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FACULDADE CAMPO LIMPO PAULISTA

ENGENHARIA CIVIL

USO DE RADIER COMO FUNDAÇÃO PARA INDÚSTRIAS

MOISÉS VIEIRA DE OLIVEIRA


DEISIANE SILVA DE JESUS

CAMPO LIMPO PAULISTA - SP


DEZEMBRO – 2016
MOISÉS VIEIRA DE OLIVEIRA
DEISIANE SILVA DE JESUS

USO DE RADIER COMO FUNDAÇÃO PARA INDÚSTRIAS

Trabalho de conclusão apresentado à


Faculdade Campo Limpo Paulista –
FACCAMP, como requisito para a
obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Dr. Paschoal Perdão Junior


Prof. Francisco Coelho Oliveira

CAMPO LIMPO PAULISTA - SP


DEZEMBRO – 2016
FACULDADE CAMPO LIMPO PAULISTA
ENGENHARIA CIVIL

USO DE RADIER COMO FUNDAÇÃO PARA INDÚSTRIAS

MOISÉS VIEIRA DE OLIVEIRA


DEISIANE SILVA DE JESUS

Orientador: Prof. Dr. Paschoal Perdão Junior

Banca Examinadora:

__________________________________________
Prof.
Convidado

__________________________________________
Prof. Dr. Paschoal Perdão Junior
Orientador

__________________________________________
Prof. Dr. Paschoal Perdão Junior
Coordenador

CAMPO LIMPO PAULISTA - SP


DEZEMBRO – 2016
DEDICATÓRIA

(OPCIONAL)
AGRADECIMENTO

(OPCIONAL)
EPÍGRAFE

(OPCIONAL)
RESUMO

Buscando aperfeiçoar o tempo e os custos na fundação de projetos galpões


industriais, abordaremos nesse trabalho a concepção, planejamento e execução de
fundação rasa do tipo radier. Embora seja pouco difundida sua aplicação em
projetos em nosso país, o mesmo é muito utilizado em outros países, esse tipo de
fundação mostra-se altamente confiável, viável e econômica em diversos aspectos.
Além de possibilitar o uso de solos problemáticos para a construção de
empreendimentos industriais. Trataremos de fatores econômicos como a relação
custo-benefício e dos demais fatores envolvidos em um projeto dessa esfera, como
questões estruturais, questão da qualificação da mão de obra, benefícios do radier
no canteiro de obra, questões ambientais, questões de segurança no canteiro entre
outros.

Palavras chaves: Fundação; Radier; Estrutura


ABSTRACT

Searching to optimize time and costs in industrial buildings foundations projects, we


approach in this work the conception, planning and execution of shallow foundation
as known as slab-on-grade. Although it be few widespread in this country, the same
is widely used in others countries, this kind of foundation show itself highly reliable,
viable and economical in several aspects. Beyond it make possible the use of
problematic soils for the construction of industrial undertaking. We deal with
economic factors like cost-effective and of others factors involved in a project of this
sphere, as structural matters, work-force qualifications matters, benefits of the Radier
in the construction site, environmental matters and the construction site safety
matters between others subjects.

Key words: Foundations, Slab on grade, Structure


LISTA DE SIGLAS
ABNT: Associação de Normas Técnicas Brasileiras
Al: Elemento químico Alumínio
CTC: Capacidade de troca de cátions
DIN: Deutsches Institut für Normung
EUROCODE: European Committee for Standardisation FE: Elemento químico Ferro
IP: Índice de plasticidade
LC: Limite de contração
LL: Limite de liquidez
LP: Limite de Plasticidade
NBR: Normas Brasileiras
RC: Resistência a força de cisalhamento
SPT (Standard Penetration Test.): sondagem de penetração no solo.
ABMS: Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica
ABEF: Associação Brasileira de Empresas de Engenharia de Fundações e
Geotecnia
ACI American Concrete Institute
PTI- Post-Tensioning Institute
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Curva Granulométrica.................................................................................19


Tabela 2 Classificação dos grãos do solo..................................................................19
Tabela 3 Quantidade mínima de sondagens..............................................................21
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Componentes básicos do solo..................................................................15
LISTA DE FOTOS E FIGURAS
Figura 1 - Classificação dos solos.............................................................................21

Figura 2- Esquema indicando a posição relativa dos Limites de Atterberg...............23

Figura 3- SPT.............................................................................................................24

Figura 4 - Amostrador-padrão “Raymond”.................................................................25

Figura 5- Amostrador-padrão “Raymond”..................................................................25

Figura 6- Amostrador-padrão “Raymond”..................................................................25

Figura 7 Superposição de pressões.........................................................................34

Figura 8 Distorções angulares...................................................................................36

Figura 3 Deficiência na investigação geotécnica ......................................................36

Figura 10 Fissuramento de edificação assente em aterro ........................................37

Figura 11 Rebaixamento do nível do lençól freático .................................................38

Figura 12 Fundação de ponte danificada pela erosão.............................................39

Figura 13 Desabamento de um edifício em Xangai..................................................39

Figura 14 Efeito Tschebotarioff.................................................................................40

Figura 15 Influencia da vegetação em recalques......................................................40


SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO

1.1. Objetivo geral

Demonstrar a eficiência da fundação com relação aos diversos aspectos envolvidos


no projeto, desde a economia de materiais a economia de tempo assim como a
garantia de estar desenvolvendo um projeto seguro e de qualidade.

1.2. Problema

Em nosso país a fundação radier é pouco utilizada, levando a uma certa


desconfiança entre leigos e até mesmo profissionais da área, acerca de vários
problemas que ela possa eventualmente apresentar, são questões muito pertinentes
quando se avalia um novo projeto ou método construtivo. Todas essas questões
demonstram a complexidade de um novo projeto, entretanto não o inviabilizam Mas
é preciso saber se ele realmente é eficaz, seguro, e viável.

1.3. Justificativa

O projeto de fundação em Radier tem um grande potencial de implementação nos


projetos de galpões indústrias, uma vez que eles oferecem uma serie de vantagens
comparadas com outros projetos de fundações Como sua utilização ainda é
pequena há muito a se pesquisar sobre o assunto, mas é também a forma como as
coisas evoluem através da inovação, da pesquisa e da utilização da tecnologia
disponível atualmente. Vemos as fundações executadas atualmente como sendo
replicas de outros projetos, demoradas, dispendiosas, muito suscetíveis a abalos
sísmicos de qualquer origem assim como a recalques diferenciais. Não basta
apenas fazer um projeto onde se contemple a superestrutura como sendo a única
estrutura a ser preocupa, é cada vez mais evidente que a infra-estrutura tem um
papel fundamental, no projeto, e que ela não deve ser negligenciada, uma vez que
isso compromete todo o projeto. Daí o nosso interesse em dissertar sobre o tema e
apresentar soluções viáveis em projetos

1.4. Metodologia

Adotou-se a seguinte metodologia para a elaboração deste trabalho

 Estudo do solo

 Classificações dos solos;

 Apresentação das inspeções geotécnicas aplicadas;

 Abordagem das exigências presentes nas normas brasileiras;

 Apresentação dos tipos de fundações mais utilizadas;

 Estudo da interação solo-estrutura;

 Apresentação dos tipos e causas de recalques;

 O que é radier, como funciona


2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Estudo do solo

O estudo do é crucial para o projeto de uma fundação, cada tipo de solo tem reage
de forma particular ao peso de uma estrutura por isso necessita assim uma analise
mais profunda e criteriosa. De acordo com alguns teste e exames laboratoriais é
possível determinar varias características físicas e químicas de cada solo. Essa
analise vai fornecer ao engenheiro informações relevantes na concepção do projeto
possibilitando então estudar a melhor fundação a se executar dentre as opções
viáveis, sempre atendendo as normas de segurança e normas vigentes no país,
como as da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que discorre acerca
de procedimentos para cálculo, dimensionamento e execução das fundações é o
caso da NBR 6122.

