sentido em que, numa fase posterior do processo, cada um de-
como ser realizadas medições para avaliação de desempenho e não verá ir expondo e justificando as suas conclusões pessoais, parece
esta exposto de forma que possam ser visualizados de maneira cla- provável que a atitude de trabalho pessoal será enriquecida com
ra. a componente de reflexão e a que diz respeito a diversidade e as
[...] Que se trata de uma dimensão ou de um processo inte- diferentes perspectivas sobre as coisas [...]
rior das pessoas, uma espécie de substrato que orienta e predispõe As atitudes de valores de ensino é um processo dinâmico e
atuar de uma determinada maneira. Caso se trate de um estado construtivo, e cada vez mais necessita da presença da escola, pro-
mental e emocional interior, não estará acessível diretamente (não fessor, aluno e demais ambientes sociais, visto que o processo de
será visível de fora e nem se poderá medir) se não através de suas aprendizagem se torna eficiente e eficaz, quando todos os envolvi-
manifestações internas. [...] dos tenham discernimento de trabalhar o conhecimento tomando
atitudes corretas de acordo com os valores éticos, morais e sociais.
A atitude é um processo dinâmico que vai se desenvolvendo no
decorrer da vida mediante situações que estão em sua volta como O Papel da Educação no Desenvolvimento de Competências
escola, família, trabalho. Trillo(2000) relata que “atitude é mas uma Éticas e de Valores
condição adaptável as circunstâncias: surgem e mantém-se intera- Desenvolver a educação alinhada a ferramentas como ética e
ção que individuo tem com os que o rodeiam”. valores não é tarefa fácil quando se depara com uma diversidade de
A escola é fator importante no desenvolvimento da atitude, situações que se encontra na sociedade do mundo de hoje.
pois no decorrer de nossa vida se passa boa parte do tempo numa A educação não é a única alternativa para todas as dificuldades
unidade de ensino, o que proporciona uma inserção de conheci- que se encontra no mundo atual. Mas, a educação significa um im-
mento. portante caminho para que o conhecimento, seja uma semente de
Segundo Trillo (2000, p.28) a escola através ações educativas, uma nova era para ser plantada e que cresça para dar bons frutos
proporciona os estímulos necessários na natureza para a constru- para sociedade.
ção de valores. De acordo com Johann (2009, p.19) a ética é um fator primor-
[...] Do ponto de vista da teoria das atitudes, pelo nos casos em dial na educação, pois já é parte do principio da existência humana.
que se acedeu ao seu estudo a partir de casos de delineamentos [...] Se a educação inclui a ética como uma condição para que
vinculados a educação, não surgem controvérsias importantes no ela se construa de acordo com a sua tarefa primordial, antes de
que se refere ao facto de se tratar ou não natureza humana suscep- tudo, buscaremos compreender o que se entende por educar e de
tíveis de serem estimulados através da ação educativa. Ou seja, pa- que tarefa se trata aqui. Para explicitar o conceito de educação que
rece existir um acordo geral segundo o qual as atitudes e os valores assumimos ao relacioná-la com a ética, começaremos por contex-
poderiam se ensinados na escola [...] tualizar a existência humana, razão da emergência do fenômeno
As ações das atitudes começam a se desenvolver logo na educativo e das exigências éticas [...]
criança quando ela esta rodeada de exemplos de família, amigos e Percebe-se a importância da ética no processo de aprendiza-
principalmente pelos ensinamentos da escola. É interessante que gem, onde alunos professores e escolas, devem selar este principio
quando se tem um ambiente favorável e principalmente dos pais, na troca de informações para o crescimento do conhecimento.
acompanhando e orientando a criança, percebe-se a construção de Os valores a serem desenvolvidos como uma competência edu-
boas atitudes. cacional, é um desafio para escolas, professores e alunos devido a
De acordo com Trillo (200, p.35) as crianças imitam os compor- diversidade social, em que tem que ter um alinhamento flexível do
tamentos em sua volta, de maneira que são estimuladas através de modelo pedagógico das escolas e da didática do professor.
exemplos de atitudes positivas, o que proporciona a autoestima. Segundo Araujo e Puig ( 2007, p.35) os valores mundo educa-
[...] Nesta perspectiva, os mecanismos básicos da aquisição cional devem ser construídos com base num envolto de ferramen-
são a imitação e o esforço. As crianças pequenas vão imitando os tas como democracia, cidadania e direitos humanos, de modo que
comportamentos que observam a sua volta e, desta forma, esses estes valores a todo instante se relacionam com a diversidade social
comportamentos vão se fixando ou desaparecendo, como conse- no ambiente interno e externo da escola.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
[...] Assim o universo educacional em que os sujeitos vivem de- O papel do pedagogo
vem estar permeados por possibilidades de convivência cotidiana De acordo com a pedagogia inclusiva, para que os objetivos
com valores éticos e instrumentos que facilitem as relações inter- estabelecidos sejam alcançados, o primeiro passo é reconsiderar o
pessoais pautadas em valores vinculados a democracia, a cidada- papel do pedagogo no espaço educacional, sua atuação para a com-
nia e aos direitos humanos. Com isso, fugimos de um modelo de preensão da dignidade humana e o respeito às diferenças no am-
educação em valores baseado exclusivamente baseado em aulas de biente escolar. Seu papel não pode resumir-se às incontáveis tarefas
religião, moral ou ética e compreendemos que a construção de va- burocráticas que lhe são designadas. Assim, é papel do pedagogo:
lores se da a todo instante, dentro e fora da escola. Se a escola e a • pensar a organização das práticas pedagógicas sendo media-
sociedade propiciarem possibilidades constantes e significativas de dor do processo de ensino e aprendizagem de forma a garantir a
convívio com temáticas éticas, haverá maior probabilidade de que consistência das ações e intenções do fazer pedagógico.
tais valores sejam construídos pelo sujeitos [...] • estar ciente de que seu trabalho no interior das escolas exige,
Contudo, a função social do professor é um ambiente bem na sua essência, um domínio mais aprofundado das questões edu-
complexo de se analisar, visto que ela esta relacionada a situações cacionais e pedagógicas, transcendendo a espontaneidade trivial e
como atitudes, valores e éticas, estes itens de grande importância o imediatismo reinante na cultura escolar.
para o desenvolvimento além do professor, mas para escolas e alu- • atuar de forma concreta nos diversos âmbitos da prática edu-
nos, pois a sociedade em que se vive, é cada vez mais diversificada, cativa, como mediador e articulador na construção do Projeto Po-
exigindo do professor flexibilidade de métodos de ensino, e das es- lítico Pedagógico (PPP) da escola e do Plano de trabalho Docente
colas modelos pedagógicos mais dinâmicos, para satisfazer a neces- (PTD) dos professores, direcionando para uma proposta pedagógica
sidade dos alunos diversificados a fim de construir uma sociedade de educação inclusiva de forma que a flexibilidade curricular trans-
com conhecimento.25 ponha a teoria e se efetive na prática docente atendendo as especi-
ficidades de todos os alunos.
• enquanto orientador do processo inclusivo, o pedagogo deve
INCLUSÃO EDUCACIONAL E RESPEITO À DIVERSIDADE trabalhar a questão da superação ao preconceito em relação às di-
ferenças no espaço escolar, preconizando a valorização do ser hu-
mano, sua identidade e suas necessidades.
Todas as crianças são capazes de aprender e têm direito a um • pensar a interação social dos sujeitos é imprescindível en-
ensino de qualidade para que alcancem todo o seu potencial. Por- tender e reconhecer a importância de interagir uns com os outros;
tanto, é essencial que todos os professores se envolvam com as segundo a abordagem Histórico-Cultural, que tem como precursor
complexas questões de diversidade e inclusão. O objetivo da peda- Vygotsky, o desenvolvimento humano se dá em relação nas trocas
gogia inclusiva é ampliar o que geralmente é oferecido a todos os entre parceiros sociais, pelos processos de interação e mediação.
alunos, em vez de oferecer algo diferente ou adicional para alunos • entender o processo de inclusão deve ser entendido a partir
com dificuldades de aprendizagem. do pressuposto que o desenvolvimento da criança com deficiência
é igual ao das crianças sem deficiência, interagindo com crianças
Educação Especial X Educação Inclusiva iguais e diferentes, a diferença é que necessita de condições especí-
Apesar de semelhantes, as abordagens têm peculiaridades ficas às suas particularidades.
muito diferentes. Na educação especial, o ensino é totalmente vol- • ser mediador do processo de inclusão, oferecendo condições
tado para alunos com deficiência. Já na educação inclusiva, todos os concretas para que a deficiência seja significada através de expe-
alunos com e sem deficiência têm a oportunidade de conviverem e riências em que a criança possa construir sua identidade e estru-
aprenderem juntos. turas psicológicas de forma a sentir-se valorizada nos processos de
A ideia da inclusão é mais do que somente garantir o acesso à ação e interação com os demais.
entrada de alunos nas instituições de ensino. O objetivo é eliminar
obstáculos que limitam a aprendizagem e participação no processo Educação Inclusiva
educativo. No caso das instituições especializadas, os professores Os movimentos a favor da educação inclusiva tiveram como
possuem formação complementar e, em geral, há equipamentos meta a reestruturação das escolas de modo que atendessem às
para atender algumas demandas dos alunos. Assim, os objetivos necessidades de todas as crianças, ampliando as oportunidades de
da educação especial são os mesmos da educação em geral. O que acesso ao ensino e participação social (Ainscow, Porter, & Wang,
difere, entretanto, é o atendimento, que passa a ser de acordo com 1997).
as necessidades individuais de cada aluno. Foi assinalada por esses autores a relevância da participação
em equipe, dos professores e dos gestores, para a organização da
Diversidade programação cultural e estrutural da instituição e dos papéis dos
É importante destacar que a diversidade, por si só, não caracte- especialistas na reconceptualização das necessidades educativas
riza uma Educação Inclusiva. Uma escola pode ser um espaço diver- especiais. Três fatores chave foram apontados para a viabilização
so, que acolhe crianças com diferentes vivências e realidades, mas da inclusão educacional: o aproveitamento da energia dos alunos;
ela só será inclusiva se desenvolver um senso de pertencimento e a organização de classes que encorajassem o processo social de
de participação entre os seus alunos. aprendizagem e da capacidade de respostas do professor ao fee-
dback dado pelos alunos: a capacidade do professor e da instituição
de modificar planos e atividades.
O que difere uma educação inclusiva de uma não inclusiva
25 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Abordagem da educação não inclusiva Focalização no aluno Abordagem da educação inclusiva Focalização na classe
Avaliação do aluno por especialistas Resultados das Avaliação das condições de ensino-aprendizagem
avaliações traduzidos em diagnóstico/ prescrição Resolução cooperativa de problemas
Programa para os alunos Estratégias para os professores Adaptação e apoio na classe
Colocação em um programa apropriado regular
O sistema educacional brasileiro passou por grandes mudanças nos últimos anos e tem conseguido cada vez mais respeitar a diversi-
dade, garantindo a convivência e a aprendizagem de todos os alunos.
As práticas educacionais desenvolvidas nesse período e que promovem a inclusão na escola regular dos alunos com deficiência (física,
intelectual, visual, auditiva e múltipla), com transtorno global do desenvolvimento e com altas habilidades, revelam a mudança de paradig-
ma incorporada pelas equipes pedagógicas. Essas ações evidenciam os esforços dos educadores em ensinar a turma toda e representam
um conjunto valioso de experiências.
A educação especial como modalidade de ensino ainda está se difundindo no contexto escolar. Para que se torne efetiva, precisarão
dispor de redes de apoio que complementem o trabalho do professor. Atualmente, as redes de apoio existentes são compostas:
- pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE) e
-pelos profissionais da educação especial (intérprete, professor de Braille, etc.) da saúde e da família.
De acordo com o Mini-dicionário Aurélio (2004), incluir (inclusão) significa: 1Conter ou trazer em si; compreender, abranger. 2Fazer
tomar parte; inserir, introduzir. 3Fazer constar de lista, de série, etc; relacionar.”
Para Monteiro (2001): “[...] A inclusão é a garantia, a todos, do acesso contínuo ao espaço comum da vida em sociedade, uma socieda-
de mais justa, mais igualitária, e respeitosa, orientada para o acolhimento a diversidade humana e pautada em ações coletivas que visem
a equiparação das oportunidades de desenvolvimento das dimensões humanas (MONTEIRO, 2001, p. 1).”
De acordo com Mantoan (2005), inclusão:
“É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro e, assim, ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes
de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas, sem exceção. É para o estudante com deficiência física, para os que têm comprome-
timento mental, para os superdotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo. Costumo
dizer que estar junto é se aglomerar no cinema, no ônibus e até na sala de aula com pessoas que não conhecemos. Já inclusão é estar com,
é interagir com o outro.”
Em se tratando de educação partimos do pressuposto de que inclusão é a idéia de que todas as crianças têm o direto de se educar
juntos em uma mesma escola, sem que esta escola exija requisitos para ingresso e não selecione os alunos, mas, sim, uma escola que
garanta o acesso e a permanência com sucesso, dando condições de aprendizagem a todos os seus alunos.
Tudo isso é possível na medida em que a escola promova mudanças no seu processo de ensinar e aprender, reconhecendo o valor de
cada criança e o seu estilo de aprendizagem, reconhecendo que todos possuem potencialidades e que estas potencialidades devem ser
desenvolvidas.
Quando pensamos em uma escola inclusiva, é necessário pensar em uma modificação da estrutura, do funcionamento e da resposta
educativa, fazendo com que a escola dê lugar para todas as diferenças e não somente aos alunos com necessidades especiais.
A fim de mudar a sua prática educativa, a escola deverá desenvolver estratégias de ensino diferenciadas que possibilitem o aluno a
aprender e se desenvolver adequadamente.
De acordo com Carvalho (2000, p. 111) “A proposta inclusiva pressupõe uma ‘nova’ sociedade e, nela, uma escola diferente e melhor
do que a que temos.” E diz ainda,
“Mas aceitar o ideário da inclusão, não garante ao bem intencionado mudar o que existe, num passe de mágica. A escola inclusiva,
isto é, a escola para todos deve estar inserida num mundo inclusivo onde as desigualdades não atinjam os níveis abomináveis com os quais
temos convivido.”
A escola é o espaço primordial para se oportunizar a integração e melhor convivência entre os alunos, os professores e possibilita o
acesso aos bens culturais.Portanto é preciso que a escola busque trabalhar de forma democrática, oferecendo oportunidades de uma vida
melhor para todos independente de condição social, econômica, raça, religião, sexo, etc. Todos os alunos têm direito de estarem na escola,
aprendendo e participando, sem ser discriminado ou ter que enfrentar algum tipo de preconceito por motivo algum.
Segundo Haddad (2008) “[...] o benefício da inclusão não é apenas para crianças com deficiência, é efetivamente para toda a comu-
nidade, porque o ambiente escolar sofre um impacto no sentido da cidadania, da diversidade e do aprendizado.” Na Constituição Federal
(1988) a educação já era garantida como um direito de todos e um dos seus objetivos fundamentais era, “promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.”
No (artigo 3º, inciso IV) da Constituição Federal (1988), como também no artigo 205, a educação é declarada como um direito de
todos, devendo ela garantir o pleno desenvolvimento da pessoa, o seu exercício de cidadania e a qualificação para o trabalho. A educação
inclusiva é reconhecida como uma ação política, cultural, social e pedagógica a favor do direito de todos a uma educação de qualidade e
de um sistema educacional organizado e inclusivo.
À escola cabe a responsabilidade em atender as diferenças, considerando que para haver qualidade na educação é necessário assegu-
rar uma educação que se preocupe em atender a diversidade.
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qualidade. É um grande desafio para a escola pública levar os alu- ça na orientação sexual e nas formas como as diferenças de gêne-
nos a reflexão sobre a diversidade de nossa cultura, marcada pela ro se estabelecem, não justificam a exclusão. É preciso enxergar o
religiosidade. mundo presente nas relações humanas e aceitar que a diversidade
Segundo Heerdt, (2003, p. 34) baseada na igualdade e na diferença é possível.
“É fundamental que as escolas incentivem os educandos a co- A escola precisa levar a reflexão sobre as diferenças e precon-
nhecer a sua própria religião, a ter interesse por outras formas de ceitos de gênero, buscando sensibilizar a todos os envolvidos na
religiosidade, valorizando cada uma e respeitando a diversidade re- educação para as situações que produzem preconceitos e resultam
ligiosa, sem nenhum tipo de preconceito.” em desigualdades, muito presentes no cotidiano escolar, onde mui-
A escola pública deve trabalhar no sentido de ampliar os limi- tas vezes preponderam falas ou situações diversas de distinção de
tes quanto aos vários tipos de culturas religiosas, desmontando os sexo entre os alunos. É preciso ter consciência que o enaltecimento
preconceitos, fazendo com que todos sejam ouvidos e respeitados, da diferença de gênero traz aspectos negativos, desconsiderando
pois intolerância religiosa é desrespeito aos direitos humanos. De muitas vezes o direito, a habilidade e a capacidade de cada pessoa.
acordo com o Código Penal Brasileiro constitui crime (punível com
multa e até detenção), zombar publicamente de alguém por moti- De acordo com Vianna e Ridenti (1998, p. 102)
vo de crença religiosa, impedir ou perturbar cerimônia ou culto, e “O ambiente escolar pode reproduzir imagens negativas e
ofender publicamente imagens e outros objetos de culto religioso. preconceituosas, por exemplo, quando professores relacionam o
Assim, cada cidadão precisa assumir a postura do respeito pelo ser rendimento de suas alunas ao bom comportamento, ou quando as
humano, independente de religião ou crença, tendo consciência de tratam como esforçadas e quase nunca como potencialmente bri-
que cada pessoa pode fazer sua opção religiosa e manifestar-se li- lhantes, capazes de ousadia e lideranças. O mesmo pode ocorrer
vremente de acordo com os princípios de cada cultura. com os alunos quando estes não correspondem a um modelo mas-
culino predeterminado.”
Diversidades de gênero A escola, como bem aponta o material pedagógico “Educar
Vivemos em uma sociedade pluralista, onde o respeito à indivi- para a diversidade – um guia para professores sobre orientação se-
dualidade e o direito de expressão devem ser considerados. xual e identidade de gênero”, tem a função de contribuir para o
fortalecimento da autoestima dos alunos, independente do gêne-
A escola pública deve ser o espaço das liberdades democráti- ro, buscando afirmar o respeito pelo outro, bem como o interesse
cas. pelos sentimentos dos outros, independente das suas diferenças, É
preciso que cada um reconheça no outro: homem, mulher, homos-
Segundo Gomes (1998, p.116), “Entre preconceitos e discrimi- sexual, etc, pessoas com necessidades, interesses, sentimentos... e
nações, cabe à escola pública o importante papel de proporcionar a que estas possuem seu valor na sociedade e precisam ser valori-
seus alunos um modelo de tolerância a ser aplicado na sociedade.” zados e terem os mesmos direitos garantidos a qualquer cidadão.
Ao se abordar a questão de gênero, logo vem a idéia de gênero
ligada aos sexos masculino e feminino, enfatizando a questão da Diversidades do campo
exclusão da mulher, sempre desprivilegiada na sociedade ao lon- A escola atende em seu cotidiano, muitos alunos advindos de
go da história. Essa exclusão é marcada na sociedade em diversas diversos grupos, entre eles, possui os alunos do campo com sua
situações, como mercado de trabalho, política etc, privilegiando o cultura e seus valores que precisam ser reconhecidos e valorizados,
homem, e enxergando-o com capacidade de liderança, força física, pois são muitas as influências e contribuições trazidas por eles,
virilidade, capaz de garantir o sustento da família e atender ao mer- principalmente em relação ao trabalho, a história, o jeito de ser, os
cado de trabalho, etc, em contraposição a mulher vista como repro- conhecimentos e experiências, etc.
dutora, com a responsabilidade por cuidar dos filhos, da família, das A LDB 9394/96 (1996), reconhece a diversidade do campo e as
atividades domésticas, etc. suas especificidades, estabelecendo as normas para a educação do
Muitas transformações vêm ocorrendo nas relações de sexo na campo em seu artigo 28.
sociedade, fazendo com que essa visão sobre a mulher seja des- A escola precisa refletir sobre a educação para as pessoas do
mistificada e dando oportunidades às mulheres para dividirem os campo, que muitas vezes são obrigados a aceitar e desenvolver seu
mesmos espaços profissionais e pessoais com os homens, apesar processo educativo dentro de um currículo totalmente urbano, que
de ainda haver uma grande desproporção e divisão de poderes que desconhece a realidade e as necessidades do campo.
favorecem mais aos homens, discriminando, por sua vez, o sexo fe- As pessoas que vivem no campo têm sua cultura, seus saberes
minino. de experiência, seu cotidiano, que acabam sendo esquecidos, fa-
Mas quando se trata a questão de gênero na sociedade não zendo com que percam sua identidade, supervalorizando somente
podemos relacionar somente ao sexo feminino ou masculino, pois o espaço urbano, quando eles têm muitos conhecimentos a serem
atualmente abrange também outras formas culturais de construção considerados e aproveitados pela escola.
de sexualidade humana, vistos muitas vezes com desprezo e com Na maioria das vezes esses alunos advindos do campo preci-
atitudes discriminatórias na sociedade e, mesmo, na escola, como sam deixar seu habitat para irem estudar nas cidades. Seria muito
os homossexuais, um grupo que, assim como as mulheres, sofreram importante que a educação desses alunos fosse realizada no e do
e continuam sofrendo discriminações ao longo dos séculos e, tem campo, privilegiando a cultura ali no seu espaço, de acordo com
sofrido com os estigmas, estereótipos e preconceitos. sua realidade. Porém esses alunos são retirados do seu espaço e
É preciso desconstruir os preconceitos e estereótipos em ter- trazidos para os centros urbanos para que o seu processo de esco-
mos de diferença sexual, possibilitando a inclusão de todas as pes- larização aconteça, o que acaba colocando em risco suas vidas em
soas, sejam elas do sexo feminino ou masculino e, considerando as meios de transportes precários e estradas rurais ruins. O povo do
múltiplas formas em que estes podem se desdobrar, pois a diferen-
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
campo quer ver garantido o seu direito à educação, mas que este A escola é a responsável em oportunizar aos alunos o acesso
seja assegurado ali no ambiente em que vivem, atendendo as suas aos conhecimentos historicamente produzidos, principalmente a
especificidades. escola pública regular, considerada o local preferencial para a es-
De acordo com Caldart (2002, apud DCE Educação do Campo, colarização formal dos alunos com necessidades especiais, tendo
2006, p. 27) “[...] o povo tem o direito de ser educado no lugar onde como forma de complementação curricular os apoios e serviços
vive; o povo tem o direito a uma educação pensada desde o seu especializados.
lugar e com sua participação, vinculada à sua cultura e às suas ne- É chegada a hora de a escola oferecer oportunidades a todos
cessidades humanas e sociais.” os alunos indiscriminadamente, como um direito essencial na vida
Já que este direito de ter a educação ali onde vive deixou de de cada cidadão, inclusive os com necessidades especiais. Assim,
existir e, enquanto essa realidade permanece, é necessário que se a escola regular precisa se preocupar em refletir com seus alunos
promovam reflexões e discussões acerca da vida no campo, valori- o conceito de diferença e de especial, salientando que não são so-
zando os alunos do campo que frequentam a escola urbana, que mente os alunos com necessidades especiais que são diferentes e
não podem ser marginalizados ou discriminados por sua condição especiais, mas todos nós e que, as mesmas oportunidades devem
geográfica. ser dadas a todos, para que possam obter sucesso em sua vida es-
Muitos assuntos relacionados à vida no campo podem ser colar e pessoal e assim, exercer a cidadania.
abordados pelos professores em seu dia-a-dia da sala de aula como Há a necessidade de criar dentro da escola espaços para diá-
reforma agrária, MST, desenvolvimento sustentável, cultura, produ- logos, trocas de idéias e experiências, a fim de reconhecer os alu-
ção agrícola, entre outros, primando por fazer com que estes alunos nos considerados como especiais e valorizá-los dentro do ensino
sintam-se valorizados dentro da escola e que tenham sua cultura, regular, visando remover barreiras frente à diferença e reconhecer
forma e estilo de vida valorizados . que cada aluno possui as suas potencialidades e, a eles, devem ser
Segundo Caldart (2005, apud DCE Educação do Campo, 2006) oportunizadas, condições de acesso, permanência e sucesso na es-
“[...] A escola precisa cumprir sua vocação universal de ajudar no cola regular.
processo de humanização, com as tarefas específicas que pode Carvalho (2006) afirma que é necessário desmontar o mito de
assumir nesta perspectiva.” Ao mesmo tempo, é chamada a estar que os professores do ensino regular não estão preparados para
atenta às particularidades dos processos sociais do seu tempo his- trabalhar com esses alunos e que não são alunos do ensino regular
tórico e ajudar na formação das novas gerações trabalhadoras e de e sim da educação especial, onde terão os chamados especialistas
militantes sociais. para atendê-los. A escola, enquanto instituição aberta a todos, pre-
Os alunos advindos do campo precisam se sentir parte do pro- cisa superar o sentimento de rejeição que os alunos com neces-
cesso e terem o seu valor reconhecido pela sociedade, a começar sidades especiais enfrentam e, lutar para que tenham as mesmas
pela escola, que trabalha no sentido de desenvolver a humanização oportunidades que são oferecidas aos outros alunos assegurando-
e a emancipação dos cidadãos. -lhes o desenvolvimento da aprendizagem. Assim é preciso algumas
Alunos com necessidades educacionais especiais modificações no sistema e na escola como:
Aos alunos com necessidades educacionais especiais devem - no currículo e nas adaptações curriculares;
ser garantidos os mesmos direitos e as mesmas oportunidades dos - na avaliação contínua do trabalho;
alunos ditos “normais”, pois a escola é o espaço de formação para - na intervenção psicopedagógica;
todos. Segundo Carvalho (2000, p. 106) “Enquanto espaço de for- - em recursos materiais;
mação, diz respeito ao desenvolvimento, nos educandos, de sua - numa nova concepção de especial em educação, etc.
capacidade crítica e reflexiva, do sentimento de solidariedade e de
respeito às diferenças, dentre outros valores democráticos.” Diversidade etnico-racial e cultura afro-brasileira e africana
O movimento pela inclusão oportuniza o direito de todos os Somos uma sociedade sem preconceitos? Há igualdade de di-
alunos de estarem juntos aprendendo, tendo suas especificidades reitos entre negros e brancos em nossa sociedade? Presenciamos
atendidas. situações de preconceito em nosso dia-a- -dia, evidenciadas em fra-
Assim, a Lei abre espaço também aos alunos com necessidades ses como estas: “pessoa de cor “, “a coisa tá preta”, “olha o cabelo
educacionais especiais a serem atendidos em escolas especiais ou dela”, “olha a cor do fulano”, “tem o pezinho na senzala”, “serviço
escolas regulares, de acordo com suas especificidades. de preto”, etc?
A Constituição Federal de 1988 define, em seu artigo 205, a A escola é responsável por trabalhar no sentido de promover a
educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvol- inclusão e a cidadania de todos os alunos, visando a eliminar todo
vimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o tipo de injustiça e discriminação, enxergando os seres humanos
trabalho. dotados de capacidades e valorizando-os como pessoas, principal-
No artigo 206, inciso 1, estabelece a “igualdade de condições mente dos afro-descendentes, marcados por um histórico triste na
de acesso e permanência na escola”, como um dos princípios para educação e na sociedade brasileira de discriminação, racismo e pre-
o ensino e, garante, como dever do Estado, a oferta do atendimen- conceito.
to educacional, preferencialmente na rede regular do ensino (art. A escola tem o importante papel de transformação da huma-
208). nidade e precisa desenvolver seu trabalho de forma democrática,
A atual LDB 9394/96 (1996) também assegura aos alunos com comprometendo-se com o ser humano em sua totalidade e res-
necessidades educacionais especiais o atendimento, em seu arti- peitando-o em suas diferenças. De acordo com Ribeiro (2004, p. 7)
go 4, inciso 3 “atendimento educacional especializado gratuito aos “[...] a educação é essencial no processo de formação de qualquer
educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede sociedade e abre caminhos para a ampliação da cidadania de um
regular de ensino.” povo.”
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Os afrodescendentes devem ser reconhecidos em nossa socie- as discriminações, educando cidadãos orgulhosos de seu pertenci-
dade com as mesmas igualdades de oportunidades que são con- mento étnico-racial tendo seus direitos garantidos e sua identidade
cedidas a outras etnias e grupos sociais, buscando eliminar todas valorizada.
as formas de desigualdades raciais e resgatar a contribuição dos
negros na formação da sociedade brasileira e, assim, valorizar a his- Diversidade sócio-econômica e cultural
tória e cultura dos afro-brasileiros e africanos. A escola pública possui em sua grande maioria alunos prove-
Segundo as DCN para a Educação das Relações Étnicos- Ra- nientes de uma classe sócio-econômica cultural desfavorecida, de
ciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana famílias que possuem uma condição de vida desfavorável e que, na
(2003, p. 5) maioria, possuem dificuldades de aprendizagem.
“Reconhecimento implica justiça e iguais direitos sociais, civis, São alunos filhos da classe trabalhadora, cujo pais permane-
culturais e econômicos, bem como valorização da diversidade da- cem a maior parte do dia fora de casa trabalhando como empre-
quilo que distingue os negros dos outros grupos que compõem a gados em indústrias, lojas, casas de família, em trabalhos sazonais
população brasileira. E isto requer mudança nos discursos, racio- como bóias-frias na zona rural, cortadores de cana, pedreiros, garis,
cínios, lógicas, gestos, posturas, modo de tratar as pessoas negras. empregadas domésticas, etc. Muitos pais encontram- se até de-
Requer também que se conheça a sua história e cultura apresenta- sempregados, realizando um “bico” aqui ou ali. Esses compõem a
das, explicadas, buscando-se especificamente desconstruir o mito maioria dos alunos que a escola pública atende e que precisa dar
da democracia racial na sociedade brasileira; mito este que difunde conta, oportunizando condições de aprendizagem, num processo
crença de que, se os negros não atingem os mesmos patamares que de qualidade.
os não negros, é por falta de competência ou interesse, desconside- Eles são alunos que estão à margem da sociedade, e que mui-
rando as desigualdades seculares que a estrutura social hierárquica tas vezes passam por diversas circunstâncias perversas, como a
cria com prejuízos para o negro.” fome, situações de violência, problemas com alcoolismo e drogas,
Para que haja realmente a construção de um país democráti- situações de abandono, entre outros. Esses são os verdadeiros ex-
co, faz-se necessário que todos tenham seus direitos garantidos e cluídos da sociedade que estão na escola clamando por ajuda. E as
sua identidade valorizada, a começar pela escola que, infelizmente, condições sócioeconômicas e culturais é um dos fatores que podem
continua desenvolvendo práticas preconceituosas detectadas no interferir, e muito, no desempenho escolar dos alunos.
currículo, no material didático, nas relações entre os alunos, nas O desafio da escola é este: possibilitar a essa grande maioria
relações entre alunos, e não poucas vezes até professores. Segun- o acesso à escola, mas garantindo-lhes permanecer e ter sucesso
do Pinto (1993, apud Rosemberg, 1998, p. 84) “[...] “ao que tudo no processo de ensino e aprendizagem, pois o acesso ao conheci-
indica, a escola, que poderia e deveria contribuir para modificar mento historicamente elaborado é que poderá dar a esses alunos,
as mentalidades antidiscriminatórias ou pelo menos para inibir as muitas vezes excluídos do sistema e da sociedade, condições para
ações discriminatórias, acaba contribuindo para a perpetuação das transformar suas vidas e possibilitar uma maior inserção na comu-
discriminações, seja por atuação direta de seus agentes, seja por nidade, podendo atuar como cidadãos, capazes de transformá-la.
sua omissão perante os conteúdos didáticos que veicula, ou pelo
que ocorre no dia-a-dia da sal de aula.” O sistema, a escola, os professores, precisam reconhecer nes-
Corroborando o que diz Pinto, Silva (2002, p. 140) afirma que: ses alunos os seres humanos que ali estão e clamam por uma opor-
“Os dados mostram claramente que o sistema educacional bra- tunidade, que sonham com uma perspectiva de vida melhor e que
sileiro é seletivo e discriminatório, porque seleciona em especial os querem ter seus direitos de cidadãos garantidos.
pobres, os negros, os mulatos os nordestinos.” “[...]
Assim sendo, a marginalização cultural e o racismo estão entre É preciso destruir o histórico de exclusão e desigualdade do
as principais razões que explicam as grandes taxas de evasão e re- sistema escolar público, reconhecendo em cada aluno suas poten-
petência na escola básica.” cialidades.
A educação é o fato de maior eficácia para contribuir para a A escola precisa se preocupar em oferecer um ensino público
promoção dos excluídos. Por isso, muitas ações têm sido desenca- de maior qualidade, que possa compensar, pelo menos parcialmen-
deadas no sentido de reconhecimento e valorização do negro, ga- te, as dificuldades de aprendizagem. É preciso que se fique claro
rantindo a eles as mesmas condições, numa constante luta contra o que as crianças que vivem em ambientes desfavoráveis também
racismo e o preconceito. Luta esta que deve ser de todos, todos que podem ter um nível de aprendizagem satisfatória.
acreditam num país democrático, justo e igualitário. Cabe à escola oportunizar essas condições, oferecendo o apoio
Atualmente, a escola e a sociedade têm se preocupado com a necessário aos alunos em condições sócioeconômicas e culturais
criação de representações positivas sobre o negro, possibilitando desfavoráveis, ajudando-os a superar as dificuldades e carências do
uma inserção social do negro em alguns setores da sociedade, mu- contexto onde vivem, procurando destruir o histórico de exclusão e
dando aos poucos a situação do negro. desigualdade do sistema escolar público.
Um exemplo real e recente disso é a Presidência dos Estados
Unidos, sendo conquistada por um negro: Barako Obama. O próprio Diversidade indígena
estabelecimento da Lei nº 10.639/03 que altera a LDB 9394/96 já Uma outra diversidade verificada no interior da escola pública,
retrata a preocupação na reflexão acerca do preconceito e da discri- que vem sendo muito valorizada atualmente é com relação à edu-
minação, buscando democratizar e universalizar o ensino, garantin- cação escolar indígena. Os indígenas também clamam por proces-
do a todos os alunos o reconhecimento e valorização de sua cultura, sos educacionais que lhes permitam o acesso aos conhecimentos
de sua história, de sua identidade, e, assim, combater o racismo e universais, mas que valorize também suas línguas e saberes tradi-
cionais.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A Constituição de 1988 reconheceu o direito dos índios (autóc- Assim, pensar em inclusão, não é só dirigir o olhar para os
tones) de permanecerem índios e de terem suas tradições e modos alunos com necessidades especiais, mas sim, para todos aqueles
de vida respeitados. Em seu art. 210 fica assegurado aos povos in- alunos que estão nas salas de aula, que muitas vezes sofrendo pre-
dígenas o direito de utilizarem suas línguas maternas e processos conceitos e discriminações por pertencer a este ou aquele grupo.
próprios de aprendizagem buscando transformar a instituição es- Trabalhar com uma proposta de diversidade, propiciando opor-
colar em um instrumento de valorização e sistematização de sabe- tunidades de inclusão a todos os alunos na escola, não é uma tarefa
res e práticas tradicionais, ao mesmo tempo em que possibilita aos fácil, uma vez que não se resume apenas na garantia do direito de
índios o acesso aos conhecimentos universais e a valorização dos acesso. É preciso que lhes sejam garantidas as condições de perma-
conhecimentos étnicos. nência e sucesso na escola.
A partir da Constituição de 1988 e mais fortemente na LBB Para que o processo de inclusão ocorra satisfatoriamente é pre-
9394/96 os indígenas passaram a ser reconhecidos legalmente em ciso que haja investimento em educação, senão é um projeto fada-
suas diferenças e peculiaridades. A LDB 9394/96 (1996) estabele- do ao insucesso, pois a escola precisa oferecer estrutura adequada
ce em seu artigo 78, que aos índios devem ser proporcionadas a para que ele ocorra. A dura realidade das condições de trabalho e
recuperação de suas memórias históricas, a reafirmação de suas os limites da formação profissional, o número elevado de alunos
identidades étnicas e a valorização de suas línguas e ciências. Aos por turma, a rede física inadequada, o despreparo para ensinar
índios, suas comunidades e povos devem ser garantidos o acesso “alunos especiais” ou diferentes são fatores a ser considerados no
às informações, conhecimentos técnicos e científicos da sociedade processo de inclusão que garanta a participação de todos os alunos
nacional e das demais sociedades indígenas e não-índias. O Plano e o sucesso, evitando- se assim o alto número de alunos evadidos e
Nacional de Educação (2001) estabelece objetivos e metas para o até os retidos no ano letivo.
desenvolvimento da educação escolar indígena diferenciada, inter- É de extrema relevância que a escola, especialmente a pública,
cultural, bilíngüe e de qualidade. Muitas ações em relação à edu- reconheça as diferenças, valorizando as especificidades e potencia-
cação escolar dos indígenas já foram realizadas, porém ainda se lidades de cada um, reconhecendo a importância do ser humano,
percebe um quadro desigual, fragmentado e pouco estruturado de lutando contra os estereótipos, as atitudes de preconceito e discri-
oferta e atendimento educacional aos índios. minação em relação aos que são considerados diferentes dentro da
A diversidade dos povos indígenas precisa ser considerada de escola.
fato, exigindo iniciativas diferenciadas por serem portadores de tra- É preciso que todos tenham clareza de que sempre vai haver
dições culturais específicas. A escolarização dos indígenas precisa diferenças, mas é possível minimizá-las, desde que haja interesse
acontecer a partir do paradigma da especificidade, da diferença, da em propiciar uma educação de qualidade a todos.
interculturalidade e da valorização da diversidade lingüística desen- Portanto é preciso haver uma transformação da realidade com
volvendo assim, ações culturais, históricas e lingüísticas. o objetivo de diminuir a exclusão dos alunos, especiais ou não do
Os indígenas precisam ser respeitados e incluídos nos sistemas sistema educacional. É necessário que se proponha ações e medi-
de ensino do país, tendo a sua diversidade étnica valorizada e que das que visem assegurar os direitos conquistados, a melhoria da
entre os indígenas e não indígenas haja um diálogo tolerante e ver- qualidade da educação, o investimento em uma ampla formação
dadeiro. dos educadores, a remoção de barreiras físicas e atitudinais, a pre-
A proposta é por uma educação escolar indígena diferencia- visão e provisão de recursos materiais e humanos entre outras pos-
da, que possibilite a inclusão deste grupo no sistema educacional, sibilidades.
tendo respeitadas as suas peculiaridades. Por isto, muitos inves- Como diz Mantoan (2008, p. 20)
timentos têm sido realizados com relação a educação escolar dos “O essencial, na nossa opinião, é que todos os investimen-
indígenas, principalmente em relação aos professores, capacitando tos atuais e futuros da educação brasileira não repitam o passado
professores indígenas que conhecem a realidade, a história e a cul- e reconheçam e valorizam as diferenças na escola. Temos de ter
tura do seu grupo ao longo de todo o processo histórico brasileiro. sempre presente que o nosso problema se concentra em tudo o
A questão da educação escolar indígena é uma grande evolu- que torna nossas escolas injustas, discriminadoras e excludentes,
ção e conquista. Muitas reflexões e muitas ações ainda precisam ser e que, sem solucioná-lo, não conseguiremos o nível de qualidade
desencadeadas com o objetivo de valorização e preservação da cul- de ensino escolar, que é exigido para se ter uma escola mais que
tura indígena, propiciando o reconhecimento dos indígenas como especial, onde os alunos tenham o direito de ser (alunos), sendo di-
sujeitos da história e que a eles devem ser garantidos o acesso aos ferentes.” (grifo nosso). Precisamos ser otimistas e transformar em
direitos de qualquer cidadão. realidade o sonho de uma educação para todos, nos convencendo
A lei preconiza a universalização da educação para todos, ga- das potencialidades e capacidades dos seres humanos, acreditando
rantindo o direito ao acesso, a permanência e ao sucesso dos alu- que, somando nossas diferenças, poderemos provocar mudanças
nos. No entanto, a realidade educacional contemporânea coloca a significativas na educação e na sociedade, diminuindo preconceitos
escola pública como o palco da diversidade, pois ali se encontram e estereótipos e tornando nosso país mais humano, fraterno, justo
alunos de diferentes grupos. A diferença entre os grupos é visível e e solidário.
o trabalho pedagógico precisa voltar-se à diferença, oportunizando
o direito de educação para todos. INCLUSÃO
Vale destacar que o trabalho com a diversidade está ligado à Nos debates atuais sobre inclusão, o ensino escolar brasileiro
proposta de inclusão, que emerge como um grande desafio para a tem diante de si o desafio de encontrar soluções que respondam à
educação, pois, pensar em inclusão pressupõe uma série de fatores, questão do acesso e da permanência dos alunos nas suas institui-
principalmente os que dizem respeito aos alunos. ções educacionais. Algumas escolas públicas e particulares já ado-
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a solução para o seu concurso!
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
taram ações nesse sentido, ao proporem mudanças na sua organi- A esse propósito é fundamental a contribuição de Joseph Jaco-
zação pedagógica, de modo a reconhecer e valorizar as diferenças, tot. Ele nos trouxe um olhar original sobre a igualdade. Ele afirmava
sem discriminar os alunos nem segregá-los. que a igualdade não seria alcançada a partir da desigualdade, como
Com a intenção de explorar esse debate sobre inclusão e esco- se espera atingi-la, até hoje, nas escolas; acreditava em uma outra
laridade, mais do que avaliar os argumentos contrários e favoráveis igualdade, a igualdade de inteligências.
às políticas educacionais inclusivas, é abordada nesta obra, a com- Em outras palavras, a emancipação da inteligência proviria des-
plexa relação de igualdade- diferenças, que envolve o entendimen- sa igualdade da capacidade de aprender, que vem antes de tudo e
to e a elaboração de tais políticas e de todas as iniciativas visando à é ponto de partida para qualquer tipo ou nível de aprendizagem.
transformação das escolas, para se ajustarem aos princípios inclu- Segundo Jacotot, a igualdade não é um objetivo a atingir, mas
sivos da educação. um ponto de partida, uma suposição a ser mantida em qualquer
circunstância.
