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elitr IWS" . TEORIA DAS CONCEPCOES DO MUNDO so-Wilhelm DILTHEY 192668 TEORIA DAS CONCEPCOES DO MUNDO A CONSCIENCIA HISTORICA E AS CONCEPCOES DO MUNDO TIPOS DE CONCEPGAO DO MUNDO E A SUA FORMACAO METAFISICA edicdes 70 ¥ Titulo original: Weltanschauungs Lehre —Das geschichtliche Bevusstsein und die Weltanschauuengen —Die Typen der Weltanschauungen und ihre Ausbildung der metaphysischen Systemen © desta tradugao: Edigdes 70, Lda., e Artur Mordo Tradugdo de Artur Mordo Capa de Edigdes 70 Depésito legal n.* 5189/92 ISBN 972-44-0854-X Direitos reservados para todos os paises de lingua portuguesa por Edigdes 70, Lda. — Lisboa — Portugal EDICOES 70, LDA. — Av. Infante D. Henrique, Lote 306-2 — 1900 LISBOA Apartado 8229 — 1803 LISBOA CODEX Telefs. 859 63 48/859 99 36/859 86 23 — Fax 859 8623 DISTRIBUICAO: DEL - DISTRIBUIDORA DE LIVROS, LDA. Av. Infante D. Henrique, Lote 306-2 — 1900 LISBOA. 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A estas trés manifestagdes do espirito humano é comum a expressio de uma concepgao da vida e do mundo. A posigio de semelhante visio da vida e do mundo na estrutura do espirito humano e no desenvolvimento histérico Por ela operado nao pode psicologicamente deduzir-se. Uma Psicologia explicativa, com efeito, incorre justamente na problematica dos numerosos imutaveis sistemas filos6ficos. O que se pode considerar como seguro na psicologia nao chega para uma explicagdo das manifestagdes mais profundas do espirito humano. Pelo contrario, do nexo da descrigao e da analise psicologica com a anilise dos factos histdricos € que se deverd justamente esperar a fundamentagéo daquela psicolo- gia concreta que possa prestar um verdadeiro serea historia. Vou explicar isto com ee ate) ae méaximas manifestagdes herdicas da historia, a que aqui se leva a bat os factos de dedicagao aos ae fins objectivos é que exclusiva e unicamente possibil ae Seguranga acerca da realidade da vontade, que as analises 41 psicdlogos que trabalham nos seus gabinetes ou no laboratorio psicolégico nunca garantem. Pode, em seguida, reviver-se como o alargamento do Si mesmo pelo acolhimento dos fins objectivos na consciéncia tem como consequéncia um incremento de vigor, de serenidade e poder da vida subjectiva: esta lei empirica foi implicitamente expressa por Espinosa, Leibniz, Schleiermacher e Hegel. Nao é possivel explica-lo. Toda a nossa vida interior gravita em torno das conexdes em que a nossa vida propria esta inserida: esta circunstancia empirica manifesta-se como simpatia, sentimento da honra, consolidagio da nossa vida afectiva pelo assentimento, em suma, de mil maneiras. Tal nado é possivel explicar-se. Que todo o dentro busque expresso num fora e, por isso, produza sempre simbolos tem decerto uma condigéo no nosso meca- nismo reflexo, mas no é dele derivavel. 2. Entre as concretas condicdes fundamentais da nossa vida psiquica, as mais simples sao aquelas que designei como a estrutura da vida animica. Encontra-se, em ultima anilise, condicionada pela relagao do sujeito com o meio em que se encontra. Além disso, demonstrei anteriormente que este meio, enquanto mundo exterior, como o outro, diferente do Si mesmo, como o objectivo, nada expressa a nao ser a circunstancia da resisténcia 4 vontade ligada 4 multiplicidade sensivel. Nao se proporciona aqui nenhuma demonstrag4o da realidade do mundo exterior, pois semelhante demonstrago nao é em geral possivel. Mas a exterioridade reciproca de um Si mesmo e de algo que lhe é externo mostra-se como situagdo empirica, para além da qual nenhum pensamento pode Tecuar, mas que também sempre e em toda a parte, na propria vida, contém esta relagio, a mais originaria de todas. Na relagdo com o meio, a vida propria desfralda-se recebendo e reagindo. — A sua estrutura condiciona que, nesta accao do exterior e na sua reacgdo correspondente, a unidade da vida se diferencie e, no entanto, permanega ao Mesmo tempo referida nesta diferenciagdo. E, claro esta, 0 exterior € sempre 0 todo operante: a imagem do mundo, 0 completo Poder nfo desdobrado, de