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(© DESENVOLVIMENTO HUMANO NA TEORIA DE PIAGET Marcia Regina Terra’ Apresentagio © estudo do desenvolvimento do ser humano conetitui uma area do ‘conhecimento da Psicologia cujas proposigtes nucleares concentram-e2 no osforeo de compreender 0 homem em todos os seus aspectos, englobando fases desde 0 nascimento até o seu mais completo grau de maturidads e estabilidade, Tal esforco, conforme mostra a. linha evolutiva da Psicologia, tem cuminado na elaborapio de varias teorias que procuram reconstituir, a pari de diferentes metodologias e pontos de vistas, as condicdes de produgS6 da representacao do mundo e de suas Vinculages com as visdes de mundo e de homem dominantes em cada momento histérico da sociedade. Dentro essas teorias, a de Jean Piaget (1896-1980), que & a referéncia este nosso trabalho, nao foge @ regra, na medida em que ela busca, como as some € qu l6gica passa do nivel elementar para o nivel supetior? Como se dé o proceso de elaboragao das idéias? Como a elaboracio do conhecimentoinfluencia a adaptac3o a realidade? Etc. PProcurando solugdes para esse problema central, Piaget sustenta que fa génese do conhecimento est no préprio sujeto, ou seje, 0 pensamento légico Néo 6 inato ou tampouco extemo ao organisimo mas é fundanentalmente construido na interagto homem-objeto. Quer dizer, o desenvolvimento da filogenia humana se da através de um mecanismo auto-regulatério que ter como base um ‘ki de condigoes bioldgicas (inatas portanto), que é ativado pela apo e interagao do organssmo com © meio ambiente - fisico © social (Rappaport, op.ct). id est, tanto a experiéneia sensorial quanto o raciocinio so fundantes do processo de constiticao da inteigéncia, ou do pensamento légico do homem, Esta implicito nessa ética de Piaget que o homem é possuidor de uma estrutura biolégica que 0 possibilta desenvolver o mental, no entanto, esse falo por se nao assegura 0 desencadeamento de fatores que propiciarao 0 seu desenvolvimento, hala vista que este s6 acontecera a patir da interacdo do sujeito ‘com 0 objeto a conhecer. Por sua vez, arelagdo com 0 otjelo, embora essencial, da mesma forma também nao é uma condicao suficiente ao desenvolvimento cognitivo humano, uma vez que pata tanto & preciso, ainda, o exefelcio do raciocinio. Por assim dizer, @ elaborapao do pensamento légico demanda um proceso interno de feflexéo. Tais aspectos deixam 4 mostra que, ao tentar descrever a origem da Constituigao do pensamento légico, Piaget focaliza procasso intemo dessa construc, Simpiificardo 20 méximo, 0 desenvolvimento humano, ‘no modelo Piagetiano, é expicado segundo 0 pressuposto de que =xiste uma conjuntura de Telagdes interdependintes entre o sujeilo conhecedar e ¢ objets « cxrhecer. Esses fatores que s80 complementares envolvem mecanismes bastante complexes, © intrincados que englobam o entrelagamento de fatores que s#o complementares, tals como: 0 processo de maturacao do organism, a experiénca com objetos, @ vivéncia sociale, cobretudo, a equlibragéo do organismo ao meio, © conesito de equilbragao toma-se especialmente rarcante na teoria de Piaget pois ele representa o fundamanto que expica todo o proceso do desenvolvimento humano. Trata-se de um fendmeno que tem, em sua esséneia, um crater universal, j4 que & de igual ocorréneia para todos os individuos da espécio humana mas que pode softer variacdes em fungao de cantatdos cuiturais de meio fem que o individuo esta inserido. Nessa linha de raciocinio o trabalho de Piaget leva fem conta a atuagéo de 2 elementos basicos ao desenvolvimento humano: os fatores invariantes © os fatores varientes. (a) Os fatores invariantes: Piaget postula que, ao nascer, o individu recebe como heranga uma série de estruturas bioldgicas - sensorias e neurolégicas ~ que permanecem constantes ao longo da sua vida. Séo essas estruturas biologicas que |rao predispor o surgimento de cetas estruturas mental. Em vista disso, na linha Piagetiana, considera-se que o individuo carrega eansigo duas marcas inatas que S80 @ tendéncia natural a organizagao e a adeptacao, signifieando entender, portanto, que, em ditima instincis, © ‘moter’ do compertamento do homem & Inerente a0 ser, (©) Os fatores variantes: so representados pelo concelto de esquema que Constitui a unidade basica de pensamento e agao estrutural do modelo piagetiano, sendo um elemento que se tranforma no processo de interagao com o melo, Visando 8 adaptagao do indlviduo ao real que o circunda, Com iss0, a tecria psicogenética deixa a mostra que a inteigéncia ndo & herdada, mas sim que ela é construlda no proceso interativo entre o homem e meio ambiente (Fsico e social) em que cle ‘stiver inser, Em sintese, pode-se dizer que, para Piaget, 0 equilbrio é o norte que © organismo almeja mas que paradoxalmente nunca aleanga (La Taille op cit), heja vista que no pprocesso de interaeao podem ocorrer desajustes do meio ambiente que rompem ‘com 0 estado de equilsrio do organismo, eliciando esforsos para que a adaptagso se restabelega, Essa busca do organisma por novas formas de adaptacao envolvem dois mecanismos que apesar de distinios so irdissocidvels © que se ‘complementam: a assimilacao e a acomodacgo, (2) A assimilago consiste na tentatva do individuo em solucionar uma determinada situaggo a partir da estrutura cognitiva que ele possui naquele momento especifico da sua existéncia, Representa um precesso continuo na medida tem que 0 individuo esta em constante atvidade de interpretagao da realidade que Todeia e, consequentemente, tendo que se adaptar a ela. Como 0 processo de assimilagao representa sempre uma tenlativa de ntegragéo de aspectos ‘experienciais aos esquemas previamente estruturados, ao entrar em contato com 0 ‘objeto do conhecimento o individuo busca retirar dole as informagoes que the interessam deixando outras que nao the s80 tao importantes (La Taille, video), visando sempre a restabelecer s equllbrayéo do organismo, (b) A acomodagao, por sua vez, consiste na capacilade de modificagao da estrutura mental antiga para dar conta de dominar um novo objeto do conhecimento. Quer dizer, a acomedagao representa "o momento da azo do objeto sobre 0 sujeito” (Freitas, op.cit.65) emorgindo, portanto, como « elemento complementar as intoracdes sujelto-objeto, Em sintese, toda experiéncia ¢ assimilada a uma estrutura de ida jd existentes (esquemas) podendo prevocar uma transformagao esses esquemas, ou seja, geranco um processo de acomedagio. Como observa Rappaport (1951:56), Os processos de assimilagao © acomodacao so complementares © ‘acham-se presentes durante toda a vida do individuo e permitem um estado de ‘adaptagao intelectual (..) E muito dificl, se néo impassivel, Imaginar uma situacao fem que possa ocorrer assimilagao sem acomodacao, pois dificimente um objeto & igual a outro conhecido, ou uma situacao é exatamente igual a outa, Verse nessa idéia de “equilbragéo" de Piaget a marca da sua {ormagao como Biblogo que o levou a tragar um paralelo entre a evolucao biolégica da espacie e as construgses cogntivas. Tal processo pede ser representado pelo seguinte quadro: ambienta 0 desequiltrio ‘qulbrapa majorante assimiagso scomodaco essa perspectiva, 0 processo de equilbragio pode ser definide como tum mecanismo de organizagao de estruturas cognitivas em um sistema coerente {ue visa a levar o individuo a construcéo de uma forma ie adaptagao a realidade, Hala vista que 0 “objeto nunca se deixa compreender totalmente” (La Taille, op ct), © conceit de equiibragdo sugere algo mével e dinémizo, na medida em que a ‘onstituicdo do conhecimento coloca 0 individuo fferte a confitos cognitvos constantes que movimentam o organismo no sentido de resolvélos. Em citima instancia, a concepeéo do desenvolvimento humano, na linha piagetiana, deixa ver {que & no'contato com 0 mundo que a matéria bruta do conhecimento ¢ ‘atrecadada!, pois que no processo de construgdes sucessivas resutantes da relagao sujeito- ‘objeto que o individuo vai formar 0 pensamento légico. bom considerar, ainda, que, na media em que toda experiéncia leva fem graus diferentes a um provesso de assimilagso e acomodagao, trata-se de entender que 0 mundo das idéias, da cognico, 6 um mundo inferencial. Para avangar no desenvolvimento & preciso que o ambiente promova condigdes para transformagies cognitvas, id est, 6 necesséro que se esiabelega um confito cognitive que demande um esforgo do individuo para superivlo a'fim de que 0 equilibrio do organismo seja restabelecido, e assim sucassvamente, No entanto, esse processo de transformacao vai depender sempre de como indlviduo vai elaborar © assimilar as suas interagées com o meio, ‘sso Porque a visada conquista da equllbragéo do organisma ‘ellos as elaboragdes possibiitadas pelos niveis de desenvolvimento cognitvo que o organismo detem nos Giversos estagios da sua vida. A esse respeite, para Piaget, os modos de Felacionamento com a realidade so divididos em 4 periados, como destacaremos ra préxima segao deste trabalho, 3) Os estigios do desenvolvimento humano Piaget considera 4 perfotos no processo evelutivo da espécie humana que 880 caracterizados "por aquilo que o individua coxsegue fazer melhor" no decorrer das diversas faixas etarias 20 longo do seu processo de desenvolvimento (Furtado, op cit). S20 eles: + 1° periodo: Sensério-motor (0 a 2.anos) + 2° periodo: Pré-operatério (2.7 anos) + 3° poriodo: Operacdes concretas (7 a 11 ou 12 anos) 1+ 4° periodo: Operagds formsis (11 ull 12 she em dante) Cada uma dessas fases 6 caracterizada por