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EDO NO pyAnn red bao NO EXPEDISNTE Estado do Piaui Gabinete do Governador Palacio de Karnak MENSAGEM N° 33/GG Excelentissimo Senhor ‘Deputado THEMISTOCLES DE SAMPAIO PEREIRA FILHO Presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Piaui NESTA CAPITAL Excelentissimo Senhor Presidente, Excelentissimas Senhoras Deputadas ¢ Scnhores Deputados, Tenho a satisfagao de dirigir-me a Vossas Exceléncias para que seja submetido a superior deliberagao desse Poder Legislative 0 Projeto de Lei que “Dispde sobre 0 Cédigo de Etica e Disciplina dos Militares do Estado do Piaui ~ CEDME/PI”. © poder disciplinar repousa em origem e razio da necessidade imperiose de aperfeigoamento progressivo do servigo piblico, entendido como a forca (0 poder administrative) inerente & Administragdo Pablica de apurar imegularidades ¢ infligir sangGes a ‘pessoas adstritas ao regime jurfdico dos entes e rglos estatais, bem como, na esfera do estimulo, conceder elogios & condecoragbes as ages meritérias e medidas altermativas & aplicagéo de sanges diseiplinares. ‘Atentos 4 sintonia langada por este Govemo do Estado do Piaui, abragando 0 norte da modernizagio do servigo piiblico, pautado nas mais hodiemas técnicas de administragao e na constante busca pela qualidade, langamos 4 baila este diploma propositivo no sentido de trilhar o espirito inovador desenhado nesta altura da historia. Este Projeto de Lei decorre de estudos realizados nos ambitos da Policia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar do Piaui, no resguardo ao Estado Democritico de Direito, tendo com cerne a observancia do disposto na novatio Lei n° 13.967, de 26 de dezembro de 2019. ‘Ademais, poreste Projeto de Lei temos 2 necessidade da administragiio militar estadual adequar-se a atual realidade Constitucional, que prima por um julgamento cada vez mais justo ‘¢ humano dos desvios de conduta cometidos por seus integrantes, decorrendo num jus puniendi administrativo justo e proporcional em face da intensidade de uma infragio disciplinar. Estatui o §6°, do art.144, da Carta Magna que as Corporagées Militares Fstaduais so forgas auxiliares ¢ reserva do Exército, cabendo como missdes constitucionais, as Policias Militares, realizarem a policia ostensiva e a preservagdo da ordem publica; e aos Corpos de Bombeiros Militares, além das atribuigdes definidas em lei, @ incumbéncia da execugdo de atividades de defesa civil. Destarte, acompankando o compasso da realidade subjacente, mister se faz a adequagdo das suas normas castrenses a essa & ordem constitucional. Com efeito, o Regulamento Disciplinar da Policia Militar do Piaui - RDPM/PI, aprovado por meio do Decreto n° 3.548, de 31 de janeiro de 1980, aplicével tanto a Policia Militar quanto a0 Corpo de Bombeiros Militar Estadual, atualmente, nao cumpre a disposig&io contida no art, 18, do Decreto-Lei Federal n° 667, de 02 de julho de 1969, recentemente alterado pela Lei n? 13.967, de 26 de dezembro de 2019, 0 qual preconiza que essas Corporagies Militares Estaduais serio regidas por um Cédigo de Etica e Disciplina, aprovado por lei estadual cespecifica, que tem por finalidade definir, especiticar e classificar as transgressdes disciplinares © estabelecer normas relativas a sangdes disciplinares, conceitos, recursos, recompensas, bem como regulamentar 0 processo administrativo disciplinar ¢ os dos Conselhos de Ftica e Disciplina Militares, observando-se, os principios, da dignidade da pessoa humana, da legalidade, do devido processo legal, do contraditério e da ampla defesa, da vedagdo de medida privativa e restritiva de liberdade, dentre outros. ORDPMPI, embora, na esséncia de seu aspecto militar, tenha procurado, no decorrer dos anos, garantir os principios da Hierarquia e Disciplina, como pilares basicos das Corporagées Militares, distanciou-se da realidade pelas mudangas socioculturais advindas com 08 ventos