2.1.1. Características físicas do solo

O solo é um composto de vários minerais, materiais orgânicos pulverizados em


minúsculas partículas, espaços vazios preenchidos por ar ou por água, é essa
combinação de partículas que dá ao solo suas propriedades físicas, Manahan (1997)
à medida que a proporção desses elementos muda suas características também
serão alteradas,

O solo para Ribeiro (2009) é constituído basicamente por duas partes 50% de
material sólido e 50% de material poroso O material sólida é composto por 45% de
material mineral e 5% de material orgânico. Já o material poroso deve ser
preenchido com 25% de água e 25% de ar.
Gráfico 1: Componentes básicos do solo
Fonte: (RIBEIRO, 2009, p. )

A medida que a água do solo evapora, o solo vai ficando com mais vazios e se ele é
compactado logo perde a água e o ar presente nesses vazios, o efeito disso na
pratica é que ao se alterar a composição do solo se altera também a sua resistência
o que favorece a ocorrência de recalques diferenciais nas estruturas que se apóiam
sobre ele. O solo é representado em um sistema trifásico, pois no seu interior
encontram-se os três estados da meteria.

O solo possui inúmeras propriedades físicas tai como:.

2.1.2. Cor

A cor é a característica morfológica mais notável no solo ela nos ajuda identificar o
solo e nos permite distinguir cada lime de horizonte no perfil de um solo. A cor do
solo nos dá indicativos sobre material do solo, fertilidade, matéria orgânica, condição
de drenagem, teores de óxidos como o de Fe e Al, etc. Podemos identificar o tipo de
solo pela tabela de Mussel, trata-se de um catalogo de cores, vide Figura 1.

Figura 1 - Tabela Mussel


Fonte: (www.agrônomos.ning.com acesso: 02/05/2016)
2.1.3. Densidade

É a relação entre a massa de uma amostra de solo e o volume ocupado por suas
partículas sólidas ar e água. Expresso por D=m/v onde;

D= densidade das partículas, m=massa da amostra, v=volume da amostra

A densidade do solo varia de 2300 kg/m³ á 2900 kg/ m³. A importância da densidade
se da, pois através dela é possível se determinara drenagem, porosidade,
condutividade hidráulica, permeabilidade ao ar e a água, capacidade de saturação,
armazenamento de água, etc.

2.1.4. Porosidade

È a porção do solo onde estão presente os vazios onde o solo não esta ocupa dos
sólidos. Esses poros têm tamanhos diferentes e são classificados como, macro
poros aqueles que não são capilares e tem diâmetro igual 0,05mm e microporos que
são capilares e tem diâmetro = menor que 0,05 mm.

2.1.5. Umidade

È a diferença entre o peso solo seco Desta forma determina-se a quantidade de


umidade contida nessa amostra,

h= P-PA /PS*100

Onde h=umidade, P= peso do solo, Os= peso do solo seco. As normas para se
determinar a umidade do solo estão presentes na NBR-06457. A umidade do solo
basicamente a quantidade de água que preenche os vazios do solo, essa
informação é importante, pois o solo tem um limite de saturação, ate esse limite ele
pode absorver a água, mas passado esse limite a água irá causar uma série de
problemas. A umidade pode ser medida por meio de cálculo ou por meio de testes
laboratoriais como o Speedy, Para determinar a quantidade de água por meio de
cálculo, toma-se uma amostra do solo e se faz a pesagem do solo úmido e depois
seco e se calcula a diferença entre elas. O teste do Speedy é feito em um
instrumento que contem um reservatório metálico com um manômetro, coloca-se
uma amostra de solo analisa-se a umidade do solo através da pressão interna do
reservatório.

2.1.6. Temperatura

A temperatura do solo varia com a temperatura do ar, mas não com a mesma
velocidade, varia também com a hora do dia e ainda varia de acordo com a
profundidade do solo, quanto mais fundo mais quente, mas existe um ciclo térmico
da temperatura. Durante o dia o solo é aquecido pela radiação solar e por condução
térmica esse calor chega ao seu interior, à noite isso se inverte a ausência de
radiação solar faz com que ele se resfrie e como o fluxo do calor é sempre do corpo
quente para o mais frio o calor é emitido do interior para a superfície através de
ondas de radiação terrestre.

Durante todo o dia ocorre uma variação de temperatura, em certas regiões do globo
essa variação é pequena, mas em ceras regiões essa variação é grande e muito
severa.

2.1.7. Granulometria

Trata-se de um estudo das dimensões dos grãos presentes na amostra, é a


distribuição das partículas do agregado e de suas respectivas percentagens de
ocorrência. Descobre-se a distribuição granulométrica de um solo e em seguida
traça-se um gráfico que demonstra a curva granulométrica. Desta forma possibilita a
determinação de suas características físicas. A Granulometria pode ser feita por
peneiramento, sedimentação, pela combinação dos dói métodos ou por difração a
laser As normas que descrevem esse procedimento estão presentes na NBR-
6202/195. Para Botelho e Carvalho (2007) o solo é constituído de seixos,
pedregulhos areias siltes e argilas para se obter essa classificação se analisam as
dimensões da partícula que constituem o solo. Em seguida é feita um peneiramento
do solo e se determina a quantidade de cada um dos constituintes do solo, desta
forma é possível se determinar qual foi o diâmetro da amostra que passou pela
peneira e a quantia que ficou retida, existe varias peneiras de acordo com os
diâmetros relativos ao pedregulho seixo, areis argila, etc. Porem a amostra que
passa na peneira 200 deve ser determinada pelo método da sedimentação continua
em meio líquido, que é uma procedimento que se baseia na lei de Stokes (1850),
que diz ser a velocidade de queda das partículas esféricas em um meio viscoso é
proporcional ao quadrado do diâmetro da partícula, vemos abaixo a curva
granulométrica de um determinado solo.

.
Tabela 1 Curva granulométrica-
Fonte (Disponível em: www.wikipedia.or acesso DATA)

De acordo com sua dimensão o grão é classificado, como na tabela 2

Tabela 02 - Classificação dos grãos do solo


Fonte : (www.ebah.com.br acesso 03/05/16)

2.1.8. Estrutura

É o resultado da agregação das partículas primárias, originando formas definidas. A


estrutura refere-se arranjo das partículas e definido em termos de tipo, classe e grau
de desenvolvimento.

Tipos de estrutura (quanto à forma):

 Laminar

As partículas estão arranjadas em torno de um plano horizontal. As unidades


estruturais têm aspecto de lâminas, sendo a linha horizontal sempre maior
que a vertical.
 Prismática

As partículas do solo estão arranjadas em torno de uma linha vertical


dominante, que pode ser simplesmente Prismático ou Colunar.

Prismático: apresenta topos planos, nivelados e com contornos melhor


definidos; Colunar = apresenta os topos arredondados, característico de solos
salinos

 Blocos:

as três dimensões da unidade estrutural são aproximadamente iguais e se


dividem em:

Angular: as faces são planas e a maioria dos vértices com ângulos vivos
Subangulares: apresenta mistura de faces arredondadas e planas com muitos
vértices arredondadas

 Granular:

seus inúmeros eixos têm praticamente as mesmas dimensões, forma


grânulos arredondados, característica de horizontes superficiais, ricos em
MO, esses por sua vez podem ser simplesmente granular ou em grumos

Granular: unidades são relativamente pouco porosas.

Grumos: unidades estruturais são muito porosas, apresentando maior


quantidade de microporos

Grau de desenvolvimento (estabilidade)

Sem estrutura= não ocorre agregação ou arranjamento ordenado das partículas;


estrutura em grãos simples para solos arenosos e estrutura maciça para os
argilitos e siltitos com aglomerações

Com estrutura = pode ser fraca, moderada ou forte. Esses três graus são
definidos m função da resistência de agregados e pela proporção entre materiais
agregados e não agregados Sesquióxidos de Fe e Al = agentes cimentantes,
uma vez precipitados e desidratados, dificilmente se reidratam e entra em
suspensão, fato que dá aos agregados elevada estabilidade.

2.1.9. Dureza

Consistência do solo é a resistência de um material à deformação ou ruptura, ou o


grau de coesão e adesão da massa do solo. Esse termo designa as manifestações
das forças físicas de coesão e de adesão entre as partículas do solo, conforme
variação dos graus de umidade. Esse termo, diz respeito às atrações entre as
partículas sólidas do solo, que se manifestam tão logo a massa do solo seca, úmida
e molhada é posta aos efeitos de deformação, separação ou ruptura. Segundo
(MARASCA et al.,2011) solos que estão mais compactados apresentam maior
resistência a penetração.A ruptura do é caracterizada por deslocamentos relativos
que ocorrem entre partículas e resistência dos solos a essa ruptura é chamada de
RC. Portanto, em solos nos quais as tensões cisalhantes superam a RC ocorre a
ruptura (BASTOS, 2008).

