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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP

PSICOLOGIA

ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA


TÍTULO: A ROTINA DE UMA PROFESSORA DO ENSINO REGULAR E A
INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNO COM TEA

São Paulo
2023
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA
TÍTULO: A ROTINA DE UMA PROFESSORA DO ENSINO REGULAR E A
INCLUSÃO ESCOLAR DE ALUNO COM TEA

São Paulo
2023

RESUMO

Este trabalho acadêmico tem como foco explorar a rotina de uma professora
do ensino regular ao lidar com os desafios e a inclusão de alunos com TEA.
Inicialmente, iremos discutir as principais características e necessidades
educacionais desses alunos, tais como a habilidade sensorial, interação social, sua
comunicação, e dinâmicas do dia a dia. Para a compreensão do tema, foram
entrevistadas duas professoras do ensino regular para analisar de forma clara e
sucinta os desafios cotidianos e as possíveis formas de inclusão, além disso, foi
possível identificar falhas na educação do ensino regular frente aos alunos com TEA
e definir propostas e estratégias que abram um caminho para a inclusão dos
mesmos. Para a entrevista, foi apresentado um questionário para as professoras
que puderam falar abertamente sobre os desafios cotidianos e como as mesmas
lidam com a inclusão.

Em seguida, são apresentados os desafios cotidianos, bem como as


estratégias e possíveis práticas inclusivas que podem ser implementadas pela
professora no contexto da sala de aula, para gerar assim um ambiente acolhedor e
bem estruturado, métodos de ensino e materiais adaptados, apoio individualizado
dentro da possível dinâmica da rotina escolar, e estratégias de comunicação
alternativas.

Além disso, o trabalho destaca a importância de uma equipe multidisciplinar,


somando a colaboração de pais, professores, escolas, e profissionais especializados
para oferecer um suporte de qualidade que venha abranger as necessidades do
aluno com TEA. O trabalho em equipe é de fundamental importância para garantir o
sucesso dessa inclusão.

Por fim, conclui-se que diante das profundas reflexões sobre os duros
desafios enfrentados no ambiente escolar, e a importância das conquistas
alcançadas, existe ainda a necessidade de desenvolver políticas educacionais com
o objetivo de promover a inclusão e a igualdade de oportunidades de educação e
desenvolvimento para todos os alunos, independentemente de suas necessidades.
Dentre os resultados mais relevantes, nota-se o déficit precário de inclusão nas
escolas e a gritante necessidade de crianças com TEA de receberem apoio e serem
vistas em suas necessidades básicas de aprendizagem.

Palavras chave: Inclusão. Ensino regular. TEA


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………....……..6

2 MÉTODO…………………………………………………………………….….......9

2.1 Sujeito de pesquisa ........................................................................................9

2.2 Instrumento de pesquisa.................................................................................9


2.3 Procedimentos para a coleta de dados..........................................................11

2.4 Procedimentos para a análise de dados........................................................11

2.5 Ressalvas éticas.…..……………....................................................................11

3 ANÁLISE DE DADOS……….........................................................................11

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS….......................................................................12

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.. ………………………………..………..14

6 ANEXO A………………………………………………………..………………...15
6

1. INTRODUÇÃO

A inclusão de alunos com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) no ensino


regular do ambiente escolar tem sido pauta de um tema central na discussão
educacional contemporânea. A grande diversidade de necessidades educacionais
que esses alunos enfrentam, traz consigo um enorme desafio para as práticas
pedagógicas, o que acaba por exigir uma abordagem mais inclusiva e adaptativa por
parte dos professores. Ainda nesse contexto, analisaremos além dos desafios de
inclusão, os desafios de adaptação também por parte dos professores sem qualquer
especialização para lidar com as dificuldades apresentadas cotidianamente, este
trabalho terá como foco principal a análise dessa rotina de uma professora do ensino
regular e como o seu papel torna-se fundamental na promoção de um ambiente de
inclusão para alunos com TEA.

A educação é um campo que está em constante evolução para se adaptar


às variadas necessidades de seus alunos. Um dos aspectos mais cruciais desse
processo é compreender e abordar as complexidades do TEA. Os alunos TEA, que
possuem diferentes formas de processar informações e interagir com o mundo,
apresentam desafios e oportunidades exclusivos para os profissionais da educação.
Neste trabalho, exploraremos como os educadores enfrentam o desafio de criar
ambientes inclusivos e eficazes que atendam às necessidades dessas crianças,
promovendo ao mesmo tempo um aprendizado significativo e uma educação
equitativa.

