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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS DA

COMARCA DE

XXXXXXXXXXXXXXXXXX, brasileiro, portador da cédula de identidade, RG. n.º XXXXXXX


SSP/PE, e inscrito no CPF/MF sob o nº XXXXXXX, residente e domiciliado na Rua:
XXXXXXXXXXXXXX, Nº XXX, Jardim dos XXXXX, XXXXX/SP CEP: XXXXX, endereço eletrô nico
XXXX, por seu procurador, que a esta subscreve, com escritó rio sediado na
XXXXXXXXXXXXXXXXXXX, onde deverá receber todas as intimaçõ es, vem, respeitosamente,
à presença de Vossa Excelência, propor AÇÃO DE RESTABELECIMENTO DE BENEFÍCIO
AUXÍLIO DOENÇA CC PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA em face de INSS INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, pessoa jurídica de direito pú blico, INSS, que deverá ser
citado, através de seu representante legal, na PROCURADORIA DO INSS de XXXXXX situado
a Rua XXXXXX, nº XX – XXXXX – Campinas, CEP XXXXXX, Estado de Sã o Paulo, pelos motivos
de fato e de direito a seguir articulados:

DA JUSTIÇA GRATUITA
O requerente nã o tem condiçõ es de arcar com as despesas processuais sem prejuízos ainda
maiores ao seu sustento, até porque apresenta gastos com medicamentos e seu tratamento.
Ademais seria injusto cobrar do mesmo as custas e despesas processuais, vez que somente
vem a porta da judiciá rio pleitear direito que lhe está sendo tolhido pela ré.
Diante disso, bem como pelo fato de se tratar de questã o previdenciá ria, requer sejam
concedidos os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, assim como assegura o CPC em seu artigo
98.
DOS FATOS
O requerente é segurado da previdência inscrito sob o nú mero NIT XXXXXX, em julho de
2014 ingressou com açã o judicial sob nú mero XXXXXXXXXXX onde em sentença assim
consta:
“(...) Diante do exposto, e do mais que dos autos consta, julgo parcialmente
procedente a ação, extinguindo o processo com julgamento de mérito, nos termos do
art. 269, inciso I, do Código de Processo Civil, para o fim de confirmar a tutela
antecipada concedida e condenar o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a
conceder ao autor auxílio-doença, consistente em 91% do salário-de-beneficio,
desde a cessação indevida do benefício recebido anteriormente, que deverá ser
calculado nos moldes dos artigos 44 e 28 e seguintes da Lei 8.213/91, descontando-
se eventualmente o valor do beneficio pago posteriormente a esta data.(...)” (grifo
nosso)

O INSS cessou novamente o benefício do Autor B 91 nº 6XXXXXXX sem que ele estivesse
plenamente apto ao trabalho em 18 de julho de 2017. No dia 21 de agosto de 2017 o Autor
fez novo pedido de auxilio doença, que foi indeferido pelo INSS sob argumento de nã o
constataçã o de incapacidade laborativa.
Considerando as patologias que acometem o autor, fica obvio que o autor ainda sente dores
e as doenças se mantém em seu organismo e esses transtornos (doenças) sã o responsá veis
por problemas funcionais que interferem na sua vida social, e impossibilitam o exercício
das atividades habituais.
Ocorre que, apó s o indeferimento absurdo dado pelo INSS, o autor está vivendo toda a sorte
de prejuízos. Mesmo sem nenhuma capacitaçã o, voltou a laborar, a fim de garantir, de
alguma forma, o sustento da família. Porém ao retornar ao trabalho nã o conseguiu se
adaptar, pois sente dores e possui limitaçõ es importantes.

Esclareça-se que o autor trabalha como XXXXX na empresa XXXXXXXXX, e narra que para
ser admitido em sua funçã o é necessá rio, habilidade técnica e esforços físicos
multivariados, uma vez que há uma enorme variedade de peças e estruturas a serem
trabalhadas, mudando o peso, tamanho, resistência, entre outras coisas.
Frise-se que ao ser admitido, foi submetido a exame admissional, sendo considerado apto
para a funçã o.
Assim, ao contrá rio do que manda a lei, a requerida mesmo diante da incapacidade para as
atividades habituais, cessou o benefício arbitrariamente, sem sequer submeter o
requerente à reabilitaçã o profissional como manda a lei, obrigando o requerente a
socorrer-se no Poder Judiciá rio.
