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FARMÁCIA HOSPITALAR: UMA COMPREENSÃO DOS PROCESSOS DE


ARMAZENAGEM DE MEDICAMENTOS

Anderson Queiroz da Silva¹

Sheilimar Regina Barragão de Sá Magalhães²

RESUMO

O presente estudo aborda os processos de armazenagem de medicamentos


em farmácias hospitalares segundo a perspectiva da logística, visto que as
farmácias hospitalares são órgãos de abrangência assistencial, técnica cientifica e
administrativa que presta contribuição nos processos e cuidados à saúde, tendo,
assim, uma fundamental importância dentro das instituições hospitalares. Os fatores
intrínsecos e extrínsecos estão diretamente ligados a estes setores farmacêuticos,
por isso a logística esta presente em seu dia a dia, para o melhor desempenho e
alcance de metas. Atualmente a logística é compreendida como a área de
planejamento e abastecimento que tem a responsabilidade de previsão e provisão
de recursos, equipamentos e informações para a execução de todas as atividades
de uma empresa, bem como o controle eficiente do armazenamento de materiais.
Partindo das considerações acima se formulou o objetivo geral como o de
compreender os processos de armazenagem de medicamentos em farmácias
hospitalares, segundo a perspectiva da logística. Para isso foram definidos objetivos
específicos para darem um suporte na compreensão de tais processos, são eles:
Conhecer a origem e evolução do conceito de logística; Descrever a importância da
armazenagem e seus processos no armazenamento de medicamentos. Trata-se de
um estudo bibliográfico que teve sua literatura desenvolvida, através de uma analise
e seleção de vários estudos com caráter exploratório e seletivo em livros e artigos já
publicados sobre o tema.

Palavras chaves: armazenagem, farmácia hospitalar, logística.

_________________________

¹ Concluindo o curso superior em gestão hospitalar

² Professora, orientadora, administradora hospitalar, mestre e doutorada em saúde


pública
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ABSTRACT

This study addresses the processes of storage of medicines in hospital pharmacies


from the perspective of logistics, since hospital pharmacies are bodies covered
healthcare, scientific and technical contribution which provides administrative
processes and health care, and thus a fundamental importance in the hospitals. The
intrinsic and extrinsic factors are directly linked to these pharmaceutical industries, so
logistics is present in their daily lives, for better performance and achievement of
goals. Logistics is currently understood as the area of planning and supply that has
the responsibility for forecasting and provision of resources, equipment and
information for the implementation of all activities of a company, as well as the
efficient control of the storage material. Starting from the above considerations is
formulated as the overall goal of understanding the processes of storage of
medicines in hospital pharmacies, from the perspective of logistics. For this specific
objectives were defined to give a support in understanding these processes, they
are: Know the origin and evolution of the concept of logistics; Describe the
importance of storage and processes to store medicines. This is a bibliographic study
that had its literature developed through an analysis and selection of various studies
with exploratory and selective in books and articles published on the topic.

Keywords: storage, hospital pharmacy, logistics.


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INTRODUÇÃO

A existência da logística se da desde a década de 40, tendo em seu conceito


está ligada as operações militares, com a tarefa de designar estratégias de
abastecimento aos exércitos enquanto nos campos de guerras, suprindo-o em todos
os sentidos. Daí em diante a logística vem tendo um grande respaldo no meio
comercial; principalmente após a década 80, ela teve um crescimento revolucionário,
com o empurrão ocasionado pelo uso dos computadores na administração.

Nos últimos anos a logística, tornou-se uma ferramenta que proporciona as


empresas ou instituições, se utilizada de forma correta, uma grande vantagem
competitiva e consequentemente uma participação maior no mercado em que
atuam.

Todas as áreas de uma empresa ou instituição têm suas metas e fases a


serem desenvolvidas e a logística permite o desenvolvimento de todas elas, mesmo
que se faça despercebida ela esta em cada momento, em cada ação. Cabe às áreas
estudar como utilizar-se das ferramentas que a logística oferece e como ela interfere
nos seus resultados.

Os hospitais assim como as empresas tem uma enorme preocupação com


relação aos processos de gerenciamento de materiais ou medicamentos, no que
desrespeita ao armazenamento, ao bom acondicionamento, a preservação
adequada dos medicamentos e outras atribuições necessárias ao perfeito
funcionamento da unidade hospitalar. A logística hospitalar por sua vez é utilizada
dia após dia, pois é através dela que o hospital tem a garantia de um funcionamento
correto. A logística é vital não só para o funcionamento dos hospitais, mas para
todas as organizações, principalmente aquelas que são obrigadas a trabalhar com
armazéns e estoques altos.

A farmácia hospitalar esta presente como serviço assistencial na maioria dos


hospitais brasileiros. A principal razão de sua inserção no hospital é contribuir no
processo de cuidado a saúde, garantindo há disponibilidade de medicamentos em
perfeitas condições aos pacientes.
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Por tanto, é necessário que a farmácia hospitalar, normalmente organizada


sobre a forma de setor ou serviço, desenvolva atividades de gestão, acompanhada
do uso dos medicamentos e orientação à equipe de saúde. Por sua vez a farmácia
hospitalar que é um órgão de abrangência assistencial, técnico-científica e
administrativa, também se utiliza da logística para pontuar determinadas atribuições,
bem como as de armazenamentos, condições adequadas, controles, Fluxos, POPs,
área e equipamentos compatíveis com os volumes armazenados e correlatos.

De forma geral, armazenamento é o ato ou efeito de armazenar, guardar,


juntar qualquer coisa em algum lugar de forma que seja possível resgatá-la,
consultá-la, usá-la ou consumi-la posteriormente. Podem-se armazenar diversos
produtos, desde sólidos, líquidos ou gases. O armazenamento de medicamentos ou
substancias especificas necessitam de condições especiais de estocagem, por isso
as farmácias hospitalares utilizam uma determinada logística de armazenagem de
medicamentos.

A armazenagem dos medicamentos em unidades de farmácias hospitalares,


se da de acordo com o controle da própria instituição; pois a mesma consta em seus
procedimentos operacionais padrões - POPs, instruções básicas sobre como fazer,
quando fazer, após ter feito e que instrumentos utilizar para certos tipos específicos
de medicações; fazendo utilização da logística como ponto estratégico de
padronização.