A consistência do solo abrange um campo de ocorrência de propriedades como:


resistência à compressão, tenacidade, friabilidade, plasticidade, etc., dependentes
da manifestação de:

Coesão: força ou atração presente na interface líquido-líquido (ocorre entre


partículas sólidas revestidas por películas líquidas) ou sólido-sólido (ocorre entre as
partículas de solo seco).

Adesão: força ou atração presente na interface sólido-líquido.

2.1.10. Textura

A textura ou granulométrica refere-se à proporção de argila, silte e areia do solo.


Dessas frações, a argila é a que possui maior superfície específica e é de natureza
coloidal com alta retenção de cátions e adsorção de fósforo. A fração argila
representa a maior parte da fase sólida do solo e é constituída de uma gama variada
de minerais (minerais de argila) que apresentam cargas elétricas negativas
responsáveis pela capacidade de troca de cátions (CTC).
A textura do solo corresponde à proporção existente no solo de partículas minerais
de diferentes tamanhos, com dimensões inferiores a 2 mm (terra fina): areia (entre 2
e 0.02 mm), limo (entre 0.02 e 0.002 mm) e argila (menor que 0.002 mm)

Figura 1- Classificação dos solos


Fonte: (Disponível em: www.ige.unicamp.com.br acesso em data)

2.2. Classificação do solo

A classificação do solo é importante tanto para engenharia civil quanto para a


agricultura, mas cada área observa propriedades especificas para sua atividade,
para a engenharia civil é importante poder estimar o provável comportamento do
solo ou ao menos poder orientar as investigações necessárias para se chegar a uma
analise mais precisa das características do solo PINTO (1996 IN HACHICH). Para a
engenharia civil a classificação é feita em função dos grãos que compõem o solo,
classifica-se dentro de um grupo solos que apresentam características e
comportamentos semelhantes, o mesmo autor diz que é necessário levar em
consideração dois fatores o tamanho dos grãos e as características argilo-minerais
do solo.

2.2.1. Solos Argilosos

Os solos argilosos são notáveis pela existência de grãos microscópicos na sua


constituição. A argila tem um alto grau de complexidade em sua constituição isso faz
com que não se consiga determinar facilmente qual é a sua influência nos solos
Rebello (2008).

A interação do solo- argiloso com a fundação é complexa, pois os recalques


diferenciais costumam ocorrem muito lentamente, isso ocorre, pois a água presente
no solo é expulsa ao longo do tempo, solos argilosos apresentam essa propriedade,
pois são impermeáveis. Para a fundação esse tipo de recalque é ruim, mas para as
escavações a grande coesão e plasticidade dos solos argilosos fazem com que
sejam mais fáceis de trabalhar do outros tipos de solo, pois pode se fazer taludes
com ângulos mais próximos a 90°, alem disso a alta impermeabilidade do solo
impede a entrada de água proveniente do lençol freático nos locais da fundação. Os
solos argilosos podem ser classificados quanto a sua resistência a penetração.

Tabela 2 consistências das argilas em função do SPT


Fonte: (PINTO, 2006, p. )

Para solos argilosos deve-se observar características como:

2.2.2. Plasticidade

Segundo Rabello (2008) é a capacidade de se deformar sem romper mediante as


forças de cisalhamento ou para CAPUTO (1988) é a capacidade de ser maior ou
menormente moldado sob certas condições de umidade sem variar o seu volume,
diz-se que um solo apresenta plasticidade quando não recupera seu estado original
ao cessar as ações de forças externas

2.2.3. Limite de consistência

O limite de Liquidez também é chamado de Limite de Atterberg, pois foi um método


de avaliação criado por Albert Atterberg, pelo qual por meio de testes e ensaios se
define o LL, LP, LC. Tem grande importância para a mecânica dos solos mesmo
sendo de natureza fundamentalmente empírica, pois assim pode-se determinar o IP.

Quando o solo tem um elevado nível de água esta em seu estado elástico, onde
tudo pode ser moldado aplicando-se uma força a ele, e no momento em que se
retira essa força o solo volta a sua fase inicial, a medida que a água vai evaporando
ele chega ao LL, a medida que sua capacidade de fluir mais pode ser moldado
facilmente e conserva a sua forma. Agora o solo esta no estado plástico, mais
continua a perder água ate chegar ao LP, onde ao ser trabalhado o solo se
desmancha, este é o estado semissólido. O limite entre os dois estados é um teor de
umidade igual ao limite de contração (LC)

A argila pode passar do estado liquido, onde retém muita água, ao estado semi-
sólido e chegar até ao estado sólido à medida que seu teor de água diminui segundo
Rabelo (2008)

Figura esquemática indicando a posição relativa dos Limites de Atterberg e do índice de plasticidade.
Fonte: (https://pt.wikipedia.org acesso 03/05/16)

2.2.4. Limite de liquidez (LL)

É o teor em água acima do qual o solo adquire o comportamento de um líquido. A


passagem do estado sólido para o estado líquido é gradual, por conseqüência,
qualquer definição de um limite de fronteira terá de ser arbitrário. É possível
determinar o limite de liquidez de um solo através de dois dispositivos: a concha de
Casagrande e o penetrómetro de cone.O limite de liquidez é definido como o teor de
umidade do solo com o qual uma ranhura nele feita requer 25 golpes para se fechar
numa concha.

Limite de plasticidade (LP)

É tido como o teor de umidade em que o solo deixa de ser plástico, nessa fase
torna-se quebradiço; é a umidade de transição entre o estado plástico e semissólido
do solo. Em laboratório o LP é obtido determinando-se o teor de umidade no qual
um cilindro de um solo com 3 mm de diâmetro e cerca de 10cm de comprimento
apresenta-se fissuras.

2.2.5. Limite de contração (LC)


5.3.3. Limite de Contração

É o valor de umidade para o qual o solo passa do estado sólido para o estado semi-
sólido

2.2.6. Índice de plasticidade (IP)

Pelos limites de consistência estabelecidos é possível obter o índice de plasticidade,


que se trata da diferença entre o limite de liquidez e o limite de plasticidade.

Este valor determina a zona em que o terreno se acha no estado plástico. Quanto
maior o IP, tanto mais plástico será o solo. Quando um material não tem plasticidade
(areia, por exemplo), considera-se o índice de plasticidade nulo (CAPUTO, 1988).

O IP é uma maneira de avaliarmos a plasticidade do solo. Seria a quantidade de


água necessária a acrescentar a um solo (com uma consistência dada pelo valor de
IP) para que este passasse do estado plástico ao líquido.

2.2.7. Índice de consistência

O índice de consistência é a relação entre a diferença do limite de liquidez para


umidade natural e o índice de plasticidade. Qualitativamente, cada um dos tipos
pode ser identificado do seguinte modo: - muito moles: as argilas que escorrem com
facilidade entre os dedos, se apertadas nas mãos; - moles: as que são facilmente
moldadas pelos dedos; - médias: as que podem ser moldadas pelos dedos; - rijas:
as que requerem grande esforço para serem moldadas pelos dedos; - duras: as que
não podem ser moldadas pelos dedos e que, ao serem submetidas o grande
esforço, desagregam-se ou perdem sua estrutura original. Segundo a ABNT/NBR
7250/82, a consistência das argilas e siltes argilosos são correlacionadas com o
índice de resistência à penetração obtido no ensaio de SPT, como mostra a Tabela

2.3. Investigação geotécnica

São uma série de sondagens in loco e exames laboratoriais que identificam as


características do solo, seu intuito é determinar qual é a interação do solo com a
hiperestrutura e superestrutura CAPUTO (1988). Há muitos ensaios e sondagens
pelos quais pode identificar as características do solo, porem alguns são Segundo a
norma ABNT/NBR 6502/80 quanto à consistência os solos finos podem ser
subdivididos em muito moles (vazas), moles, médias, rijas e duras. Busca situar o
teor de umidade do solo no intervalo de interesse para a utilização na prática, ou
seja, entre o limite de liquidez e o de plasticidade. As argilas moles, médias e rijas
situam-se no estado plástico; as muito moles no estado líquido e as duras no estado
semi-sólido. Quantitativamente, cada um dos tipos pode ser identificado quando se
tratar de argilas saturadas, pelo seu índice de consistência, IC = (LL - w)/IP.