A inclusão de alunos TEA nas escolas é um desafio importante e uma


prioridade na educação contemporânea. Os profissionais da educação
desempenham um papel crucial nesse processo, pois são responsáveis por criar
ambientes de aprendizado que atendam às necessidades diversificadas de todos os
alunos. Este tema é de extrema importância, pois influencia diretamente o futuro de
cada aluno e a construção de uma sociedade mais igualitária e acolhedor

Frente aos desafios propostos aos profissionais da educação, podemos


analisar que os mesmos se dispõem com tudo que tem e podem para melhorar o
desenvolvimento de cada aluno. Durante a apresentação deste trabalho, poderemos
7

analisar discussões e diálogos disponibilizados por profissionais da educação que


trabalham com crianças com TEA que nos mostram claramente o quão desafiador é
este tipo de trabalho, e o quão profissionais são ao lidar com os mesmos.

No Brasil, grande parte das crianças com este transtorno são matriculadas
em escolas não especiais, que dispõem apenas de professores com formação em
pedagogia, que são de certa forma “forçados” a lidar com situações desafiadoras no
seu dia a dia, sendo vistos como principais fontes de saber daquelas crianças,
tomando assim uma responsabilidade muito maior do que estão preparados para ter.

"[o] vínculo entre a Psicologia e Educação é um vínculo muito estreito, e eu


diria até constitutivo" (Ciampa & Conselho Regional de Psicologia de São Paulo,
2009).

Sem contar em toda inclusão que é proposta e muitas vezes exigida, sem
considerar as condições que os profissionais possuem no momento, seja de tempo e
atenção, seja de materiais. Dentro deste cenário alarmante, poderemos discorrer
sobre os grandes desafios e dificuldades que ambos enfrentam num ambiente
escolar, e sobre toda a expectativa que é depositada sobre eles, dificultando muitas
vezes o aprendizado da criança que poderia desenvolver muito mais se
acompanhada de profissionais preparados para tal desafio.

[...] é, por conseguinte, nos elementos da psicologia de Vives que vamos


encontrar os primeiros traços da psicologia educacional, na sua exposição da
variedade de manifestação da alma (Rudolfer, 1938/1965, p. 6-7).

Segundo um levantamento teórico, existem leis que amparam e facilitam a


vida dos educandos portadores de alguma patologia, entre elas a Lei número
9.394/1996 que garante que os sistemas de ensino têm a obrigação de assegurar
aos educandos com deficiência e altas habilidades ou superdotação o direito a ter
currículos, métodos, técnicas, recursos educativos para atender às suas
necessidades. Além disso, o direito de aceleração no processo de conclusão em
menor tempo o programa escolar para os superdotados. Além de terem disponíveis
professores especializados para atendimento especializado. Visa também que tenha
professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas
classes comuns. Além disso, o apoio pedagógico especializado é essencial nesse
8

processo, [...] um instrumento,cujo objetivo central é o de melhorar ou de


favorecer os processos ensino, desenvolvimento e aprendizagem, considerando
a ação da classe comum e o Apoio Pedagógico Especializado”.
(OLIVEIRA;OLIVEIRA, 2015, p. 2).

Segundo a autora Andréa Werner em seu livro “ o aluno com autismo na


escola”, existe o movimento da educação inclusiva que propõe que os alunos com
dificuldades cognitivas ou psicossociais sejam educados em escolas regulares. Mas
apesar disso, a autora destaca, que a dificuldade de inclusão permanece severa no
ensino regular, trazendo em seu livro relatos reais de mães que sofrem diariamente
com a falta de inclusão.

A teoria psicogênica do autismo, iniciada com Kanner, em 1943, foi


abandonada gradativamente na década de 1970, principalmente com a correlação
de autismo com diversas síndromes neurológicas e com as descobertas genéticas
que se seguiram nas décadas adiante. Outro fator importante é a ausência de
resposta ao tratamento psicoterápico indicado para o tratamento do autismo. Ainda
assim, há diversas escolas que ainda defendem e o aluno com autismo na escola 21
empregam diariamente, mesmo no século XXI. De fato, a correlação entre autismo e
fatores genéticos passou a ser melhor determinada a partir da década de 1960,
quando elevada concordância em gêmeos monozigóticos foi inicialmente descrita
por B. Rimland (Silverman et al. 2007; Zafeiriou et al. 2007). Rutter (1971) descreve
que causas genéticas de autismo deveriam explicar um pequeno número de casos,
com base em achados de estudos epidemiológicos publicados naquele momento,
descrevendo recorrência de autismo em 2% dos irmãos – número
consideravelmente superior à incidência verificada de 4 a 5 por 10.000. (Stelzer
2010, p. 23)