que se segrega 0 interesse proprio, bem como cada fim que realizamos w” separa-se sempre apenas por selecgdo e preferéncia da mesma conexdo de valores, cuja jerarquia de algum modo se sente. O mundo est4 sempre ai para nds, num nivel qualquer. Mas porque toda esta engrenagem de percepgdo, pensamento e acgao é apenas sustentada pela nossa existéncia individual no impulso e no sentimento, tudo se encontra sob tal referéncia. Aqui esta a mola ou a agitaco do relégio da nossa vida. Sem ela, tudo pararia. Espinosa tem razdo com a sua ima- ginatio. Toda a impressdo contém, juntamente com a imagem, uma determinidade da vida afectiva e impulsiva. Nunca nos é dada a simples vitalidade interior ou o mero mundo externo; ndo so os dois se encontram sempre juntos, mas na mais viva referéncia reciproca: sO o desenvolvimento das produgdes intelectuais ¢ que, progressivamente, relaxa esta conexio. Mas jamais o nosso olhar, o nosso percepcionar e pensar se soltam inteiramente desta referéncia. E visto que também a escolha dos objectos enquanto fins ¢ condicionada por semelhante referéncia, o mundo é para o homem que a abstracgdo nado levou ainda, na esfera do saber e da profisséo, 4 separagao abstracta das fungdes, o que Espinosa designa como o nivel da imaginatio: na imagem é conjuntamente impressaéo afectiva, determinagdo de valor, objecto-fim. A obra da historia € a diferenciagéo que suscita ao mesmo tempo referéncias cada vez mais complicadas. A conex4o adquirida da vida animica contém referéncias sempre mais elevadas, mais finas, mais complexamente elaboradas em que se destacaram, de um modo cada vez mais soberano € autonomo, as fungées singulares. 3. Como primeira lei do desenvolvimento do nosso esforgo Por nos instalarmos no mundo enquanto pensantes, por elevarmos a nossa vida 4 consciéncia — rasgo este que ¢ em nos fundamental e inderivavel — depreende-se que assim como o Si mesmo e 0 mundo sao correlatos, assim também 0 sao 0 ideal da vida e a visio do mundo. Encontram-se numa referéncia intrinseca que, em seguida, tentamos elevar a consciencia. Surge uma visio da vida e do mundo como um todo interrelacionado; expressio da vitalidade. 33 seu. Isto Pode passar por algo de estabelecido. Mas visto que © mundo nao esta ai para nds em virtude de um comportamento simplesmente Tepresentativo, dizemos a este Tespeito: a objectalidade é 0 correlato do Si mesmo. E porque se encontra sempre presente o todo, embora sé como caos sensivel, e sé a partir dele se particularizam o olhar, 0 per- cepcionar e o pensar, dizemos: o mundo € sempre unicamente correlato do Si mesmo. Este tomar consciéncia da vida como mundo encontra-se sempre sob o esquema de algo exterior em que a nossa vida propria actua, o nosso proprio ser psicoldgico; 0 interior, o que se manifesta no exterior, é sempre a forma da nossa apreensdo: por isso, vivemos sempre em simbolos. A vita- lidade propria é inexplicavel, igualmente nao susceptivel de clarificagdo é a sua referéncia ao mundo: possuimos a unidade da nossa existéncia e da sua referéncia ao mundo sempre apenas na conexdo da consciéncia da visio do mundo e do... 4. Consideramos os nexos entre Si mesmo e mundo ou na nossa estrutura, que tém importancia ig a ane da natureza de uma concepgao da vida e do ee ee, O Si mesmo manifesta-se de acordo com a si ana Em consonancia com a sua estrutura Vedat ae oral dadas as fungdes em que se diferencia a sua ” ic bias em gue jd antes como deste modo surge uma conexao te! i ste ‘0 Si mesmo é a base de um desenvolvimento. i. nova relogio é a estrutura ¢ a legalidade da nossa vid = ee afectiva. Surgem assim no Si mesmo as eee ea desta vida impulsiva e afectiva ao outro, a & a fe ie 0 Si vida sensitiva. Tomemos a serio a ee en mesmo também ndo existe sem o outro 01 ae at ei resisténcia se encontra e em referéncia ao qua! 24 presente toda a determinidade de sentimento, todo o estado impulsivo. Assim como nada sabemos de uma situaca espacial que existiria antes da multiplicidade sensivel. de uma faculdade de ver «azul» antes das afecgées, e a es ee hae a ‘strutura, pelo contrario, se converte