São indispensáveis ao projeto de fundação e por sua vez são recomendados pela
ABNT, recomenda-se que se sigam as orientações da norma ABNT NBR 6122/2010
(esta norma rege o projeto e execução de fundação das estruturas convencionais da
engenharia civil) que diz que se deve executar a investigação geotécnica, preliminar
e se necessário outras mais especificas. Determina-se que seja feita uma sondagem
de percussão no solo chamada de SPT (Standard Penetration Test). Esse ensaio
determina a penetração normal, esse tipo de exame não é o mais detalhado, mas é
o mais usual REBELLO (2008)

2.3.1. Quantidade de sondagens SPT ao longo do terreno

De acordo com o terreno se faz necessário maior ou menor número de sondagens


isso se dá por recomendação da NBR 6484 e NBR 8034 que determinam um
número mínimo de furos de sondagem pela área do terreno.
Tabela 00: Quantidade mínima de sondagens
Fonte: (NBR 8036, 1983)

Para qualquer projeto de fundação deve-se conhecer a natureza do subsolo, através


de ensaios geotécnicos de campo, tais como sondagens de simples
reconhecimento, ensaios de penetração estática, provas de cargas em protótipos
etc. AFONSO (1991, p.5) Em todos os casos, deve ser respeitado o número mínimo
de: Duas sondagens para área de projeção em planta de até 200 m²; Três
sondagens para área de projeção em planta entre 200 m² e 400 m². Há ainda que se
considerar a distribuição da carga sobre o terreno podendo ser necessárias mais
sondagens numa determinada área. A distância entre os furos pode variar conforme
o tipo de obra. No caso de edificações, salvo em casos específicos, a distância entre
as sondagens varia de 15 a 30 metros, em posições próximas aos limites de
projeção da edificação e nos pontos de maior concentração de carga (QUARESMA,
DÉCOURT, et al., 1998).

2.3.2. Execução do SPT

Segundo PINTO (2006) o ensaio deve ter duas operações: que são sondagem e
perfuração. A perfuração do terreno por sua vez inicia-se acima do nível da água é
comum o uso de um trado tipo cavadeira. Após varias rotações com o trado o furo é
aprofundado e o material então recolhido é classificado de acordo com a sua
composição. À resistência que o solo apresenta ante a penetração do trado é um
indicativo de consistência ou da compacidade presente naquele solo, porém um
melhor relatório no que diz respeito às propriedades físicas e químicas do solo só
será alcançado com a amostragem que usualmente é feita de metro em metro no
curso da perfuração, ou então sempre que se constatar mudança de material que
compõe o solo. Quando é atingido determinada profundidade, se coloca um tubo de
revestimento de duas polegadas este ainda será usado na amostragem. No interior
desse tubo a penetração avança agora utilizando um trado espiral até que se atinja o
nível da água.

2.3.4. Determinação do nível da água

No momento em que se percebe o surgimento de água no fundo do tubo ou em seu


interior. Nesse momento, registra-se a cota do nível d’água e cessa-se a operação,
aguardando para se verificar o nível se mantém estável na cota atingida ou se ele
por ventura se sobe no interior do tubo de revestimento. Se o nível sobe isso, é sinal
de que a água estava sob pressão. Apos o nível d’água se equilibrar, se registra
nova cota da água. A diferença obtida entre e a cota que foi encontrada a água e
essa que ela se estabiliza indica a pressão a qual está submetido o lençol freático.
Encontrar esses níveis d’água pressurizados é muito comum, especialmente em
camadas de areias que estão encobertas por argilas devido ao fato destas serem
muitos mais impermeáveis. Os dados concernentes à pressão do lençol são
altamente importantes, uma vez que estas pressões influenciam na estabilidade de
escavações que serão executadas posteriormente neste solo. É possível ainda
ocorrer mais do que um lençol d’água ao longo das perfurações. Estes lençóis ficam
suspensos em camadas de argila. Nesse caso um destes lençóis deve ser
identificado mensurado e registrado. A data em que foi determinado o lençol também
deve ser anotada, já que o nível d’água, naturalmente varia ao longo do ano PINTO
(2006).

2.3.5. Perfuração abaixo do nível d’água

Após ser atingido o nível d’água, pode-se avançar com a perfuração agora se
utilizando outra técnica, a da circulação de água, convenientemente chamada de
percussão e lavagem. Trata-se de se injetar água no fundo do tubo através de uma
haste de menor diâmetro pelo tubo de revestimento onde há um furo na extremidade
com o auxílio de uma bomba d’água motorizada.

Em sua extremidade há um trépano com ponta afiada e com dois orifícios através
dos quais a água sai pressurizada.
Figura 2 - SPT
Fonte: (http://engenhariacivilunip.weebly.com acesso 02/05/16)

A haste no interior é levantada e solta por repetidas vezes por uma altura de cerca
de 30 cm. Posteriormente sua queda é executada um movimento de rotação
produzido manualmente por um operador. Por meio desse processo ocorre o
destorroamento do solo que se encontra no fundo da perfuração. No mesmo
instante, a água que vai sendo injetada pelos orifícios do trépano ajuda a desagregar
as camadas do solo e quando a água faz seu caminho de volta à superfície, pelo
pequeno vão entre a haste interna e o tubo de revestimento, ela acaba
transportando as partículas do solo que foram desagregadas. Em seguida de metro
em metro,como se recomenda, ou quando se detectar mudança do solo pelo
material trazido a tona pela água de circulação, deve-se suspender a operação e se
realizar uma nova amostragem. Esse material trazido pela lavagem que fica em
suspensão é heterogêneo e logo não permite que se faça uma precisa classificação
do solo, entretanto, é possível se notar alterações acentuadas de tipo de solo. A
Essa técnica de perfuração por lavagem é mais rápida do que aquela feita pelo trado
porem não deve ser executada acima do nível da água. Ela deve ser feita somente
abaixo do nível d’água já que acima dele estaria alterando o teor de umidade do solo
o que certamente alteraria as condições de amostragem.

2.3.5. Amostragem

Há um dispositivo chamado de amostrador padrão que é formado por um tudo com


50,8 mm de diâmetro externo e 34,9 mm de diâmetro interno e possui a extremidade
cortante biselada.
Figura 3 e 4: Amostrador-padrão “Raymond” (NBR 6.484 / 2001) – Aberto e Fechado.Fonte:
http://www.tjdft.jus.br/transparencia/licitacoes-vij/RelatrioTcnicoP4958, data do acesso 02/05/2016 as
14:04.

Fi
gura 5: Corte longitudinal de um amostrador padrão
Fonte: (PINTO, 2006, p. ).

Já a outra extremidade deve fixada à haste que a leva até o fundo da perfuração,
essa possui dois orifícios em suas laterais para liberar água e ar, e uma válvula
composta por uma esfera de aço. O dispositivo é acoplado à haste e conduzido até
o fundo da perfuração, feito isso, é encravado no solo pela ação de uma peça de
ferro fundido que se chama martelo, esse possui uma massa de 65 kg., O martelo é
cravado pela força gravitacional logo deve ser elevado a uma altura de
aproximadamente 75 cm e solto em queda livre. A seguir ergue-se martelo
manualmente se não for um de equipamento mecânico, que faz uso de uma corda
flexível que passa por uma roldana situada na parte superior do tripé. Para que o
amostrador seja cravado no solo são necessários varias quedas do martelo até que
o amostrador penetre 45 cm no solo. Em seguida se faz um exame tátil-visual com
essa amostra e suas principais propriedades são registradas. As amostras devem
ser então, conservadas em recipientes não permeáveis para futuras análises.

