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Analise Critica do Discurso eproduzidos © combatictos olitico, Com essa investigacao icos do discurso adotam um 10 € &critos no contexto so de natureza to dissidente, os analistas posicionamento explicito ¢, assim, objetivam compreender, desvelar e, em Ulcima instdncia, opor-se a desigualdade social. ‘Alguns dos fundamentos da ACD ja podem ser encontrados na teoria critica da Escola de Frankfurt antes da Segunda Guerra Mundial (Agger, 1992b; Rasmussen, 1996). O atual interesse pela linguagem ¢ pelo discurso iniciou-se com a “linguistica critica”, que surgit sobretudo no Reino Unido ena Austrélia no final da década de 1970 (Fowler et al., 1979s ver também Mey, 1985). Enfoques similares & ACD também podem ser encontrados em certas tendéncias “eriticas” da sociolingufstica, da psicologia ¢ das ciéncias sociais ~ algumas delas remontando a0 inicio dos anos 1970 (Bimbaum, 1971; Calhoun, 1995; Fay, 19873 Fox e Prilleltensky, 1997; Hymes, 19725 Ibanez e Iniguez, 1997; Singh, 1996: Thomas, 1993; Turkel, 1996; Wodak, 1996). Tal como ocorre com essas disciplinas circunvizinhas, a ACD pode lep ser vista como uma reagio contra os paradigmas formais dominantes (myjp, vexes associais ¢ acriticos) dos anos 1960 ¢ 1970. ‘A Andlise Critica do Discurso nfo é na verdade, uma diretri, uma esa, nie a tancas outras “abordagens” nos estuly discursivos. Antes, a ACD objetiv diferente de tcorizagao, anslise € a hem uma especializagio semelha ereccr um “modo” ou uma ‘perspective 100 longo de todos 0s campos, Pod, nenos critica em diversas eas, mos encontrar uma perspectiva mo a pragmética a andlise da conversagio, a anslise da narrativa,a retéricg, a estilistica, a sociolinguistica, a etnografi Para os analistas criticos do discurso, é fundamental a consci cexplicita do seu papel na sociedade. Dando continuidade a uma tradiga, ue rejeta a posibilidade de uma ciéncia “n a andlise da midia, entre outras, 10 valorativa’, 0s analista criticos argumentam que a ciéncia e, em particular, © discurso acadé info apenas sio parte inerente de uma es ura social, mas também sip por ela infl kém de serem produzidos na interagio social. En ver de negar ow ignorar essa relagio entre adémico ex sociedade, osanalistas criticos do discurso defendem que t ‘estudadas ¢ explicadas por si mesmas ¢ que as préticas académicas sciam fundamentadas a partir desse entendimento..A formulagao, a d elo es cxplanagio de teorias. também na andlise do discutso, io sociopoliticamene “situadas’, jostemos disso ou pio. Dessa forma, a reflexto acerca papel dos académicos na Sociedade e na polis transforma-se em uma pare inerente da tarefa proposta pela andlise do discurso. Isso talver.signifique, entre outras coisas, que os analistas do discurso orientam suas pesquisas em solidariedade ¢ cooperagdo com os grupos dominados. ‘A investigagao critica do discurso precisa cumprir uma série de requisios para poder efetivamente concretizar seus objetivos: Como ocorre com outras tradi es de pesquisa mais marginals a investigagio em ACD deve ser “melhor” que qualquer out investigagao para ser aceita. A ACD concentra-se . rincipalmente nos problemas soviais ¢ estes politicas, no lugar de paradigmas correntes e modismos + Aaandlise critica de problemas sociais, empiricamente adequa € normalmente multidisciplinar. 