Assim, o estudo, centra-se em discussões apresentadas na literatura


pesquisada e tem como objetivo geral compreender os processos de armazenagem
de medicamentos em farmácias hospitalares, segundo a perspectiva da logística.
Para isso foram definidos objetivos especificos para darem um suporte na
compreensão de tais processos, são eles: Conhecer a origem e evolução do
conceito de logística; Descrever a importância da armazenagem e seus processos
no armazenamento de medicamentos.

O presente estudo bibliográfico tem sua literatura desenvolvida, através de


uma analise e seleção de vários estudos com o caráter exploratório e seletivo em
livros e artigos já publicados sobre o tema. Foram utilizados para o levantamento
bibliográfico livros disponíveis no acervo do Centro Universitário Estácio do Ceará e
sites da internet.
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O levantamento bibliográfico mostrou uma visão generalizada, através de


uma leitura exploratória sobre o conteúdo pesquisado; possibilitando um enorme
acrescimo nos conhecimentos já obtidos.

Justifica-se a relevância do presente estudo ao observar se que o uso da


logística de armazenagem vem ganhando espaço e gerando uma enorme melhoria
nos setores de farmácias hospitalares, logo, influenciando nos resultados de metas e
objetivos traçados pelas instituições de saúde.

CONCEITO E EVOLUÇÃO DA LOGISTICA

A palavra logística vem do francês logistique e tem a sua origem definida de


maneira diferente entre pesquisadores e historiadores Podendo apresentar uma de
suas definições como: parte da arte da guerra que visa garantir provisões,
transporte, alojamento, hospitalização, etc., aos efeitos militares em operação.

Alguns historiadores defendem que a palavra logística vem do antigo grego


logos/logistikus, que significa razão, cálculo, pensar, analisar no sentido matemático.

A logística é um ramo da gestão cujas atividades estão voltadas para o


planejamento da armazenagem e circulação de produtos. Um dos objetivos mais
importantes da logística é conseguir criar mecanismos para entregar os produtos ao
destino final num tempo mais curto possível, reduzindo os custos. Para isso, os
especialistas em logística estudam rotas de circulação, meios de transportes, locais
de armazenagem (depósitos ou armazéns) entre outros fatores que influenciam na
área.

A logística representa o elo entre todas as expectativas geradas pelos demais


departamentos, visando o mesmo objetivo, o sucesso de suas metas. A integração
de todos os departamentos através da expertise nos conhecimentos logísticos,
permite o crescimento e sustentável da organização.

A logística é o processo de planejamento, implementação e controle de


materiais armazenados, de estoques de produtos semi-acabados e acabados, bem
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como a fluência de informação a eles relativa, desde a origem do produto ate o seu
consumo, com o propósito de atender os requisitos dos clientes. (SANTOS, 2006)

Em tempos passados, as tropas militares faziam uso de algo parecido com a


logistica. As guerras podiam ocorrer em locais distantes, eram de longa duração
chegando ate a durar décadas ou mesmo séculos, exigindo, dessa forma, táticas de
logistica tanto para suprimentos quanto para armamentos nos locais estratégicos
para poder socorrer suas tropas. Mesmo não tendo grandes publicações a seu
respeito, a logística era uma arma fundamental para os militares e sua utilização era
eficiente nas guerras, logo, a logistica ficou conhecida como a arte da guerra.

Buscando a palavra logistica no dicionario, chega-se a seguinte denominação:


“Ciencia militar que trata do alojamento, equipamento e transporte de tropa,
produção, distribuição, manutenção e transporte de material e de outras atividades
não combatentes relacionadas”. (MICHAELIS, 2002)

O termo logística é utilizado pela primeira vez na historia da guerra nos


tratado de Barão Jomini, Precis Del L’Art de Guerra de1836, no qual há referencia a
logística como sendo a ação responsável pela preparação e sustentação das
campanhas militares.

No ano de 1917, com o desenvolvimento tecnológico que estimulou o


desenvolvimento da ciência militar, surgem as primeiras teorias sobre a logística
militar, a partir do livro “Logística Pura”: a ciência da preparação para a guerra, de
autoria do coronel de Infantaria da marinha dos Estados Unidos, George Cyrus
Thorpe, daí, então a logística foi tendo um crescimento significativo.

Os escritos do Coronel foram enriquecidos, ao longo do tempo, por diversos


estudiosos tendo, um Almirante da marinha americana, Henry Eccles, estabelecido
às bases conceituais da logística.

A partir de então, em todas as partes do mundo, diversos pesquisadores


buscaram estudar e produzir obras sobre a logística, tanto pura quanto aplicada,
tendo por base os princípios fundamentais estabelecidos pelo Coronel George Cyrus
Thorpe e considerando as possibilidades de novas ferramentas e metodologias para
redefinição de processos e adequação dos negócios, na busca de maior eficiência,
mas com redução de custos.
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A partir das décadas de 50 e 60, a preocupação se estende alem da eficiência


dos processos e redução dos custos, incorporando a partir daí o quesito satisfação
do cliente, surgindo, então, o conceito de logística empresarial, motivado por uma
nova atitude do consumidor.

Nas décadas de 60 e 70 assistem à consolidação dos conceitos, como o


MRP, proveniente do inglês Material Requeriments Planning, que se refere ao
Planejamento das Necessidades de Materiais. Trata-se de uma ferramenta com o
propósito da transformar a previsão da demanda de um determinado produto em
uma programação das necessidades dos itens para comporem este mesmo produto,
colaborando, dessa forma, para reduzir a quantidade armazenada, uma vez que
automaticamente ele identifica a necessidade existente para compor os produtos
bem como a disponibilidade de matéria-prima disponível.

Na década de 80, surgi o primeiro grupo de estudo de logística, criando


definições e diretrizes na diferenciação dos transportes e distribuições da logística,
bem como em 1984, também surgi à criação do primeiro grupo Benchamarking em
logística no Brasil; logo após esta mesma década a logística passa a ter realmente
um desenvolvimento revolucionário, empurrado pelas demandas ocasionadas pelo
grande uso dos computadores na administração.

