Você está na página 1de 22
BRUNO MUNARI “DAS COISAS “NASCEM COISAS Thal rginal: Da Cora Nese Cosa (© Beano Mon, (981 Tiadgiode lxé Mae! de Vasco ‘Cop: Eins 70 Deposit eg 2° 217 23004 SBN 972-44.0160.% ‘Todos dite eserves para Mga porta ur Edighes 7, Lae Lites PORTUGAL 1 ! ‘ta obras pred cla Le. dope ser preci, j otodo ow em pare. qualquer que ao ado vlad, Inching cepa erdopa com pris stead do Bit 4 ‘Qanleranspess Let dos Dict de Autor ser passive) Produgao sem apropriagio acgao sem imposicao propria evolugao sem prepoténcia Lao Tse séeulo quarto antes de Cristo As quatro regras do método cartesiano ‘A primeira consistia em néo aceitar nunca como verdadeira qualquer coisa sem a conhecer evidentemente como tal: isto é, evitar cuidadosamente a precipitagao € a prevengao; nao incluir nos meus juizos nada que se nio apresentasse tio clara ¢ distintamente & minha inteligéncia de modo a excluir toda a possibilidade de divida. A segunda era dividiro problema em tantas partes 4quantas fossem necessérias para melhor o poder resolver. A tereeira, conduzir por ordem os meus pensamentos, comecando pelos objectos mais simples ce mais féceis de conhecer, para subir a pouco ¢ pouco, gradualmente, até ao conhecimento dos mais compostos; c admitindo uma ordem mesmo entre aqueles que no se prendem naturalmente uns com os outros. Por iltimo, fazer sempre enumeracdes tao completas e revisdes tao gerais aque tivesse a certeza de nada ter omitido. René Descartes 1637 SABER PROJECTAR Projectaré facil quando se sabe o que fazer. Tudo se torna facil quando se conhece o modo de proceder para aleangar a solugao de algum problema, ¢ 0s problemas que se nos deparam na vida sio infinitos: problemas simples que parecem dificeis porque nao se conhecem os problemas que se mostram impossiveis de resolver. Se se aprender a enfrentar pequenos problemas pode-se pensar também em resolver problemas maiores. © métdo proj no mari, apenas mudam as areas: em vez de se resolver o problema sozinho, é necessério no caso de um grande projecto azumentar o niimero dos especialistas e dos colabaradores; ¢ adaptar 0 método a nova situacao. Neste livro sobre metodologia projectual so apresetades guns pequtot problems euros 0 exemplos sio comunicados ao leitor de acordo com 0 método seguido para projectar a sua sohua0. O conhecimento deste método tommari mais facil 0 projecto de outros problemas. O leitor nao encontrard neste livro a forma de projectar luma astronave nem outros grandes projectos ilusdrios baseados exclusivamente na livre e incontrolavel fantasia pessoal dos projectistas; mas encontrard excmplos ao alcance de toda a gente que tenhao bom R senso de fazer face aos problema reais, aqueles que aparecem normalmente. Um problema comum a todos &, por exemplo, montar casa (como se costuma dizer). Quanta e quantas pessoas nao sabem que méveis sio adequados, nio sabem o que é realmente necessirio, ndo sabem como resolver 0 problema da iluminagio de um apartamento, de acordo com o que se pretende. Nio sabem quais as cores proprias para cada ambiente; no sabem como utilizar sem desperdicio o espaco habitavel. Nao sabem distinguir 0 objecto certo do objecto errado para um determinado fim. © conhecimento do método projectual, do como se faz para construir ou conhecer as coisas, éum valor liberatério: é um «faz tus por ti mesmo. ‘O luxo nao design. OLUXO O luxo ¢ a manifestacao da riqueza que quer impressionar o que permaneceu pobre. Ea manifestacio da importancia que se da ‘exterioridade ¢ revela a falta de interesse por tudo que seja clevacio cultural. Eo triunfo da aparéncia sobre a substincia. O luxo é uma nevessidade para muita pessoas que querem ter um sentimento de dominio sobre os outros. ‘Mas 08 outros se forem pessoas civilizadas sabem que o luxo é fingimento, se forem ignorantes admirarao @ até talvez invejem os que viver no luxo. Mas a quem interessa a admiragao dos ignorantes? Talvez a0s estipi De facto, o luxo é uma manifestaglo de estupidez. Por