A Questão Igualdade – Diferenças A escola insiste em afirmar que os alunos são diferentes quan-
A inclusão escolar está articulada a movimentos sociais mais do se matriculam em uma série escolar, mas o objetivo escolar, no
amplos, que exigem maior igualdade e mecanismos mais equitati- final desse período letivo, é que eles se igualem em conhecimentos
vos no acesso a bens e serviços. A inclusão propõe a desigualdade a um padrão que é estabelecido para aquela série, caso contrário
de tratamento como forma de restituir uma igualdade que foi rom- serão excluídos por repetência ou passarão a frequentar os grupos
pida por formas segregadoras de ensino especial regular. de reforço e de aceleração da aprendizagem e outros programas
Quando entendemos que não é a universalidade da espécie embrutecedores da inteligência. A indiferença às diferenças está
que define um sujeito, mas suas peculiaridades, ligadas a sexo, acabando, passando da moda. Nada mais desfocado da realidade
etnia, origem, crenças, tratar as pessoas diferentemente pode en- atual do que ignorá-las. Mas é preciso estar atento, pois combinar
fatizar suas diferenças, assim como tratar igualmente os diferen- igualdade e diferenças no processo escolar é andar no fio da nava-
tes pode esconder as suas especificidades e excluí-los do mesmo lha. O certo, porém, é que os alunos jamais deverão ser desvaloriza-
modo; portanto, ser gente é correr sempre o risco de ser diferente. dos e inferiorizados pelas suas diferenças, seja nas escolas comuns,
Para instaurar uma condição de igualdade nas escolas não se seja nas especiais.
concebe que todos os alunos sejam iguais em tudo, como é o caso
do modelo escolar mais reconhecido ainda hoje. Temos de consi- Fazer valer o direito à educação no caso de pessoas com de-
derar as suas desigualdades naturais e sociais, e só estas últimas ficiência
podem e devem ser eliminadas. Se a igualdade trás problemas, as O ensino escolar brasileiro continua aberto a poucos. A inclu-
diferenças podem trazer muito mais. são escolar tem sido mal compreendida, principalmente no seu
As políticas educacionais atuais confirmam em muitos momen- apelo a mudanças nas escolas comuns e especiais.Artigos, livros,
tos o projeto igualitarista e universalista da Modernidade. palestras que tratam devidamente do tema insistem na transforma-
O discurso da Modernidade estendeu suas precauções contra o ção das práticas de ensino comum e especial para a garantia da in-
imprevisível, à ambiguidade e demais riscos à ordem e a unicidade, clusão. Há apoio legal suficiente para mudar, mas só temos tido até
repetindo que todos são iguais, todos são livres, mas um “todo” agora, muitos entraves nesse sentido: a resistência das instituições
padronizado, dentro de seus pressupostos disciplinadores. especializadas a mudanças de qualquer tipo; a neutralização do de-
Esse discurso sustenta a organização pedagógica escolar e, safio à inclusão por meio de políticas públicas que impedem que as
por seus parâmetros, o aluno diferente desestabiliza o pensamen- escolas se mobilizem para rever suas práticas homogeneizadoras,
to moderno da escola, na sua ânsia pelo lógico, pela negação das meritocráticas, condutistas, subordinadoras e, em consequência,
condições que produzem diferenças, que são as, atrizes da nossa excludentes; o preconceito, o paternalismo em relação aos grupos
identidade. socialmente fragilizados, como o das pessoas com deficiência.A lei
A diferença propõe o conflito, o dissenso e a imprevisibilidade, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 96) deixa claro que
a impossibilidade do cálculo, da definição, a multiplicidade incon- o ensino especial é uma modalidade e, como tal, deve perpassar o
trolável e infinita. Se ela é recusada, negada, desvalorizada, há que ensino comum em todos os seus níveis, da escola básica ao ensino
assimilá-la ao igualitarismo essencialista e, se aceita e valorizada, há superior.
que mudar de lado e romper com os pilares nos quais a escola tem Se ainda não é do conhecimento geral, é importante que se
se firmado até agora. saiba que as escolas especiais complementam e não substituem a
Em Uma teoria da justiça (2002), Rawls opõe-se às declarações escola comum. As escolas especiais se destinam ao ensino do que
de direito do mundo moderno, que igualaram os homens em seu é diferente da base curricular nacional, mas que garante e possi-
instante de nascimento e estabeleceram o mérito e o esforço de bilita ao aluno com deficiência a aprendizagem desses conteúdos
cada um como medida de acesso e uso dos bens, recursos disponí- quando incluídos nas turmas comuns de ensino regular; oferecem
veis e mobilidade social. atendimento educacional especializado, que não tem níveis seria-
Na mesma direção das propostas escolares inclusivas, o referi- ções, certificações.
do autor defende que a distribuição natural de talentos ou a posi- Nossa obrigação é fazer valer o direito de todos à educação
ção social de cada indivíduo ocupa não são justas nem injustas. O e não precisamos ser corajosos para defender a inclusão, porque
que as torna justas ou não são as maneiras pelas quais as institui- estamos certos de que não corremos nenhum risco ao propor que
ções fazem uso delas. alunos com e sem deficiência deixem de frequentar ambientes edu-
cacionais à parte, que segregam, discriminam, diferenciam pela de-
ficiência, excluem – como é próprio das escolas especiais.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
O que falta às escolas especiais é o ambiente apropriado de No Brasil, nas décadas de 1960 e 1970, foram estruturadas pro-
formação do cidadão. Se a inclusão for uma das razões fortes de postas de atendimento educacional para pessoas com deficiência. A
mudanças, temos condições de romper com os modelos conser- integração escolar tinha como objetivo “ajudar pessoas com defici-
vadores da escola comum brasileira e iniciar um processo gradual, ência a obter uma existência tão próxima ao normal possível, a elas
porém firme, de redirecionamento de suas práticas para melhor disponibilizando padrões e condições de vida cotidiana próximas as
qualidade de ensino para todos. normas e padrões da sociedade”.
Muitas escolas, tanto comuns como especiais, já estão assegu- Com o objetivo de contrapor este modelo, a meta na inclu-
rando aos alunos com deficiência o atendimento educacional espe- são escolar é tornar reconhecida e valorizada a diversidade como
cializado, em horário diferente do da escola comum. condição humana favorecedora da aprendizagem. Nesse caso, as
O processo de transformação da escola comum é lento, para limitações dos sujeitos devem ser consideradas apenas como uma
que haja um processo de mudança. Cujo movimento ruma para no- informação sobre eles que, assim, não pode ser desprezada na ela-
vas possibilidades para o ensino comum e especial, há que existir boração dos planejamentos de ensino. A ênfase deve recair sobre a
uma ruptura com o modelo antigo da escola. identificação de suas possibilidades, culminando com a construção
Em resumo, a inclusão não pode mais ser ignorada. Ela está de alternativas para garantir condições favoráveis à sua autonomia
tão presente que motiva pressões descabidas, que pretendem nos escolar e social, enfim, para que se tornem cidadãos de iguais di-
desestabilizar a qualquer custo. reitos.
A educação inclusiva tem sido caracterizada como um “novo
Atendimento Escolar de alunos com necessidades educacio- paradigma”, que se constitui pelo apreço à diversidade como con-
nais especiais: um olhar sobre as políticas públicas de educação dição a ser valorizada, pois é benéfica à escolarização de todas as
no Brasil pessoas, pelo respeito aos diferentes ritmos de aprendizagem e
As instituições escolares, ao reproduzirem constantemente o pela proposição de outras práticas pedagógicas, o que exige uma
modelo tradicional, não têm demonstrado condições de responder ruptura com o instituído na sociedade e, consequentemente, nos
aos desafios da inclusão social e do acolhimento às diferenças nem sistemas de ensino.
de promover aprendizagens necessárias à vida em sociedade, par- Sem desprezar os embates atuais sobre educação inclusiva a
ticularmente nas sociedades complexas do século XXI. Assim, nes- proposta de atender a alunos com necessidades educacionais espe-
te século em que o próprio conhecimento e nossa relação com ele ciais nessas classes implica atentar para mudanças no âmbito dos
mudaram radicalmente, não se justifica que por parte expressiva sistemas de ensino, das unidades escolares, da prática de casa pro-
da sociedade continue apegada à representação da escola trans- fissional da educação em suas diferentes dimensões e respeitando
missora de conhecimentos e de valores fixos e inquestionáveis. A suas particularidades.
partir de meados da década de 1990, a escolarização de pessoas Para a implantação do referido atendimento educacional espe-
com necessidades educacionais especiais em classes comuns está cializados, a LDB prevê serviços especializados e serviços de apoio
na pauta da legislação brasileira sobre educação, nos debates e nas especializados e assegura “recursos e serviços educacionais espe-
publicações acadêmicas. No plano ético e político, a defesa de sua ciais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar,
igualdade de direitos, com destaque para o direito à educação, pa- suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais
rece constituir-se um consenso. Atualmente coexistem pelo menos comuns...”
duas propostas para a educação especial: uma, em que os conhe- Se as imagens da educação inclusiva, da educação especial,
cimentos acumulados sobre educação especial, teóricos e práticos, bem como a população elegível para o atendimento educacional
devem estar a serviço dos sistemas de ensino e, portanto, das es- especializado, os tipos de recursos educacionais especiais e locais
colas, e disponíveis a todos os professores, alunos e demais mem- de atendimento escolar do referido alunado ainda levante questio-
bros da comunidade escolar; outra, em que se deve configurar um namento conceitual para que não restem dúvidas quanto às diretri-
conjunto de recursos e serviços educacionais especializados, dirigi- zes da política educacional brasileira a serem seguidas, é inegável
dos apenas à população escolar que apresente solicitações que o que o atendimento escolar de alunos com necessidades educacio-
ensino comum não tem conseguido contemplar. O planejamento e nais especiais deve ser universalizado, que os sistemas de ensino
a implantação de políticas educacionais para atender a alunos com precisam responder melhor às demandas de aprendizagem desses
necessidades educacionais especiais requerem domínio conceitual alunos, que aos professores deve ser garantida a formação continu-
sobre inclusão escolar e sobre as solicitações decorrentes de sua ada, entre outras ações.
adoção enquanto princípio ético político, bem como a clara defini-
ção dos princípios e diretrizes nos planos e programas elaborados, As condições de atendimento escolar para os estudantes com
permitindo a (re) definição dos papéis da educação especial e do necessidades educacionais especiais no Brasil
lugar do atendimento deste alunado. A política educacional brasileira tem deslocado progressiva-
mente para os municípios parte da responsabilidade administrativa,
Princípios, concepções e relações entre inclusão e integração financeira e pedagógica pelo acesso e permanência de alunos com
escolar necessidades educacionais especiais, em decorrência do processo
É importante salientar que mudanças na educação brasileira, de municipalização do ensino fundamental. Com isso, em alguns
nessa perspectiva, dependem de um conjunto de ações em nível estudos, tem indicado que a tendência dos municípios brasileiros
de sistema de ensino que tem que se movimentar a fim de garantir é pela organização de auxílios especiais, sob diferentes denomina-
que todas as unidades que o compõem ultrapassem o patamar em ções e com estrutura e funcionamento distintos. Cabe registrar que
que se encontram. há ausência de dados sobre quantas pessoas no Brasil apresentam
de fato necessidades educacionais especiais. Quanto ao apoio pe-
dagógico oferecido a alguns desses alunos matriculados nas classes
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
comuns, não há declaração sobre o tipo de apoio, sua frequência, Fonte: MANTOAN, M. T. Egler, PRIETO, R. Gavioli, ARANTES V. Amorim
que profissionais prestam esse atendimento e qual sua formação, (Org.). Inclusão escolar: pontos e contrapontos, 1ed., São Paulo: Sum-
divulgados em publicações oficiais atuais. mus, 2006.
Uma ação que deve marcar as políticas públicas de educação
é a formação dos profissionais da educação. Nesse sentido Xavier
(2002) considera que: a construção da competência para respon- DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA A
der com qualidade as necessidades educacionais especiais de seus EDUCAÇÃO BÁSICA
alunos em uma escola inclusiva, pela mediação da ética, responde
a necessidade social e histórica de superação das práticas pedagó-
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica
gicas que discriminam, segregam e excluem, e, ao mesmo tempo,
A necessidade de definição de Diretrizes Curriculares Nacionais
configura, na ação educativa, o vetor da transformação social para
Gerais para a Educação Básica está posta pela emergência da atual-
a equidade, a solidariedade, a cidadania.
ização das políticas educacionais que consubstanciem o direito de
Todo plano de formação deve servir para que os professores se
todo brasileiro a formação humana e cidadã e a formação profis-
tornem aptos ao ensino de toda a demanda escolar. Dessa forma,
sional, na vivencia e convivência em ambiente educativo. Tem estas
seu conhecimento deve ultrapassar a aceitação de que a classe co-
Diretrizes por objetivos:
mum é, para os alunos com necessidades educacionais especiais,
I – sistematizar os princípios e diretrizes gerais da Educação
um mero espaço de socialização.
Básica contidos na Constituição, na LDB e demais dispositivos le-
“... O primeiro equívoco que pode estar associado a essa idéia
gais, traduzindo-os em orientações que contribuam para assegurar
é o de que alguns vão para a escola para aprender e outros uni-
a formação básica comum nacional, tendo como foco os sujeitos
camente para se socializar. Escola é espaço de aprendizagem para
que dão vida ao currículo e a escola;
todos...”.
II – estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar
Cabe ressaltar que o conjunto de questionamentos e ideias
a formulação, execução e avaliação do projeto político-pedagógico
apresentadas nesta obra reflete algumas das inquietações que
da escola de Educação Básica;
podem resultar da análise das normatizações em vigência para a
III – orientar os cursos de formação inicial e continuada de
educação brasileira. Essas normatizações, por permitirem, tal como
profissionais – docentes, técnicos, funcionários - da Educação Bási-
estão elaboradas, diferentes desdobramentos na sua implantação,
ca, os sistemas educativos dos diferentes entes federados e as es-
indicam a necessidade de ampliarmos o debate e investirmos em
colas que os integram, indistintamente da rede a que pertençam.
produções de registros que avaliem o atual perfil das políticas pú-
Nesse sentido, as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
blicas de atendimentos a alunos com necessidades educacionais
a Educação Básica visam estabelecer bases comuns nacionais para
especiais. Precisamos de mais estudos sobre os impactos das ações
a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, bem
no âmbito dos sistemas de ensino, e que estes orientem também os
como para as modalidades com que podem se apresentar, a partir
programas de formação continuada de professores.
das quais os sistemas federal, estaduais, distrital e municipais, por
suas competências próprias e complementares, formularão as suas
Considerações Finais:
orientações assegurando a integração curricular das três etapas se-
Uma das constatações possíveis neste momento da reflexão
quentes desse nível da escolarização, essencialmente para compor
é que nossas tarefas ainda são inúmeras, mas devemos identificar
um todo orgânico.
prioridades, denunciar ações reprodutoras de iguais atitudes so-
Além das avaliações que já ocorriam assistematicamente, mar-
ciais para com essas pessoas, acompanhar ações do poder público
cou o início da elaboração deste Parecer, particularmente, a Indi-
em educação, cobrar compromissos firmados pelos governantes
cação CNE/CEB no 3/2005, assinada pelo então conselheiro da CEB,
em suas campanhas eleitorais e em seus planos de governo, além
Francisco Aparecido Cordão, na qual constava a proposta de revisão
de ampliar e sedimentar espaços de participação coletiva e juntar
das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil e para
forças para resistir e avançar na construção de uma sociedade justa,
o Ensino Fundamental. Nessa Indicação, justificava-se que tais Dire-
cujos valores humanos predominem sobre os de mercado.
trizes encontravam-se defasadas, segundo avaliação nacional sobre
O que se deve evitar é “...o descompromisso do poder públi-
a matéria nos últimos anos, e superadas em decorrência dos últimos
co com a educação e que a inclusão escolar acabe sendo traduzida
atos legais e normativos, particularmente ao tratar da matricula no
como mero ingresso de alunos com necessidades educacionais es-
Ensino Fundamental de crianças de 6 (seis) anos e consequente
peciais nas classes comuns...”.
ampliação do Ensino Fundamental para 9 (nove) anos de duração.
Dois grandes desafios de imediato estão colocados para os sis-
Imprescindível acrescentar que a nova redação do inciso I do artigo
temas de ensino e para a sociedade brasileira:
208 da nossa Carta Magna, dada pela Emenda Constitucional no
1- Fazer que os direitos ultrapassem o plano do meramente ins-
59/2009, assegura Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos
tituído legalmente e
17 anos de idade, inclusive a sua oferta gratuita para todos os que a
2- Construir respostas educacionais que atendam às necessi-
ela não tiveram acesso na idade própria.
dades dos alunos. As mudanças a serem implantadas devem ser
Nesta perspectiva, o processo de formulação destas Diretrizes
assumidas como parte da responsabilidade tanto da sociedade ci-
foi acordado, em 2006, pela Câmara de Educação Básica com as en-
vil quanto dos representantes do poder público, já que a educação
tidades: Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação, Un-
escolar pode propiciar meios que possibilitem transformações na
ião Nacional dos Conselhos Municipais de Educação, Conselho dos
busca da melhoria da qualidade de vida da população.
Secretários Estaduais de Educação, União Nacional dos Dirigentes
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Municipais de Educação, e entidades representativas dos profissio- II – o papel do Estado na garantia do direito a educação de qual-
nais da educação, das instituições de formação de professores, das idade, considerando que a educação, enquanto direito inalienável
mantenedoras do ensino privado e de pesquisadores em educação. de todos os cidadãos, e condição primeira para o exercício pleno
Para a definição e o desenvolvimento da metodologia desti- dos direitos: humanos, tanto dos direitos sociais e econômicos
nada a elaboração deste Parecer, inicialmente, foi constituída uma quanto dos direitos civis e políticos;
comissão que selecionou interrogações e temas estimuladores dos III – a Educação Básica como direito e considerada, contextu-
debates, a fim de subsidiar a elaboração do documento preliminar alizadamente, em um projeto de Nação, em consonância com os
visando as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Bási- acontecimentos e suas determinações historicosociais e políticas no
ca, sob a coordenação da então relatora, conselheira Maria Beatriz mundo;
Luce. (Portaria CNE/CEB no 1/2006) IV – a dimensão articuladora da integração das diretrizes cur-
A comissão promoveu uma mobilização nacional das diferentes riculares compondo as três etapas e as modalidades da Educação
entidades e instituições que atuam na Educação Básica no País, me- Básica, fundamentadas na indissociabilidade dos conceitos referen-
diante: ciais de cuidar e educar;
I – encontros descentralizados com a participação de Municí- V – a promoção e a ampliação do debate sobre a política cur-
pios e Estados, que reuniram escolas públicas e particulares, me- ricular que orienta a organização da Educação Básica como sistema
diante audiências publicas regionais, viabilizando ampla efetivação educacional articulado e integrado;
de manifestações; VI – a democratização do acesso, permanência e sucesso esco-
II – revisões de documentos relacionados com a Educação Bási- lar com qualidade social, cientifica, cultural;
ca, pelo CNE/CEB, com o objetivo de promover a atualização mo- VII – a articulação da educação escolar com o mundo do tra-
tivadora do trabalho das entidades, efetivadas, simultaneamente, balho e a pratica social;
com a discussão do regime de colaboração entre os sistemas ed- VIII – a gestão democrática e a avaliação;
ucacionais, contando, portanto, com a participação dos conselhos IX – a formação e a valorização dos profissionais da educação;
estaduais e municipais. X – o financiamento da educação e o controle social.
Inicialmente, partiu-se da avaliação das diretrizes destinadas Ressalte-se que o momento em que estas Diretrizes Curricu-
a Educação Básica que, até então, haviam sido estabelecidas por lares Nacionais Gerais para a Educação Básica estão sendo elab-
etapa e modalidade, ou seja, expressando-se nas Diretrizes Curric- oradas e muito singular, pois, simultaneamente, as diretrizes das
ulares Nacionais para a Educação Infantil; para o Ensino Fundamen- etapas da Educação Básica, também elas, passam por avaliação, por
tal; para o Ensino Médio; para a Educação de Jovens e Adultos; para meio de continua mobilização dos representantes dos sistemas ed-
a Educação do Campo; para a Educação Especial; e para a Educação ucativos de nível nacional, estadual e municipal. A articulação entre
Escolar Indígena. os diferentes sistemas flui num contexto em que se vivem:
Ainda em novembro de 2006, em Brasília, foi realizado o Sem- I – os resultados da Conferencia Nacional da Educação Básica
inário Nacional Currículo em Debate, promovido pela Secretaria de (2008);
Educação Básica/MEC, com a participação de representantes dos II – os 13 anos transcorridos de vigência da LDB e as inúmeras
Estados e Municípios. Durante esse Seminário, a CEB realizou a sua alterações nela
trigésima sessão ordinária na qual promoveu Debate Nacional so- introduzidas por várias leis, bem como a edição de outras leis
bre as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica, por etapas. que repercutem nos currículos da Educação Básica;
Esse debate foi denominado Colóquio Nacional sobre as Diretriz- III – o penúltimo ano de vigência do Plano Nacional de Edu-
es Curriculares Nacionais. A partir desse evento e dos demais que cação (PNE), que passa por avaliação, bem como a mobilização
o sucederam, em 2007, e considerando a alteração do quadro de nacional em torno de subsídios para a elaboração do PNE para o
conselheiros do CNE e da CEB, criou-se, em 2009, nova comissão re- período 2011-2020;
sponsável pela elaboração dessas Diretrizes, constituída por Adeum IV – a aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento
Hilario Sauer (presidente), Clelia Brandao Alvarenga Craveiro (rela- da Educação Básica e de Valorização dos Professores da Educação
tora), Raimundo Moacir Mendes Feitosa e Jose Fernandes de Lima (FUNDEB), regulado pela Lei no 11.494/2007, que fixa percentual
(Portaria CNE/CEB no 2/2009). Essa comissão reiniciou os trabalhos de recursos a todas as etapas e modalidades da Educação Básica;
já organizados pela comissão anterior e, a partir de então, vem V – a criação do Conselho Técnico Cientifico (CTC) da Educação
acompanhando os estudos promovidos pelo MEC sobre currículo Básica, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
em movimento, no sentido de atuar articulada e integradamente Superior do Ministério da Educação (Capes/MEC);
com essa instancia educacional. VI – a formulação, aprovação e implantação das medidas ex-
Durante essa trajetória, os temas considerados pertinentes a pressas na Lei no 11.738/2008, que regulamenta o piso salarial
matéria objeto deste Parecer passaram a se constituir nas seguintes profissional nacional para os profissionais do magistério público da
ideias-forca: Educação Básica;
I – as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação VII – a criação do Fórum Nacional dos Conselhos de Educação,
Básica devem presidir as demais diretrizes curriculares especificas objetivando pratica de regime de colaboração entre o CNE, o Fórum
para as etapas e modalidades, contemplando o conceito de Edu- Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação e a União Nacional
cação Básica, princípios de organicidade, sequencialidade e artic- dos Conselhos Municipais de Educação;
ulação, relação entre as etapas e modalidades: articulação, inte- VIII – a instituição da política nacional de formação de profis-
gração e transição; sionais do magistério da Educação Básica (Decreto no 6.755, de 29
de janeiro de 2009);
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TÍTULO II TÍTULO IV
REFERÊNCIAS CONCEITUAIS ACESSO E PERMANÊNCIA PARA
A CONQUISTA DA QUALIDADE SOCIAL
Art. 4º As bases que dão sustentação ao projeto nacional de
educação responsabilizam o poder público, a família, a sociedade e Art. 8º A garantia de padrão de qualidade, com pleno acesso,
a escola pela garantia a todos os educandos de um ensino ministra- inclusão e permanência dos sujeitos das aprendizagens na escola
do de acordo com os princípios de: e seu sucesso, com redução da evasão, da retenção e da distorção
I - igualdade de condições para o acesso, inclusão, permanên- de idade/ano/série, resulta na qualidade social da educação, que é
cia e sucesso na escola; uma conquista coletiva de todos os sujeitos do processo educativo.
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultu- Art. 9º A escola de qualidade social adota como centralidade
ra, o pensamento, a arte e o saber; o estudante e a aprendizagem, o que pressupõe atendimento aos
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; seguintes requisitos:
IV - respeito à liberdade e aos direitos; I - revisão das referências conceituais quanto aos diferentes es-
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; paços e tempos educativos, abrangendo espaços sociais na escola
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; e fora dela;
VII - valorização do profissional da educação escolar; II - consideração sobre a inclusão, a valorização das diferenças
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma da legis- e o atendimento à pluralidade e à diversidade cultural, resgatando e
lação e das normas dos respectivos sistemas de ensino; respeitando as várias manifestações de cada comunidade;
IX - garantia de padrão de qualidade; III - foco no projeto político-pedagógico, no gosto pela
X - valorização da experiência extraescolar; aprendizagem e na avaliação das aprendizagens como instrumento
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práti- de contínua progressão dos estudantes;
cas sociais. IV - inter-relação entre organização do currículo, do trabalho
Art. 5º A Educação Básica é direito universal e alicerce indis- pedagógico e da jornada de trabalho do professor, tendo como ob-
pensável para o exercício da cidadania em plenitude, da qual de- jetivo a aprendizagem do estudante;
pende a possibilidade de conquistar todos os demais direitos, V - preparação dos profissionais da educação, gestores, profes-
definidos na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Ado- sores, especialistas, técnicos, monitores e outros;
lescente (ECA), na legislação ordinária e nas demais disposições que VI - compatibilidade entre a proposta curricular e a infraestru-
consagram as prerrogativas do cidadão. tura entendida como espaço formativo dotado de efetiva disponibi-
Art. 6º Na Educação Básica, é necessário considerar as di- lidade de tempos para a sua utilização e acessibilidade
mensões do educar e do cuidar, em sua inseparabilidade, buscando VII - integração dos profissionais da educação, dos estudantes,
recuperar, para a função social desse nível da educação, a sua cen- das famílias, dos agentes da comunidade interessados na educação;
tralidade, que é o educando, pessoa em formação na sua essência VIII - valorização dos profissionais da educação, com programa
humana. de formação continuada, critérios de acesso, permanência, remu-
neração compatível com a jornada de trabalho definida no projeto
TÍTULO III político-pedagógico;
SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO IX - realização de parceria com órgãos, tais como os de assistên-
cia social e desenvolvimento humano, cidadania, ciência e tecnolo-
Art. 7º A concepção de educação deve orientar a institucion- gia, esporte, turismo, cultura e arte, saúde, meio ambiente.
alização do regime de colaboração entre União, Estados, Distrito Art. 10. A exigência legal de definição de padrões mínimos de
Federal e Municípios, no contexto da estrutura federativa brasileira, qualidade da educação traduz a necessidade de reconhecer que a
em que convivem sistemas educacionais autônomos, para assegu- sua avaliação associa-se à ação planejada, coletivamente, pelos su-
rar efetividade ao projeto da educação nacional, vencer a fragmen- jeitos da escola.
tação das políticas públicas e superar a desarticulação institucional. § 1º O planejamento das ações coletivas exercidas pela escola
§ 1º Essa institucionalização é possibilitada por um Sistema Na- supõe que os sujeitos tenham clareza quanto:
cional de Educação, no qual cada ente federativo, com suas peculi- I - aos princípios e às finalidades da educação, além do recon-
ares competências, é chamado a colaborar para transformar a Edu- hecimento e da análise dos dados indicados pelo Índice de Desen-
cação Básica em um sistema orgânico, sequencial e articulado. volvimento da Educação Básica (IDEB) e/ou outros indicadores, que
§ 2º O que caracteriza um sistema é a atividade intencional e o complementem ou substituam;
organicamente concebida, que se justifica pela realização de ativi- II - à relevância de um projeto político-pedagógico concebido e
dades voltadas para as mesmas finalidades ou para a concretização assumido colegiadamente pela comunidade educacional, respeita-
dos mesmos objetivos. das as múltiplas diversidades e a pluralidade cultural;
§ 3º O regime de colaboração entre os entes federados pres- III - à riqueza da valorização das diferenças manifestadas pelos
supõe o estabelecimento de regras de equivalência entre as funções sujeitos do processo educativo, em seus diversos segmentos, res-
distributiva, supletiva, normativa, de supervisão e avaliação da edu- peitados o tempo e o contexto sociocultural;
cação nacional, respeitada a autonomia dos sistemas e valorizadas IV - aos padrões mínimos de qualidade (Custo Aluno-Qualidade
as diferenças regionais. Inicial – CAQi);
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
§ 2º Para que se concretize a educação escolar, exige-se um § 2º Para as crianças, independentemente das diferentes
padrão mínimo de insumos, que tem como base um investimento condições físicas, sensoriais, intelectuais, linguísticas, étnico-raciais,
com valor calculado a partir das despesas essenciais ao desenvolvi- socioeconômicas, de origem, de religião, entre outras, as relações
mento dos processos e procedimentos formativos, que levem, grad- sociais e intersubjetivas no espaço escolar requerem a atenção inten-
ualmente, a uma educação integral, dotada de qualidade social: siva dos profissionais da educação, durante o tempo de desenvolvi-
I - creches e escolas que possuam condições de infraestrutura e mento das atividades que lhes são peculiares, pois este é o momento
adequados equipamentos; em que a curiosidade deve ser estimulada, a partir da brincadeira
II - professores qualificados com remuneração adequada e orientada pelos profissionais da educação.
compatível com a de outros profissionais com igual nível de for- § 3º Os vínculos de família, dos laços de solidariedade humana
mação, em regime de trabalho de 40 (quarenta) horas em tempo e do respeito mútuo em que se assenta a vida social devem ini-
integral em uma mesma escola; ciar-se na Educação Infantil e sua intensificação deve ocorrer ao
III - definição de uma relação adequada entre o número de longo da Educação Básica
alunos por turma e por professor, que assegure aprendizagens rel- § 4º Os sistemas educativos devem envidar esforços promoven-
evantes; do ações a partir das quais as unidades de Educação Infantil sejam
IV - pessoal de apoio técnico e administrativo que responda às ex- dotadas de condições para acolher as crianças, em estreita relação
igências do que se estabelece no projeto político-pedagógico. com a família, com agentes sociais e com a sociedade, prevendo
programas e projetos em parceria, formalmente estabelecidos.
TÍTULO VI § 5º A gestão da convivência e as situações em que se torna
ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA necessária a solução de problemas individuais e coletivos pelas
crianças devem ser previamente programadas, com foco nas moti-
CAPÍTULO I vações estimuladas e orientadas pelos professores e demais profis-
ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA sionais da educação e outros de áreas pertinentes, respeitados os
limites e as potencialidades de cada criança e os vínculos desta com
Art. 21. São etapas correspondentes a diferentes momentos a família ou com o seu responsável direto.
constitutivos do desenvolvimento educacional:
I - a Educação Infantil, que compreende: a Creche, engloban- Seção II
do as diferentes etapas do desenvolvimento da criança até 3 (três) Ensino Fundamental
anos e 11 (onze) meses; e a Pré-Escola, com duração de 2 (dois)
anos; Art. 23. O Ensino Fundamental com 9 (nove) anos de duração,
II - o Ensino Fundamental, obrigatório e gratuito, com duração de matrícula obrigatória para as crianças a partir dos 6 (seis) anos
de 9 (nove) anos, é organizado e tratado em duas fases: a dos 5 de idade, tem duas fases sequentes com características próprias,
(cinco) anos iniciais e a dos 4 (quatro) anos finais; chamadas de anos iniciais, com 5 (cinco) anos de duração, em regra
III - o Ensino Médio, com duração mínima de 3 (três) anos. Pará- para estudantes de 6 (seis) a 10 (dez) anos de idade; e anos finais,
grafo único. Essas etapas e fases têm previsão de idades próprias, as com 4 (quatro) anos de duração, para os de 11 (onze) a 14 (qua-
quais, no entanto, são diversas quando se atenta para sujeitos com torze) anos.
características que fogem à norma, como é o caso, entre outros: Parágrafo único. No Ensino Fundamental, acolher significa
I - de atraso na matrícula e/ou no percurso escolar também cuidar e educar, como forma de garantir a aprendizagem
II - de retenção, repetência e retorno de quem havia abandona- dos conteúdos curriculares, para que o estudante desenvolva inter-
do os estudos; esses e sensibilidades que lhe permitam usufruir dos bens culturais
III - de portadores de deficiência limitadora; disponíveis na comunidade, na sua cidade ou na sociedade em ger-
IV - de jovens e adultos sem escolarização ou com esta incom- al, e que lhe possibilitem ainda sentir-se como produtor valorizado
pleta; desses bens
V - de habitantes de zonas rurais; Art. 24. Os objetivos da formação básica das crianças, definidos
VI - de indígenas e quilombolas; para a Educação Infantil, prolongam-se durante os anos iniciais do
VII - de adolescentes em regime de acolhimento ou internação, Ensino Fundamental, especialmente no primeiro, e completam-se
jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos estabe- nos anos finais, ampliando e intensificando, gradativamente, o pro-
lecimentos penais cesso educativo, mediante:
Seção I I - desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como
Educação Infantil meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;
II - foco central na alfabetização, ao longo dos 3 (três) primeiros
Art. 22. A Educação Infantil tem por objetivo o desenvolvimen- anos;
to integral da criança, em seus aspectos físico, afetivo, psicológico, III - compreensão do ambiente natural e social, do sistema
intelectual, social, complementando a ação da família e da comu- político, da economia, da tecnologia, das artes, da cultura e dos va-
nidade. lores em que se fundamenta a sociedade;
§ 1º As crianças provêm de diferentes e singulares contextos IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo
socioculturais, socioeconômicos e étnicos, por isso devem ter a em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação
oportunidade de ser acolhidas e respeitadas pela escola e pelos de atitudes e valores;
profissionais da educação, com base nos princípios da individuali- V - fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de soli-
dade, igualdade, liberdade, diversidade e pluralidade. dariedade humana e de respeito recíproco em que se assenta a vida
social.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Art. 25. Os sistemas estaduais e municipais devem estabelecer suplementar à escolarização, ofertado em salas de recursos multi-
especial forma de colaboração visando à oferta do Ensino Funda- funcionais ou em centros de AEE da rede pública ou de instituições
mental e à articulação sequente entre a primeira fase, no geral as- comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos.
sumida pelo Município, e a segunda, pelo Estado, para evitar ob- § 2º Os sistemas e as escolas devem criar condições para que
stáculos ao acesso de estudantes que se transfiram de uma rede o professor da classe comum possa explorar as potencialidades de
para outra para completar esta escolaridade obrigatória, garantindo todos os estudantes, adotando uma pedagogia dialógica, interativa,
a organicidade e a totalidade do processo formativo do escolar. interdisciplinar e inclusiva e, na interface, o professor do AEE deve
identificar habilidades e necessidades dos estudantes, organizar e
CAPÍTULO II orientar sobre os serviços e recursos pedagógicos e de acessibili-
MODALIDADES DA EDUCAÇÃO BÁSICA dade para a participação e aprendizagem dos estudantes.
§ 3º Na organização desta modalidade, os sistemas de ensino
Art. 27. A cada etapa da Educação Básica pode corresponder devem observar as seguintes orientações fundamentais:
uma ou mais das modalidades de ensino: Educação de Jovens e I - o pleno acesso e a efetiva participação dos estudantes no
Adultos, Educação Especial, Educação Profissional e Tecnológica, ensino regular;
Educação do Campo, Educação Escolar Indígena e Educação a Dis- II - a oferta do atendimento educacional especializado;
tância III - a formação de professores para o AEE e para o desenvolvi-
mento de práticas educacionais inclusivas;
Seção I IV - a participação da comunidade escolar;
Educação de Jovens e Adultos V - a acessibilidade arquitetônica, nas comunicações e infor-
mações, nos mobiliários e equipamentos e nos transportes;
Art. 28. A Educação de Jovens e Adultos (EJA) destina-se aos VI - a articulação das políticas públicas intersetoriais.
que se situam na faixa etária superior à considerada própria, no nív-
el de conclusão do Ensino Fundamental e do Ensino Médio Título Vii
§ 1º Cabe aos sistemas educativos viabilizar a oferta de cursos Elementos Constitutivos Para A Organização Das Diretrizes
gratuitos aos jovens e aos adultos, proporcionando-lhes oportuni- Curriculares Nacionais Gerais Para A Educação Básica
dades educacionais apropriadas, consideradas as características do
alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante Capítulo I
cursos, exames, ações integradas e complementares entre si, estru- O Projeto Político-Pedagógico E O Regimento Escolar
turados em um projeto pedagógico próprio
§ 2º Os cursos de EJA, preferencialmente tendo a Educação Art. 43. O projeto político-pedagógico, interdependentemente
Profissional articulada com a Educação Básica, devem pautar-se da autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira da
pela flexibilidade, tanto de currículo quanto de tempo e espaço, instituição educacional, representa mais do que um documento,
para que seja(m): sendo um dos meios de viabilizar a escola democrática para todos
I - rompida a simetria com o ensino regular para crianças e ado- e de qualidade social.
lescentes, de modo a permitir percursos individualizados e conteú- § 1º A autonomia da instituição educacional baseia-se na busca
dos significativos para os jovens e adultos; de sua identidade, que se expressa na construção de seu projeto
II - providos o suporte e a atenção individuais às diferentes ne- pedagógico e do seu regimento escolar, enquanto manifestação de
cessidades dos estudantes no processo de aprendizagem, mediante seu ideal de educação e que permite uma nova e democrática orde-
atividades diversificadas; nação pedagógica das relações escolares.
III - valorizada a realização de atividades e vivências socializa- § 2º Cabe à escola, considerada a sua identidade e a de seus
doras, culturais, recreativas e esportivas, geradoras de enriqueci- sujeitos, articular a formulação do projeto político-pedagógico com
mento do percurso formativo dos estudantes; os planos de educação – nacional, estadual, municipal –, o contex-
IV - desenvolvida a agregação de competências para o trabalho; to em que a escola se situa e as necessidades locais e de seus es-
V - promovida a motivação e a orientação permanente dos tudantes.
estudantes, visando maior participação nas aulas e seu melhor § 3º A missão da unidade escolar, o papel socioeducativo,
aproveitamento e desempenho; artístico, cultural, ambiental, as questões de gênero, etnia e diver-
VI - realizada, sistematicamente, a formação continuada, desti- sidade cultural que compõem as ações educativas, a organização e
nada, especificamente, aos educadores de jovens e adultos. a gestão curricular são componentes integrantes do projeto políti-
co-pedagógico, devendo ser previstas as prioridades institucion-
Seção II ais que a identificam, definindo o conjunto das ações educativas
Educação Especial próprias das etapas da Educação Básica assumidas, de acordo com
as especificidades que lhes correspondam, preservando a sua artic-
Art. 29. A Educação Especial, como modalidade transversal a ulação sistêmica
todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, é parte integrante Art. 44. O projeto político-pedagógico, instância de construção
da educação regular, devendo ser prevista no projeto político-ped- coletiva que respeita os sujeitos das aprendizagens, entendidos
agógico da unidade escolar. como cidadãos com direitos à proteção e à participação social, deve
§ 1º Os sistemas de ensino devem matricular os estudantes contemplar:
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas I - o diagnóstico da realidade concreta dos sujeitos do processo
habilidades/superdotação nas classes comuns do ensino regular e educativo, contextualizados no espaço e no tempo;
no Atendimento Educacional Especializado (AEE), complementar ou
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
II - a concepção sobre educação, conhecimento, avaliação da § 2º É obrigatória a gestão democrática no ensino público e
aprendizagem e mobilidade escolar; prevista, em geral, para todas as instituições de ensino, o que im-
III - o perfil real dos sujeitos – crianças, jovens e adultos – que plica decisões coletivas que pressupõem a participação da comuni-
justificam e instituem a vida da e na escola, do ponto de vista in- dade escolar na gestão da escola e a observância dos princípios e
telectual, cultural, emocional, afetivo, socioeconômico, como base finalidades da educação.
da reflexão sobre as relações vida-conhecimento-cultura profes- § 3º No exercício da gestão democrática, a escola deve se em-
sor-estudante e instituição escolar; penhar para constituir-se em espaço das diferenças e da plurali-
IV - as bases norteadoras da organização do trabalho pedagógi- dade, inscrita na diversidade do processo tornado possível por meio
co; de relações intersubjetivas, cuja meta é a de se fundamentar em
V - a definição de qualidade das aprendizagens e, por conse- princípio educativo emancipador, expresso na liberdade de apren-
quência, da escola, no contexto das desigualdades que se refletem der, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e
na escola; o saber
VI - os fundamentos da gestão democrática, compartilhada e Art. 55. A gestão democrática constitui-se em instrumento de
participativa (órgãos colegiados e de representação estudantil); horizontalização das relações, de vivência e convivência colegiada,
VII - o programa de acompanhamento de acesso, de permanên- superando o autoritarismo no planejamento e na concepção e or-
cia dos estudantes e de superação da retenção escolar; ganização curricular, educando para a conquista da cidadania plena
VIII - o programa de formação inicial e continuada dos profis- e fortalecendo a ação conjunta que busca criar e recriar o trabalho
sionais da educação, regentes e não regentes; da e na escola mediante:
IX - as ações de acompanhamento sistemático dos resultados I - a compreensão da globalidade da pessoa, enquanto ser que
do processo de avaliação interna e externa (Sistema de Avaliação da aprende, que sonha e ousa, em busca de uma convivência social
Educação Básica – SAEB, Prova Brasil, dados estatísticos, pesquisas libertadora fundamentada na ética cidadã;
sobre os sujeitos da Educação Básica), incluindo dados referentes II - a superação dos processos e procedimentos burocráticos,
ao IDEB e/ou que complementem ou substituam os desenvolvidos assumindo com pertinência e relevância: os planos pedagógicos, os
pelas unidades da federação e outros; objetivos institucionais e educacionais, e as atividades de avaliação
X - a concepção da organização do espaço físico da instituição contínua;
escolar de tal modo que este seja compatível com as características III - a prática em que os sujeitos constitutivos da comunidade
de seus sujeitos, que atenda as normas de acessibilidade, além da educacional discutam a própria práxis pedagógica impregnando-a
natureza e das finalidades da educação, deliberadas e assumidas de entusiasmo e de compromisso com a sua própria comunidade,
pela comunidade educacional. valorizando-a, situando-a no contexto das relações sociais e bus-
Art. 45. O regimento escolar, discutido e aprovado pela comu- cando soluções conjuntas;
nidade escolar e conhecido por todos, constitui-se em um dos in- IV - a construção de relações interpessoais solidárias, geridas
strumentos de execução do projeto políticopedagógico, com trans- de tal modo que os professores se sintam estimulados a conhecer
parência e responsabilidade. melhor os seus pares (colegas de trabalho, estudantes, famílias), a
Parágrafo único. O regimento escolar trata da natureza e da fi- expor as suas ideias, a traduzir as suas dificuldades e expectativas
nalidade da instituição, da relação da gestão democrática com os pessoais e profissionais;
órgãos colegiados, das atribuições de seus órgãos e sujeitos, das V - a instauração de relações entre os estudantes, proporcio-
suas normas pedagógicas, incluindo os critérios de acesso, pro- nando-lhes espaços de convivência e situações de aprendizagem,
moção, mobilidade do estudante, dos direitos e deveres dos seus por meio dos quais aprendam a se compreender e se organizar em
sujeitos: estudantes, professores, técnicos e funcionários, gestores, equipes de estudos e de práticas esportivas, artísticas e políticas;
famílias, representação estudantil e função das suas instâncias co- VI - a presença articuladora e mobilizadora do gestor no cotidi-
legiadas. ano da escola e nos espaços com os quais a escola interage, em bus-
ca da qualidade social das aprendizagens que lhe caiba desenvolver,
Capítulo III com transparência e responsabilidade.
Gestão Democrática E Organização Da Escola
CAPÍTULO IV
Art. 54. É pressuposto da organização do trabalho pedagógico O PROFESSOR E A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA
e da gestão da escola conceber a organização e a gestão das pes-
soas, do espaço, dos processos e procedimentos que viabilizam o Art. 56. A tarefa de cuidar e educar, que a fundamentação da
trabalho expresso no projeto político-pedagógico e em planos da ação docente e os programas de formação inicial e continuada dos
escola, em que se conformam as condições de trabalho definidas profissionais da educação instauram, refletese na eleição de um ou
pelas instâncias colegiadas. outro método de aprendizagem, a partir do qual é determinado o
§ 1º As instituições, respeitadas as normas legais e as do seu perfil de docente para a Educação Básica, em atendimento às di-
sistema de ensino, têm incumbências complexas e abrangentes, mensões técnicas, políticas, éticas e estéticas.
que exigem outra concepção de organização do trabalho pedagógi- § 1º Para a formação inicial e continuada, as escolas de forma-
co, como distribuição da carga horária, remuneração, estratégias ção dos profissionais da educação, sejam gestores, professores ou
claramente definidas para a ação didático-pedagógica coletiva especialistas, deverão incluir em seus currículos e programas:
que inclua a pesquisa, a criação de novas abordagens e práticas a) o conhecimento da escola como organização complexa que
metodológicas, incluindo a produção de recursos didáticos ade- tem a função de promover a educação para e na cidadania;
quados às condições da escola e da comunidade em que esteja ela b) a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investi-
inserida gações de interesse da área educacional;
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
c) a participação na gestão de processos educativos e na orga- O Currículo Referência de Minas Gerais parte de uma concep-
nização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino; ção ampla de currículo, entendendo-o como um conjunto de ex-
d) a temática da gestão democrática, dando ênfase à constru- periências de aprendizagem que ocorrem no ambiente escolar e
ção do projeto políticopedagógico, mediante trabalho coletivo de que contribuem para o desenvolvimento dos estudantes em todas
que todos os que compõem a comunidade escolar são responsá- as dimensões: cognitiva, socioemocional, ética e estética.
veis. O documento está organizado em diferentes áreas do co-
Art. 57. Entre os princípios definidos para a educação nacional nhecimento, contemplando os componentes curriculares obri-
está a valorização do profissional da educação, com a compreensão gatórios, como língua portuguesa, matemática, ciências, história,
de que valorizá-lo é valorizar a escola, com qualidade gestorial, edu- geografia, entre outros, além de abordar temas transversais e a
cativa, social, cultural, ética, estética, ambiental. educação em tempo integral.