Com o avanço da tecnologia a logística tornou-se essencial para ter um bom


desempenho e assim começou a ganhar credibilidade e respaldo para ser atuada
em vários setores dos comércios, principalmente com a inovação da era das
maquinas, a logística logo se expandiu pelo o mundo.

Dado este avanço tecnológico e as novas exigências do mercado o termo


logística passou a ser adotado pelas empresas no Brasil e no mundo, utilizando
maiores controles e identificação de oportunidades nas reduções de custos, prazo
de entregas, além do aumento na qualidade de cumprimentos dos prazos,
esquemas de armazenagens e acondicionamentos necessários para não
comprometer o produto, assim, como a disponibilidade dos mesmos.

Hoje a logística é conceituada como a área de planejamento e abastecimento


que tem a responsabilidade de previsão e provisão de recursos, equipamentos e
informações para a exceção de todas as atividades de uma empresa, bem como
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planejamento e o controle eficiente do armazenamento de materiais até a chagada


dos produtos acabados ao consumidor final.

Atualmente, a logística envolve também as finanças no fluxo entre os


parceiros e procura incrementar esse fluxo por meio de uma variedade de meios,
como métodos, técnicas, modelos matemáticos, tecnologia da informação (TI) e
softwares.

Alem disso, diante da crescente preocupação ambiental, da redução do ciclo


de vida dos produtos, das imposições legais, da necessidade de redução de custos,
alem da manutenção de uma imagem diferenciada, surge a logística reserva que se
preocupa com o retorno dos bens, dos materiais que os constituem e dos resíduos
ao ciclo produtivo, de forma a promover sua reutilização ou reciclagem dando,
assim, origem a matérias-primas secundarias destinadas a reintegração ao processo
produtivo.

A logística esta presente em todas as unidades de uma organização ou


empresa, principalmente nos setores de almoxarifado e estoque, pois os mesmos
trabalham com entradas e saídas de materiais, e se utilizam da logística para obter
um resultado mais eficaz.

Por mais diferentes que sejam as organizações todas utilizam materiais em


suas atividades, em maior ou menor grau. No caso dos hospitais, materiais
desempenham um papel importante, de modo que sua administração se
tornou uma necessidade, independentemente do seu porte ou tipo.
(BARBIERI e MACHLINE, 2006, p.3)

A organização hospitalar evoluiu desde a caridade, passando pela


beneficência, depois ao estado traduzido em ações assistenciais até o atual conceito
de hospital-empresa. É neste cenário que se insere a logística hospitalar,
fundamental para salvar vidas e para o gerenciamento do negócio.

A logística hospitalar é o processo de gerenciar estrategicamente e


racionalmente a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais médico –
hospitalares, medicamentos e outros materiais necessários ao perfeito
funcionamento da unidade hospitalar (e os fluxos de informações correlatas) de
modo a poder preservar a vida e/ou restaurar a saúde dos clientes (pacientes).
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Define os serviços hospitalares como o conjunto de processos voltados ao


restabelecimento e manutenção da saúde de pessoas enfermas, tendo
assim uma valiosa função social. Para o autor, de forma análoga a outros
processos produtivos, as atividades logísticas representam parte
considerável do custo global de um hospital. (Jacobi, 1994, p.12)

Definida como o processo que planeja, implementa e controla o fluxo de


produtos e informações associadas, do ponto de origem ao ponto de consumo, a
logística assegura que as necessidades do cliente com relação à coordenação do
tempo, de localização de estoque e outros serviços pertinentes sejam atendidos de
maneira adequada (CSCMP, 2010).

Uma organização hospitalar pode ser caracterizada como um complexo de


sistema logístico, onde recursos humanos, físicos e de informação necessitam ser
coordenados e harmonizados, o que, em razão da atual complexidade desses
sistemas, só é possível de ser realizado de forma eficiente por meio da incorporação
ao processo gerencial de tecnologias da informação e comunicação. (GOMES E
REIS, 2000)

Assim como o conjunto de procedimentos de gestão, planejados e


implementados a partir de bases cientificas e técnicas, normativas e legais, com o
objetivo de garantir a rastreabilidade, qualidade, eficácia, efetividade, segurança e
em alguns casos o desempenho das tecnologias de saúde utilizadas na prestação
de serviços de saúde.

Abrange cada etapa do gerenciamento, desde o planejamento e entrada no


estabelecimento de saúde até seu descarte, visando à proteção dos colaboradores,
a preservação da saúde do meio ambiente e a segurança do cliente (paciente).

A logística é, sem qualquer sombra de dúvidas, vital para a sobrevivência de


qualquer empresa, seja ela do segmento que for, porém, em alguns casos, torna-se
mais importante do que nunca, aqui nos hospitais esta relacionada a vidas humanas.

As farmácias, principalmente se hospitalares, dependem de uma logística


bastante complexa quanto ao abastecimento, armazenamento e distribuição de
medicamentos, uma vez que, como cabe a elas prestar serviços destinados a saúde
é necessário que tenham armazenados todos os medicamentos prescritos para o
bom andamento da instituição de saúde.
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Com tal conceituação, a farmácia hospitalar ocupa importante posição dentro


do contexto assistencial. Por esta razão é considerado um setor do hospital
extremamente importante. Entre suas principais atribuições destacam-se: gestão,
participação nas comissões intra-hospitalares (Comissão de Farmácia e Terapêutica,
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, Suporte Nutricional), seleção de
medicamentos, aquisição, acondicionamento, armazenamento segundo o padrão,
distribuição, controle de estoque, farmacotécnica, farmácia clínica, promoção do uso
racional de medicamentos, fármaco vigilância e monitoramento de reações adversas
a medicamentos, atenção farmacêutica, implantação de Centro ou Sistema de
Informações de Medicamentos, ensino e pesquisa, além de outras atividades que
garantem a qualidade da assistência ao paciente (SBRAFH, 2007; GOMES e REIS,
2001).

A farmácia hospitalar é uma unidade clínica, administrativa e econômica,


dirigida por profissional farmacêutico, ligada hierarquicamente, à direção do hospital
e integrada funcionalmente com as demais unidades de assistência ao paciente
(SBRAFH, 2007).