formas diferentes de organizagao mental que possibiltam as diferentes maneiras do individuo relacionar- se com a realidade que 0 rodeia (Colle Gilléron, 1987). De uma forma geral, todos 08 individuos vivenciam essas 4 fases na mesma seqléncia, porém o inicio © 0 término de cada uma delas pode softer variagdes em funedo das caracteristicas da estrutura biolégica de cada individuo e da riqueza (ou nfo) dos estimulos proporcionados pelo melo ambiente em que ele estverirseride, Por isso mesmo & que “a divisao nessas faias etarias 6 uma referéncia, @ no uma norma rig conforme lembra Furtado (op.ct). Abordaremos, a seguir, sem entrar em uma descrigo detalhada, as principals caracterlsticas de cada im desses periodos. (a) Periodo Sensério-motor (0 a 2 anos): segundo La ~aille (2003), Piaget usa a ‘expressao "a passagem do caos a0 cosmo" para taduzt o que o estudo sobre a construgdo do teal descreve e explica. De acordo com a tese piagetiana, "a crlanga hnasce em um universe para ela caético, habitado por cbjetos evanescentes (que desapareceriam uma vez fora do campo da percepgao}, com tempo © espago subjetivamente sentidos, e causalidade reduzida a0 poder das ages, om uma forma {e onipoténcia" {id ibid). No recdm nascido, portanto, as fung6es mentaislmitam-s= {0 exercicio dos aparelhos reflexos inatos, Assim sendo, o tniverso que circunda a crianga é conquistado mediante a percepeao e os movimentos (como a sucgé0, 0 movimento dos olhos, por exemplo). Progressivamente, a crianca val aperfeigoando tals movimentos reflexos e adquirindo habilidades e chega ao final do periodo sensério-motor ja se concebendo dentro de um cosmo "com objetos, tempo, espago, causalidade ‘objtivados e solirios, entre os qual situa a si mesma como um objeto espectico, agente e paciente dos eventos que nele ocorrem" (a bid), (©) Periodo pré-operatério (2 2 7 anos): para Piaget, o que marca a passagem de perodo sensériomotor para 0 pré-operatorio € o apareciriento da funoao simbolica ‘ou semidtica, ou seja, é a emergéncia da linguagem. Nessa concepsio, a inteigéncia é ‘anterior 2 emergéncia da linguagem @ por 8S mesmo “nao se pode atribuir & linguagem a origem da logics, que corstitul 9 nucleo do pensamento racionat" (Colle Giliéron, op.cit). Na linha piagetiana, desse modo, a linguagem & considerada como uma’ condigéo necesséria "mas no suficente ao desenvolvimento, pois existe um trabalho de reorganizagso da ago cognitive que no 6 dado pela linguagem, conforme alerta La Taille (1992). Em uma palavta, isso implica entender que o desenvolvimento da linguagem depende do desenvolvimento da inteigéncia, TTodavia, conforme demonstram as pesquisas psicogendticas (La Taille, op.cit: Furtado, op.ct, etc.), a emergéncia da linguagem acarreta ‘modificagSes importantes em aspectos cognitvos, afetivos e sociais da erianga, uma vez que ela possibilia as interagées interindividuais e fomece, principalmente, capacidade de trabalhar com representapdes para atribui significados a realidade, Tanto € assim, que a aceleracdo do alcance do pensamento neste estagio do desenvolvimento, & atrbuida, om grande parte, as pessibiidades de contatos interindividuais fornecidos pela inguagem Contudo, embora o alcance do pensamento apresente transformagSes importantes, ele caractetiza-se, ainda, pelo egocentrismo, uma vez que a crianga nao concebe uma realidade da qual ndo faca parte, devido & auséncia de esquomas Conceituais e da légica. Para citar um exemplo pessoal relacionado & questao, lembro-me muito bem que me chamava & atenc3o o fato de, nessa faixa etaria, 0 meu fiho dizer coisas do tipo “o meu carro do meu pai", sugerindo, portanto, 0 egocentrismo caracterstco desta fase do desenvolvimento. Assim, nesta estagio, tembora a crianca apresente a capacidade de atuar de forma logica e coerente (em fungdo da aquisigso de esquemas sensorlais-motores. na fase anterior) ela apresentaré, paradoxalmente, um entendimento da realdade desequlibrado (em fungao da auséncia de esquemas conceltuals), conforme salienta Rappeport (op.ct). (©) Periodo das operagées concretas (7 a 11, 12 anos): neste periodo o ‘egocentrismo intelectual e social (incapacidade de se colocar no ponto de vista de outros) que caracteriza a fase anterior da lugar a emergéncia da capacidade da ctianga de estabelecer relagées @ coordenar pontos de vsta diferentes (préprios e de outrem } @ de integré-los de modo légico © caerente (Rappaport, op cit). Um ‘outro aspecto importante neste estigio refere-se ao aparecimento da capacidade da ctianca de interiorzar as acdes, ou seja, cla come;a a realizar operagies mentaimente © ndo mais apenas através de agdes fisicas tipioas da inteligéncia sensério-motor (se the perguntarem, por exemplo, qual 6 a vareta maior, entre varias, ela seré capaz