democriticos. Em verdade o atual RDPM/PI é uma copia adaptada do Decreto n° 79.985 de 19 de julho de 1977, que aprovou o Regulamento Disciplinar do Exército Brasileiro (R-4), o qual, foi revogado pelo Decreto n° 4.346, de 26 de agosto de 2002; sendo inarrediivel nfo somente uma nova norma disciplinar, para a Policia Militar e Corpo de Bombeiros Militar, como também, ‘uma adequagao as reais necessidades sociais, como a valorizagao do ser humano conforme os ditames constitucionais, Nao obstante, cabe ressaltar que, no raro, os atos administrativos praticados pelas Corporagées Militares Estaduais, arrimados no atual regulamento disciplinar castiense, so contestados ¢ alvos de contundente apreciagao pelo Poder Judiciério, em fungao da nfo observaincia de algumas formalidades e da propria legalidade dos seus alos, contaminando-os de vicios por vezes insandveis e ensejando a sua nulidade, Nesse diapasiio, com a promulgagao da Constituigao Federal de 1988, alcunhada de “Constituiggo Cidada”, ¢ décadas apés, foram inseridas, como vimos com a recente norma infraconstitucional aqui citada, significativas mudangas, havendo necessidade, da administragao militar estadual, de observar corretamente 0 devido proceso legal, assegurando ‘© contraditério e a ampla defesa, bem como, os direitos fundamentais, 0 que nfo foi acompanhado tempestivamente ante a inércia legislativa local. Destarte, a Administragfo Publica, em particular as Corporagdes Militares Estaduais, para bem exercerem as suas atividades, na busca do bem comum dos administrados, necessita da utilizagio de alguns dispositivos de controle, nos quais repousa a sua eficiéneia, ancorada em suas colunas mestras, qual sejam, a hierarquia e disciplina, verdadeiros canones da Administracio Publica Militar, sem, contudo, descurar do Super-Principio da Dignidade da Pessoa Humana. ‘Atentos dis inovagdes sociais, motivadas recentemente, pela norma infraconstitucional recente, alguns Estados, buscando dar atendimento ao disposto no texto constitucional, elaboraram seus Cédigos de Etica e Disciplina Militares, em substituig&o aos anacrénicos Regulamentos Disciplinares para seus servidores Militares Estaduais, como, por exemplo, os Estados de Sao Paulo (Lei Complementar n° 893, de 09/03/01, Regulamento Disciplinar da Policia Militar do Estado de Sao Paulo); de Minas Gerais (Lei n° 14.310, de 19/06/02, Cédigo de Etica e Disciplina dos Militares do Estado de Minas Gerais), do Cearé (Lei n° 13.407, de 21/11/03, Regulamento Disciplinar da Policia Militar do Ceara), do Paré (Lei n° 6.833, de 13/02/06, recentemente alterada pela Lei n° 8.973, de 13/01/2020, Cédigo de Etica e Disciplina da Policia Militar do Para). Sendo que os Regulamentos anteriores eram Decretos-Lei estaduais expedidos pelo Poder Executivo. Sendo assim, no poderiamos olvidar da atual conjuntura das normas Militares Estaduais, as quais se nfo forem inovadas, permanecerio assimétricas com a dinimica em curso. Alids, os regulamentos das Forgas Armadas e de algumas Policias Militares, como antes {iA dito, ja passaram por varias mudangas, buscando a devida e necessiria adequagao com a Constituigdo Federal. So estas as principais linhas de inspiragdo as inovagdes que passaremos a expor. (0 Cédigo de Etica ¢ Disciplina dos Militares do Estado do Piaui - CEDMEPI tem seu conteiido organizado em 20 (vinte) Capitulos, consubstanciando reformulagSes importantes. Os Capitulos “I Das Disposigies Gerais", “I Da Deontologia Militar”, apresentam a finalidade eo mbito de aplicagdo da aplicagao do Codigo de Etica e Disciplina, norteado pelos pilares da hierarquia e da disciplina ¢ 0 niicleo comum e deontolégico acerca dos valores, dos deveres e da ética militares, instaurando formalmente o dever-ser esperado e exigivel pela adminisirago castrense no intento funcional; ‘No Capitulo IIT “Da Competéncia”, temos a materializagéio da competéncia, por meio do controle disciplinar, exercido