§ 1º A valorização do profissional da educação escolar vincula- Uma das características do Currículo Referência de Minas Ge-
-se à obrigatoriedade da garantia de qualidade e ambas se associam rais é a sua abordagem interdisciplinar, que busca integrar os dife-
à exigência de programas de formação inicial e continuada de do- rentes campos do conhecimento e promover uma aprendizagem
centes e não docentes, no contexto do conjunto de múltiplas atri- significativa. Além disso, o currículo valoriza a diversidade cultural
buições definidas para os sistemas educativos, em que se inscrevem e o respeito às diferenças, visando uma educação inclusiva e que
as funções do professor. promova a equidade.
§ 2º Os programas de formação inicial e continuada dos pro- O documento também destaca a importância da participação
fissionais da educação, vinculados às orientações destas Diretrizes, dos estudantes, dos professores, das famílias e da comunidade no
devem prepará-los para o desempenho de suas atribuições, consi- processo educativo. Busca-se promover práticas pedagógicas que
derando necessário: estimulem a autonomia dos estudantes, o protagonismo juvenil e
a) além de um conjunto de habilidades cognitivas, saber pes- o diálogo entre todos os atores envolvidos na educação.
quisar, orientar, avaliar e elaborar propostas, isto é, interpretar e O Currículo Referência de Minas Gerais está em constante
reconstruir o conhecimento coletivamente; processo de atualização e adequação às demandas e desafios
b) trabalhar cooperativamente em equipe; contemporâneos. Sua implementação e desenvolvimento são rea-
c) compreender, interpretar e aplicar a linguagem e os instru- lizados em parceria com as escolas, professores e gestores educa-
mentos produzidos ao longo da evolução tecnológica, econômica e cionais, visando uma educação de qualidade e em sintonia com as
organizativa; necessidades e realidades locais.
d) desenvolver competências para integração com a comunida- Em suma, o Currículo Referência de Minas Gerais é um docu-
de e para relacionamento com as famílias. mento norteador que visa orientar a prática pedagógica nas es-
Art. 58. A formação inicial, nos cursos de licenciatura, não es- colas do estado. Com uma abordagem interdisciplinar, inclusiva e
gota o desenvolvimento dos conhecimentos, saberes e habilidades participativa, busca promover uma educação de qualidade, valori-
referidas, razão pela qual um programa de formação continuada zando a diversidade e o desenvolvimento integral dos estudantes.
dos profissionais da educação será contemplado no projeto políti- Sua implementação é realizada em parceria com as escolas e tem
co-pedagógico. como objetivo principal a melhoria da aprendizagem e o fortaleci-
Art. 59. Os sistemas educativos devem instituir orientações mento do sistema educacional mineiro.
para que o projeto de formação dos profissionais preveja:
a) a consolidação da identidade dos profissionais da educação, Prezado(a),
nas suas relações com a escola e com o estudante;
b) a criação de incentivos para o resgate da imagem social do A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico
professor, assim como da autonomia docente tanto individual como será disponibilizado na Área do Aluno em nosso site. Essa área
coletiva; é reservada para a inclusão de materiais que complementam a
c) a definição de indicadores de qualidade social da educação apostila, sejam esses, legislações, documentos oficiais ou textos
escolar, a fim de que as agências formadoras de profissionais da relacionados a este material, e que, devido a seu formato ou ta-
educação revejam os projetos dos cursos de formação inicial e con- manho, não cabem na estrutura de nossas apostilas.
tinuada de docentes, de modo que correspondam às exigências de
um projeto de Nação. Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são
Art. 60. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publi- organizados de acordo com o título do tópico a que se referem
cação. e podem ser acessados seguindo os passos indicados na página
2 deste material, ou por meio de seu login e senha na Área do
Aluno.
CURRÍCULO REFERÊNCIA DE MINAS GERAIS
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha
melhor quaisquer atualizações que surgirem depois da publicação
O Currículo Referência de Minas Gerais é um documento que da apostila.
orienta a prática pedagógica nas escolas do estado. Elaborado
pela Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG), o currículo bus- Se preferir, indicamos também acesso direto ao documento
ca promover uma educação de qualidade, que valorize a diversi- em:
dade, os saberes e as competências necessárias para a formação http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/curri-
integral dos estudantes. culos_estados/documento_curricular_mg.pdf
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
• Juízos de realidade são juízos descritivos e constatati- A Pedagogia sendo ciência da e para a educação, estuda a
vos. educação, a instrução e o ensino. Para tanto compõe-se de ra-
Exemplos: mos de estudo próprios como a Teoria da Educação, a Didática,
•Dois mais dois são quatro. a Organização Escolar e a História da Educação e da Pedagogia.
• Acham-se presentes na sala 50 alunos. Ao mesmo tempo, busca em outras ciências os conhecimentos
teóricos e práticos que concorrem para o esclarecimento do seu
• Juízos de valor são juízos que estabelecem valores ou objeto, o fenômeno educativo. São elas a Filosofia da Educação,
normas. Sociologia da Educação, Psicologia da Educação, Biologia da Edu-
Exemplo: cação, Economia da educação e outras.
• A democracia é a melhor forma de governo. A Didática é o principal ramo de estudos da Pedagogia. Ela
• Os velhos merecem nosso respeito. investiga os fundamentos, condições e modos de realização da
instrução e do ensino. A ela cabe converter objetivos sócio-po-
A partir dessa diferenciação, concluímos que podemos ser líticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar con-
metodologistas sem ser didáticos, mas não podemos ser didá- teúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os
ticos sem ser metodologistas, pois não podemos julgar sem co- vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desen-
nhecer. Por isso, o estudo da metodologia é importante por uma volvimento das capacidades mentais dos alunos. A Didática está
razão muito simples: para escolher o método mais adequado de intimamente ligada à Teoria da Educação e à Teoria da Organi-
ensino precisamos conhecer os métodos existentes. zação Escolar e, de modo muito especial, vincula-se a Teoria do
Conhecimento e à Psicologia da Educação.
Educação escolar, pedagogia e Didática A Didática e as metodologias específicas das matérias de
A educação escolar constitui-se num sistema de instrução e ensino formam uma unidade, mantendo entre si relações recí-
ensino com propósitos intencionais, práticas sistematizadas e alto procas. A Didática trata da teoria geral do ensino. As metodolo-
grau de organização, ligado intimamente as demais práticas so- gias específicas, integrando o campo da Didática, ocupam-se dos
ciais. Pela educação escolar democratizam-se os conhecimentos, conteúdos e métodos próprios de cada matéria na sua relação
sendo na escola que os trabalhadores continuam tendo a oportu- com fins educacionais. A Didática, com base em seus vínculos
nidade de prover escolarização formal aos seus filhos, adquirindo com a Pedagogia , generaliza processos e procedimentos obti-
conhecimentos científicos e formando capacidades de pensar cri- dos na investigação das matérias específicas, das ciências que
ticamente os problemas e desafios postos pela realidade social. dão embasamento ao ensino e a aprendizagem e das situações
A Pedagogia é um campo de conhecimentos que investiga a concretas da prática docente. Com isso, pode generalizar para
natureza das finalidades da educação numa determinada socie- todas as matérias, sem prejuízo das peculiaridades metodoló-
dade, bem como os meios apropriados para a formação dos indi- gicas de cada uma, o que é comum e fundamental no processo
víduos, tendo em vista prepará-los para as tarefas da vida social. educativo escolar.
Uma vez que a prática educativa é o processo pelo qual são Há uma estreita ligação da Didática com os demais campo
assimilados conhecimentos e experiências acumulados pela prá- do conhecimento pedagógico. A Filosofia e a História da Edu-
tica social da humanidade, cabe à Pedagogia assegura-lo, orien- cação ajudam a reflexão em torno das teorias educacionais, in-
tando-o para finalidades sociais e políticas, e criando um conjun- dagando em que consiste o ato educativo, seus condicionantes
to de condições metodológicas e organizativas para viabiliza-lo. externos e internos, seus fins e objetivos; busca os fundamentos
O caráter pedagógico da prática educativa se verifica como da prática docente.
ação consciente, intencional e planejada no processo de for- A Sociologia da Educação estuda a educação com processo
mação humana, através de objetivos e meios estabelecidos social e ajuda os professores a reconhecerem as relações entre
por critérios socialmente determinados e que indicam o tipo o trabalho docente e a sociedade. Ensina a ver a realidade social
de homem a formar, para qual sociedade, com que propósitos. no seu movimento, a partir da dependência mútua entre seus
Vincula-se pois a opções sociais. A partir daí a Pedagogia pode elementos constitutivos, para determinar os nexos constitutivos
dirigir e orientar a formulação de objetivos e meios do processo da realidade educacional. A partir disso estuda a escola como
educativo. “fenômeno sociológico”, isto é, uma organização social que tem
Podemos, agora, explicar as relações entre educação esco- a sua estrutura interna de funcionamento interligada ao mes-
lar. Pedagogia e ensino: a educação escolar, manifestação pe- mo tempo com outras organizações sociais(conselhos de pais,
culiar do processo educativo global: a Pedagogia como determi- associações de bairros, sindicatos, partidos políticos). A própria
nação do rumo desse processo em suas finalidades e meios de sala de aula é um ambiente social que forma, junto com a escola
ação; o ensino como campo específico da instrução e educação como um todo, o ambiente global da atividade docente organi-
escolar. Podemos dizer que o processo de ensino-aprendizagem zado para cumprir os objetivos de ensino.
é, fundamentalmente, um trabalho pedagógico no qual se con- A Psicologia da Educação estuda importantes aspectos do
jugam fatores externos e internos. De um lado, atuam na for- processo de ensino e da aprendizagem, como as implicações
mação humana como direção consciente e planejada, através das fases de desenvolvimento dos alunos conforme idades e os
de objetivos/conteúdos/métodos e formas de organização pro- mecanismos psicológicos presentes na assimilação ativa de co-
postos pela escola e pelos professores; de outro, essa influência nhecimentos e habilidades. A psicologia aborda questões como:
externa depende de fatores internos, tais como as condições fí- o funcionamento da atividade mental, a influência do ensino
sicas, psíquicas e sócio-culturais do alunos. no desenvolvimento intelectual, a ativação das potencialidades
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mentais para a aprendizagem, organização das relações profes- Esses tipos de aprendizagem tem grande relevância na assi-
sor-alunos e dos alunos entre si, a estimulação e o despertamen- milação ativa dos indivíduos, favorecendo um conhecimento a
to do gosto pelo estudo etc. partir das circunstâncias vivenciadas pelo mesmo.
A Estrutura e Funcionamento do Ensino inclui questões da O processo de assimilação de determinados conhecimentos,
organização do sistema escolar nos seus aspectos políticos e le- habilidades, percepção e reflexão é desenvolvido por meios ati-
gais, administrativos, e aspectos do funcionamento interno da tudinais, motivacionais e intelectuais do aluno, sendo o profes-
escola como a estrutura organizacional e administrativa, planos sor o principal orientador desse processo de assimilação ativa,
e programas, organização do trabalho pedagógico e das ativida- é através disso que se pode adquirir um melhor entendimento,
des discentes etc.27 favorecendo um desenvolvimento cognitivo.
Através do ensino podemos compreender o ato de aprender
O Processo Didático Pedagógico de Ensinar e Aprender que é o ato no qual assimilamos mentalmente os fatos e as rela-
Didática é considerada como arte e ciência do ensino, o ções da natureza e da sociedade. Esse processo de assimilação
objetivo deste artigo é analisar o processo didático educativo de conhecimentos é resultado da reflexão proporcionada pela
e suas contribuições positivas para um melhor desempenho no percepção prático-sensorial e pelas ações mentais que caracteri-
processo de ensino-aprendizagem. Como arte a didática não ob- zam o pensamento (Libâneo, 1994). Entendida como fundamen-
jetiva apenas o conhecimento por conhecimento, mas procura tal no processo de ensino a assimilação ativa desenvolve no indi-
aplicar os seus próprios princípios com a finalidade de desen- viduo a capacidade de lógica e raciocínio, facilitando o processo
volver no individuo as habilidades cognoscitivas, tornando-os de aprendizagem do aluno.
críticos e reflexivos, desenvolvendo assim um pensamento in- Sempre estamos aprendendo, seja de maneira sistemática
dependente. ou de forma espontânea, teoricamente podemos dizer que há
Nesse Artigo abordamos esse assunto acerca das visões de dois níveis de aprendizagem humana: o reflexo e o cognitivo. O
Libâneo (1994), destacando as relações e os processos didáticos nível reflexo refere-se às nossas sensações pelas quais desenvol-
de ensino e aprendizagem, o caráter educativo e crítico desse vemos processos de observação e percepção das coisas e nossas
processo de ensino, levando em consideração o trabalho docen- ações físicas no ambiente. Este tipo de aprendizagem é respon-
te além da organização da aula e seus componentes didáticos sável pela formação de hábitos sensório motor (Libâneo, 1994).
do processo educacional tais como objetivos, conteúdos, méto- O nível cognitivo refere-se à aprendizagem de determinados
dos, meios de ensino e avaliação. Concluímos o nosso trabalho conhecimentos e operações mentais, caracterizada pela apreen-
ressaltando a importância da didática no processo educativo de são consciente, compreensão e generalização das propriedades
ensino e aprendizagem. e relações essenciais da realidade, bem como pela aquisição de
modos de ação e aplicação referentes a essas propriedades e re-
Processos Didáticos Básicos, Ensino e Aprendizagem. lações (Libâneo, 1994). De acordo com esse contexto podemos
A Didática é o principal ramo de estudo da pedagogia, pois despertar uma aprendizagem autônoma, seja no meio escolar
ela situa-se num conjunto de conhecimentos pedagógicos, in- ou no ambiente em que estamos.
vestiga os fundamentos, as condições e os modos de realização Pelo meio cognitivo, os indivíduos aprendem tanto pelo
da instrução e do ensino, portanto é considerada a ciência de contato com as coisas no ambiente, como pelas palavras que
ensinar. Nesse contexto, o professor tem como papel principal designam das coisas e dos fenômenos do ambiente. Portanto as
garantir uma relação didática entre ensino e aprendizagem atra- palavras são importantes condições de aprendizagem, pois atra-
vés da arte de ensinar, pois ambos fazem parte de um mesmo vés delas são formados conceitos pelos quais podemos pensar.
processo. Segundo Libâneo (1994), o professor tem o dever de O ensino é o principal meio de progresso intelectual dos
planejar, dirigir e controlar esse processo de ensino, bem como alunos, através dele é possível adquirir conhecimentos e habi-
estimular as atividades e competências próprias do aluno para a lidades individuais e coletivas. Por meio do ensino, o professor
sua aprendizagem. transmite os conteúdos de forma que os alunos assimilem esse
A condição do processo de ensino requer uma clara e segu- conhecimento, auxiliando no desenvolvimento intelectual, re-
ra compreensão do processo de aprendizagem, ou seja, deseja flexivo e crítico.
entender como as pessoas aprendem e quais as condições que
influenciam para esse aprendizado. Sendo assim Libâneo (1994) Por meio do processo de ensino o professor pode alcançar
ressalta que podemos distinguir a aprendizagem em dois tipos: seu objetivo de aprendizagem, essa atividade de ensino está li-
aprendizagem casual e a aprendizagem organizada. gada à vida social mais ampla, chamada de prática social, por-
a. Aprendizagem casual: É quase sempre espontânea, surge tanto o papel fundamental do ensino é mediar à relação entre
naturalmente da interação entre as pessoas com o ambiente em indivíduos, escola e sociedade.
que vivem, ou seja, através da convivência social, observação de
objetos e acontecimentos. O Caráter Educativo do Processo de Ensino e o Ensino Crítico.
b. Aprendizagem organizada: É aquela que tem por finalida- De acordo com Libâneo (1994), o processo de ensino, ao
de específica aprender determinados conhecimentos, habilida- mesmo tempo em que realiza as tarefas da instrução de crianças
des e normas de convivência social. Este tipo de aprendizagem e jovens, também é um processo educacional.
é transmitido pela escola, que é uma organização intencional, No desempenho de sua profissão, o professor deve ter em
planejada e sistemática, as finalidades e condições da apren- mente a formação da personalidade dos alunos, não apenas no
dizagem escolar é tarefa específica do ensino (LIBÂNEO, 1994. aspecto intelectual, como também nos aspectos morais, afeti-
Pág. 82). vos e físicos. Como resultado do trabalho escolar, os alunos vão
27 Fonte: www.pedagogiadidatica.blogspot.com.br formando o senso de observação, a capacidade de exame obje-
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tivo e crítico de fatos e fenômenos da natureza e das relações Sendo a aula um lugar privilegiado da vida pedagógica refere-se
sociais, habilidades de expressão verbal e escrita. A unidade às dimensões do processo didático preparado pelo professor e
instrução-educação se reflete, assim, na formação de atitudes por seus alunos.
e convicções frente à realidade, no transcorrer do processo de Aula é toda situação didática na qual se põem objetivos,
ensino. conhecimentos, problemas, desafios com fins instrutivos e for-
O processo de ensino deve estimular o desejo e o gosto pelo mativos, que incitam as crianças e jovens a aprender (LIBÂNEO,
estudo, mostrando assim a importância do conhecimento para a 1994- Pág.178). Cada aula é única, pois ela possui seus próprios
vida e o trabalho, (LIBÂNEO, 1994). objetivos e métodos que devem ir de acordo com a necessidade
Nesse processo o professor deve criar situações que estimu- observada no educando.
le o indivíduo a pensar, analisar e relacionar os aspectos estu- A aula é norteada por uma série de componentes, que vão
dados com a realidade que vive. Essa realização consciente das conduzir o processo didático facilitando tanto o desenvolvimen-
tarefas de ensino e aprendizagem é uma fonte de convicções, to das atividades educacionais pelo educador como a compreen-
princípios e ações que irão relacionar as práticas educativas dos são e entendimento pelos indivíduos em formação; ela deve,
alunos, propondo situações reais que faça com que os individuo pois, ter uma estruturação e organização, afim de que sejam
reflita e analise de acordo com sua realidade (TAVARES, 2011). alcançados os objetivos do ensino.
Entretanto o caráter educativo está relacionado aos objeti- Ao preparar uma aula o professor deve estar atento às quais
vos do ensino crítico e é realizado dentro do processo de ensino. interesses e necessidades almeja atender, o que pretende com
È através desse processo que acontece a formação da consciên- a aula, quais seus objetivos e o que é de caráter urgente na-
cia crítica dos indivíduos, fazendo-os pensar independentemen- quele momento. A organização e estruturação didática da aula
te, por isso o ensino crítico, chamado assim por implicar direta- têm por finalidade proporcionar um trabalho mais significativo
mente nos objetivos sócio-políticos e pedagógicos, também os e bem elaborado para a transmissão dos conteúdos. O estabe-
conteúdos, métodos escolhidos e organizados mediante deter- lecimento desses caminhos proporciona ao professor um maior
minada postura frente ao contexto das relações sociais vigentes controle do processo e aos alunos uma orientação mais eficaz,
da prática social, (LIBÂNEO, 1994). que vá de acordo com previsto.
È através desse ensino crítico que os processos mentais são As indicações das etapas para o desenvolvimento da aula,
desenvolvidos, formando assim uma atitude intelectual. Nes- não significa que todas elas devam seguir um cronograma rígido
se contexto os conteúdos deixam de serem apenas matérias, e (LIBÂNEO, 1994-Pág. 179), pois isso depende dos objetivos, con-
passam então a ser transmitidos pelo professor aos seus alunos teúdos da disciplina, recursos disponíveis e das características
formando assim um pensamento independente, para que esses dos alunos e de cada aluno e situações didáticas especificas.
indivíduos busquem resolver os problemas postos pela socieda- Dentro da organização da aula destacaremos agora seus
de de uma maneira criativa e reflexiva. Componentes Didáticos, que são também abordados em alguns
trabalhos como elementos estruturantes do ensino didático. São
A Organização da Aula e seus Componentes Didáticos do eles: os objetivos (gerais e específicos), os conteúdos, os méto-
Processo Educacional dos, os meios e as avaliações.
A aula é a forma predominante pela qual é organizado o
processo de ensino e aprendizagem. É o meio pelo qual o profes- Objetivos
sor transmite aos seus alunos conhecimentos adquirido no seu São metas que se deseja alcançar, para isso usa-se de diver-
processo de formação, experiências de vida, conteúdos específi- sos meios para se chegar ao esperado. Os objetivos educacionais
cos para a superação de dificuldades e meios para a construção expressam propósitos definidos, pois o professor quando vai
de seu próprio conhecimento, nesse sentido sendo protagonista ministrar a aula já vai com os objetivos definidos. Eles têm por
de sua formação humana e escolar. finalidade, preparar o docente para determinar o que se requer
É ainda o espaço de interação entre o professor e o indi- com o processo de ensino, isto é prepará-lo para estabelecer
víduo em formação constituindo um espaço de troca mútua. A quais as metas a serem alcançadas, eles constituem uma ação
aula é o ambiente propício para se pensar, criar, desenvolver intencional e sistemática.
e aprimorar conhecimentos, habilidades, atitudes e conceitos, Os objetivos são exigências que requerem do professor um
é também onde surgem os questionamentos, indagações e res- posicionamento reflexivo, que o leve a questionamentos sobre
postas, em uma busca ativa pelo esclarecimento e entendimen- a sua própria prática, sobre os conteúdos os materiais e os mé-
to acerca desses questionamentos e investigações. todos pelos quais as práticas educativas se concretizam. Ao ela-
Por intermédio de um conjunto de métodos, o educador borar um plano de aula, por exemplo, o professor deve levar em
busca melhor transmitir os conteúdos, ensinamentos e conheci- conta muitos questionamentos acerca dos objetivos que aspira,
mentos de uma disciplina, utilizando-se dos recursos disponíveis como O que? Para que? Como? E Para quem ensinar?, e isso só
e das habilidades que possui para infundir no aluno o desejo irá melhorar didaticamente as suas ações no planejamento da
pelo saber. aula.
Deve-se ainda compreender a aula como um conjunto de
meios e condições por meio das quais o professor orienta, guia e Não há prática educativa sem objetivos; uma vez que estes
fornece estímulos ao processo de ensino em função da atividade integram o ponto de partida, as premissas gerais para o proces-
própria dos alunos, ou seja, da assimilação e desenvolvimento so pedagógico (LIBÂNEO, 1994- pág.122). Os objetivos são um
de habilidades naturais do aluno na aprendizagem educacional. guia para orientar a prática educativa sem os quais não haveria
uma lógica para orientar o processo educativo.
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Para que o processo de ensino-aprendizagem aconteça de nos para torná-los mais significativos, mais vivos, mais vitais, de
modo mais organizado faz-se necessário, classificar os objetivos modo que eles possam assimilá-los de forma ativa e consciente
de acordo com os seus propósitos e abrangência, se são mais (LIBÂNEO, 1994 pág. 128). Ao proferir estas palavras, o autor
amplos, denominados objetivos gerais e se são destinados a de- aponta para um elemento de fundamental importância na pre-
terminados fins com relação aos alunos, chamados de objetivos paração da aula, a contextualização dos conteúdos.
específicos. a. Contextualização dos conteúdos
a. Objetivos Gerais: exprimem propósitos mais amplos acer- A contextualização consiste em trazer para dentro da sala
ca do papel da escola e do ensino diante das exigências postas de aula questões presentes no dia a dia do aluno e que vão con-
pela realidade social e diante do desenvolvimento da personali- tribuir para melhorar o processo de ensino e aprendizagem do
dade dos alunos (LIBANÊO, 1994- pág. 121). Por isso ele também mesmo. Valorizando desta forma o contexto social em que ele
afirma que os objetivos educacionais transcendem o espaço da está inserido e proporcionando a reflexão sobre o meio em que
sala de aula atuando na capacitação do indivíduo para as lutas se encontra, levando-o a agir como construtor e transformador
sociais de transformação da sociedade, e isso fica claro, uma deste. Então, pois, ao selecionar e organizar os conteúdos de
vez que os objetivos têm por fim formar cidadãos que venham a ensino de uma aula o professor deve levar em consideração a
atender os anseios da coletividade. realidade vivenciada pelos alunos.
b. Objetivos Específicos: compreendem as intencionali-
dades específicas para a disciplina, os caminhos traçados para b. A relação professor-aluno no processo de ensino e
que se possa alcançar o maior entendimento, desenvolvimento aprendizagem:
de habilidades por parte dos alunos que só se concretizam no O professor no processo de ensino é o mediador entre o
decorrer do processo de transmissão e assimilação dos estudos indivíduo em formação e os conhecimentos prévios de uma
propostos pelas disciplinas de ensino e aprendizagem. Expres- matéria. Tem como função planejar, orientar a direção dos con-
sam as expectativas do professor sobre o que deseja obter dos teúdos, visando à assimilação constante pelos alunos e o de-
alunos no decorrer do processo de ensino. Têm sempre um ca- senvolvimento de suas capacidades e habilidades. É uma ação
ráter pedagógico, porque explicitam a direção a ser estabeleci- conjunta em que o educador é o promotor, que faz questiona-
da ao trabalho escolar, em torno de um programa de formação. mentos, propõem problemas, instiga, faz desafios nas atividades
(TAVARES, 2001- Pág. 66). e o educando é o receptor ativo e atuante, que através de suas
ações responde ao proposto produzindo assim conhecimentos.
Conteúdos O papel do professor é levar o aluno a desenvolver sua autono-
Os conteúdos de ensino são constituídos por um conjunto mia de pensamento.
de conhecimentos. É a forma pela qual, o professor expõem
os saberes de uma disciplina para ser trabalhado por ele e pe- Métodos de Ensino
los seus alunos. Esses saberes são advindos do conjunto social Métodos de ensino são as formas que o professor organiza
formado pela cultura, a ciência, a técnica e a arte. Constituem as suas atividades de ensino e de seus alunos com a finalidade
ainda o elemento de mediação no processo de ensino, pois per- de atingir objetivos do trabalho docente em relação aos con-
mitem ao discente através da assimilação o conhecimento his- teúdos específicos que serão aplicados. Os métodos de ensino
tórico, cientifico, cultural acerca do mundo e possibilitam ainda regulam as formas de interação entre ensino e aprendizagem,
a construção de convicções e conceitos. professor e os alunos, na qual os resultados obtidos é assimila-
O professor, na sala de aula, utiliza-se dos conteúdos da ção consciente de conhecimentos e desenvolvimento das capa-
matéria para ajudar os alunos a desenvolverem competências cidades cognoscitivas e operativas dos alunos.
e habilidades de observar a realidade, perceber as propriedades Segundo Libâneo (1994) a escolha e organização os méto-
e características do objeto de estudo, estabelecer relações en- dos de ensino devem corresponder à necessária unidade obje-
tre um conhecimento e outro, adquirir métodos de raciocínio, tivos-conteúdos-métodos e formas de organização do ensino e
capacidade de pensar por si próprios, fazer comparações entre as condições concretas das situações didáticas. Os métodos de
fatos e acontecimentos, formar conceitos para lidar com eles no ensino dependem das ações imediatas em sala de aula, dos con-
dia-a-dia de modo que sejam instrumentos mentais para aplicá- teúdos específicos, de métodos peculiares de cada disciplina e
-los em situações da vida prática (LIBÂNEO 2001, pág. 09). Neste assimilação, além disso, esses métodos implica o conhecimento
contexto pretende-se que os conteúdos aplicados pelo profes- das características dos alunos quanto à capacidade de assimi-
sor tenham como fundamento não só a transmissão das infor- lação de conteúdos conforme a idade e o nível de desenvolvi-
mações de uma disciplina, mas que esses conteúdos apresentem mento mental e físico e suas características socioculturais e in-
relação com a realidade dos discentes e que sirvam para que os dividuais.
mesmos possam enfrentar os desafios impostos pela vida co- A relação objetivo-conteúdo-método procuram mostrar
tidiana. Estes devem também proporcionar o desenvolvimento que essas unidades constituem a linhagem fundamental de
das capacidades intelectuais e cognitivas do aluno, que o levem compreensão do processo didático: os objetivos, explicitando os
ao desenvolvimento critico e reflexivo acerca da sociedade que propósitos pedagógicos intencionais e planejados de instrução e
integram. educação dos alunos, para a participação na vida social; os con-
Os conteúdos de ensino devem ser vistos como uma relação teúdos, constituindo a base informativa concreta para alcançar
entre os seus componentes, matéria, ensino e o conhecimento os objetivos e determinar os métodos; os métodos, formando
que cada aluno já traz consigo. Pois não basta apenas a seleção a totalidade dos passos, formas didáticas e meios organizativos
e organização lógica dos conteúdos para transmiti-los. Antes os do ensino que viabilizam a assimilação dos conteúdos, e assim,
conteúdos devem incluir elementos da vivência prática dos alu- o atingimento dos objetivos.
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No trabalho docente, os professores selecionam e organizam compensa aos bons alunos e punição para os desinteressados,
seus métodos e procedimentos didáticos de acordo com cada ma- além disso, os professores confiam demais em seu olho clínico,
téria. Dessa forma destacamos os principais métodos de ensino dispensam verificações parciais no decorrer das aulas e aqueles
utilizado pelo professor em sala de aula: método de exposição que rejeitam as medidas quantitativas de aprendizagem em fa-
pelo professor, método de trabalho independente, método de vor de dados qualitativos (LIBÂNEO, 1994).
elaboração conjunta, método de trabalho em grupo. Nestes mé- O entendimento correto da avaliação consiste em considerar
todos, os conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentados, a relação mútua entre os aspectos quantitativos e qualitativos.
explicadas e demonstradas pelo professor, além dos trabalhos A escola cumpre uma função determinada socialmente, a de in-
planejados individuais, a elaboração conjunta de atividades entre troduzir as crianças, jovens e adultos no mundo da cultura e do
professores e alunos visando à obtenção de novos conhecimen- trabalho, tal objetivo não surge espontaneamente na experiência
tos e os trabalhos em grupo. Dessa maneira designamos todos os das crianças, jovens e adultos, mas supõe as perspectivas traça-
meios e recursos matérias utilizados pelo professor e pelos alunos das pela sociedade e controle por parte do professor. Por outro
para organização e condução metódica do processo de ensino e lado, a relação pedagógica requer a independência entre influên-
aprendizagem (LIBÂNEO, 1994 Pág. 173). cias externas e condições internas do aluno, pois nesse contexto o
professor deve organizar o ensino objetivando o desenvolvimento
Avaliação Escolar autônomo e independente do aluno (LIBÂNEO, 1994).28
A avaliação escolar é uma tarefa didática necessária para
o trabalho docente, que deve ser acompanhado passo a passo Didática e Organização Do Ensino
no processo de ensino e aprendizagem. Através da mesma, os Um breve resgate histórico da Didática no Brasil é de fun-
resultados vão sendo obtidos no decorrer do trabalho em con- damental importância para compreender o lugar que essa área
junto entre professores e alunos, a fim de constatar progressos, do conhecimento ocupa na formação do professor hoje. Isso
dificuldades e orientá-los em seus trabalhos para as correções porque entendemos que a organização curricular dos cursos de
necessárias. Libâneo (1994). licenciatura nas novas propostas para os cursos de licenciatu-
A avaliação escolar é uma tarefa complexa que não se re- ras expressa a relação social básica do sistema nesse momento
sume à realização de provas e atribuição de notas, ela cumpre histórico. Data de 1972 o I Encontro Nacional de Professores de
funções pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em Didática realizado na Universidade de Brasília, período pós-64,
relação ao rendimento escolar. momento histórico em que o planejamento educacional é con-
A função pedagógico-didática refere-se ao papel da avaliação siderado “área prioritária”, integrado ao Plano Nacional de De-
no cumprimento dos objetivos gerais e específicos da educação senvolvimento, e a educação passa a ser vista como fator de
escolar. Ao comprovar os resultados do processo de ensino, evi- desenvolvimento, investimento individual e social. Nesse mo-
dencia ou não o atendimento das finalidades sociais do ensino, de mento discute-se a necessidade de formar um novo professor
preparação dos alunos para enfrentar as exigências da sociedade tecnicamente competente e comprometido com o programa
e inseri-los ao meio social. Ao mesmo tempo, favorece uma atitu- político-econômico do país. E a formação do professor passa a
de mais responsável do aluno em relação ao estudo, assumindo-o se fazer por meio de treinamentos, em que são transmitidos os
como um dever social. Já a função de diagnóstico permite identifi- instrumentos técnicos necessários à aplicação do conhecimento
car progressos e dificuldades dos alunos e a atuação do professor científico, fundado na qualidade dos produtos, eficiência e efi-
que, por sua vez, determinam modificações do processo de ensi- cácia. A racionalização do processo aparece como necessidade
no para melhor cumprir as exigências dos objetivos. A função do básica para o alcance dos objetivos do ensino e o planejamento
controle se refere aos meios e a frequência das verificações e de tem papel central na sua organização.
qualificação dos resultados escolares, possibilitando o diagnóstico Dez anos depois, em 1982, realiza-se no Rio de Janeiro o
das situações didáticas (LIBÂNEO, 1994). I Seminário A Didática em Questão num período marcado pela
No entanto a avaliação na pratica escolar nas escolas tem abertura política do regime militar instalado em 1964 e pelo
sido bastante criticada sobre tudo por reduzir-se à sua função acirramento das lutas de classe no país.
de controle, mediante a qual se faz uma classificação quantita- Nesse momento histórico, enfatiza-se a necessidade de for-
tiva dos alunos relativa às notas que obtiveram nas provas. Os mar educadores críticos e conscientes do papel da educação na
professores não tem conseguido usar os procedimentos de ava- sociedade, e mais, comprometidos com as necessidades das ca-
liação que sem dúvida, implicam o levantamento de dados por madas populares cada vez mais presentes na escola e cedo dela
meio de testes, trabalhos escritos etc. Em relação aos objetivos, excluídos. A dimensão política do ato pedagógico torna-se obje-
funções e papel da avaliação na melhoria das atividades esco- to de discussão e análise, e a contextualização da prática peda-
lares e educativas, tem-se verificado na pratica escolar alguns gógica, buscando compreender a íntima relação entre a prática
equívocos. (LIBÂNEO, Pág. 198- 1994). escolar e a estrutura social mais ampla, passa a ser fundamental.
O mais comum é tomar a avaliação unicamente como o ato Esses desafios marcaram a década de oitenta como um período
de aplicar provas, atribuir notas e classificar os alunos. O profes- de intenso movimento de revisão crítica e reconstrução da Di-
sor reduz a avaliação à cobrança daquilo que o aluno memorizou dática no Brasil.
e usa a nota somente como instrumento de controle. Tal ideia Ao longo da década de oitenta, as produções teóricas dos
é descabida, primeiro porque a atribuição de notas visa apenas educadores expressam tentativas de dar conta dessa nova si-
o controle formal, com objetivo classificatório e não educativo; tuação. Tomando como parâmetro a questão da relação teoria-
segundo porque o que importa é o veredito do professor so- -prática, podemos identificar processos distintos que procuram
bre o grau de adequação e conformidade do aluno ao conteúdo 28 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br - Elieide Pereira dos
que transmite. Outro equívoco é utilizar a avaliação como re- Santos/Isleide Carvalho Batista/Mayane Leite da Silva Souza
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ampliar a discussão da Didática, iniciada por Candau (1984), em Nesse contexto, uma pesquisa-ensino longitudinal realizada
reação ao modelo pedagógico centrado no campo da instrumen- por Martins (1998) acompanhando durante dez anos as iniciati-
talidade. vas dos professores de todos os níveis de ensino, além da produ-
A autora propõe uma Didática Fundamental, que, nas pala- ção da área, resultou na sistematização de três momentos fun-
vras de Freitas (1995, p.22), “(...) mais do que um enfoque pro- damentais, com ênfases específicas, nas discussões e práticas
priamente dito, foi um amplo movimento de reação a um tipo de da didática na formação de professores. Esses momentos, que
didática baseada na neutralidade”. não se anulam, mas se interpenetram, devem ser entendidos
Desta forma, o movimento que inicialmente incluiu uma como uma parte de um todo, quais sejam: (i) a Dimensão política
crítica e uma denúncia ao caráter meramente instrumental da do ato pedagógico (1985/88); (ii) a organização do trabalho na
Didática avançou em seguida para a busca de alternativas e re- escola (1989/93); (iii) a produção e sistematização coletivas de
construção do conhecimento da área. E, em oposição ao modelo conhecimento (1994/2000).
pedagógico centrado no campo da instrumentalidade, grupos O primeiro momento a Dimensão política do ato pedagó-
de educadores passam a discutir a importância de formar uma gico é marcado por intensa movimentação social no Brasil, que
consciência crítica nos professores para que estes coloquem em consolida novas formas de organização e mobilização quando
prática as formas mais críticas de ensino, articuladas aos interes- os grupos sociais se definem como classe. Passa-se, então, a dar
ses e necessidades práticas das camadas populares, tendo em ênfase à problemática política. Os professores, no seu dia-a-dia,
vista garantir sua permanência na escola pública. na sala de aula e na escola reclamam da predeterminação do
Propostas expressivas como a Pedagogia Históricocrítica, seu trabalho por instâncias superiores, estão querendo partici-
de Dermeval Saviani (1983), base teórica da Pedagogia Crítico- par e essa participação tem um caráter eminentemente político.
-social dos Conteúdos, sistematizada por José Carlos Libâneo A centralidade do planejamento passa a ser questionada.
(1985), caminham nessa direção. Do ponto de vista didático, o Já no final da década de oitenta e início dos anos noventa,
ensino orienta-se pelo eixo da transmissão-assimilação ativa de avança-se para as discussões em torno da organização do tra-
conhecimentos. Dirá Libâneo (1985 p. 127-128): balho na escola (1989/93), segundo momento. Ocorre uma in-
A pedagogia crítico-social dos conteúdos valoriza a instru- tensificação da quebra do sistema organizacional da escola. Os
ção enquanto domínio do saber sistematizado e os meios de en- professores já se compreendem e se posicionam como trabalha-
sino, enquanto processo de desenvolvimento das capacidades dores, assalariados; organizam-se em sindicatos, participam de
cognitivas dos alunos e viabilização da atividade de transmis- movimentos reivindicatórios. Na escola, vão quebrando normas,
são/assimilação ativa de conhecimentos. tomando iniciativas que consolidem novas formas de organiza-
Nessa proposta, o elemento central está calcado na concep- ção da escola e da relação professor, aluno e conhecimento.
ção segundo a qual a aprendizagem se faz fundamentalmente À medida que se verificam alterações no interior da orga-
a partir do domínio da teoria. A prática decorre da teoria. Daí nização escolar, por iniciativa de seus agentes, intensifica-se a
a importância do racional, do cognitivo, do pensamento. Nes- busca da produção e sistematização coletivas de conhecimento
sa concepção, a ação prática é guiada pela teoria. Valoriza-se o e a ênfase na problemática do aluno como sujeito vai se apro-
pensamento sobre a ação. fundando. No período 1994/2000, o aluno passa a ser concebido
Por outro lado, grupos mais radicais se voltam para a alte- como um ser historicamente situado, pertencente a uma deter-
ração dos próprios processos de produção do conhecimento; minada classe, portador de uma prática social com interesses
das relações sociais. A Pedagogia dos Conflitos Sociais, de Oder próprios e um conhecimento que adquire nessa prática, os quais
José dos Santos (1992), base teórica da Sistematização coletiva não podem mais ser ignorados pela escola.
do conhecimento, proposta por Martins (1998), caminha nessa Esse período se relaciona com os anteriores através da pro-
direção. blemática da interdisciplinaridade, que passa a ser uma questão
Passa-se a discutir a importância de se romper com o eixo importante.
da transmissão-assimilação dos conteúdos, ainda que críticos, Com efeito, o movimento histórico do final do século passa-
buscando um processo de ensino que altere, na prática, suas do provocou uma alteração na concepção de conhecimento que
relações básicas na direção da sistematização coletiva do conhe- deu um passo à frente em relação aos modelos anteriores. Tra-
cimento. Dirá Martins, (2009, p.175) ta-se de um processo didático pautado numa concepção de co-
Um dos pontos-chave da nova proposta pedagógica encon- nhecimento que tem a prática como elemento básico, fazendo a
tra-se na alteração do processo de ensino e não apenas na alte- mediação entre a realidade e o pensamento. Nessa concepção a
ração do discurso a respeito dele. (...) não basta transmitir ao teoria não é entendida como verdade que vai guiar a ação prá-
futuro professor um conteúdo mais crítico; (...) é preciso romper tica, mas como expressão de uma relação, de uma ação sobre a
com o eixo da transmissão-assimilação em que se distribui um realidade, que pode indicar caminhos para novas práticas; nun-
saber sistematizado falando sobre ele. Não se trata de falar so- ca guiá-la. Desse princípio básico, delineia-se um modelo aberto
bre, mas de vivenciar e refletir com. de Didática que vai além de compreender o processo de ensino
Desse movimento resultaram alterações na organização das em suas múltiplas determinações para intervir nele e reorientá-
escolas, nos cursos de formação de professores, nas produções -lo na direção política pretendida (MARTINS, 2008, p.176); ela
acadêmicas dos estudiosos da área e fundamentalmente na prá- vai expressara ação prática dos professores, sendo uma forma
tica pedagógica dos professores de todos os níveis de ensino. de abrir caminhos possíveis para novas ações.
Nesse período, os professores intensificaram suas iniciativas
para fazer frente às contradições do sistema e produziram sabe-
res pedagógicos nas suas próprias práticas.
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a solução para o seu concurso!