de responder acertadamente comparando-as mediante a ago ‘mental, ou seja, sem precisar medi-las usando a a¢ao Tsic), Contudo, embora a ctianga consiga raciosinar de forma coerente, tanto os esquemas conceituais como as agdes executadas mentalmente se referem, nesta fase, a objetos ou siuagdes passive's de serem manipuladas ou imaginadas de forma concieta. Além disso, conforme pontua La Tails 1922:'7) se no periodo pré-operatério a crianca ainda nao havia adquirido a capacidade de reversiblidade, le., "a capacidade de pensar simultaneamente o estado inicial e 0 estada final de alguma transformagao efetuada sobre os objetos (por exemple, a auséncia de ‘conservagao da quantidade quando se transvaza 0 conteldo de um capo A para outro B, de didmetio menor), tal reversibiidade sera construlda a0 fongo dos estgios operatorio concreto e formal (4) Periodo das operacdes formais (12 anos em diante): nosta fase a crianga, ampliando as capaciades conquistadas na fase anterir, j& consegue raciocinar sobre hipéteses na medida em que ola 6 capaz de formar esquemas conceituais abstratos e através deles executar oparagdes mentais dertro de principios da légica formal. Com isso, conforma aponta Rappaport (op.ct:74) a crianga adquite "capacidade de critcar os sistemas socials e propor nevos cbdigos de condita: ciscute valores morais de seus pals e contiél os seus proprios (adquirind, portant, ‘sutonomiay" De acordo com a tese piagetiana, ao atingir esta fase, o individuo adquire a sua forma final de equilbrio, ou seja, ele consegue alcangar © padrao intelectual que persisira durante a idade adulta, Isso nao quer dizer que ocorta uma ‘estagnago das funcdes cognitivas, a partir do apice edquirido na adolescéncia, ‘como entatiza Rappapon (op 763), “am nerd 9 forma pretaminanta de raciocinie utlizada pelo aduito. Seu desenvolvimento posterior consistié numa ampliagdo do ‘conhecimentos tanto em extens’o como em profundidade, mas no na aquisieao de novos modos de funcionamento mental’ Cabe-nos problematizar as considerag6es anteriores de Rappaport, a partir da sequinte reflexéo: resultados de pesquisas® tim indicado que adultos ‘pouco-letradoslescolarizados” apresentam modo de funcionamento cognitive “balizedo pelas informagdes provenientes de dados erceptuais, do contexto concreto © da experiencia pessoal" (Oliveira, 2001a:148). De acordo com os pressupostos da teoria de Piaget, tals adultos estariam, portanto, no estigio ‘operatério-conereto, ou seja, nao teriam alcangado, ainda, 0 estégio. tinal do desenvolvimento que caracteriza o funcionamento do aduto (\Sgico formal). Como & ue tals adults (operatério-concreto) poderiam, ainda, adguinrcondigaes de ampliar © aprofundar conhecimentos (lagico-formal) se naa Ines é reservada, de acordo com 2 respectiva teoria, a capacidade de desenvalver “novos modos de funcionamento mental’? - als, de acordo com a teoria, nao dependeria do desenvolvimento da cstrutura cognitiva a capacidade de desenvolver o pensamento descontextualizado? Bem, retomando @ nossa discusséo, vale ressaltar, ainda, que, para Piaget, existe um desenvolvimento da moral que ocorte por etapas, de acordo com 08 esidgios do desenvolvimento humano. Para Piaget (1977 apud La Taille 4992:21), "toda moral consiste num sistema de regres © a esséncia de toda moralidade deve ser procurada no respeito que 0 indviduo adquire por estas Fegras’. Isso porque Piaget entende que nos jogos coletivos as relacoes interindividuais s20 regidas por normas que, apesar de herdadas culturalmente, podem ser modificadas consensualmente entre os jogadotes, sendo que o dever de ‘Tespeité-las' implica a moral por envolver quest6es de justiza e honestidade. Assim sendo, Piaget argumenta que o desenvolvimento da. mora! ‘brange 3 fases: (a) anomia (ctiancas até 5 anos), em que a moral nao se coloca, ‘u soja, as regras sd seguidas, porém o individuo ainda nao esta mobilizado pelas felagoes bem x mal e sim pelo sentido de hablto, de dever: (b) heteronomia (crlangas até 8, 10 anos de idade), em que a moral é = a autoridade, ou seja, as regras nao cortepondem a um acordo mituo firmado entie os jogadores, mas sim ‘como algo imposto peta tradigao e, portant, imutavel; (c) autonomia, coresponde 20 titimo estigio do desenvolvimento da moral, em que hé a legitmagao das regras © 8 crianga pensa a moral pela recjprocidade, quer sea o respetto a regras é tentendido como decorrente de acordos mutuos entre os jogadores, sendo que cada tum deles consegue conceber a si proprio como possivel egislador’ em regime de ‘cooperarao entre todos os membros do grupo, Para Piaget, a propria moral pressunée intelgéncia, haja vista que as Telagses entre moral x intelgéncia tém a mesma légiea atrbuida as relacses Inteligéncia x linguagem. Quer dizer, a