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BOLETIM DE

TECNOLOGIA
DE LATICÍNIOS

Distribuição gratuita da SACCO Brasi Comércio de Alimentos Ltda. • Ano XVII • Edição 67 • Janeiro/Fevereiro/Março de 2020.

Feliz Natal
e bom Ano Novo
para todos nós.
Leites fermentados:
algumas características básicas das fermenteiras.
As distintas etapas de fabricação dos ras são cilíndricas, com parede du-
mais diferentes tipos de leites fer- pla e devem apresentar:
mentados têm sido frequentemente ë fundo em ângulo para permitir
abordadas nos mais variados meios a máxima drenagem do produto
de comunicação da via láctea. Hoje, reduzindo perdas;
e sobretudo, considerando-se nossa ë isolamento para garantir a tem-
experiência prática, queremos dedi- peratura de fermentação;
car algum tempo para abordar as- ë serpentina para maior eficiência
pectos importantes sobre a configu- de aquecimento e resfriamento;
ração das fermenteiras usadas na fa- ë motor com duas velocidades ou
bricação destes produtos. Sem dúvi- com inversor de frequência 66 rpm
das, os avanços tecnológicos da atu- parapasteurização e a adição de fer-
alidade são muitos. Hoje, indepen- mento e com 33 rpm para a que-bra
dentemente do seu design e tama- da coalhada;
nho, os equipamentos estão mais ë entrada de leite próxima e direcio- ter um fluxo
ë menos turbulento
“inteligentes” e com isto, sensores nada para a parede do tanque para e- nas linhas;
de temperatura e de nível com alar- vitar formação excessiva de espuma; ë quebra onda para melhorar troca
mes e etc., podem ser acoplados à ë anel de vedação para evitar con- térmica e a mistura de ingredientes;
fermenteira, assim como medido- taminação externa e óleo de motor; ë os equipamentos mais modernos
res de pH e os registros de suas me- ë árvore de CIP para melhorar a contemplam ar filtrado, com pres-
dições. Entretanto, nosso objetivo limpeza na parte inferior dos agita- são positiva entre 0,005 a 0,01 Mpa
aqui será destacar os componentes dores, que são pontos críticos; com a função de minimizar conta-
essenciais de uma fermenteira para a ë saída de produto com abertura minação pelo ar ambiente.
obtenção de um produto com carac- proporcional à vazão de saída, ideal Todas estas características estão
terísticas adequadas. As fermentei- com no mínimo 2,5 polegadas para ilustradas na Figura I.

Figura I: Principais características de uma fermenteira para fabricação de leites fermentados.


Abertura com tampa para
adição de sólidos e vistoria. Motor

Ar filtrado - pressão positiva


Entrada de leite

Quebra onda para melhorar


térmica e a mistura de Saída de vapor e de água de
ingredientes. aquecimento e de resfriamento

Serpentina de aquecimento Anel de vedação no eixo


e resfriamento. do agitador

Agitadores para mistura Árvore de CIP


de ingredientes e quebra
da coalhada.
Entrada de vapor para
aquecimento e de água para
Isolamento térmico. o resfriamento