em sensagdo s6 no estimulo, a natureza da diversidade de estimulos na vista e no tacto sd aparece como espacialidade, assim também o sentimento e o impulso sO surgem com 0 outro, em cuja urdidura aparecem: nada sabemos da estrutura da vida impulsiva antes da multiplicidade dos estimulos; ocorrem ao mesmo tempo. E, por isso, ha sempre também conjuntamente multiplicidade sensitiva e realidade sentida, sentimento e valor afectivo do determinante, impulso e objecto do impulso. E como neste caos sensivel que se desdobra em mundo estas referéncias singulares do Si mesmo ao real, ao valioso, aos objectos do impulso e «finais» que foram destacados, apenas se diferenciam, visto que o real salientado é avaliado precisa- mente segundo as referéncias da estrutura e justamente o valorado se converte em objecto-fim, e deste modo a vitalidade integra funde na sua reacgdo todas estas determi- nag6es nos mesmos pontos distintos e realgados, 0 outro ou 0 mundo transforma-se, em tais pontos, em imagem, valor, objecto de impulso, objecto-fim: recebe todos os predicados que dai fluem; torna-se 0 substrato (isto é, © resistente, 0 miltiplo sensivel, o referido ao Si mesmo) de todos estes predicados, cheio de vitalidade e de urdiduras vitais. Este substrato designar-se-ia abstractamente como substancia ou ser: os seus predicados, como atributos, acidentes, proprie- dades e actividades. Tal é a representagdo primdria do mundo que é, por isso, correlato da autoconsciéncia. Em virtude justamente do caracter teleoldgico da estrutura desdobram-se ‘ambos, o Si mesmo, equipado com consciéncia de si, e a representagio do mundo, no decurso da vida, em reciproca referéncia. Este desenvolvimento esta ligado 4 diferenciagao das fungdes. Em virtude de a vida propria se encontrar teleologicamente estruturada, acrescenta-se 4 consaéncia dos seus estados a interna conexio das suas determinacoc’ de valor e dos seus fins: tal é 0 cerne de todo o ideal de vida. ° trabalho interior em que se regula a vida afectiva ¢ impulsiva € a técnica ético-religiosa. A imagem do mundo recebe assim os rasgos seguintes: por grande que seja a diversidade com que, 10 horizonte do nosso 35 Si mesmo, se distribuem a Tesisténcia, og valores afectivos na multiplicidade Sensivel, seja qual £ Pressig g como se vo diferenciando objectos segunde anne Mody coordenagdo de uma multiplicidade na mudanga, flasao de foi destacado se encontra unificado com Coordena aoe © que e crescente entrosamento interior na unidade do olga Stier sujeito apreensor. Em virtude de experimentar, Te do resisténcia apenas como vontade, ela & para Nés, dew: an algo de volitivo, que pode ser equipado com predicadge” vontade; mas estes dependem da relagdo dos che singulares com a vontade: com efeito, esta Dosis los relagdo sé com os objectos, nado com © todo do aa Bem e mal tomam-se predicados do util e do Prejudicial categorias de forca e causa, de substancia, de esséncia” Gradagées axiolégicas distribuem-se entre as Partes singulares do mundo, segundo a relagdo com o nosso Si mesmo. Nestas teferéncias simples residem Variegadas possibilidades de concepgées do mundo. 5. O desenvolvimento decorrera assim: Na estrutura, as fungdes encontram-se ligadas por teferéncias. O desenvolvimento consiste em duas coisas. Por um lado, na diferenciagdo, no desenvolvimento solto e enérgico das fungées individuais. Com efeito, o que primeiro tem lugar na evolugdo da humanidade é que as fungées vitais obtém, por assim dizer, o livre poder auténomo em que se movem com plena independéncia e se tornam conscientes do que nelas reside. Ha disto consciéncia em Nietzsche. A vivéncia dos fenomenos mais poderosos e unilaterais da histéria: fenome- nOs que seguem o seu caminho através de todos os perigos iriam por si mesmos ao encontro da aniquilagdo. : O lado suplementar do desenvolvimento tem-se, em seguida, através das conexées. — Falemos agora do primeiro. : A percepeao dos objectos esta ao servigo da vida impulsiva j& no animal. Diferencia-se nos diversos Pprocessos _ de Pensamento; quer exista ou ndo uma disposigaéo originarla na alegria