intolggnela é uma condieao necesséria, Porém nao sufciente ao desenvolvimento da moral, Nese sentido, a moralidade Ribero (2001, 2002) Clveka (20018); Luria (2004) implica pensar o racional, em 3 dimensées: a) regras: que sao formulagées verbais, coneretas, explictas (como os 10 Mandamentos, por exempla); b) principios: que fepreseniam 0 espirito das regras (amai-vos uns aos outros, por exemplo); ¢) valores: que dao respostas aos deveres e aos sentidos da vida, permitindo entender de onde sao derivados os principios das regras a serem seguidas. Assim sendo, as relagdes interindividuals que so regidas por regras envolvem, por sua vez, relapses de coaco - que correspande & nogao de dever. @ e cooperapae - que pressupde a nogso de arliculagao de operagdes de dois ou mais sujetos, envolvendo nao apenas a norto de ‘deve’ mas a de ‘querer’ fazer. \Vemos, portanto, que uma das peculiaridades do modeo piagetiano consiste em gue 0 papel das relagbes Interindividuais no proceso evolutve do homem é focalizado sob a perspectva da ética (La Taille, 1992). Isso implica entender que "o ‘desenvolvimento cognitive & condigao necessaria ao pleno exercicio da cooperagao, mas no condigao suficiente, pols uma postura ética devera completar o quad" (dem p. 21), 4) As conseqiléncias do modelo plagetiano para 1o8o pedagégica Como ja foi mencionado na apresentacio deste trabalho, a teoria Psicogenttica de Piaget nao tinha como objetivo principal propor uma teoria de ‘prendizagem. A esse respeito, Coll (1992:172) faz a eeguinte observagio: "ao que se sabe, ele [Piaget] nunca partcipou diretamente nem caordenou uma pesquisa com objetivos pedagégices". Nao obstante esse fato, de forma contraditoria aos interesses previstes, portanto, © modelo piagetiano, curiosamente, velo a se tomar uma das mais importantes diretizes no campo da aprendizagem escolar, por ‘exemple, nos USA, na Europa e no Brasil, inclusive, De acordo com Coll (op.ct) as tentativas de aplicagéo da teoria genética no campo da aprendizagem s0 numerosas e variadas, no entanto os Tesultados praticos obtidos com tais aplicagSes nao podem ser considerados to ‘rutiferos. Uma das razdes da dificil penetragao da teoria genética no ambito da escola deve-se, principalmente, segundo o ator, "ao difil entendimento do seu Contetido conceitual como pelos método de analise fermalizante que utllza © pelo estilo as vezes ‘hermética’ que caracteriza as publicagoes de Piaget’ (idem p. 174). Col (op.ct) ressalta, também, que a aplicagao educacioral da teoria genetica tem como fatores complicadores, entre outros: a) as dlifcullades de ordem técnica, metodolégicas © tecricas no uso de provas operatérias como instumento de diagnéstico psicopedagégico, exigindo um alto grau de especializagao © de prudéncia profissional, a fim de se evitar os riscos de serios eftos. b) a predominancia no "como" ensinar colcca 0 objetivo do “o qué" ensinar em segundo plano, contrapondo-se, dessa forma, ao carster fundamental de transmissao. do ‘saber acumulado culturalmente que é uma fungao da instituigto escolar, por ver esta de caréter preeminentemente _poltco-metodolégico @ nao téonico como ‘ragicionalmente se procurou incuti nas idéias da sociedade; c) a parte social da escola fica prejudicada uma vez que o raciocinio por tras da argumentagao de que 2 crianga vai atingr 0 estégio operatério secundariza a nogao do desenvolvimento do pensamert =riicn; d) a Idéia hasion dm s-snbuviviema postlande que 9 atividade de organizagdo @ planificagao da aquisicéo de conhecmentos este a cargo do ‘aluno acaba por nao dar conta de explicar 0 caréter da intervengo por parte do professor, e) a idéia de que 0 individuo apropria os contetidos em conformidade com © desenvolvimento das suas estruturas cogntivas estabelece 0 desafio da descoberta do “grau dtimo de desoquilbrio’, ou seja, 0 objeto a conhecer no deve estar nem além nem aquém da capacidade do aprendiz cenhecedor. Por outro lado, como contribuigées contundentes da teoria psicogenética podem ser citados, por exemplo: a) a possiblidade de estabelecer objetivos educacionais uma vez que a teoria fornece pardmetros importantes sobre o ‘proceso de pensamento da _crianga’ relacionados 30s estidios "do Gesenvolvimento; b) em oposigéo as vistes de teorias behaviorstes que ‘onsideravam 0 erro como interfeténclas negatvas no processo de aprendizagemn, entro da concep¢ao cognitvista da teoria psicogenstica, os erros passam a ser entendidos como estratégias usadas pelo aluno na sua tintatva de aprendizagem de novos conhecimentos (PCN, 1998); ¢) uma outra contribulgao importante do tenfoque psicogenstico fol langar luz & questao dos diferentes estos individuals de aptendizagem:; (PCN, 1998); entre outros Em resumo, conforme aponta Coll 1992), as relagSes entre