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AquisigGo de lingua estrangeira numa perspectiva de estudos aplicados Maria Alice Venturi A meme éum sixema primorosumence opie: ez nerfs proc notte que enhun engeniivo& ape de dap (Steve Pinker) Perfil de estudos em Linglistica aoteoda e lingua estrangeira no Brasi Maa vcentemene «taj dat perquin’ que norciam oedostbce a "igo de agua exrangia (us) no Bris inserese ein camihosindicados pela ia da Linge Aplicada (4), que scosoidos com uma de independee de ‘lguis. Seguindo o percun da maioria dos exudos cence, os exudate ta Falten de tors ji econnecias,pincipalmente neste eso, da ra da Linge, Ulnando-sede seus conervtesstados de penguins dcxstentes que spresentavarn algama identidae. Vincuada, portato, a dra da Lingistca, 14 era orienta pls dias dos lists, como pode ser perechido nos Anas dos primerosenconteos do Gz. — Grupo de Estudos Linglsicos 1, Anis do Semis, do Gat, ew 1978, € cue contibuigdo Foi fundamental para sa concrecnago coms dreade pesquisa pares formasso dos ingsrsapicades. ‘Des forma, o eruda de Lega Excangis,carctszado como subsea de Ls wlsouse muito de seus cones, ie por sa vex beneficaramse Linge, sida que ben data ern de ing Rarangpios ni corre Primordial aos lings, ter mae gdos Bs ques do esi de ling mate. fis peameoo aa mnguogem ~Duitafte fal pereuiiso, 2 pesquisa na fed do ebsino-aprendizagem de linguas no Brasil volta-se principalmente para a investigagio teérico-especulativa,' baseada em informag6es teéricas advindas principalmente da Lingiifstica, que estabelecem ‘implicagSes para o modo como proceder em sala de aula, sem que esta seja objeto de investigasdo. Ou seja, relacéo com a sala de aula ocorre por simulagio, por exemplo: partir de ptinefpios da Lingifacica texcual, que teorizam sobre tipos de texto, levantarn- = implicagies sobre como se proceder no ensino da redao. Aqul a descrigo de um {ato lingitstco no tem uma relaglo direca como ato de ensinar e aprender linguas. ‘Moita Lopes (1998) diz também que outra tradicio em pesquisa na érea de censino-aprendizagem de linguas ¢ bascada na investigacio do produto da aprendizagem: Assim, a abordagem a ser investigada constitu uma hipécese sobre o proceso Moita Lopes? acrescenta ainda que “6 interdisciplinar cnvolve o interese ¢ ~ sespcto pela voz do aluno":porouvir 6 que o outro esti dizendo com a finalidade de analisar como suas idéias podem corroborar com as perspectivas que se tenha. AA integragio de idsias de campos diferentes é uma forma de pensamento xtico ¢ Moiea Lopes sustenta os dizeres de Portela quando afirma que enquanto © projeto disciplinar distingue, privilegia, consagra, © programa interdisciplinar combina, solidariza, desmistifica: 0 que caracteriza um estégio avangado de secularizagio do conhecimento. Com isto, postulamos o importance vinculo da pesquisa em aquisigio de Le aos conceitos que consolidam a Lingitfstica Aplicada como drea de estudos 0 aprendizado da segunda lingua como wm mental qu pass pola 2 So. pebtgresmrurada de wis abr habiidads cf 2 axcomatzagio¢ incegrasfo Te padréeslinghics. Es teria arma que as habilidads 4 tormam ‘Tatemdvicas ou rocnizadas apenas apis procestos analiics. Desa form, ; procesos analicos controldos incuindose nessa pela esrurorads so a ros pote de apoio pra qx procs utome posss i 0c0E ms i ‘Por outro lado, a Teoria Cagritiva postula A OD im ca os Con sens trabalhados para que o aprendiz desenvolra a lingwager. 