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Publicado em nosso site 17/02/2021

• Roteiro ATUALIZADO

Informativo FISCOSoft - Prev/Trab

Rescisão do contrato de trabalho em decorrência do falecimento de empregado - Roteiro de


Procedimentos
O contrato de trabalho termina com o falecimento do empregado, mas é importante que o
empregador observe os procedimentos legais para evitar possíveis multas. Neste Roteiro serão
abordadas as principais regras que envolvem o tema. O texto está atualizado de acordo com a
Circular CEF nº 940/2021, que divulgou a versão 18 do Manual FGTS Movimentação da Conta
Vinculada.

Rescisão do contrato de trabalho em decorrência do falecimento de empregado - Roteiro de


Procedimentos
Roteiro - Previdenciário/Trabalhista - 2018/5123

Sumário
Introdução

I - Contrato de Trabalho

II - Procedimentos

II.1 - Falecimento decorrente de acidente de trabalho

II.2 - Responsável pelo recebimento das verbas rescisórias

III - Verbas rescisórias

III.1 - Saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)

III.2 - Prazo para pagamento

IV - Seguro-desemprego

V - Homologação da rescisão contratual

VI - Jurisprudência

VII - Consultoria Thomson Reuters

Introdução
O contrato de trabalho termina automaticamente em decorrência do falecimento do trabalhador.

Este Roteiro trata das regras trabalhistas a serem observadas pelos empregadores em decorrência da morte de
empregado.

I - Contrato de trabalho
O contrato de trabalho é o acordo tácito ou expresso firmado entre o empregado e o empregador.

Com o falecimento do empregado esse contrato extingue-se automaticamente.

Fundamentação: art. 442 da Consolidação das Leis do Trabalho.

II - Procedimentos
O empregador, após a morte do trabalhador, deve providenciar a baixa na Carteira de Trabalho e Previdência Social
(CTPS), bem como a anotação no livro de registro dos empregados.

Nesse caso, deve anotar no campo data da saída, o dia do óbito do empregado e efetuar a rescisão contratual por
falecimento.
Fundamentação: art. 29, §§ 1º e 2º da Consolidação das Leis do Trabalho.

II.1 - Falecimento decorrente de acidente de trabalho

A empresa ou o empregador doméstico deverão comunicar o acidente do trabalho à Previdência Social até o primeiro dia
útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente, sob pena de multa variável
entre o limite mínimo e o limite máximo do salário de contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências,
aplicada e cobrada pela Previdência Social.

Desde 1º de janeiro de 2018, referida multa pode variar de R$ 954,00 (novecentos e cinquenta e
quatro reais) até R$ 5.645,80 (cinco mil seiscentos e quarenta e cinco reais e oitenta centavos),
podendo ser sucessivamente aumentada em caso de reincidência.

Na falta de comunicação por parte da empresa, podem formalizar o próprio acidentado, seus dependentes, a entidade
sindical competente, o médico que o assistiu ou qualquer autoridade pública, não prevalecendo o prazo mencionado no
parágrafo anterior. Nesse caso, a empresa não está excluída da multa administrativa.

Consideram-se autoridades públicas reconhecidas para tal finalidade os magistrados em geral, os


membros do Ministério Público e dos Serviços Jurídicos da União e dos estados, os comandantes
de unidades militares do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e das Forças Auxiliares (Corpo de
Bombeiros e Polícia Militar), prefeitos, delegados de polícia, diretores de hospitais e de asilos
oficiais e servidores da administração direta e indireta federal, estadual, do Distrito Federal ou
municipal, quando investidos de função.

Exclui a multa administrativa, a CAT entregue fora do prazo e anteriormente ao início de qualquer
procedimento administrativo ou de medida de fiscalização.

Para saber mais sobre o acidente de trabalho consulte o nosso Roteiro "Acidente de trabalho -
Aspectos trabalhistas e previdenciários - Roteiro de Procedimentos"

Fundamentação: art. 22 da Lei nº 8.213/1991, com redação dada pelo art. 37 da Lei Complementar nº 150/2015; art. 286
do Decreto nº 3.048/1999; art. 331 da Instrução Normativa INSS nº 77/2015; art. 2º da Portaria MF nº 15/2018.

II.2 - Responsável pelo recebimento das verbas rescisórias

Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das contas individuais do Fundo de Garantia
por Tempo de Serviço (FGTS), não recebidos em vida pelos respectivos titulares, devem ser pagos, em quotas iguais,
aos dependentes habilitados perante a Previdência Social.

As quotas atribuídas aos menores devem ficar depositadas em conta poupança, rendendo juros e
correção monetária, e só devem ser disponibilizadas após o menor completar 18 (dezoito) anos,
salvo autorização do juiz para:
a) aquisição de imóvel destinada à residência do menor e de sua família; ou
b) dispêndio necessário à subsistência e educação do menor.