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Acompanhando esse movimento, nesse momento histórico, o que se observa é que a formação de professores está centra-
algumas questões se colocam: quais são as prioridades estabele- da no aprender a aprender habilidades específicas que garan-
cidas pelos cursos de licenciaturas para a formação de professo- tam competência no fazer. Há uma valorização da prática, não
res nesse início de século? Que espaço da didática ocupa nesse mais como campo de problematização, explicação e compreen-
processo de formação? são dos processos de ensinar e aprender, tendo em vista a sua
transformação, mas sim como espaço de demonstração de ha-
A didática nas propostas curriculares das licenciaturas bilidades e competências técnicas no exercício profissional. Isso
Com relação à didática nesse processo de formação em de- implica valorização de procedimentos específicos, vinculados às
senvolvimento nas universidades investigadas, o que se verifica áreas de conteúdo e trabalhadas nas metodologias e didáticas
numa primeira aproximação com a estruturação desses cursos é específicas. Verifica-se que a didática geral, enquanto área do
a perda de espaço dessa área do conhecimento e a mudança na conhecimento que tem como objeto de estudo o processo de
sua abordagem. Em outros termos, a didática tende a priorizar ensino numa dimensão de totalidade, buscando compreendê-lo
aspectos específicos do fazer pedagógico, perdendo a dimensão em suas múltiplas determinações para intervir nele e reorientá-
de totalidade conquistada na década de oitenta do século pas- -lo na direção pretendida, (MARTINS, 2008, p.176) vem perden-
sado. do espaço.29
Os dados coletados nos projetos pedagógicos dos cursos
de licenciaturas das universidades investigadas mostram que a Planejamento da ação didática
maioria dos cursos deixa de oferecer a disciplina Didática Geral Na prática pedagógica atual o processo de planejamento do
e volta a trabalhar o processo de ensino – seu objeto de estudo ensino tem sido objeto de constantes indagações quanto à sua
– em disciplinas específicas voltadas para as metodologias das validade como efetivo instrumento de melhoria qualitativa do
áreas de conhecimento. Essa tendência também se manifesta na trabalho do professor. As razões de tais indagações são múlti-
produção acadêmica da última década, conforme estudo realiza- plas e se apresentam em níveis diferentes na prática docente.
do sobre o estado do conhecimento (MARTINS e ROMANOWSkI, A vivência do cotidiano escolar nos tem evidenciado situa-
2008). ções bastante questionáveis nesse sentido. Percebeu-se, de
Em uma universidade pública do interior do Estado, por início, que os objetivos educacionais propostos nos currículos
exemplo, dos 15 (quinze) cursos oferecidos, apenas os cursos dos cursos apresentam-se confusos e desvinculados da realida-
de Física, Química e Música apresentam a disciplina de Didática de social. Os conteúdos a serem trabalhados, por sua vez, são
Geral. Ela é encontrada também no curso de Pedagogia com ou- definidos de forma autoritária, pois os professores, via de regra,
tras denominações: não participam dessa tarefa. Nessas condições, tendem a mos-
a) Didática: Trabalho Pedagógico Docente; trarem-se sem elos significativos com as experiências de vida
b) Didática: Organização do Trabalho Pedagógico; dos alunos, seus interesses e necessidades.
c) Didática: Avaliação e Ensino. Percebe-se também que os recursos disponíveis para o de-
senvolvimento do trabalho didático tendem a ser considerados
Também no curso de Filosofia encontramos uma disciplina como simples instrumentos de ilustração das aulas, reduzindo-
denominada Didática e Teoria da Educação. Nos demais cursos, -se dessa forma a equipamentos e objetos, muitas vezes até ina-
o processo de ensino – objeto de estudo da didática – é desen- dequados aos objetivos e conteúdos estudados.
volvido através das didáticas específicas, metodologias especí-
ficas, nas disciplinas de práticas de ensino e nas propostas de Com relação à metodologia utilizada pelo professor, ob-
estágio supervisionado. Isso se repete com alguma variação, nas serva-se que esta tem se caracterizado pela predominância de
demais universidades investigadas. atividades transmissoras de conhecimentos, com pouco ou ne-
Com relação à articulação da disciplina Didática com as es- nhum espaço para a discussão e a análise crítica dos conteúdos.
colas de Educação Básica, observa-se uma variação significativa O aluno sob esta situação tem se mostrado mais passivo do que
nas iniciativas desses cursos. Há uma busca pela aproximação ativo e, por decorrência, seu pensamento criativo tem sido mais
da universidade com as escolas de Educação Básica em que es- bloqueado do que estimulado. A avaliação da aprendizagem, por
ses egressos irão atuar. Contudo, pode-se observar que a lógica outro lado, tem sido resumida ao ritual das provas periódicas,
subjacente à organização desses cursos, via de regra, valoriza através das quais é verificada a quantidade de conteúdos assi-
a preparação do futuro professor com recursos técnicos, tendo milada pelo aluno.
em vista posterior aplicação na prática de ensino no espaço es- Completando esse quadro de desacertos, observa-se ainda
colar. Essa lógica se verifica nas disciplinas que compõem o cur- que o professor, assumindo sua autoridade institucional, ter-
rículo, incluindo as que focalizam o ensino, tais como: Didática mina por direcionar o processo ensino-aprendizagem de forma
Geral, didática específica, metodologias específicas por área de isolada dos condicionantes históricos presentes na experiência
conhecimento. de vida dos alunos.
Em decorrência, no que tange à articulação da Didática, No contexto acima descrito, o planejamento do ensino tem
geral e/ou específicas, com as práticas pedagógicas desenvolvi- se apresentado como desvinculado da realidade social, caracte-
das nas escolas de Educação Básica, numa primeira leitura dos rizando-se como uma ação mecânica e burocrática do professor,
programas e pela entrevista com professores, verifica-se que o pouco contribuindo para elevar a qualidade da ação pedagógica
espaço da escola de Educação Básica são tidos como forma de desenvolvida no âmbito escolar.
ilustração, exemplos práticos que reafirmam os conteúdos tra-
balhados nas disciplinas; ou ainda, como espaço de aplicação 29 Fonte: www.webartigos.com – Texto adaptado de Lourival De
dos preceitos teóricos trabalhados na universidade. Com efeito, Oliveira Santos
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a solução para o seu concurso!
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
No meio escolar, quando se faz referência a planejamento no ato de sua execução, impregnando-o de sua personalidade
do ensino, a ideia que passa é aquela que identifica o processo e entusiasmo, enriquecendo-o com sua habilidade e expressi-
através do qual são definidos os objetivos, o conteúdo pragmá- vidade.30
tico, os procedimentos de ensino, os recursos didáticos, a siste-
mática de avaliação da aprendizagem, bem como a bibliografia A sala de aula e a aprendizagem
básica a ser consultada no decorrer de um curso, série ou disci- Quando entendida na perspectiva do senso comum, a re-
plina de estudo. Com efeito, este é o padrão de planejamento lação ensino-aprendizagem é linear; assim, quando há ensino,
adotado pela grande maioria dos professores e que, em nome deve necessariamente haver aprendizagem.
da eficiência do ensino disseminada pela concepção tecnicista Ao inverso, quando não houve aprendizagem, não houve
de educação, passou a ser valorizado apenas em sua dimensão ensino. Desse modo, o ensino é subordinado à aprendizagem.
técnica. Essa subordinação é expressa em concepções que compreen-
Ao que parece, essa situação dos componentes do plano de dem o professor como facilitador da aprendizagem, ou ainda
ensino de uma maneira fragmentária e desarticulada do todo como mediador do conhecimento.
social é que tem gerado a concepção de planejamento incapaz Aqui a proposta é discutir referências teóricas e metodoló-
de dinamizar e facilitar o trabalho didático. Consideramos, con- gicas que possam revelar uma concepção não linear da relação
tudo, que numa perspectiva trasformadora, ou seja, o processo em foco, bem como criticar as concepções de professor facilita-
de planejamento visto sob uma perspectiva crítica de educação, dor e professor mediador.
passa a extrapolar a simple tarefa de se elaborar um documento A mediação no campo educacional é geralmente considera-
contendo todos os componentes tecnicamente recomendáveis. da como o produto de uma relação entre dois termos distintos
que, por meio dela podem ser homogeneizados. Essa homo-
Após analisarmos os aspectos do processo de planejamento, geneização elimina a diferença entre eles e, por conseguinte,
faremos agora uma síntese do didatismo no planejamento. a possibilidade de conflito entre ambos. Portanto, quando se
Quando falamos em planejar o ensino, ou a ação didática, es- compreende a mediação como o resultado, como um produto, a
tamos prevendo as ações e os procedimentos que o professor vai necessária relação entre dois termos se reduz à sua soma, o que
realizar junto a seus alunos, e a organização das atividades dis- resulta na sua anulação mútua, levando-os ao equilíbrio. Essa
centes e da experiência de aprendizagem, visando atingir os obje- ideia concebe a mediação como o resultado da aproximação
tivos educacionais estabelecidos. Nesse sentido, o planejamento entre dois termos que, embora distintos no início, quando to-
de ensino torna-se a operacionalização do currículo escolar. talmente separados, tendem a igualar-se à medida que se apro-
Assim, no que se refere ao aspecto didático, segundo HAIDT ximam um do outro.
(1995), planejar é: Em estudos desse contexto discute-se o conceito de media-
• Analisar as características da clientela (aspirações, ne- ção local, indicando que mediar implica solucionar conflitos por
cessidades e possibilidades dos alunos); meio de ações educativas. Assim, a mediação restringe-se a uma
• Refletir sobre os recursos disponíveis; ação pragmática, circunscrita a uma situação de conflito. Este
• Definir os objetivos educacionais considerados mais entendimento da mediação não é muito distante daquele em
adequados para a clientela em questão; que ela é compreendida na situação da sala de aula.
• Selecionar e estruturar os conteúdos a serem assimi- A mediação na sala de aula é também pragmática, pois pre-
lados, distribuídos ao longo do tempo disponível para o seu de- tende que o aluno aprenda de modo imediato. Nos dois casos,
senvolvimento; em que mediar é agir de modo pragmático, todo conflito pode
• Prever e organizar os procedimentos do professor, ser “solucionado”, e o aluno pode “aprender”.
bem como as atividades e experiências de construção do conhe- Para compreendermos a mediação na sala de aula, é pre-
cimento consideradas mais adequadas para a consecução dos ciso, em primeiro lugar, estabelecermos que o estudante está
objetivos estabelecidos; sempre no plano do imediato, e o professor está, ou deveria es-
• Prever e escolher os recursos de ensino mais adequa- tar, no plano do mediato. Assim, entre eles se estabelece uma
dos para estimular a participação dos alunos nas atividades de mediação que visa, como já o dissemos, a superação do imediato
aprendizagem; no mediato. Em outras palavras, o estudante deve superar a sua
• E prever os procedimentos de avaliação mais condizen- compreensão imediata e ascender a outra que é mediata. E isso
tes com os objetivos propostos. só pode ocorrer pela ação do professor que medeia com o aluno,
O planejamento didático também é um processo que envol- estabelecendo com ele uma tensão que implica negar o seu coti-
ve operações mentais, como: analisar, refletir, definir, selecio- diano. Por outro lado, o aluno tentará trazer o professor para o
nar, estruturar, distribuir ao longo do tempo, e prever formas de cotidiano vivido por ele, aluno, negando, assim, o conhecimento
agir e organizar. O processo de planejamento da ação docente é veiculado pelo professor. Nessa luta de contrários – professor
o plano didático. Em geral, o plano didático assume a forma de e aluno, conhecimento sistematizado pela humanidade e expe-
um documento escrito, pois é o registro das conclusões do pro- riência cotidiana – é que se dá a mediação; e ela ocorre nos dois
cesso de previsão das atividades docentes e discentes. sentidos, tanto do professor para o aluno quanto do a É uma luta
Outro aspecto a ser lembrado é que o plano é apenas um de contrários.
roteiro, um instrumento de referência e, como tal, é abreviado, Esse modo de compreender a mediação não aceita a ideia
esquemático, sem colorido e aparentemente sem vida. Compete do professor mediador do conhecimento, tampouco a noção de
ao professor que o confeccionou dar-lhe vida, relevo e colorido professor facilitador da aprendizagem.
30 Fonte: www.educador.brasilescola.uol.com.br – Por Eliane da Costa
Bruini
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a solução para o seu concurso!
FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Essas duas acepções são equivocadas, porque, em primeiro Neste artigo, conceituaremos primeiro o ensino e, pela
lugar, o professor não é o único mediador, pois o aluno também sua negação, conceituaremos aprendizagem. Sabemos da difi-
medeia, e, em segundo lugar, a mediação não se estabelece com culdade de conceituar esses dois termos, pois de modo geral
o conhecimento e sim entre o aluno e o professor. Trata-se de os estudiosos da área de educação e os professores, talvez por
uma automediação no segundo sentido atribuído por Mészáros; influência das pedagogias contemporâneas, não o fazem; pois
ou seja, a mediação entre o homem e os outros homens: aluno preocupam-se quase exclusivamente com o “como ensinar”, ou
para o professor. Em outros termos, a mediação, na escola, é mais precisamente como facilitar a aprendizagem dos alunos.
um processo que ocorre a sala de aula e promove a superação A ideia principal que informa o nosso conceito de ensino é
do imediato no mediato por meio de uma tensão dialética entre a de que ele expressa a relação que o professor estabelece com
pólos opostos. o conhecimento produzido e sistematizado pela humanidade.
A relação entre o homem e a natureza é ‘automediadora’ Assim, o ensino constitui-se de três atividades distintas a serem
num duplo sentido. desenvolvidas pelo professor.
Primeiro, porque é a natureza que propicia a mediação en- A primeira consiste em, diante de um tema, selecionar o
tre si mesma e o homem; segundo, porque a própria atividade que deve ser apresentado aos alunos; por exemplo, no tema
mediadora é apenas um atributo do homem, localizado numa “Revolução Francesa”, próprio da História, selecionar o que é
parte específica da natureza. Assim, na atividade produtiva, sob mais importante ensinar aos alunos da 5ª série (nomenclatura
o primeiro desses dois aspectos ontológicos a natureza faz a me- brasileira). Já o professor do 1º ano do Ensino Médio deve de-
diação entre si mesma e a natureza; e, sob o segundo aspecto frontar-se com a mesma pergunta; a mesma situação se coloca
ontológico - em virtude do fato de ser a atividade produtiva ine- ao professor universitário encarregado de abordá-lo. Dessa for-
rentemente social - o homem faz a mediação ente si mesmo e os ma, o docente deve preocupar-se em compatibilizar a seleção
demais homens. (Mészáros, 1981, p.77-78) do conhecimento a ser ensinado com a possibilidade de apren-
Sendo a mediação na sala de aula uma automediação, não dizagem dos alunos. Nos dias de hoje, é bastante comum que a
podemos abrir mão da relação direta entre professor e aluno. seleção seja abrangente; e isso pode levar os professores a apre-
Desse modo, não podemos substituí-la por falsos mediadores, sentarem aos seus alunos informações supérfluas, que, quan-
como por exemplo, a exibição de filmes quando a temática não do confundidas com conhecimento, não lhes permitem fazer as
corresponde àquela tratada pelo professor, ou a execução alea- sínteses necessárias para a superação do cotidiano, produzindo
tório de atividades de ensino. Os professores que se utilizam neles uma “erudição balofa” que pode ao contrário encerrá-los
com frequência desses recursos nutrem a esperança de que es- na vida cotidiana. Esse equívoco ocorre, por exemplo, quando o
sas práticas sejam capazes de estabelecer mediações que eles, professor de História, ao abordar a Revolução francesa, preocu-
os professores, talvez não se sintam seguros para desenvolver. pa-se com detalhes da vida privada de Maria Antonieta ou com
Alguns professores precisam ser lembrados de que sala de aula a moda ditada por Luís XV. Ainda exemplificando, o mesmo pode
não é sala de cinema nem oficina de terapia ocupacional. ocorrer com o professor de Literatura que expõe aos alunos os
Os professores que se utilizam desses artifícios o fazem muitas períodos literários e seus principais expoentes sem apresentar
vezes no intuito de facilitar a aprendizagem; porém, sendo a rela- as relações entre os autores, bem como entre os períodos literá-
ção entre o ensino e a aprendizagem uma luta de contrários, não há rios, ocultando assim a historicidade inerente à literatura.
como facilitá-la. Ao inverso, o professor deve dificultar a vida cotidia- A erudição balofa pode também estar presente nas discipli-
na do aluno inserindo nela o conhecimento, e, dessa forma, negan- nas ligadas às ciências naturais; ela tem levado os professores a
do-a. Pois, na vida cotidiana não há conhecimento e sim experiência. acreditar que quanto maior a quantidade de informações mais
Desse modo, não há como facilitar o que é difícil. Aprender é difícil. os alunos sabem.
será sempre necessário que ela [criança] se fatigue a fim de A segunda atividade desenvolvida pelo professor é a organi-
aprender e que se obrigue a privações e limitações de movimen- zação, ou seja, diante da seleção feita a partir de um tema é pre-
to físico isto é que se submeta a um tirocínio psicofísico. Deve-se ciso organizar esta seleção para apresentá-la aos alunos. Des-
convencer a muita gente que o estudo é também um trabalho e de o momento em que fazemos a seleção já não podemos falar
muito fatigante com um tirocínio particular próprio, não só mus- mais em temas; devemos preocupar-nos com os conceitos que
cular-nervoso mas intelectual: é um processo de os constituem. Agora o que o professor deve fazer é organizar
adaptação, é um hábito adquirido com esforço, aborreci- os conceitos e as relações entre eles. Esse processo, de acordo
mento e mesmo sofrimento. (Gramsci, 1985, p. 89) com Lefebvre (1983), implica dois movimentos: a retrospecção
Como assinala Gramsci, a aprendizagem depende do esfor- e a prospecção.
ço pessoal de cada estudante. É claro que o professor sempre A retrospecção permite que o estudante compreenda o pro-
poderá intervir, de modo direto, neste processo, auxiliando o cesso de formação e desenvolvimento do conceito abordado
aluno. Ele deve esforçar-se para que os estudantes aprendam, e a prospecção possibilita o entendimento do estado atual do
mas não pode minimizar nem esconder as dificuldades inerentes conceito a partir das relações que o conceito estudado estabe-
à aprendizagem. lece com outros, tanto com aqueles que o corroboram quanto
Quando se compreende a relação ensino-aprendizagem na com os que a ele se opõem. A prospecção do conceito permite
sala de aula como mediação, o ensino e aprendizagem são opos- o estabelecimento de relações interdisciplinares, a que temos
tos entre si e se relacionam por meio de uma tensão dialética. chamado de interdisciplinaridade conceitual para distingui-la
Desse modo, esses termos, apesar de negarem-se mutuamente, daquela que é corrente na escola, a interdisciplinaridade temá-
se completam, mas, como já o dissemos, essa unidade não se tica. Não podemos ensinar por meio do tema, devemos fazê-lo
estabelece de modo linear. por meio do conceito. Evitamos o uso da expressão conteúdo de
ensino em virtude da sua imprecisão. Quando a organização do
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
to nas atuais propostas de formação de professores expressam riculares dos cursos para, em seguida, buscar junto aos agentes
o novo momento do capitalismo no qual “as novas formas de envolvidos no planejamento e desenvolvimento dessas propos-
exploração e controle da força de trabalho exigem um novo tipo tas as formas e práticas dessa formação.
de trabalhador, uma vez que a produtividade repousa cada vez Uma primeira aproximação com os dados revelam que as
mais na utilização do trabalho complexo” (SANTOS, 2005, p.42). instituições de educação superior estão em processo de alte-
Ainda que os indicadores sejam desfavoráveis para a área, ração de suas propostas de cursos de licenciaturas, tendo em
ampliar a compreensão desse momento da didática é o nosso vista as determinações legais do Parecer 09/2001 e Resoluções
desafio. Auscultar e sistematizar os processos de formação de 01/2002 e 02/2002, aprovados pelos Conselho Nacional de Edu-
professores e o lugar da didática no conjunto dessas ações.32 cação. Há um movimento que busca atender à nova proposta
Quanto a organização do ensino veremos abaixo os entraves para os cursos de formação de professores não atrelada ao ba-
que a educação infantil tem enfrentado em busca de maiores charelado com iniciativas dos seus agentes, que vão desde a
investimentos e valorização deste nível de ensino, por se tratar criação de uma coordenação geral para os cursos de Licenciatu-
da primeira etapa que o indivíduo tem com as instituições de ras, fóruns de Licenciaturas até simples ajustes e redistribuição
ensino, a educação infantil deveria ser inclusa no ensino obri- de carga horária das disciplinas.
gatório previsto na Constituição Federal de 1988. Será aborda- Uma das universidades particulares, aqui identificada pela
da também a significativa melhoria ao atendimento do ensino letra A, por exemplo, criou uma coordenação geral dos cursos
fundamental segunda etapa da educação básica e de acordo de Licenciaturas, que tem um papel articulador nas discussões e
com a Lei 9394/96, em seu artigo nº 32 obrigatório, e gratuito proposições para esses cursos. A coordenadora das Licenciatu-
com duração de nove anos e matrícula a partir dos seis anos de ras da universidade A informa que das 800 horas regulamenta-
idade, levando em consideração o antigo Fundo de Valorização das para estágios, 400 são distribuídas durante o curso, enquan-
do Ensino Fundamental (FUNDEF), e veremos também sobre a to as outras 400 horas são destinadas ao estágio supervisionado.
educação de jovens e adultos (EJA), um programa do governo Nas palavras da coordenadora: Em média, 10% de cada
federal destinado a erradicar o analfabetismo no Brasil, pois são uma das disciplinas devem articular suas disciplinas com práti-
inúmeros os esforços nesse sentido, atualmente o governo tem ca. Quando ele aprende morfologia, por exemplo, de que forma
investido no programa Brasil Alfabetizado (educação de jovens essa aprendizagem é aplicada na prática.(...) Também temos
e adultos), programa este que pode ser desenvolvido em parce- grupos de estudo interdisciplinar onde nossos alunos são leva-
rias com instituições não governamentais, além, das secretarias dos à reflexão.
estaduais e municipais de educação. Observamos uma iniciativa de trabalhar a relação teoria e
prática ao longo do curso e no interior de cada disciplina que
Prioridades estabelecidas para a formação dos professores compõe o currículo. Além disso, o grupo está buscando uma
nos cursos de licenciaturas integração das disciplinas de fundamentos comum a todas as
Para compreender a tendência atual da formação de pro- licenciaturas, já que tais disciplinas eram trabalhadas de forma
fessores e o lugar da didática nessa formação, trabalhando com isolada e em tempos diferentes de acordo com o colegiado de
a concepção da teoria como expressão de uma determinada cada curso.
prática e não de qualquer prática, desenvolvemos uma pesquisa Com relação à proposta de práticas de ensino e de estágio,
tomando como campo de investigação os cursos de licenciatura percebemos que a instituição busca manter essa integração, ar-
de cinco universidades de grande porte do estado do Paraná. ticulando teoria e prática entre as disciplinas de fundamentos e
Por meio de análise documental e entrevistas semiestrutu- a ação do aluno na escola.
radas, numa abordagem qualitativa de pesquisa buscamos anali- Há uma preocupação de estabelecer a estreita relação entre
sar as tensões e prioridades dessas universidades nos processos as disciplinas teóricas com as didáticas específicas e metodolo-
de formação de professores. gias específicas por área de conhecimento.
Assim, nosso estudo apoia-se no entendimento de que a Contudo numa perspectiva de aplicação prática: “de que
prática não é dirigida pela teoria, mas a teoria vai expressar a forma a aprendizagem de determinado conteúdo é aplicado na
ação prática dos sujeitos. São as formas de agir que vão deter- prática...”.
minar as formas de pensar dos homens. Já o contato direto com a escola – o estágio – mantém o
“A teoria pensa e compreende a prática sobre as coisas, não formato usual dessas práticas, qual seja: a observação, a partici-
a coisa. Daí, a sua única função é indicar caminhos possíveis, pação em sala de aula junto ao professor regente e finalmente a
nunca governar a prática.” (BRUNO 1989, p.18). A base do co- regência. Esses estágios ocorrem em escolas conveniadas e pre-
nhecimento é a ação prática que os homens realizam através ferencialmente públicas.
de relações sociais, mediante instituições. O pressuposto básico Com efeito, a criação de uma coordenação geral das licen-
é que “o homem não reflete sobre o mundo, mas reflete a sua ciaturas, forma encontrada pela instituição A para reorganizar
prática sobre o mundo” (BERNARDO, 1977, v. 1, p.86). as licenciaturas tendo em vista as novas exigências do CNE, tem
Dessa forma, “(...) o conhecimento é sempre o conhecimen- favorecido alguns avanços na busca da articulação teoria e prá-
to de uma prática, nunca da realidade natural ou social” (SAN- tica. Os agentes envolvidos tentam minimizar a dicotomia teo-
TOS 1992, p.29). ria-prática existentes nessa formação. Contudo, observa-se que
Desse ponto de vista, buscamos analisar os cursos de for- não se altera a lógica da aplicação prática e a valorização do
mação de professores procurando entender à tendência da sua como aplicar esse conhecimento na prática.
organização. Procedemos a um mapeamento das propostas cur- Já na Universidade B criou-se o espaço do Fórum de Licen-
32 Texto adaptado de Pura Lúcia Oliver Martin; Joana Paulin Roma- ciaturas para discutir as novas exigências do CNE, buscando a
nowski observância das horas exigidas. Nesse espaço os professores
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
discutem seus projetos de curso, as disciplinas que integram o tinente à educação, os PCNs e fazem uma ligação com a escola
currículo de cada licenciatura e a integração entre elas. Obser- básica. Essa disciplina envolve todos os professores da série. (...)
va-se uma preocupação de adequar as horas exigidas na nova era sempre o que se quis: que as licenciaturas pensassem sempre
legislação e também de viabilizar a inserção do aluno nas escolas em educação básica e em ensino. Não se bacharelassem.
onde irão atuar desde o primeiro semestre do curso. Essa busca Com relação aos estágios, estes acontecem da metade do
de inserção dos alunos desde o início do curso tem sido a marca curso para o final e, segundo a coordenadora, alguns cursos es-
dessa instituição. Na fala de um coordenador de curso: tão indo muito bem, enquanto outros têm encontrado muitas
O aluno tem a formação pedagógica desde o primeiro pe- dificuldades. Nas palavras dela:
ríodo. Ele sempre vai ter algo relacionado com a formação pe- Isso é um calcanhar de Aquiles. (...) o estágio é da segunda
dagógica e a escola. Todo um eixo que é ministrado pelo pessoal metade do curso para frente. Então em alguns cursos está indo
da educação e depois tem outra vertente que é ministrada pelos muito bem e em alguns cursos está indo muito mal. (...) Pelo
próprios professores da área específica com experiência na área pouco que eu sei a universidade já tem uma caminhada de con-
da escola e da licenciatura. quistas com a escola. (...) Primeiro a universidade conquistou as
Observa-se que essa solução encontrada pelo grupos de escolas e depois foi para dentro das escolas.
professores e coordenadores de curso discutidas no Fórum de Observa-se uma preocupação e um movimento no sentido
Licenciaturas mantido pela instituição constitui um avanço na de aproximar os professores em formação com as escolas de
busca de articulação teoria-prática. educação básica, e cada curso a seu modo vai buscando essa
Contudo, a ênfase da formação pedagógica continua no fi- aproximação. No entanto a prática ali desenvolvida não avan-
nal do curso, o estágio a partir do 5º Período. A base episte- ça no sentido de promover uma reflexão a partir das iniciativas
mológica da organização desses cursos mantém a concepção da dos professores na busca de equacionar os problemas que en-
teoria como guia da ação prática. frentam nesse espaço escolar. Além disso, a manutenção dos
Já nas instituições públicas, as alterações ficam a cargo dos estágios no final do curso indica a manutenção da lógica das es-
departamentos e é mais evidente a manutenção da cisão: peda- colas como espaço de aplicação dos conteúdos das disciplinas
gógico e conteúdos específicos, teoria e prática. Uma das uni- teóricas.
versidade públicas, aqui identificada pela letra c, embora tenha Dentre as universidades públicas pesquisadas, a Universida-
criado uma coordenação geral para os cursos de licenciaturas, de D é a que deixa clara a manutenção do esquema três mais
manifesta dificuldade de viabilizar a integração almejada. Assim um. A maioria dos coordenadores de cursos afirmou que para
ela se expressa: atender a resolução foram criadas disciplinas práticas e amplia-
Convocamos o CEP, convidamos pessoas das licenciaturas, da a carga horária de estágio nos dois últimos anos. A coorde-
convidamos coordenadores, convocamos também o pessoal da nadora do curso de Letras aponta que a carga horária das disci-
educação, o pessoal de métodos, chamamos todas as pessoas e plinas teóricas foi reduzida em função do aumento das horas de
algumas pessoas ficaram. estágio.
A maioria regista que o currículo foi alterado e as mudanças
Porém, outras saíram do processo dizendo: “essa lei não vai estão em processo de implantação a partir de 2009.
pegar”, é o que ocorre sempre por aí. Na fala de um coordenador fica clara a preocupação com os
Não obstante essas dificuldades, observamos que a institui- fundamentos teóricos nos anos iniciais para posterior formação
ção faz um movimento para articular teoria e prática, inserindo, pedagógica, implicando opção do aluno após dois anos e meio
nas disciplinas de conteúdo específico da área, uma articulação de curso. Assim ele se expressa:
com a prática de ensino daquela área. A coordenadora explica: Aqui na Universidade nós oferecemos duas habilitações: ba-
Quanto àquele intem, a prática como componente curricu- charelado e licenciatura... como uma recomendação da própria
lar, existem mil e uma interpretações de como fazer aqui (...) estrutura curricular tivemos de pensar nos núcleos de formação
toda disciplina nós sabemos que tem uma dimensão prática, de base e depois nos núcleos de formação específica. Os dois
tudo isso é perfeito, tudo bem, tudo certo. Você vai me conven- primeiros anos são comuns para qualquer uma das habilitações
cer que vai criar dentro da disciplina (...) uma ponte com a edu- e na passagem da segunda para a terceira série o aluno faz a
cação básica. opção pela sua habilitação – bacharelado ou licenciatura.
No entanto, não se pode ter garantia de que o professor Não obstante essa lógica dos três mais um, há uma tenta-
individualmente vá fazer isso, embora seja o desejável. Então, tiva de distribuir a prática, que antes era concentrada em dois
a comissão achou por bem criar uma disciplina de 1ª a 4ª séries semestres de estágio no final do curso, ao longo do curso. Nas
denominada disciplina articuladora, que contempla 400 horas. palavras do coordenador:
Esta deverá estar articulada à escola de educação básica e ficou Com o aumento da carga horária, procuramos contemplar
a cargo da cada colegiado de curso a definição da ementa e sua às 800 horas e distribuir melhor a prática ao longo do curso. Tan-
forma de realização. Cada curso buscou a articulação com a prá- to é que a oficina 1 e 2 surge com essa finalidade. Ela tem um
tica das escolas, respeitando as peculiaridades de cada área do caráter prático que é de criar a identidade do estudante com a
conhecimento. área de atuação. (...) Nós dividimos os estágios em estágio I e 2
A coordenadora explica: que é de formação mais conceitual; o estágio 3 que tem a finali-
Os colegiados foram achando suas peculiaridades. Você tem dade da regência de classe, tem a finalidade de integrar teoria e
matéria de instrumentação no ensino de matemática, matérias prática na licenciatura.
como laboratório de física e ciências e tem ensino de biologia. O Observa-se que a tentativa de tratar da prática ao longo do
mais bonito foi que eles foram chegando, sem imposição, a cer- curso mantém a lógica do esquema três mais um garantindo a
tos denominadores comuns. Eles estudam toda a legislação per- articulação teoria e prática no último estágio do curso.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Também a Universidade pública e, para atender as 800 ho- uma contínua interpenetração entre teoria e prática, a teoria
ras de estágio regulamentadas pelo CNE, evidencia que alguns vinculada aos problemas reais postos pela experiência prática
cursos tendem a aumentar a quantidade de disciplinas que pro- orientada teoricamente.
movem a prática dos alunos, enquanto outros procuram desen- Nesse entendimento, a Didática se caracteriza como media-
volver no interior das disciplinas de conteúdos específicos al- ção entre as bases teórico-científicas da educação escolar e a prá-
gum tipo de relação com a prática de ensino. Há uma ênfase na tica docente. Ela opera como que uma ponte entre o “o que” e o
formação teórica sólida para garantir uma prática consequente. “como” do processo pedagógico escolar. Para isso recorre às con-
Nas palavras de uma coordenadora: tribuições das ciências auxiliares da Educação e das próprias me-
Nós temos 240 horas de estágio de docência e 240 horas de todologias específicas. É, pois, uma matéria de estudo que integra
estágio na função propriamente dita do pedagogo nas dimen- e articula conhecimentos teóricos e práticos obtidos nas discipli-
sões de organizações de trabalhos pedagógicos de passes esco- nas de formação acadêmica, formação pedagógica e formação
lares e não escolares e temos outras dimensões que é a questão técnico-prática, provendo o que é comum, básico e indispensável
da pesquisa (...) o pedagogo pesquisador. (...) Além desses es- para o ensino de todas as demais disciplinas de conteúdo.
tágios que dá um total de 480 horas, nós temos algumas disci- A formação profissional para o magistério requer, assim,
plinas facilmente ligadas à prática... Não abrimos mão de uma uma sólida formação teórico-prática. Muitas pessoas acreditam
sólida formação teórica. Essa lógica está presente na totalidade que o desempenho satisfatório do professor na sala de aula de-
dos cursos e os estágios concentram-se no final dos cursos. Ob- pende de vocação natural ou somente da experiência prática,
serva-se que as ações para adequar os cursos às novas normas descartando-se a teoria. É verdade que muitos que muitos pro-
ficam a cargo dos colegiados de cursos e não há um espaço, uma fessores manifestam especial tendência e gosto pela profissão,
coordenação geral onde essas discussões possam ocorrer, tendo assim como se sabe que mais tempo de experiência ajuda no
em vista uma integração entre os cursos. desempenho profissional. Entretanto, o domínio das bases teó-
Com efeito, as discussões nesses espaços – fóruns, coorde- rico-científicas e técnicas, e sua articulação com as exigências
nações de Licenciaturas – indicadas pelos entrevistados, as for- concretas do ensino, permitem maior segurança profissional, de
mas como encaminham a ampliação de tempo de estágio na de- modo que o docente ganhe base para pensar sua prática e apri-
terminação das 800 horas, nos possibilitam perceber a estrutura more sempre mais a qualidade do seu trabalho.33
do pensamento educacional que está na base da organização
desses cursos e a forma como concebem e encaminham a arti- A Didática e o Trabalho Docente
culação teoria e prática na formação do professor. Como vimos anteriormente à didática estuda o processo de
Nesse sentido, percebemos que ainda é marcante a concep- ensino no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos fazem
ção de que uma formação teórica sólida garante uma prática parte, de modo a criar condições que garantam uma aprendiza-
consequente. Os encaminhamentos, com raras exceções, inva- gem significativa dos alunos. Ela ajuda o professor na direção,
riavelmente situam o momento da prática nos anos finais do orientação das tarefas do ensino e da aprendizagem, dando a
curso, antecedida pela formação teórica. ele uma segurança profissional. Segundo Libâneo (1994), o tra-
balho docente também chamado de atividade pedagógica tem
A Didática e a formação profissional do professor como objetivos primordiais:
• Assegurar aos alunos o domínio mais seguro e dura-
A formação do professor abrange, pois, duas dimensões: douro possível dos conhecimentos científicos;
a formação teórico-científica, incluindo a formação acadêmica • Criar as condições e os meios para que os alunos de-
específica nas disciplinas em que o docente vai especializar-se senvolvam capacidades e habilidades intelectuais de modo que
e a formação pedagógica, que envolve os conhecimentos da Fi- dominem métodos de estudo e de trabalho intelectual visando
losofia, Sociologia, História da Educação e da própria Pedagogia a sua autonomia no processo de aprendizagem e independência
que contribuem para o esclarecimento do fenômeno educativo de pensamento;
no contexto histórico-social; a formação técnico-prática visando • Orientar as tarefas de ensino para objetivo educativo
a preparação profissional específica para a docência, incluindo a de formação da personalidade, isto é, ajudar os alunos a esco-
Didática as metodologias específicas das matérias, a Psicologia lherem um caminho na vida, a terem atitudes e convicções que
da Educação, a pesquisa educacional e outras. norteiem suas opções diante dos problemas e situações da vida
A organização dos conteúdos da formação do professor em real (LIBÂNEO, 1994, Pág. 71).
aspectos teóricos e práticos de modo algum significa conside- Além dos objetivos da disciplina e dos conteúdos, é funda-
ra-los isoladamente. São aspectos que devem ser articulados. mental que o professor tenha clareza das finalidades que ele
As disciplinas teórico-científicas são necessariamente referidas tem em mente, a atividade docente tem a ver diretamente com
a prática escolar, de modo que os estudos específicos realizados “para que educar”, pois a educação se realiza numa sociedade
no âmbito da formação acadêmica sejam relacionados com os que é formada por grupos sociais que tem uma visão diferente
de formação pedagógica que tratam das finalidades da educa- das finalidades educativas.
ção e dos condicionantes históricos, sociais e políticos da escola. Para Libâneo (1994), a didática trata dos objetivos, condi-
Do mesmo modo, os conteúdos das disciplinas específicas preci- ções e meios de realização do processo de ensino, ligando meios
sam ligar-se às suas exigências metodológicas. As disciplinas de pedagógico-didáticos a objetivos sócio-políticos. Não há técni-
formação teórico-prática não se reduzem ao mero domínio de ca pedagógica sem uma concepção de homem e de sociedade,
técnicas e regras, mas implicam também os aspectos teóricos, sem uma competência técnica para realiza-la educacionalmen-
ao mesmo tempo que fornecem à teoria os problemas e desafios
da prática. A formação profissional do professor implica, pois, 33 Fonte: www.pedagogiadidatica.blogspot.com.br
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te, portanto o ensino deve ser planejado e ter propósitos claros e políticas da coletividade (LIBÂNEO, 1994 pág.17). O professor
sobre suas finalidades, preparando os alunos para viverem em deve formar para a emancipação, reflexão, criticidade e atuação
sociedade. social do indivíduo e não para a submissão ou o comodismo.
É papel de o professor planejar a aula, selecionar, organizar Com este conteúdo podemos perceber o importante papel
os conteúdos de ensino, programar atividades, criar condições que a didática desempenha no processo de ensino e aprendiza-
favoráveis de estudo dentro da sala de aula, estimular a curio- gem. Como vimos ela proporciona os meios, as condições pelos
sidade e criatividade dos alunos, ou seja, o professor dirige as quais a prática educacional se concretiza. Ela orienta o traba-
atividades de aprendizagem dos alunos a fim de que estes se lho do professor fazendo-o significativo para que possa guiar de
tornem sujeitos ativos da própria aprendizagem. forma competente, expressiva e coerente as práticas de ensino.
Entretanto é necessário que haja uma interação mútua en- Através dos componentes que constituem o processo de ensino,
tre docentes e discentes, pois não há ensino se os alunos não visa propiciar os meios para a atividade própria de cada aluno,
desenvolverem suas capacidades e habilidades mentais. busca ainda formá-los para serem indivíduos críticos, reflexivos
Podemos dizer que o processo didático se baseia no conjun- capazes de desenvolverem habilidades e capacidades intelec-
to de atividades do professor e dos alunos, sob a direção do pro- tuais.34
fessor, para que haja uma assimilação ativa de conhecimentos e
desenvolvimento das habilidades dos alunos. Como diz Libâneo
(1994), é necessário para o planejamento de ensino que o pro- SABERES, PROCESSOS METODOLÓGICOS E AVALIAÇÃO DA
fessor compreenda as relações entre educação escolar, os obje- APRENDIZAGEM
tivos pedagógicos e tenha um domínio seguro dos conteúdos ao
qual ele leciona, sendo assim capaz de conhecer os programas
oficiais e adequá-los ás necessidades reais da escola e de seus A avaliação escolar é um componente do processo de ensino e
alunos. aprendizagem que busca comparar o que foi adquirido com o que
Um professor que aspira ter uma boa didática necessita se pretende alcançar.
aprender a cada dia como lidar com a subjetividade do aluno, Podemos dizer que a avaliação tem como objetivo diagnosticar
sua linguagem, suas percepções e sua prática de ensino. Sem como a escola e o professor estão contribuindo para o desenvolvi-
essas condições o professor será incapaz de elaborar problemas, mento dos alunos.
desafios, perguntas relacionadas com os conteúdos, pois essas - Avaliação processual: é a avaliação continua.
são as condições para que haja uma aprendizagem significativa. - Avaliação pontual: é a avaliação de resultado.
No entanto para que o professor atinja efetivamente seus obje- Segundo Libâneo (2017) ao analisar os resultados obtidos, por
tivos, é preciso que ele saiba realizar vários processos didáticos meio da avaliação, percebe-se se os objetivos propostos foram
coordenados entre si, tais como o planejamento, a direção do alcançados para que o trabalho docente seja reorientado, logo a
ensino da aprendizagem e da avaliação (LIBÂNEO, 1994). avaliação é uma reflexão do processo educativo que abrange aluo
e professor. Os dados coletados são mensurados em quantitativos
A Profissão Docente e sua Repercussão Social e qualitativos.
Segundo Libâneo (1994) o trabalho docente é a parte inte-
grante do processo educativo mais global pelo qual os membros da Avaliação quantitativo e qualitativo
sociedade são preparados para a participação da vida social. Com - Avaliação quantitativo: é o que pode ser mensurado por meio
essas palavras Libâneo deixa bem claro o importante e essencial pa- de nota e informações. Ela é classificatória.
pel do professor na inserção e construção social de cada individuo - Avaliação qualitativa: é o que não pode ser mensurável, ob-
em formação. O educador deve ter como principal e fundamental serva-se o processo de ensino-aprendizagem de forma contínua e
compromisso com a sociedade formar alunos que se tornem cida- global.
dãos ativos, críticos, reflexivos e participativos na vida social.
O docente no processo de ensino e aprendizagem é a ponte Vamos ver o que a LDB 9.394/96 fala sobre a avaliação?
de mediação entre o aluno em formação e o meio social no qual Art. 24. V – a verificação do rendimento escolar observará os
está inserido; uma vez que ele vai através de instruções, con- seguintes critérios:
teúdos e métodos orientar aos seus alunos a viver socialmente. a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno,
Sendo a educação um fenômeno social necessário à existência e com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e
funcionamento de toda a sociedade, exige-se a todo instante do dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
professor as competências técnicas e teóricas para a transmis- finais;
são desses conhecimentos que são essenciais para a manuten- Perceba que os aspectos abordados na lei não são notas, mas
ção e progresso social. registros de acompanhamento das atividades alunos. A avaliação
O processo educacional, notadamente os objetivos, conteú- contínua e cumulativa demonstra que ela é diária, transparente,
dos do ensino e o trabalho do professor são regidos por uma assim possui uma aparência diagnóstica. Os aspectos qualitativos
série de exigências da sociedade, ao passo que a sociedade re- devem sobrepor os aspectos quantitativos.
clama da educação a adequação de todos os componentes do
ensino aos seus anseios e necessidades. Porém a prática edu-
cativa não se restringe as exigências da vida em sociedade, mas
também ao processo de promover aos indivíduos os saberes e
experiências culturais que o tornem aptos a atuar no meio social 34 Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br - Elieide Pereira dos
e transformá-lo em função das necessidades econômicas, sociais Santos/Isleide Carvalho Batista/Mayane Leite da Silva Souza
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
A entrevista: ajuda e busca conhecer o aluno em seu desempe- Segundo Dale (1966), os objetivos do uso dos recursos de en-
nho escolar. Contribui com as informações que o professor já tem, sino são:
tratando assim problemas mais específicos, esclarecendo dúvidas • motivar e despertar o interesse dos alunos;
quanto às atitudes e hábitos de determinada criança. • favorecer o desenvolvimento da capacidade de observação;
Existem também outras formas de avaliação que já caíram em • aproximar o aluno da realidade;
concursos, vamos conhecer um pouquinho mais: • visualizar ou concretizar os conteúdos da aprendizagem;
- Avaliação informal: faz parte do processo desenvolvido pelo • oferecer informações e dados;
professor que consiste em elogios, castigos, ameaças entre outros • permitir a fixação da aprendizagem;
aspectos em que o educador traça sobre o perfil do aluno durante • ilustrar noções mais abstratas;
o processo de ensino. Para Freitas, esse tipo de avaliação consiste • desenvolver a experimentação concreta.
na construção, pelo professor, “de juízos gerais sobre o aluno, cujo
processo de constituição está encoberto e é aparentemente assis- Para utilização dos recursos de ensino é preciso estar atento
temático”. aos seus objetivos, eficácia e função em relação à matéria ensinada.