2 ae Fp Bsa visio geral das torias/abordagens de aquisifao em ut pode-sereflei no ° eceabimens dos etudos nos epertospertinents de cada wna dele pare melhor ‘Ps Scupamn mais do aspecto linglistico, outras mais do cognitive, outras mais do Ps re spon soa me ‘pas de uma deseas tcorias mencionadas, nfo hi, aualmente, como desconsiderss & Innportinca doe aspecioe interatves, nama pespectiva daléiea de comuniagioy ~ como sendo for crucial para a construgéo conjunta de conhecimento. Também nio fe como desconsiderr abordagens eis relacionadas 3s quests socnculrs ¢ socolinghisicas que levam em conta 0 aprendizado como procsso loci ecialmente e na histéia no estudo da aquisigéo de lingua estrangeira. i ‘Desta forma, Farores como relagBes de poder, afero ¢ emogio, expectativas *cultuia, «identidade ea auto-stima so Fundamentais no proceso de aqusiglo em ‘tp 112, bem como o préprio controle desse proccsto por parce do aprendiz, que consti seu conherimento e seu modo de conseguir esse conhecimento (consciéncia égias cvgnitivas, por exernple)- en ves prem, saris de ct gut ns aos segundo Leff” nem disting entre as expresses lng erngera sepnlngns pireicn wees _. Resse modelo. 120 Aqutiode do tnquapemn ‘expressio, “lingua estrangein”,¢ assim chamada quando a situacéo de ensino acontece no pafs da lingua nativa do aluno, por exemplo, um aluno brasileiro que esaxda italiano ‘no Brasil. Paralelamente, temos também a expressio “segunda Lingua” no cazo em que a Iingua estudada é usada também fora de sala de aula, por exemplo, a situaso do aluno brasileiro que estuda italiano na Itdlia. Neste trabalho, serio desconsideridas tals diferengase, para os dois casos use-se, como termo abrangente, a sigla L2. Breve panorama do desenvolvimento tedrico-linguiistico Seguindo o esudo de aqusigio em L2, serio apresencadas, brevement,aspectos sobre asimportancesteorias que foram econtinuam sendo ponto de partida pari refiextes sor x aqusigio de Tinguigem Gis quaisserdo mais bem detalhadas ém outro capil’ deste liv) ¢ também, epeciicamente, sobre a aquisicio de lingua cstrangcca} = Primeiramente,lehbramos que a corrente behaviorist ou ambiental dene: li WBigem como fator de expotigia a0 titio ¢ decorrénté ds ‘mecanismos camportamentas. © modelo tebrco de Skinner explcava’alingusgém 0 de fidbitos que vo s¢ formando durante a vida por ensaio eer fundamentais os estimulos externos paras “mais especificamente, pouico’ contributa. A’ relevant ‘Num. caminhinverso, contrapondo-se & concepi0 de Skinner, Chotnsiy introduz a idgia do inasismo, No seu modelo tebrico, o autor recainhece as Capacidades' inacas da espécie humana, dentre as quais a faculdade da linguagem ¢ caracrerizada ‘como uma propriedade geneticamente determinada. Procura, assirn, mostrar que um ‘conjunto de regras, presentes na mente dos falantes,explicara 0 fato de que mesmo: ‘com uum input pobre uma crianga aprende um sistema complexo de regrs. Essa teoria, que seré retomada de maneira mais detalhada no capitulo “A pesquisa em Aquisicéo da Linguagem: teoria e prética” dese livro, postula a exsténcia de um mecanismo ou dispositivo inato da aquisicSo da linguagem (em inglés, Lat Language Acquistion Device) que labora hipéteseslingisticas sobre dados lingiisticos primérios (aqueles a que a crianga estd exposta), gerando, entio, uma gramética ‘specifica, que é a gramécica da lingua nativa da erianga, de mancira relativamente ficil e de certo modo instanténeo. Isto é, esse mecanismo inato fax “desabrochar” 0 que “ii est Id", através da projecdo, nos dados do ambiente, de um conhecimento linguistco prévio, sintitico por-natureaa."* aquisigio de linguas. Para alguns autores, existe ai co blo 5 ‘corias interacionais, que recorrem afatores inatos¢ facores ambicatais para explicar 2 prendizagem da ing, rio pela qual teria mais poder explicaivo que as anteriores pa quantdade de fore, varies, caus ¢ procesos que incorporam, | "Assim, coma é caracteritica de todo estudo teérico, a pesquisas em Aquisigio 4d Linguagem formaram um corpo de dados que foram se unindo, complementando- se. contrepondo-se, como acontece em outras dre do conhecimeno, suscitando, tanto, estudos posterior. aera Desa forma, enquanco 2 teorasnatvista “inaisma!” de Chomsky) defendem Se qe Aquisig no depende de outros componentescognitivos ou