Com o exercício constante de sua funçã o o Autor começou a sofrer com problemas de saú de
com quadro de HERNIA DISCAL, TRANSTORNOS DE DISCOS LOMBARES E DE OUTROS
DISCOS INTERVERTEBRAIS COM MIELOPATIA, TRANSTORNOS DE DISCOS LOMBARES
E DE OUTROS DISCOS INTERVERTEBRAIS, COM RADICULOPATIA, PROTUSÃO DISCAL,
SINDROME DE COMPRESSÃO DA A RTERIA ESPINHAL ANTERIOR OU VERTEBRAL
ANTERIOR, TRANSTORNO DO PLEXO BRAQUIAL, ABAULAMENTO DISCAL,
RADICULOPATIA, ESPONDILOARTROSE, TRANSTORNO DO DISCO CERVICAL COM
MIELOPATIA, T RANSTORNO DO DISCO CERVICAL COM RADICULOPATIA,
ESPONDILOSE, DOR L OMBAR BAIXA, LOMBALGIA, CERVICALGIA, LUMBAGO COM
CIATICA, P ANICULITE ATINGINDO REGIÕES DO PESCOÇO E DO DORSO,
COMPRESSÕES DAS RAIZES E DOS PLEXOS NERVOSOSEM DOENÇAS NEOPLASICAS,
HIPERTROFACONCENTRICA DO VENTRICULO ESQUERDO, DISFUNÇÃO DIASTOLICA
DO VENTRICULO ESQUERDO, sendo doenças incurá veis de cará ter progressivo que
causam impossibilidade de trabalho. (grifo da autora)
DA TUTELA DE URGÊNCIA

O artigo 300 do Novo Có digo de Processo Civil, estatui:


“A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado ú til do processo:
§ 2º A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou apó s justificaçã o previa.”
O fundado perigo de dano se sustenta na medida em que, a manutençã o do Auxilio Doença
tem cará ter alimentar, bem como seja deferida a aposentadoria por invalidez, por conta do
pró prio INSS que teima em desobedecer à legislaçã o vigente.
O requerente, principalmente em razã o que é conditio sine qua non, para fins de resguardo
da saú de e do sustento do Autor e de sua família, por via de consequência, proteçã o da
fonte substituidora de seu salá rio, justamente auxílio doença ou aposentadoria por
invalidez assegurando, dessa forma, o respeito ao direito de uma vida saudá vel,
proveniente do princípio da dignidade da pessoa humana, um dos pilares de nosso Estado
Democrá tico e Social de Direito, previsto no artigo 1º, inciso III, da CF, mormente pelo fato
do auxílio-doença previdenciá rio e aposentadoria por invalidez terem natureza alimentar.
Ainda, a probabilidade do direito, se evidencia de modo inequívoco porque, como
salientado alhures, o autor está impossibilitado de trabalhar, estando sem condições
financeiras para sequer adquirir medicamentos, e ainda, a família está
desamparada, pois a atividade remunerada do autor se revestia na única fonte de
subsistência.
No caso em tela, o conceito de perigo de dano deve ser mensurado considerando a
progressividade lesiva da doença e os seus efeitos colaterais, causando nã o só danos físicos,
mas também danos psicoló gicos.
Assim, Excelência, desde a data da cessaçã o do benefício, o autor teve reduzida sua
capacidade de proteçã o à pró pria saú de, pois o valor recebido do benefício se revestia em
compra de medicamentos, bem como, para gastos com transporte para realizaçã o de
exames, consultas, entre outros.
Nesse momento, o Autor já experimenta os prejuízos da cessaçã o do benefício
previdenciá rio, pois, o dano à sua saú de está caracterizado, como se pode observar diante
do potencial agravamento da doença da Autora, REVELA-SE URGENTE A TUTELA DE
URGENCIA, que se requer, desde já , restabelecendo-se o benefício cessado injustamente,
ou a concessã o da aposentadoria por invalidez, por ser a aplicaçã o do melhor direito.
Resta evidente que os aspirantes aos direitos contra a Fazenda Pú blica, no grosso de sua
universalidade, constituem parte hipossuficiente (mais fracos jurídica e economicamente),
portanto, carecedores de maior proteçã o social.