- Avaliação formal: é formada por instrumentos específicos de Todos esses objetivos podem ser alcançados através de recursos de
avaliação como provas, trabalhos e tarefas organizadas. Compõe- ensino, midiáticos, como, por exemplo, computador, internet, em
-se das práticas “que envolvem o uso de instrumentos explícitos de que o aluno além de conhecer novas tecnologias, faz também inte-
avaliação, cujos resultados podem ser examinados objetivamente ração com o mundo e novas informações. O aluno busca algo novo,
pelo aluno, à luz de um procedimento claro” (Freitas). algo atrativo, e a educação deve acompanhar essa busca. Mas não
basta apenas usar a tecnologia, no ambiente de ensino/aprendiza-
O papel da avaliação na prática escolar gem temos que rever o uso que fazemos de diferentes tecnologias
Que tal lembrarmos o papel da avaliação que está presente em enquanto estratégias, tendo clareza quanto à função do que esta-
cada prática pedagógica? Vamos para elas: mos utilizando, não basta trocar o livro por um computador se na
- Função da avaliação tradicional: é exercida de forma classifi- prática não promovemos a inclusão do aluno, no que se refere aos
catória com memorização e reprodução através de provas e exer- processos de aprendizagem.
cícios. O computador é conhecido como uma tecnologia da informa-
- Avaliação – escola nova: há a valorização dos aspectos afeti- ção devido a sua grande capacidade na solução de problemas rela-
vos. A auto avaliação está presente priorizando o desenvolvimento cionados a armazenamento, organização e produção de informa-
individual do aluno. ção de várias áreas do conhecimento. A utilização dessa tecnologia
- Avaliação – tecnicista: é analisada através do comportamento pode ser usada de varias formas, como programas de exercício-e-
desejado. Há o apego aos livros didáticos, a produtividade do aluno -prática, jogos educacionais, programas de simulação, linguagem de
com exercícios programados. programação entre outros, despertando assim um grande interesse
- Avaliação – libertária: não há uma avaliação dos conteúdos. do aluno.
- Avaliação – libertadora: busca a emancipação do grupo. Conforme observado por Valente (1993), o computador não é
- Avaliação – histórico-crítica: existe a tomada de decisão para mais o instrumento que ensina o aprendiz, mas a ferramenta com
a transformação da sociedade. Função diagnóstica.35 a qual o aluno desenvolve algo, e, portanto, o aprendizado ocorre
pelo fato de estar executando uma tarefa por intermédio do com-
putador. O processo de interação se torna mais agradável com a
NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO, COMUNICAÇÃO presença da multimídia na aprendizagem, pois naquele momento o
E SUAS CONTRIBUIÇÕES COM A PRÁTICA PEDAGÓGICA aluno está descobrindo o novo, o contemporâneo.
O fato permite e facilita um diálogo permanente entre os que permeada por ela. E não poderia deixar de ser: além dos avanços
buscam dar respostas tanto às questões vitais anunciadas e des- tecnológicos que conquistaram as gerações X e Y (você se lembra
critas nas diretrizes propostas pelo poder público quanto às “ex- como enviava mensagens e fazia planos com os amigos antes do
periências escolares” inovadoras e multidisciplinares, previstas na smartphone?), os estudantes das novas gerações são nativos digi-
reforma do ensino tais. Isso significa que a maioria deles nunca conheceu um mundo
Trata-se de um percurso que leva em conta a sociedade da in- sem internet, celular, Google ou redes sociais, dessa forma, o uso
formação e o papel da mídia na geração de conteúdos, mensagens de tecnologias educacionais se tornou fundamental para potencia-
e apelos comportamentais. lizar o ensino e principalmente, gerar maior interesse e interação
Segundo a justificativa do CNE que embasa o documento, se, dos alunos.
de um lado, “é importante a escola valer-se dos recursos midiáti- A Tecnologia Educacional é um conceito que diz respeito à utili-
cos é, igualmente, fundamental submetê-los aos seus propósitos zação de recursos tecnológicos para fins pedagógicos. Seu objetivo
educativos”. Nesse sentido, o texto propõe que valores — presen- é trazer para a educação – seja dentro ou fora de sala de aula – prá-
tes muitas vezes de forma conflituosa no convívio social e assim ticas inovadoras, que facilitem e potencializem o processo de en-
reproduzidos pela mídia — sejam identificados e revisitados pela sino e aprendizagem. O uso da TE tem sido amplamente discutido
educação. É o caso, por exemplo, do consumismo e de uma pouco no meio acadêmico, na mídia e nos círculos sociais, espaços onde
disfarçada indiferença com relação aos desequilíbrios que ocorrem nem sempre é bem recebido. As maiores críticas dizem respeito à
no mundo; indiferença essa que leva, com certa naturalidade, à ba- sua relação com o papel da escola e do professor e à dificuldade de
nalização dos acontecimentos por parte significativa dos meios de acesso à tecnologia, especialmente nas escolas da rede pública e
informação. entre estudantes com menor renda familiar.
Em relação ao universo da comunicação, a Resolução CNE/CEB Mas, ao contrário do que pode parecer à primeira vista, o foco
nº. 7, de 14/12/2010, que estipula as diretrizes para o ensino de principal da Tecnologia Educacional não está sobre os dispositivos
nove anos, não permanece, contudo, apenas num denuncismo inó- tecnológicos (a escola não precisa, obrigatoriamente, contar com
cuo. Ao contrário, estabelece metas a serem cumpridas. os equipamentos mais modernos para trabalhar a TE), e sim sobre
É necessário, por exemplo, que a escola contribua para trans- as práticas que o seu uso possibilita. Em outras palavras: ter bem
formar os alunos em consumidores críticos dos produtos midiáticos definida a finalidade do uso da tecnologia em sala de aula é mais
(meta número 1), ao mesmo tempo em que passem a usar os re- importante que os meios e recursos tecnológicos que serão empre-
cursos tecnológicos como instrumentos relevantes no processo de gados para tal prática.
aprendizagem (meta número 2). É dessa criticidade do olhar e da E é aí que entra o papel fundamental do professor e do profis-
criatividade no uso dos recursos midiáticos que pode surgir uma sional da educação no emprego da Tecnologia Educacional: definir
nova aliança entre o aluno e o professor (meta número 3), favore- quais são os recursos e ferramentas mais adequados para a realida-
cida justamente pelo diálogo que a produção cultural na escola é de de seus alunos, e também a forma mais relevante de os utilizar
capaz de propiciar. em suas práticas pedagógicas. Ainda assim, pode surgir a dúvida:
No caso do docente, o parecer que justificou o documento do com que objetivo um profissional da educação deveria inserir a tec-
CNE entende que “muitas vezes terá que se colocar na situação de nologia nas práticas pedagógicas e no dia a dia da sua instituição
aprendiz e buscar junto com os alunos as respostas para as ques- de ensino?
tões suscitadas”. Surge, aqui, a meta número 4: reconhecer o aluno
como partícipe e corresponsável por sua própria educação, sujeito Tecnologia Educacional: por que usar?
que é de um direito muito especial: o de expressar-se numa socie- Ao longo das últimas décadas praticamente todas as áreas da
dade plural. sociedade têm experimentado uma grande evolução tecnológica.
Assim como a tecnologia, a comunicação envolvida no proces- Toda evolução compreende uma mudança na comunicação, nas re-
so de ensino e aprendizagem também está em constante transfor- lações sociais e, é claro, no processo de ensino e aprendizagem.
mação. Por esse motivo, não é mais possível estar diante de uma Mas, como dissemos no tópico acima, a utilização da Tecnologia
sala de aula com a expectativa de captar a atenção de toda uma Educacional nem sempre é bem recebida – inclusive por educado-
turma de crianças e adolescentes e utilizando uma linguagem do res. A raiz dessa resistência talvez esteja na desinformação sobre as
século passado. Hoje, não é mais possível falar sobre ecologia, sem diferentes possibilidades que ela oferece à educação.
falar sobre sustentabilidade e tecnologias limpas. Ou falar sobre Listamos aqui alguns dos motivos para utilizar a Tecnologia
linguagens, sem mencionar os memes e as fake news. E esses são Educacional em sua escola.
apenas alguns dos exemplos possíveis. - Ampliar o acesso à informação.
Para estabelecer uma comunicação verdadeira com a realidade - Facilitar a comunicação escola – aluno – família.
dos estudantes das novas gerações, o processo de ensino e apren- - Automatizar processos de gestão escolar.
dizagem necessita, invariavelmente, levar em conta e valer-se da - Estimular a troca de experiências.
tecnologia. Dessa necessidade emergiu a Tecnologia Educacional. - Aproximar o diálogo entre professor e aluno.
Pensada especificamente para trazer inovação e facilitar o processo - Possibilitar novas formas de interação.
de ensino e aprendizagem, ela aparece nas salas de aula de diversas - Melhorar o desempenho dos estudantes.
maneiras: em novos dispositivos ou gadgets, softwares e soluções
educacionais. Vamos analisar alguns motivos por que o uso da tecnologia di-
É raro ver qualquer tipo de interação entre professor e alunos gital em sala de aula pode melhorar o desempenho dos seus alunos.
em sala de aula que ignore completamente as novas tecnologias.
Mesmo em uma sala de aula desprovida de equipamentos de últi-
ma geração, com o professor mais tradicional, a interação é sempre
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1. A tecnologia digital desperta maior interesse e prende a 6. A tecnologia digital oferece feedback imediato e constante
atenção dos alunos. a professores, alunos e responsáveis.
O uso da tecnologia digital na educação contribui enorme- Nas escolas que utilizam um ambiente virtual de aprendizagem
mente para o engajamento dos estudantes na dinâmica de aula. A (AVA), transferir as tarefas e avaliações para o meio digital é uma
mente humana é apaixonada por novidades. Por isso, é importante maneira de gerar dados de desempenho imediatos para professo-
variar a rotina de estudos, fazer pequenas mudanças no local e, es- res, alunos e responsáveis. Dessa maneira, o aluno pode corrigir
pecialmente, experimentar diferentes ferramentas e recursos tec- equívocos enquanto o conteúdo continua “fresco” na memória, em
nológicos. Quando se buscam novas formas de ensinar e aprender, vez de descobrir dias depois (ou apenas no final do bimestre) que,
coloca-se uma aura de novidade sobre a rotina de estudos, tornan- durante todo o tempo, seu desempenho esteve abaixo do espera-
do-a mais interessante e prazerosa. Consequentemente, crescem a do. Além disso, professores e responsáveis acompanham de perto a
atenção e o interesse dos alunos pelo assunto em pauta. evolução de cada estudante, intervindo e direcionando os estudos
conforme necessário.
2. A tecnologia digital auxilia na percepção e na resolução de
problemas reais. 7. A tecnologia digital permite traçar um plano de ensino ade-
Grande parte dos artigos e discussões recentes na área da edu- quado a cada aluno.
cação (inclusive a recém-aprovada Base Nacional Comum Curricu- A tecnologia digital permite gerar uma grande quantidade de
lar) diz que é preciso aproximar o conteúdo estudado da realidade dados educacionais. É possível identificar temas e conceitos nos
dos alunos. Experimente dar um sentido mais prático à sua discipli- quais os estudantes apresentam maior facilidade ou dificuldade de
na, seja por meio da contextualização da informação (aplicação em compreensão, bem como verificar o desempenho da turma e de
situações reais, apresentação de casos locais) ou dos meios utiliza- cada aluno, individualmente. A análise desses dados dá autonomia
dos para transmiti-la (tecnologias digitais, canais frequentemente para que professores, pais e alunos tracem um plano de ensino per-
utilizados pelas novas gerações). Isso auxilia não apenas na com- sonalizado, mais adequado a cada turma e estudante. Também pos-
preensão do conteúdo, mas também na visualização e na resolução sibilita que o próprio aluno, nas etapas mais avançadas da educação
de problemas reais que se apresentam no dia a dia do estudante. básica, direcione seu aprendizado para suas áreas de interesse e da
formação que pretende seguir.
3. A tecnologia digital insere os jovens no debate social e con-
tribui para a formação do senso crítico. Exemplos de usos da Tecnologia Educacional
Uma das principais vantagens da aplicação da tecnologia digital A Tecnologia Educacional pode estar presente na educação de
na educação é a possibilidade de acessar informações atualizadas, diversas maneiras, algumas delas são:
em tempo real. Não é mais preciso aguardar pela atualização do - em gadgets (dispositivos), como a lousa digital, os tablets e as
livro didático impresso para ter acesso a temas contemporâneos, mesas educacionais;
questões recentes de vestibulares, dados atualizados e debates so- - em softwares, como os aplicativos, os jogos e os livros digitais;
ciais relevantes. Trabalhar com informações hiperatualizadas con- - e em outras soluções educacionais, como a realidade aumen-
tribui para inserir o estudante no debate social e desenvolver seu tada, os ambientes virtuais de aprendizagem e as plataformas de
senso crítico e de argumentação, preparando-o simultaneamente vídeo.
para os desafios da vida social e acadêmica.
Diversas práticas e iniciativas educacionais apenas tornaram-se
4. A tecnologia digital trabalha a responsabilidade na utiliza- realidade com o uso da TE. A seguir, vamos falar um pouco sobre
ção da internet e dos recursos digitais. as possibilidades do uso da Tecnologia Educacional e as diferentes
A tecnologia digital está presente na vida das novas gerações formas de como ela vem transformando a educação.
desde muito cedo. É extremamente comum ver crianças em idade
pré-escolar utilizando tablets e smartphones, por exemplo. A inser- Ensino híbrido
ção da tecnologia no ambiente escolar ajuda a estabelecer regras A prática de combinar o estudo on e offline, conhecido como
de convivência e segurança nos ambientes virtuais. Também é uma ensino híbrido, é uma grande tendência possibilitada pela Tecnolo-
boa oportunidade para trabalhar a responsabilidade no manuseio e gia Educacional. Ela confere maior autonomia aos estudantes, para
na conservação dos equipamentos digitais. que trilhem seus próprios roteiros de estudo, desenvolvam proje-
tos ou atividades de sistematização e de reforço. Também é uma
5. A tecnologia digital contribui para democratizar o acesso prática que incentiva e facilita que o aluno desenvolva o hábito do
ao ensino. estudo diário, fora do ambiente escolar.
Hoje existem diversas ferramentas e metodologias desenvolvi-
das com o objetivo de ajudar os profissionais da educação a promo- Sala de aula invertida
ver a democratização do acesso ao ensino e a trabalhar a favor de Na sala de aula invertida, o aluno traz para a aula o conhecimen-
uma educação mais inclusiva. O uso da tecnologia digital em sala de to prévio sobre o tema que será estudado, adquirido a partir de tex-
aula (na forma de recursos sonoros, visuais e de escrita, por exem- tos, vídeos, jogos e outros formatos de conteúdo recomendados pelo
plo) pode dar mais autonomia aos estudantes portadores de defi- professor – quase sempre no meio digital. A construção e significação
ciência, transtornos ou problemas de aprendizagem, ajudando-os a deste conhecimento, no entanto, acontecem em conjunto, na sala de
superar limitações e a desenvolver ao máximo seu potencial. aula. Assim como o ensino híbrido, a proposta da sala de aula inverti-
da tem como objetivo colocar o estudante no papel de protagonista
de seu processo de aprendizagem e da sua própria evolução, enga-
jando também os outros membros do seu núcleo familiar.
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Capacitação
Gamificação De nada adiantam os recursos tecnológicos sem uma equipe de
A gamificação, assunto muito comentado no meio educacional professores e profissionais capacitados para extrair deles as melho-
nos últimos anos, consiste em utilizar elementos de jogos digitais res práticas pedagógicas. Por isso, a formação dos educadores para
(como avatares, desafios, rankings, prêmios etc.) em contextos que a tecnologia é primordial.
diferem da sua proposta original – como na educação. A principal
vantagem apontada pelos profissionais da educação no uso da ga- Diálogo
mificação é o aumento no interesse, na atenção e no engajamento Uma ação importante é estimular o diálogo e a troca de expe-
dos alunos com o conteúdo e as práticas propostas. riências entre as equipes. Os professores sentem-se mais seguros,
dispostos e motivados a utilizar a tecnologia quando compartilham
Personalização do ensino das experiências de seus pares.
A geração de dados educacionais é extremamente beneficiada
pelo uso da TE, pois simplifica a aferição do desempenho e dos re- Segurança
sultados de avaliações objetivas. A partir desses dados, é possível É preciso estimular o uso consciente e seguro dos recursos digi-
criar modelos de ensino personalizados, que estejam em sintonia tais, por parte tanto das equipes da escola quanto dos estudantes.
com o momento real de aprendizagem de cada estudante. Assim, o
professor tem uma noção mais clara do panorama da turma e pode Atualização
agir individualmente e de forma personalizada sobre os pontos po- A partir do momento em que o professor identifica uma prática
tenciais e de maior dificuldade de cada estudante. ou rotina que poderia ser inovada com o uso da tecnologia, tam-
bém é importante pensar na atualização dos planos de aula que
Microlearning irão nortear essas práticas.
Tanto para as novas gerações quanto para as anteriores, a enor-
me quantidade de informações com as quais temos contato diaria- Plano de Aula X tecnologia
mente ocasionou uma transformação na forma como consumimos A partir da modernização de espaços, ferramentas e práticas
conteúdo. Para que a atenção não seja desviada de pronto, este educacionais, profissionais da educação em todo o mundo estão
conteúdo aparece em nosso dia a dia de forma muito mais frag- trabalhando por uma transformação cada vez mais profunda e efe-
mentada, em vídeos e mensagens breves. Daí surge a expressão tiva no processo de ensino e aprendizagem. Essa transformação
microlearning, que consiste na fragmentação de conteúdo educa- é um processo nascido e desenvolvido dentro de cada espaço de
cional para que este seja melhor assimilado pelos alunos. O meio aprendizagem, baseado em uma mudança de hábitos e paradig-
digital favorece este tipo de interação, por meio de vídeos, jogos, mas estabelecidos nas relações diárias entre alunos e professores.
animações, apresentações interativas etc. Não basta esperar que a transformação chegue até a sala de aula,
ela precisa ter um ponto de partida dentro do ambiente escolar.
Como inserir a tecnologia na minha escola? Que tal ser um agente dessa mudança na sua escola, começando
Existem medidas essenciais para inserir a Tecnologia Educacio- pelo plano de aula?
nal de maneira relevante no dia a dia de sua instituição de ensino. A chegada da Base Nacional Comum Curricular deixa ainda
Elencamos algumas delas a seguir: mais evidente a necessidade de trazer a tecnologia para dentro da
realidade das escolas. Segundo a BNCC, os estudantes devem de-
Diagnóstico senvolver ao longo da Educação Básica a competência para:
Antes de mais nada, é preciso entender os alunos e professores Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e
da sua escola. Em que momentos eles estão conectados? A partir comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas di-
de quais dispositivos? Quais são as redes sociais em que estão pre- versas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar
sentes e os sites que acessam? Essa investigação é essencial caso por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimen-
sua instituição pretenda estabelecer uma conexão verdadeira com tos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.
os seus públicos e propor usos significativos para a Tecnologia Edu- (BNCC)
cacional.
A seguir, apresentamos 6 ideias para atualizar seu plano de
Documentos normativos aula e trabalhar a tecnologia de maneira relevante e integrada ao
As possibilidades para o uso da TE, bem como o destaque da dia a dia da turma.
sua importância, devem estar previstas dentro do PPP e em outros
documentos normativos da instituição de ensino. 1. Interação em ambientes virtuais
Desde a primeira infância, os estudantes da Geração Z estão
Investimento navegando em ambientes virtuais. Eles comunicam-se com desen-
É importante relacionar tudo aquilo que a escola possui de su- voltura no meio digital, às vezes mais do que seus pais e professo-
porte para o uso da tecnologia, para daí desenvolver planos reais res. Incentivar e orientar a interação nesses espaços tem muito a
sobre as práticas que podem ser adotadas. Essa relação também acrescentar à prática pedagógica. Procure identificar as tarefas que
deixa claro aquilo que é preciso melhorar e o investimento que podem ser transpostas, facilitadas ou repensadas para o meio di-
pode ser feito com esta finalidade. gital.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
As ferramentas para isso são abundantes: é possível criar gru- por meio dos comentários; organize e deixe disponível para con-
pos e comunidades nas redes sociais; fóruns de discussão com te- sulta um banco de textos e artigos com as produções dos alunos;
máticas específicas relacionadas ao conteúdo que está sendo estu- desenvolva projetos interdisciplinares.
dado; ou mesmo utilizar um ambiente virtual de aprendizagem, O Google Docs, por exemplo, é uma ferramenta gratuita, que per-
caso a sua escola ou sistema de ensino disponha de um. mite construir textos de maneira colaborativa, editando, adicionando
comentários e enviando feedback em tempo real. No entanto, existem
2. Textos em formato digital diversas outras ferramentas disponíveis. Procure pelas melhores solu-
O consumo de textos em formato digital é baseado na lingua- ções que conversem com a realidade e as necessidades da turma.
gem hipertextual e em uma forma de leitura não linear. O texto em
formato digital permite ampliar o conhecimento acerca de uma te- 4. Apresentações em formatos multimídia
mática, elucidar e ilustrar conceitos, contextualizar momentos his- É importante empregar recursos tecnológicos ao seu plano
tóricos, esclarecer vocabulários específicos, entre diversas outras de aula, uma vez que o uso de materiais em diferentes formatos
possibilidades. A leitura deixa de ser apenas receptiva para tornar- (como vídeos, apresentações em slides, mapas mentais etc.) co-
-se um processo interativo. labora para o engajamento da turma. Além disso, pode servir para
Muitos materiais didáticos já possuem uma versão digital que enriquecer tanto a aula do professor quanto as apresentações dos
pode ser aproveitada como recurso em sala de aula ou em casa. próprios alunos.
Explore também as funcionalidades oferecidas por portais de no- Algumas ferramentas que apresentam essas funcionalidades
tícia online, e-books, PDFs interativos etc. O hipertexto permite são o YouTube (edição e compartilhamento de vídeos), o Google Sli-
adicionar links, imagens, vídeos, referências e diversos formatos de des e o Prezi (apresentação de slides e construção de mapas men-
conteúdo adicional ao corpo do texto, transformando a forma como tais), o PowToon (construção de vídeos e animações – em inglês),
lemos e aprendemos. Quando se transforma a forma de ler, modifi- entre outras. Busque também compartilhar experiências e conhe-
ca-se também a forma de produzir conteúdo. cer as ferramentas utilizadas por outros professores.
O hipertexto, pela sua natureza não sequencial e não linear,
afeta não só a maneira como lemos, possibilitando múltiplas entra- 5. Diferentes formatos de avaliação
das e múltiplas formas de prosseguir, mas também afeta o modo A tecnologia também pode convergir para o plano de aula no
como escrevemos, proporcionando a distribuição da inteligência e modo de avaliação. Por mais que a prova em papel e caneta – com
cognição. De um lado, diminui a fronteira entre leitor e escritor, tor- os alunos em fila e vigiados pelo professor – continue sendo o mé-
nando-os parte do mesmo processo; do outro, faz com que a escrita todo de avaliação mais comum, existem formas diferentes de verifi-
seja uma tarefa menos individual para se tornar uma atividade mais car a aprendizagem dos estudantes.
coletiva e colaborativa. O poder e a autoridade ficam distribuídos Caso a sua escola utilize um sistema de ensino, uma dica é veri-
pelas imensas redes digitais, facilitando a construção social do co- ficar se ele disponibiliza avaliações em formato digital, como ativi-
nhecimento.(MARCUSCHI, Luiz A. O hipertexto como um novo espa- dades de fixação e reforço, provas e simulados. Você também pode
ço de escrita em sala de aula. Linguagem e Ensino, Rio Grande do desenvolver suas próprias avaliações, pesquisas e questionários uti-
Sul, 2001. v.4, n. 1, p. 79-111.) lizando ferramentas gratuitas como o Google Forms.
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
( ) Dispositivo para formar indivíduos eficientes, capazes de 6. FGV - 2019 - PROFESSOR (PREF SALVADOR)/HISTÓRIA
contribuir para o aumento da produtividade da sociedade, investin- Relacione os materiais do trabalho docente às suas caracterís-
do em escolas técnicas. ticas.
( ) Antídoto à ignorância para todos, difundindo a instrução e 1. Metodologia de Ensino
transmitindo de forma sistematizada e gradual conhecimentos acu- 2. Plano de Curso
mulados pela humanidade. 3. Planejamento Curricular
A sequência correta, de cima para baixo, é: ( ) Está relacionado ao como o docente irá desenvolver as ati-
(A) 1, 4, 3 e 2; vidades e os conteúdos propostos nos diferentes instrumentos
(B) 3, 2, 4 e 1; de planejamento.
(C) 2, 4, 3 e 1; ( ) É o processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da
(D) 4, 1, 2 e 3; ação escolar. É a previsão sistemática e ordenada de toda a vida
(E) 2, 1, 3 e 4. escolar do aluno. Essa modalidade de planejar é o instrumento
que orienta a ação educativa na escola, pois a preocupação é
4. FGV - 2015 - TÉCNICO EM DESENVOLVIMENTO INFANTIL com a proposta geral das experiências de aprendizagem que a
(PREF CUIABÁ)/MAGISTÉRIO OU PEDAGOGIA escola deve oferecer ao estudante.
As tendências pedagógicas da Educação são categorizadas de ( ) É o instrumento de trabalho que tem como objetivo re-
acordo com a posição que adotam em relação às finalidades sociais ferenciar os conteúdos, as metodologias, os procedimentos e
as técnicas a serem utilizadas no processo de ensinoaprendi-
da escola, como apresentado a seguir.
zagem.
Assinale a opção que mostra a relação correta, segundo a or-
Pedagogia Pedagogia Progressista dem apresentada.
1. Tradicional (A) 1 – 3 – 2.
(B) 2 – 1 – 3.
2. Renovada progressivista 5. Libertadora
(C) 3 – 2 – 1.
3. Renovada não-diretiva 6. Libertária (D) 1 – 2 – 3.
4. Tecnicista 7. Crítico-social dos con- (E) 3 – 1 – 2.
teúdos
Associe as características a seguir às tendências pedagógicas 7. FGV - 2018 - PROFESSOR (PREF BOA VISTA)/LICENCIADO
citadas. EM PEDAGOGIA
( ) Utiliza-se basicamente do enfoque sistêmico, da tecnologia A escola refletiu sempre o seu tempo e não podia deixar de
educacional e da análise experimental do comportamento. refleti-lo; sempre esteve a serviço das necessidades de um regime
( ) O professor transmite o conteúdo na forma de verdade a social determinado e, se não fosse capaz disso, teria sido eliminada
ser absorvida; em consequência, a disciplina imposta é o meio mais como um corpo estranho inútil. (Pistrak)
eficaz para assegurar a atenção e o silêncio. Entre as definições da função social da escola apresentadas a
( ) A condição para que a escola sirva aos interesses populares seguir, a que mais se relaciona ao texto acima é:
é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conte- (A) ser histórica e contextualmente definida;
údos escolares básicos que tenham ressonância na vida dos alunos. (B) formar um cidadão que seja conhecedor da situação social
Assinale a opção que indica a relação correta, de cima para bai- na qual vive;
xo. (C) ter como aspecto central democratizar o conhecimento;
(A) 4 – 1 – 7 (D) visar à apropriação do saber sistematizado;
(B) 4 – 2 – 1 (E) garantir a igualdade de oportunidades.
(C) 3 – 2 – 5
(D) 2 – 1 – 7 8. FGV - 2018 - PEDAGOGO (NITERÓI)/(SASDH NITERÓI)
(E) 4 – 1 – 6 Uma das funções sociais da escola é a transmissão do conheci-
mento produzido historicamente e socialmente pela humanidade.
5. FGV - 2021 - ANALISTA JUDICIÁRIO (TJ RO)/PEDAGOGO Eis uma função que se realiza em meio aos seguintes movimentos:
O objetivo do estudo da didática é o processo de ensino, enten- (A) hegemônicos e contra-hegemônicos;
dido como sequência de atividades do professor e dos alunos, ten- (B) de ampliação e de universalização;
do em vista a assimilação de conhecimentos e habilidades. Assim (C) de fluxos e de influxos;
sendo, o processo didático está centrado na relação entre ensino e (D) contraditórios e parciais;
aprendizagem. (E) de assistência e de acompanhamento.
Com base no exposto, NÃO apresenta um componente do pro-
cesso didático: 9. FGV - 2022 - PEDAGOGO (SEAD AP)
(A) o conteúdo das matérias; A questão da avaliação é amplamente discutida e abordada em
(B) a ação de ensinar; todos os segmentos internos da escola e nos externos a ela. Nos úl-
(C) o nível cultural; timos anos, as escolas buscam constantemente ressignificar o papel
(D) a ação de aprender; da avaliação e a sua função social.
(E) o método de ensino. Com base nessa informação, assinale a opção que não se en-
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FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
15. FGV - 2021 - ANALISTA JUDICIÁRIO (TJ RO)/PEDAGOGO 18. FGV - 2019 - PROFESSOR (PREF SALVADOR)/HISTÓRIA (E
O conceito de escola inclusiva está embasado no princípio da: MAIS 11 CONCURSOS)
(A) integração progressiva dos portadores de necessidades es- Com relação aos objetivos do Plano Nacional de Educação em
peciais ao convívio social; Direitos Humanos, analise as afirmativas a seguir.
(B) igualdade de oportunidades educacionais e sociais a que I. Contribuir para a efetivação dos compromissos internacionais
todos os alunos têm direito; e nacionais com a educação em Direitos Humanos.
(C) disciplinarização dos alunos com deficiência para sua adap- II. Estabelecer objetivos, diretrizes e linhas de ação para a ela-
tação à vida em sociedade; boração de programas e projetos na área da educação em direitos
(D) adequação à realidade social dos alunos com deficiência humanos.
para torná-los economicamente funcionais; III. Enfatizar o papel dos Direitos Humanos na construção de
(E) convivência com a diversidade como experiência fraterna e uma sociedade justa, equitativa e democrática.
humanizadora para os outros alunos. Está correto o que se afirma em
(A) I, somente.
16. FGV - 2018 - ASSISTENTE CUIDADOR ESCOLAR (PREF (B) II, somente.
BOA VISTA) (C) I e II, somente.
Na escola de ensino regular em que Marta trabalha, a equipe (D) II e III, somente.
está reestruturando o projeto pedagógico, considerando também o (E) I, II e III.
trabalho com crianças com deficiência.
Nesse sentido, o projeto pedagógico deve prever:
(A) o encaminhamento desses alunos para as escolas especiais; GABARITO
(B) a elaboração do Plano de Atendimento Educacional Espe-
cializado;
(C) o atendimento a esses alunos em espaço padrão;
(D) que esses alunos seguirão o cronograma comum da escola; 1 D
(E) a adaptação das necessidades desses alunos aos materiais 2 A
já disponíveis na escola.
3 C
17. FGV - 2018 - ASSISTENTE CUIDADOR ESCOLAR (PREF 4 A
BOA VISTA) 5 C
Para garantir a plena inclusão das pessoas com deficiência nas
escolas, é necessário: 6 A
“aprimoramento dos sistemas educacionais, visando a ga- 7 A
rantir condições de _________, permanência, participação e
8 A
___________, por meio da oferta de serviços e de recursos de
acessibilidade que eliminem as ____________ e promovam a 9 E
___________ plena” 10 C
A alternativa que completa adequadamente a frase acima é:
11 C
(A) acesso – aprendizagem – conquistas – inclusão;
(B) acesso – aprendizagem – barreiras – segmentação; 12 B
(C) acesso – segmentação – barreiras – inclusão; 13 E
(D) acesso – aprendizagem – barreiras – inclusão;
(E) segmentação – aprendizagem – barreiras – inclusão. 14 C
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INSPEÇÃO ESCOLAR
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INSPEÇÃO ESCOLAR
O período Institucional caracterizou-se pelo surgimento da sa forma uma nova estratégia de trabalho, em que a Orientação es-
Orientação Educacional na legislação brasileira. Nesse período tava centrada no professor e enfatizava-se o envolvimento de toda
ocorreu toda a exigência legal da Orientação nas escolas com gran- a equipe educativa.
de esforço do Ministério da Educação e Cultura para dinamizá-la e Essa perspectiva de Orientação Educacional foi a precursora de
os cursos que cuidavam da formação de orientadores educacionais. todo o movimento crítico a se desencadear na década de 80, come-
De acordo com Bonfim, a Orientação Educacional, nesse perío- çam a surgir os questionamentos dos profissionais com relação tan-
do em que é instituída por lei, no Brasil, buscava, com bases cientí- to à ideologia que regia a prática da Orientação Educacional, como
ficas, alcançar o desenvolvimento integral da adequação da perso- as próprias teorias e instrumentos utilizados. Tendo início assim o
nalidade do educando, visando o seu ajustamento pessoal, escolar Período Questionador.
e social. Não tendo em vista a formação da personalidade do aluno O Período Questionador se configurou como um momento de
em função de princípios morais e religiosos, e nem mesmo a sua parada e reflexão que retrata as inquietações pelas quais passou a
adequação ao exercício da profissão. Orientação Educacional na busca por um espaço próprio, específi-
Estando, nessa fase, o sucesso do orientador dependendo di- co e definido no campo educacional. Havendo nesse período uma
retamente da sua compreensão da escola como um sistema social, busca intensa por uma análise crítica do papel do orientador edu-
a fim de determinar o tipo de ajuda que deveria oferecer e ainda cacional nas escolas, bem como por uma caracterização do próprio
como oferecê-la. As contradições da própria sociedade não eram serviço de Orientação Educacional no processo educativo.
questionadas e as atividades da orientação eram marcadas por um Nesse momento os orientadores, enquanto trabalhadores, or-
cunho assistencial. ganizam-se de maneira mais objetiva através dos sindicatos, fortale-
No início da década de 60 surge um movimento com o objeti- cendo sua relação com os demais profissionais da educação.
vo de transformar a orientação importada em uma orientação ne- O papel do orientador educacional enquanto trabalhador foi
cessária à realidade brasileira, assinalando assim o surgimento de amplamente discutido, desvelando seu compromisso político e pe-
um novo período na orientação educacional, denominado período dagógico. A pratica dos orientadores ia sendo diferenciada de acor-
transformador. Nessa fase cria-se a profissão do orientador educa- do com as possibilidades e espaços conquistados.
cional no Brasil, sistematizada pela Lei de Diretrizes e Bases n 4024 Dessa forma, toda a prática da Orientação ia se debruçando
de 1961, que buscava delinear um campo próprio para a orientação nesta concepção de educação como um ato político, estando in-
Educacional, além de reafirmar a sua obrigatoriedade e estabelecer trinsecamente relacionada com as mudanças ocorridas no núcleo
normas para a formação desse profissional. da sociedade. Discutia-se a questão do trabalho não pelo caminho
Em 1968, a Lei 5562 preceitua em seu artigo primeiro, que a da sondagem de aptidões individuais, mas pelas questões sociais e
Orientação Educacional seja realizada de maneira a integrar os ele- pelo significado do próprio trabalho.
mentos que exercem influência na formação do indivíduo, prepa- A partir de 1990, no dizer de Grinspun “inúmeros são os fa-
rando-o para p exercício das opções básicas. Passando então a ser tores que nos mostram um novo momento vivido por esta área”.
inserida no programa geral da escola, com o objetivo de favorecer a Houve a extinção da Federação Nacional de orientação educacional
existência de um ambiente educativo saudável, pela interação das (FENOE), e, em uma tentativa de unificação dos trabalhadores de
várias funções e papéis dos que formavam a comunidade escolar. educação, a criação de uma entidade nacional, a Confederação Na-
Ainda nesse período, por meio do parecer n 252, de 12 de maio cional dos Trabalhadores de Educação. De acordo com Grinspun, foi
de 1969, estabeleceu-se a formação do orientador educacional em precipitada a extinção de um órgão para o fortalecimento de outro,
nível fé graduação, como uma das habilitações do curso de peda- pois estes não seriam excludentes, mas complementares.
gogia. Surge nesse momento, para muitos, uma grande insegurança
Em 1971, com a Lei n° 5692, tem início o período Disciplinador. em relação ao espaço ocupado pelo orientador educacional, em
Nessa fase, observa-se o surgimento de uma ênfase de adaptação termos de prática e de mercado de trabalho. Segundo Grinspun:
às necessidades sociais e à formação profissional. No artigo 10 da
referida lei, o aconselhamento vocacional, em cooperação com os “A prática que virá está sendo construída, uma vez que os orien-
professores, a família e a comunidade escolar, veio fazer brotar uma tadores têm que buscar - sem o apoio específico de sua categoria
nova fase na Orientação Educacional. Nesse momento o exercício em termos de órgão de classe _ a especificidade requerida no tra-
da função de orientador educacional põe em destaque a orientação balho com os demais educadores”.
vocacional detalhando-a desde a caracterização da comunidade, da
escola e da clientela, ao processo de sondagem de interesses, apti- Porém, de acordo com a autora, a orientação nunca deixará
dões e habilidades, à informação profissional, ao acompanhamento de existir embora sua prática deva relacionar-se com o novo con-
pós escolar e a integração entre escola, família, comunidade. texto, social, político e histórico que iremos experienciar, e, ainda,
Nesse momento, surgem várias correntes ou concepções de não deixará de existir, pois nunca deixará de existir a educação, e
orientação educacional. Segundo Bonfim, é uma fase em que va- elas estão ligadas a tal ponto que o próprio conceito etimológico de
mos encontrar uma abordagem: “Que se preocupava em propiciar educação se compromete, enquanto educare, com orientação, isto
oportunidades de individuação da educação, visando a garantir a é, refere-se a orientar, guiar, conduzir o indivíduo.
todos os alunos condições de formação de uma personalidade crí-
tica e objetiva, favorecendo o desenvolvimento de cada aluno no
sentido da construção saudável de sua autonomia”.
Passando a Orientação Educacional a ser vista como respon-
sável pelo desenvolvimento das relações interpessoais e, por isso,
passível de ser estendida a todos os níveis de ensino. Surgindo des-
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INSPEÇÃO ESCOLAR
A Relação Entre Teoria e Prática no Cotidiano da Orientação -prática do fenômeno educativo. Para a construção de uma prática
Educacional1 educativa que de fato contemple a união entre teoria e prática, é
necessária a realização de pesquisas sobre o processo educativo,
A Orientação Educacional caminha de acordo com a educação, que não se distanciem da educação construída no dia-a-dia das re-
sofrendo as mesmas influências desta no decorrer do tempo, sendo lações entre os agentes pedagógicos da escola.
submetida à mesma perspectiva teórico-prática a qual a educação
é submetida. As Tendências Pedagógicas e a Orientação Educacional
Durante um longo período a escola teve como função ensinar
o aluno que, por sua vez, tinha a função de aprender. Se nesse pro- Da mesma forma que a educação acompanha o perfil que de-
cesso alguma coisa desse errado, a causa era de inteira responsabi- terminada época lhe impõe, na Orientação educacional ocorre igual
lidade do aluno, precisando ele de um acompanhamento para a re- procedimento. Sobre isso Grinspun, traz que cada linha teórica aca-
solução de seu problema. E nesse contexto é que aparecia a função bou definindo a prática educativa do orientador dentro do âmbito
do orientador, tendo esse profissional apenas que fazer com que o da escola. Veremos a seguir alguns pontos dessa orientação a partir
aluno se encaixasse no sistema. Com o tempo, a educação passa das tendências educacionais contemporâneas destacadas por Libâ-
a sofrer grande influência de outras instâncias da sociedade, por neo, relacionando as teorias não-críticas e críticas da educação.
exemplo, dos meios de comunicação. Nesse contexto o aluno passa
a perceber com mais clareza a sua posição de sujeito, fazendo sua Na educação tradicional a orientação se caracteriza como te-
história, sua formação. E a orientação educacional passa a ter uma rapêutica e psicológica, estando destinada aos alunos problemá-
amplitude de ações nessa prática pedagógica, sendo um profissio- ticos com o objetivo de ajustá-los aos modelos apresentados pela
nal que respeita o senso comum, aprecia o conhecimento científico, família, pela escola e pela sociedade. Nessa abordagem teórica o
e esta ciente de que seu exercício só é possível porque existe uma problema, tanto da aprendizagem, como da conduta, era sempre
teoria que lhe permite desenvolver sua proposta pedagógica. uma questão referente ao aluno, desprezando as variáveis que in-
Para Grinspun podemos interpretar a teoria como um pensar, terferiam nesse contexto.
um raciocinar, a partir de determinados princípios e pressupostos; Na educação renovada progressivista o orientador tinha
a prática seria a realização, a ação e os resultados. como função auxiliar o desenvolvimento cognitivo dos alunos,
São muitas as formas de conceber a relação entre teoria e prá- identificando-o através de testes específicos e trabalhando em
tica. Havendo um grupo de teóricos que percebe uma relação de termos individuais.
unidade entre teoria e prática e outro uma visão dicotômica. Can- Na renovada não-diretiva a orientação está relacionada à afe-
dau identifica dois agrupamentos responsáveis pela visão dicotômi- tividade, tendo nesse momento a função de facilitadora de mu-
ca e pela visão de unidade. danças.
A primeira forma esta centrada na separação entre teoria e
prática, estando esses componentes totalmente isolados, até opos- A educação tecnicista apresenta uma linha funcionalista, com
tos. Dessa maneira, os teóricos pensam e os práticos executam. Na ênfase nas técnicas de seu processo. Com a preocupação principal
visão associativa os polos não são opostos, mas justapostos, teoria de identificar as aptidões dos alunos para um determinado merca-
e prática são indissociáveis da práxis, definida, de acordo com do de trabalho.
Vasquez, como: Na educação libertária a orientação tinha a função de assesso-
rar o professor na medida em que era o catalisador do grupo junto
“Atividade teórico-prática, ou seja, tem um lado ideal, teórico, aos alunos. A orientação discutiria as formas de poder, as questões
e um lado material, propriamente prático, com a particularidade da relação do poder com as classes trabalhadoras, subsidiando a
de que só artificialmente, por um processo de abstração, podemos formação dos alunos para a vivencia grupal e a consciência da par-
separar, isolar um do outro”. ticipação crítica na sociedade.
Na libertadora a orientação possui o papel de captar o mun-
Na visão de Grinspun, o educador trabalha a relação entre do real dos alunos, sendo que estes devem ser percebidos como
teoria e prática de três formas distintas. Na primeira as duas áreas sujeitos históricos, concretos e reais. A orientação trabalhava ques-
separadamente, justapostas, onde o professor estuda as teorias e tionando concretamente a realidade das relações do homem com
posteriormente efetiva a sua prática. Na segunda forma é a concep- a natureza e com os outros homens, visando a uma transformação,
ção de que a prática significa a aplicação da teoria pedagógica. Ten- sendo, por isso, considerada uma educação crítica. Nessa tendência
do de um lado as abordagens teóricas e do outro o resultado dos o educador e os educandos se posicionam como sujeitos no proces-
estudos realizados. A terceira forma seria o tratamento conjunto e so de ensino aprendizagem. Sob essa ótica, uma perspectiva políti-
integrado da teoria com a prática. O pensar e o agir estariam juntos. ca também constitui um fundamento da educação.
Nessa forma última o educador desenvolve uma práxis criadora, na Na educação crítico-social dos conteúdos a educação prepara
medida em que a vinculação entre o pensar e o agir se fazem pre- para o mundo e suas contradições, fornecendo instrumental, atra-
sentes em termos de unicidade. vés da aquisição do conteúdo e da socialização. A orientação procu-
A produção intelectual no Brasil já conta com um considerável ra valorizar o aluno e sua experiência em um contexto cultural para
número de pesquisas sobre a evolução teórico-prática da educa- posteriormente confrontá-lo com os conteúdos e modelos apresen-
ção, mas na prática não há o devido entendimento do que propõem tados pelo educador. Nesse contexto, orientador procura ser um
as teorias. Sendo necessária uma pesquisa junto ao movimento da mediador nessa busca, auxiliando o aluno na busca pela autono-
Educação brasileira para captar a concretude da relação teórico- mia, ajudando-o dessa forma a compreender as realidades sociais
1 FERREIRA, G. C. Orientação Educacional: Um Estudo sobre seu surgimento e enquanto sujeito de sua história.
suas atuais atribuições. Rio de Janeiro, 2009.