2.3.6. Analise dos resultados do ensaio SPT

A análise feita considerando os 30 cm finais da sondagem observa-se a quantidade


necessária de golpes para que se crave o amostrador os últimos 30 cm(VELLOSO e
LOPES, 2011). O resultado é uma fração da quantidade de golpes pela distancia
perfurada, assim se o resultado constatado for 15/20 isso quer dizer que houve
quinze golpes que fizeram com que o amostrador aprofunda-se 20 cm no solo As
informações da sondagem são dispostas em um relatório de sondagem.

Relatório de sondagem SPT


Figura 00 : relatório de sondagem SPT.
Fonte: (MILITITSKY, CONSOLI E SCHNAID, 2008, p. )

2.3.7. Critérios para interrupção da sondagem

A ABNT pela NBR 6484estabelece padrões na interrupção da sondagem esta


norma recomenda que a sondagem deve ser interrompida : Quando se obtiver 30
golpes para penetração dos 15 cm iniciais em 3 metros sucessivos;

Quando se obtiver 50 golpes para penetração dos 30 cm iniciais em 4 metros


sucessivos; Quando se obtiver 50 golpes para penetração dos 45 cm em 5 metros
sucessivos.

2.4. Fundação

A fundação é o elemento estrutural responsável por transmitir as cargas da surper-


estrutura para o solo. Basicamente elas se dividem em dois grupos; as Fundações
Superficiais (ou Diretas ou Rasas) e as Fundações Profundas.

É necessário que se atenda os requisitos mínimos de um projeto de fundação:

a) Deformações aceitáveis sob as condições de trabalho;


b) Segurança adequada ao colapso do solo de fundação (estabilidade "externa”)
c) Segurança adequada ao colapso dos elementos estruturais (estabilidade
"interna").
Consequências do não atendimento a estes requisitos pode ser deformações
excessivas, colapso do solo e colapsos dos elementos estruturais, resultantes de
projetos deficientes.

2.4.1. Fundação superficial (ou rasa ou direta)

Segundo a NBR 6122, fundação direta é aquela que a carga é transmitida ao


terreno, predominantemente pelas pressões distribuídas sob a base da fundação, e
em que a profundidade de assentamento em relação ao terreno adjacente é inferior
a duas vezes a menor dimensão da fundação. Incluem-se neste tipo de fundação as
sapatas, os blocos, os radier, as sapatas associadas, as vigas de fundação e as
sapatas corridas. Segundo Velloso e Lopes (1998, p. 214), os radiers, as sapatas e
o blocos (tipos de fundações rasas) são os elementos de fundação mais simples e
mais econômicos,porem nem sempre é possível sua utilização. Para ser viável a
utilização de fundações rasas, é necessário que o solo tenha resistência suficiente
para suportar os carregamentos já nas primeiras camadas. No entanto, é de suma
importância conhecer as camadas do subsolo de onde se pretende apoiar a
fundação, avaliando a influência das tensões nas camadas mais profundas para
TEIXEIRA & GODOI (1996 IN HACHICH) as fundações rasa ou diretas são aquelas
que se apoiam sobre o solo a uma pequena profundidade em relação ao solo
circundante. Dentro dessa classificação podemos citar:

Bloco: elemento de fundação dc concreto simples, dimensionado de maneira que as


tensões dc tração nele produzidas possam ser resistidas pelo concreto, sem
necessidade de armadura;

Sapata : elemento dc fundação dc concreto armado, de altura menor que o bloco,


utilizando armadura para resistir aos esforços de tração;

Viga de fundação: elemento de fundação que recebe pilares alinhados, geralmente


de concreto armado; pode ter seção transversa, tipo bloco (sem armadura
transversal), quando são frequentemente chamadas de baldrames, ou tipo sapata,
armadas;

Grelha: elemento de fundação constituído por um conjunto de vigas que se cruzam


nos pilares;
Sapata associada: elemento de fundação que recebe parte dos pilares da obra, o
que a difere do radier, sendo que estes pilares não são alinhados, o que a difere da
viga de fundação;

Radier: elementos de fundação que recebem todos os pilares da obra (VELLOSO e


LOPES, 1998). Ainda segundo Velloso e Lopes (1998), quando a área total de
fundação ultrapassa metade da área da construção, o radier é indicado. Rebello
(2008) afirma que fundações em radier comportam-se bem em solos com SPT maior
que quatro. O uso do radier evita que um apoio recalque mais que outro, ou seja,
evita o recalque diferencial. São fundações bastante utilizadas na construção de
habitações populares, pois geralmente se utiliza alvenaria estrutural apoiado sobre o
radier, que por sua vez é aproveitado como contra-piso. Assim, se torna uma
construção econômica.

2.4.2. Fundação profunda

Elemento de fundação que transmite a carga ao terreno pela base (resistência de


ponta), por sua superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das
duas, e que está assente em profundidade superior ao dobro de sua menor
dimensão em planta, e no mínimo 3 m. NBR 6122, as fundações profundas são
separadas em três tipos principais:

Estaca: elemento de fundação profunda executado com auxílio dc ferramentas ou


equipamentos, execução esta que pode ser por cravação a percussão, prensagem,
vibração ou por escavação, ou, ainda, de forma mista, envolvendo mais de um
destes processos;

Tubulão: elemento de fundação profunda de forma cilíndrica, em que, pelo menos na


sua fase final de execução, há a descida de operário (o tubulão não difere da estaca
por suas dimensões, mas pelo processo executivo, que envolve a descida de
operário);

Caixão: elemento de fundação profunda de forma prismática, concretado na


superfície e instalado por escavação interna.

2.5. Interação solo-estrutura


Toda edificação é composta por superestrutura e por uma infra-estrutura, estas
trabalham em conjunto e mantém ao longo de toda sua existência uma relação de
esforços e de tensões Da mesma forma que a carga da superestrutura é transmitida
ao solo pela fundação, as tensões presentes no solo também tendem a ser transmitir
para a superestrutura pela fundação para GUSMÃO (2000) o desempenho de uma
edificação é determinada pela relação solo-estrutura.

É comum nos cálculos estruturais de um projeto que a estrutura seja calculada pelo
engenheiro supondo que os apoios se comportem estaticamente e que não se
desloquem sob a presença dos esforços do maciço do solo. A essa suposição
conclui-se que haverá esforços já conhecidos como os esforços na direção vertical,
horizontal e de momentos fletores. Na hora de calcular as fundações são com essas
informações que o engenheiro vai calcular os recalques e os comparar com os
recalques admissíveis. Entretanto nessas condições a fundação devido a
deformação do solo solicita a estrutura hiperestaticamente, ou seja, com apoios
deslocáveis e com um fluxo de carregamento diferente da hipótese que os apoios
seriam indeslocáveis o que negligencia os esforços atuantes na estrutura provindas
das tensões do solo. Além disso, é preciso se considerar a influência do tempo, a
influência da rigidez da estrutura e a influencia do processo construtivo adotado.

Para AOKI & CINTRA (1996) o estudo da interação solo-estrutura demanda um


olhar mais específico sobre os diversos materiais que compõem este sistema,
analisando a ambos os sistema estrutural e sistema geotécnico e considerando

O maciço do solo um conjunto composto pelos elementos do solo que ocupam


continuamente a área física demarcada pela superfície do terreno e a superfície do
indeslocável. As vantagens em se fazer essa abordagem considerando o sistema
solo-estrutura são muitas, uma delas é que se torna possível a estimativa da
redistribuição dos esforços sobre os elementos da estrutura, outra vantagem é
possível determinar melhor a forma e a intensidade dos recalques diferenciais, isso
faz com que os projetos tornem-se mais confiáveis e seguros.