Encarados sob o prisma da demanda, restam ainda mais fracos e desamparados,
submetidos que ficam à demora da tramitaçã o do processo ordiná rio. Nunca menos de
cinco anos sã o consumidos até que se possam usufruir os efeitos pecuniá rios da benesse
requerida.
Nã o há que falar-se que o restabelecimento imediato do benefício vindicado conduziria a
uma situaçã o irreversível, colidindo com a vedaçã o imposta pelo inciso 2º do art. 311;
primeiro porque já foi custeado pelo Autor bastando considerar todo o período já
contribuído, e segundo porque é a Autarquia Previdenciá ria que deixou de cumprir a
norma legal, assim, somente se estaria restabelecendo um direito juridicamente perfeito.
Nã o se pode negar que esta natureza alimentar da prestaçã o continuada, acoplada à
hipossuficiência do segurado, patenteia um fundado receio de d ano irrepará vel, ou de
difícil reparaçã o, recomendando concessã o da tutela de urgência.
O que deve sofrer um juízo de valor com aferiçã o mais cuidadosa é o procedimento da
Autarquia Previdenciá ria ao indeferir benefícios ao arrepio das normas legais,
independentes da condiçã o clínica do segurado, o que se revela um absurdo, em que pese,
quando uma norma interna desampara um direito constitucionalmente protegido como a
saú de, provoca uma fratura exposta em todo ordenamento jurídico, portanto Excelência, o
ato da Autarquia se revela MANIFESTO PROPÓSITO PROTELATÓRIO, deixando o
SEGURADO à pró pria sorte, transferindo o ô nus para o Poder Judiciá rio, contando com o
represamento das açõ es por tempo indefinido.
Deve-se considerar, portanto, além do fato da doença ser grave, de modo que o exercício do
trabalho do Autor impõ e a ele exposiçã o a risco iminente, sua formaçã o escolar, sua
mentalidade e outros fatores sociais impliquem em sua maior dificuldade de reabilitaçã o,
fomentando a necessidade da Aposentadoria por Invalidez.
Excelência é vasta a documentaçã o médica que o requerente apresentou ao INSS ao realizar
a perícia médica, repisa-se relató rio emitido no dia XXXX, o DR XXXX XXXXX CRM nº XXXX,
especialista em Neurologia emitiu o seguinte atestado (doc.juntado):
“ Declaro para os devidos fins que o paciente Alécio Nicolau de Oliveira apresenta quadro
de PATOLOGIA DAS COLUNAS CERVICAL E LOMBAR. Apresenta quadro de dores de forte
intensidade na colunas cervical e e lombar com irradiaçã o para membros superiores e
inferiores. Fez todos os exames mostrando hérnias discais. Assim sendo, informo que
apresenta quadro de comprometimento generalizado afetando o seu organismo como um
todo...Paciente tem indicaçã o cirú rgica. Nã o apresenta condiçõ es de trabalhar. CID M51-1,
M54-4+m56-0”. (grifou-se)
Junta-se relató rio de 03 profissionais médicos diferentes e o que eles têm em comum é o
fato de todos considerarem o requerente inapto para o labor!
Médicos que sã o assistencialistas, ao passo que o perito do Inss desconsiderou nã o apenas
o parecer de cada um dos citados médicos, como também ignorou exame de tomografia
juntado aos autos, demonstrando a natureza cruel das medidas de contençã o de despesas
perpetradas pela autarquia, que com o afã de diminuir despesas tem efetuado verdadeira
injustiça disseminada em suas perícias, que inclusive, é alvo de uma enxurrada de
processos que contestam suas conclusõ es estapafú rdias.
Além disso, o exame de Tomografia computadorizada (doc. juntado) relata quadro de
uncoartrose, que é definida da seguinte forma (
http://www.vidalsaude.com.br/patologias/cervical/uncoartrose/ consutla em
30/08/2017 ):
Uncoartrose é o desgaste nos processos unciformes das vértebras cervicais. Este desgaste
se dá pelo conjunto de alteraçõ es provocadas pela artrose da coluna cervical, levando à
diminuiçã o do diâ metro dos forames intervertebrais (espaços por onde passam as raízes
nervosas).
O diagnó stico é realizado por meio da histó ria clínica e pelos sintomas apresentados pelo
paciente, em conjunto com exames complementares de raio x, tomografia computadorizada
e ressonâ ncia magnética.
Sintomas
 Perda de amplitude articular na regiã o do pescoço (sensaçã o de “areia” na coluna
cervical).