O principal objetivo da farmácia hospitalar é contribuir com o processo de


cuidado à saúde por meio da provisão segura e racional de medicamentos, serviços
e produtos para saúde, alcançado com o cumprimento das etapas do ciclo da
assistência farmacêutica.

Outro objetivo importante da farmácia hospitalar é a responsabilidade com o


armazenamento dos medicamentos e materiais que adentram suas portas; pois eles
tem todo um procedimento padrão a ser seguido para a perfeita conservação e
estocagem de cada medicamento segundo suas especificações.

O pessoal envolvido na estocagem de medicamentos, tanto no seu manuseio,


como no seu controle, deve possuir conhecimentos e experiência para o trabalho ao
qual se propõe. A chefia do almoxarifado deve ser exercida por farmacêutico, por ser
exigida perante a legislação específica tal responsabilidade pela guarda de
medicamentos. O farmacêutico responsável deve receber de seus superiores todo o
apoio necessário para um trabalho eficiente, como exigem as boas normas de
estocagem de medicamentos. Tal apoio traduzir-se-á na autoridade e nos meios
adequados que cada um deverá ter, na esfera de suas atividades, para exercer,
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efetiva e responsavelmente suas tarefas, recebendo os materiais e pessoal


necessário. (MS/CEME, 1989)

A utilizaçao da logistica nas farmacias hospitalares é de grande valia para o


perfeito gerenciamento dos materiais armazenados, pois é atraves dela que a
isntituiçao de saude vai ter uma garantia que os procedimentos estao sendo feitos
corretamente, assim, como o proprio espaço de armazenamento em otimas
condiçoes de acordo com as normas exigidas.

A IMPORTÂNCIA DA ARMAZENAGEM PARA LOGÍSTICA

Há tempos atrás, a denominação do conceito de ocupação física se


concentrava mais na área do que na altura. Em geral, o espaço destinado à
armazenagem era sempre relegado ao local menos adequado. Com o passar do
tempo, o mau aproveitamento do espaço tornou-se um comportamento. Não era
mais suficiente apenas guardar a mercadoria com o maior cuidado possível.

Com a racionalização da altura ocupada vieram as soluções encontradas para


a redução do espaço e, assim poderão guardar uma maior quantidade de material.
Daí surgiu o conceito de verticalização de materiais que tem por objetivo o máximo
aproveitamento dos espaços verticais, contribuindo para o esvaziamento das áreas
de movimentação e, logo reduzindo os custos unitários de armazenagem.

A armazenagem dos materiais assumiu, então, uma grande importância na


obtenção de maiores lucros. Independente de como foi embalado o material, ou de
como foi movimentado, a etapa posterior é a armazenagem.

Os termos armazenagem e estocagem são frequentemente usados para


identificar coisas semelhantes. Mas, alguns preferem distinguir os dois, referindo-se
à guarda de produtos acabados como armazenagem e à guarda de matérias-primas
como estocagem. A armazenagem aparece como uma das funções que se agrega
ao sistema logístico, pois na área de suprimento é necessário adotar um sistema de
armazenagem racional de matérias-primas e insumos. No processo de produção,
são gerados estoques de produtos em processo, e, na distribuição, a necessidade
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de armazenagem de produto acabado é, talvez, a mais complexa em termos


logísticos, por exigir grande velocidade na operação e flexibilidade para atender às
exigências e flutuações do mercado.

A armazenagem está entre os tópicos mais importantes da cadeia logística.


Um sistema de armazenagem quando bem aplicado na empresa pode solucionar e
evitar diversos problemas que influenciam diretamente o processo produtivo e de
distribuição dos produtos, otimizando espaços e diminuindo sensivelmente o custo
do produto para o consumidor final e consequentemente aumentando a
competitividade no mercado.

O sistema de armazenagem é a perfeita disposição das partes de um todo,


coordenadas entre si e que devem funcionar como estrutura organizada.

Para caracterizarmos um Sistema de Armazenagem é necessária uma


perfeita integração entre estrutura metálica, equipamento de movimentação,
prédio/armazém, produtos a serem estocados, etc. Tudo isso para que se satisfaça
as necessidades de cada organização. A importância da Armazenagem na Logística
é que ela leva soluções para os problemas de armazenagem de materiais que
possibilitam uma melhor integração entre: Suprimento-produção-distribuição. O
planejamento desta integração deve ser efetuado segundo os seguintes fatores

 Estratégico – através de estudos de localização.


 Técnico – através de estudos de gerenciamento.
 Operacional – através de estudos de equipamentos de movimentação,
armazenagem e layout.

A integração da função armazenagem ao sistema logístico deve ser total, pois


é um elo importante no equilíbrio do fluxo de materiais. Os fatores básicos que
determinam a necessidade de armazenagem são:

Necessidade de compensação de diferentes capacidades das fases de


produção. Equilíbrio sazonal. Garantia da continuidade da produção. Custos e
especulação. Redução dos custos de mão-de-obra. Redução das perdas de
materiais por avarias. Melhoria na organização e controle da armazenagem.
Melhoria nas condições de segurança de operação do depósito. Aumento da
velocidade na movimentação. Descongestionamento das áreas de movimentação.
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Atualmente as empresas estão muito niveladas em relação ao aspecto


tecnológico, sendo a logística um dos principais diferenciais para a sobrevivência e o
crescimento das empresas no mercado. Uma logística eficiente pode representar o
diferencial de uma empresa.

PROCESSO DE ARMAZENAGEM DE MEDICAMENTOS NAS


FARMÁCIAS HOSPITALARES

A logística de medicamentos, é imprescindível que o ciclo logístico da


assistência farmacêutica, tem a qualidade e a racionalidade necessária, de modo a
disponibilizar medicamentos seguros e eficazes, no momento certo e nas
quantidades adequadas. Um dos componentes essenciais do sistema de
fornecimento de medicamentos é a armazenagem em local bem localizado, bem
construído, bem organizado e seguro; isso torna imprescindível o planejamento de
trabalho da montagem e funcionamento dos armazéns de medicamentos e
farmácias hospitalares.