exemplo: para que server as tomeiras de our se dessas (omeiras sai uma 4gua inquinada? Nao serd mais inteligente, com o mesmo dinheiro, mandar por um filtro de agua e ter tomeiras normais? O luxo é pois 0 uso errado de materiais dispendiasos sem melhoria das fung6es. poranto uma estupided. Naturalmente que o luxo estéligado @ arrogincia dominio sobre os outros. Esti ligado a um falso ei que tinha ornamentos ¢ objectos que apenas ele podia ter. Orei e 05 poderosos usavam carissimos tecidos e pelicas. Quanto mais 0 povo era mantido na ignorancia tanto mais a autoridade se mostrava coberta de riquezas. E ainda hoje em muitos paises se verificam estas manifestagGes de aparéncias miraculosas. 1 — Mow-se, conjuntamente, uma grande quantidade de presunto gordo e cebola, 2.— Ponha-se ao hume com um fio de azcite, deixando alourar. 3 — Lavem-se bem alguns espinatres, sequem-se © cortem-se finos. 4 — Cosam-se em bastante égua. 5 — Juntem-se ao presunto ea cebola alourada. 6 — Deite-se na mistura um pouco de caldo ¢ tempere-se com sal ¢ pimenta, 7 — Deixe-se ferver mais um pouco. Spa outone Frigieira com tampa que funciona como greta, cabo ¢ separado € une-se por encaixe. ‘Metendo umas nas ova foram um inico object, fei de arumar¢rito or Design Roberto Sunbonet ‘as duaspogas podem também usa-sc scparndameate, METODOLOGIA PROJECTUAL Todos uns robots? Todos nivelados, todos iguais? E Em qualquer livro de coztha se encontram todas as recomegam a partir do zero a refazer a experiéacia. indicagdes necessérias para preparar urn determinado necesséria para projectar bem. Tero de fazer muitos prato. Estas indicagées sao por vezes sumérias, quando esforgos para compreender que certas coisas sio feitas se destinam a pessoas habituadas a estes trabalhos; ou antes ¢outras depos, Desperdigarao mute Se ‘mais particulatizadas, no que toca is indicagées 35 Lana park Os pavilhdes para o Luna park sio montiveis por encaixe e poranto Modilagao do espaco para facilitar a montagem. Sinalética Sinalizagées pablicas. Sinalizagées intemas de estabelecimentos ou outros edificios. Simbolos graficos para comunicar informacoes especiais. Sinalizacao desportiva. Cinema ¢ televisio Titulagdo de programas televisivos. Titulagao de filmes. Efeitos especiais. Textos, grafismos, diagramas em movimento para filmes técnicos. Animacao de imagens. Uso da luz polarizada. Uso do sintetizador. Formas e cores endégenas. Montagens especiais. Impressio Impressao serigrifica, experimentacao de novas possibilidades. Impressao em diversos malcriais. Impressao com cores flutuantes. Exploracao de todos 0s tipos possiveis de impressao conhecides, ‘como. monéipo, a xilografia, a dgua fore, a litografia,o batik... Xerografias originais. Serie de impressdes variadas. 30 SSeEBERE = se BEC aon SBS SE 2 SoS Ss a SOS RSS 55) SELLS LE SES SBE BS SOME LS BS POPPA S OS WBC H Secs SOE Tapecarias Projecto de texturas diversas. Elementos matéricos naturais. Texturas mecinicas extraidas de redes geométricas. A cor adequada aos ambientes, de acordo com o objectivo. A cor neutra adaptada a todos os objectives. Mosaicos ‘Texturas adaptadas aos mosaicos. Decoracées autométicas aproveitando aquilo que na indistria se consideram defeitos de fabrico. Problemas de combinabilidade de novos mosaics quadrados com ‘a mesma decoragéo. Formas diferentes combinéveis entre si. Problemas de baixo relevo. Paredes de mosaicos com espessuras diferentes combinados. Ae reo Cano Para objectos de peso nfo uniforme. | Para séries de pequenos objectos. Embalagem par. um Tiguido,uilizave taribém como recipient. Outros problemas se podem descobrir Se eae a oma eased ‘o mais simples possivel no uma tmilagao das moldurs dees. | Aquite: toc um explo mole O.QUEE UM PROBLEMA PROBLEMA v Sowugho O men amigo Antonio Rebolini diz: «Quando um saber distinguir se um problema é resohivel ou nio. E para o saber € préciso ter a experiéncia, sobretudo técnica, que tem o meu amigo Antonio. Mas que pode fazer um designer no inicio da