pelas autoridades elencadas no art. 13, do Projeto do CEDMEPI, com seu limite de atuagZo na aplicago do jus puniendi administrativo, configurando regras claras para a efetivacdo das _normas. disciplinares, por meio do escalonamento da autoridade nos respectivos graus de Comando. Ainda concernente ao Capitulo III temos a definig&io do que vem a ser transgressio disciplinar com sua classifica¢ao sistematica no art, 18, por meio de pargrafos em separado, obedecendo & ordem de gravidade, quais sejam, no §1° as GRAVES, no §2° as MEDIAS, eno §3° as LEVES, o que proporcionara mais seguranga e uniformidade na andlise e subsungio ao fato praticado. No rol de transgressdes, foi dada mais énfase as condutas decorrentes da atividade operacional, sobretudo Aquelas surgidas no trato diério com a populacio, valorizando fortemente a cultura do respcito aos dircitos humanos, jé bem disseminada no ambito das Corporagdes Militares Estaduais piauienses. ‘No Capitulo IV. que trata “Das Sanges Disciplinares” 0 Projeto traz a manutengio, na esfera disciplinar castrense, das sangdes de adverténcia, repreensio, licenciamento, exclusio a bem da disciplina, demissio e a reforma disciplinar compuls6ria com suas hipéteses de aplicago, tendo, por fim, como inovagdo a sangio de “suspensio”, alternativamente a ser aplicada em substituigdo as sangdes cerceadoras de liberdade (detengao e pristo disciplinares) até entiio em pleno vigor, a serem exclufdas ex vilegis, por meio da sua omission nova norma disciplinar. ‘Ainda acerca da suspensio, temos a repercussdo pecuniria, em especifico para as transgressdes de naturezas graves ¢ médias, capituladas no art. 18, §§1° ¢ 2° do Projeto de Lei, sendo um avango a substituigio da constrigdo da liberdade por pectinia, ao tempo em que faz justica com o erario, ante 0s dias nio trabalhados pelo servidor militar punido. © Projeto em comento, em seu Capitulo V trata do “Conhecimento e da Comunicago Disciplinar”, em que tomos que todo militar, em especial a autoridade disciplinar ao tomar conhecimento tem o dever de tomar as providéncias cabiveis para que possa ser apurado 0 ato ou fato transgressional, © Capitulo VI, que trata “Da Disponibilidade Cautelar”, como o proprio titulo ja expressa, trata-se de verdadeira medida acautelatoria da preservagao da ordem administrativa e da disciplina militares, de caréter no sancionatério que se presta a retirar, temporariamente, 0 militar estadual do exercicio das fungdes do local onde ocorreu 0 fato, até o término da sua apuragao, devendo prestar suas atividades laborais em Organizagao Militar na localidade para 6 qual for designado, sem que tenha antecipadamente quaisquet prejuizos pecuniarios ou disciplinares. © Capitulo VIL, que trata “Da Apuracdo, do Julgamento, da Aplicacdo e do ‘Cumprimento da Sangio Disciplinar’’ tem através destes pressupostos 0 ceme da aplicago dos principios da legalidade, do devido processo legal, da ampla defesa na busca na manutengao da ‘ordem administrativa nas Corporagdes Militares, por meio da apuragio e consequente sangio disciplinar se cabivel ou o pertinente encaminhamento da lide administrative verificada, No Capitulo VII, que traté “Do comportamento das pragas”, femos os preceitos normatives atinentes ao comportamento disciplinar das pragas militares estaduais com a classificagao, reclassificagio e & melhoria, com a justa atualizagio de mudanga de comportamento no’ devido tempo de acordo com as sangdes disciplinares de adverténcia, repicensio e suspensio que hes tenham sido aplicadas; No Capitulo IX, que trata “Dos Procedimentos e Processos Administrativos Disciplinares, temos a insergiio no Codigo de Ftica e Disciplina dos Militares do Estado do Piaui (CEDMEPI), de modalidades procedimentais investigatorias que buscam a identificagao a autoria e da materialidade nos desvios de conduta praticados pelos militares estaduais por meio da Sindicdncia (Seed 1), ja