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AO DOUTO JUÍZO DA XXVARA DE FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA

XX

JOÃO, CPF XXX, RG XXX, residente e domiciliado à rua, bairro, cidade,


Estado, CEP XXX, através de seu advogado abaixo assinado, com endereço
profissional, com fulcro no art. 5, XIX, da CRFB/88 e da Lei 12.016/09, vem impetrar:

MANDADO DE SEGURANÇA

Em face do PREFEITO MUNICIPAL, CPF XXX, RG XXX, residente e domiciliado


à rua, bairro, cidade, Estado, CEP XXX, MUNICÍPIO X, pessoa jurídica de direito
público,CNPJ XXX, Rua, bairro, cidade, Beta, CEP XXX, diante dos fatos
efundamento que se passam a expor.
DOS FATOS:

João, uma pessoa de profunda fé, respeitando rigorosamente as normas em vigor, erigiu
um templo destinado a encontros religiosos e orações. Durante essas reuniões,
consideráveis grupos de pessoas participavam, utilizando um boletim para discutir a
qualidade dos serviços públicos, exercendo assim uma influência significativa na
sociedade. Em resposta a essa dinâmica, o prefeito municipal iniciou um processo
administrativo para investigar as atividades realizadas no templo, buscando revogar o
alvará de João e interromper imediatamente as operações no local.

DOUTRINA:

A doutrina é vasta em discorrer sobre os direitos


fundamentais, porém, pouca atenção se dá aos deveres
fundamentais. Aqui, é interessante salientarmos que
nossa atual Constituição dispõe no seu texto normativo
sobre direitos e deveres individuais e coletivos (ou seja:
não só em direitos). Fato é que, após mais de 20 anos de
existência da Constituição de i988, ainda damos pouca
relevância aos deveres fundamentais previstos
constitucionalmente. Acreditamos que essa postura (de
evidente desequilíbrio) decorre de uma série de fatores,
dentre eles, a cultura individualista intrínseca a uma
perspectiva Liberal (herança liberal, nos dizeres de Vieira
de Andrade), que ainda persiste enfatizando a tutela e a
promoção da pessoa em sua individualidade, considerada
como titular de direitos (e prerrogativas) sem a devida
atenção aos deveres também juridicamente definidos.
Para lngoSarlet, "tal hipertrofia dos direitos, guarda
intima conexão com a noção de um cidadão pouco (ou
quase nada) comprometido com sua comunidade e seus
semelhantes.
BAHIA, Alexandre. A Interpretação Jurídica no Estado
Democrático de Direito: contribuição a partir da Teoria
do Discurso de J. Habermas. In: CATTONI, Marcelo
(coord.). Jurisdição e Hermenêutica Constitucional. BH:
Mandamentos, 2004, p. 301-357. Disponível em:
http://migre.me/vqbTl.

DA LEGITIMIDADE:

A legitimidade ativa de João decorre do fato de ser o titular do direito que busca
proteger, ou seja, o direito de conduzir suas atividades sem entraves. Ele é detentor
desse direito, conforme estabelecido nos artigos 5º, VI, XI, XVI e 220, §6º da
Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB).

No que diz respeito à legitimidade passiva, o Prefeito Municipal assume essa posição
por ser o responsável pela concessão do alvará de João. Ao determinar a paralisação
imediata das atividades, sob pena de aplicação de multa, o Prefeito torna-se o
destinatário da ação, sendo, portanto, parte legítima para responder às demandas
relacionadas a esse ato específico. Essa responsabilidade é decorrente da sua autoridade
sobre a concessão de alvarás e do poder de decisão que influencia diretamente nas
atividades de João.

DO MÉRITO:

A garantia do direito à liberdade religiosa é estabelecida pela Constituição Federal de


1988 (CRFB/88). No entanto, o Prefeito Municipal, ao praticar um ato que resultou no
fechamento de um templo religioso, desrespeitou esse princípio, configurando uma ação
inconstitucional.

Essa conduta contrariou o livre exercício dos cultos religiosos, conforme disposto no
artigo 5°, inciso VI, da CRFB/88, que assegura a liberdade de crença. Além disso, a
decisão do Prefeito resultou na supressão da liberdade de reunião, conforme previsto no
artigo 5°, inciso XVI, da mesma Constituição.
A proibição total da liberdade de expressão também foi evidente, desrespeitando o
artigo 5°, inciso IX, da CRFB/88, que protege esse direito fundamental. Por fim, a ação
do Prefeito violou a liberdade de publicação de veículo impresso de comunicação, uma
vez que o artigo 220, § 6°, da CRFB/88 estabelece que essa liberdade não está
condicionada à obtenção de licença de qualquer autoridade.