14 + Em ver de meramente deserever estruturas do discurso, a ACD procura explicd-las em vermos das ce especialmente da estrutura social, + AACD enfoca, mais especificamente, os modos como as estruturas rente, mo as estrut do discurso produzem, confirm: my, reproduzem ou desafiam as relagbes de poder e de dominagio na sociedade Fairclough e Wodak (1997: 271-80) sintetizam os principais fundamentos da ACD da seguinte maneira 1) AACD aborda problemas sociais; 2) As relagdes de poder sao discursivas; 3) O discurso constitui a sociedade e a cultura; 4) O discutso tealiza um trabalho ideolégico; ; 5) O discurso € histérico; 6) A telagio entre texto e sociedade é mediadas 7) Aanilise do discurso ¢ interpretativa e explanat6ria; J 8) O discurso é uma forma de agao social. propriedades da interacdo social Apesar de alguns desses fundamentos terem sido discutidos acima, outros necessitam de uma andlise tedrica mais sistemstica. Apresentaremos aqui alguns fragmentos dessa andlise como uma base mais ou menos geral dos principios mais importantes da ACD (para maiores detalhes sobre essas metas dos estudos criticos do discurso e da linguagem, ver, por exemplo, Caldas-Coulthard ¢ Coulthard, 1996; Fairclough, 1992a, 1995a; Fairclough € Wodak, 1997; Fowler et. al, 19795 van Dijk, 1993c). o/s ENQUADRES TEORICOS E CONCEITUAIS Uma vez que no constitui uma diretriz especifica de investigacio, 4 Anélise Critica do Discurso nfo possui_ um enquadre teérico nico, Considerando 0s objetivos mencionados anteriormente, encontram-se muitos tipos de ACD, as quais podem ser bastante diversas do ponto de vista tedrico e analitico. A andlise critica da conversagao ¢ muito diferente de uma andlise de reportagens jornalisticas na imprensa ou de uma anélise das aulas e do ensino na escola. No entanto, tendo em vista a perspectiva ee a 1 porlems eNCOMtar en, Fa uma estreita relaci 5 cam parte de wa CODVESIFi, socal due jomnastica ou de OUtTOS gery Er eipico de muitos estudiosos de 9 vocabulitio fe muitos ettudiovor oder", "dominagio”, “hegemoni:’ Oo figeriminagao”, “iNEETCSSCS”, “re 1 saga’ “disriminag» “inket elas “genet? social” « “ordem social”, além day odugao”, “instituiges'» brs sx do discurso mais familiares. : analigicasdo discus concetos bisicos é assim, dlinear um arei uma série de coneei de maneira critica, discurso, cognigao ¢ Agu enfoca cenquadee tesco que felaciona, sociedade. Maco versus MICRO 0 uso da linguagem, o discurs erbal ¢ a comunicagio 0, a interac pertencem 20 micronivel da ordem social. O poder, a dominacio ¢a desigualdade entre grupos sociais sio tipicamente termos que pertencem lise. Iso significa que a ACD tem que estabelecer “lacuna” existente -entre os enfogques micro e macro ~ evidentemente, uma distingao que é pot simesma, um construto sociolégico (Alexander et. al.. 1987; Knorr-Cetina nurel, 1981). Na interagao e na experiéncia cotidianas, o macronivel (bem como “mesoniveis” intermedidrios) formam um todo saad Toraenpl tum ponuncameno rata no Congress Nacional dc mans one ine scial na siuao expectca de um iasieaaaee paarataen Fepresentar ou ser parte constituinte de to lusio do racismo no macronivel. 7 ‘rentes formas de analisar ¢ relacionar esses ni ga" 4 uma andlise critica unificada: pimaasdtates 1. Mantras. ; ICTS ETUPOS. OS studi 7 de diene grup — Partcipam no discurso com OU instituigdes; ¢, por i - out lado, os grupos enti poy git Tatravés” de seus membros. 16 3, Contexto-estrutua social: de manciea semelhante, an seegoes de interagio discursiva sio partes ou ce Un CT ae ae : 3 jormalstica pode ser uma prtica tpica de organizagiese instiuigos da mia, law & os comtentos “Iocais” € 0s mais “globais” esta intimamente rch jmpoem restrigies a0. = ambos nados 4, Cognigéo pesoal e social. 05 usuirios da lingua, enquanto atores sects possuem cognigio fo pessoal quano social mess conhecimentos e opinises pessoais, bem como aqueles compartilhados com os membros do grupo ou da cultura como um todo. Ambos os tipos de cognigao influenciam a interagio ¢ o discurso dos membros indi uss cnquantn quest epmienbs td i” compartilhadas governam as ages coletivas de um grupo. 