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INSPEÇÃO ESCOLAR
Na concepção de educação fundamentada em uma abordagem Através de uma ação integrada com o corpo docente e os de-
construtivista, a orientação teria a função de promover os meios mais agentes da comunidade escolar, a Orientação Educacional
para a aquisição do conhecimento por parte do aluno, procurando deve estabelecer um processo cooperativo. Devendo mobilizar a
resgatar sua realidade cultural e ainda promover o desenvolvimen- escola, a família e a criança para a investigação coletiva da realidade
to e aquisição do conhecimento. Nessa prática pedagógica acredi- na qual todos estão inseridos.
tasse que todo conhecimento provem de uma prática social e que o O Orientador deverá cooperar com professor através de um
conhecimento é um empreendimento coletivo, não podendo, por- constante contato e auxiliando-o na tarefa de compreender o com-
tanto ser produzido na solidão do sujeito. portamento das classes e dos alunos em particular. Mantendo os
A orientação acompanhou a evolução teórico-prática da edu- professores informados quanto às atitudes da Orientação Educacio-
cação. No caso das teorias acríticas, a orientação também fez seu nal junto aos alunos. Esclarecendo a família quanto às finalidades e
papel acrítico em sua concepção de educação e na metodologia o funcionamento da escola, e assim atrair os pais para escola para
empregada. A Orientação procurava identificar as aptidões dos alu- que participem de forma ativa, desenvolvendo trabalhos de inte-
nos e seu possível ajustamento na escola, família e na sociedade. gração entre pais, professores e filhos.
Estando comprometida com o aluno problema e as situações de No que diz respeito à legislação que rege a prática do orienta-
desajustamento do mesmo nas instituições, enfatizando sempre os dor educacional, iremos destacar e comentar algumas atribuições
aspectos individuais. presentes na resolução do Conselho Nacional de Educação - Conse-
Hoje, na predominância das teorias críticas, o comprometi- lho Pleno - N 1, De 15 De Maio De 2006.
mento da orientação está relacionado à dimensão coletiva que fa-
vorece o desenvolvimento do aluno. O orientador educacional tem - Planejamento, execução, coordenação, acompanhamento e
como objeto “a articulação currículo-sociedade, homem-natureza, avaliação de projetos e experiências educacionais escolares e não
homem-sociedade, escola-trabalho, escola-vida e, como ação fun- escolares.
damental, a leitura crítica permanente da sociedade e do mundo Cabe ao orientador, desenvolver projetos que possam contri-
em que vivemos”. buir para a elaboração e implementação do projeto político peda-
A Orientação Educacional busca compreender a teoria e a prá- gógico da escola, de tal forma que se faça agente mediador entre
tica em uma relação de mutualidade, de dependência e de recipro- o trabalho escolar e a prática social global, almejando sempre a
cidade. Objetivando auxiliar na construção de uma prática emanci- emancipação dos alunos enquanto sujeitos históricos.
patória, encontrando na teoria a função de mediação.
- Atuar com ética e compromisso, tendo em vista uma socieda-
Toda atividade realizada na orientação deve ser dirigida pela de justa, equânime e igualitária.
integração entre teoria e prática, englobando os aspectos do cam- O Orientador deve agir na sua prática, a partir de ideais e con-
po cognitivo e os valores da própria prática. Essa junção é que vai vicções pessoais, aliados a valores como respeito, solidariedade e
direcionar a ação da Orientação Educacional, que deve partir do humanismo, de forma que seu trabalho contribua para o desen-
cotidiano da escola para o conhecimento de sua realidade, e assim volvimento de uma sociedade que rompa com as barreiras sociais
buscar o conhecimento teórico e retornar ao cotidiano, para um existentes.
real conhecimento e melhor avaliação para nele intervir. -
Reconhecer e respeitar a diversidade de necessidades do edu-
As Atuais Atribuições da Orientação Educacional 2 cando, assim como promover a aprendizagem em espaços não-es-
colares.
Como vimos anteriormente, a Orientação Educacional sofreu O orientador não deve possuir uma visão homogeneizadora,
uma evolução gradativa em sua prática. Sendo influenciada por di- que vê todos os educandos como iguais. Ao contrário, deve reco-
ferentes linhas teóricas, essas que acabaram definindo a atuação do nhecer as complexidades individuais de cada um, buscando ações
orientador no âmbito da escola. que atendam a todos, em suas várias demandas.
Atualmente, as tendências críticas são predominantes no cená-
rio educacional. Havendo o comprometimento da Orientação com - Promover e facilitar as relações entre escola, família e comu-
uma formação que contemple os diferentes aspectos do nidade.
desenvolvimento humano. De acordo com GRINSPUN, A promoção da relação harmoniosa entre as instituições en-
volvidas no processo educacional, é uma das principais funções do
“À medida que se procura novos caminhos para a educação, educador, pois esta dimensão coletiva favorece o desenvolvimento
para que sua construção ocorra de forma mais coerente e de do aluno.
acordo com o princípio da realidade de homem e sociedade de
hoje, é natural que se busque também um novo olhar para a função - Identificar e intervir de forma investigativa e positiva na reali-
orientadora no cotidiano escolar”. dade socioeducacional e econômica.
A busca de informações a respeito do contexto em que a escola
Hoje, a Orientação Educacional é entendida como um processo e seus alunos estão inseridos é fonte necessária e fundamental para
continuo e dinâmico, estando integrada em todo o currículo escolar uma intervenção real e eficaz.
sempre encarando o aluno como um ser global que deve desenvol-
ver-se harmoniosa e equilibradamente em todos os aspectos. - Estudo das relações entre sociedade x sociedade contempo-
rânea.
2 FERREIRA, G. C. Orientação Educacional: Um Estudo sobre seu surgimento e
suas atuais atribuições. Rio de Janeiro, 2009.
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a solução para o seu concurso!
INSPEÇÃO ESCOLAR
A compreensão da sociedade e suas constantes transforma- Desta forma o Orientador Educacional estará comprometido
ções proporciona uma reflexão acerca do papel da educação dentro com a construção de uma sociedade democrática, visando à supe-
da mesma, dando base para um processo de questionamentos e ração do trabalho fragmentado dentro da estrutura educacional.
atitudes, que resulta na busca de mudanças. Fazendo-nos compreender a importância do Orientador Educa-
cional na esfera escolar, como alguém que quando exerce de forma
- Utilizar com propriedade, instrumentos próprios para a cons- plena e consciente o seu papel possibilita o enfrentamento das difi-
trução de conhecimentos pedagógicos e científicos. culdades através de ações reais.
Sendo a educação um processo político, cabe ao orientador
dentro da escola trabalhar com a realidade, buscando superar o Supervisão Escolar
senso comum, através do conhecimento científico, procurando ana-
lisar o cotidiano escolar, relacionando-o com o cotidiano de fora da O Papel do Supervisor Escolar3
escola. Em relação a todos os profissionais das instituições de ensino
No entanto, o Orientador em sua prática cotidiana precisa co- o supervisor é quem estabelece o posicionamento de fazer, agir,
nhecer a realidade da escola, para promover um projeto que aten- movimentar e envolver-se interagindo na comunidade dos relacio-
da as demandas dos educandos, da família da escola e de todos namentos na escola, em sala de aula nas quais os alunos estão in-
os envolvidos e inseridos no processo educativo. Devendo assumir seridos.
uma postura firme, quando necessário, sem intimidação, criando Para Medina4, o trabalho do supervisor, centrado na ação do
um clima de cooperação na escola. professor não pode ser confundido como assessoria ou consultoria,
O orientador educacional não pode fazer e dar soluções a to- por ser um trabalho que requer envolvimento e comprometimento.
dos os problemas que ocorrem no âmbito da escola, mas deve ter Segundo a autora o supervisor escolar tem como objeto de
ciência de que é um profissional habilitado e capaz de planejar, e trabalho a produção do professor - o aprender do aluno - e preocu-
através deste planejamento, atender as necessidades e demandas, pa-se de modo especial com a qualidade dessa produção. Portan-
de forma a alcançar resultados positivos. to, o objeto de trabalho do supervisor é a aprendizagem do aluno
Mas para alcançar tais objetivos, ele necessita estar preparado, através do professor, onde ambos trabalham como numa equipe
através de recursos que possibilitem sua prática, que tem como um um dependendo do outro. Considera-se o papel fundamental do
dos pilares o planejamento e o ato de planejar, definido por Josi supervisor: ser o grande harmonizador do ambiente da escola.
como: Para Alves5, o supervisor deve ser o profissional encarregado
“Planejar significa estabelecer objetivos bastante amplos, des- do controle de qualquer ação, o supervisor escolar deve ser o en-
cobrir a realidade social concreta, observar recursos disponíveis carregado de promover a interação entre teoria e prática, entre
(humano, materiais e financeiro), determinar uma metodologia pensamento e ação.
(prática) viável e que unifique os diferentes recursos, estabelecer Segundo a autora o supervisor escolar é um profissional que faz
um tempo mínimo e máximo para a execução das etapas, viabilizar o elo entre os diferentes setores da escola que cuidam diretamente
itens, que permitam a efetivação deste plano inicial”. com o ensino e a aprendizagem, e com as relações com os pais dos
alunos. O supervisor escolar tem como objeto de trabalho não só os
O planejamento educacional pressupõe propostas de trabalho professores e alunos, mas sim os pais de alunos também.
e habilidades específicas que o Orientador Educacional deve conhe- Quanto a Rangel6, o supervisor escolar faz parte do corpo de
cer. Sendo fundamental no desenvolvimento de um trabalho peda- professores e tem sua especificidade do seu trabalho, caracterizado
gógico de qualidade a clareza de objetivos, tarefas e componentes pela coordenação das atividades didáticas e curriculares e a promo-
do processo de ensino/aprendizagem. Devendo o planejamento ção e o estímulo de oportunidades coletivas de estudo.
conter elementos e etapas, os quais fundamentem o seu suces- Segundo Pires7 o supervisor escolar tem diferentes qualidades.
so, como: pesquisa / reflexão, aplicabilidade / clientela, previsão / Este deve ser capaz de promover a interação entre os grupos que
organização, objetividade, coerência, flexibilidade, recursos mate- atuam na escola, zelar pela qualidade do ensino, colaborar direta-
riais, questões norteadoras, avaliação e feedback. mente com os professores, com os alunos e suas famílias, e acima
A Orientação Educacional não pode se basear em ações impro- de tudo, transforma-los em instrumentos capazes de facilitar mu-
visadas, por isso a importância do planejamento. Este feito com a danças.
participação de todos os atores educacionais, é sempre ideal, sendo O papel do supervisor passa, então, a ser redefinido com base
seu sucesso fundamentado na realidade e em acontecimentos do em seu objeto de trabalho, e o resultado da relação que ocorre en-
percurso. tre o professor que ensina e o aluno que aprende passa a construir
Nesse contexto, o Orientador Educacional é de suma importân- o núcleo do trabalho do supervisor na escola.8
cia, pois possibilita a execução do planejamento de forma abran- 3 MARTINS, K.C.C. O Papel do supervisor escolar. Marmelópolis, Minas Ge-
gente, por conhecer individualmente todas as particularidades en- rais.2003.
volvidas nesse processo e manter contato com todos os agentes da 4 MEDINA, Antônia da Silva. Supervisão Escolar: da ação exercida à ação repen-
comunidade escolar. sada. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995.
Para tanto cabe ao Orientador viabilizar articulações no proces- 5 ALVES, Nilda (coord.) Educação & Supervisão. São Paulo. Cortez Editora:
so de ensino aprendizagem, promovendo abertura no interior da Autores Associados, 1994.
escola, para que professores, alunos, família e comunidade, possam 6 RANGEL, Mary (org.). Supervisão Pedagógica: Princípios e práticas. Campinas,
como um todo, estudar, discutir e avaliar tudo o que faz parte do SP: Papirus, 2001.
trabalho pedagógico na sua totalidade. 7 PIRES, Maria Ribeiro. O Papel do Profissional na Escola. In. Revista do Depar-
tamento de Ensino do 2º Grau. SEE/MG, 1990.
8 MEDINA, Antônia da Silva. Supervisão Escolar: da ação exercida à ação repen-
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a solução para o seu concurso!
INSPEÇÃO ESCOLAR
Podemos perceber que o papel do supervisor escolar é fazer visor pedagógico desempenhe suas tarefas objetivamente; quando
uma ligação entre professor, pais e alunos. O supervisor escolar ele facilita aos professores a aquisição de informações relativas a
deve ser claro e preciso em seus conceitos para atingir o objetivo conteúdos e metodologias, quando ele permanece como centro ir-
de seu trabalho. radiador de todas as ações desenvolvidas na escola12.
Para que o supervisor escolar consiga atingir seus objetivos ele Frente os resultados encontrados na escola o supervisor apre-
deve traçar o perfil da escola dentro do projeto político pedagógico senta-se como um líder, pois ele coloca resultados, dinamiza en-
sempre orientando, ajudando os professores, alunos e pais. Estes contro e orienta conceitos e práticas na escola. O supervisor reú-
sim devem fazem com que o trabalho escolar seja um modelo de ne conhecimento para buscar soluções para as questões escolares
busca e aprendizado em seu dia a dia. O supervisor escolar nunca fazendo do espaço escolar intercâmbio de experiências buscando
deve esquecer que sempre deve haver uma comunicação dialógica sempre uma alternativa para um novo caminhar.
entre ele e os demais membros da comunidade escolar, pois o diá-
logo é fundamental. O Papel do Supervisor na Avaliação Externa
Aprofundando-se bem claramente no Projeto Político Pedagó-
gico de uma Escola (PPP), percebe-se que as funções do supervisor Nas duas últimas décadas foi implantado o sistema de avalia-
dentro do contexto escolar devem estar voltadas para o planeja- ção educacional externa no qual vem crescido muito no Brasil o in-
mento, a organização, e a programação de atividades curriculares teresse amplo por avaliações externas.
capazes de delinear mudanças. A valorização do processo e dos Segundo Castro se há uma política que avançou no Brasil, nos
meios eficazes para objetivar as metas da escola e principalmente últimos 15 anos, foi à implantação dos sistemas de avaliação edu-
em termos de aprendizagem e mudanças dos alunos em termos de cacional. Neste período, inúmeras iniciativas deram forma a um
valores, morais e éticos. robusto e eficiente sistema de avaliação em todos os níveis e mo-
dalidades de ensino, consolidando uma efetiva política de avaliação
A ação supervisora, desenvolvida nas escolas, deve ser essen- educacional.
cialmente a de acompanhar a atualização pedagógica e normativa,
com especial atenção, em ambos os casos, aos fundamentos de- [...] essa avaliação educacional é considerada hoje uma das
terminados na LDB 9.394/96; propiciar oportunidades de estudo e mais abrangentes e eficientes do mundo, pois a política de avalia-
interlocução aos professores, em atividades coletivas, que reúnam ção engloba diferentes programas, tais como o Sistema Nacional
professores que desenvolvem um mesmo conteúdo nas diversas de Avaliação da Educação Básica - Saeb, o Exame Nacional do En-
séries e níveis escolares; propiciar oportunidades de estudo e deci- sino Médio - Enem, o Exame Nacional de Cursos - ENC, conhecido
sões coletivas sobre o material didático.9 como Provão e, posteriormente, substituído pelo Exame Nacional
Para Rangel no que se refere à descrição de métodos e técnicas de Desempenho do Ensino Superior - Enade, o Exame Nacional de
de ensino, a ação supervisora pode incentivar o estudo de princí- Certificação de Jovens e Adultos - Enceja, o Sistema Nacional de
pios metodológicos, enfatizando, nas sessões de estudo, elementos Avaliação do Ensino Superior - Sinaes, a Prova Brasil e o Índice de
pontuais para a escolha do método, atitudes de estudo (ler, deba- Desenvolvimento da Educação Básica - Ideb13.
ter, avaliar, reelaborar conceitos e práticas).
Como afirma Lima10, dificilmente a supervisão escolar será A autora relata que o objetivo da avaliação escolar externa e
totalmente aceita por todos os profissionais da escola, principal- da avaliação educacional no Brasil é hoje, sem dúvida, instrumento
mente no que se refere às mudanças, pois muitos profissionais são fundamental do processo de prestação de contas à sociedade e de
resistentes às mudanças, no entanto existem possibilidades para enriquecimento do debate público sobre os desafios da educação
eliminar e/ou diluir estas barreiras. no país; pois essas avaliações permitem a construção de um diag-
Percebe-se que a supervisão pedagógica tem o sentido de nóstico no sistema de ensino nos quais esses diagnósticos são foca-
promover e preparar para a mudança, algumas medidas que serão dos na aprendizagem e na escola.
sempre necessárias. Nessa realização de avaliações em grande escala percebe-se
Como afirma Pires11, o supervisor pedagógico pode amenizar e/ que essas avaliações permitem a construção de um diagnóstico no
ou canalizar os possíveis conflitos para que o processo de mudanças sistema de ensino; revelando resultados em diversos momentos no
ocorra naturalmente. Para o autor, precisa-se de um tempo neces- percurso escolar do educando para conhecer melhor a dinâmica
sário ao processamento dessas mudanças e as dificuldades para seu dos processos e resultados dos sistemas educacionais gerando cor-
alcance tendem a ser tanto maiores quanto mais complexas forem reções e distorções no ensino, podendo observar se a escola está
às modificações pretendidas. As mudanças ligadas aos conhecimen- ensinando aquilo que é necessário ensinar.
tos são as mais fáceis; supõem a apreensão de novas informações Para Castro apud Ferrer e Arregui14, esta convergência em tor-
ou o enriquecimento de informações anteriores acumuladas. no das avaliações “estandarizadas” é derivada de visões, perspecti-
Os objetivos da escola sejam administrativos, didáticos peda- vas e interesses distintos quanto ao papel dos sistemas educativos:
gógicos e até os relacionamentos interpessoais na escola e mesmo melhorar as economias nacionais, estabelecendo vínculos mais for-
entre as famílias dos alunos, serão facilitados à medida que o super- 12 RANGEL, M. (org.). Supervisão Pedagógica: Princípios e práticas. Campinas,
sada. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1995. SP: Papirus, 2001.
9 RANGEL, M. (org.). Supervisão Pedagógica: Princípios e práticas. Campinas, 13 CASTRO, M.H.G. Sistemas de avaliação da educação no Brasil: avanços e
SP: Papirus, 2001. novos desafios. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, Fundação Seade, v. 23, n.
10 LIMA, E. C. Refletindo políticas públicas e educação. In: Supervisão e Orienta- 1, 2009.
ção Educacional: perspectivas de integração na escola. Cortez Editora, 2006. 14 FERRER, J.G.; Arregui, P. Provas Internacionais de Aprendizado Aplicadas na
11 PIRES, M. R. O Papel do Profissional na Escola. In. Revista do Departamento América Latina e seu Impacto Na Qualidade Da Educação: Critérios Para Futuras
de Ensino do 2º Grau. SEE/MG, 1990 Aplicações. Rio de Janeiro, Preal, 2003.
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a solução para o seu concurso!
INSPEÇÃO ESCOLAR
tes entre escolarização, emprego, produtividade e mercado; melho- 2. Discutir permanentemente o aproveitamento escolar e a
rar os resultados de aprendizados relacionados às competências e prática docente.
habilidades exigidas pelo mercado de trabalho; obter um controle Realizar reuniões mensais para discutir as dificuldades em sala
mais amplo dos sistemas educativos nacionais sobre os conteúdos de aula, procurando promover ações que viabilizem a recuperação
curriculares e a avaliação; reduzir os custos dos governos na educa- dos alunos que estão com dificuldades na aprendizagem. O super-
ção; e ampliar a contribuição da comunidade para a educação por visor deverá confeccionar uma ficha de acompanhamento indivi-
meio de sua participação na tomada de decisões escolares. dual do aluno, onde os professores deverão mensalmente analisar
Em relação a esses resultados e perspectivas a maioria dos au- e preencher quadro de estatística de desenvolvimento e evolução.
tores que opinam em relação ao tema defendem a necessidade de
melhorar a eficiência dos sistemas educativos e de fomentar a res- 3. Assessorar individualmente e coletivamente o corpo docen-
ponsabilidade social e profissional pelos resultados da educação. te no trabalho pedagógico interdisciplinar.
Na verdade ainda não aprendemos a usar, de modo eficiente, os O supervisor deverá manter contato individual com cada pro-
resultados das avaliações para melhorar a escola, a sala de aula, a fessor, onde cada um preencherá uma ficha com suas dificuldades,
formação de professores, na qual a avaliação perde sentido para os ansiedades e necessidades; e coletivamente a construção de proje-
principais protagonistas da educação: alunos e professores. Frente to interdisciplinar.
esses resultados surgiu à necessidade e a importância da valoriza-
ção do supervisor escolar. 4. Coordenar e participar dos conselhos de classe.
Com esses resultados o supervisor formula, implementa e ajus- Promover reuniões bimestrais para avaliação do desempenho
ta melhorias para que o professor ministre melhor suas aulas atin- de aprendizagem dos alunos. Elaborar lista de ações para solucio-
gindo padrões de qualidade compatíveis com as novas exigências nar dificuldades.
pelo qual acaba sendo um ciclo, um dependendo do outro.
Para Castro, o Sistema Nacional de Avaliação da Educação 5. Planejar e acompanhar o currículo escolar.
Básica - Saeb, o Exame Nacional do Ensino Médio - Enem e mais Fazer planejamento dos planos de aula e de curso, quinzenal-
recentemente a Prova Brasil apresentam distintas características e mente, com apoio do supervisor.
possibilidades de usos de seus resultados para que as informações
avaliativas sirvam também para o próprio processo de formulação,
implementação e ajuste de políticas educacionais. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA INSPEÇÃO ES-
Pode-se perceber que o principal desafio é definir estratégias COLAR EM MINAS GERAIS
de uso dos resultados para melhorar a sala de aula e a formação dos
professores, de modo a atingir padrões de qualidade compatíveis
com as novas exigências da sociedade do conhecimento. O Conselho Estadual de Educação de Minas Gerais através
Atualmente estamos passando por mudanças em nosso coti- da Resolução CEE nº 457 de 30 de setembro de 2009, define a
diano que por muitas vezes não sabemos o como conduzir, essas inspeção como “o processo pelo qual a administração do ensino
mudanças vem ocorrendo em maneiras tão proporcionais que vem assegura a comunicação entre os órgãos centrais, os regionais e as
interferindo em todos os ambientes pelo qual circulamos. Em ter- unidades de ensino, tendo em vista a melhoria da educação”(MI-
mos de escola, por exemplo, esta vem enfrentando dificuldades de NAS GERAIS, 2009).
ordem social e econômica, sejam elas públicas ou privadas, o que
se reflete diretamente no desenvolvimento do trabalho pedagógico Além disso, a Resolução SEE n.º 3428, de 13 de junho de 2017,
desenvolvido. Cabendo ao Supervisor escolar se responsabilizando que estabelece normas para organização e atuação do Serviço de
por fatores que ele deve interferir e intervir para um melhor resul- inspeção escolar nas unidades regionais e escolares da Secretaria
tado nas avaliações escolares com a finalidade de contribuir efe- de Estado de Educação de Minas Gerais, dispõe que “o Serviço de
tivamente com a qualificação do trabalho docente passando a se Inspeção Escolar está diretamente subordinado ao Gabinete da
encontrar em novos desafios e com o objetivo de formar-se para Superintendência Regional de Ensino, estruturando-se em nível
poder formar, servir para poder liderar, agir para poder transformar. central e em nível regional, sendo que sua ação ocorre em nível
de unidade escolar” (MINAS GERAIS, 2017).
Algumas Atribuições para a Ação do Supervisor Escolar15
Na Superintendência Regional de Ensino Nova Era, o atendi-
1. Socializar o saber docente (troca de experiências) mento aos 15 (quinze) municípios jurisdicionados é realizado atra-
Promover encontros semestrais, para divulgação das ações vés dos serviços dispostos na sede, distribuídos em 03 diretorias:
pedagógicas desenvolvidas pelo professor em cada semestre (ex- Diretoria Educacional (Dire), Diretoria de Pessoal (Dipe) e Diretoria
periências individuais que obtiveram êxito). O supervisor planejará Financeira (Dafi) e “in loco” através do Serviço de Inspeção Escolar
esse momento com convite-roteiro de apresentação, onde todos (SIE), que é composto de 15 (quinze) setores, cada setor com um
deveram ser informados no início do ano letivo. Os trabalhos apre- inspetor responsável, que atende às redes estaduais, municipais e
sentados poderão ser premiados de acordo com sugestões do cor- privadas, de um ou mais municípios. Cada Inspetor é responsável
po técnico. (Ex.: publicação em revistas, na internet, jornalzinho da por cerca de 16 escolas.
escola, certificados de participação, entre outros).
Quando bem realizada, a Gestão Financeira de uma instituição Gestão de Tempo e Eficiência de Processos
de ensino possibilita o controle das contas a pagar e a receber, e Esta gestão é relacionada com a produtividade e como o nome
da inadimplência dos alunos, evitando situações mais graves. Assim já diz, a eficiência de cada setor e da instituição como um todo. Os
sendo, a gestão financeira deve andar em sintonia com a gestão setores da escola funcionam como as engrenagens de um relógio e,
administrativa e com o plano pedagógico, proporcionando uma si- se algo não funciona, ou funciona mal, gera atrasos ou até a parada
tuação confortável para a instituição de ensino. dos ponteiros.
Para ajudar nessa tarefa, uma boa solução é o investimento em Como os bons relojoeiros, os gestores precisam manter os olhos
softwares de gestão escolar para integralizar os setores na contínua e ouvidos bem atentos e prestar atenção em todas as etapas do
busca pelo sucesso do planejamento educacional. processo para conseguir mapear e identificar quais engrenagens
que atrasam ou prejudicam cada setor. Esse é um trabalho árduo,
Gestão de Recursos Humanos afinal essas engrenagens podem ser tarefas, processos, modo de
Assim como as demais áreas, a Gestão de Recursos Humanos execução e até mesmo pessoas. Mas fazendo as perguntas certas,
tem que ser uma preocupação constante, porque devido à grande tudo fica mais fácil
quantidade de interação entre os alunos, funcionários, docentes, os Vamos fazer um exercício. Pense em cada setor da sua institui-
pais e a comunidade ela é uma área “sensível” da gestão. ção e pergunte-se:
Está área tem como papel manter o bom relacionamento entre - Quais são os maiores problemas da minha escola ou curso
todos os setores, assim como, motivar toda a equipe de colabora- hoje?
dores, mantendo sempre todos a todo vapor cumprindo com o que - A quais setores esses problemas estão relacionados?
o projeto pedagógico exige. Para garantir um bom entrosamento - Quais tarefas demandam mais tempo para serem concluídas?
entre sua equipe, os líderes escolares devem: - Quais tarefas envolvem muitos colaboradores?
- Engajar os docentes com o ensino, a proposta da instituição e - Quais colaboradores estão envolvidos com essas tarefas?
os resultados; - Quais tarefas trazem mais retorno para a instituição?
- Saber distribuir as tarefas entre os setores e pessoas; - Quais tarefas podem ser automatizadas?
- Investir em ferramentas que facilitem o trabalho da equipe; - Como posso tornar esses processos mais eficientes?
- Incentivar a formação continuada e investir no aprimoramento
dos colaboradores; Esse é um exercício básico de reflexão que você pode realizar
- Avaliar os funcionários e orientá-los sobre como corrigir seus diariamente e com certeza vai ajudar muito a melhorar a sua gestão
erros; escolar. Sabemos que fazer tudo funcionar em compasso depende
- Ressaltar os pontos fortes e parabenizar os colaboradores por da boa administração de muitos fatores e que isso demanda tem-
seus acertos; po. Mas gerir com excelência é se manter na busca constante pelo
- Manter um clima de cooperação, entrosamento e respeito en- desenvolvimento da equipe e pela melhoria dos processos e quanto
tre os colaboradores. mais você se esforçar, melhor serão os resultados da sua instituição.
Mas para promover a participação e deste modo implementar - A redefinição das tarefas e funções da associação de pais e
a gestão democrática da escola, procedimentos prévios podem ser mestres, na perspectiva de construção de novas maneiras de se par-
observados: tilhar o poder e a decisão nas instituições.
- Solicitar a todos os envolvidos que explicitem seu comprometi-
mento com a alternativa de ação escolhida; O processo de participação na escola produz, também, efeitos
- Responsabilizar pessoas pela implementação das alternativas culturais importantes. Ele ajuda a comunidade a reconhecer o pa-
acordadas; trimônio das instituições educativas - escolas, bibliotecas, equipa-
- Estabelecer normas prévias sobre como os debates e as deci- mentos - como um bem público comum, que é a expressão de um
sões serão realizados; valor reconhecido por todos, o qual oferece vantagens e benefícios
- Estabelecer regras adequadas à igualdade de participação de coletivos. Sua utilização por algumas pessoas não exclui o uso pelas
todos os segmentos envolvidos; demais. É um bem de todos; todos podem e devem zelar pelo seu
- Articular interesses comuns, ideias e alternativas complemen- uso e sua adequada conservação.
tares, de forma a contribuir para organizar propostas mais coleti-
vas; Em síntese, a gestão democrática do ensino pressupõe uma ma-
- Esclarecer como a implementação das ações serão acompa- neira de atuar coletivamente, oferecendo aos membros das comu-
nhadas e supervisionadas; nidades local e escolar oportunidades para:
- Criar formas de divulgação das ideias e alternativas em debate - Reconhecer que existe uma discrepância entre a situação real
como também do processo de decisão. (o que é) e o que gostaríamos que fosse (o que pode vir a ser);
- Identificar possíveis razões para essa discrepância;
Gestão democrática implica compartilhar o poder, descentrali- - Elaborar um plano de ação para minimizar ou solucionar esses
zando-o. Como fazer isso? problemas.
- Incentivando a participação e respeitando as pessoas e suas
opiniões; Práticas de Organização e Gestão
- Desenvolvendo um clima de confiança entre os vários segmen- - Em relação aos professores: boa formação profissional, au-
tos das comunidades escolar e local; tonomia profissional, capacidade de assumir responsabilidade pelo
- Ajudando a desenvolver competências básicas necessárias êxito ou fracasso de seus alunos, condições de estabilidade profis-
à participação (por exemplo, saber ouvir, saber comunicar suas sional, formação profissional em serviço, disposição para aceitar
ideias). inovações com base nos seus conhecimentos e experiências; capa-
cidade de análise crítico-reflexiva.
A participação proporciona mudanças significativas na vida das
pessoas, na medida em que elas passam a se interessar e se sentir - Quanto à estrutura organizacional: sistema de organização e
responsáveis por tudo que representa interesse comum. Assumir gestão, plano de trabalho com metas bem definidas e expectativas
responsabilidades, escolher e inventar novas formas de relações elevadas; competência específica e liderança efetiva e reconhecida
coletivas faz parte do processo de participação e trazem possibili- da direção e coordenação pedagógica; integração dos professores e
dades de mudanças que atendam a interesses mais coletivos. articulação do trabalho conjunto e participativo; clima de trabalho
A participação social começa no interior da escola, por meio da propício ao ensino e à aprendizagem; práticas de gestão participa-
criação de espaços nos quais professores, funcionários, alunos, pais tiva; oportunidades de reflexão conjunta e trocas de experiências
de alunos e demais envolvidos possam discutir criticamente o coti- entre os professores;
diano escolar.
- Autonomia da escola, criação de identidade própria, com pos-
Nesse sentido, a função da escola é formar indivíduos críticos, sibilidade de projeto próprio e tomada de decisões sobre proble-
criativos e participativos, com condições de participar criticamente mas específicos; planejamento compatível com as realidades locais;
do mundo do trabalho e de lutar pela democratização da educação. decisão e controle sobre uso de recursos financeiros; planejamento
A escola, no desempenho dessa função, precisa ter clareza de que o participativo e gestão participativa, bom relacionamento entre os
processo de formação para uma vida cidadã e, portanto, de gestão professores e responsabilidades assumidas em conjunto.
democrática passa pela construção de mecanismos de participação
da comunidade escolar, como: Conselho Escolar, Associação de Pais - Prédios adequados e disponibilidade de condições materiais,
e Mestres, Grêmio Estudantil, Conselhos de Classes, etc. recursos didáticos, biblioteca e outros, que propiciem aos alunos
oportunidades concretas para aprender.
Para que a tomada de decisão seja partilhada e coletiva, é ne-
cessária a efetivação de vários mecanismos de participação, tais - Quanto à estrutura curricular: adequada seleção e organiza-
como: ção dos conteúdos; valorização das aprendizagens acadêmicas e
- O aprimoramento dos processos de escolha ao cargo de diri- não apenas das dimensões sociais e relacionais; modalidades de
gente escolar; avaliação formativa; organização do tempo escolar de forma a ga-
- A criação e a consolidação de órgãos colegiados na escola rantir o máximo de tempo para as aprendizagens e o clima para o
(conselhos escolares e conselho de classe); estudo; acompanhamento de alunos com dificuldades de aprendi-
- O fortalecimento da participação estudantil por meio da cria- zagem.
ção e da consolidação de grêmios estudantis;
- A construção coletiva do projeto político-pedagógico da esco- - Participação dos pais nas atividades da escola; investimento
la; em formar uma imagem pública positiva da escola.
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INSPEÇÃO ESCOLAR
uma estrutura totalmente objetiva, mensurável, independente das O Conselho de Escola tem atribuições consultivas, deliberativas
pessoas, ao contrário, ela depende muito das experiências subjeti- e fiscais em questões definidas na legislação estadual ou municipal
vas das pessoas e de suas interações sociais, ou seja, dos significa- e no Regimento Escolar. Essas questões, geralmente, envolvem as-
dos que as pessoas dão às coisas enquanto significados socialmente pectos pedagógicos, administrativos e financeiros.
produzidos e mantidos. Em outras palavras, dizer que a organiza- Em vários Estados o Conselho é eleito no início do ano letivo.
ção é uma cultura significa que ela é construída pelos seus próprios Sua composição tem uma certa proporcionalidade de participação
membros. dos docentes, dos especialistas em educação, dos funcionários,
Esta maneira de ver a organização escolar não exclui a presen- dos pais e alunos, observando-se, em princípio, a paridade dos in-
ça de elementos objetivos, tais como as ferramentas de poder, a tegrantes da escola (50%) e usuários (50%). Em alguns lugares o
estrutura organizacional, e os próprios objetivos sociais e culturais Conselho de Escola é chamado de “colegiado” e sua função básica é
definidos pela sociedade e pelo Estado. democratizar as relações de poder.
Uma visão sociocrítica propõe considerar dois aspectos interli- O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades da
gados: por um lado, compreende que a organização é uma constru- escola, auxiliado pelos demais componentes do corpo de especia-
ção social, a partir da Inteligência subjetiva e cultural das pessoas, listas e técnicos-administrativos, atendendo às leis, regulamentos
por outro, que essa construção não é um processo livre e volun- e determinações dos órgãos superiores do sistema de ensino e às
tário, mas mediatizado pela realidade sociocultural e política mais decisões no âmbito da escola e pela comunidade. O assistente de
ampla, incluindo a influência de forças externas e internas marca- diretor desempenha as mesmas funções na condição de substituto
das por interesses de grupos sociais, sempre contraditórios e às ve- eventual do diretor.
zes conflitivas. O setor técnico-administrativo responde pelas atividades-meio
Busca relações solidárias, formas participativas, mas também que asseguram o atendimento dos objetivos e funções da escola.
valoriza os elementos internos do processo organizacional, o pla- A Secretaria Escolar cuida da documentação, escrituração e cor-
nejamento, a organização, a gestão, a direção, a avaliação, as res- respondência da escola, dos docentes, demais funcionários e dos
ponsabilidades individuais dos membros da equipe e a ação orga- alunos. Responde também pelo atendimento ao público. Para a re-
nizacional coordenada e supervisionada, já que precisa atender a alização desses serviços, a escola conta com um secretário e escri-
objetivos sociais e políticos muito claros, em relação à escolarização turários ou auxiliares da secretaria. O setor técnico-administrativo
da população. responde, também, pelos serviços auxiliares (Zeladoria, Vigilância
As concepções de gestão escolar refletem, portanto, posições e Atendimento ao público) e Multimeios (biblioteca, laboratórios,
políticas e concepções de homem e sociedade. O modo como uma videoteca etc.).
escola se organiza e se estrutura tem um caráter pedagógico, ou A Zeladoria, responsável pelos serventes, cuida da manutenção,
seja, depende de objetivos mais amplos sobre a relação da escola conservação e limpeza do prédio; da guarda das dependências, ins-
com a conservação ou a transformação social. talações e equipamentos; da cozinha e da preparação e distribuição
A concepção funcionalista, por exemplo, valoriza o poder e a da merenda escolar; da execução de pequenos consertos e outros
autoridade, exercida unilateralmente. Enfatizando relações de su- serviços rotineiros da escola.
bordinação, determinações rígidas de funções, hipervalorizando a A Vigilância cuida do acompanhamento dos alunos em todas
racionalização do trabalho, tende a retirar ou, ao menos, diminuir as dependências do edifício, menos na sala de aula, orientando-os
nas pessoas a faculdade de pensar e decidir sobre seu trabalho. quanto a normas disciplinares, atendendo-os em caso de aciden-
Com isso, o grau de envolvimento profissional fica enfraquecido. te ou enfermidade, como também do atendimento às solicitações
As duas outras valorizam o trabalho coletivo, implicando a par- dos professores quanto a material escolar, assistência e encaminha-
ticipação de todos nas decisões. Embora ambas tenham entendi- mento de alunos.
mentos das relações de poder dentro da escola, concebem a parti- O serviço de Multimeios compreende a biblioteca, os laborató-
cipação de todos nas decisões como importante ingrediente para a rios, os equipamentos audiovisuais, a videoteca e outros recursos
criação e desenvolvimento das relações democráticas e solidárias. didáticos.
Adotamos, neste livro, a concepção democrático-participativa. O setor pedagógico compreende as atividades de coordenação
Toda a instituição escolar necessita de uma estrutura de orga- pedagógica e orientação educacional. As funções desses especia-
nização interna, geralmente prevista no Regimento Escolar ou em listas variam confirme a legislação estadual e municipal, sendo que
legislação específica estadual ou municipal. O termo estrutura tem muitos lugares suas atribuições ora são unificadas em apenas uma
aqui o sentido de ordenamento e disposição das funções que asse- pessoa, ora são desempenhadas por professores. Como são fun-
guram o funcionamento de um todo, no caso a escola. Essa estru- ções desses especializadas, envolvendo habilidades bastante espe-
tura é comumente representada graficamente num organograma ciais, recomenda-se e seus ocupantes sejam formados em cursos de
- um tipo de gráfico que mostra a inter-relações entre os vários se- Pedagogia ou adquiram formação pedagógico-didática específica.
tores e funções de uma organização ou serviço. O coordenador pedagógico ou professor coordenador supervi-
Evidentemente a forma do organograma reflete a concepção siona, acompanha, assessora, avalia as atividades pedagógico-curri-
de organização e gestão. A estrutura organizacional de escolas se culares. Sua atribuição prioritária é prestar assistência pedagógico-
diferencia conforme a legislação dos Estados e Municípios e, obvia- -didático aos professores em suas respectivas disciplinas, no que diz
mente, conforme as concepções de organização e gestão adotada, respeito ao trabalho ao trabalho interativo com os alunos.
mas podemos apresentar a estrutura básica com todas as unidades Há lugares em que a coordenação se restringe à disciplina em
e funções típicas de uma escola. que o coordenador é especialista; em outros, a coordenação se faz
em relação a todas as disciplinas. Outra atribuição que cabe ao co-
ordenador pedagógico é o relacionamento com os pais e a comuni-
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dade, especialmente no que se refere ao funcionamento pedagógi- Tudo em função de atingir os objetivos, ou seja, como toda ins-
co-curricular e didático da escola e comunicação e interpretação da tituição as escolas também buscam resultados, o que implica em
avaliação dos alunos. uma ação racional, estruturada e coordenada. Ao mesmo tempo,
O orientador educacional, na instituição que essa função existe, sendo uma atividade coletiva, não depende apenas das capacida-
cuida do atendimento e do acompanhamento escolar dos alunos e des e responsabilidades individuais, mas sim de objetivos comuns e
também do relacionamento escola-pais-comunidade. compartilhados, e de ações coordenadas e controladas pelos agen-
O Conselho de Classe ou Série é um órgão de natureza delibe- tes do processo.
rativa quanto à avaliação escolar dos alunos, decidindo sobre ações
preventivas e corretivas em relação ao rendimento dos alunos, ao
comportamento discente, às promoções e reprovações e a outras PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO DA ESCOLA
medidas concernentes à melhoria da qualidade da oferta dos ser-
viços educacionais e ao melhor desempenho escolar dos alunos.
Paralelamente à estrutura organizacional, muitas escolas man- Projeto político-pedagógico
têm Instituições Auxiliares tais como: a APM (Associação de Pais e O projeto político-pedagógico, também chamado de PPP, é
Mestres), o Grêmio Estudantil e outras como Caixa Escolar, vincula- um documento que definirá diretrizes, metas e métodos para
das ao Conselho de Escola (onde este existia) ou ao Diretor. que a instituição de ensino consiga atingir os objetivos a que se
A APM reúne os pais de alunos, o pessoal docente e técnico-ad- propõe. O PPP visa melhorar a capacidade de ensino da escola
ministrativo e alunos maiores de 18 anos. Costuma funcionar me- como uma entidade inserida em uma sociedade democrática e
diante uma diretoria executiva e um conselho deliberativo. de interações políticas.
O Grêmio Estudantil é uma entidade representativa dos alunos O documento traz, em detalhes, todos os objetivos, dire-
criada pela lei federal nº 7.398/85, que lhe confere autonomia para trizes e ações que devem ser valorizados durante o processo
se organizarem em torno dos seus interesses, com finalidades edu- educativo, fim último da escola. Nesse sentido, o PPP precisa
cacionais, culturais, cívicas e sociais. expressar claramente a síntese das exigências sociais e legais da
Ambas as instituições costumam ser regulamentadas no Regi- instituição e os indicadores e expectativas de toda a comunida-
me Escolar, variando sua composição e estrutura organizacional. de escolar.
Todavia, é recomendável que tenham autonomia de organização Em outras palavras, a cultura da escola precisa estar de-
e funcionamento, evitando-se qualquer tutelamento por parte da monstrada nesse documento, no qual devem constar, com cla-
Secretaria da Educação ou da direção da escola. reza, os valores da instituição, sua situação presente e caminhos
Em algumas escolas, funciona a Caixa Escolar, em outras um se- para melhorar os pontos negativos. O PPP funciona como um
tor de assistência ao estudante, que presta assistência social, eco- guia para as ações a serem desenvolvidas na escola.
nômica, alimentar, médica e odontológica aos alunos carentes. Esse documento tem elaboração anual obrigatória pela le-
O Corpo docente é constituído pelo conjunto dos professores gislação, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
em exercício na escola, que tem como função básica realizar o obje- ção Nacional (LDBEN 9.394/96). Essa obrigatoriedade tem como
tivo prioritário da escola, o ensino. Os professores de todas as dis- pano de fundo a possibilidade de que todos os membros envol-
ciplinas formam, junto com a direção e os especialistas, a equipe vidos na comunidade escolar tenham acesso ao projeto, poden-
escolar. Além do seu papel específico de docência das disciplinas, os do dele participar e nele interferir sempre que necessário, a fim
professores também têm responsabilidades de participar na elabo- de que seja fruto de uma construção democrática.
ração do plano escolar ou projeto pedagógico-curricular, na realiza- Apesar de obrigatório, o projeto político-pedagógico costu-
ção das atividades da escola e nas decisões dos Conselhos de Escola ma ser ignorado por muitos gestores, que não compreendem o
e de classe ou série, das reuniões com os pais (especialmente na seu alcance e, por isso, não dedicam a ele a devida importância.
comunicação e interpretação da avaliação), da APM e das demais As consequências para quem incorre nessa prática são terríveis:
atividades cívicas, culturais e recreativas da comunidade. o documento é escrito às pressas, apenas para o cumprimento
A gestão democrática-participativa valoriza a participação da da legislação, e serve de enfeite na estante do diretor.
comunidade escolar no processo de tomada de decisão, concebe Esse é um grande equívoco que tem como preço a diminui-
à docência como trabalho interativo, aposta na construção coletiva ção ou a estagnação da educação oferecida por aquela escola.
dos objetivos e funcionamento da escola, por meio da dinâmica in- Não é necessário grande esforço para perceber do que se trata
tersubjetiva, do diálogo, do consenso. e de como é importante se dedicar com afinco à elaboração do
Nos itens interiores mostramos que o processo de tomada de projeto político-pedagógico. Basta se ater às três palavras que
decisão inclui, também, as ações necessárias para colocá-la em prá- formam o conceito:
tica. Em razão disso, faz-se necessário o emprego dos elementos ou
processo organizacional, tal como veremos adiante. Projeto
De fato, a organização e gestão, refere-se aos meios de reali- Refere-se a um documento escrito que registra, de manei-
zação do trabalho escolar, isto é, à racionalização do trabalho e à ra formal, objetivos, estratégias e métodos para a realização de
coordenação do esforço coletivo do pessoal que atua na escola, en- determinadas ações. Dessa forma, escolas, creches, prefeituras
volvendo os aspectos, físicos e materiais, os conhecimentos e quali- e secretarias de educação devem estabelecer essas metas e pro-
ficações práticas do educador, as relações humano-interacionais, o por meios de transformá-las em realidade, com o envolvimento
planejamento, a administração, a formação continuada, a avaliação de toda a comunidade escolar.
do trabalho escolar.