Fundo em ângulo.
Saída de produto
Participação especial: Anderson Knopp.
Tecnologia em Laticínios
Interação dos fatores
que influenciam a massa do queijo.
A textura de um queijo é o reflexo ¡ to, mais suscetíveis ao Figura II: Modelo de um grão de coalhada.
das propriedades estruturais da sua amolecimen-to. Outro fator que
massa, que resultam da: contribui neste sentido, é a hidrólise
P composição e qualidade do leite; das caseínas ás e â pela quimosina e
P velocidade e intensidade de aci- flora de matu-ração. O alto teor de
dificação pelas bactérias láticas; umidade e a forte desmineralização
P dos teores de água, gordura e sal; da massa du-rante a fabricação, são
P do pH e da temperatura; fatores que também interferem no
P da concentração em cálcio solú- amolecimen-to. Na Mussarela ou
vel e insolúvel interagindo com as Pizza Cheese, onde a proteólise Micela de caseína Gordura
caseínas e deve ser muito bai-xa - NS/NT de 6 a Cálcio ligado Água
P da natureza e da extensão da pro- 8%, o uso de uma cepa de Lb. ¡ as ligações e maior a estabilidade
teólise e demais atividades enzimá- helvetiucus é reconheci-damente da armadura. O grão será, por conse-
ticas no decorrer da maturação. interessante para a melho-ria da quência, mais firme. A proporção de
As diferentes texturas de massa po- formação do “fio” à quente, mas é cálcio ligado ao complexo influen-
dem ser definidas como aderentes importante que a cepa seja de- cia diretamente as propriedades da
ou pegajosas, fundentes, moles, fir- ficiente em proteáses de parede. massa, no seguinte sentido:
mes, friáveis ou curtas e elásticas ou Apesar de uma forte dependência do ¡ Quanto maior a proporção de cál-
longas. Na Figura I, estão ilustrados tempo de maturação, um Emmental cio, mais “longa”, mais elástica será
dois exemplos de textura. fabricado com Lb. helveticus, quan- a massa;
Figura I: diferentes texturas da massa. do aquecido, produz um “fio ou filo” ¡ Quanto menor a presença de cál-
que pode ter 2 vezes o comprimen- cio, mais “curta”, mais quebradiça
to daquele formado com quando se será a massa.
usa Lb. delbrueckii subsp. lactis. O A quantidade de cálcio no edifício é
fato tem ligação mais estreita com a regulada principalmente pela pro-
Massa Massa natureza dos peptídios formados;
Longa dução de ácido lático pelas bactérias
Curta que são hidrofóbicos e de tamanho do fermento. O ácido se dissocia na
¡ Cada uma delas pode ser definida superior a 20 aminoácidos, do que fase líquida e sequestra o cálcio.
pelo processo de fabricação, por er- com a quantidade produzida. Do Portanto, quanto maior a produção
ros neste mesmo processo e pelo fe- ponto de vista físico-químico, a tex- de ácido, maior será a retirada de
nômeno da maturação. De forma tura da massa depende da sua com- cálcio do complexo. Este fenômeno
mais genérica, pela ação enzimas do posição em caseína, gordura, água, é conhecido como desmineraliza-
leite, dos coalhos ou dos coagulan- sais minerais e ácidos orgânicos. As ção e ele é mais intenso nas primei-
tes e bactérias ou fungos usados na proporções quantitativas dos princi- ras fases de fabricação, ou seja, no
fabricação e de maneira específica, pais constituintes além das condi- tanque de fabrica. Embora por dife-
em função da atividade metabólica ções nas quais eles estão ligados en- rentes razões, gordura e água inter-
da flora durante a maturação. O fe- tre si, são de importância capital pa- ferem na mesma direção. Sem alte-
nômeno é complexo, mas existem ra a textura. A Figura II representa ração dos teores de caseína e água, o
vários exemplos distintos que evi- um grão de coalhada após o corte. aumento do teor de matéria gorda
denciam com clareza os seus efeitos Nela, observa-se que a armadura é torna a massa mais macia por que a
sbre a textura da massa. Nos queijos formada pelas micelas de caseína gordura aumenta distância entre as
de mofo branco, como o Camembert que são ligadas pelos íons cálcio. A micelas de caseína. A água tem um
e o Brie, a massa atinge um alto grau água e a gordura estão aprisionadas papel determinante no processo. Ao