procedida de forma apenas inguisitéria na seara administrativa castrense, bem como dos danos materiais através do Inquérito Técnico (Segao IID, apontando-se, por meio deste tltimo, a responsabilidade do causador do dano, com as consequéncias civeis cabiveis, se necessério, ¢ por fim os processos administrativos disciplinares a serem realizados, observando-se os principios do devido processo legal, da ampla defesa ¢ do contradit6rio, na apurac3o da materialidade disciplinar de transgressbes que poderdo ser leves ou. médias através do Processo Administrativo Disciplinar Simplificado (Segao IV) e de transgressdes médias ou graves, através do Processo Administrativo Disciplinar Orditidtio (Segao V), este tiltimo que também seré adotado para apreciar a permanéncia ou no {as pragas com estabilidade, nas fileiras da Corporagio Militar Estadual, se for 0 caso, com seu consequente licenciamento da bem da disciplina, Temos ainda neste Capitulo, na SegGo VI que trata Dos Conselhos de Etica e Disciplina, a insergio de normativos leguis inerentes & instauraggo dos Processos AGiministrativo Disciplinares especais, denominados Conselhos de Disciplina (Subsegao 1) ¢ Conselhos de lustificapdo (Subsea 11), destinados,respectivamente, a apreciar a permantncie Ou nao das pragas militares estaduais com estabilidade na fileiras da Corporacdo Militar No Capitulo X, que trata “Do Rito Processual”, temos os ditames de como serio realizados os processos administrativos disciplinares ordindtios e os especiais (os Conselhes de Diseiplina e de Justiicacio), observadas além das suas disposigdes especifiees, us proces de instauracdo, instruydo, defesa (propriamente dita, em alegagaes finais) ¢ julgamento, care Ultimo, que sera o ato da autoridade que os instaurar. No Capitulo XI, que trata “Da Ampla Defesa e do Contraditério”, temos que em todos os Processes administrativos disciplinares serio sempre assegurados ao acusado a ampla defesa & ¢ contraditério, com os meios ¢ recursos inerentes, sendo facultado ao acusado apresentar sua defesa por escrito, pessoalmente ou por meio de defensor e assegurado os prazos processes ¢ fecursais inerentes segundo a previsdo neste Projeto do Cédigo de Etica e Disciplina dos Militares do Estado do Piaul (CEDMEPI), ‘No Capitulo XII, que trata “Dos Recursos Disciplinares”, temos que o militar estadual gevsado em processo administrative disciplinar podera interpor os recursos disciplinares - pedido de reconsiderasio de ato (Segao 1) c recurso hierdrquico (Sepa ID) O primeiro contra ato da autoridade instauradora que o puniu e o segundo interposto a autoridade imediatameate interposto 0 pedido de reconsideraco de ato, em caso de inconformismo por parte do acusado. No Capitulo XII, que trata “Do Prazo Decadencial e da Coisa Julgada Administrava”, temos neste Projeto, que a interposiedo no ambito dos recursos discipinares fem que ocorrer dentro do prazo fixado.na Lei, tendo como. Parimetros a intimacdo e a No Capitulo XIV, que tata “Da Revisio dos Atos Disciplinares”, temos que as qutordades Competents para aplicar a san¢o disciplina, quando tiverem conhesiment9, por gin seeursal ou de ofcio, da possivelexistncia de imegularidade ou ilegalidade, na apicneso da sano, poderto praticar em face do ato disciplinar- a retficagio, a relevagiey « atenuago, 0 agravamento e a anulacao. No Capitulo XV, que trata “Da Reabilitagdo Disciplinar”, tomos que a reabilitagao cabera com 0 efetivo e constante ‘bom comportamento do militar na vida Publica, privada e na vida profissional, tendo como consequéncia 0 cancelamento de sangdes disciplinares aplicadas, com a retiada dos respectivos registros nos assentamentos indivicuais do mite dy ativa, observado o decurso do tempo, competindo este instituto da Reabilitago Disciplinar a0 Comandante Geral da respectiva Corporagdo Militar, No Capitulo XVI, que trata “Das Recompensas”, temos estas como o reconhecimerto dos bons