comporsimensas nu }- dem di interaco social a eos ineracionais sustentam os ferresinaroseambientais yuma perspeciva de interagio como constnicta do cont 6 ‘Considerando, sob outro aspect,'o consenso entre a maiotia dos estudiosos da linguagem no fato de haver muico mais diéuldade no dominio de uma segunds (Gu) por parce do aprendiz. ; dnece os proprios adeptos da teoria fin em sido ade que a disponibilidade se prcmnangntiarde aprendizagm de habia, Da expla osc, ej imitados de gramaticalidade. cea vistestebricas nio-geratvitas que defendem que a dificuldade de ‘de segunda lingua depois da adolesctnca ttm sido revinase reatviradas: “Arguments inceracioninas so levanados com ras is difrengas cree 2 tquiiglo de uv e 14 na ifincia € depois da adolescncs. Contemplam “Bferentesfatoresinterativose sbio-culturais da aquisiio nas duas swags, ‘que caplcaa x extrema difrenca individual nto no proceso de aquisicdo “leur em idade adult, quanto no alvo a ser atngido:o grau de dominio do alvo | pretendido € muito variado.”” Mais tecentemente, a difrentes rele do sjeito com a lingua na aquisigao da ¢ pat aquisigo de Us amon 2m sido nvocadae como explicario par os casos em questo, ‘Char ese problema do aprendizado de Le depois da adolescncia serve-nos também para mostrar que existe uma certs complexidade dos caminhos ebrios ¢ aquisigio de seu lingua depois dx adlestncnndo ¢ mas funo da Ci, an? a aa 3 = Aagitigto de Ingua estrangela numa perspective de estucos apieades 123 ‘em se preocupar em memorizar; repetir frases estezcotipadas; dar um jeito em Gomiinios tais como 0 vocabulirio cécnico, mas sem autorizar auronomia na ‘Comptcensio ou na expressio..c tendo como condisao pars compreender um nundiado em lingua estrangeira, énecesdrio que cle sea traduzido tingua marerna «, pira‘tradurir um enunciado, partir da tradugdo de um enunciado formalado antes em primeira lingua.” “Nate pont, podemos perecber impos d prepa pl profs 8 patience dinner rr aprendem/adquirem linguascstrangeira, sobretudo quando nos referimos 20s adultos aque as aprendem em sicuagées formais. Assim, no vast campo da linguagem, encontramos explicagées de naturezas fey: Inga ns Pdchogls we Skepta oman oe "Anise do Discurso e na Psicanlise. RE on ie li ( que queremos dizer € que, embora se possam leva em consideracio diferentes facores inteatvos esodoculuris, ber como diferentes rages do sujeito com a lingua que determinam o grau de aquisigéo de tz por adultos, ambémi se pode considera aprendizagem adulea de habiidades ea aprendizagem de L2 como wm proceso cogaitvo, ‘ _ ie epee ee cit poy nt me % 17 | iniexiggo do sujcito na caunciagfo, para que sejznotada a coastucge davimagem: emque Fo alune fax de si na produséo da linguagem: = 1°" 28.057 <> oa » Pass Sereni-nfane “a relagio dali wit Flas en, a0 mesmo tempo 2 Sie fama elaro com on dire do ou «com aus pi dues "Tab, Segundo « aurora, a troca fica de priticas de liguagesn implica em um Ne interpretative ¥, ao mesmo tempo, de defesd € r 5 fae de si. Fosaliza- (Ge aqui © fincionamenco de fatoces no cognitivos gue, a gor situam-se ant HS rocribo de equisigio de uma LE. se ae Beers sa he Como veremos mus adiante, aM jd cbasititva do sie flance €evocada ie bale da sprindinagem de uma }. Ness cooctpess, ‘ao peranientes as afitmagBes aiee as, quais esclarecem que, durante’ ‘deserivélvimento de uma LE, sio ae itadas as bases da estrunuracio psiquica e, portant 0s iidciog da primeira lingua. _Apoiando-se, entio, na nosio de forniatao dis iva, podemos observar a ‘elagio daaprendizagem de lingua erangeira coma lao iicdniciente que mantemas coma lingua fundadors: “ox modor diferentes de conkritissgniicagsesemlinguas = ixintas.” “O que se pode cxplicar melhor é a pieponderinci de al ou qual modo de coaserugio do senido, em rela acondigbes de producto discusiva determinadas."