pelo pensamento e pela sua evidéncia, na alegria pela expansio sobre os objectos — e a tal favor fala a beatitude da visio, independente da vida propria —: pouco a pouco, @ 36 inteligéncia ocupada com a i : com crescente autonomia, meee mancipa-se, comega a abstracgao do que acompanha a i seploani 4 ‘ Acompanha a imagem do mundo na relag&o com a vida propria; constitui j4 uma primei enorme abstracg4o que os mais anti ae a igos Gregos aba com o olhar um todo vivo e 0 anali eee os isem matematicamente, sem mesclar espiritos bons ou maus nesta consideragao. Se; . ire- mos as | etapas em que anteriormente se decals oa diferenciagdo. A sua condigao ~ explique-se como se quiser - ¢ que © nosso processo cognitivo obtém prazer de, miiltiplos modos: transforma-se, por isso, em valor préprio. E um pro- cesso que sempre ocorre. Mas leva-se a cabo com particular energia nas escolas sacerdotais, em seguida, na confraria pitagorica. A este proceso corresponde a determinagdo da imagem do mundo pela caracteristica de uma vida total unitaria em que se dissolvem os poderes dos bons e maus espiritos. E, em seguida, vira a época em que 0 pensamento, na adaptagdo 4 ordem objectiva, eliminara também esta caracteristica: 0 mundo converte-se em mecanismo. Por isso, pode ainda persistir também, para 0 mundo, a sombra de uma esséncia; a maquina pode ser erigida ou governada por um deus maquinista. A maquina é, por si, inessencial, desprovida de Si mesmo. Mas esta concepgo contém em si a possibilidade de realizar os fins do homem; justamente porque perdeu em si mesma fim e esséncia, porque o mestre de obras que a construiu, por assim dizer, se esvaneceu, ela ¢ agora 0 instrumento inanimado na mao do homem. Assim 0 concebem agora os grandes matematicos e fisicos franceses no séc, XVII: assim como para o imperador romano todas as coisas s40 objectos, assim também o universo se transforma aqui em coisa para a vontade armada com a ciéncia. Isto transfere-se para a propria sociedade. ‘Ai esta a era do positivismo. O seu universo, em virtude do acaso das uniformidades, ¢ teatro ¢ material para a configurag4o da natureza e da sociedade, adequada acidentalmente a inteligéncia. : Excluem-se agora da imagem do mundo os predicados sensiveis, em seguida, 0 espago, por fim, as determinag6es fundamentais do vivo que foram transferidas: substancialida- de, forga e unidade dos objectos. Um processo que, em ultima andlise, apenas deixa © calculo com os fendmenos. Mas tal processo reside unicamente na consequéncia de um pensa- 37 mento que, ao renunciar a apreensfio da essénci o pensar em instrumento de dominagao, Fagg aw transfor, -se a autonomizagdo da imagem do mundo 7 Ssta encontra que o pensamento, comprazido no mundo, y, Universy 3 valor peculiar que ¢ de todo separado da Vida cor ee um entrega-se a ele. Propria; esta Igualmente se destaca da estrutura da vida an; juntura interna, a estrutura e o deseny, afectiva e impulsiva. Na conexdo natural em que a vida dos sentiment, impulsos esta associada aos valores deste mundo ac civilizagéo formaram um sistema dos valores da existénei qual a pessoa encontra a sua satisfacdo. No circulo natu; a an necessidades, valores e satisfagdes, o homem Tealiza im m4 mesmo e um mundo cada vez mais completos na intensifica. gao de uma existéncia repleta de alegre Vitalidade, Mas também aqui se leva a cabo a dialéctica histérica da diversidade e do antagonismo que radicam na estrutura e nas condigées da existéncia. A ordem econémica e a vida social revelam o seu caracter dual. Abranda a articulagao que ainda abarcava o homem por todos os lados. Que resta? Quando se sentem pela primeira vez os limites da nossa acedo, surge a técnica ético-religiosa interior, gue visa alcangar a beatitude do Gnimo mediante a regulagao, e ndo por meio da satisfagdo. Neste desenvolvimento isola-se a sensualidade no sibarita: este regula a vida ao rebaixar o pensamento ea acgao a instrumentos acidentais e passageiros da sensualidade imperante. Os sentimentos superiores convertem-se em meios finissimos de gozo. A lembranga e a expresso tornam-se acepipes. Ou, sobre