O armazenamento é uma das etapas do ciclo da Assistência Farmacêutica


que visam, como finalidades precípuas, a assegurar a qualidade dos medicamentos
através de condições adequadas de armazenamento e de um controle de estoque
eficaz, bem como a garantir a disponibilidade dos medicamentos em todos os locais
de atendimento ao usuário. (COSENDEY, 2000)

O armazenamento é o ato de arrumar os medicamentos em certa área


definida de forma organizada, para o maior aproveitamento possível de espaço e
dentro de parâmetros que permitam segurança e rapidez.

A área de armazenagem tem como objetivo garantir a preservação da


qualidade e o armazenamento ordenado, eficiente e seguro dos produtos sob sua
responsabilidade (SILVA, 2005).

O armazenamento é uma das etapas do ciclo da assistência farmacêutica, e


corresponde a um conjunto de procedimentos técnicos e administrativos que têm
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como objetivo principal garantir a qualidade dos medicamentos e materiais médicos


hospitalares utilizados no ambiente hospitalar.

O principal objetivo do armazenamento é o de garantir sua qualidade sob


condições adequadas e controle de estoque eficaz, bem como de garantir à
disponibilidade dos produtos em todos os locais de atendimento, assegurada a
qualidade dos produtos desde o recebimento, armazenamento até sua entrega ao
usuário.

A armazenagem é dita como uma importante função para atender com


efetividade a gestão da cadeia de suprimento. Sua importância reside no fato de ser
um sistema de abastecimento em relação ao fluxo logístico, que serve de base para
sua uniformidade e continuidade, assegurando um adequado nível de serviço e
agregando valor ao produto. (GASNIER & BANZATO, 2001)

A armazenagem de medicamentos é definida como a atividade que visa sua


conservação racional (SAKAI; LIMA; SOUSA, 2008). A estabilidade pode ser
definida como a extensão em que um produto retém, dentro dos limites
especificados e do período de armazenagem e de uso as mesmas características e
propriedades que possuía na ocasião em que foi fabricado (ANSEL, POPOVICH,
ALLEN, 2000).

A armazenagem de medicamentos fármacos, (fármacos são entidades


química ou biológica com ação no organismo), segundo a boa pratica são requisitos
indispensáveis para preservação de medicamentos, pois os fármacos são produtos
de natureza perecível. A manutenção de sua estabilidade durante seu
armazenamento é fundamental para garantir sua efetividade, reduzir perdas e
minimizar gastos.

A realização de uma armazenagem depende da existência de um bom layout


no local do armazenamento, que determina, tipicamente, o grau de acessibilidade ao
medicamento, os locais de áreas obstruídas, a eficiência de mão de obra, a
segurança do pessoal e da farmácia hospitalar. (MOURA, 1997)

O autor afirma que os objetivos do layout devem ser: assegurar a utilização


máxima do espaço; propiciar a mais eficiente movimentação de
medicamentos; propiciar a estocagem mais econômica, com relação às
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despesas de equipamento, espaço e mão de obra; propiciar flexibilidade


máxima para satisfazer as necessidades de mudanças de armazenagem.(
MOURA, 1997, p. 69)

O layout é projeto de armazenagem com o objetivo de diminuir o desperdício


de mão de obra, o risco de acidentes de trabalho e o esforço físico dos funcionários,
pois possibilita a expansão do volume armazenado e o ganho de espaço físico. São
fatores para construção do layout os locais selecionado para o armazenamento;
projeto de construção, localização dos equipamentos; seleção de equipamentos de
movimentação; natureza de materiais e medicamentos a serem armazenados.

O armazenamento geral de fármacos precisa-se de condições necessárias de


modo a garantir sua conservação correta. O espaço de armazenagem de fármacos é
influenciado por múltiplos e diversos fatores, como a superfície e prestação de
serviço da Unidade; se a unidade de Saúde é ou não abastecida por Serviço
Farmacêutico Centralizado; o Número de camas ou leitos; o tempo de internamento
(Unidade de curta/ média /longa duração) e o local de acesso fácil para
comunicação externa (recepção do medicamento) e comunicação interna
(distribuição do medicamento).

A qualidade dos medicamentos interfere diretamente na eficácia e na


segurança do tratamento farmacológico. O fármaco pode ter a estabilidade alterada
no processo de estocagem se esta ocorrer em condições inadequadas (SILVA,
2005).

Toda armazenagem deve se observar as orientações fornecidas pelo


fabricante, pois todo medicamento possui propriedades físicas e quimicas
especificas de acordo com a via de administração. A manutenção das propriedades
dos medicamentos depende da estabilidade, que pode ser modificada por fatores
intrínsecos e extrínsecos (ligado ao ambiente, condições de armazenamento e
acondicionamento). Então há a possibilidade de perda da estabilidade do fármaco
antecipada por fatores como temperatura, presença de oxigênio, luz solar, radiação
e umidade. (WELLS, 2005)

Os fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam a estabilidade dos


medicamentos e sua ação natural do tempo já estão considerados na atribuição do
prazo de validade dos medicamentos. Os fatores intrínsecos estão ligados à
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tecnologia de fabricação, são eles: interação entre fármacos e os solventes ou


adjuvantes; pH; qualidade do recipiente; presença de impurezas;já os fatores
extrínsecos são fatores ambientais, ligados às condições de transporte e
armazenagem, são eles: ligados à temperatura; luminosidade; ar (oxigênio, gás
carbônico e vapor d’água) e umidade.

A área de estocagem tem como objetivo garantir a preservação da qualidade


e o armazenamento ordenado, eficiente e seguro dos produtos sob sua
responsabilidade (SILVA, 2005). Os medicamentos devem ser adequadamente
identificados, facilmente acessíveis, seguros e protegidos de danos, para tanto
devem ser estocados ordenadamente em prateleiras, armários e estrados (MAIA
NETO, 2005; SANTOS, 2006; SAKAI; LIMA; SOUSA, 2008).

Os principais fatores ambientais controláveis, com ação na estabilidade dos


medicamentos, são: a temperatura ambiente, a luminosidade e a umidade, já que
tanto as reações químicas quanto as biológicas são aceleradas com o aumento dos
valores desses fatores. O prazo de validade ou o tempo previsto para a perda de
estabilidade de um medicamento é verdadeiro apenas se respeitadas às indicações
farmacopeias de conservação dos mesmos.