™ Pelos principias da Andlise do Discurso, procurimos diseutir 0 encontro de um sujeito com a segunda lingua, ou sefa, a insrigio do sujeito de enuaci | uganda ee gis area rds de he cpm ba ae ; 4 lingua alvo: are sujeto com o saber ¢ a relagi sujeito com ele préprio. = Bea Sobre isso, © que pode interessar também p: avaliag Ss cpode i amb para una liao, por exemplo, da «| produsfo orl, € queso dos “nsuess” no casinoapreaiagem de L2 relacionados || a0 desafio de lidar com o estranhamento ¢ 2s novas posibilidades de signifcincia. Ainda seguindo as propostas de Revus,"! “as exteatégias do aprendiz sspresentam, no nivel imaginério do intadiscurs,ofogo de ideniificasdes simbélicas determinantes do sujeico”, Algumas das eitratégias seria: imitar imediacamence, | alsino coms propostas temas serem | mais familiar ao aluno. Este, pot sua vez, vai se firmando como sujeito da linguagem =. eccomo dono cada ver mais seguro dose dizer: --Semélhangas e diferengd entre aquisi¢ao. de lingua matema e L2 5. Fe ise aqui, uma breve comparago sobre a semelhancas difereagas |edit aquisig! ie primeiras linguas a aprendizagem (sistemacica) das segunda < igquas: Asis comesaremos observando a siuaso em que is proces frou ce Podenos‘afrdiar que uma das grandes diferengas entre a aquisigio de Nogua: + sy itlaedena em toritext6 naturale a aprendizagem de uma segunds lingua em sale de: 4-1 gla teside no fag de que "na aprendizagem de slack aula 0 aluno nfo se vécompelido. “Go. aprender a se communica por uma questio de sbrevivénci.® y y " Aqsa das diferengas, portnto, decore da necessidade da comunicisi6 € «dé fancionaidade'd linguigem envolvida. Na maior parte dos css, a artificialidade, ~ ° do ainbente de sla de aula, suscitada por métodos : | e o ‘Mais umn aspect a sec considerado é que, uma vez dominada uma ling, © domitio de uma segunda e demaislingu2s,principalmente seo process tver inicio | oe dade adalea, eta “aferado por farores como a semelhanga ¢ a dessemelbanga entre a estrutura das mesmas eas clturas em jogo.”™ Por outro lado, para produzic com fluéncia numa dererminada Lagua necessirio o-desenvolvimento de automatismos que se refltem, por exemplo, na tealizaio adequada dos fonemas ou na enconagio. A este rexpito, Mackey" sustenca ce che ogpende ome nenn exh sspendcapen) de novos automatismos. Pesquisas em Psicolingisrcs, no encanto, indicam que 0 dominio de uma Kingua jé garante 0 funcionamenco da Vinguagen, poste de experiéncasestrucuradas ¢ incligeis, va Tinguagem. faro de se possuir 0 ‘com todas as repercussbes da 124 Aqusicao do inqvonem Percebe-se, porém, que os mais velhos possuem maior propensio deemvlinentomelingtce dt agi cxactendo, sin, se aac deaprendizado de Iéxicos mais complexos ¢ referentes a experiéncias mais vasas, de ‘modo geral, bem como a uilizagio conscience de exratgias de aprendizagem. Tis csratégias diferem-se. porrante. daquelas adocidas pela crianga quainda aprende a primeira lingua num contexto natural, espontineo. _Podemos assim, aficmar com Sciar-Cabral que aquisgéo do lxico ¢a _capacidade de plngjaro dscurso numa segunda lingua podem se feclcaas com a ‘anurdade, através de eaacgias meclinglisicas consciences que se concensem nce procedimentos depos transfridos para o so da lingua. Para ess habldades, eno, quanta maior. for o-domfaio lingistico na Mngua nativa, tanto'mais facilitado 0 caminho par a profcincia nas sepundaslinguas nesashabiidades. (© individuo adulto, em vireude de sua manuracéo cogritiva, pode se apoiar em csratégias metalinghisicande pfocessamento (como 0 uso explito da gramitica, * por exemplo), enquanto a eriaica chega as generalzagSex por infeéncia. Ji © descavolvimeats kognitive da; adulro permite o entendimento‘e.2 comunicagiode experiéncias ausentes no espaco eno tempo (0 que crianca consegue zo proceso de sua maturido). Assim, ofitestoe empregados em sala de aula, por

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