teoria psicogendtica x educaeae, apesar dos complicadores cecorrentes da "dicotomia entre os aspectos estruturais © os aspectos funcionais da explicagéo genética" (idem, p. 192) @ da tendéncia dos projetos privlagiarem, em grande parte, um Feducionismo psicologizante em detrimento ao social (allée, motivo de caloroso debate entre académicos’), pode-se considerar que a teoria psicogensica trouxe ‘contribuigSes importantes ao campo da aprendizagem escolar 5, Consideragdes finais, A eferéncia deste nosso estudo fol a teoria de Piaget cuj Proposi¢des nucleares dao conta de que a compreensdo do desenvolvimento humano equivale @ compreensdo de como se da 0 proceso de constiuigao do ensamento légico-formal, matematico. Tal proceso, que é explicado segundo o Dressuposto de que existe uma conjuntura de relaodes interdependentes entre © Sujeito conhecedor e 0 objeto a conhecer, envolve recanismos complexos e intrincados que englobam aspectos que se entrelagam e se complementam, tals como: © processo de maturagao do organismo, experiéncia com objetos, Vivencia social e, sobretudo, a equilbracie do organismo ao meio. Em face as discussdes apresentadas no decorrer do trabalho, cremos Ser licto conciiir que as idéias de Paget repreeentam um salto. queltativo na ‘compreensio do desenvolvimento humana, na medida em que é evidenciada uma tentatva de integracao entre o sujeito © o mundo que o drcunda. Paradoxaimente, er Becker (1894) 0 Siva (1003,1994) contudo - no que pese a rejeicdo de Piaget pelo antagonismo das tendéncias objatvista e subjetivista - 0 papel do meio no funcionamento do individua é relagado ‘@ um plano secundario, uma vez que permanece, ainda, 2 predomindncia do individuo em detrimento das influéncias que o meio exerce na construpae do seu conhecimento, REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS BECKER, F. A propésito da “desconstrugéo". Educacao e Realidade, Porto Alegre, 49(1):3.8, janfiun, 1904 FURTADO, ©; BOCKAM.S; TEIXEIRA, MILT. Psleolglas: uma introdugéo 20 ‘stud de psiciogia. 13.ed. Sao Paulo: Saraiva, 1999 COLL, C. As contribuigées da Psicologia para a Educagéio: Teoria Genética @ ‘Aprendizagem Escolar. In LEITE, LB. (O1g) Piaget @ a Escola de Genebra, S80 Paulo: Editora Cortez, 1992, p. 184-187. COLL,C.; GILLIERON, ©. Jean Piaget: 0 desenvolvimento da intelgéncia e a construgao do pensamento racional. In, LEITE, L.B. (01g) Piaget © 2 Escola de Gonebra. 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Parémotros curioulares nnacionais: torceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: lingua estrangeira Brasilia: MECISEF, 1908 SILVA, T.Tda._ Em resposta a um pedagogo ‘epistemologicamente correo’ Educapao e Realidade, Porto Alegre, 19(2):0-17, ule, 1904 Desconstruindo 0 construtvismo pedagégice. Educagao e Realidade, Porto Alegre, 18(2):3-10, juldez. 1803 - Acomodagi - Adaptacs GLOSSARIO DE TERMOS PIAGETIANOS ~ Abertura: realizagio das possibilidades operativas de uma sstrutura de ‘comportamento (verbal, motora e mental). reestruturagdo dos esquemas de assimilago. O rovo conhecimento representa a acomodagao. movimento de equilfbrio continuo entre a assimilagio e a acomodagao, O individuo modifica o meio e é também modificado por ele, - Animismo: concepetio de objetos inanimados com vida ou intencionalidade. Por ‘exemplo: quando a crianga diz que “o carro do papai foi dormir. na garagem”. = Aprendizagem: ~ Assimilag modificagao da experiéncia resultante do comportamento. No sentido restrito (espectfico) aprender que algama coisa se chama tua, "macaco”. No sentido amplo "aprender a estruturar todos os objetos no universo -m sistemas hierdrquicos de classificagao" (Kamil, 1991: 22). E. esenvolvimento, incorporacdo da realidade aos esquemas de ago do individuo ou 0 proceso em que o individuo transforma o meio para satisfagio de suas necessidades. O conhecido (conhecimento anterior) representa a assimilapdo. 6 bi aprendizagem quando os esquemas de assimilagio soffem acomodaedio. Assimilagio e acomodagio sio processos indissociaveis e complementares. ~ Auto-regulagio: ccaractersticas que as estruturas tem de se ordenarem e organizarem a si ‘ausalidade: interapto entre objetos. Como vineulo causal -é firmar a relagdo entre entecedente & conseqilente como necessaria (dado A -B é inevitivel, nfo pode deixar de sen) Como uma espécie particular de sintese, constituindo no fato de que a alguma coisa A, outra coisa completamente diferente, B, Higa-se seauindo uma reara (no sentido I6vico-matemtico. = Centrasio: fixagio da atengo em um s6 aspecto da totalidade, isto & do objeto ou da situagdo (Ramozzi-Chiarottino, 1988: 37-43) - Cibernética: ‘aciéncia ea arte da auto-regulaglo. ~Condutismo, culturalismo ou behaviorismo: teoria psicoldgica que sustenta que