Quanto à temperatura que é a condição ambiental diretamente responsável


pelo maior número de alterações e deteriorações nos medicamentos. Pois os
medicamentos devem ser armazenados em locais ventilados, a maioria deles à
temperatura ambiente em torno de 25 ºC, sendo aceitável uma variação no intervalo
entre 15 ºC a 30 ºC. Elevadas temperaturas são contra-indicadas para os
medicamentos porque podem acelerar a indução de reações químicas e biológicas,
ocasionando a decomposição dos produtos e alterando os prazos de validade. Para
o controle da temperatura, é necessária a utilização de termômetros nas áreas de
estocagem, com registros diários em mapa de controle, registro mensal consolidado
e elaboração de relatórios, através de gráficos demonstrativos, para correção de
eventuais anormalidades. Os medicamentos particularmente sensíveis à ação da
temperatura são chamados termolábeis e requerem, em geral, temperatura
refrigerada ou fresca. Algumas formas farmacêuticas, por exemplo, supositórios, são
caracteristicamente termolábeis independentemente do fármaco.
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Escalas de temperatura na área de armazenagem e conservação de


medicamentos:

ESCALAS DE TEMPERATURA VALOR


Fria ou refrigerada 2-8ºC
Fresca 8 - 15 º C
Ambiente 15 – 30 º C
Quente Acima de 30º C
Fonte: Comissão Permanente de Revisão da Farmacopéia Brasileira (CPRFB, 1988).

Quanto à luminosidade que é incidência direta de luz, principalmente de raios


solares, sobre os medicamentos acelera a velocidade das reações químicas
(principalmente óxido-reduções), alterando a estabilidade dos mesmos. Os produtos
particularmente sensíveis à ação da luz são chamados fotossensíveis. Os efeitos da
luminosidade dependem da fonte de luz, grau de intensidade e tempo de exposição.
Para proteção dos medicamentos fotossensíveis, utilizam-se embalagens de cor
âmbar ou de papel alumínio, em virtude da opacidade das mesmas. Os problemas
da armazenagem poderão ser minimizados se houver a preocupação, na aquisição,
de especificar corretamente a embalagem adequada.

Quanto à ventilação que é a Circulação interna de ar, que deve ser mantida
para conservação satisfatória dos produtos e equilíbrio da temperatura em todos os
pontos do ambiente. Já a umidade, dependendo da forma do medicamento, a alta
umidade pode afetar sua estabilidade ao desencadear reações químicas (acelerar a
degradação química), biológicas (crescimento de fungos e bactérias) e físicas
(amolecimento de cápsulas). As cápsulas exercem grande poder de atração e
absorção pela umidade, principalmente as de gelatina, que, por serem sensíveis à
umidade, devem ser armazenados em locais frescos ou climatizados. Os
medicamentos armazenados em áreas úmidas podem sofrer alterações na
consistência, sabor, odor, turvação, tempo de desintegração. Por isso, recomenda-
se não encostar medicamentos nas paredes, teto, em contato direto com o chão,
próximos a banheiros ou junto a áreas com muitas infiltrações. Os produtos
sensíveis à umidade devem ser conservados em frascos hermeticamente fechados
ou contendo substâncias dessecantes. Alguns, devido à elevada umidade, trazem
invólucros de sílica gel para a devida proteção, não devendo ser retirados das
20

embalagens. O grau de umidade para armazenamento de medicamentos não deve


ultrapassar 70%. A medição da umidade é feita por meio de higrômetros ou
psicrômetros, sendo os últimos de uso mais fácil.

Logo, existe uma enorme preocupação com o local aonde serão


armazenados os medicamentos. O armazém ou farmácia hospitalar devera estar
adequado aos produtos farmacêuticos; devera ser também desenhada ou adaptada
de modo a assegurar boas condições de armazenamento: com pisos de concreto e
liso; devera ser dotado de ventilação, proteção à luz solar direta, iluminação,
temperatura abaixo dos 25ºC e umidade inferior a 60%; facilidade de limpeza;
fechadura exterior que permita encerramento; janelas ou vãos para a circulação de
ar, sem poeira; dimensões adequadas á instalação de suportes para armazenagem
de medicamentos e/ou soluções injetáveis de grande volume, como estantes de
metal ou prateleiras; produtos farmacêuticos e fármacos danificados ou partidos
devem ser retirados do restante que esta armazenado; nenhum produto deverá esta
assentado diretamente no chão, estando devidamente espaçado de modo a permitir
limpeza e inspeção; área física: ate 100 leitos :100 m2, ate 180 leitos: 180 m2, ate
400 leitos:350 m2 ;área distinta para medicamentos e materiais médico-hospitalares;
área fechada a chave para psicotrópicos; prateleira amplas, claras e espaçadas;
extintores bem localizados.

O armazenamento de medicamentos, deve ser feito de modo a garantir as


condições necessárias de espaço, luz, temperatura, umidade e segurança de acordo
com cada tipo de medicamento. Segundo Marin (2003, p. 132), “A estocagem dos
medicamentos depende da dimensão, do volume e de produtos a serem estocados,
do espaço disponível e das condições de conservação exigidas”.