a mesma base, tem lugar uma viragem inversa. A religiosidade isola-se das suas conexoes naturais. Eis aqui um poderoso processo histdrico-universal que s¢ leva a cabo em todos os sacerdécios e comunidades monacais: € sede das mais profundas beatitudes misticas. Ai aan : sacerdote de Osiris, Buda, Sao Francisco, 0s misticos contemplativos. Ou a arte. ie a Um terceiro processo de diferenciagao introduziré Yontade num desenvolvimento separado ¢ Soon ambém aqui surgem formas diferentes. A vontade em 5 i da substancialidade do nexo teleolégico ea aa eae em que o homem natural realiza the tornot la, quando tal nexo se rompeu ou Se 3 anim Olvimento da e da 8 & dog ultura ea indiferente. A vontade calculado i transforma-se a si mesma Se my eee soberania, vontade de poder que se quer eats de forma genial do seu poder. Um processo tem i! Naa aed ridiculo do que um fildsofo que o consiga admin ane fora o genuino fim da natureza em nés, homens, ea paponto culminante! A: tirania, o sistema "romano. imy sists dominagao, os condottieri os principes do Rewaschent re ideal de Machiavelli. E, como réplica, a vontade que cae ote asua meta na forma da sua lei. Assim 0 estdico, que eatin a sua meta na unidade, na serenidade, constinda e cae da vontade, e Kant, na propria lei, etc. : 6. Esta diferenciagdo e separagdo das fungoes da vitalidade so 0 Unico aspecto constantemente em acgdo no desenvolvi- mento estrutural. Mas somente o tnico! Com efeito, por outro lado, as urdiduras contidas na estrutura adoptam sempre novas formas n0 interior da vitalidade psicofisica. Estas formas relacionais so as que, em rigor, determinam em primeira linha as leis evolutivas da conteudalidade animica. As suas transformagoes encerram os fundamentos psicofisicos explicativos dos mais importantes fendmenos historicos. Os nexos entre fungdes e processos ou estados psiquicos que nelas entram sio, de inicio, de caracter primario: constituem 0 objecto da psicologia elementar. Do ponto de vista metédico, importa aqui assinalar duas colsas. oO conhecimento histérico-evolutivo forga-nos a supor que a diferenciagao nos sentidos, ¢ dentro deles nas suas diversida- des, a aparig¢ao da memoria ou da faculdade raciocinadora se levaram a cabo pouco @ pouco, em ligagao com o refinamento da estrutura fisica. Tal facto — pois assim podemos decerto bre a diferenciagao na qualificar — parece arrojar alguma luz so! pessoa humana singular. Podemos conceder ambas as coisas aos investigadores da natureza, a primeira comet quase segura, a segunda como muito possivel; mas nao podemos pura e simplesmente fazer uma ideia ou um conceito de ee processo: 0 entendimento nao pode remontar a da Vitalidade, cuja fungéo ele é. E parece-mé que a aplicagao da teoria evolutiva 20 ‘mundo espiritual incita energicamente a 39 ar o conceito de semelhante Vitalidade, 4 Psicolog: explcativa, em Condillac, na escola ideolégica, em H bare ora, com a maior consequencia em Spencer, teve de peut ® a facios primarios homogéneos, sensagdes,” represent choques ou vibragdes. Ao transferir assim 0 atomismo Para ¢ dominio espiritual..., incorreu na contradigdo de fazer np: na combinagdo de semelhantes elementos, estados Animicos na percepdo interna, sdo algo de diferente. A Suposigag gi uma forga psiquica unitaria nada também aqui po, de modificar quando se concebe como algo de simples ¢ que se comporta segundo as leis mecanicas. Todas estas tentativas de explicagdo se revelam como absurdas a partir do pring; io cognitivo: a estrutura contida na vitalidade é a Condic&o do conhecer, o conhecimento néo pode remontar além dela, Talvez se possa, no entanto, apontar um Conhecimento qualquer que dilua entre si as diversidades funcionais, 0 attificio do conhecer natural consiste em colocar Telagdes quantitativas como base das telagdes dos sons, Cores, etc,, incomensuraveis entre si, e as diferenciais dos movimentos, etc. Nenhum conhecimento da natureza Proporciona uma efectiva dissolugdo reciproca destes conteudos. Mesmo a Proposicdo acerca das qualidades secundirias, etc., 6 apenas uma proposi¢ao hipotética subsididria, para