de amolecimento em decorrência da nesta armadura. Através das pontes contrário da gordura, ela pode se li-
elevação do pH resultante da ativi- de cálcio, a caseína confere estabili- gar à caseína durante a fermentação.
dade metabólica de suas floras de dade, consistência e forma. Portan- Em função da integração da água
superfície. Esta elevação do pH rea- to, uma vez mantidos iguais os teo- com a armadura, as ligações se tor-
lizada através do consumo de lactato res de água e gordura, quanto maior nam mais fracas e a massa mais ma-
e produção de amoníaco a partir de o teor de caseína, mais firme será a cia. Sempre que inalterados os teo-
aminoácidos, pelo Penicillium can- massa. A maior o menor presença de res de gordura e caseína. A degrada-
didum e pelo Geotrichum candi- cálcio neste edifício fisico-químico, ção das proteínas na maturação tam-
dum, reidrata parte das caseínas tor- tem igualmente implicações nas ca- bém interfere na firmeza e na elasti-
nando-as mais hidrofílicas e portan- racterísticas da massa. Quanto mais cidade, no seguinte sentido:
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· quanto mais intensa a adegrada- Figura III: Influência dos diferentes fatores sobre a massa.
ção proteíca mais macia e mais curta
será a massa; Forte concentração Fraca concentração
· quanto menor a proteólise, mais A: Forte sinérese B: Fraca sinérese
dura e mais elástica será a massa. Forte degradação proteíca Fraca degradação proteíca
Embora numa proporção menor, o
sal é outro fator que influencia as Sinérese Sinérese
característica da massa do queijo. A-
lém de sua influência indireta sobre Proteínas Proteínas
o teor de água, a absorção de sal tem Água
influência sobre o cálcio. Uma troca Longa Dura Macia Curta
iônica pode se produzir entre o cál-
cio do complexo de caseína e o só- Massa Sal Massa
dio do sal de cozinha, causando um
enfraquecimento das ligações. Por- Macia Curta Longa Dura
tanto, quanto maior a absorção de Cálcio
sal, menos cálcio ligado às proteínas Água Água
e mais curta a massa. As alterações, Gordura Gordura
desejáveis ou não, podem ser fruto
de um único fator ou da interação de Proteólise Ácido lático Proteólise
vários deles. Normalmente, os de-
feitos são causados por vários fato-
res e é importante ressaltar que em Figura IV: Exemplo dos efeitos de fatores que influenciam a massa.
mesmo queijo, pode haver algumas
zonas com características diferentes Fraco início de acidificação
de outras. O preparo do leite, o tipo e
a dose de fermento, o controle das
diferentes etapas de fabricação e da Sinérese lenta
fermentação após enformagem, são
mecanismos que possibilitam vários Queijo com Massa
tipos de interferência nas caracterís- umidade alta macia
ticas da massa. O efeito é diretamen- Massa Maior
te proporcional à intensidade de ca- dura e absorção
da um dos fatores ou do conjunto curta de sal
deles. Na figura III A e B, apresenta- Muito
se um esquema com as distintas substrato
influencias de uma forte e uma fraca
concentração de proteínas, gordura, Teor de Atividade
água, de ácido lático, de sal e de uma ácido lático proteolítica
mais ou menos intensa sinérese e
protólise. Na figura IV apresenta-se elevado elevada
um exemplo dos efeitos de uma aci-
dificação inicial lenta na massa do Massa mole
Massa Baixo teor
queijo. e curta
curta de cálcio

Culturas láticas para Produção:


Sacco Comercio de Alimentos Ltda.

Iogurtes e Bebidas R. Emílio Nucci, 103 - Jd. Conceição | Souzas


13.105-080 - Campinas - SP

Y 430 A Y 430 Y 438 A Y 438 A saccobrasil@saccobrasil.com.br


www.saccobrasil.com.br
A
Alta viscosidade Y 430 A Colaboração:
Expediente:

Y 450 B João Pedro de M. Lourenço Neto

Y 450 B Y 439 A Y 430 A Y 438 A Hans Henrik Knudsen


Eduardo Reis Peres Dutra
Alencar Moreira de Oliveira
Y 439 A Fermentação rápida Pablo F. Lourenço
Y 439 A
Y 439 A Y 439 A Leonardo dos Santos

Y 430 A
Y 430 A Y 439 A Lydia Harbeck

Publicação trimestral
Baixa pós acidificação Tiragem: 3.500
Y 450 BY 439Tecnologia
Y 438 A Y 438 A A em Laticínios
Impressão: Master Graf
Publicação de distribuição gratuita

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