 Enrijecimento da musculatura adjacente.
 Dor nos braços com sensaçã o de formigamento.
 Perda da força muscular (pescoço e braços).
 Sensaçã o de tremor leve nos membros superiores (à s vezes, sentido por compressã o
radicular).
O requerente apresenta as seguintes limitaçõ es incapacitantes: Dores lancinantes,
dificuldade para deambular, impossibilidade de dirigir veículos, impossibilidade em subir
escadas, dificuldade para permanecer sentado, insô nia crô nica em virtude das dores fortes,
formigamento, dormência, entre outros.
Diante do exposto, requer liminarmente a CONCESSÃO DA TUTELA DE URGÊNCIA DO
AUXÍLIO DOENÇA B91 Nº XXXXXXX PARA REIMPLANTAÇÃO IMEDIATA DO BENEFÍCIO
EM ATÉ 30 DIAS SOB PENA DE IMPOSIÇÃO DE MULTA DIÁRIA DE R$ 500,00 EM CASO
DE DESCUMPRIMENTO PELA AUTARQUIA.
DA JUNTADA DO PROCESSO ADMINISTRATIVATIVA
O requerente ao requerer administrativamente o pedido de auxílio doença juntou
documentaçã o comprobató ria de sua condiçã o, có pias de exames, relató rios médicos,
receituá rios e atestados, requer a aplicaçã o do dispositivo da lei dos juizados especiais
federais, por analogia, com a obrigaçã o legal da autarquia realizar a juntada de có pia do
processo administrativo nos termos do art. 11, da Lei nº 10.259, de12/07/2001.
Além do que dispõ e o CPC em seu artigo 438:
Art 438 O juiz requisitará à s repartiçõ es pú blicas, em qualquer tempo ou grau de
jurisdiçã o.
II Os procedimentos administrativos nas causas em que forem interessadas a Uniã o, os
Estados, o Distrito Federal, os Municípios ou entidades da administraçã o indireta.
Requer entã o seja o INSS compelido por Vossa Excelência a juntar aos autos có pia do
processo administrativo (benefício xxxxx) visando fazer prova de que a perícia foi
indevidamente improcedente.
DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO MAIS ADEQUADO
Entende o requerente que se encontra incapacitado para o trabalho, mas o pró prio autor e
tampouco esta subscritora têm conhecimentos médicos.
Assim sendo, o laudo pericial realizado por profissional de confiança deste Juízo, pode
declinar situaçã o fá tica diversa, em se tratando de benefício previdenciá rio, o que deverá
ser observado por Vossa Excelência quando da prolaçã o da sentença.
Saliente-se que tal fato ocorre em lides previdenciá rias que visam à
concessã o/restabelecimento de benefício, pois dependem do laudo pericial.
Frise-se que, nestes casos nã o há que se falar em julgamento extra ou ultra petita afinal
aqui, com maior razã o, vigora o brocado da mihi factum, dabo tibi ius (da - me os fatos e eu
te direi o direito), já que cabe ao julgador adequar o benefício à incapacidade laborativa
verificada, face o principio Jura Novit Curia (o Juiz conhece o direito), adequando os fatos
ao benefício mais justo, sem ferir nenhum princípio inerente à sua investidura. O pedido é o
benefício e ao juiz cabe a caracterizaçã o da situaçã o e a subsunçã o à Lei.
O benefício a ser concedido deve ser dito pelo juiz e nã o pelas partes, sendo certo que a
indenizaçã o é paga em conformidade com o que é devido ao segurado, em face da lei.
Outro nã o é o entendimento dos nossos Tribunais:
APELAÇÃ O CÍVEL. AÇÃ O ACIDENTÁ RIA. INSS. PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE DOS
BENEFÍCIOS. Indicada situaçã o fá tica, que demonstra a possibilidade de concessã o de
benefício diverso daquele pleiteado, este poderá ser deferido, por força do princípio da
fungibilidade dos benefícios previdenciá rios. AUXÍLIO-SUPLEMENTAR. SEQUELA DE
TRAUMATISMO DE MÃ O T92. DECORRENTE DE ACIDENTE DO TRABALHO. REDUÇÃ O DA
CAPACIDADE LABORAL. CONCESSÃ O DO BENEFÍCIO ACIDENTÁ RIO. POSSIBILIDADE. A Lei
nº 8.213/91 nã o alcança fatos geradores ocorridos antes da sua vigência, descabendo a
irretroatividade da lei, pelo princípio do tempus regit actum. Hipó tese em que a reduçã o da
capacidade laboral remonta ao ano de 1988, época em que vigorava a Lei 6.367/76, com
previsã o de auxílio-suplementar ao trabalhador que exerce atividade com maior esforço.