ld da qual se nos oculta uma conexdo irredutivel de relagGes. O mesmo se passa com a psicologia, visto que tem de acolher como dadas as diferencas estruturais, embora saiba que as mesmas nao sio algo de ultimo. S6 que ela, como ja Kant sublinhara, nao dispde sequer, nas relagdes de grandeza, do meio para, por assim dizer, reduzir tais diferengas 4 unidade. Kant aceitou isto como imodificavel, Herbart e Fechner e os psicofisicos nada ai conseguiram alterar. Permanece aqui uma questio. Por mais plausiveis que sejam as explicagdes dos que tal declaram como de todo impossivel, no so, porém, conclu- dentes, jé que nenhuma lei interna da nossa estrutura implica 2 Sua impossibilidade para todos os tempos. Mas também no Seria explicativa em sentido estrito uma psicologia que oo cfectivamente relagdes quantitativas entre os S$ animicos, sO tk rman mt, ge . ‘© psicologia elementar tem por objecto urdiduras entre as funcd siquicos que nelas ocorrem ges € os factos e estados psiq form: 40 ‘Aqui impos #6 agora um segundo limite da psicologia que, Jo menos nesta altura, parece insuperavel. Nao é qn, estabelecer a relagao dos factos psiquicos sin, ff bey unidade psiquica. A transferéncia da Saaepeas aie oe fracassa face 4 tese exposta por mim e, pouco enue James: as imagens encontram-se sujeitas a um proceso de transformagao. Ora visto que as sensagdes nunca se apresentam isoladas, mas sempre apenas em imagens ¢ é impossivel portanto considera-las como singularidades, e uma vez que, além disso, aumentam e diminuem de jntensidade, séo variadas na qualidade, devem abandonar- -se definitivamente, antes de mais, como unidades constantes. Mas uma segunda proposigdo mostra que também as imagens se encontram sempre em relagdo com a conexao, etc. Isto remonta a mesma regra cognitiva. A diversidade dos estados, das imagens, dos conceitos, das relagdes légicas é psiquicamente dada sempre na percepgdo interna como ‘sustentada por uma unidade. Tal ¢é justamente a vida ani- mica. Podemos vivé-la, mas nao remontar além dela mediante conceitos. , como era de supor, também esta circunstancia possui o correlato na imagem do mundo e nos intentos da sua imagem conceptual. Podemos assim compreender todo o trabalho metafisico que aqui foi despendido para tornar inteligivel a relagdo dos elementos do mundo com a conexdo em que se encontram. Foram inuteis, desde Demécrito, as tentativas de tornar compreensivel a unidade do todo cosmico a partir dos d4tomos! Artificiosas as ménadas de Leibniz, as quais, teleologicamente condicionadas, constituem um todo sem necessidade de interacgdo, to dificil de pensar! Sempre de novo, desde Giordano até Lotze e Fechner, os modos de, 4 maneira de uma consciéncia, etc. : Semelhantes consideragdes mostram-nos de antemdo 0 seguinte: as mesmas dificuldades que a vitalidade animica contrapde 4 conceptualizagdo repetem-se no seu correlato, 0 conceito do mundo, e quando a metafisica separa este do Si mesmo e pretende fazé-lo compreens ivel como algo de independente, fracassa. A psicologia poderia adverti-la do seus destino! No entanto, tanto aqui como além se depara com as mesmas dificuldades, com a dupla vertente da vida, as antinomias do conhecer que pressupdem a sua conceptuali- dade. 41 Esbocemos agora a psicologia elementar analitico-desoqj_ tiva. Pressuponho a minha doutrina da estrutura. Imaginamos agora semelhante unidade em situacdeg diversas, oprimida, configurando-se livremente, etc. as fungdes da sua estrutura acentuadas, por assim dizer, em diferentes relagdes de intensidade. Assim ocorrem as variagdes de que o todo ¢ capaz. E, ao mesmo tempo, tentamos abarcar as transformagdes que sofrem as conexdes elementares e que ocorrem em circunstancias variaveis. Na consciéncia imediata, a vida impulsiva encontra-se antes de mais, estreitamente ligada 4 propria conservacao’ Mas os rasgos simpaticos tém em nés, etc. O alargamento do nosso Si mesmo, que abarca no sentimento a natureza e a sociedade é ao mesmo tempo, enquanto alargamento afectivo elevagdo do sentimento. » 42

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