A condição de dependente habilitado deve ser declarada em documento fornecido pela Previdência Social, onde deve
constar obrigatoriamente, o nome completo, a filiação, a data de nascimento de cada um dos interessados e o respectivo
grau de parentesco ou relação de dependência com o falecido.

Na falta de dependentes, terão direito ao recebimento das quotas os sucessores do titular, previstos na lei civil, indicados
em alvará judicial, expedido a requerimento do interessado, independentemente de inventário ou arrolamento.

No caso de não existir dependentes e sucessores, os valores deverão ser depositados em favor do Fundo de
Previdência e Assistência Social, do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço ou do Fundo de participação PIS-PASEP,
conforme se tratar de quantias devidas pelo empregador ou de contas de FGTS e do Fundo PIS-PASEP.

Fundamentação: art. 1º da Lei nº 6.858/1980; arts. 1º, 2º, 5º, 6º e 7º do Decreto nº 85.845/1981.

III - Verbas rescisórias


A rescisão contratual por falecimento equipara-se, para fins de pagamento, ao pedido de demissão. Neste caso, são
devidos aos dependentes do empregado falecido as seguintes verbas rescisórias:

a) antes de completar 1 (um) ano de serviço:


- saldo de salário;

- 13º salário proporcional acrescidas de 1/3 (um terço);

- férias proporcionais;

- saque do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) pelos dependentes habilitados.

b) 1 (um) ano ou mais de serviço:

- saldo de salário;

- 13º proporcional;

- férias vencidas (se houver) acrescidas de 1/3 (um terço);

- férias proporcionais (se houver) acrescidas de 1/3 (um terço).

Não é devido o pagamento do aviso-prévio e da multa de 40% (quarenta por cento) do Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Fundamentação: arts. 146 e 147 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT); art. 3º da Lei nº 4.090/1962; art. 3º da Lei
nº 4.749/1965; art. 7º do Decreto nº 57.155/1965.

III.1 - Saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)

Para levantamento do saldo da conta vinculada do FGTS devem ser apresentados os seguintes documentos:

a) Declaração de dependentes firmada por instituto oficial de Previdência Social, de âmbito federal, estadual ou municipal
ou Declaração de dependentes habilitados à pensão, fornecida pelo Órgão pagador da pensão, custeada pelo Regime
Jurídico Único; assinada pela autoridade competente, contendo, dentre outros dados:

- a logomarca/timbre do órgão emissor;

- a data do óbito;

- o nome completo;

- a inscrição PIS/PASEP;

- o número da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) ou do Registro Geral da Carteira de Identidade do
trabalhador que legou o benefício e discriminado, com o nome completo, vínculo de dependência e data de nascimento
os dependentes habilitados ao recebimento da pensão.

Além disso, devem ser apresentados os seguintes documentos complementares:

a) Termos de Rescisão de Contrato de Trabalho (TRCT), para as rescisões e de contrato de trabalho efetuadas até
31.1.2013, ou Termo de Homologação de Rescisão de Contrato de Trabalho (THRCT) ou Termo de Quitação da
Rescisão de Contrato de Trabalho (TQRCT) homologado quando legalmente exigível, para o contrato de trabalho extinto
pelo óbito, se apresentado;

b) Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) ou declaração das empresas que comprove vínculo empregatício;

c) Cartão do Cidadão ou Cartão de inscrição PIS/PASEP do titular;

d) documento de identificação do solicitante.

Fundamentação: códigos de saque 23 e 26 do Manual FGTS - Movimentação da Conta Vinculada aprovado pela Circular
CEF nº 742/2016.

III.2 - Prazo para pagamento

Na rescisão contratual por falecimento não há o aviso-prévio, por isso entende-se que a empresa deve respeitar as
regras contidas no artigo 447, § 6º da Consolidação das Leis do Trabalho.

Desta forma, a empresa tem o prazo de 10 (dez) dias, contados a partir da data do óbito, para efetuar o pagamento aos
dependentes ou sucessores.

Fundamentação: art. 477, § 6º, "b" da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT); art. 23 da Instrução Normativa
SRT/MTE nº 15/2010.

IV - Seguro-Desemprego
Os dependentes não têm direito ao recebimento do seguro-desemprego, uma vez que, trata-se de direito pessoal e
intransferível do trabalhador.

Cumpre esclarecer que, o seguro-desemprego será cancelado na ocorrência de morte do segurado.

Fundamentação: arts. 6º e 8º da Lei nº 7.998/1990.

V - Homologação da rescisão contratual


No caso de morte do empregado, a assistência na rescisão contratual deve ser prestada aos beneficiários habilitados
perante o órgão previdenciário, reconhecidos judicialmente ou previstos em escritura pública.