Em resumo, as ações do Prefeito configuraram uma clara afronta aos princípios


fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988, prejudicando direitos
essenciais como a liberdade religiosa, a liberdade de reunião, a liberdade de expressão e
a liberdade de publicação de veículo impresso de comunicação.

JURISPRUDÊNCIA:

EMENTA:
RECURSOS OFICIAL E DE APELAÇÃO
- MANDADO DE SEGURANÇA - DIREITO
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO - PESSOA
JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO - INSCRIÇÃO
ESTADUAL - SUSPENSÃO PREVENTIVA -
PRETENSÃO AO RECONHECIMENTO DO DIREITO À
REABILITAÇÃO PERANTE O SISTEMA DE EMISSÃO
DE NOTAS FISCAIS ELETRÔNICAS -
IMPOSSIBILIDADE. 1. Suficientemente demonstrada nos
autos a legitimidade do ato administrativo, que determinou a
suspensão preventiva da respectiva Inscrição Estadual da
parte impetrante e, consequentemente, da possibilidade da
emissão de Notas Fiscais Eletrônicas. 2. A suspensão
preventiva da Inscrição Estadual não depende,
necessariamente, da instauração do respectivo processo
administrativo (artigo 2º, § 1º...
« (+68 PALAVRAS) »
... manifesta no ato administrativo ora questionado, não
demonstradas, de plano. 7. Precedentes
da jurisprudência deste E. Tribunal de Justiça. 8. Ofensa a
direito líquido e certo, passível de reconhecimento e
correção, não caracterizada. 9. Ordem impetrada
em mandado de segurança, concedida, em Primeiro Grau
de Jurisdição. 10. Sentença, recorrida, reformada. 11.
Ordem, denegada, invertido o resultado inicial da lide. 12.
Custas e despesas processuais, na forma da legislação
pertinente. 13. Honorários advocatícios incabíveis, na
espécie, por força do disposto no artigo 25 da Lei Federal nº
12.016/09. 14. Recursos oficial e de apelação, apresentado
pela parte impetrada, providos. (TJSP; Apelação Cível
1026616-83.2022.8.26.0564; Relator (a): Francisco Bianco;
Órgão Julgador: 5ª Câmara de Direito Público; Foro de São
Bernardo do Campo - 1ª Vara da Fazenda Pública; Data do
Julgamento: 15/08/2023; Data de Registro: 16/08/2023)
DA TUTELA DE URGÊNCIA:

A obtenção de tutela de urgência, conforme prevista no artigo 300 do Código de


Processo Civil (CPC), é imprescindível neste caso, uma vez que existem elementos que
sustentam a probabilidade do direito alegado e o perigo de dano iminente.

A demonstração da relevância dos fundamentos da impetração está claramente


delineada nas razões de mérito apresentadas. A urgência na concessão da liminar se
justifica pelo risco iminente de ineficácia da medida final, pois a não concessão poderia
resultar na paralisação das atividades, comprometendo irreversivelmente a situação em
questão.

Assim, a tutela de urgência se torna não apenas uma medida desejável, mas
também uma necessidade imperativa diante das circunstâncias apresentadas. A urgência
reflete a iminência de danos irreparáveis e a urgência da situação, reforçando a
importância de uma decisão rápida para preservar os direitos e evitar prejuízos
imediatos..
DOS PEDIDOS:
Diante do exposto, requer-se:
1- A concessão da tutela de urgência de acordo com o artigo 300, CPC, para que
João possa continuar a desenvolver as suas atividades, sem perigo de dano a sua
atividade
2- Notificação da autoridade coatora;
3- Que seja dada ciência do feito ao segundo impetrado;
4- Intimação do Ministério Público;
5- Ao final, a concessão da ordem em definitivo, com confirmação da tutela
liminar;
6- Já acompanham a inicial, vez que devem ser pré-constituídas, contendo cópia
integral dos documentos que instruírem a primeira petição reproduzidos na
segunda que segue em anexo;
7- Audiência de conciliação ou mediação: Informar o desinteresse na
autocomposição, na forma do art. 334, § 5º, sendo desnecessária sua designação.

DAS PROVAS
Requer o exame de provas documentais anexas aos autos, bem como a oitiva de
testemunhas.

VALOR DA CAUSA R$ XXX

Nesses termos,

Pede-se o deferimento.

Local, data.
ADV
OAB

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