servigos prestados pelo militar, ocorrendo sob a forma de clogios; referéncias elogiosas ¢ dispensas dos servigos, destacando-se neste Projeto, o elogio nas modalidades - elogio individual, elogio individual filantrépico e elogio coletivo, cabendo seus registros no assentamentos do militar contemplado. ‘No Capitulo XVII ~ “Dos Incidentes Processuais”, temos na Segdo T- Do _Incidente de Insanidade Mental ¢ na Seco I — Do Sobrestamento, Na primeira temos que a autoridade (ou comissio) processante poder’ propor a realizagao do exame de insanidade mental no militar acusado (a0 qual ¢ facultado a submeter-se) ou mesmo sua submissdo caso assim 0 requeira nos autos. Quanto & Seso II - Do Sobrestamento, temos este como uma suspensio dos atos procedimentais ou processuais, devido a fatos supervenientes, que impedem o seu prosseguimento, tais como - motivo de forga maior, ordem judicial que determine suspensio do procedimento ou proceso administrative disciplinar, designago de defensor dativo pela autoridade instauradora; realizagdo de exame de insanidade mental. No Capitulo XVIII — “Do Ajustamento de Conduta”, temos aqui como sendo a composigio administrativa fandada nos principios constitucionais da eficiéncia, economicidade, proporcionalidade ¢ razoabilidade para reparago voluntiria de danos materiai ao patriménio pertencente Corporagio Militar, pelo autor que a eles deu causa, efetivando-se ‘por iniciativa da autoridade disciplinar competente, mediante assinatura do Termo de Ajuste de ‘Conduta pelo causador do dano e pela autoridade designada para o procedimento de Sindicdncia ‘ou Inquérito Técnico, ficando 0 causador do dano (0 militar, causador do dano) isento de responder a processo administrativo disciplinar contra ele instaurado e de ser contra ele aplicada sango disciplinar, caso sejam cumpridas as obrigagdes constantes do termo. No Capitulo XIX que trata “Dos Defensores”, temos inicialmente na Segdo I ~ Da Defesa Técnica, que esti nos procedimentos e processos administrativos sera exercida pelo advogado legalmente constituido pelo militar acusado ou investigado ¢ na Segdo II - Do Defensor Dalivo, que a falta de defesa técnica por advogado nao impediré o prosseguimento do proceso administrativo disciplinar, que ocorreré com a designagéo de um oficial para atuar como defensor dativo, deixando de atuar nos autos, caso seja constituido advogado pelo acusado, ‘No Capitulo XX que trata “Das Disposigdes Finais e Transitérias” dentre outros, temos como relevante que para fins de cancelamento de punigdes, as sangdes disciplinares de detengiio ¢ prisio, aplicadas anteriormente a este Cédigo, corresponderiio as sangdes de suspensio, Ainda neste Capitulo tem-se que a ago disciplinar prescrevera em 06 (seis) anos, contados da data do conhecimento do fato pela administragdo militar estadual. Temos @ aplicagio, supletiva, aos processos e procedimentos administrativos, pela ordem, das normas do Cédigo do Processo Penal Militar, do Codigo de Processo Penal e do Codigo de Processo Civil. Por fim, que os Comandantes-Gerais poderio baixar instrugdes complementares conjuntas, necessérias 4 interpretagdo, orientag4o ¢ fiel aplicagdo do Cédigo de Etica Disciplina dos Militares do Estado do Piaui CEDME/PI, que serio revogadas todas as disposigdes em contrario, em especial, as Leis n°s. 3.728 e 3.729, de 27 de maio de 1980 € 0 Deereto n°. 