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pensar a organização da rotina nesses espaços? Questionamen- educativas expressas no projeto educativo, constituindo-se em
tos como estes amparam nossas preocupações ante a temática um instrumento para o planejamento do professor. Podem ser
aqui proposta. agrupadas em três grandes modalidades de organização do tem-
Apesar das muitas compreensões e pesquisas sobre o plane- po. São elas: atividades permanentes, sequência de atividades e
jamento nas últimas décadas, especialmente na área de Didáti- projetos de trabalho. (BRASIL, 1989, p. 54-55, v.1).
ca, ainda são poucas as produções sobre o planejamento para a Portanto, uma proposta pedagógica para o trabalho com as
Educação Infantil. Isto justifica também a escolha aqui feita, do crianças envolveria a organização de diferentes atividades com
que advogamos que o planejamento seja pensado como auxilio variados materiais e em espaços físicos determinados para cada
para o levantamento de possibilidades de uma ação educativa. grupo de crianças. Com o ambiente organizado a criança pro-
Já a rotina, considerada sobretudo enquanto organização cura explorar e descobrir aquilo que é familiar e o que é novo
do tempo, parte do princípio de que alguns momentos devem desconhecido, a criança age num clima de maior estabilidade e
ser planejados e organizados e, caso necessário, até repetidos segurança.
cotidianamente. E isto, leva a continuidade das atividades de- A rotina pode ser definida como uma sequência de diferen-
senvolvidas durante o tempo que está na escola. A rotina e o tes atividades que acontecem no dia-a-dia utilizada nas insti-
planejamento devem caminhar lado a lado, sempre juntos, a tuições educativas para auxiliar o trabalho do professor, princi-
rotina serve para ajudar ao professor a escolher a metodologia palmente, para garantir um atendimento de qualidade para as
que será utilizada e no tempo que será usado para as atividades crianças. Nas instituições de Educação Infantil, a rotina torna-se
contidas no planejamento. um elemento de segurança, uma vez que orienta as atividades
Apesar da importância que tem, e isto parece posição unâ- das crianças e dos professores possibilitando a previsão de acon-
nime entre pesquisadores e mesmo entre os atores que com- tecimentos. Barbosa afirma que: A rotina é compreendida como
põem o elenco da escola, em muitas instituições de Educação uma categoria pedagógica da Educação Infantil que opera como
Infantil (e não apenas nelas) isto parece não representar uma uma estrutura básica organizadora da vida cotidiana diária em
preocupação enquanto currículo praticado. Destarte, é de suma certo tipo de espaço social, creches ou pré-escola. Devem fazer
importância que a incumbência de planejar o dia a dia escolar parte da rotina todas as atividades recorrentes ou reiterativas
seja organizado pelos docentes, em conjunto com a coordena- na vida cotidiana coletiva, mas nem por isso precisam ser repe-
ção pedagógica da escola. É necessário também, que se assegu- titivas. (BARBOSA, 2006, p. 201). A rotina permite que a criança
re que a rotina seja apropriada para a faixa etária de cada turma. oriente-se na relação espaço/tempo, conhecendo seu andamen-
A reflexão sobre planejamento e rotina torna-se necessária to, dando sugestões e sugerindo mudanças. Quando há uma
quando pensamos numa ressignificação do tempo que as crian- rotina clara e bem definida, a criança se sente mais segura no
ças passam dentro das instituições de Educação Infantil, sendo ambiente escolar. Os momentos de rotina das crianças precisam
preciso repensar este tempo para que se construam novas e permitir várias experiências. É importante levar em considera-
mais assertivas práticas pedagógicas. ção três diferentes necessidades das crianças na organização
da rotina: As necessidades biológicas, como as relacionadas ao
A importância da rotina repouso, à alimentação, à higiene e à sua faixa etária; as neces-
A organização do trabalho pedagógico na Educação Infantil sidades psicológicas, que se referem às diferenças individuais
deve ser orientada pelo princípio básico de procurar proporcio- como, por exemplo, o tempo e o ritmo que cada um necessita
nar, à criança, o desenvolvimento da autonomia, isto é, a capa- para realizar as tarefas propostas; as necessidades sociais e his-
cidade de construir as suas próprias regras e meios de ação, que tóricas que dizem respeito à cultura e ao estilo de vida, como as
sejam flexíveis e possam ser negociadas com outras pessoas, comemorações significativas para a comunidade onde se insere
sejam eles adultos ou crianças. a escola e também as formas de organização institucional da es-
Para se organizar o cotidiano das crianças da Educação cola infantil. (BARBOSA; HORN, 2001 p. 68). É imprescindível que
Infantil se faz necessário antes de tudo, conhecer o grupo de o professor compreenda que a criança é um ser social, cultural
crianças com os quais se irá trabalhar e consequentemente par- e histórico desde seu nascimento. Deste modo, se faz indispen-
tir para o estabelecimento de uma sequência de atividades diá- sável que o tempo e o espaço sejam preparados respeitando a
rias conforme as necessidades delas. lógica da vida humana em suas diversas dimensões. A rotina na
O Referencial Curricular Nacional para a Educação (RCNEI) não deve ser pensada como um processo mecânico a ser segui-
traz orientações sobre como organizar o trabalho didático com a do pelo educador, mas como uma ferramenta que serve para
criança para o estabelecimento da rotina e, explica que: dar segurança às crianças, tornando-se assim um instrumento
A rotina representa, também, a estrutura sobre a qual será pedagógico para o professor. A rotina na educação infantil pode
organizado o tempo didático, ou seja, o tempo de trabalho edu- ser facilitadora ou cerceadora dos processos de desenvolvimen-
cativo realizado com as crianças. A rotina deve envolver os cui- to e aprendizagem. Rotinas rígidas e inflexíveis desconsideram a
dados, as brincadeiras e as situações de aprendizagens orien- criança, que precisa adaptar-se a ela e não ao contrário, como
tadas. A apresentação de novos conteúdos às crianças requer deveria ser; desconsideram também o adulto, tornando seu tra-
sempre as mais diferentes estruturas didáticas, desde contar balho monótono, repetitivo e pouco participativo. Conforme o
uma nova história, propor uma técnica diferente de desenho até Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. (BRA-
situações mais elaboradas, como, por exemplo, o desenvolvi- SIL, 1998, p.63). É importante enfatizar que a rotina não precisa
mento de um projeto, que requer um planejamento cuidadoso ser rígida e nem limitada, mas deve ser flexível, rica, alegre e
com um encadeamento de ações que visam a desenvolver apren- prazerosa. Segundo Bassedas, Huguet e Sole (1999): “[…] a pala-
dizagens específicas. Estas estruturas didáticas contêm múlti- vra “rotina” tem, no seu sentido habitual, um caráter pejorativo,
plas estratégias que são organizadas em função das intenções porque nos faz pensar em conduta mecânica. Já falamos ante-
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riormente sobre a importância dessas atividades do ponto de qualificar e acompanhar o processo de ensino e aprendizagem
vista do desenvolvimento. Tratam-se de situações de interação, individualmente, ao longo do ano letivo. Elas apresentam um
importantíssimas, entre a pessoa adulta e a criança, em que a caráter formativo e encontram-se divididas em duas categorias:
criança parte de uma dependência total, evoluindo progressi- diagnóstica e intermediária. Neste conjunto de avaliações, são
vamente a uma autonomia que lhe é muito necessária.” (BAS- avaliados todos os estudantes matriculados na educação básica,
SEDAS, HUGUET e SOLE, 1999, p.2) Desta maneira compreende em todas as componentes curriculares.
que rotina, não é algo negativo, como se fosse algo sistemático,
que tem que seguir perfeitamente, a rotina, na realidade tem As Avaliações Externas aplicadas no Estado de Minas Gerais,
como propósito planejar o tempo e o espaço da educação infan- têm caráter somativo. Estas avaliações, visam aferir habilidades
til, de maneira que ela contribua nas atividades que o professor e competências que, espera-se, tenham sido ensinadas em de-
deve realizar com a criança, como na hora do banho, das brinca- terminada etapa da escolarização, com vistas a subsidiar a (re)
deiras do sono e da alimentação por exemplo. formulação das políticas públicas educacionais. As avaliações
Levando em consideração esses aspectos, cabe a escola e ao externas aplicadas na abrangência do Estado de Minas Gerais
educador tornar perceptível a importância de planejar situações avaliam estudantes matriculados no 2º ano, 5º ano e 9º ano do
para ajudar as crianças a organizarem melhor suas informações Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio em escolas esta-
e as estratégias que encontram para solucionar as situações-pro- duais e municipais do estado. Estas avaliações são chamadas de
blema que acontecem no cotidiano. A rotina atua como organi- Programa de Avaliação da Alfabetização (PROALFA) e o Programa
zadora das experiências das crianças nas instituições escolares. de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (PROEB).
É indispensável que se desenvolva o hábito de planejar e colocar
em prática, através da rotina, esse planejamento. Pois, traba- Ainda no conjunto de Avaliações Educacionais em Larga Es-
lhar na organização dos espaços, fazendo com que a criança se cala, há um outro tipo de avaliação externa, realizada em abran-
reconheça como parte do espaço faz com que para as crianças, a gência nacional ou internacional, que avalia etapas ou estudan-
experiência na Educação Infantil seja mais tranquila. tes específicos, utilizando-se em geral, testes de proficiência e
A reflexão sobre planejamento e por conseguinte a rotina questionários contextuais.
tem ampla importância quando se pensa na ressignificação do
tempo que as crianças passam dentro das instituições de Educa- Todas as avaliações externas, sejam elas focalizadas na
ção Infantil, é preciso repensar este tempo para que se constru- abrangência do estado, sejam elas aplicadas em abrangência
am novas e mais assertivas práticas pedagógicas. A coordenação Nacional ou Internacional, são aplicadas por pessoas de fora da
pedagógica e o educador que fazem parte da Educação infan- escola ou externas às turmas submetidas a esses exames.
til, precisam ter o comprometimento responsável de realizar o
planejamento em detrimento das crianças ponderando sobre as Por fim, no que se refere ao público-alvo, as avaliações po-
leituras que falam acerca do desenvolvimento infantil, a critici- dem ocorrer de maneira censitária ou amostral. As Avaliações
dade das crianças e principalmente levar em consideração e de- Sistêmicas da Aprendizagem e a Avaliação Externa de Abrangên-
bater as políticas voltadas para esta etapa da educação básica. cia Estadual (ambas que compõem o SIMAVE) são censitárias,
Em suma, por mais que alguns educadores ignorem o planeja- ou seja, abrangem todos os estudantes matriculados nas séries
mento e a rotina ambos são indispensáveis para o desenvolvi- avaliadas. As avaliações de abrangência Nacional são censitárias
mento intelectual e principalmente, para o desenvolvimento da para algumas componentes e séries, e amostrais para outras. As
criança como sujeito social independente.20 avaliações de abrangência internacional acontecem sempre de
maneira amostral.
AVALIAÇÕES EDUCACIONAIS NA REDE ESTADUAL DE Nesta página você poderá consultar as informações relativas
ENSINO DE MINAS GERAIS às Avaliações Educacionais em Larga Escala de 2023. Sendo elas:
Destacamos que a aplicação da Avaliação Diagnóstica é obri- As avaliações Sistêmicas da Aprendizagem têm caráter for-
gatória pelas escolas estaduais, cabendo, assim, à escola opor- mativo e é composto por uma Avaliação Diagnóstica e uma Ava-
tunizar as condições adequadas aos estudantes para sua reali- liação Intermediária.
zação.
Para que uma avaliação cumpra o seu objetivo, é preciso que
Como acessar os cadernos de testes seus resultados se transformem em análises, e estas, se conver-
tam em estratégias e ações que possam elevar a qualidade do
Na aplicação digital os estudantes terão acesso aos cadernos processo educacional. Os resultados da avaliação devem ser usa-
de teste por meio do aplicativo Conexão Escola e via web, por dos para apoiar o trabalho do professor visando o desenvolvi-
meio de link (https://simave.educacao.mg.gov.br). Além disso, mento das habilidades e competências de todos os estudantes,
no website Estude em Casa - estudeemcasa.educacao.mg.gov.br, em seus diversos aspectos.
estarão disponíveis os guias de orientação para acesso e nave-
gação. A partir da análise dos resultados de desempenho dos es-
tudantes é possível definir estratégias pedagógicas necessárias
Para a versão digital serão disponibilizados 8 modelos dis- à melhoria da aprendizagem, priorizar atividades para desen-
tintos de cadernos de teste, distribuídos de forma aleatória aos volvimento das habilidades que ainda não foram consolidadas
estudantes da rede. e oferecer atendimento individualizado às necessidades dos es-
tudantes.
As escolas que possuem laboratórios de informática em con-
dições de uso (equipamentos e internet) poderão utilizar estes Matrizes de referência, Composição e formato dos cader-
espaços para realizar a aplicação dos testes via web. O uso dos nos de teste
aparelhos celulares para aplicação digital na escola será permi-
tido desde que em conformidade com o Regimento Escolar de Nas Avaliações Diagnóstica e Intermediária, os cadernos de
cada unidade de ensino. teste são compostos por itens/questões de múltipla escolha e
dispostos na prova com graus de dificuldade diferenciados (fácil,
A Avaliação Diagnóstica aplicada no modo impresso será re- médio, difícil).
alizada presencialmente nas escolas.
Os cadernos de teste de Língua Portuguesa e Matemática
Cronograma resumido de ações são compostos por 3 tipos de blocos de itens: Blocos Principais,
Blocos de Integração e Blocos de Equalização. Os Blocos Princi-
pais são montados a partir da matriz de habilidades essenciais
da etapa avaliada; os Blocos de Integração são montados a partir
das habilidades que os estudantes já deveriam ter consolidado
em etapas anteriores, organizados em marcos de aprendizagem
e; os Blocos de Equalização são montados com itens que permi-
tem a comparação entre séries - nele constam habilidades de
séries anteriores e posteriores. Os testes dos demais compo-
nentes curriculares são constituídos pelos blocos principal e de
equalização.
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Os componentes curriculares e o número de itens de cada teste, de acordo com o ano de escolaridade, estão descritos nos
quadros abaixo:
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Os componentes curriculares avaliados encontram-se organizados em 2 cadernos de teste para o 2º ao 4º ano EF e, em 4 cader-
nos de teste para os demais anos de escolaridade avaliados.
Para permitir um conjunto maior de habilidades sendo avaliadas, as Avaliações Sistêmicas da Aprendizagem contam com 8 mo-
delos distintos de provas, ou seja, são construídos 8 modelos distintos para cada caderno de teste.
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Avaliações Externas
A avaliação externa visa aferir habilidades e competências que, espera-se, tenham sido ensinadas em certo momento da esco-
larização, bem como subsidiar a (re)formulação das políticas públicas educacionais. Nessas avaliações utilizam-se instrumentos (em
geral, testes de proficiência e questionários) produzidos e aplicados por pessoas de fora da escola ou das turmas.
Elas podem ser divididas de três grupos: a de abrangência estadual, a de abrangência nacional e a de abrangência internacional,
cujas particularidades estão descritas abaixo.
1- Abrangência Estadual
Na modalidade de avaliação externa de abrangência estadual, o SIMAVE é composto pelo Programa de Avaliação da Alfabe-
tização (PROALFA) e pelo Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica (PROEB). O Proalfa é uma avaliação anual e
censitária para os estudantes do 2º ano do Ensino Fundamental para avaliar o desempenho em procedimentos de Língua Portuguesa
e Matemática.
O Proeb avalia competências expressas pelos estudantes do final de cada ciclo: 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e 3º ano do
Ensino Médio em Língua Portuguesa e Matemática. Além da aplicação dos testes cognitivos para os estudantes da Educação Básica,
também são aplicados questionários contextuais, com objetivo de obter dados sobre o nível socioeconômico e a trajetória escolar
dos estudantes, o perfil dos professores, a infraestrutura da escola e as características da gestão escolar.
2- Abrangência Nacional
O Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) é realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (INEP) e tem como objetivo avaliar a qualidade, a equidade e a eficiência da educação básica brasileira. O SAEB aplica dois
tipos de instrumentos de coleta de dados: os cognitivos e os contextuais.
Os questionários contextuais são aplicados a estudantes, professores e diretores e levantam informações sobre o padrão de
vida dos estudantes e suas famílias, dos professores, sobre as condições da escola, ou seja, sobre características e aspectos da vida
escolar e social que podem interferir no desempenho acadêmico dos estudantes.
O SAEB é realizado a cada dois anos, contudo, a Portaria Nº 458/ 2020 estabeleceu, em seu artigo 3, que a periodicidade de
realização do Saeb será anual. Embora esteja vigente, ainda não foi colocada em prática.
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) é de grande relevância e abrangência no contexto da educação brasileira. Trata-se
de um exame anual para avaliar os alunos em vias de concluir, ou que já tenham concluído o Ensino Médio, Assim, o Exame abrange
as quatro áreas do conhecimento - linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; ciências da nature-
za e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias - relacionadas aos componentes curriculares da Educação Básica.
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IV – responsabilidade pelo fluxo correto e regular de infor- a) Relatório Técnico Circunstanciado, constando os relatos
mações entre as escolas, os órgãos regionais e o órgão central de fatos observados e/ou presenciados, ou parecer ou orienta-
da SEE: ção técnica, data e assinatura do Inspetor Escolar e do Diretor
a) conferir a autenticidade e a exatidão da documentação da Escola e/ou;
da escola, referendando-a antes de seu encaminhamento à SRE; b) Termo de Visita, constando registros de trabalho cumpri-
b) homologar as designações, assinando o Q.I., juntamente do com data e horário de início e término da atividade;
com o Diretor da Escola. c) outros documentos que se fizerem necessários.
V – exercer outras atividades compatíveis com a natureza do §3º – O Inspetor Escolar que se deslocar para cumprir sua
cargo, previstas na regulamentação aplicável e de acordo com a jornada de trabalho em outra localidade, fora de sua unidade de
política pública educacional. exercício, faz jus à percepção de diárias, nos termos da legislação
vigente.
DA LOTAÇÃO E EXERCÍCIO §4º – A SRE deve se organizar para que a inspeção escolar
Art. 7º – O Inspetor Escolar, no exercício das atribuições do mantenha em suas dependências um atendimento de inspetores
cargo/função pública de Analista Educacional/IE, é lotado em Su- na modalidade de plantão, em sistema de rodízio.
perintendência Regional de Ensino e atuará nas Unidades Esco-
lares, nos termos do § único do art. 10 da Lei Estadual nº 15.293, CAPÍTULO IV
de 2004. DA DESIGNAÇÃO E FÉRIAS DO INSPETOR ESCOLAR
Art. 8º – Cada Inspetor Escolar será responsável pelo Setor Art. 10 – Será permitida a designação para o exercício de
de Inspeção, conforme distribuição realizada pelo Diretor da função pública de ANE/IE para as vagas não preenchidas por ser-
SRE. vidores efetivos e estabilizados, em conformidade com a Resolu-
§1º – Considera-se como Setor de Inspeção o conjunto de ção vigente, regulamentadora do processo de designação.
escolas de uma ou de mais de uma localidade sob a responsabi- §1º – A designação, em substituição, para a função pública
lidade de um mesmo Inspetor Escolar. de ANE/IE somente ocorrerá quando o afastamento do titular for
§2º – Terá prioridade na atribuição do Setor de Inspeção por um prazo mínimo de 30 (trinta) dias.
aquele Inspetor Escolar que apresentar, sucessivamente, os se- §2º – É vedada a designação para substituição de servidores
guintes critérios: afastados em férias regulamentares, nos termos da Resolução do
I – maior tempo de exercício na Superintendência Regional Quadro de Pessoal vigente.
de Ensino de sua lotação, o detentor de cargo efetivo de Inspetor §3º – A designação e dispensa do ANE/IE ocorrerá nos ter-
Escolar – ANE/ IE, excetuado o tempo utilizado para aposenta- mos da Resolução vigente que dispõe sobre a composição do
doria; quadro de pessoal da Secretaria de Estado de Educação.
II – maior tempo de exercício na Secretaria de Estado de Art. 11 – O período de férias regulamentares do ANE/IE é
Educação, o detentor de cargo efetivo de Inspetor Escolar – ANE/ de 60 (sessenta) dias, podendo os 30 (trinta) dias consecutivos
IE, excetuado o tempo utilizado para aposentadoria; serem usufruídos no mês de janeiro, e os 30 (trinta) dias distri-
III – maior idade. buídos para coincidir com os recessos escolares, de forma a não
§3º – Os critérios estabelecidos no §2º deste artigo serão comprometer o atendimento necessário às unidades escolares.
aplicados também para os Inspetores Escolares – ANE/IE desig- Parágrafo único. Em caso de convocação do ANE/IE, pela ad-
nados; ministração, durante o período do gozo de férias regulamenta-
§4º – Ao atribuir o Setor de Inspeção ao ANE/IE deverá ser res, os dias não gozados serão convertidos em férias alternadas
observada, sempre que possível, a maior proximidade entre o que deverão ser usufruídas em dias, conforme acordado com a
Setor e a localidade de sua residência. chefia imediata, sendo vedado o fracionamento em horas.
§5º – O tempo de atuação do ANE/IE no Setor de Inspeção
sob sua responsabilidade terá a periodicidade de, no máximo 3 CAPÍTULO IV
(três) anos, com a devida alternância na redistribuição dos ins- DISPOSIÇÕES FINAIS
petores ou dos municípios que compõem o setor, na forma de Art. 12 – O calendário a ser cumprido pelo ANE/IE será aque-
rodízio e, excepcionalmente, poderá ser feita redistribuição por le definido pela direção da SRE, aproximando-se ao máximo do
necessidade do Serviço. calendário das escolas do Setor de Inspeção sob sua responsa-
Art. 9º – A jornada de trabalho do ANE/IE é de 40 (quarenta) bilidade.
horas semanais, que deverá ser integralmente cumprida na Su- Parágrafo único. O calendário a ser observado pelo ANE/IE
perintendência Regional de Ensino - SRE, nas unidades de exer- está sujeito às decisões aplicáveis aos servidores públicos esta-
cício e/ou municípios pertencentes ao Setor de Inspeção sob sua duais, independentemente dos calendários estabelecidos pela
responsabilidade. administração municipal dos municípios atendidos.
§1º – O trabalho realizado pelo Inspetor Escolar fora da Su- Art. 13 – As situações excepcionais deverão ser analisadas
perintendência Regional de Ensino é considerado serviço exter- pelo Diretor da Superintendência Regional de Ensino e encami-
no. nhadas à consideração da Secretaria de Estado de Educação.
§2º – Compete à direção da SRE o controle da frequência do Art. 14 – Será responsabilizada administrativamente a au-
Inspetor Escolar, por meio dos instrumentos que comprovem a toridade que descumprir as normas previstas nesta Resolução.
execução de suas atividades, facultada a delegação de compe- Art. 15 – Esta Resolução entra em vigor na data de sua pu-
tência, mediante: blicação.
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INSPEÇÃO ESCOLAR
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, em Belo Horizonte, Parágrafo Único - Na dimensão de Gestão de Pessoas, a atri-
13 de junho de 2017. buição do Inspetor Escolar de conferir os registros de frequência
e assinar as Certidões de Contagem de Tempo, nos termos da
Instrução Normativa SEE n° 01, de 02 de dezembro de 2008, será
RESOLUÇÃO SEE Nº 4.487 DE 25/01/21 - INSTITUI O PRO- gradativamente suprimida quando todos os tempos requeridos
TOCOLO ORIENTADOR DA ATUAÇÃO DA INSPEÇÃO ES- estiverem inseridos no Sistema Integrado de Administração de
COLAR NO SISTEMA DE ENSINO DE MINAS GERAIS Pessoal - SISAP, excetuando os já inseridos no SYSADP.
Art. 5º - O protocolo de Inspeção Regular para a rede pública
municipal e rede privada, contempla indicadores relacionados à
RESOLUÇÃO SEE Nº 4.487 DE 25 DE JANEIRO DE 2021 Gestão Pedagógica e Gestão Administrativa.
Art. 6º - Os protocolos de Inspeção Especial para a rede es-
Institui o Protocolo Orientador da atuação da Inspeção Esco- tadual, rede pública municipal e rede privada de ensino, bem
lar no Sistema de Ensino de Minas Gerais. como as especificidades da inspeção regular nas instituições de
ensino que possuem convênio com a SEE, serão estabelecidos
A SECRETÁRIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS, em instruções de trabalho pela Assessoria de Inspeção Escolar.
no uso de suas atribuições, e em atenção ao disposto na Lei Esta- Art. 7º - As ações de orientação, assistência e controle reali-
dual nº 15.293, de 5 de agosto de 2004, na Lei Estadual nº 7.109, zadas pelo Serviço de Inspeção Escolar nas instituições de ensino
de 13 de outubro de 1977, na Resolução CEE nº 457, de 30 de deverão ser registradas em Termo de Visita e/ou Relatórios cir-
setembro de 2009, na Resolução SEE nº 3.428 de 13 de junho de cunstanciados e conclusivos.
2017, no Decreto nº 47.758 de 19 de novembro de 2019 e con- Art. 8º - O Serviço de Inspeção Escolar atuará junto às insti-
siderando a necessidade de definir procedimentos para atuação tuições de ensino de modo a preservar a autoridade dos gesto-
do Serviço de Inspeção Escolar das Superintendências Regionais res, do corpo docente e dos especialistas, resguardados o princí-
de Ensino nas ações de orientação, assistência e controle das pio da autonomia e a flexibilidade da organização da instituição
instituições de ensino do Sistema de Ensino de Minas Gerais, escolar.
RESOLVE: Art. 9º - As instituições de ensino deverão apresentar a do-
cumentação e facilitar à inspeção, sempre que necessário, o
CAPÍTULO I acesso às instalações, à escrituração, aos sistemas informatiza-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES dos, quando for o caso, e aos arquivos escolares.
Art. 1º - A presente Resolução aplica-se ao Serviço de Inspe-
ção Escolar no âmbito da Educação Básica e tem por finalidade CAPÍTULO III
estabelecer protocolo orientador da atuação dos Inspetores Es- DO CALENDÁRIO OPERACIONAL
colares nas instituições do Sistema de Ensino de Minas Gerais. Art. 10 - Os protocolos de inspeção regular serão aplicados
Art. 2º - As Superintendências Regionais de Ensino (SRE) de- na periodicidade definida no Anexo I desta Resolução e confor-
verão garantir a articulação interna entre as Diretorias e o Servi- me calendário operacional a ser publicado, anualmente, pela
ço de Inspeção para o fortalecimento da sistemática de orienta- SEE.
ção, assistência e controle das instituições de ensino, promover § 1º - A SEE e as SREs deverão garantir que a organização e
as condições para execução dos protocolos procurando mitigar atuação do Serviço de Inspeção Escolar esteja em consonância
os riscos de acordo com a complexidade das ações desenvolvi- com o calendário operacional dos protocolos, de modo a não ge-
das. rar sobreposição de atividades e comprometer a sua execução.
§ 2º - O calendário operacional poderá ser alterado durante
CAPÍTULO II o ano, pela SEE, em função de situações que comprometam a
DOS PROTOCOLOS sua execução e/ou por necessidade institucional.
Art. 3º - Para fins desta Resolução, entende-se por protoco-
los o conjunto de orientações e parâmetros de atividades, pro- CAPÍTULO IV
cedimentos e técnicas, detalhadas no anexo I desta Resolução, DO ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO
para o exercício da função de inspeção escolar nas instituições Art. 11 - A Assessoria de Inspeção Escolar deverá implemen-
que integram o Sistema de Ensino de Minas Gerais. tar, em conjunto com as SREs, sistemática de acompanhamento
§1º - Os protocolos têm como base as atribuições do Ana- e avaliação da execução dos protocolos de inspeção.
lista Educacional com função de Inspeção Escolar, definidas pela § 1º - As ações de acompanhamento terão como finalidade a
Lei nº 15.293, de 5 de agosto de 2004 e nas disposições da Reso- sistematização de dados coletados a partir das ações de orienta-
lução CEE nº 457, de 30 de setembro de 2009. ção, assistência e controle realizadas pelos Inspetores Escolares
§2º - A organização dos protocolos considera o caráter de junto às escolas do sistema de ensino.
inspeção regular e especial, estabelecidos no artigo 5º da Reso- § 2º - As ações de avaliação terão como finalidade a verifica-
lução CEE 457 de 30 de setembro de 2009, estão estruturados ção da aplicabilidade e execução dos protocolos para identificar
por esfera de atuação - instituições públicas e privadas, e con- as necessidades de melhorias e orientar a tomada de decisões.
templam dimensões e indicadores da Gestão Escolar. § 3º - No acompanhamento e avaliação da execução dos
Art. 4º - Os protocolos de Inspeção Regular para a rede es- protocolos e do calendário operacional, deverá ser considerado
tadual, contemplam indicadores relacionados às dimensões da o volume de demandas provenientes de inspeção especial que
Gestão Pedagógica, Administrativa-Financeira e de Pessoas.
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não estão previstas no cronograma, as demais ações administra- II- Transtorno do Espectro Autista (TEA): Considera-se pes-
tivas desenvolvidas pelos inspetores, as condições operacionais soa com TEA aquela que apresenta quadro de alterações no
e complexidade das SREs. desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas rela-
§ 4º - A partir da sistemática de acompanhamento e ava- ções sociais, na comunicação ou estereotipias motoras.
liação, a Assessoria de Inspeção Escolar da SEE poderá realizar III- Altas Habilidades/Superdotação: Considera-se pessoa
a revisão e atualização dos protocolos em função de mudanças com Altas Habilidades/Superdotação aquela que demonstra po-
na legislação, adequação dos procedimentos de atuação e alte- tencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas
rações institucionais, bem como poderá elaborar instrumentos ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotrici-
complementares aos protocolos. dade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvi-
§ 6º - As revisões dos protocolos e os instrumentos comple- mento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu
mentares serão divulgadas por meio de Instruções de Trabalho, interesse.
passando a integrar o conjunto de protocolos definidos nesta
resolução. CAPÍTULO II
Art. 12 - A SEE deverá estimular e promover, em parceria PRINCÍPIOS E FINALIDADES
com as SREs, a atualização e a formação continuada dos Inspeto- Art. 4º - A Educação Especial tem como objetivo garantir aos
res Escolares para garantir o correto desempenho das atividades estudantes públicos da educação especial o direito de acesso às
e técnicas previstas no protocolo orientador. instituições escolares e ao currículo, a permanência e percurso
Art. 13 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua pu- escolar e a uma escolarização de qualidade, por meio da oferta
blicação. dos atendimentos educacionais especializados.
Art. 5º - São princípios e objetivos da educação especial in-
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, em Belo Horizonte, clusiva:
aos 25 de janeiro de 2021. I- direito de acesso ao conhecimento, desde o início de sua
vida escolar, sem nenhuma forma de negligência, segregação,
violência e discriminação;
RESOLUÇÃO SEE Nº 4.256/2020, DE 07/01/2020 - INSTI- II- direito à educação de qualidade, igualitária, equitativa,
TUI AS DIRETRIZES PARA NORMATIZAÇÃO E ORGANI- inclusiva e centrada no respeito e na valorização à diversidade
ZAÇÃO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NA REDE ESTADUAL DE humana;
ENSINO DE MINAS GERAIS III- direito de acesso, permanência e percurso com qualida-
de de ensino e aprendizagem, bem como a continuidade e con-
clusão nos níveis mais elevados de ensino;
RESOLUÇÃO SEE Nº 4.256/2020. IV - direito ao atendimento educacional especializado, assim
como os demais serviços e recursos de acessibilidade a fim de
Institui as Diretrizes para normatização e organização da garantir o acesso ao currículo em condições de igualdade com os
Educação Especial na rede estadual de Ensino de Minas Gerais. demais estudantes.
Parágrafo único. O processo de ensino aprendizagem do es- §4º - O Modelo do Plano de Desenvolvimento Individual
tudante público da educação especial é de responsabilidade dos constante no Anexo I desta resolução é o modelo padrão e de
professores regentes de turma e regentes de aula, em colabora- uso obrigatório nas escolas da Secretaria de Estado de Educação.
ção com o professor do Atendimento Educacional Especializado. Art. 14 - É direito do estudante público da educação especial
Art. 9º - Os professores do Atendimento Educacional Espe- flexibilização no tempo de estudo em até 50%, obedecendo-se
cializado incumbir-se-ão de: aos seguintes critérios:
I- Eliminar, em colaboração com o regente, as barreiras que I- Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, máximo de 02
podem obstruir a participação plena e efetiva do estudante com anos, limitados a 01 ano no 2° ano e 1 ano no 5° ano;
deficiência nas atividades escolares em igualdade de condições II- Nos anos finais do Ensino Fundamental, máximo de 02
com os demais estudantes; anos, limitados a 01 ano no 7° ano e 1 ano no 9° ano;
II- Trabalhar em colaboração com o regente de turma e re- III- No Ensino Médio, máximo de 02 anos, limitados a 01 ano
gente de aula para planejamento dos recursos de acessibilidade no 2° ano e 1 ano no 3° ano.
dos estudantes com base no planejamento de aula dos regentes; §1º - No caso dos estudantes com deficiência matriculados
III- Atuar na escola como multiplicador do conhecimento na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, poderá ser fle-
acerca de metodologias de ensino da Educação Especial, tecno- xibilizado até 50% do tempo de estudo de acordo com a neces-
logias assistivas e comunicação alternativa; sidade pedagógica.
IV - Zelar pela aprendizagem dos estudantes públicos da §2º - Para proceder à flexibilização do tempo de escolari-
educação especial; dade, a escola deverá considerar as características próprias de
V - Participar de reuniões e capacitações promovidas pela desenvolvimento do estudante, as intervenções e estratégias
Secretaria de Estado de Educação, sempre que convocados; pedagógicas estabelecidas no PDI.
VI- Registrar todas as adaptações realizadas para o estudan- §3º - A decisão acerca da flexibilização do tempo será me-
te. diante a necessidade pedagógica do estudante levando em con-
Art. 10 - É garantido ao estudante público da educação es- sideração as habilidades e competências ainda não consolidadas
pecial participar de todos os projetos e programas que forem e elencadas no PDI.
realizados na instituição de ensino em que esteja matriculado, §4º - A flexibilização deverá ser registrada por meio de re-
resguardando-se o direito de frequentar o Atendimento Educa- latório elaborado pelo regente de turma ou regente de aula,
cional Especializado em Sala de Recursos. juntamente com especialista da escola e profissionais do AEE e
Art. 11 - É garantido ao estudante com deficiência a realiza- referendado em conselho de classe. Esse documento deve ser
ção de todas as adaptações razoáveis necessárias para garantir arquivado na pasta do estudante.
o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, pro- §5º - A flexibilização do tempo de escolaridade deve ser rea-
movendo a conquista e o exercício de sua autonomia. lizada de modo a evitar a excessiva distorção idade/ano de esco-
Parágrafo único. Adaptações razoáveis são adaptações, mo- laridade para que o percurso escolar do estudante junto aos seus
dificações e ajustes necessários e adequados que não acarretem pares etários seja respeitado.
ônus desproporcional e indevido, quando requeridos em cada Art. 15 - Para os estudantes com Altas Habilidades/Superdo-
caso, a fim de assegurar que a pessoa com deficiência possa go- tação é garantida a possibilidade de avanço/aceleração confor-
zar ou exercer, em igualdade de condições e oportunidades com me legislação vigente.
as demais pessoas, todos os direitos e liberdades fundamentais. Art. 16 - A avaliação do estudante da educação especial de-
verá levar em consideração as especificidades e potencialidades
CAPÍTULO IV de cada estudante, utilizando-se o Plano de Desenvolvimento
DO PERCURSO ESCOLAR Individual (PDI).
Art. 12 - É direito do estudante com deficiência ter seu per- Parágrafo único. Na avaliação dever-se-ão utilizar recursos
curso escolar respeitado como todo estudante, sem retrocessos pedagógicos alternativos, tais como: extensão do tempo da pro-
nos anos de escolaridade e níveis de ensino garantindo a conti- va, adaptações no formato das provas, prova oral, utilização de
nuidade de estudos e conclusão. recursos tecnológicos, materiais concretos, recursos humanos
Art. 13 - O Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) é de apoio, dentre outras modificações que se fizerem necessá-
documento obrigatório para o acompanhamento do desenvol- rias.
vimento e aprendizagem do estudante público da educação es- Art. 17 - É garantido ao estudante público da educação es-
pecial. pecial o direito à conclusão dos níveis de ensino por meio do
§1º - O PDI deve ser construído por todos os atores envolvi- percurso e, nos casos de Altas Habilidades/Superdotação, ace-
dos no processo de escolarização do estudante, sendo o Especia- leração.
lista da Educação Básica o profissional responsável por articular Art. 18 - O certificado de conclusão/histórico escolar emiti-
e garantir a sua construção. Na ausência desse profissional na do aos estudantes públicos da educação especial segue o mode-
escola o gestor escolar deve indicar o professor responsável por lo padrão estabelecido pela legislação vigente na Rede Estadual.
essa articulação. Parágrafo único. Conforme legislação vigente, cabe a cada
§2º - O PDI deve ser construído com base no histórico de instituição de ensino expedir históricos escolares, declarações
vida do estudante, avaliação diagnóstica pedagógica, planeja- de conclusão de série e diplomas ou certificados de conclusão
mento, acompanhamento e avaliação final. de cursos, com as especificações cabíveis.
§3º - O PDI deverá acompanhar o estudante nos casos de
transferência, a fim de subsidiar a continuidade dos trabalhos
pedagógicos na escola que receberá sua matrícula.
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IV - Contribuir para a prevenção e redução das violências no será utilizado pelas escolas estaduais, Superintendências Regio-
contexto escolar; nais de Ensino e Unidade Central da Secretaria de Estado de Edu-
V - Promover a formação continuada de gestores/as e edu- cação (SEE), para o monitoramento e avaliação de violações de
cadores/as; Direitos Humanos, planejamento, compartilhamento e gestão de
VI - Consolidar espaços de construção coletiva dentro do ações de promoção em Direitos Humanos.
ambiente escolar, promovendo o uso das práticas de Resolução Parágrafo único. O Sistema Estadual de Redes em Direitos
Dialogada de Conflitos; Humanos (SER-DH) tem como objetivo estabelecer, em conjunto
VII - Incentivar as parcerias com as Redes de Proteção Social com atores governamentais e não governamentais, ferramentas
no território educativo. de fortalecimento, modelagem e integração de redes setoriais
Art. 3º - São eixos de atuação do Programa de Convivência de promoção e proteção de direitos no Estado de Minas Gerais.
Democrática: Art. 2º - São objetivos do Sistema Integrado de Monitora-
I - Educação em Direitos Humanos; mento e Avaliação em Direitos Humanos – SIMA Educação:
II - Prevenção e Encaminhamento das Violências; I - Fortalecer o papel social da escola na promoção da paz,
III - Resolução Dialogada de Conflitos. da cidadania, da solidariedade, da tolerância e do respeito ao
Art. 4º - Será disponibilizado para as escolas o Sistema In- pluralismo e à diversidade étnica e cultural e difundir a defesa
tegrado de Monitoramento e Avaliação em Direitos Humanos - e garantia de Direitos Humanos nas escolas e territórios educa-
Módulo SIMA Educação - como sistema oficial de registro dos tivos;
casos de violência e ações de promoção em Direitos Humanos II - Melhorar a integração entre as redes de proteção e pro-
nas escolas estaduais do Estado de Minas Gerais. moção de direitos e aperfeiçoar o controle e a responsividade
Art. 5º - Revoga-se o disposto na Resolução SEE Nº 3.685, de dos órgãos e serviços do Estado;
29 de janeiro de 2018. III – Identificar e mapear a incidência de violências em Minas
Art. 6º - Esta resolução entra em vigor na data da sua publi- Gerais;
cação no Diário Oficial. IV – Gerar informações de qualidade que subsidiem o pla-
nejamento, a execução e a gestão de estratégias voltadas para
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, em Belo Horizonte, proteção e promoção dos Direitos Humanos no âmbito escolar;
aos 24 de novembro de 2021. V – Gerar informações para subsidiar as ações de apoio téc-
nico e capacitação realizadas pelo governo estadual para as equi-
pes municipais e regionais de proteção de Direitos Humanos.
RESOLUÇÃO CONJUNTA SEE/SEDESE Nº 8, DE 10/12/2021 Parágrafo único. A rede de proteção e promoção de direitos
- INSTITUI O SISTEMA INTEGRADO DE MONITORAMEN- no âmbito escolar é constituída por instituições como: Centro
TO E AVALIAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS – MÓDULO de Referência de Assistência Social - CRAS, Centro de Referência
SIMA EDUCAÇÃO – COMO SISTEMA OFICIAL DE REGIS- Especializado de Assistência Social - CREAS, Polícia Militar de Mi-
TRO DOS CASOS DE VIOLÊNCIA E AÇÕES DE PROMO- nas Gerais, Defensoria Pública de Minas Gerais, Ministério Públi-
ÇÃO EM DIREITOS HUMANOS NAS ESCOLAS ESTA- co do Estado de Minas Gerais, Conselhos Tutelares, Rede de Saú-
DUAIS DO ESTADO DE MINAS GERAIS de, Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, entre outros.
Art. 3º - Compete às escolas estaduais, com acesso ao SIMA
Educação:
RESOLUÇÃO CONJUNTA SEE/SEDESE Nº 8, DE 10 DE DEZEM- I - Cadastrar e monitorar, desde a notificação ao desfecho,
BRO DE 2021. via SIMA Educação, os casos de violência e de violação de direi-
tos, envolvendo estudantes da rede estadual de ensino, na con-
Institui o Sistema Integrado de Monitoramento e Avaliação dição de vítima, observando a metodologia estabelecida pelo
em Direitos Humanos – Módulo SIMA Educação – como sistema Sistema Estadual de Redes em Direitos Humanos – SER-DH;
oficial de registro dos casos de violência e ações de promoção II - Cadastrar todas as ações de promoção de Direitos Huma-
em Direitos Humanos nas escolas estaduais do Estado de Minas nos promovidas pela comunidade escolar, observando a meto-
Gerais. dologia estabelecida pelo Sistema Estadual de Redes em Direitos
Humanos – SER-DH;
A SECRETÁRIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO e a SECRETÁRIA DE III - Melhorar a integração da rede por meio de reuniões de
ESTADO DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL, no uso de suas atribui- articulação com outros órgãos, para construir fluxos eficazes de
ções previstas nos art. 26º e 31º da Lei Estadual nº 23.304, de 30 encaminhamento para a tratativa dos casos de violência e viola-
de maio de 2019, ção de direitos.