Inteligência do art. 9ª da Lei nº 6.367/76. MARCO INICIAL DO BENEFÍCIO. Precedido de
auxílio-doença, o auxílio-suplementar é devido a partir do dia subsequente ao da cessaçã o
do benefício anterior, observada a prescriçã o quinquenal. APELAÇÃ O PROVIDA. (Apelaçã o
Cível Nº 70078555117, Nona Câ mara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Tasso Caubi
Soares Delabary, Julgado em 12/09/2018).(TJ-RS - AC: 70078555117 RS, Relator: Tasso
Caubi Soares Delabary, Data de Julgamento: 12/09/2018, Nona Câ mara Cível, Data de
Publicaçã o: Diá rio da Justiça do dia 19/09/2018)
Assim, requer ao final seja concedido o benefício adequado.
DA INVALIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO
Considerando que o indeferimento do benefício do Autor deixou de observar o Princípio da
Motivaçã o dos Atos Administrativos, requisito formal, essencial à validade dos atos da
administraçã o pú blica, aquele deverá ser anulado, por cercear o direito à ampla defesa e ao
contraditó rio da recorrente-segurado. Vejamos:
Lei 9.784 de 29 de janeiro de 1999 (Regula o Processo Administrativo no â mbito da
Administraçã o Pú blica Federal)
Art. 50. Os atos administrativos deverã o ser motivados, com indicaçã o dos fatos e dos
fundamentos jurídicos, quando:
i-neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
...omissis
VII-deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre questã o ou PARECERES, LAUDOS,
propostas e relató rios oficiais;
§ 1º A MOTIVAÇÃ O DEVERÁ SER EXPLÍCITA, CLARA E CONGRUENTE, podendo consistir
em declaraçã o de concordâ ncia com fundamentos de anteriores pareceres, informaçõ es,
decisõ es ou propostas, que, neste caso, serã o parte integrante do ato.(destaques nosso)
De acordo com a Resoluçã o 1488/98 do Conselho Federal de APLICÁ VEL A TODOS OS
MÉ DICOS EM EXERCÍCIO PROFISSIONAL NO PAÍS, “para o estabelecimento do nexo causal
entre os transtornos de saú de e as atividades do trabalhador, além do exame clínico (físico
e mental) e os exames complementares, quando necessá rios, deve o médico considera:
• A histó ria clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnó stico e/ou investigaçã o de
nexo causal;
• O estudo do local de trabalho;
• O estudo da organizaçã o do trabalho;
• Os dados epidemioló gicos;
• A literatura atualizada;
• A ocorrência de quadro clínico ou subclínico em trabalhador exposto a condiçõ es
agressivas;
• A identificaçã o de riscos físicos, químicos, bioló gicos, mecâ nicos, estressantes, e outros;
• O depoimento e a experiência dos trabalhadores;
• Os conhecimentos e as prá ticas de outras disciplinas e de seus profissionais, sejam ou nã o
da á rea de saú de.” (Artigo 2o da Resoluçã o CFM 1488/98).
Assim, traz-se à apreciaçã o de Vossa Excelência a Resoluçã o citada emitida pelo Conselho
Federal de Medicina, cujas orientaçõ es vinculam todos os profissionais aos quais ela foi
dirigida, inclusive os médicos peritos da Autarquia Previdenciá ria, portanto, se tais
orientaçõ es tivessem sido observadas em relaçã o ao Autor, conduziriam, inevitavelmente, à
conclusã o de que existe incapacidade para o Trabalho. praticou-se entã o o descaso e a
desobediência à s normas legais.
Quando a perícia médica utiliza a expressã o constatou que nã o há incapacidade para o seu
trabalho ou para sua atividade habitual, o termo ”constatou” pressupõ e a adoçã o de
determinados procedimentos, indispensá veis à aná lise pericial, quais sejam: histó ria clínica
detalhada (moléstia atual), investigaçã o de outros sintomas ou doenças que possam ter
influência ou determinaçã o e/ou agravamento do caso; comportamentos e há bitos
relevantes; antecedentes pessoais e familiares; histó ria ocupacional; exame físico
detalhado e exames complementares como: ressonâ ncia magnética, raio-x, tomografia
computadorizada e provas de funçã o reumá tica se necessá rio.