3.548, de 31 de janeiro de 1980. Mesmo cdnscios de que até a promulgagdo do CEDME/PI sero iniimeras as reunides, criticas, sugestoes e alteracdes que este Projeto poderd softer, ndo esperamos que em nenhum momento abandonemos o seu objetivo principal - a Justiga e a Seguranga Juridica do Militares Estaduais piauienses. Assim, sabendo da importancia da matéria e a necessidade de regulamentagao, solicito apreciagdo pelas razdes expostas, a aprovagio do Projeto de Lei que ora submeto a superior consideragio desse Egrégio Poder Legislativo. José Wellington Barroso de Aratijo Dias Goyernador do Estado do Piaui 770 ND EYRE IENIOD La A aad da em, 16 _1Rtt Palécio de Karnak PROJETO DE LEI N° 26, DE 28 DE JUNHO DE 2021 Dispde sobre 0 Cédigo de Etica e Disciplina dos Militares do Estado do Piawi ~ CEDME/PI. © GOVERNADOR DO ESTADO DO PIAUI, Faso Saber que a Assembleia Legislativa decretou ¢ eu sanciono a seguinte Lei: CAPITULO I DAS DISPOSICOES GERAIS Segdo 1 Da Finalidade e do Ambito de Aplicagao. Art. 1° Esta Lei tem por finalidade dispor sobre 0 Cédigo de Etica e Disciplina que trata do poder disciplinar no ambito das Corporagdes Militares Estaduais - Policia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piaui, definindo competéncias, transgressbes, circunstancias para sua aplicacao, instrumentos de apuraco, punicdes, recursos, recompensas, revisio dos atos disciplinares e reabilitagio, Pardgrafo tinico. A aplicag2o do poder disciplinar visa & protegio de valores, preceitos éticos ¢ deveres do militar estadual, & garantia da legalidade, da disciplina e hierarquia militar, Prineipios indispensdveis para que as Corporagdes atinjam plenamente sua missio constitucional de preservagao da ordem piiblica e respeito aos direitos humanos. Art, 2° Estio sujeitos a este Cédigo os militares estaduais da ativa, inativos (da reserva remunerada ¢ reformados), bem como os militares estaduais em circunstancias de agregagZo ou no desempenho de cargos ou fungdes puiblicas de natureza civil. § 1° Estardo também sujeitos a este Cédigo os militares estaduais temporirios, na forma da Lei. § 2° Os alunos matriculados nos cursos militares estario sujeitos as normas intemas das respectivas unidades de ensino e, subsidiariamente, do constante neste Cédigo. § 3° O militar da reserva remuncrada convocado para atividade estard sujeito, além destas normas, as dispostas em legislagao especifica. Art, 3° Para efeito deste Cédigo, consideram-se Organizagdes Militares - OM: Comandos Gerais, Comandos Intermediérios, Corregedorias, Coordenadorias, Diretorias, Unidades de Ensino, Unidades de Saiide, Locais de Instrugies, Corpos de Tropa, Unidades ¢ Subunidades Operacionais, Presidio Militar, dentre outras, na forma da Lei. Seco IL Dos Principios Gerais da Hierarquia e da Disciplina Art. 4° A hierarquia e a disciplina sto as bases das Corporagdes Militares Estaduais. § 1° A disciplina e 0 respeito & hierarquia devem ser mantidos, permanentemente, pelos militares estaduais. § 2° A civilidade, a camaradagem, a confianga e a lealdade so indispensaveis & formagio ¢ ao convivio nas Organizacées Militares, incumbindo aos seus integrantes incentivar e manter a harmonia ¢ a solidariedade, promovendo estimulos de aproximagao e cordialidade. Art, 5° Hierarquia militar € a ordenagdo progressiva da autoridade, em niveis diferentes, por postos e graduagdes, da qual decorre a obediéncia, dentro da estrutura da Policia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, culminando no Governador do Estado, Comandante superior dessas Corporagdes. § I° Para efeito desta Lei, a palavra Comandante, quando usada genericamente, engloba também as fungdes de Comegedor, Diretor, Chefe, Gerente e Coordenador. § 2 A ordenagio da autoridade se faz por postos graduagdes, de acordo com 0 escalonamento hierirquico, a antiguidade e a precedéncia funcional. § 3° Posto € 0 grau hierdrquico dos oficiais militares estaduais, conferido por Decreto do Governador do Estado. § 4 Graduacdo & 0 grau hierérquico das pragas militares estaduais, conferida por Decreto do Governador do Estado. § 5° Salvo disposi¢do legal contréria, a antiguidade entre os militares estaduais dentro das respectivas corporagées, em igualdade de posto ou graduacio, sera definida sucessivamente elas seguintes condigdes T-data da tltima promogao; Il- prevaléncia sucessiva dos graus hierérquicos anteriores; IIT classificago no curso de formacio, adaptaclo, habilitagao, nivelamento ou