2.5.1. Esforços presentes no solo

Atualmente na engenharia de solos é indispensável o conhecimento do estado de


tensões em pontos do subsolo, anteriormente e posteriormente a execução de uma
estrutura qualquer. As tensões no maciço de solo são causadas por cargas externas
ou mesmo pelo próprio peso do solo. As implicações dos esforços introduzidos por
um carregamento externo são bastante complexas e seu tratamento, normalmente é
feito, a partir das hipóteses formuladas pela teoria da elasticidade. As tensões na
mecânica do solo são usualmente chamadas de pressões. Há de um modo geral
dois tipos de tensões presentes no solo as tensões geostáticas ou virgens que é
quando consideramos somente o peso próprio, isto é, apenas sujeito à ação da
gravidade, sem cargas exteriores atuantes. E há as tensões externas que são
causadas por cargas distribuídas sobre o solo. No momento em que sofre
solicitações o solo se deforma e modifica seu volume e sua forma inicial. O nível de
deformação irá depender das propriedades mecânicas do solo e do carregamento
aplicado. O estado de tensões no maciço depende do peso próprio, da intensidade
da força aplicada e da geometria da estrutura de fundação que causa o
carregamento. Para Pinto (2006), quando se aplica um carregamento na superfície
de um solo em uma área bem definida, os acréscimos de tensão a certa
profundidade não se limitam à projeção vertical da área carregada, mas se
estendem também as laterais da área carregada onde ocorre o aumento de tensão.
A distribuição das tensões no solo é visualizada através das isóbaras, que são linhas
de iguais valores de tensão. O conjunto de isóbaras é chamado de bulbo de
tensões. Na pratica leva-se em consideração o bulbo de tensões até 10% da carga
aplicada, acima desta isóbara negligencia-se o efeito do carregamento Segundo
Pinto (2006) no momento que os pontos no interior do subsolo são de mesmo valor
têm-se linhas chamadas de bulbos de tensões Se o bulbo atingir camadas de solo
mais compressíveis, a fundação estará sujeita a recalques significativos de acordo
com Ortigão (2007). Caso o bulbo de tensões de uma fundação se encontre com
outro bulbo de uma fundação próxima, ocorre o acréscimo das tensões dos dois
bulbos no local interagido, o que contribui para ocorrência de recalques caso não
tenha sido previsto o acréscimo de tensões e o solo não suporte a carga somada tal
efeito, oriundo da somatizacão dos efeitos de fundação próximas Para efeito de
projetos convencionou-se ∆σ= 0,1 σ0 com o bulbo de tensões mais afastado e a
superfície mais distante sob efeito da carga externa. Simplificadamente o método
considera as tensões verticais uniformemente distribuídas com a profundidade, com
um ângulo de espraiamento de 30°.
Superposição de pressões

Figura 00 -
Fonte:

2.5.2. Recalques

Em toda obra ocorre recalque em fundações, o que torna os recalques admissíveis


parte importante nas análises e projetos de fundações, definindo um limite a partir do
qual se considera problemática a segurança ou o desempenho da estrutura
(MILITITSKY, 2005). De acordo com Rebello (2008, p. 57), o recalque é a
deformação do solo quando submetido a um carregamento, o que provoca
movimentação na fundação e, dependendo da intensidade, pode resultar em sérios
danos à estrutura. Quando se apóias as estruturas em apoios isolados como
estacas, por exemplo, corre-se o risco de os recalques presentes em algumas
estacas sejam diferentes daqueles presentes nas demais estacas ou apoios, a esse
tipo de deformação deu-se o nome de recalque diferencial, ou seja, quando um
elemento de fundação se desloca verticalmente, é configurado um recalque
absoluto. A diferença entre os recalques absolutos de dois elementos da fundação é
denominada recalque diferencial. O recalque diferencial impõe distorções à estrutura
que pode acarretar em fissuras (ALONSO, 1991). O recalque diferencial específico,
também chamado de distorção angular (𝛿), para Caputo (2012), há três tipos de
recalques devidos a cargas estáticas: por deformação elástica, escoamento lateral e
adensamento. Quando ocorre em toda a fundação é chamado de recalque total,
quando ocorre em apenas um trecho é chamado de recalque diferencial
(MILITITSKY, 2005) Na Europa a norma do EUROCODE 7 citado por MILITITSKY
(2005) determina os seguintes limites para as rotações relativas admissíveis, a fim
de evitar que o estado limite de serviço seja atingido: entre 1/2000 e 1/300, de
acordo com o tipo de prédio, com 1/500 aceitável em muitos casos. Para evitar
atingir o estado limite último o valor admissível é de 1/150. Com intuito de dar uma
noção de ordem de grandeza dos valores, pode-se usar as relações entre recalques
máximos e recalques diferenciais máximos admissíveis, sendo para fundações
isoladas 25 mm para recalque diferencial e 40 mm para recalque total; para radiers
recalques máximos da ordem de 50 mm e para fundações em solos argilosos
recalques máximos de 40 mm (MILITITSKY, 2005). Em outra extensa pesquisa
levada a efeito por Skempton e Mac Donald (1956), na qual foram estudados cerca
de 100 edifícios, danificados ou não, os danos funcionais dependem principalmente
da grandeza dos recalques totais; já os danos estruturais e arquitetônicos dependem
essencialmente dos recalques diferenciais específicos. Ainda segundo os mesmos
autores, no caso de estruturas normais (concreto ou aço), com painéis de alvenaria,
o recalque diferencial específico não deve ser maior que 1:300 – para evitar danos
arquitetônicos 1:150 – para evitar danos estruturais

Recalques Admissíveis: os valores admissíveis são determinados por especialistas


envolvidos com o projeto, a execução e o acompanhamento do desempenho da
obra conforme Alonso (1991, p. 26). Isso porque se leva em conta experiências
profissionais, que permitem concluir que tipo de estrutura, carregamento e solo,
aqueles valores de recalque devem ser considerados aceitáveis, ou admissíveis.
Contudo a determinação desses valores admissíveis é dificultada pela gama de
materiais envolvidos no projeto, bem como também na dificuldade de se avaliar a
interação solo-estrutura (TEIXEIRA e GODOY, 1998). Diversas pesquisas foram
desenvolvidas para se obter limites de segurança para os movimentos de
fundações. Entretanto, nem todas essas pesquisas possuíam informações
completas sobre o comportamento da fundação e seus efeitos (TEIXEIRA e
GODOY, 1998). Também aconselham a observar os limites demonstrados por
pesquisadores como de natureza exemplar. Moraes (1978, p. 9) afirma os seguintes
limites para o recalque diferencial específico que nada mais é que a distorção
angular:

Prédios para fábricas construídos com estruturas em concreto armado:

Prédios de apartamentos, salas para escritórios em concreto armado:


Estruturas metálicas:

Segundo Alonso (1991) a equação esta em função da deformação específica do


material (𝜀) avaliado, apresenta os valores de distorção angular onde possivelmente
provocará o início de fissuras:

Este valor equivale ao início da formação da fissura e, logo, praticamente invisível.


Com o aumento do recalque diferencial, a fissura se abre até o momento em que se
torna visível. Esse momento é denominado distorção angular crítica (𝛿𝑐𝑟í𝑡. ).

Distorções angulares

Figura 00 -
Fonte:

A figura apresenta os valores da distorção angular ( 𝛽 ) e os danos associados


sugeridos por Bjerrum (1963) e complementados por Vargas e Silva (1973). Pela
época em que foram estudados os dados, é importante que sejam utilizados com
cautela devido às mudanças ocorridas nos padrões construtivos desde então
A magnitude dos recalques que podem ser admitidos pela estrutura, depende
essencialmente:

Dos materiais constituintes da estrutura: quanto mais flexíveis os materiais, tanto


maiores as deformações toleráveis.

Da velocidade de ocorrência do recalque; recalques lentos (devidos ao


adensamento de uma camada argilosa, por exemplo) permitem uma acomodação da
estrutura, e esta passa a suportar recalques diferenciais maiores do que suportaria
se os recalques ocorressem mais rapidamente.

Da finalidade da construção: um recalque de 30 mm pode ser aceitável para um piso


de um galpão industrial, enquanto que 10 mm podem ser exagerados para um piso
que suportar máquinas sensíveis a recalques.

Da localização da construção recalques totais normalmente admissíveis na cidade


do México ou em Santos, seriam totalmente inaceitáveis em São Paulo, por
exemplo.

Recalque elástico: ocorre logo após a aplicação da carga e são maiores em solos
não coesivos, ou seja, em solos não argilosos (REBELLO, 2008). Também são
chamados de recalque imediato, é importante levar em conta considerar a rigidez da
fundação, sua forma geométrica, profundidade e a espessura da camada deformável
de solo (TEIXEIRA e GODOY, 1998).