No livro “inclusão: um guia para educadores” publicado no ano de 1999 a


autora destaca passos práticos para a inclusão escolar, desde currículos até
organização em sala de aula, além disso, a autora frisa que a inclusão veio para
desestruturar a atual educação que esta por sua vez, com os seus dias contados
pela sua incapacidade de evoluir. Assim como o livro “simplificando o autismo” relata
de forma clara e objetiva as características do autismo, suas dificuldades e rotinas,
incluindo suas dificuldades no ensino escolar.
9

O presente trabalho tem como foco principal abordar e decorrer sobre o


tema da inclusão no ambiente escolar, amparado por estudos, entrevistas, e
análises de dados de autores e livros, para por fim levantar propostas coerentes que
sejam facilitadoras na inclusão do aluno com TEA em seu ambiente escolar.

2. MÉTODO
Neste estudo, adotamos uma abordagem qualitativa de pesquisa de campo
para investigar o acompanhamento da rotina de duas professoras que trabalham
com crianças de 0 a 4 anos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A pesquisa
de campo envolveu a realização de duas entrevistas semiestruturadas, com o
objetivo de compreender como elas lidam com essas crianças e como isso se ajusta
na rotina dentro da sala de aula, explicitando suas dificuldades e aprendizados
durante esse processo.

2.1SUJEITOS
Nossa escolha foram duas professoras da rede pública de ensino que
trabalham diariamente com crianças TEA dos mais variados graus com idades entre
0 a 4 anos, ambas voluntariamente concordaram em participar das entrevistas. A
escolha delas como tema central do trabalho baseou-se em sua disponibilidade e
disposição para contribuir com informações relevantes, levando em consideração a
sua experiência e proximidade com o tema escolhido.

2.2 INSTRUMENTOS E APARATOS DA PESQUISA


Para coletar dados, utilizamos entrevistas semiestruturadas como instrumento
principal. As entrevistas foram elaboradas com base em um roteiro de questões
abertas que permitiram às professoras compartilhar suas experiências, práticas e
percepções relacionadas ao acompanhamento e rotina de crianças com TEA. O
roteiro de entrevista foi desenvolvido com base no livro “ Interação professor-aluno
com autismo no contexto da educação inclusiva: análise do padrão de mediação do
professor com base na teoria da Experiência de Aprendizagem” e vídeos, em
especial da Dra. Maria Elisa Granchi Fonseca sobre o assunto.
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Roteiro da entrevista:

1 - Qual sua formação acadêmica?

2 - A quanto tempo você atua na área? porque escolheu essa área?

3 - Você fez algum tipo de especialização? qual? Quanto tempo durou?

4 - Você acha que a especialização englobava todos os aspectos necessários para


lidar com crianças com TEA?

5 - Quando começou a trabalhar com crianças TEA, tinha noção da complexidade


em se lidar com elas?

6 - Houve alguma criança que marcou sua vida profissional? qual? houve alguma
situação específica?

7 - Vocês têm alguma rotina em sala de aula? qual?

8 - Trabalhar com essas crianças afetou sua vida pessoal de alguma maneira?
(enxergar as coisas com outros olhos, etc.)

9 - Que tipo de atividades podem ser aplicadas de modo simples a estimulá-los?

10 - Qual método é utilizado para trabalhar com o aluno TEA?

11 - Quais métodos você conhece?


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2.3 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS


As entrevistas foram agendadas previamente com as professoras
participantes e realizadas individualmente. As professoras selecionadas são
pessoas que conhecemos, convivemos e foram escolhidas por nosso conhecimento
prévio da proximidade delas com o assunto. Cada entrevista teve uma duração
média de 30 minutos e foi conduzida em um ambiente tranquilo e confortável para
garantir a sinceridade e a abertura das mesmas, foram feitas pessoalmente e nas
casas das respectivas professoras. As entrevistas foram gravadas e posteriormente
transcritas para o trabalho.

2.4 PROCEDIMENTOS PARA ANÁLISE DE DADOS


A análise de conteúdo das entrevistas envolveu a identificação de temas e
categorias-chave relacionados às experiências das professoras. Realizamos uma
análise minuciosa dos áudios das entrevistas, considerando a profundidade das
respostas e explorando nuances nas percepções das professoras, tentamos extrair
da maneira mais profunda a vivência delas com essas crianças dentro da rede
pública municipal de ensino.

2.5 RESSALVAS ÉTICAS


Este estudo foi conduzido com a devida consideração das questões éticas.
Antes do início das entrevistas, as professoras participantes receberam informações
detalhadas sobre o estudo e forneceram seu consentimento informado por escrito.
Foi garantido o anonimato das participantes, e os dados coletados foram usados
exclusivamente para fins deste trabalho.