RESOLVEM: IV - Compartilhar, via SIMA Educação, estudos, análises,
guias, manuais, pesquisas e mídias audiovisuais autorais para o
CAPÍTULO I repositório unificado e público nas temáticas de Direitos Huma-
SISTEMA INTEGRADO DE MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO nos (Portal SER-DH).
EM DIREITOS HUMANOS – SIMA EDUCAÇÃO Art 4º - Compete às Superintendências Regionais de Ensino
Art. 1º - O Sistema Integrado de Monitoramento e Avalia- – SRE:
ção em Direitos Humanos – SIMA Educação é uma ferramenta I - Capacitar, orientar e prestar apoio técnico e operacional
do Sistema Estadual de Redes em Direitos Humanos (SER - DH), do SIMA Educação às escolas estaduais;
da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDESE) e
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II - Melhorar a integração entre a rede estadual de ensino e lises, guias, manuais, pesquisas e mídias audiovisuais autorais
os demais órgãos de proteção social locais, por meio de reuniões para o repositório unificado e público nas temáticas de Direitos
de articulação, para construir fluxos eficazes de encaminhamen- Humanos no SIMA Educação, atualizando a indicação dos servi-
to para a tratativa dos casos de violência identificados no âmbito dores sempre que necessário.
escolar; §1º - Os servidores responsáveis pelo preenchimento do
III – Monitorar, desde a notificação ao desfecho, via SIMA SIMA Educação e o Superintendente Regional de Ensino deverão
Educação, os casos de violência e de violação de direitos recebi- participar da capacitação sobre o sistema a ser organizada pela
dos, observando a metodologia estabelecida pelo Sistema Esta- SEE.
dual de Redes em Direitos Humanos – SER-DH; §2º - O Superintendente Regional de Ensino deve inativar
IV - Cadastrar ações de promoção de Direitos Humanos, ob- o cadastro de servidores que não mais possuam vínculos com
servando a metodologia estabelecida pelo Sistema Estadual de a SRE.
Redes em Direitos Humanos – SER-DH; Art. 8º - O Subsecretário de Desenvolvimento da Educação
V - Compartilhar, via SIMA Educação, estudos, análises, Básica indicará, no mínimo, três servidores da Unidade Central
guias, manuais, pesquisas e mídias audiovisuais autorais para o da SEE para cadastrar e monitorar as ações de promoção e o
repositório unificado e público nas temáticas de Direitos Huma- compartilhamento de estudos, análises, guias, manuais, pesqui-
nos (Portal SER-DH). sas e mídias audiovisuais autorais para o repositório unificado e
Art. 5º - Compete à Unidade Central da SEE: público nas temáticas de Direitos Humanos no SIMA Educação,
I - Prestar apoio técnico e operacional do SIMA Educação às atualizando a indicação dos servidores sempre que necessário.
Superintendências Regionais de Ensino – SRE; §1º - Os servidores responsáveis pelo preenchimento do
II - Manter dados de localização, contato e identificação dos SIMA Educação deverão participar da capacitação sobre o siste-
servidores, responsáveis pela operacionalização do SIMA Educa- ma a ser organizada pela SEE.
ção, das escolas e SRE devidamente atualizados no Sistema Esta- §2º - O Subsecretário de Desenvolvimento da Educação Bá-
dual de Redes em Direitos Humanos - SER-DH; sica deve inativar o cadastro de servidores que não mais possu-
III - Melhorar a integração da rede por meio de reuniões de am vínculos com a Unidade Central da SEE.
articulação com outros órgãos, para construir fluxos eficazes de Art. 9º - São níveis de acesso de usuário do SIMA Educação:
encaminhamento para a tratativa dos casos de violência; I – Técnico
IV – Cadastrar ações de promoção de Direitos Humanos, ob- II – Gestão
servando a metodologia estabelecida pelo Sistema Estadual de §1º - O termo de responsabilidade e de confidencialidade
Redes em Direitos Humanos – SER-DH; deve ser assinado de modo individual, por cada servidor que te-
V - Compartilhar, via SIMA Educação, estudos, análises, nha acesso a informações sigilosas. Tal assinatura será realizada
guias, manuais, pesquisas e mídias audiovisuais autorais para o no primeiro acesso ao sistema.
repositório unificado e público nas temáticas de Direitos Huma- §2º - Os logins e senhas de acesso, para qualquer nível, tem
nos (Portal SER-DH). caráter pessoal e intransferível. O acesso indevido de terceiros é
Art. 6º - O Gestor Escolar indicará, à Superintendência Re- de responsabilidade do servidor cadastrado no sistema.
gional de Ensino (SRE), no mínimo, dois servidores por endereço Art. 10 - O nível técnico de usuário terá acesso aos ambien-
escolar, além dos vice-diretores, para cadastrar e monitorar os tes: de cadastro de caso de violência presencial, caso de violên-
casos de violência e violação de direitos, as ações de prevenção cia não presencial, caso de violência praticado por estudante;
e de promoção de Direitos Humanos e o compartilhamento de de visualização dos dados cadastrados pela unidade escolar, de
estudos, análises, guias, manuais, pesquisas e mídias audiovisu- monitoramento do caso e dos encaminhamentos realizados; de
ais autorais para o repositório unificado e público nas temáticas cadastro e planejamento das ações de promoção; de cadastro
de Direitos Humanos no SIMA Educação. de órgãos governamentais e nãogovernamentais de proteção e
§1º - O Gestor Escolar deve assegurar a disponibilidade de promoção de direitos; de histórico dos casos ativos e já finaliza-
atendimento e cadastro dos casos de violência em todos os seus dos; relatórios administrativos e interativos; dados do usuário;
turnos de funcionamento, atualizando a indicação do servidor espaço para reportar erro no SIMA.
sempre que necessário. §1º - Os responsáveis pelos atendimentos nas escolas esta-
§2º - A fidedignidade dos dados informados é de responsa- duais, indicados pelo Gestor Escolar, terão acesso ao nível téc-
bilidade do Gestor Escolar, como previsto no TERMO DE COM- nico e terão acesso somente aos casos registrados pela unidade
PROMISSO DO DIRETOR E DO VICE-DIRETOR DE ESCOLA ESTADU- escolar.
AL na legislação vigente. §2º - Os responsáveis pelo monitoramento dos casos de vio-
§3º - Os servidores responsáveis pelo preenchimento do lência e cadastramento de ações de promoção de Direitos Huma-
SIMA Educação, o(a) Gestor(a) Escolar e os(as) vice-diretores(as) nos nas SRE, indicados pelo Superintendente Regional de Ensino,
deverão participar da capacitação sobre o sistema a ser organi- terão acesso ao nível técnico e terão acesso somente aos casos
zada pela SEE. registrados pelas unidades escolares circunscritas à SRE.
§4º - O Gestor Escolar deve inativar o cadastro de servidores Art. 11 - O nível gestão terá acesso aos ambientes: de cadas-
que não mais possuam vínculos com a escola. tro de caso de violência presencial, caso de violência não presen-
Art. 7º - O Superintendente Regional de Ensino indicará, à cial, caso de violência praticado por estudante; de visualização
Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação Básica, entre dos dados cadastrados pela unidade escolar, de monitoramento
dois e três servidores que serão responsáveis pelo monitora- do caso e dos encaminhamentos realizados; de cadastro e pla-
mento dos casos de violência, cadastramento e monitoramento nejamento das ações de promoção; de cadastro de órgãos go-
das ações de promoção e do compartilhamento de estudos, aná- vernamentais e nãogovernamentais de proteção e promoção de
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direitos; de histórico dos casos ativos e já finalizados; relatórios Parágrafo único. Caso a tentativa de pactuação de fluxo para
administrativos e interativos; dados do usuário; espaço para re- tratativa do caso não se concretize em um prazo de 30 dias cor-
portar erro no SIMA; fluxos pendentes de integração de rede a ridos, o caso será remetido automaticamente pelo SIMA Educa-
partir do acesso à área administrativa; e área gestão de usuários. ção à Superintendência Regional de Ensino vinculada à escola
§1º - Os servidores da Unidade Central da SEE, os Superin- estadual.
tendentes Regionais de Ensino, os Gestores Escolares (Diretores Art. 17 - No segundo nível de integração, cabe ao gestor da
e Vice-Diretores) e o Subsecretário de Desenvolvimento de De- Superintendência Regional de Ensino e/ou ao Coordenador da
senvolvimento da Educação Básica terão acesso ao nível de ges- inspeção escolar chamar a escola que cadastrou o caso de vio-
tão e tem a competência de inserir e inativar usuários. lência no SIMA Educação e os gestores das instituições e órgãos,
§2º - A escola terá acesso exclusivamente aos seus registros. especificados no Parágrafo único do Art. 2º, que não retornaram
§3º - Cada Superintendência Regional de Ensino – SRE terá com a tratativa do caso, para pactuação de um fluxo para o tipo
acesso restrito aos dados das escolas sob sua responsabilidade. de violência vinculada ao grupo temático referente ao caso pen-
§4º - A Unidade Central da SEE terá acesso a todos os dados dente de integração.
cadastrados no SIMA Educação. Parágrafo único. Caso a tentativa de pactuação de fluxo para
§5º - Cabe à Unidade Central da SEE requerer e disponibili- tratativa do caso não se concretize em um prazo de 30 dias corri-
zar novos níveis de acesso. dos, o caso será remetido automaticamente pelo SIMA Educação
à Unidade Central da SEE.
CAPÍTULO II Art. 18 - No terceiro nível, cabe à Unidade Central da SEE de-
GESTÃO INTEGRADA DA REDE DE PROTEÇÃO E PROMOÇÃO mandar à escola estadual (porta de entrada do caso), bem como
DE DIREITOS HUMANOS a Superintendência Regional de Ensino e os gestores das enti-
Art. 12 - Compete às escolas estaduais, Superintendências dades locais receptoras, que não retornaram com informações,
Regionais de Ensino e Unidade Central da SEE, realizar ações e medidas e/ou ações realizadas sobre o caso, para pactuação de
reuniões permanentes e articuladas com órgãos governamen- um fluxo de tratativa para o tipo de violência e grupo temático
tais e não-governamentais, com o objetivo de construir fluxos vinculado ao caso concreto.
de encaminhamento para a tratativa dos casos de violência e de Parágrafo único. Caso a tentativa de pactuação não se con-
violações de direitos e criar estratégias para impedir a subnoti- cretize em um prazo de 30 dias corridos, o caso será remetido
ficação e a revitimização dos sujeitos em situação de violência e automaticamente pelo SIMA Educação à unidade responsável da
de grupos vulneráveis. SEDESE, referente ao grupo temático do caso.
Art. 13 - A gestão integrada da rede de proteção e promoção Art. 19 - Cabe à unidade vinculada as pautas temáticas de
de Direitos Humanos, no âmbito escolar, será realizada em cinco Direitos Humanos da SEDESE, conforme Acordo de Cooperação
níveis: Técnica nº 033/2020, demandar à Unidade Central da SEE, a SRE,
1º nível: Escola Estadual; a escola, bem como os gestores das entidades locais receptoras,
2º nível - Superintendência Regional de Ensino; que não retornaram com informações, medidas e/ou ações reali-
3º nível: Unidade Central da SEE; zadas sobre o caso, para pactuação de um fluxo de tratativa para
4º nível: Unidade responsável pelas pautas temáticas de Di- o tipo de violência e grupo temático vinculado ao caso concreto.
reitos Humanos da SEDESE; Parágrafo único. Caso a tentativa de pactuação não se con-
5º nível: Secretaria de Estado de Educação e Secretaria de cretize em um prazo de 30 dias corridos, a Secretaria de Estado
Estado de Desenvolvimento Social. de Educação e a Secretaria de Desenvolvimento Social deverão
Art. 14 - São responsáveis por cada nível de integração: ser acionadas.
1º nível: Gestor escolar da escola estadual; Art. 20 - Cabe aos secretários(as) da Secretaria de Estado de
2º nível: Superintendente Regional de Ensino e Coordenador Educação e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social,
da inspeção escolar; conforme Acordo de Cooperação Técnica nº 033/2020, pactua-
3º nível: Técnicos da Unidade Central da SEE; rem uma tratativa de determinada violência vinculada ao grupo
4º nível: Técnicos vinculados às pautas temáticas de Direitos temático entre secretarias, subsecretarias e/ou órgãos, por meio
Humanos da SEDESE; de instrumento jurídico cabível, como resoluções conjuntas,
5º nível: Secretários da Secretaria de Estado de Educação e acordos de cooperação técnica e/ou projetos de lei.
Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social.
Art. 15 - Será considerado pendente de integração, o caso CAPÍTULO III
que não tiver retorno de nenhum referenciamento, por 60 dias DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
corridos, mesmo após três envios de e-mails, com intervalos de Art. 21 - Os casos omissos desta Resolução serão tratados
20 dias corridos, com pedidos de respostas aos órgãos acionados pela Secretaria de Estado de Educação e pela Secretaria de Esta-
realizados, automaticamente, pelo SIMA Educação. do de Desenvolvimento Social, amparados nas normas aplicáveis
Parágrafo único. Os casos pendentes de integração serão en- e nos princípios da Administração Pública.
caminhados à direção da escola estadual. Art. 22 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua pu-
Art. 16 - No primeiro nível de integração, cabe ao Gestor da blicação.
escola estadual chamar os responsáveis pelas instituições e/ou
órgãos que não retornaram com a tratativa do caso, para pac- SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO , em Belo Horizonte,
tuação de um fluxo para o tipo de violência vinculada ao grupo aos 10 de dezembro de 2021.
temático referente ao caso pendente de integração.
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INSPEÇÃO ESCOLAR
VIII - auxiliar o Município que não aderiu ao SUCEM, na or- Art. 9º - Os pais ou responsáveis, ou o aluno, quando maior
ganização do atendimento escolar municipal. de idade, poderão acessar o sítio eletrônico de qualquer com-
Art. 6º - Cabe à Secretaria de Educação do Município que putador ou dispositivo móvel com acesso à internet, para a re-
não aderiu ao SUCEM: alização do cadastro no SUCEM. Parágrafo único. Aqueles que
I - providenciar o cadastro do candidato/aluno às vagas nas não têm acesso às tecnologias digitais poderão comparecer às
escolas municipais, em conjunto com a Comissão de Cadastro escolas estaduais e/ou municipais, no seu Município, para reali-
Escolar; e zarem a inscrição.
II - fornecer, à Secretaria de Estado de Educação de Minas Art. 10 - No ato da inscrição no SUCEM, os candidatos/alu-
Gerais, os dados dos alunos matriculados na Rede Municipal de nos deverão fornecer as seguintes informações:
Ensino em 2022 que renovaram a matrícula em sua rede, até I - nome completo do candidato/aluno;
a data estabelecida previamente no cronograma de ações das II - data de nascimento;
Comissões de Cadastro Escolar, a fim de evitar a migração injus- III - unidade federativa, município e nome do cartório, folha,
tificada de alunos entre as redes de ensino. livro e termo da Certidão de Nascimento/Casamento, para do-
Parágrafo único. Os dados a que se refere o inciso II deste cumentos emitidos até 31/12/2009, ou número de matrícula da
art. compreendem o nome completo do aluno, sua data de nas- Certidão de Nascimento/Casamento, unidade federativa e muni-
cimento, sua filiação e o nome da escola. cípio do cartório, se emitida a partir de 01/01/2010;
IV - sexo;
SEÇÃO II V - nacionalidade;
DO PÚBLICO-ALVO VI - naturalidade;
Art. 7º - Deverá se inscrever no SUCEM o público que: VII - endereço completo, inclusive, o Código de Endereça-
I - irá ingressar no 1º ano do Ensino Fundamental, com seis mento Postal - CEP; VIII - telefone fixo e móvel, se possuir;
anos de idade completos ou a completar até 31 de março de IX - e-mail, se possuir;
2023, assegurando-se, excepcionalmente, o direito de continui- X - número da carteira de identidade do candidato/aluno, se
dade e prosseguimento de estudos sem retenção aos alunos que possuir, com o órgão expedidor;
se encontravam matriculados e frequentando instituições de XI - Cadastro de Pessoa Física - CPF do candidato/aluno, se
Educação Infantil legalmente autorizadas, conforme estabelece possuir;
a Resolução CNE/CEB nº 2/2018, publicada em 10 de outubro XII - filiação ou nome do responsável legal;
de 2018; XIII - declaração se o candidato/aluno possui deficiência,
II - irá ingressar nos demais anos de escolaridade da Edu- observando-se o disposto na Lei no 7.853, de 25 de outubro de
cação Básica, advindo de outras redes que não a Rede Estadual 1989, no Decreto no 3.298, de 21 de dezembro de 1999, na Lei
de Ensino de Minas Gerais e Rede Municipal de Ensino de Minas no 12.764 de 28 de dezembro de 2012 e no Decreto no 8.368 de
Gerais; 3 de dezembro de 2014;
III - já está matriculado em 2022 em escola da Rede Pública XIV - rede escolar de origem, caso não seja o primeiro in-
de Ensino de Minas Gerais, mas a sua escola não ofertará em gresso na escola;
2023 o nível de ensino ou ano de escolaridade subsequente, a XV - etapa/ano de escolaridade pretendido;
ser cursado pelo aluno; XVI - indicação de até três escolas, caso tenha declarado
IV - pretenda retornar aos estudos no Ensino Fundamental possuir deficiência, nos termos do inciso XIII deste art.
e no Ensino Médio Regular ou na modalidade de Educação de XVII - informar se há irmão na mesma escola, estadual ou
Jovens e Adultos - EJA, observada a idade mínima de quinze anos municipal, com o registro dos dados referentes a sua matrícula,
para o Ensino Fundamental e dezoito para o Ensino Médio quan- a fim de possibilitar o encaminhamento conforme critérios defi-
do se tratar da EJA; nidos nesta Resolução.
V - está matriculado em 2022 na Rede Estadual de Ensino § 1º - O candidato/aluno que possui interesse em se matri-
de Minas Gerais e não renovou a sua matrícula para o ano de cular na Educação Profissional, poderá se inscrever em escola
2023; e fora do zoneamento, dentro do Município em que reside, consi-
VI - pretenda ingressar em cursos da Educação Profissional derando a especificidade do atendimento.
na Rede Pública Estadual de Ensino de Minas Gerais. § 2º - O candidato/aluno interessado em se matricular em
cursos técnicos na forma concomitante deverá:
SEÇÃO III I - efetuar duas inscrições, sendo uma para o Ensino Médio
DA INSCRIÇÃO e outra para a Educação Profissional, caso esteja ingressando na
Art. 8º - A inscrição no SUCEM para os candidatos/alunos, Rede Estadual de Ensino, em 2023, ou a escola estadual de ori-
incluídos aqueles alunos público da Educação Especial que apre- gem não oferte o Ensino Médio;
sentam deficiência de natureza física, mental e intelectual ou II - efetuar a inscrição somente para a Educação Profissional,
sensorial, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Altas Habili- caso já esteja cursando o Ensino Médio em escola da Rede Mu-
dades/Superdotação será realizada, exclusivamente, mediante o nicipal, Federal ou Privada
preenchimento do formulário disponibilizado no Sistema, no en- § 3º - O candidato/aluno interessado em se matricular em
dereço eletrônico cadastroescolar.educacao.mg.gov.br, no perí- cursos técnicos na forma subsequente fará sua inscrição somen-
odo estabelecido no Anexo I desta Resolução. Parágrafo único. A te para a Educação Profissional. Seção IDo Encaminhamento
inscrição é isenta de pagamento de taxas pelo candidato/aluno. para a Matrícula
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INSPEÇÃO ESCOLAR
Art. 11 - O encaminhamento para a matrícula dos candida- § 3º - São considerados comprovantes de endereço válidos,
tos/alunos inscritos no SUCEM será realizado de acordo com a preferencialmente, as contas de água, energia ou telefone, e, na
disponibilidade de vagas por turno, o espaço físico de cada esco- ausência destes, contrato de aluguel ou outro documento onde
la, o tipo de atendimento prestado, o nível de ensino ofertado, conste o nome e endereço dos pais/responsáveis ou do candida-
respeitando os critérios de alocação e desempate na seguinte to/aluno se for maior de idade.
ordem de prioridade: § 4º - Caso o comprovante de endereço não seja conta de
I - aluno com deficiência; água, energia ou telefone ou houver dúvidas quanto à validade
II - zoneamento; do documento apresentado, o gestor escolar poderá solicitar ou-
III - zona; tro documento.
IV - aluno com irmão(s) que frequenta(m) a escola pretendi- Art. 16 - Excepcionalmente, será assegurada a matrícula para
da, respeitando-se o zoneamento; as crianças e/ou adolescentes que não disponham da Certidão
V - aluno já integrante da Rede Pública de Ensino de Minas de Nascimento/ Documento de Identidade, conforme o disposto
Gerais; e VI - aluno com menor idade. no inciso I do artigo 15, devendo a escola registrar a justificativa
Art. 12 - Os resultados da alocação serão divulgados no en- quanto a não apresentação em ata, devidamente assinada pe-
dereço eletrônico cadastroescolar.educacao.mg.gov.br, na data los pais/responsáveis e comunicar o fato ao Conselho Tutelar, ao
definida no Anexo I desta Resolução. Juiz competente da comarca e ao respectivo representante do
Art. 13 - O candidato/aluno que não realizar a inscrição no Ministério Público. Parágrafo único. Os pais/responsáveis terão
prazo estabelecido não será encaminhado para a matrícula em o prazo de noventa dias para apresentar a certidão de nascimen-
escolas públicas, devendo submeter-se à inscrição para o proces- to, original e cópia, junto à escola.
so de ocupação das vagas remanescentes. Seção V Da Matrícula Art. 17 - A matrícula de alunos estrangeiros na condição de
Art. 14 - A matrícula dos alunos na Rede Pública de Ensino refugiados, apátridas e solicitantes de refúgio deverá ser facili-
deverá ser realizada nas escolas no período previsto no Anexo I tada na acolhida e na exigência documental, considerando-se a
desta Resolução, de acordo com o encaminhamento realizado situação de vulnerabilidade.
pelo SUCEM. § 1º - O aluno na condição de refugiado que não comprove
Art. 15 - Para a efetivação da matrícula, os pais/responsáveis essa condição, será orientado a procurar a Delegacia da Polícia
ou o próprio aluno, quando maior de idade, deverão se apresen- Federal, órgão do governo encarregado de receber os pedidos e
tar na escola para a qual o aluno foi encaminhado, portando os emitir documentos para os solicitantes de refúgio e refugiados.
seguintes documentos: § 2º - O protocolo expedido pela Polícia Federal será o docu-
I - Documento de Identidade ou, na sua ausência, Certidão mento provisório de identidade no Brasil, até que seja concedido
de Nascimento/Casamento do aluno, original e cópia; o Registro Nacional Migratório (RNM).
II - CPF do aluno, original e cópia, sendo obrigatória a apre- § 3º - Fica dispensada a apresentação da legalização consu-
sentação se for maior de idade e facultativa se menor de idade; lar ou aposição da Apostila de Haia nos documentos escolares
III - Comprovante de residência, original e cópia, no nome de ao aluno com comprovação de refúgio ou com protocolo de so-
um dos pais/responsáveis ou do aluno, quando maior de idade; licitação de refúgio
IV - Histórico Escolar ou Declaração de Transferência, com Art. 18 - A não comprovação de qualquer requisito - idade,
indicação do ano de escolaridade que o aluno está habilitado a residência, deficiência, etapa/ano de escolaridade - declarado
cursar em 2023, ficando o documento original na escola; pelos pais/responsáveis ou pelo próprio aluno, quando maior
V - Histórico Escolar ou Declaração de Conclusão do Ensino de idade, que tenha sido determinante para o encaminhamen-
Médio ou Parecer da Secretaria de Estado de Educação e publi- to àquela escola levará à perda da garantia da vaga, devendo o
cação de Equivalência de Estudos, concluídos no exterior, ao En- aluno submeter-se ao processo de ocupação das vagas remanes-
sino Médio brasileiro, para o candidato/aluno que for ingressar centes.
no curso técnico na forma subsequente; ou Art. 19 - A matrícula do aluno é considerada concluída quan-
VI - Histórico Escolar ou Declaração de Escolaridade, com- do ocorrer a entrega da documentação na escola estadual ou
provando matrícula no Ensino Médio, para o aluno que for in- municipal para a qual foi encaminhado, conforme prazo estipu-
gressar no curso técnico na forma concomitante. lado no Anexo I desta Resolução.
VII - Declaração expedida pela instituição de Educação Infan- Art. 20 - O não comparecimento dos pais/responsáveis ou
til, legalmente autorizada, com indicação do percurso do aluno, do próprio aluno, quando maior de idade, na escola indicada, no
desde o ano de 2018, para os inscritos que se enquadram na período de matrícula previsto no Anexo I desta Resolução, por-
excepcionalidade prevista no inciso I do art. 7º desta Resolução. tando todos os documentos mencionados nos artigos 15 e 17,
§ 1º - Para o aluno menor de idade é necessária, ainda, a conforme o caso, acarretará a perda da garantia da vaga naquela
apresentação de documento de identidade e do CPF, originais e instituição, devendo o candidato/aluno submeter-se ao processo
cópias, de um dos pais/ responsáveis. de ocupação das vagas remanescentes.
§ 2º - O aluno declarado público da Educação Especial, apre- Art. 21 - As escolas estaduais terão o prazo estabelecido no
sentando deficiência de natureza física, mental e intelectual ou Anexo I desta Resolução para a confirmação das matrículas dos
sensorial, Transtorno do Espectro Autista - TEA e Altas Habilida- alunos no Sistema Mineiro de Administração Escolar - SIMADE.
des/Superdotação, terá a sua matrícula compulsória, sendo ne- Parágrafo único. A matrícula será validada no ato de inserção
cessária a apresentação de documento médico, original e cópia. dos dados no SIMADE, cabendo ao gestor escolar garantir a sua
inserção imediata no Sistema de forma a viabilizar o cômputo
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INSPEÇÃO ESCOLAR
das vagas remanescentes, que serão ofertadas aos candidatos/ Art. 30 - As Superintendências Regionais de Ensino, em arti-
alunos que não se inscreveram no SUCEM. Seção VI Da Ocupação culação com as escolas, deverão promover, junto à comunidade
das Vagas Remanescentes escolar, a divulgação do processo de cadastro, encaminhamento
Art. 22 - Poderão concorrer às vagas remanescentes os can- para matrícula e inscrição às vagas remanescentes no SUCEM,
didatos/alunos que: bem como do cronograma das atividades. Art. 31 - Caberá aos
I - deixaram de se inscrever no SUCEM, no prazo estabeleci- gestores escolares:
do no Anexo I desta Resolução; I - realizar a divulgação e orientação, à comunidade escolar,
II - estavam matriculados em 2022 na Rede Pública de Ensi- dos processos de cadastro, encaminhamento para matrícula e
no de Minas Gerais e não renovaram sua matrícula para 2023, inscrição às vagas remanescentes;
assim como não realizaram sua inscrição no SUCEM; II - disponibilizar computadores com acesso à internet aos
III - deixaram de efetuar a sua matrícula por não comprova- pais/responsáveis ou ao aluno, quando maior de idade, que não
rem os requisitos previstos nos artigos 15 e 17, conforme o caso; têm acesso às tecnologias digitais, para fins de inscrição no SU-
IV - deixaram de efetuar a sua matrícula por negativa do CEM;
aceite de vaga; e III - indicar um servidor para apoio e acompanhamento dos
V - deixaram de efetuar a sua matrícula por perda de prazo. pais/responsáveis ou ao aluno, quando maior de idade, na rea-
Parágrafo único. Não será permitida a inscrição, para as vagas lização da inscrição no SUCEM, quando esta ocorrer nas depen-
remanescentes, de alunos já matriculados nas escolas públicas dências da escola; e
estaduais ou municipais. IV - monitorar o processo de matrícula e inserção de dados
Art. 23 - O encaminhamento às vagas remanescentes será no SIMADE, zelando pelo cumprimento dos prazos estabeleci-
efetivado respeitando o critério do zoneamento, com exceção dos.
nas localidades onde não houver saldo de vagas remanescen- Art. 32 - Compete à Secretaria Municipal de Educação:
tes, e dos candidatos/alunos com deficiência de natureza física, I - realizar a divulgação e orientação dos processos de cadas-
mental e intelectual ou sensorial, Transtorno do Espectro Autista tro, encaminhamento para matrícula e inscrição às vagas rema-
(TEA) e Altas Habilidades/Superdotação. Parágrafo único. Excep- nescentes no município;
cionalmente, a escola de encaminhamento será a opção do can- II - disponibilizar, nas escolas municipais e/ou em outro lo-
didato/aluno no ato de sua inscrição. cal, computadores com acesso à internet aos pais/responsáveis
Art. 24 - Para a efetivação da matrícula, os pais/responsáveis ou ao aluno, quando maior de idade, que não têm acesso às tec-
ou o próprio aluno, quando maior de idade, deverão se apresen- nologias digitais, para fins de inscrição no SUCEM; e
tar na escola para a qual o aluno foi encaminhado, no prazo de III - indicar, se necessário, um servidor para apoio e acompa-
dois dias úteis, contados a partir do encaminhamento realizado nhamento dos pais/responsáveis ou ao aluno, quando maior de
pelo SUCEM, portando a documentação prevista nos artigos 15 idade, na realização da inscrição no SUCEM, quando esta ocorrer
e 17, conforme o caso. nas dependências das escolas municipais e/ou em outro local
Parágrafo único. Caso os pais/responsáveis ou o próprio estipulado.
aluno, quando maior de idade, não compareçam à escola para Art. 33 - É de responsabilidade dos pais/responsáveis ou do
a realização da matrícula no prazo estabelecido no caput deste aluno, quando maior de idade, tomar conhecimento do resul-
artigo, o candidato/aluno perderá a vaga e esta será novamente tado do encaminhamento para matrícula disponibilizado no en-
disponibilizada para outro candidato/aluno. dereço eletrônico cadastroescolar.educacao.mg.gov.br, na data
Art. 25 - Na Rede Estadual de Ensino a matrícula será valida- estabelecida no Anexo I desta Resolução.
da no ato de inserção dos dados no SIMADE, cabendo ao gestor Art. 34 - Finalizado o período de matrículas referentes à ocu-
escolar garantir a sua inserção imediata no Sistema para que as pação das vagas remanescentes processadas por meio do SU-
vagas preenchidas sejam deduzidas do saldo de vagas remanes- CEM, as solicitações de vagas serão realizadas diretamente nas
centes no SUCEM. escolas pelos pais/responsáveis ou pelo aluno, quando maior de
Art. 26 - Os dados dos alunos matriculados na rede muni- idade, observado o disposto no artigo 11 desta resolução.
cipal de ensino serão inseridos no Sistema pelos membros da Parágrafo único. Para disponibilizar a vaga, a escola deverá
Comissão de Cadastro Escolar. Parágrafo único. O caput deste respeitar a capacidade física das salas de aula e o limite máximo
artigo não se aplica às escolas municipais localizadas nos muni- de alunos estabelecido na Lei Estadual nº 16.056, de 25 de abril
cípios que não fizeram adesão ao SUCEM para a etapa das vagas de 2006.
remanescentes. CAPÍTULO III DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 35 - Os casos omissos serão resolvidos pela Subsecreta-
Art. 27 - Não é permitida a inscrição no SUCEM dos alunos ria de Articulação Educacional. Art. 36- Fica revogada a Resolu-
com vaga garantida na Rede Pública de Ensino para o ano de ção SEE Resolução SEE nº 4.643, de 22 de outubro de 2021.
2023. Art. 37 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua pu-
Art. 28 - É vedado à escola efetuar matrícula do candidato/ blicação.
aluno que não tenha sido encaminhado pelo SUCEM. Parágra-
fo único: O descumprimento, pela escola, do disposto no caput
deste artigo, implicará em responsabilização administrativa ao
servidor responsável pela efetivação da matrícula e demais ser-
vidores envolvidos.
Art. 29 - Os dados dos alunos matriculados na Rede Estadual
de Ensino serão extraídos do SIMADE.
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INSPEÇÃO ESCOLAR
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INSPEÇÃO ESCOLAR
III - Monitorar a inserção dos dados no SIMADE, garantindo de novas turmas, a realização de novas matrículas e a enturma-
a sua fidedignidade e atualização periódica, em conformidade ção de estudantes, entre outras ações realizadas pelas escolas
com as normas vigentes da Secretaria de Estado de Educação de no sistema.
Minas Gerais. Art. 9º - Compete ao Núcleo de Tecnologia Educacional
Parágrafo único. O Diretor deverá organizar o Quadro de (NTE) capacitar os docentes e o pessoal administrativo da esco-
Pessoal, após a devida inserção dos dados cadastrais da escola, la, no que tange ao uso da tecnologia educacional para a manu-
dos seus servidores e estudantes, como também turmas, aulas e tenção do funcionamento do SIMADE, observando o disposto na
funções, dentre outros dados necessários, com base no disposto Resolução SEE nº 2.972, de 16 de maio de 2016.
na legislação vigente. Art. 10 - Compete ao Diretor da Superintendência Regional
Art. 6º - Compete ao Secretário Escolar e ao ATB das escolas de Ensino (SRE):
estaduais de Minas Gerais: I – Autorizar o funcionamento de turmas no SIMADE;
I – Inserir e manter atualizados os dados cadastrais da Es- II – Promover a articulação entre as equipes da SRE, com
cola, de seus servidores e estudantes, observando as normas o objetivo de integrar as ações pedagógicas desenvolvidas pela
vigentes da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. escola, SRE e Unidade Central desta Secretaria que impactam na
II – Realizar a configuração de Programa Pedagógico, obser- qualidade dos dados e na gestão do SIMADE.
vando a matriz curricular vigente para cada tipo de ensino e eta- Art. 11 – Compete à Comissão Permanente de Avaliação de
pa de escolarização; Documentos (CPAD) promover a gestão, a guarda e a preserva-
III - Realizar a matrícula e enturmação no SIMADE imediata- ção dos documentos arquivísticos digitais escolares, observando
mente após o acolhimento do estudante; o disposto na Resolução SEE n.º 1.125, de 13 de junho de 2008.
IV – Efetuar, dentro dos prazos estabelecidos por esta Se-
cretaria, a criação de turmas, em conformidade com o Plano de DAS ATRIBUIÇÕES NO DIÁRIO ESCOLAR DIGITAL
Atendimento vigente;
V – Organizar as turmas, aulas e funções a serem atribuídas Art. 12 – Compete ao PEB:
ao PEB, atendendo ao disposto na legislação vigente;
VI – Associar os docentes aos conteúdos curriculares, visan- I – Inserir a frequência diária dos estudantes, semanalmen-
do o acesso deles ao DED, da(s) respectiva(s) turma(s); te, em conformidade com as normas e orientações desta Secre-
VII – Assegurar o registro no SIMADE, da frequência e apro- taria de Estado de Educação;
veitamento dos estudantes matriculados nos cursos e modalida- II – Inserir os conteúdos lecionados nas aulas, em até 5 dias
des e participantes dos projetos ofertados pela escola em até 5 úteis após o encerramento das atividades de cada bimestre;
dias úteis, após o encerramento das atividades de cada bimestre; III – Informar os procedimentos de avaliação, as oportunida-
VIII – Conferir os resultados escolares dos estudantes no SI- des de aprendizagem, o aproveitamento alcançado pelos estu-
MADE em até 5 dias úteis após o encerramento de cada bimestre dantes em cada bimestre;
letivo. IV – Inserir o resultado final, em conformidade com o Regi-
Art. 7º - Compete ao servidor do Serviço de Documentação mento Escolar e orientações específicas, em até 5 dias úteis após
e Informações Educacionais (SEDINE): o encerramento do calendário escolar.
I – Acompanhar e orientar as escolas estaduais de sua cir- Art. 13 – Compete ao EEB:
cunscrição sobre a inserção tempestiva, a atualização e a corre- I – Monitorar os registros no DED, observando as normas
ção dos dados educacionais nas plataformas do SIMADE; vigentes;
II – Capacitar as equipes das escolas estaduais e Superin- II – Registrar o perfil da(s) turma(s) relativo à enturmação
tendências Regionais de Ensino sobre as rotinas operacionais e pedagógica;
funcionalidades do SIMADE; III – Autorizar as retificações de registros no DED, quando
III – Orientar os registros das informações educacionais nas solicitado pelo PEB.
Plataformas do SIMADE, pelas escolas estaduais, esclarecendo
dúvidas dos servidores das unidades escolares e das demais DISPOSIÇÕES FINAIS
equipes das Superintendências Regionais de Ensino quanto às
funcionalidades do sistema. Art. 14 - Os registros de frequência diária dos estudantes
Art. 8º - Compete ao Analista Educacional/Inspetor Escolar e de procedimentos avaliativos efetuados no DED nos anos de
(ANE/IE), observando o disposto na Resolução SEE n.º 3.428, de 2017 e 2018 estão validados por esta Resolução.
13 de junho de 2017: Art. 15 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua pu-
I – Validar os Planos Curriculares dos cursos ofertados pelas blicação, ficando revogadas as Resoluções SEE nº 1.180, de 28
escolas, conferindo atenção especial ao cadastro do Programa de agosto de 2008, e Resolução SEE nº 2.131, de 17 de julho de
Pedagógico das turmas criadas; 2012.
II – Monitorar o registro adequado da trajetória acadêmica
dos estudantes, observando as normas e orientações desta Se- SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO, em Belo Horizonte,
cretaria; aos 17 de dezembro de 2018.
III – Acompanhar a finalização dos registros de avaliação e
frequência no DED e no SIMADE, a regularização de vida escolar,
o cumprimento da progressão parcial, a autorização e inclusão
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sidiar o preenchimento do Termo de Avaliação ao final do ciclo IV – apresenta o comportamento esperado em estágio avan-
avaliatório. Parágrafo único - A elaboração e o acompanhamento çado de desenvolvimento, correspondente a 90 pontos; e
do PGDI terão como referência as competências essenciais reque- V – apresenta o comportamento esperado plenamente de-
ridas ao ANE/IE e as atividades previstas nos Protocolos Orienta- senvolvido, correspondente a 100 pontos.
dores da Atuação da Inspeção Escolar, estabelecidos na Resolução §2º - Os itens de avaliação possuem a seguinte escala:
SEE nº 4.487, de 25 de janeiro de 2021. I – apresenta desempenho muito abaixo do esperado, neces-
Art. 11 - Na etapa de elaboração do PGDI, a chefia imediata sitando de melhorias significativas em sua atuação, correspon-
deverá: dente a 0, 10, 20, 30 ou 40 pontos;
I – selecionar as competências essenciais e os respectivos II – apresenta desempenho abaixo do esperado, correspon-
comportamentos esperados, bem como os itens de avaliação que dente a 50 ou 60 pontos;
irão compor o processo de ADIE do servidor, observado o disposto III – apresenta desempenho próximo ao esperado, correspon-
nos parágrafos deste artigo; dente a 70, 80 ou 90 pontos;
II – indicar as ações de desenvolvimento que devem ser rea- IV – apresenta desempenho pleno, correspondente a 100
lizadas pelo servidor, para o seu aprimoramento em relação às pontos
competências essenciais e aos itens de avaliação selecionados; § 3º - Cada comportamento esperado e item de avaliação re-
III – registrar observações e informações adicionais referentes ceberá uma nota de 0 a 100 pontos, de acordo com os conceitos
ao conteúdo incluído no PGDI. das escalas, de que tratam os §1º e §2º, respectivamente
§1º - Em relação aos itens de avaliação a serem selecionados, § 4º - A nota final da ADIE será resultante da média aritmética
a chefia imediata deverá marcar a opção “não se aplica” quando: das pontuações atribuídas aos comportamentos esperados e itens
I - as atividades relacionadas aos referidos itens não estive- de avaliação, pela Comissão de Avaliação de Desempenho
rem previstas no calendário operacional do Serviço de Inspeção Art 14 – No momento de preenchimento do Termo de Avalia-
Escolar publicado anualmente pela SEE; e ção do ANE/IE, a Comissão de Avaliação de Desempenho deverá
II – não houver correspondência entre o item de avaliação e o se basear no conteúdo do PGDI.
contexto de trabalho do servidor no âmbito da Superintendência Parágrafo único – Nas situações em que o servidor realizar
Regional de Ensino - SRE de atuação. sua Autoavaliação, a Comissão de Avaliação de Desempenho tam-
§2º - A chefia imediata deverá selecionar as competências es- bém deverá considerá-la como subsídio para o preenchimento do
senciais que possuem relação com as atividades a serem exercidas Termo de Avaliação.
durante o ciclo avaliatório e com as necessidades de desenvolvi- Art. 15 - A ciência do servidor, referente à realização das eta-
mento do servidor. pas da ADIE, ocorrerá em meio eletrônico, via Sistema de Avalia-
Art. 12 - Nas etapas de acompanhamento do PGDI do servi- ção de Desempenho – SISAD, nos termos da Resolução Seplag n°
dor, a chefia imediata deverá: 043, de 22 de maio de 2020.
I - identificar o estágio de desenvolvimento do servidor em Art. 16 - O ANE/IE terá direito a duas instâncias recursais em
relação aos comportamentos esperados, e o nível de atendimento via administrativa, em conformidade com o Capítulo V do Decreto
referente ao desempenho quanto aos itens de avaliação; 44.559, de 2007, e Capítulo IV do Decreto n° 45.851, de 2011.
II - fornecer feedback em relação à atuação do ANE/IE, consi- Art. 17 - O conteúdo das competências essenciais e dos itens
derando a realização das ações de desenvolvimento indicadas, e de avaliação, bem como os documentos que compõem o processo
registrá-lo no campo de acompanhamentos; e de Avaliação de Desempenho de que trata esta Resolução Con-
III - realizar as atualizações necessárias no PGDI, consideran- junta, serão amplamente divulgados nos canais de comunicação
do eventuais mudanças nas atividades sob a responsabilidade do da SEE.
servidor e fatos extraordinários que tenham impactado os proces- Art. 18 - Os casos omissos serão analisados pela Secretaria
sos de trabalho e o cumprimento das atividades. de Estado de Educação - SEE, em conjunto com a Secretaria de
§1º - As ações de desenvolvimento poderão ser revistas ao Estado de Planejamento e Gestão - SEPLAG, que estabelecerão
longo dos acompanhamentos realizados. orientações e procedimentos específicos.
§2º - As competências essenciais e/ou os comportamentos Art. 19 - Fica revogada a alínea “K” do art. 2º e o Anexo XV da
esperados selecionados poderão ser alterados, durante os acom- Resolução Conjunta SEPLAG/SEE nº 7.110, de 06 de julho de 2009.
panhamentos realizados, até noventa dias contados antes da data Art. 20 - Esta Resolução Conjunta entra em vigor na data de
inicial do período de preenchimento do Termo de Avaliação no sua publicação, e será aplicada a partir do ciclo avaliatório de
ciclo avaliatório. 2022.
Art. 13 - O Termo de Avaliação do servidor conterá as compe-
tências essenciais e os respectivos comportamentos esperados, e Belo Horizonte, 24 de maio de 2022.
os itens de avaliação, constantes na última versão do PGDI elabo-
rado, bem como a escala de avaliação.
§ 1º - As competências essenciais possuem a seguinte escala:
I – apresenta indícios do comportamento esperado, necessi-
tando de melhorias significativas em sua atuação, corresponden-
te a 0, 10, 20, 30 ou 40 pontos;
II – apresenta o comportamento esperado em estágio inicial
de desenvolvimento, correspondente a 50 ou 60 pontos;
III – apresenta o comportamento esperado em estágio inter-
mediário de desenvolvimento, correspondente a 70 ou 80 pontos;
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INSPEÇÃO ESCOLAR
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GABARITO
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1 ERRADO
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2 C
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3 ERRADO
4 ERRADO ______________________________________________________
5 A ______________________________________________________
6 C
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7 D
8 A ______________________________________________________
9 C ______________________________________________________
10 B
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11 B
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12 C
13 A ______________________________________________________
14 E ______________________________________________________
15 D
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