25/437 (E PODER COMO CONTROLE Uma nogio central na maioria dos tabalhos erticos sobre o discurso €a de poder e, mais especificamente, de poder social de grupos ou instituicoes. Sintetizando uma complexa anilisefilos6fica € social, definiremos poder social em termos de controle, Dessa mansira, 0s grupos possuem (maior ou senor) poder se farem capazes de exercet (maior ou menor) controle sobre as _atos eas mentes dos (membros de) outros grupos. Essa habilidade pressupse ‘a existéncia de uma base de poder que permita um acesso privilegiado a recursos sociais escasso. sa como a fora o ahs oss oma 2 conhecimento, a informacio, a “cultura” ou, na verdade, as varias formas ver, por exemplo, Lukes, 1986; Wrong, 1979). E possivel distinguir diferentes tipos de poder de acordo com os recursos empregados para exercé-lo: o poder coercitivo dos militares ¢ dos homens violentos estaré baseado principalmentens Forgas jos ricos terdo poder por causa do seu dinheiro; enquanto 0 maior ou menor poder persuasive de pals, rofessores ou jornalistas pode estar baseado no conhecimento, na infor- fe conhecimente oe rmacio ou na autoridade. Note também. que raramente o poder € absoluro, naggo ou na autoridad oe oo uw paunoe oT umes conerobeSOPTE AAO BUD cxdem exercer AiO" ONT pigs socialsesPer’ EO" SM dig, 0 gr OT Josemstuages OUT gu maiO® Bras ACE Ta Onsen remedial paler até mesmo echt “atn | ei i © poder dos gh rma ominacip os caracteristicos dessa hegemony ercido através de atos obviamen, nantes ANI, Pea isis 2 vida dita, com, nas bios fenominow eo raclsm0. nem sempre 0 P por membros dos gTUp es consideradas nor . . aan ans formas de sexsmo €de F2iM0 coin, ne oN os nem rodosos membros de un BYP Taming, (Ese, aaa do.que odos os membrosde grupos dominad Spode df aqui apenas para grupos como um. todo- Para a nossa andlise das relagdes entre discurso ¢ poder, portanto, cons. ‘amos em primeiro lugar que 0 acesso a formas espe da politica, dan ‘Emi segundo lugar, taf como sugerido ante anravés de n se somos capazes de influenciar as menes das pessoas — por exemplo, seu conhecimento ou suas opinides ~, pode 0 samen connor (guns de) suas ag0es; tal Como sabemos, 2 partir da persuasio ¢ da manipulagao. Emi sintése, fechando o circulo disease pes io significa que aguels grupos que controlam o duro nais.inluente também possuem mais chances de controlar as mentes¢33 Para sia i i pat aind mas esas slags to intrincadas, podem petgunes big tS PtUlos a questio do poder discursivo em des . "cas para a investigacso em ACD: ~{ * | Como 0s gruy . (is $4905 (ms) poderosos controlam odiscuso public? ola a mente e a acio dos grupos (men saree msequéncias sociais desse controle (com™ que Gramsct empl Note abusixos praticados por ™ : dea incorporado na miriade de as étipicamen Controle do discurso publica Hivimos de um grupo ou inst oxo conto exerci sobre esses clementorfepn recurso "simbdlica”, como no caso do conhecinnn paca cothesimen dann possui controle com os membros da familia, controle passivo sobre, por exemplo, 0 uso da mt io (van ativo apenas sobre as ‘osamigos ou os colegas, ia. Em muitas stuagoes, fou menor grau, de textos cs, professores ou de autoridades, ia, julzes, burocratas da previdéncia social ou auditores fiscais, 08 quais podem simplesmente dizer-lhes em que devem (ou nio) creditar ou 0 que podem (ou nao) fazer. gr pessoas COMUNS SIO alvos passivos, em maioe nase xctitos, por exemplo, de seus ch is de pol Por outro lado, os membros dos grupos e insticuigses sociais mais poderosos = especialmente seus lideres (as elites) — possuem acesso mais ou “gienos