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AMÁLIA

ALUNAS:
Ana Beatris Jesus de Sousa - 120069423
Camila de Souza da Costa - 120206677
Catharina Jundi Ribeiro - 122169897
Gabriela Ribeiro Lima da Silva - 121052631
Roselana Nascimento- 120062340
Thainara Queiroz Valente - 121157902
A POMBA QUE NÃO Aos três anos e aos três anos e
quatro meses, sofre dois
DEIXARAM VOAR
incidentes que respondem a um
Amália tem 12 anos e cursa a quadro confusamente
primeira série de “repetentes” diagnosticado naquele momento.
pela terceira vez.
Anteriormente, havia ficado Quando Amália tem dois meses, a família
muda-se para uma cidade do interior,
quatro anos na primeira série
para morar com alguns familiares, por
de uma escola especial. “problemas econômicos e familiares”.
Voltam a Buenos Aires quando Amélia
Sua irmã Clarissa tem 13 anos e está com dois anos, meses antes do
cursa o segundo ano da escola nascimento do irmãozinho. Este é o
secundária. Hugo, seu irmão, tem momento que a família situa como o do
começo da “enfermidade” de Amélia.
10 anos e cursa a quinta série.
Clarissa: Amélia está na Clarissa: Ela só pensa em
primeira série de recuperação, brincar e comer, é muito
porque tem um probleminha, ansiosa. Não se pode ter nada
tem imaturidade. guardado, procura tudo,
encontra tudo e come. Antes,
quando era menor, íamos a Mar
del Plata e vomitava toda a
Amália: Eu quero ir brincar com viagem. Em seu aniversário
Lúcia, brincar com as bonecas também fica ansiosa e uma
desarticuladas. noite antes, fica ansiosa e não
nos deixa dormir.
Excelente descrição do que para nós é
Geralmente, o sujeito
a transformação sintomática das
“oligotímico” cede ao saber do
significações do aprender, que
grupo familiar e ocupa o lugar condicionam a gestação de um
do não saber, enquanto problema de aprendizagem. Achamos
algum de seus irmãos tem o que o significado da oligotimia
lugar do saber, mas não o entrelaça-se em uma estrutura familiar
de segredo, onde o grupo do conjunto
possui.
familiar mantém algo “escondido”, cuja
revelação é tida como perigosa, e
onde a criança, resignando à sua
“Ela só pensa em brincar e
possibilidade de conhecer, assume
comer, não se pode ter nada este segredo. Ao mesmo tempo que
guardado pois (Amélia) procura denuncia a existência do segredo,
tudo e encontra tudo e come” renuncia à possibilidade de uma
busca.
Entendemos a oligotimia (mais
precisamente a oligotimização)
A intervenção de Clarissa
como um processo que se encobre, obstrui com um
relaciona com as dificuldades conhecimento parcial, ainda que
não falso (a amiga da Alemanha,
para estruturar um eu corporal
as bonecas articuladas) a
único, como se a criança tivesse emergência do saber de Amélia:
ficado marcada pelo momento “Estou desarticulada, não posso
juntar-me, não tenho quem
que Lacan descreve como de especularmente me devolva
“corpo despedaçado”, onde as minha unidade.”

diferentes partes do corpo


sentem-se desarticuladas.
“Fomos à praça e trouxe uma pomba.”
Amélia acrescenta: “Não conseguia
subir com as outras pombas, depois
Mas em um determinado
subiu e as outras não queriam deixar.”
momento, quando a
Magnífica metáfora da oligotimia.
pomba quis voar como as
Obviamente, existe uma base orgânico-
outras, já as outras haviam
corporal que possibilita (impossibilita) a
se “acostumado” a que
esse sujeito que seja ele, em lugar de
essa pomba não voasse, e
outro integrante do grupo familiar,
não a deixavam voar.
quem denuncie sintomaticamente o
segredo indizível da família, mas o nível
orgânico não é o determinante.
DINÂMICA:
corpo despedaçado
Amália iniciou seu tratamento,
Mãe: achou uma “janela por onde
“Estamos doentes, preocupados, escapar” à prisão, ao atrape de
vemos que tem 12 anos, e o que suas possibilidades de aprender,
tem de estragada esta de sua inteligência. Encontrou
cabecinha, não quero nada do uma escuta para seu saber.
outro mundo, mas que tenha Poderá alcançar o
maturidade.” conhecimento? Este é o nosso
desafio.
REFERÊNCIAS:
Fernández, Alícia. A inteligência aprisionada; tradução
Iara Rodrigues. ---- Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
Apêndice II p. 251-261

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