o desenvolvimento do ‘comportamento humano é determinado pelas condigées do meio em que © organismo esta inserido. Esta teoria valoriza 0 meio ou a aprendizagem por condicionamento; = Conservagiio: ‘uma invariante que permite a formagio de novas estruturas. "A invaridincia é a conservaedo. A estrutura é apenas um, funcionamento levaré a formagdo de novas estreturas" (Lima, 1980: 56) Pode ser observada na érea: ‘Légico-matematica: conservagio dos nimeros, et. Fisicas: Substincia, peso, volume, etc. Espaciais: Medida, rea, ete, - Construtivismo: © desenvolvimento da inteligéncia é como se fosse uma construgo realizada pelo individuo. “refere-se ao processo pelo qual o individuo desenvotve sua prépria Iimteligéncia adaptativa e seu préprio conhecimeato" (Kari, 1991 "um construtivismo, com a elaboraedo continua de operagées e de nnovas estruturas. O problema consist, pois, em compreender como 'se ‘efetuam tais criagBes e por que, ainda que resultem construcdes ndo- pré-determinadas, elas podem acabar por se toraarem légicamente nnecessirias” (Piaget apud Piattelli-Palmarini, 1983: 39). "é de natureza construtivist, isto & sem pré-formagdo exdgena (empirismo) ow endgena (inatismo) por contimas ultrapassagens das elaboragdes sucessivas, 0 que do ponto de vista pedagdgico leva incontestavelmente a dar énfase nas atividades que favoregam a espontaneidade na erianga” (Piaget, 1908) - Construtivismo seqiiencial: desenvolvimento da inteligéncia faz-se por complexidade erescente, ‘onde um estigio (nivel) é resultante de outro anterior. ~ Desequilibrio: a ruptura do estado de equilibrio do onganismoe provoca a busca no sentido de condutas mais adaptadas ou adaptativas. Assim, educer seria propiciarsituagdes (atividades) adequadas aos estigios de desenvolvimento, como também, provocadaras de conflito cognitive, para novas adsptacdes (atividades de assimilagac e acomodago). O {que vale também simplesmente dizer que eduearé desequilibrar 0 organismo (individuo, 1), ~ Desenvolvimento: 0 processo que busca atingr formas de equillbrio cada vez melhores ‘ou, em outras palavras, & um processo de equilibragdo sucessiva que tende a uma forma final, ou sej, a aquisigfo do pensemento operatério formal. Pode-se dizer ainda que & a construgio de estruturas of estratégias de comportamento. Gira em tomo daatividade do organismo que pode ser motora, verbal e mental E a evolugio do individuo, - Dindmica de grupo: "A expressio ‘dindmica de grupo’ refere-se a vérios tipos de atividades «exercidas por treinadores sobre grupos humano:" (Lima, 1980: 73), - Epistemologia: (epistemo = conhecimento; e logia = estudo) estado do conhecimento, ~ Epistemologia genética: estudo de como se passa de um conhecimento para outro conhecimento superior. - Equilibragio: cconcepgio global do processo de desenvolvimento e de seus resultados estruturais sucessivos. O proceso de equilibragdo define as regres de transiglio que dirigem o movimento de um estigio a outro dentro do desenvolvimento (Azenha, 1993), Ou refere-se ao processo regulador interno de diferenciag2o e coordenaglo que tende sempre para wma ‘melhor adaptagao (Kasi, 1991: 30) - Equilibrasio majorante: ‘mecanismo de evolugao ou desenvalvimento do organismo. E 0 aumento do conhecimento, ~ Esquema: modelo de atividade que o organismo utiliza para incorporar 0 meio, ~ Estigios: patamares de desenvolvimento que se dé por sucessac - Estrutura: ‘um conjunto de elementos que se relacionam entre si. A modificagio de ‘um gera a modificagio do outro. Ou ainda, "é um conjunto de elementos relacionados entre side tal forma que ndo se podem definr ou caraeterizar os elementos independentemente destas relagées" (Ramozzi-Chiarottino, 1988: 13), - Evolus processo de organizagdo em niveis progressivamente superiores. - Experiéncia: ‘contato do organismo com a realidade ou a interagdo do sujeito com 0 objeto. - Fungio semistie ccapacidade que o individuo tem de gerar imagens mentais de objetos ou ages. "A fico semiética comeea pela manipulagdo itatva do objeto € prossegue na imitago interior ou diferida (imagem mental). na ‘auséncia do objeto. Ea ano semistica que permite 0 pensamento" (ima, 1980: 102) - Funcionamento: ‘apacidade que o organism tem de adquirirdterminaéa ordem na rmaneira de agi. Imagem mental: um produto da interiorizasSo dos ats de intligncia, Const num decalgue, néo do préepo objeto, mas das acomodagbes propias da apo que incidem sobre o objet. Cepia do objeto realizada através do senscrio-moter.F a imagem erada na mente de um objeto ou agio distane ~ Inatismo: teoria pscolégica que sustenta que o desenvolvimento do ‘comportamento humano da-se a partir de condigSes intemas do proprio onganismo, como se este jérouxesse dentro de as posibildades de seu desenvolvimento, Esta