aperfeigoamento; TV- data de nomeagao, admissZo ou incluso; Y- maior idade. § 6° Durante 08 cursos militares prevaleceré, para eftito de antiguidade, a ordem dé classificago definida pelos regimentos dos respectivos cursos. § 7° Ap6s os cursos de formagao de oficiais e de pragas prevalecerd, para efeito de antiguidade, a ordem de classificago obtida nos respectivos cursos. § 8° A precedéncia funcional ocorrer quando, em igualdade de posto ou graduagio, 0 oficial ou a praga T- ocupar fungao que The atribua superioridade funcional sobre os integrantes do érgiio ‘ou servigo que ditige, comanda ou chefia; IL-0 militar ativo, em relagdo aos inativos, Art, 6° Disciplina militar é a exteriorizagio da ética profissional ¢ manifesta-se pelo exato cumprimento dos deveres do militar estadual, traduzindo-se na rigorosa observancia acatamento integral das Constituicdes, leis, regulamentos, normas ¢ ordens, por parte de todos 6 integrantes das Corporagdes militares estaduais. § 1° Sio manifestagSes essenciais da disciplina: T-a observiincia das prescrig6es legais ¢ regulamentares: TI- a pronta obediéneia as ordens dos seus superiores hierarquicos, salvo se manifestamente criminosa; IIL proatividade em beneficio do servigo; IV- a corregio de atitudes; ‘V-as manifestagdes espontineas de acatamento dos valores ¢ deveres éticos; VI- a colaborago espontanea na disciplina coletiva e na eficiéncia da Corporagio. Art. 7° As ordens devem ser prontamente acatadas ¢ executadas, § I° Cabe ao militar a inteira responsabilidade pelas ordens que der ¢ pelas consequéncias que delas advierem. § 2° Cabe ao subordinado, ao receber uma ordem, solicitar os esclarecimentos necessirios 20 seu total entendimento e compreensio. § 3° Quando 2 ordem contrariar preceito regulamentar ou legal, de forma no manifestadamente expressa, o executante poderd solicitar a sua confirmaco por escrito, cabendo 4 autoridade que a emitiu atender a solicitagao. § 4° Cabe ao executante que exorbitou no cumprimento de ordem reecbida, a responsabilidade pelos excessos ¢ abusos que tenha cometido, CAPITULO IL DA DEONTOLOGIA MILITAR Segiio I Disposigdes preliminares Art. 8° A deontologia militar é constituida pelos valores e deveres éticos, traduzidos em normas de conduta, que se impGem para que o exercicio da profisso do militar estadual atinja plenamente os ideais de realizagdo do bem-comum, mediante: I relativamente aos policiais militares, a preservagio da ordem piblica e a garantia dos poderes constituidos; IL- relativamente aos bombeiros militares, a protego da pessoa visando sua incolumidade, em situagSes de risco, infortiio ou de calamidade. § 1° Aplicada aos componentes das Corporagdes Militares, independentemente de posto ou graduagdo, a deontologia militar reine principios ¢ valores iiteis ¢ lgicos a valores espirituais superiores, destinados a elevar a profissdo do militar estadual a condigao de misao. § 2° O militar estaual, ao ser admitido nas Corporagdes, prestaré compromisso de honra, em cardter solene, afirmando a consciente aceitagdo dos valores e deveres militares e a firme disposi¢ao de bem cumpri-los. §3° O compromisso a que se refere § 2° deste artigo sera prestado na presenga de tropa, conforme os seguintes dizeres: “Ao ingressar na Policia Militar do Estado do Piaui (ou Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Piaui), prometo regular a minha conduta pelos preceitos da moral, cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que estiver subordinado e dedicar-me inteiramente ao servico militar, & manutengo da ordem pibblica e a seguranca da comunidade, mesmo com © risco da propria vida”. Segdio II Dos Valores Militares Art. 9° Os valores fundamentais determinantes da moral do militar sto os seguintes: I-respeito aos direitos humanos, especialmente 4 liberdade, a igualdade, a seguranca, A vida, & integridade fisica e a propriedade;

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