maior visitacdo, restrita a espagos periféricos e constando apenas como se fosse uma presenca obriga- t6ria ou enfadonho assunto cientifico. Assim, tornar as plantas brasileiras objeto de admiragdo e convivio diério é um caminho indispen- sével para mudar o quadro secular de descaso e preconceito contra a biodiversidade nativa. Temos que despertar nos brasileiros o amor pela biodiversidade nativa, o valor de se herdar a flora mais rica do planeta. E preciso conquistar coragdes e tornd-las um simbolo de modernidade, do bem, do correto. Assim, o paisagismo sustentével pode ser um importante aliado para a compreensdo da importancia de preservar e restaurar os remanescentes naturais. Por fim, a falta de convivio e consequente desconhecimento da flora nativa gera uma série de desastres ambientais, mesmo a partir de agdes bem-intencionadas, até mesmo quando organizadas Por pessoas técnicas e graduadas. Infelizmente é bastante comum ver “eventos e promogdes ecol6- gicas’distribuirem como brindes para o puiblico mudas de espécies exéticas e até invasoras, ou plan- tios comemorativos e compensatérios de arvores serem realizados em campos naturais e de cerrado, equivocadamente interpretados como locais degradados ou de pastos artificiais, sobre ecossistemas nativos que dependem de insolago constante (néo podem ser sombreados) e detém muitas vezes grande biodiversidade e endemismos. Também nao ¢ dificil ver plantios compensatorios atendendo legislagao, mas com uso de espécies inadequadas, nativas do bioma, mas nao daquele ecossistema em particular, onde podem se tornar até invasoras. Jé tive a oportunidade de assistir a tais situagées em dreas como os raros campos montanos da Serra do Mar, em agées de “enriquecimento’ dentro de florestas nativas e em campos cerrados nativos como no Parque do Carmo, ambos em Sao Pau- lo. A questo cultural é tao séria para o entendimento e a valorizacao da biodiversidade nativa nas cidades que provoca desastres ambientais até mesmo em centros de conhecimento. E o que vamos ver no exemplo a seguir, O destino dos remanescentes da vegeta¢do de campos cerrados nativos no campus da USP O Cerratto é uma vegetacao original na cidade de Sao Paulo?” Como exemplo, o Parque Esta- dual do Juquery, que conserva o ultimo fragmento de Cerrado da Regido Metropolitana de Sao Paulo, estd a apenas 21 km em linha reta da Praga da Sé, marco zero da cidade. Na década de 1940, 0 botanico Aylthon Brandado Joly, da Universidade de So Paulo (USP), estudou em sua tese de doutoramento os entdo chamados “Campos do Butanti’, uma vegetacao de campos cerrados que recobria o ainda de- socupado campus da USP" Passados mais de 70 anos, esses campos cerrados foram gradativamente climinados por edificagdes, paisagismo e espécies invasoras, restando somente algumas diminutas reas com aspecto e composigao semelhantes aos das antigas fotografias e listas floristicas da tese de Joly. O mesmo ocorreu em todo o territério da capital paulista, como relata o Livro vermelho das espécies vegetais ameagadas do estado de Sao Paulo, publicado pelo Instituto de Botdnica em 2007, que mostra a importancia dessa vegetacdo: Os resultados obtidos evidenciam o destaque da regio abrangida pelo municfpio de Sao Paulo, tanto no que se refere & grande concentragao de espécies ameagadas em todas as categorias, quanto no que se refere & quantidade de espécies jd extintas[..,) [E notavel] a intensa degra-

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