tora valoriza a matiagio do organismo; = Inovagio: reorganizagio em nivel superior ~ Inteligéncis capacidade de adsptagio do organismo a uma stag nova Ou, inteligéncia¢ ma adapragdo" (Piaget, 1982) Our, dizer que inteligéncia én easo pertiular da adaptagtio biokdgica&, pos, supor que ela éesseneatmente rma organizagdo & qe sua fargo & a de esirurar 0 universo como 0 organisice estrutura o meio imediato” (Piaget, 1982). ~Interacionismo: teoria psicol6gica que sustenta que o desenvolvimento do comportamento humano ¢ uma consirug resultant da relagio do arganismo com o meio em que est inser, Esta eoriavalorzn igualmente o organismo e 0 meio. - Interesse: sintoma da necessdade - Intugo: uma represenagio consiruida por meio de percep interiorizadas € fixes endo chega ainda 20 nivel da operagao. Ou, € un pensamento imaginado.. inde sobre as conguragdes de conjuntoe no mais sobre simples eolegdessincréieas simbolizados por exemplarestipos. = Sogo simbstico: reprodupio de situagdes a vivides pel indviduo através de imagens ments, (90 jogo simbélico) “a representardo¢ nitida ec significant Aiferenciado pode serum gest initattvo, prem acompanhado de objeto que vo se rornanao simotcos" (Page, Inheider, 1989: 48) iberdade: estado de pleno funcionamento do organismo. ppermissio dada pelo grupo para que cada um de seus componentes utilize suas aptiddes para comandar este grupo, quando a situagtio cexigir,¢ ele seja.o mais indicado para tal situagao. = Logieizagio: processo de transformar o pensamento simbélic e intuitive em pensamento operatrio. - Microssociologi fren de estudo das relagdes de interago, de um individuo com os outros. -Motivagiio: sentimento de uma necessidade, - Necessidad desequilibrio na organizagio interna do organismo. - Nominalismo: "“‘conviegdo de que os nomes (palavras) esto ligados, essencialmente, ds coisas (pensamento pré-légico)" (Lima, 1980: 134). ‘lo: io interiorizada que aleangou as caracteristicas do ‘grupo! ‘matematico (reversibilidade, associatividade, identidade, tawtologia, etc), devendo-se notar que o nivel operatério é alcangado mediante reconstrugdes sucessivas de complexidade crescente (equilibragdéo ‘majorante)" (Lima, 1980: 151), "As operagies (..) s40 as agdes escolhidas entre as mais gerais (.) interiorizéveis e reversiveis. Nunca isoladas, porém coordendveis em sistemas de conjunto. Também néo so préprias deste ou daquele individuo, so comuns a todos os individuos do mesmo nivel mental ¢ intervém ndo apenas nos raciocinios privades, sendo ¢ambém nas trocas cognitivas, visto que estas eonstituem ainda em reunir informagdes, coloeé-las em relagdo ou correspondéncia, introducir reciprocidade, o que volta a consiruir operagbes isomorfas as das que se serve cada individuo para si mesmo" (Piaget, Inhelder, 1989: 82) - Pensamento: interiorizagio da ago, ~Permanéncia do objeto: quando o individuo pode conceber o objeto mesmo estando fora de seu aleance de visto. - Psicologia genética: estudo dos problemas psicol6gicos do ponto de vista do conhecimento, ~ Reagio cireular: io qualquer que a crianga executa por acaso provoeando uma satisfagdo e, por isso, reproduz esta mesma ago, ~ Realismo: = Oper cexplicagéo que afirma a relapdo necessitia entre o pensamento e @ realidade. - Reversibilidade: quando a operagdo deixa de ter um sentido unidirecional. A. reversibilidade seria a capacidade de voltar, de retorno ao ponto de partida. Aparece portanto como uma propriedade das agbes do sujeito, possivel de se exercerem em pensamento ou interiormente. Lembramos que as operagdes nunca tém um sentido unidirecional; sto - Revolugi salto de uma estrutura para outra ~ Revolugiio copernicana do eu: no desenvolvimento mental da crianga o eu deixa de ser 0 centro referencial da ago e do pensamento para eolocar-se como um individuo entre 08 demais. - Socializagio: ‘a combinagiio de individuos para formarem estroturas socisis ou um fentémeno de combinagao de novas formas de reagdes individuais, ~‘Transformagiio: proceso pelo qual as estruturas se constroem @ partir dos elementos ue as constituem. Referéneias KAMII, Constance, DEVRIES, Retha. Piaget para a edueagio pré-escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. 101 p. LIMA, Lauro de Oliveira, Conceitos fundamentais de Rio de Janeiro: MOBRAL, 1980. 179 p. iaget: (vocabulario). PIAGET, Jean, INHELDER, Barbel. A psicologia da crianga. 10. ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989. 135 p. PIATTELLI-PALMARINI, Massimo (org). Teorias da linguagem, teorias a aprendizagem: o debate entre Jean Piaget e Noam Chomsky. Sao Paulo: Cultrix/EDUSD, 1983, RAMOZZI-CHIAROTTINO, Zelia. Psicologia e epistemologia genética de ‘Jean Piaget. Sao Paulo: EPU. 1988. 87 p.

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