Portanto, constatar indica certeza, sendo assim, cabe a inversã o do ô nus da prova em favor
do Autor, pois até o presente momento, NENHUM ELEMENTO TÉ CNICO-CIENTÍFICO FOI
APRESENTADO PARA FUNDAMENTAR A CONCLUSÃ O DA PERÍCIA MÉ DICA DO
INSTITUTO-RÉ U.
Resta incontroverso que o ato de indeferimento do benefício vindicado deixou de observar
o princípio da motivaçã o dos atos administrativos, ato contrá rio à disposiçã o legal, se
revelando para o direito um ato nulo, viciado, manifesto propó sito protelató rio, ferindo de
morte o princípio do devido processo legal.
Considerando que o processo de reabilitaçã o profissional é norma imperativa, deveria ter
sido iniciado de ofício pelo INSS, nã o há discricionariedade para a prá tica desse
procedimento, portanto, deixou de observar o princípio da legalidade, pois se trata de
requisito formal, indispensá vel à validade do ato administrativo.
Convém ressaltar que a norma utiliza a expressã o deverá submeter-se a processo de
reabilitaçã o profissional, nã o deixando à saciedade do Autor a sua execuçã o, mas
transferindo para o ente pú blico a obrigatoriedade da realizaçã o, pois o Autor deverá
submeter-se a exame médico a cargo da previdência social, processo de reabilitaçã o
profissional por ela prescrito e custeado, bem como o pagamento de auxilio acidente uma
vez que a autora nã o pode exercer novamente a sua funçã o.
DO DIREITO
O Autor mantém a qualidade de segurado nos exatos termos do § 1º do Artigo 15 da Lei Nº
8.213 de 24 de julho de 1991 e do § 1º do Artigo 13 do Decreto Nº 3.048 de 6 de maio de
1999.
O art. 59 da Lei 8213/91, ao reger sobre o auxílio-doença assim afirma:
Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o
caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para
a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.
E mais, o art. 62 da mesma Lei, assim determina:
“Art. 62. O segurado em gozo de auxílio-doença, insusceptível de recuperaçã o para sua
atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o
exercício de outra atividade. Nã o cessará o benefício até que seja dado como habilitado
para o desempenho de nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando
considerado nã o-recuperá vel, for aposentado por invalidez.” (grifo nosso)
Também o Decreto 3.048, de 6 de maio de 1999 (Aprova o Regulamento da Previdência
Social, e dá outras providências):
“Art. 77. O segurado em gozo de auxílio-doença está obrigado, independentemente de sua
idade e sob pena de suspensã o do benefício, a submeter-se a exame médico a cargo da
previdência social, PROCESSO DE REABILITAÇÃ O PROFISSIONAL POR ELA PRESCRITO E
CUSTEADO e tratamento dispensado gratuitamente, exceto o cirú rgico e a transfusã o de
sangue, que sã o facultativos.(destaque nosso)”
O AUTOR NÃ O FOI SUBMETIDO A PROCESSO DE REABILITAÇÃ O, FOI INDEFERIDO SEU
BENEFÍCIO INJUSTAMENTE FERINDO O PRINCIPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
DO BENEFÍCIO DEVIDO EM PERÍODO LABOADO
Como já narrado, o requerente desde 2014 apresenta incapacidade para o labor, e desde
entã o passa pela via crucis de se submeter aos desmandos do INSS.
Nã o encontrando meios de sobrevivência digna, que nã o seja o labor, o requerente foi
obrigado a laborar estando incapacitado, o que apenas contribuiu para a degradaçã o de sua
saú de, de sua aptidã o para o labor, e do seu estado psicoló gico, já que a condiçã o precá ria
que labora interfere em todas as esferas da sua vida.