3. ANÁLISE DE DADOS
As escolas públicas não contém qualquer tipo de suporte, apoio aos
professores, onde devem aprender a lidar com crises, ofensas, agressões sem as
vezes nem entender que a criança é atípica e precisa de um cuidado diferenciado,
uma atenção maior, aparentando ser mais trabalho porém é totalmente ao contrário,
assim que é descoberto o diagnóstico, é possível ir atrás de informações, aprender
formas de intervenções, apesar de parecer pouco, auxilia muito na profissão. Há
12

também escolas particulares que não buscam amparo, informações,


desencadeamento a desinformação e a crítica baseadas em uma pré - concepção.

Uma das professoras entrevistadas trabalha em uma instituição de ensino


que contém suporte, profissionais da psicologia atuando, como auxiliar terapêutico e
psicopedagogo. Para que se desenvolvesse da maneira correta, procurando
trabalhar em cima das dificuldades de cada criança como ser único. A psicologia
escolar envolve um papel importante, pois com os professores sendo acolhidos,
compreendidos, alivia a pressão, o ambiente fortalece, voltando a autoconfiança,
autocontrole e autoridade em sala.

Segundo (Martinez, 2010) psicólogos escolares têm a base de analisar nas


crianças em relação a dificuldades de aprendizagem, entender qual ponto específico
internaliza isso na criança, observar também seus comportamentos em sala de aula,
perguntar aos pais como age em seu cotidiano.

Sabendo que grande proporção de profissionais na área educacional não


contém o conhecimento de crianças atípicas, de crianças com TEA. Não sabem que
é um espectro e não uma doença, muitos lidam com lástimas, concluindo na
exclusão.

Além de ser de grande importância crianças com TEA se integrarem em


escolas regulares, é também um direito deles, está na Lei nº 12.764, de 27 de
dezembro de 2012 (Política Nacional de Proteção dos Direitos das Pessoas com
Autismo) declarando que deve-se reservar 10% das vagas para crianças e
adolescentes com autismo.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo, exploramos a rotina de cuidado de crianças com Transtorno do


Espectro Autista (TEA) na faixa etária de 0 a 4 anos, a partir da perspectiva de duas
professoras com mais de 10 anos de experiência no ensino de crianças com TEA.
As entrevistas semiestruturadas revelaram insights valiosos sobre os desafios
enfrentados por essas professoras e as estratégias que adotam para apoiar o
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desenvolvimento e bem-estar de suas crianças. Com base nas descobertas desta


pesquisa, as seguintes considerações finais são destacadas:

1. Necessidade de Capacitação Continuada

Ficou evidente que as professoras participantes deste estudo possuem uma


riqueza de experiência no ensino de crianças com TEA. No entanto, a educação
especial é um campo dinâmico, e a capacitação contínua é essencial para manter as
práticas atualizadas. Esperamos que nos próximos anos a legislação promova a
obrigatoriedade de formação específica e atualização profissional para professores
que trabalham com crianças com TEA, nenhuma das professoras tinha uma
capacitação voltada somente para esse transtorno e a tendência é que cresça o
número de crianças com a condição, até agora sabemos que 1 em 60 pessoas
acaba sendo diagnosticado com TEA, é de suma importância que a escola se
prepare para essa nova onda e seus desafios.

2. Abordagens Individualizadas e Flexíveis

A importância de abordagens de ensino individualizadas e flexíveis para


crianças com TEA foi destacada pelas professoras. Essas abordagens permitem que
os professores atendam às necessidades específicas de cada criança, adaptando os
métodos de ensino e o ambiente de aprendizagem. Esse enfoque individualizado
pode melhorar significativamente o progresso acadêmico e social das crianças com
TEA.

3. Parceria Escola-Família

A colaboração entre escola e família é fundamental para o sucesso de crianças


com TEA. As professoras enfatizaram a importância de estabelecer comunicação
eficaz com os pais, compartilhando informações sobre o progresso e as estratégias
de ensino. Incentiva-se as escolas a promover uma parceria ativa e colaborativa
entre professores e famílias para proporcionar um ambiente de apoio consistente.

Este estudo oferece uma visão valiosa da experiência das professoras no


cuidado de crianças com TEA, mas é limitado a uma pequena amostra. Sugere-se
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que pesquisas futuras explorem essas questões em uma amostra mais ampla e
diversificada para obter uma compreensão mais abrangente do tópico.

As considerações finais destacam a importância de apoiar professores que


trabalham com crianças com TEA, promovendo a capacitação contínua, abordagens
individualizadas e parcerias escola-família. As descobertas deste estudo fornecem
informações valiosas que podem contribuir para a melhoria das práticas
educacionais e o bem-estar das crianças com TEA.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOSA, C.; CALLIAS, M.. Autismo: breve revisão de diferentes abordagens.


Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 13, n. 1, p. 167–177, 2000. Acesso em 30 out 2023

CARDOSO, L. T. S. . A afetividade na relação professor e aluno com TEA na


educação infantil . Revista Caparaó, [S. l.], v. 1, n. 2, p. e9, 2019. Disponível em:
https://revistacaparao.org/caparao/article/view/9. Acesso em: 01 nov. 2023

COSTA, . A. de S. C.; ZANATTA, . M.; CAPELLINI, . L. M. F. A educação infantil com


foco na inclusão de alunos com TEA. REVISTA ELETRÔNICA PESQUISEDUCA, [S.
l.], v. 10, n. 21, p. 294–313, 2018. Disponível em:
https://periodicos.unisantos.br/pesquiseduca/article/view/592. Acesso em: 01 nov.
2023

Farias IM, Maranhão RVA, Cunha ACB. Interação professor-aluno com autismo no
contexto da educação inclusiva: análise do padrão de mediação do professor com
base na teoria da Experiência de Aprendizagem Mediada. Rev Bras Educ Espec.
2008. Acesso em 31 out 2023

Passerino LM, Santarosa LMC. Interação social no autismo em ambientes digitais de


aprendizagem. Psicolo Reflex Crit. 2007. Acesso em 03 nov 2023
15

Sousa-Morato PF. Perfil funcional da comunicação e a adaptação


sócio-comunicativa no espectro autístico. 2007. Acesso em 03 nov. 2023

6. ANEXOS

1. TCLE assinado,
2. Transcrição da(s) entrevista(s) ou o(s) questionário(s) respondido(s).
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ENTREVISTA 1

1 - Qual sua formação acadêmica?

R: Sou formada em pedagogia, capacidade 0 ao 5º ano, pós graduada em


psicopedagogia clínica e institucional.

2- A quanto tempo você atua na área? porque escolheu essa área?

R: Atuo na área tem um pouco mais de 10 anos, eu gosto de ensinar, gostava muito
de criança, para ser professor tem que gostar muito viu? Não é fácil, nada é fácil pra
gente.

3 - Você fez algum tipo de especialização? qual? Quanto tempo durou? (se não tiver
feito: pensa em se especializar academicamente?)

R: A pós -graduação foi de 2 anos, psicopedagogia clínica e institucional, mas


mesmo assim ainda não é suficiente para lidar com tudo que a gente passa nas
escolas.

4 - Você acha que a especialização englobava todos os aspectos necessários para


lidar com crianças com TEA?

R: Não, eu falo referente a minha graduação que não teve preparo nenhum, a
faculdade não trouxe é, esse quesito, não trabalhamos isso na faculdade, não
trabalhei isso na minha pós graduação, foi algo bem sucinto, foi uma pincelada, algo
bem sucinto, mas que a unidade não trouxe isso para a nossa rotina.
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5 - Quando começou a trabalhar com crianças TEA, tinha noção da complexidade


em se lidar com elas?

R: Sabia que não era fácil, o mais difícil de lidar, o desafio que nós mas enfrentamos
é não ter preparo né, a gente não tem preparo, nós não temos assistência, essas
crianças elas necessitam de pessoas para ficar com elas durante todo o dia, mas na
rotina do CEI nós não encontramos isso, a DREI não disponibiliza esse mediador
pra estar com essa criança, então isso é um grande desafio pra gente por que nós
temos que acoplar essa criança a nossa rotina, e muitas vezes é muito difícil. É, hoje
eu me encontro numa turma de 14 a 25 crianças, então assim, é a rotina totalmente
diferenciada para essa criança com autismo, por que ela necessita de uma atenção
maior, às especificidades dela são maiores, e por conta da gente não ter preparo
para isso, ela acaba ficando sem norte né? Fica meio sem direção e a gente
também, sem saber o que fazer.

6 - Houve alguma criança que marcou sua vida profissional? qual? houve alguma
situação específica?