exclusivo a.um 6u mais tipos de discso piblico, exercendo controle sobre esses tipos. Dessa manieira, 0s professores universitirios controlam ‘0 discurso académico; os professores de escola, 0 discurso educacional; 0 jornalistas, 0 discurso da midia; os advogados, 0 discurso juridico; ¢ 0s politicos, 0 discurso da politica e de outros assuntos piiblicos. Aqueles re di Ea LA fi uma definigio discursiva (bem como um diagnéstico pritico) de um dos ll ingpai constituintes do podersocial. Tass nogder Ge aceiae controle dscursivos sto baxame ges € tuma das tarefas da ACD ¢ explicar detalhadamente essas formas de poder. Desse modo, se o discurso é definido em termos de eventos comunicativos compleos, @acesso€ o controle podem ser definidos nyo psa coment quanto pelas prdprias srs de Ses ont a ‘ contexto ¢ definido como a estrutura mentalmente representada daquelas propriedades da situagao social que sio relevantes para a producdo 0u compreensio do discurso (Duranti ¢ Goodwin, 1992; van Dijk; 1998b). O contexto é constitu(do por categorias, ais como a definigao global da situacio, o cendrio (tempo, espago), a8 agdes em curso (incluindo os discursos r waxts lg Aris paps coming, jcipantes eV ents a pestis ment © 08 Be institucional: ¢ ideologias: O controle do Ont : s, acieudes nals dss EOS, Por ey ond ago comunicatvan Cindy “Fexerininandose 2 den iva ou sobre que participantes poy! 200 ound sobre qa oth pe 0 Hg lo 0) postr © QUE 36 cenvolve 0 62! oudevem tu opinides os patcipantes vealizadas araves do discurso, rerio do poet Pah i smbém sobre as estr sncecido, mas tambe! cru Jem ou deve se pal, cambém € cry pod Na representaio 00 0 © io apenas sobre 0 60 rexcosoais escrito, Desst for {aeMOS KEXIO E COMER, egy : bre os «) grupos poderosos Pe idir sobre 0s (posi wea i cf vr ama ocvio em particular. Um prof sc mars ia Fe i OF de um sap, eye reato pessoal ou uma argumentacio (Woes, respectivamente, ¢ 40 um : 198i 1986),_Demaneira ainda mas etca, podemos examinar como falas povcroos podem bus dese poder em isituages por exempl, qn policais usam a obter uma confissio de um suspeito (Linel ¢ a pa Jonsson, 1991) ou controle ners discus cuando editores do sexo masculino impedem que mulhers escrevam as noticias econdmicas (van Zoonen, 1994). —— ‘De modo semelhante, os géneros tipicamente possuem esquema convencionais, compostos por vitias categorias. O acesso a algumas desss categoras pode ser proibido ou obrigatério, 2or exemplo, algumas saudags numa conversagio s6 podem ser usadas por falantes de um grupo soci, clase, idade ou género especificos (Irvine, 1974). ‘Também vital para todo discurso ¢ toda comunicago é quem controls emas (macroestruturas semanticas) €a mudanga de tépico, assim como oo quando os editors decidem que tdpicos noticiosos serio cobertos (Gans 97% an Dijk, 1987c, 1988), ou quando os professores decidem que tp hs inbalads en sade aula, ou ainda quando os homens cont ihman, 1983 a pico em conversas com mulheres (Palmeh Emboraa mah legrini, 1980; Lindegren-Lerman, 1983). ‘maior parte do controle discursivo seja contextual ou 2 t mesmo detlhes loci do sentido, da forma om or da forma ou do estilo podem set We arse creado Dac baie dead eb cb gue Cole. wis, ou copier wi kaso dos, como, por exemplo, os detalhes de uma resposta em sala de aula oi de aula ou nas redacbes dos jonas (Martin Rojo, 1994). Em muitas srcses, o-volume pode ser contolad Em ins aisem a vor” ou “Bquem rola 1991), eem algumas al nece ‘como forma de respeito (Albert, 1972). plc de palavras especficas pode ser proibidoe axado de subversivo ve ama ditadura assim como questionamentos discursvos a grupos cult-

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