Recalque por escoamento lateral: a deformação por escoamento lateral ocorre


com maior predominância em solos não coesivos. Compreende-se como a migração
de solo de regiões mais solicitadas para as menos solicitadas, assim sendo, o
deslocamento acontece do centro para a lateral (REBELLO, 2008). Nota-se de
maneira mais acentuada nos solos não coesivos sob fundações superficiais
(CAPUTO, 2012).

Recalque por adensamento: A deformação por adensamento surge no momento


em que se verifica a diminuição do volume aparente do maciço de solo, que é
causada pelo fechamento dos vazios deixados pela água expulsa em função do
peso da fundação aplicada ao solo. Para Caputo (2012), esses são recalques lentos,
quando se tratando de argilas, em razão de seu baixo coeficiente de permeabilidade.
Já para Rebello (2008), o recalque por adensamento pode ser estabilizado quando
toda a água entre os grãos de solo é expulsa, não mais havendo diminuição do
volume do solo. Se o recalque não avariou a estrutura, o problema pode se limitar a
vedação das trincas geradas na alvenaria.

2.5.3. Causas De Recalques

Há circunstâncias em que o recalque não admissível tem uma maior propensão a


ocorrer, apresentaremos algumas situações mais propícias à ocorrência de recalque
diferencial de fundações.

Superposição de pressões: quando uma fundação transfere carga ao solo e essa


transferência é considerada de forma isolada. A existência de outra solicitação altera
as tensões na massa de solo, provocando recalques (MILITITSKY, CONSOLI e
SCHNAID, 2008).

2.5.4. Deficiência na investigação geotécnica: caso típico em obras de pequeno


porte, na maioria das vezes por motivos econômicos, mas que também ocorrem em
obras de porte médio (MILITITSKY, CONSOLI e SCHNAID, 2008). Ainda segundo
Milititsky, Consoli e Schnaid (2008), a experiência dos mesmos, referendada pela
estatística francesa Logeais (1982) citado por Milititsky, Consoli e Schnaid (2008, p.
28), em mais de 80% dos casos de mau desempenho de fundações de obras
pequenas e médias, a ausência completa de investigações levou à adoção de
soluções inadequadas de fundações.

Quando o número insuficiente de sondagens pode levar a problemas futuros, pois a


área que foi investigada pode apresentar subsolo distinto do constatado nas
sondagens executadas, mesmo sendo próximas.

Deficiência na investigação geotécnica


Figura 00 -
Fonte:

Quando não se faz identificação de áreas propícias ao recalque, como a presença


de solo compressível ou cavernas (comum em regiões de rochas calcárias),
ocasiona a movimentação das fundações e o aparecimento de fissuras.

Quando há a presença de matacões (blocos de rocha) no solo abaixo da superfície


pode levar a uma deficiência na interpretação dos dados de sondagem, sendo
confundidos com a ocorrência de perfil de rocha contínua e induzindo de forma
equivocada o apoio de fundação sobre o matacão (MILITITSKY, CONSOLI e
SCHNAID, 2008).

Quando a profundidade de investigação insuficiente, não abrangendo toda


profundidade atingida pelas tensões distribuídas ao solo pelo carregamento da
fundação

2.5.5. Fundação é executada sobre aterros.

De acordo com Milititsky, Consoli e Schnaid (2008), a execução de fundações em


solo criado ou aterro constitui uma fonte significativa de problemas. Os recalques
oriundos de fundações assentes sobre aterros podem ocorrer por: deformações do
corpo do aterro, deformações do solo natural abaixo do aterro e execução de
fundações sobre aterros sanitários (MILITITSKY, CONSOLI e SCHNAID, 2008, p.
78).

Fissuramento de edificação assente em aterro


Figura 00 -
Fonte:

2.5.6. Atrito negativo:

Projetos de fundações com estacas, onde a mesma atravessa uma camada de


aterro, é imprescindível considerar o efeito do atrito negativo sobre as estacas.
Segundo Milititsky, Consoli e Schnaid (2008), o deslocamento relativo das camadas
de solo em relação ao corpo das estacas provoca uma condição de carregamento
nas fundações, e não de resistência às cargas externas. Esse carregamento
contribui para o recalque da fundação, caso a tensão admissível do solo seja inferior
à tensão provocada pela própria força de solicitação da estaca somada ao atrito
negativo gerado pelo aterro.

2.5.7. Alteração da função da estrutura:

Este tipo de situação é típico de prédios comerciais e industriais, onde surgem


alterações das funções que tinham sido projetadas inicialmente ou pelo incremento
de novas instalações para desenvolvimento de outras atividades, provocando um
aumento significativo das cargas nas fundações (CARVALHO, 2010). Segundo
Milititsky, Consoli e Schnaid (2008) é bastante comum a adição de mezaninos ou
andares intermediários em ampliações e reformas de prédios comerciais. A nova
distribuição ou concentração de cargas podem provocar recalques ou ultrapassar a
capacidade das fundações existentes, que já recalcaram na construção original,
causando o aparecimento de fissuração não desejada e mesmo acidentes graves. A
norma ABNT NBR 6120 determina os valores mínimos das sobrecargas verticais
atuando nos pisos das edificações de acordo com o tipo de utilização.por isso
quando uma instalação passa a desempenhar outras atividades que causam uma
alteração considerável do carregamento da estrutura é imprescindível um projeto de
adequação a nova atividade.

2.5.8. Solos colapsáveis:

Este tipo de solo quando em contato com a água têm sua cimentação intergranular
destruída, o que resulta em um colapso súbito da sua estrutura. Esse colapso causa
recalques, mesmo sem haver aumento de pressões por carregamento externo
(TEIXEIRA e GODOY, 1998). No caso de fundações por estacas, se estas estiverem
inteiramente embutidas em solos colapsíveis, há a perda de sua capacidade de
carga, e se apenas o fuste da estaca estiver no solo onde ocorre a redução brusca
do volume, ela será sobrecarregada por tensões de atrito lateral negativo (TEIXEIRA
e GODOY, 1998).

2.5.9. Rebaixamento de lençol freático

O bombeamento da água existente no interior do solo consiste em rebaixar o nível


do lençol freático. Esse procedimento tem por objetivo tornar possível a execução de
fundações ou de garagens em subsolos de edifícios (REBELLO, 2008). Segundo
Rebello (2008), o rebaixamento do lençol freático produz uma diminuição na pressão
neutra (pressão de baixo para cima devida à água), aumentando a pressão efetiva
(provocada pelo peso do solo). Semelhantemente, há um aumento de pressão sobre
o solo, o que pode provocar recalques sem a necessidade de haver aumento na
carga sobre a fundação.

Outra forma de influência do lençol freático em recalques são os constatados nas


construções na Cidade do México. Fundada pelos astecas, a cidade jaz sobre uma
camada superior com mais de 30 metros de uma argila muito mole. Esse fato aliado
ao constante rebaixamento do nível da água decorrente da necessidade de extração
de grande volume de água para abastecimento da cidade gera recalques nas
construções (CAPUTO, 2012).

Rebaixamento do nível do lençól freático


Figura 00 -
Fonte:

2.5.10. Solos Expansivos:

Pode ocorrer a elevação da fundação e a diminuição de resistência em função da


sua expansão, conforme a norma ABNT NBR 6122. As forças de expansão podem
ser balanceadas pelo peso próprio da estrutura. No entanto, deve-se notar que este
equilíbrio é normalmente obtido somente no termino do processo construtivo,
havendo grande chance de ocasionar problemas durante a construção (MILITITSKY,
CONSOLI e SCHNAID, 2008). Para Milititsky, Consoli e Schnaid 61 (2008), há
basicamente três procedimentos para reduzir ou evitar os efeitos de solos
expansivos que suportam fundações e estruturas: que consistem em isolar a
estrutura utilizando materiais deformáveis (isopor ou compensados)

 Entre o solo e o concreto. As forças de expansão comprimem esses materiais, não


sendo transferidas diretamente à estrutura; Reforçar a estrutura para resistir aos
esforços provocados pelas forças de

 Expansão; Eliminar os efeitos de expansibilidade, evitando percolação de água


junto ao

 Elementos de fundação e utilizando técnicas de estabilização de solos através da


adição de agentes cimentantes.