R: Sim, essa é a primeira criança que eu tenho acesso assim, continuo, né? Em
outras vezes eu tive acesso, mas era de ver em outras salas. A minha criança é uma
criança que ela já trazia sinais há muito tempo, só que a mãe nunca aceitou, vamos
se dizer assim né? É uma criança que é notório que ela tem o espectro, é uma
criança que de fevereiro pra cá ela mudou muito, no começo do ano ela ainda comia
arroz, né, ela comia, ela come com as mãos, ela não utiliza nenhum tipo de talher,
ela rodopia, anda pela sala, e canta o dia todo. E de fevereiro do meio do ano pra
cá, o comportamento mudou, a doença foi se agravando, hoje ele já não consegue
ficar em ambientes com muitas pessoas, o jeito dele se comunicar é mordendo, ele
morde professoras, ele morde crianças, o campo visual dele não aguenta mais ficar
com muitas coisas no mesmo local, por exemplo na sala eu retirei tudo, todos os
painéis, a nossa sala é lisa não tem mais nada, por que ele arranca tudo. Eu consigo
conhecer ele pelo olhar, eu sei olhando para ele o que ele vai fazer naquele
momento, se ele vai morder, se ele vai bater, é, ele não utiliza o banheiro, ele faz xixi
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em qualquer lugar menos no sanitário. Então todos os dias assim, tudo que ele faz é
uma experiência marcante, sabe? Por que eu aprendo muito com ele, eu acredito
que hoje eu tenho um olhar diferenciado para esse lado da educação, né? Quando a
gente tá no ato, vivenciando todo dia na nossa rotina, a gente consegue ter um olhar
diferenciado diferente de quando a gente não está. Ele é uma criança que eu
conheço, então hoje eu consigo conhecer o que ele precisa naquele momento, o que
ele tá pedindo, é, pelos sinais eu consigo diagnosticar algumas coisas que ele está
necessitando no momento, por exemplo as falas dele não são normais, vamos se
dizer normais para uma criança de 4 anos, ele fala inglês o dia todo, é, algumas
coisas eu nem sei traduzir por que eu nem tenho preparo para isso, algumas coisas
em português ele ta falando, é, ele faz muitas repetições assim de coisas que eu
converso com ele, por exemplo, água, eu falo água ele repete água, eu falo dormir,
hora de dormir, ele repete, hora de dormir. Mas eu digo de marcar assim, eu falo que
todos os dias algo me marca, algo diferente né? Hoje por exemplo ele entrou na
sala, e viu uma jarra de água lá, que fica uma jarra de água lá na sala, para as
crianças se servirem né nas garrafinhas, e ele simplesmente pegou a jarra e tacou
no chão na sala, saiu correndo, e eu falei assim não pode né? Não faz isso, e ele
simplesmente ignorou e saiu andando. Teve um dia que ele teve um surto muito
grande, ele chorava muito e a porta da sala toda decorada, ele rasgou toda a porta
da sala, ele rasgou toda a decoração da sala, então acredito que todo dia é uma
experiência nova, não tem um dia que eu falo que me marcou mais, não, todo dia é
uma experiência nova, todos os dias eu aprendo e todos os dias é um desafio pra
gente que não tem preparo na educação infantil.

7 - Vocês têm alguma rotina em sala de aula? qual?

R: Nós montamos as vivências né, as atividades, e, penso num todo, penso nas
minhas 25 crianças e penso na minha criança com TEA, é, pensamos se aquela
vivência vai conseguir abranger todos, nem sempre a gente consegue por que,
como eu disse a unidade ela não tem preparo pra lidar com a criança, com o
espectro, então nós tentamos acoplar na nossa rotina, é o que nós tentamos fazer.
Como eu tenho uma criança na minha sala, ele sempre se interessa por atividades
com pintura, rodas de musicalização, leitura, então em algum momento do dia, eu
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trago uma vivência que acople aquilo que ele consiga participar. Os momentos que
ele participa são poucos tem durabilidade de 5 a 10 minutos ou até menos, então o
que nós conseguimos fazer é isso.

8 - Trabalhar com essas crianças afetou sua vida pessoal de alguma maneira?
(enxergar as coisas com outros olhos, etc.)

R: Si, tem criança na minha sala com o espectro autista, laudada no mês de
setembro, mas na vivência na unidade temos crianças sim com esse espectro, e
trabalhamos todos os dias com a inclusão dentro da unidade escolar, faz a gente
pensar mais nos próximos, nas necessidades e que deve ser cansativo pra eles
também lidar com as nossas manias.

9 - Que tipo de atividades podem ser aplicadas de modo simples a estimulá-los?

R: Eu falei né da música, do brincar, deixamos eles mais livres, são crianças muito
pequenas ainda, tem que estimular no brincar, a gente não tem muito uma grade
com matérias, com as crianças a gente treina responsabilidade, disciplina e sempre
autonomia no que eles conseguem, os bebês é só colo e soneca, os maiores dá pra
fazer mais por eles.

10 - Qual método é utilizado para trabalhar com o aluno TEA?

R: O método que nós utilizamos é com base nas pesquisas e nos estudos que nós
mesmas vamos atrás e fazemos né? Temos as formações na unidade escolar, no
qual são 4 horas por dia que a nossa coordenadora pedagógica ela nos traz uma
formação dada pela DREI o tema que a DREI passa, e ela traz pra gente, e nessas
formações a gente bate muito sobre o assunto, conseguimos aprender um pouco,
mas eu, aprendo mais com base nas pesquisas e nos meus estudos.