Para um armazenamento eficiente, os medicamentos devem estar dispostos


de forma adequada para facilitar o acesso, a identificação, o manuseio, o controle, a
distribuição e as operações de inventário e balanços. (ROJAS, 1994)

SEÇÃO III
DAS CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO
21

Art. 35. Todos os produtos devem ser armazenados de forma ordenada,


seguindo as especificações do fabricante e sob condições que garantam a
manutenção de sua identidade, integridade, qualidade, segurança, eficácia e
rastreabilidade.
§1º O ambiente destinado ao armazenamento deve ter capacidade suficiente
para assegurar o armazenamento ordenado das diversas categorias de produtos
§2º O ambiente deve ser mantido limpo, protegido da ação direta da luz
solar, umidade e calor, de modo a preservar a identidade e integridade química,
física e microbiológica, garantindo a qualidade e segurança dos mesmos.
§3º Para aqueles produtos que exigem armazenamento em temperatura
abaixo da temperatura ambiente, devem ser obedecidas às especificações
declaradas na respectiva embalagem, devendo a temperatura do local ser medida e
registrada diariamente.
§4º Deve ser definida em Procedimento Operacional Padrão (POP) a
metodologia de verificação da temperatura e umidade, especificando faixa de
horário para medida considerando aquela na qual há maior probabilidade de se
encontrar a maior temperatura e umidade do dia.
§5º O Procedimento Operacional Padrão (POP) deverá definir medidas a
serem tomadas quando forem verificadas condições inadequadas para o
armazenamento, considerando o disposto nesta Resolução.
Art. 36. Os produtos devem ser armazenados em gavetas, prateleiras ou
suporte equivalente, afastados do piso, parede e teto, a fim de permitir sua fácil
limpeza e inspeção.
Art. 37. O estabelecimento que realizar dispensação de medicamentos
sujeitos a controle especial deve dispor de sistema segregado (armário resistente
ou sala própria) com chave para o seu armazenamento, sob a guarda do
farmacêutico, observando as demais condições estabelecidas em legislação
específica.
Art. 38. Os produtos violados, vencidos, sob suspeita de falsificação,
corrupção, adulteração ou alteração devem ser segregados em ambiente seguro e
diverso da área de dispensação e identificados quanto a sua condição e destino, de
modo a evitar sua entrega ao consumo
§1º Esses produtos não podem ser comercializados ou utilizados e seu
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destino deve observar legislação específica federal, estadual ou municipal.


§2º A inutilização e o descarte desses produtos deve obedecer às exigências
de legislação específica para Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde,
assim como normas estaduais ou municipais complementares.
§3º Quando o impedimento de uso for determinado por ato da autoridade de
vigilância sanitária ou por iniciativa do fabricante, importador ou distribuidor, o
recolhimento destes produtos deve seguir regulamentação específica.
§4º A política da empresa em relação aos produtos com o prazo de validade
próximo ao vencimento deve estar clara a todos os funcionários e descrita no
Manual de Boas Práticas Farmacêuticas do estabelecimento.
Art. 39. O armazenamento de produtos corrosivos, inflamáveis ou explosivos
deve ser justificado em Procedimento Operacional Padrão (POP), o qual deve
determinar sua guarda longe de fontes de calor e de materiais que provoquem
faíscas e de acordo com a legislação específica.
Fonte: RESOLUÇÃO DA DIRETORIA COLEGIADA – RDC Nº 44, DE 17 DE AGOSTO DE
2009.

Os medicamentos armazenados podem ser organizados de diversas formas


que facilitem não só o armazenamento, mas também a visualização e acesso aos
mesmos, podendo ser aplicado alguns parâmetros, como: a organização em ordem
alfabética que se baseia no nome genérico do produto farmacêutico, e dar-se da
esquerda para a direita; medicamento similar também se dar por agrupamento por
forma farmacêutica ou classe terapêutica; por forma farmacêutica que se baseia na
organização conforme a forma farmacêutica do produto oferece a vantagem de
evitar que ocorram erros na contabilização ou despacho do produto e contribui com
a racionalização do espaço; por grupo, que é bastante utilizado e possibilita o
controle de inventários, ao cobrir um número amplo de produtos em uma mesma
classe; por alfanumérico que é a utilização do sistema de sinalizações nas áreas,
prateleiras e estrados, do tipo alfanumérico e o armazenamento de medicamentos
sujeitos a controle especial (portaria 344/98) estes medicamentos sujeitos a controle
especial, por exigência da portaria 344/98 devem ser adquiridos, armazenados e
dispensados segundo critério definidos na portaria.
23

Deve-se evitar posicionar medicamentos com nomes semelhantes próximos


uns dos outros. Um sistema de identificação diferenciado pode ser usado para
medicamentos semelhantes, por exemplo, destacando algumas letras que os
diferenciam e que sejam facilmente visualizadas, como cefalEXina e cefalOTina
(SAKAI; LIMA; SOUSA, 2008).

O armazenamento de medicamentos, independente da forma farmacêutica


dos medicamentos devem ser armazenados por números de lotes e por prazos de
validade, seguindo o critério PEPS (Primeiro que entra, Primeiro que sai) para o
controle do estoque dos medicamentos. Os medicamentos com datas de validade
mais próximas devem ser estocados à esquerda e na frente, para que sejam
distribuídos primeiramente. Se houver recebimento de dois lotes diferentes do
mesmo produto, a estocagem é feita separadamente; devendo ser fixado em local
visível, o nome do medicamento, o número do lote e o prazo de validade para uma
identificação correta da área de armazenamento, permitindo sua perfeita
visualização.

O prazo de validade dos medicamentos indica que o medicamento possui


condição de uso. Ao estocar os medicamentos, os que vencem primeiro devem ser
alocados na frente e aqueles com data de vencimento posterior, atrás destes, para
isso, utiliza-se o sistema PEPS, primeiro que expira é o primeiro que sai, em inglês,
FEFO - first expiry, first out (SILVA, 2005; SAKAI; LIMA; SOUSA, 2008).

Os medicamentos devem ser adequadamente identificados, facilmente


acessíveis, seguros e protegidos de danos, para tanto devem ser estocados
ordenadamente em prateleiras, armários e estrados (MAIA NETO, 2005; SANTOS,
2006; SAKAI; LIMA; SOUSA, 2008).

Os medicamentos devem ser armazenados de acordo com suas


especificidades e orientações dos fabricantes, levando em consideração alguns
critérios gerais de acondicionamentos, a saber:

Produtos Termolábeis: necessitam de condições especiais de temperatura


para conservarem suas propriedades e características originais. Os termolábeis
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devem ser acondicionados em refrigeradores com temperatura controlada entre 2º C


e 8ºC, registradas diariamente em planilha de controle para cada refrigerador. A
estocagem dos produtos termolábeis, também deve seguir os critérios de
ordenamento (por nome genérico, número de lote e prazo de validade) e para cada
retirada deve ser feito o registro. Essas retiradas devem ser programadas visando
diminuir as variações internas de temperatura.