2.5.11. Infiltração: pela infiltração da água, o solo sob as fundações diretas tende
ser carreado, o que gera vazios que bloqueiam a transmissão adequada de cargas
ao solo (REBELLO, 2008) assim como a presença de infiltração de água no solo
afeta o comportamento dos solos colapsáveis e expansíveis.

2.5.12. Erosão ou solapamento: de acordo com Carvalho (2010, p. 103), a erosão


é um fenômeno que atinge principalmente as fundações executadas em locais que
existam correntes de água. Muito comum em pontes construídas sobre rios, onde o
rebaixamento do nível da água deixa a fundação descoberta e a corrente de água
arrasta o solo próximo às fundações, modificando a forma de aplicação de carga da
fundação ao solo.

Fundação de ponte danificada pela erosão

Figura 00 -
Fonte:

2.5.12. Escavações próximas: esse tipo de recalque ficou evidente quando


escavações próximas de um edifício residencial de 13 andares situado em Xangai
causaram o seu desabamento em 2009. Para Carvalho (2010, p. 97), quando foram
construir um parque de estacionamento subterrâneo executaram uma escavação
próxima ao edifício. O volume de terra escavado foi depositado do outro lado da
estrutura, gerando ali novas tensões no solo daquela região.

Desabamento de um edifício em Xangai


Figura 00 -
Fonte:

3.5.13. Efeito Tschebotarioff: na existência de uma camada compressível de solo,


o movimento da camada, causado por cargas verticais assimétricas, influência o
comportamento das estacas que atravessam essa camada.

Efeito Tschebotarioff

Figura 00 -
Fonte: Alonso (1991, p. )

2.5.14. Influência da vegetação; o recalque causado pela vegetação pode se dar


por interferência física das raízes ou mesmo pela variação no teor de umidade do
solo, já que as raízes costumam extrair a água do solo para sustentar seu
crescimento, mudando com isso o teor de umidade com relação ao local onde as
raízes não existem (MILITITSKY, CONSOLI e SCHNAID, 2008). Nos solos argilosos,
as alterações de umidade causam mudanças em seu volume. O que faz com que
qualquer fundação sobre a área afetada sofra movimento e muito provavelmente
apresente-se como uma patologia da edificação em decorrência dos recalques
localizados (MILITITSKY, CONSOLI e SCHNAID, 2008). Mas outras causas que
influencia os recalques relacionados à vegetação, outras influências estão associada
a uma série de fatores, como o tipo de solo do local, a espécie de vegetação
presente, a distância da cobertura de vegetação, o clima, o nível da água.
(MILITITSKY, CONSOLI e SCHNAID, 2008).

Influencia da vegetação em recalques


Figura 00 -
Fonte:

A vegetação contribui para a alteração da umidade do solo uma vez que raízes
podem absorver a água presente no solo abaixo de uma infra-estrutura, o que faz
com que a fundação sofra recalque pelo adensamento do solo. Assim como pode
contribuir para a expansão do solo o corte da vegetação nas proximidades da
construção se o mesmo obtiver propriedades expansivas, o que resulta em um
movimento vertical no levantando a fundação.

2.5.15. Zonas cársticas: régios onde há presença de rochas constituídas


quimicamente de carbonatos de cálcio e magnésio causam problemas às fundações
se não for desenvolvida uma impermeabilização apropriada. As chamadas rochas
calcárias ou dolomíticas (comumente conhecidas como calcário) costumam serem
solúveis em contato com águas ácidas, provocando porosidades e cavidades no
interior do solo (MILITITSKY, CONSOLI e SCHNAID, 2008). Os poros criados são
protegidos por uma camada composta de sedimentos não se dissolvem e por solos
residuais, o que causa nos projetistas de fundações uma equivocada impressão de
segurança. Em virtude deste fato é crucial que seja realizado uma investigação mais
técnica nos locais onde as rochas calcárias costumam ser encontradas.

2.6. Definição de Radier

Fundação que recebe todos os pilares da obra, ou seja, funciona como uma laje de
concreto cujos esforços provenientes da estrutura são igualmente distribuídos em
toda a área de contato com o solo. Para a ABNT na NBR 6122:1996 radier é um
elemento de fundação superficial que abrange todos os pilares da obra ou
carregamentos distribuídos. De acordo com ACI 360R-92 (1997), o radier é uma laje
continuamente suportada pelo solo, com carga total, quando uniformemente
distribuída menor ou igual a 50% da capacidade de suporte admissível do solo. A
laje pode ser uniforme ou de espessura variável, e pode conter elementos de
enrijecimento como nervuras ou vigas. A laje pode ser de concreto simples, concreto
reforçado ou concreto protendido. O reforço de aço é utilizado para os efeitos de
retração e temperatura ou carregamento estrutural. Para Almeida (2001), pode ser
dito que o radier recebe pouca atenção tanto durante a fase de projeto quanto
durante a fase de construção. Segundo Yopanan (2008) o radier é um tipo de
fundação direta que recebe todas as cargas que chegam à fundação sob uma única
placa de concreto. Diferente da fundação em sapata que é recomendado, para solos
apoio com SPT maior ou igual a 8 o radier pode ser indicado a solos com SPT maior
ou igual a 4. Como conseqüência, as recomendações que poderiam evitar muitos
problemas são simplesmente ignoradas. Isso é visível até mesmo na ABNT não faz
qualquer menção a projeto e execução de laje sobre solo. No entanto, Há literatura
de ótima qualidade sobre o assunto produzida nos EUA principalmente pelo
American Concrete Institute (ACI), pelo Post-Tensioning Institute (PTI), Pelo DIN
Deutsches Institut für Normung que é o Instituto Alemão para Normatização ou ainda
o Eurocode European Committee for Standardisation que é o comitê europeu para
padronização

2.6.1. Tipos de Radiers

Há diversos tipos de radiers que se diferem quanto sua geometria, quanto à rigidez à
flexão e quanto à tecnologia:

Quanto à geometria Os radiers são executados em geometrias variadas, assim


como formas diferentes de carregamentos, dessa forma, não nos permite adotar
uma malha ideal. No entanto é possível definir alguns parâmetros para radiers
retangulares, que devem ser adequados a cada projeto (Hambly 1976). Radier liso,
Radier com pedestais, Radier nervurado, Radier cogumelo Radier estaqueado,
Radier caixão,

Quanto ao desenho, existem radiers construídos com basicamente com concreto


sem reforços, com reforços de aço armado, com reforços de tendões de aço pré-
tensionados ou pós-tensionados conforme BOYD. C. RINGO & ROBERT. B.
ANDERSON (1996) O concreto é um importante elemento, há muitos tipos de
concreto desenvolvidos para um aperfeiçoamento dessa fundação.

2.6.1.1. Radier liso: Essa é uma fundação rasa que é constituída de uma placa de
concreto armado é o mais simples para execução

2.6.1.2. Radier com pedestais ou cogumelo: aumenta a espessura sob os pilares


e aumenta a resistência a flexão e ao esforço cortante. Os pedestais podem ser
superiores ou inferiores, tendo este último a vantagem de ser feita na escavação e
deixar a superfície do piso plana.

2.6.1.3Radiers nervurado: é projetado com nervuras secundárias e nervuras


principais, dispostos sob os pilares, podendo ser superiores ou inferiores. No caso
de nervuras inferiores executa-se sobre a escavação, o que não ocorre no caso das
nervuras superiores, sendo necessária a colocação de agregado para deixar a
superfície do piso plana.

2.6.1.4. Radiers em caixão: utiliza-se é utilizado quando se busca uma fundação


com grande rigidez e pode ser executado com vários pisos.

2.6.1.7. Radiers estaqueado: São associações de estacas com o elemento


estrutural denominado radier ou placa. O que difere um radier estaqueado de um
grupo de estacas é o fato de que, no último, o elemento de ligação, o radier, está em
contato direto com o solo e deste modo contribui na absorção das cargas derivadas
da superestrutura.

2.6.1.8. Radier malha de grelha: é o mesmo radier protendido ou armado, porém


aqui se utiliza uma analogia a uma grelha no método de cálculo pode ser projetado
com barras e com cabos perpendiculares que constroem uma rede ou grelha em seu
interior, o que lhe confere grande resistência e facilidade de calculo.
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