11 - Quais métodos você conhece?


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R: Conheço o ABA e o TEACCH, mas não aplico no dia a dia com a criança por ser
algo que eu conheço por cima, não é algo que eu estudei e tive preparo para aplicar.

ENTREVISTA 2

1 - Qual sua formação acadêmica?

R: Me formei em Educação Física em 1996, fiz licenciatura, mas antes disso já era
formada em Administração, só que descobri que minha paixão era estar em sala de
aula.

2- a quanto tempo você atua na área? porque escolheu essa área?

R: Trabalho na prefeitura há 18 anos, fiquei 10 anos como professora de educação


física em EMEFs, depois tentei concurso para coordenação pedagógica e passei,
foram mais 4 anos, prestei novamente para direção, assumi meu cargo fez quatro
anos em agosto, é um tipo diferente de trabalho, acabo estando mais longe das
crianças, mas podendo fazer mais por elas. Antes disso atuei em academias, clube
militar, no clube Juventus, sempre como educadora física, principalmente na
natação.

Eu escolhi seguir por esse caminho para poder fazer mais pelas crianças, sempre
gostei de trabalhar nas zonas mais carentes, atualmente trabalho numa EMEI em
Guaianazes, é incrível ver a evolução dos alunos, crescendo, evoluindo, tenho
alguns alunos que acabaram na federação de vôlei, acho isso muito lindo, é o que
me motiva.

3 - você fez algum tipo de especialização? qual? Quanto tempo durou? (pensa em
se especializar academicamente?)
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R: Faz quatro anos que mudei minha vida no sentido de carreira, eu sempre preferi
EMEFs pelos alunos serem um pouco mais velhos, tinha até medo da EMEI, porque
são problemas diferentes, você lida mais com os pais do que com a criança, elas
mesmo não me dão nem dor de cabeça (risos), tenho pós graduação em gestão de
pessoas e educação física inclusiva, foco em deficiências visíveis, tenho estudado
mais a questão da especialização nas deficiências invisíveis, mas depois de tantos
anos de experiência você acaba pegando alguns truques. O número de crianças
com TEA quase duplicou desde que assumi essa escola, isso gera uma dúvida né?
Uma curiosidade do que exatamente está acontecendo com as crianças, é um
assunto importante mesmo.

4 - Você acha que a especialização englobava todos os aspectos necessários para


lidar com crianças com TEA?

R: Não, aqui na escola a gente vê cada coisa, a especialização não te prepara para
os pais negligentes, para as crianças passando fome, pra aquelas que são
abusadas, pra fazer com que as outras crianças entendam a condição diferente de
uma, não são coisas que somente a especialização vai tratar, porque tem muita
criança aqui grau 1 que acaba tendo crises fortíssimas por problemas que passam
em casa, por essas coisas.

Temos todo um plano de suporte pros TEA, tem que ser assim, eles precisam de um
olhar mais minucioso, a gente tem que entender que eles tem o mundinho deles,
mas ao mesmo tempo fazer com que eles entendam o nosso.

5 - Quando começou a trabalhar com crianças TEA, tinha noção da complexidade


em se lidar com elas?

R: Tinha uma noção muito leve, tento ficar por dentro da pedagogia acadêmica, vejo
as notícias, os livros, sigo até alguns no Instagram que acabam estando mais
inseridos nisso. Muitas vezes quando a criança precisa de espaço, silêncio para se
acalmar elas ficam comigo na minha sala, eu deixo alguns brinquedos, boto um
desenho pra elas verem no Youtube e depois conversamos, são todos uns fofos,
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eles gostam de ficar lá pelo ambiente acolhedor, como eu disse, em escolas mais
marginalizadas e periféricas assim, as crianças têm uma carga muito grande
[emocional], existe muito mais que só o TEA, elas sentem o mundo diferente já, e
esse mundo, pra acabar com tudo, é cruel.

6 - houve alguma criança que marcou sua vida profissional? qual? houve alguma
situação específica?

R: Sim, tive o Miguel, ele tinha 4 anos e era suporte grau 2, então quase sempre
estava na minha sala, sempre tinha muitas crises, a mãe dele tinha outros 6 filhos e
o pai tá preso até hoje, olha que isso foi assim, uns meses depois que eu assumi a
direção, então faz tempo. Me apeguei muito ao Miguel, ele apanhava muito da mãe
dele, eu acionava o conselho tutelar quase toda semana, e esse menino não comia
direito, não por ter seletividade alimentar, ele não tinha nem direito a isso, é que
quase não tinha comida em casa, então ele tomava café da manhã, almoçava e
tomava lanche na escola, isso era tudo que ele tinha, não dava pra ter seletividade
alimentar né, a realidade não deixava.