Assim, requer o pagamento dos benefícios durante o período em que o requerente laborou
estando absolutamente incapaz, inclusive esse é o posicionamento da jurisprudência:
PREVIDENCIÁ RIO - AUXÍLIO DOENÇA - DATA DE INÍCIO DO BENEFÍCIO - RECEBIMENTO
SIMULTÂ NEO DE PARCELAS DO BENEFÍCIO E SALÁ RIO - POSSIBILIDADE - CONSECTÁ RIOS
DO DÉ BITO. 1. O benefício é devido a partir da data do requerimento administrativo, por
força do disposto no art. 60, § 1º, da Lei de Benefícios. 2. A princípio, o exercício de
atividade laborativa é incompatível com o recebimento do benefício por incapacidade.
Contudo, o entendimento pacificado por esta Sétima Turma e prevalente na Terceira Seçã o
desta Corte, é no sentido de que, diante do indeferimento do pedido de benefício por
incapacidade, o exercício de atividade laborativa pelo segurado nã o configura, por si só , a
recuperaçã o da capacidade laborativa, mas sim uma necessidade para garantir a pró pria
sobrevivência no curso do processo. Diante disso, nã o seria correto punir a parte que teve
que se sacrificar para continuar trabalhando, mesmo nã o tendo totais condiçõ es para tanto.
3. Para o cá lculo dos juros de mora e correçã o monetá ria aplicam-se os critérios
estabelecidos no Manual de Orientaçã o de Procedimentos para os Cá lculos na Justiça
Federal vigente à época da elaboraçã o da conta de liquidaçã o, observando-se o decidido
nos autos do RE 870947. 4. Apelaçã o do INSS parcialmente provida.(TRF-3 - Ap:
00100856920184039999 SP, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL TORU YAMAMOTO,
Data de Julgamento: 13/08/2018, SÉ TIMA TURMA, Data de Publicaçã o: e-DJF3 Judicial 1
DATA:17/08/2018
Requer entã o, a condenaçã o da autarquia a pagar os períodos XX a XX, vez que resta
demonstrado o labor de quem fazia jus ao benefício auxílio-doença arbitrariamente negado
pela requerida.
DO PEDIDO
Diante do exposto, requerer o que segue:
1- a gratuidade da Justiça ante a miserabilidade do requerente, nos termos da
fundamentaçã o
2- a concessã o da tutela de Urgência no prazo de 15 do benefício de AUXÍLIO-DOENÇA para
a reimplantaçã o do benefício B91 XXXXXXXX até a total recuperaçã o do Autor ou até a
concessã o do beneficio de aposentadoria por invalidez ou auxílio acidente sucessivamente,
bem como o pagamento dos benefícios atrasados, corrigidos monetariamente;
3- O pagamento dos benefícios atrasados, corrigidos monetariamente, inclusive períodos
em que laborou estando incapacitado.
4- a anulaçã o do ato administrativo que nã o reconheceu o direito à continuidade do
recebimento do benefício a autora retroagindo ao status quo ante para todos os efeitos de
direito;
5- A MANUTENÇÃ O DA QUALIDADE DE SEGURADO da Autora, desde a data da cessaçã o do
benefício, cuja condiçã o nã o deverá sofrer soluçã o de continuidade até decisã o final da
presente demanda;
6- SEJA O AUTOR SUBMETIDO A PROCESSO DE REABILITAÇÃ O PROFISSIONAL, se for o
caso, de acordo com a legislaçã o vigente, a ser prescrito e custeado pelo Instituto- Réu, com
o pagamento do benefício de auxílio-doença a ser mantido até sua total adaptaçã o a uma
nova funçã o ou concessã o de aposentadoria por invalidez;
7- Tratando-se de pedido de obrigaçã o de fazer, REQUER em caso de desobediência, seja
aplicada multa perió dica – a ser fixada pelo Juízo, na forma prevista no art. 537, § 4º d o
NCPC, c/c art. 77, IV, também do Estatuto Processual vigente;
8- A condenaçã o do Instituto-Réu ao pagamento das custas processuais e dos honorá rios
advocatícios, no percentual de 20% sobre o valor da condenaçã o;
9- SEJA A PRESENTE AÇÃ O JULGADA TOTALMENTE PROCEDENTE, concedendo a
aposentadoria por invalidez, subsidiariamente o melhor benefício adequado ao quadro,
conforme conclusã o pericial.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, na amplitude
do art. 369 e seguintes do CPC, especialmente provas: documental, testemunhal, pericial e
depoimento pessoal do representante da Autarquia Previdenciá ria.
Dá se a causa o valor de
Nestes termos
Pede deferimento
Loca e data
Fulana (o)
OAB

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