Medicamentos termossensíveis, como vacinas, devem ser estocados em


refrigeradores com temperatura controlada entre 2ºC e 8ºC (SILVA, 2005; SANTOS,
2006).

Medicamentos Fotossensíveis: devem ser armazenados em suas próprias


embalagens secundárias (caixas), colocando em seus respectivos bins e colocando
um cartão de aviso vermelho contendo a frase: Fotossensível – Não expor à luz.

Medicamentos sujeitos a Controle Especial: sua área de estocagem deve ser


restrita, com acesso apenas a pessoas autorizadas, sendo seu armazenamento
realizado em local próprio e seguro, conforme determinações da Portaria 344/1998
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 1998).

Os medicamentos sujeitos a controle especial listados na Portaria SVS/MS no


344/1998 devem ser armazenados em locais seguros com instalações trancadas e
acesso seguro, seguindo a legislação vigente com acesso restrito ao farmacêutico
responsável ou outra pessoa designada por ele (MAIA NETO, 2005; SAKAI; LIMA;
SOUSA, 2008).

As formas de armazenagem de medicamentos dependem da dimensão do


volume a ser estocado, espaço disponível e condições de conservação exigidas.
Existem vários equipamentos destinados à armazenagem de medicamentos. Aqui
nós nos reportaremos apenas aos mais utilizados:

Estrados/pallets: são plataformas horizontais de tamanhos variados, de fácil


manuseio, utilizadas na movimentação e estocagem de produtos de grandes
volumes. As dimensões, geralmente recomenda-se o padrão internacional, 1,10 X
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1,10 m, mantendo determinada altura do solo para evitar acúmulo de poeiras e


sujidades. Os tipos podem ser de madeira, fibra, alumínio e borracha, sendo mais
utilizados os de madeira (porém, esse tipo absorve muita umidade e poeira).
Atualmente, vêm sendo utilizados os de borracha, pela facilidade na limpeza,
manuseio e diversidade de cores, proporcionando, ainda, um layout diferente às
áreas de estocagem.

Empilhamento: o empilhamento deve obedecer às recomendações do


fabricante quanto ao limite de peso e número de volumes máximo permitido pela
embalagem, para evitar desabamentos e alterações nas embalagens e na
característica original do produto, por compressões. As pilhas devem ser feitas em
sistema de amarração, mantendo-se distanciamento entre produtos, paredes, tetos,
empilhamentos para uma boa circulação de ar.

Os equipamentos e acessórios de armazenagem são todos os itens (objetos,


mobiliário, equipamentos, acessórios) utilizados na armazenagem para facilitar a
movimentação e estocagem, visa aperfeiçoar os recursos disponíveis e melhora o
aproveitamento dos espaços:

 Empilhadeiras: veículos manuais ou elétricos, destinados ao transporte de


produtos. Usados em armazenamento vertical, de grandes quantidades, em
centrais de armazenamento de grande porte. No empilhamento deve-se
observar o empilhamento máximo permitido pela embalagem, evitando
sobrecarga de peso que pode danificar as características originais do produto.
Manter distância entre os produtos, paredes, tetos, empilhamentos para
facilitar a circulação de ar;

 Suportes: Os medicamentos devem ser estocados sobre estrados, prateleiras,


estantes ou armários, em local que não receba luz direta do sol. Os produtos
não devem ser colocados diretamente sobre o chão;

 Embalagens: Conservar os medicamentos nas embalagens originais e


protegê-los da luminosidade. Medicamentos com embalagens passíveis de
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quebra, como frascos e ampolas, devem ser acondicionados em local com


menor risco de acidentes;

 Carrinho para transporte de medicamentos: existem em diversas formas e


tamanhos para atender às necessidades específicas;

 Cestas de marfinite: utilizadas para estocagem de produtos leves. São


práticas, ajustáveis, de diversos tamanhos e cores, e ocupam pouco espaço;

 Exaustores eólicos – acessório utilizado em áreas quentes, porque ajudam na


renovação do ar circulante, melhorando a ventilação, sem consumo de
energia elétrica;

 Termômetros: instrumentos usados para medição da temperatura ambiente


nas áreas de estocagem, e a adoção de possíveis medidas de controle;

 Higrômetros: usados para medição da umidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A logística em farmácias hospitalares nos últimos anos vem sofrendo


enormes mudas em seu planejamento e implantação no que diz respeito à aplicação
de suas funções, pois a política utilizada pela logística é adaptada para cada
instituição que ira utiliza-la, segundo suas necessidades, com o enfoque na
otimização e o bom desempenho do setor farmacêutico.

As farmácias hospitalares dependem de uma logística bastante complexa e


imprescindível ao ciclo farmacêutico, que é a logística de armazenagem, com
inúmeras regras que desrespeitam a segurança e a qualidade dos medicamentos
através de suas técnicas de armazenagem.

O conjunto de procedimentos técnicos e administrativos de armazenagem de


medicamentos apresentam características impares, uma vez que, cabe a ele a
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prestação de serviço destinado à saúde, é importante um sistema de boa pratica e


manutenção da estabilidade de medicamentos durante o armazenamento que são
requisitos indispensáveis para a preservação dos medicamentos, para reduzir
perdas e minimizar gastos. São compostas por ciclos de demanda de
abastecimento, observando nestes ciclos planejamentos e regras para o melhor
aproveitamento do espaço com a preservação da qualidade e formas ordenadas de
armazenagem segundo um layout que facilitem o acesso, isso frente à necessidade
de ter medicamentos disponíveis sempre que necessária for a sua utilização.

Durante a pesquisa observou-se como se da os procedimentos de


armazenagem de medicamentos de acordo com a logística adaptada pelas
instituições, como a segurança do medicamento, a forma de armazenagem por
ordem alfabética, o bom acondicionamento para não sofrerem alterações causadas
por fatores intrínsecos ou extrínsecos, a temperatura e normas de vigilância para
cada tipo especifico de medicamento. Estes são fatores que tem grandes
significados nos setores farmacêuticos e que sempre estão contidos na logística
implantada na maioria das farmácias hospitalares, logo, evidenciou-se que o bom
uso da logística de armazenagem garante o alcance metas e objetivos dos setores
farmacêuticos e hospitalares.
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