Pensei muito em adotar o Miguel, nos 2 anos dele comigo ele acabou em uns dois
lares temporários, acabava voltando pra mãe, no fim mãe é mãe, mas foi muito forte
pra mim, ele era um menino muito inteligente, não teve chance de se desenvolver
direito.

7 - Vocês têm alguma rotina em sala de aula? qual?

R: Todas as salas têm a mesma rotina, mantemos pela disciplina, os alunos chegam
e são recepcionados pela minha vice, depois vão todos pras suas salas, alguns
entram sozinhos, outros acompanhados pelas mães, as professoras já estão dentro
das salas esperando por eles, o ideal é que eles cheguem e sentem, mas isso é
quase um mito (risos), eles colocam as coisas nas carteiras, fazemos etiquetas com
o nome deles, os que trazem lancheira tem que pendurar no cabideiro, é tudo
baixinho para que eles tenham autonomia de fazer sozinhos, eu passo em todas as
salas todos os dias.
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Os alunos com grau mais alto de suporte têm ATs com eles, elas sentam nas mesas
junto deles, ficam de prontidão em caso de crise ou defasagem da criança, eles
dançam, cantam, fazem desenhos, claro que tem matéria, estão passando pela
alfabetização, mas tentamos ensinar brincando, coisas mais lúdicas para ajudar
nessa fase tão importante, Tem todo um plano de aula para eles, fazendo no ritmo
deles, estamos de prontidão para tirar ele do ambiente se for necessário, aquela
questão do acolhimento que eu tinha dito antes.

Cada sala tem um horário para fazer as refeições e usar o brinquedão da área
externa, somos nós da direção que determinamos isso de acordo com o plano de
aula das profs, e elas que ficam responsáveis, todos eles sabem que devem fazer
fila, descem a escada cantando, e lavam as mãos um de cada vez, depois entram
na fila de pegar o lanche, a partir daí é um corre-corre, um puxa-puxa, não tem
nenhum tipo de segregação, todo mundo come junto, a gente só interfere se a crise
ficar ruim, se não eles mesmos se resolvem, não podemos tocar, só se a criança
ameaçar a integridade física dela ou do coleguinha.

Pra tudo é necessária a autorização dos pais, então quando algum dos alunos tem
uma crise, nós conversamos, ficamos perto, pedimos para as crianças darem um
pouco de espaço, o resto delas não sabe direito o que fazer nesses momentos,
então é normal que elas se assustem, mas os que são amigos mais próximos
querem ajudar, mas ele [aluno em crise] precisa de espaço. Quando acontece nós
chamamos os pais e conversamos sobre o que podemos fazer para ajudar melhor
esse aluno, seguimos as orientações que eles passam, a gente tenta sempre fazer
com que a criança se desenvolva de maneira confortável.

8 - Trabalhar com essas crianças afetou sua vida pessoal de alguma maneira?
(enxergar as coisas com outros olhos, etc.)

R: Sim, as crianças mudam tudo por si só, a gente aprende mais com elas do que
com os adultos, a inocência, a pureza, o carinho deles, é uma coisa muito gostosa
de se viver. Com meus alunos TEA especificamente eu acredito que tenha
aprendido a ouvir mais, a buscar outro sentido, essa questão de ver o mundo pelos
olhos dos outros, eles me mostram muito disso.
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9 - Que tipo de atividades podem ser aplicadas de modo simples a estimulá-los?

R: Eles estão numa fase bem importante de alfabetização, temos que estimular pra
isso, mas também existem várias atividades sensoriais na escola, temos um espaço
com areia, uma parede para pintura com as mãos, um brinquedão mesmo, igual de
shopping, um espaço com casinha, com todos os brinquedos que imitam mesmo
uma cozinha, sala... Tem também as atividades de leitura e aquelas auditivas, com o
radinho na sala, são várias atividades, várias propostas.

10 - Qual método é utilizado para trabalhar com o aluno TEA?

R: Não tem um método, nenhum dos professores tem formação pra isso, em alguns
casos a DRE (Diretorias Regionais de Educação) sugerem o ABBA.

11 - Quais métodos você conhece?

R: TEACCH e ABBA, temos quadros em todas as salas de aula, como se fosse um


calendário bem grande, além do controle das agendas, queremos que as crianças
tenham autonomia e independência dentro do possível, que elas saibam o que vai
acontecer na escola, festas, comemorações, tudo isso.
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