Referida declaração só é aceita se constarem os dados necessários à identificação do beneficiário e à comprovação do


direito.

Fundamentação: art. 14 da Instrução Normativa MTE nº 15/2010.

VI - Jurisprudência
MULTA DO ART. 477, parágrafo 8º, DA CLT. INDEVIDA. Tendo a rescisão contratual ocorrido em 21.03.2014 (sexta-
feira), devido ao falecimento da obreira na aludida data, enquanto o início da contagem do prazo previsto no artigo 477,
parágrafo 6º, da CLT no primeiro dia útil subsequente, ou seja, 24.03.2014 (segunda-feira), tem-se por tempestivo o
pagamento efetuado pela reclamada em 02.04.2014, a título de verbas rescisórias. Com efeito, incabível se afigura a
multa perseguida (TRT 2ª Região - 11ª Turma - RO 20160253866 - Relator: Sergio Roberto Luduvice - Data da
publicação: 3.5.2016).

Multa do art. 477 da CLT. Falecimento do empregado. Mesmo que ainda não definidos os dependentes e herdeiros, cabia
à reclamada proceder ao pagamento das verbas rescisórias, por meio de ação consignatória, dentro de prazo razoável,
notadamente porque tais parcelas são revestidas de caráter alimentar, eximindo-se, assim, da sanção moratória.
Hipótese que não se cogita no caso vertente. Apelo não provido. Multa. Embargos protelatórios. Da análise dos autos,
depreende-se que, de fato, a reclamada opôs embargos declaratórios manifestamente infundados e protelatórios,
suscitando omissão inexistente, pretendendo, na verdade,o reexame do julgado, por meio de remédio jurídico impróprio.
Inequívoco o enquadramento na cominação de que trata o art. 538 do CPC. Apelo não provido (TRT 2ª Região - 18ª
Turma - RO 20150727474 - Relator: Lilian Gonçalves - Data da publicação: 24.8.2015).

Extinção do contrato de trabalho pelo falecimento do empregado. Multa do art. 477 da CLT. A multa do art. 477 da CLT é
devida quando a ação de consignação em pagamento é ajuizada após 20 dias do falecimento, ou seja, o dobro do prazo
fixado no par. 6º do citado dispositivo. Isso porque o art. 217, II do CPC proíbe a citação do cônjuge ou dos parentes do
falecido nos sete dias seguintes ao óbito, e o art. 477, par. 6ª da CLT prevê o prazo de 10 dias para a quitação das
verbas rescisórias. A ausência de previsão para pagamento da multa prevista no parágrafo 8º do mesmo artigo, nos
casos em que a extinção do contrato de trabalho se dá pelo falecimento do empregado não autoriza o empregador a
protelar indefinidamente o cumprimento da obrigação, que decorre de lei. Recurso Ordinário da autora a que se nega
provimento (TRT 2ª Região - 11ª Turma - RO 20150570540 - Relator: Eduardo de Azevedo Silva - Data da publicação:
1.7.2015).

RECURSO ORDINÁRIO. FALECIMENTO DO EMPREGADO. VERBAS DECORRENTES DO CONTRATO DE


TRABALHO. BENEFICIÁRIOS. LEI 6.858/80. Na hipótese de falecimento do empregado, a legitimidade para
recebimento das verbas decorrentes do contrato de trabalho, é determinada pela Lei 6.858/80, que estabelece quais são
os beneficiários das verbas não recebidas em vida pelo 'de cujus'. Recurso Ordinário improvido para manter a sentença
que determinou o levantamento parcial dos valores pela guardiã do dependente menor do falecido e o depósito do
restante em caderneta de poupança (TRT 2ª Região - 5ª Turma - RO 20150124931 - Relatora: Sonia Maria Lacerda -
Data da publicação: 27.2.2015).

VII - Consultoria Thomson Reuters FISCOSOFT


1 - Os dependentes do empregado falecido têm direito ao recebimento do seguro-desemprego?

Os dependentes não têm direito ao recebimento do seguro-desemprego, uma vez que esse benefício é pessoal e
intransferível.

Fundamentação: "caput" do art. 6º da Lei nº 7.998/1990.

2 - No caso de morte do empregado, a assistência na rescisão contratual deve ser prestada?

Sim. No caso de morte do empregado, a assistência na rescisão contratual é prestada aos beneficiários habilitados
perante o órgão previdenciário, reconhecidos judicialmente ou previstos em escritura pública lavrada, desde que dela
constem os dados necessários à identificação do beneficiário e à comprovação do direito.

Fundamentação: "caput" do art. 14 da Instrução Normativa SRT nº 15/2010.

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