sua actividade? Acerca da metodologia projectual existem diversos textos ‘nosso ambiente as pessoas sentem a nevessidade de ter, » porexemplo, uma vitura mais econdmica ou uma tmaneira diferente de dispor em casa o espago para as criangas, ou 0 novo recipiente mais pritico para... Estas e muitas outras sto necessidades das quais pode surgir um problema de design. A solugéo de tais problemas melhoraa qualidade da vida. Y=-o9 1 1 | ‘numa operagio que se destina 20 lucro | 'vo do industrial ¢ ao prejuizo do consumidor. | | f | (0 problema no se resclve por si; mo entao, ooienjtnds 8 elements para aus slug, é necesito conkers utils. 00 project de solo, E nesta altura que o projectista ird realizar uma experimentacio dos materiais e das técnicas disponiveis, para efectuar 0 seu projecto. Muito frequentemente imateriais ¢ técnicas sao usados de uma $6 ou de pouces utilizagdes de um material ou de um instrumento. Hi anos foi colocado no mercado um produto industrial chamado Fibralin, composto por fibras de raion juntas como um feliro por goma sintética. Este material era fabricado para substituir certs tecidos nos trabalhos de alfaiataria para o forro dos fatos, ¢ era fabricado com diversas espessuras, desde a do papel velino até & do cartio. Tinha um prego baixo e um aspecto agradével como. do papel de seda japonés. Este material, que é ainda fabricado,fixa bem a impressio em serigrafia ecu exposigdes de produtos industrais. Desde entio este material inventado para as alfaiatarias € usado também, pelas suas qualidades e possbilidades especifias, para pavilhies e para serigrafias atstcas. Uma experiéncia instrumental érealizada numa copiadora electrostitica, que de copiadora se toma instrumento para produzir imagens originais. E hoje, em varios wwitos graficos usam estas copiadoras para fazer originals. A experimentagao de m também de ins permite recolher informagées sobre novas uti de um produto inventado com umn tnico objectivo. DDepois da rcolha dos dados sobre os materia e sobre as tenicas, ndicada ro exquema por MT, aciatvidatedrige experimentagies dos materia € dos instrumentos para ter ainda outros dados com que estabelecer elacies Stes 20 project. 9 Destas experiéncias resultam amostras, conclusies, informagdes que podem levar i construsio de modelos Tigagao com os outros, poobsctrshast peer Sy ‘Como se vé com este esquema metodolégico, ateagea event ntualmente vir a sera solugio do problema. 3-So4u am+9n< BB 2 Ss 3 m gr oS n= ‘Daexperimentayi, indicada no esquema por B, podem sup modeles, saloon dono poids mao te arse 64 Nesta altura torma-se necessdria uma verificagao do modelo, ou dos modelos (pode acontocer que as solugces passiveis sejam mais do que uma). Apresenta-@ 0 modelo em funcionamento a um certo mimero de provaveis utentes ¢ pede-se-lhes uma opiniao sincera acerca do objecto. Comm base nestes juizos faz-se um controle do modelo observagao é demasiado pessoal e no agente. Se, pelo contrrio outra pessoa diz: o interuptor & demasiado pequeno’, & preciso ver se épossivel aumenté-lo. Pode-se, neste momento, fazer também um controle econémico para verificar se 0 custo de producio vai permitir um prego justo na venda do objecto. Com preparar os desenhos construtivos, em escala ou em tamanho natural, com todas as medidas precisas e todas as indicagdes necessdrias & realizagao do protétipo. Estes modelos deverdo nccessariments sr sujeitos 2 todo tipo de verficagées para set controlada a sua vallade 2 —-Z3om «5-0+ 3-8 G<-3e 0 ad ¢ Nn Os desenhos construtivos dever servir para comunicar, a uma pessoa que nio esteja ao corrente dos nossos projectos, todas as informagGes teis para preparar um prototipo. Estes desenhos serdo executados de maneira clara e legivel, em quantidade suficiente para se perceberem bem todos os aspectos, e quando os desenhos no chegarem far-se-4 um modelo em tamanho natural efectuar, por agora, as operacées referidas pela ordem indicada: na preparagdio do arroz verde por exemplo no se pode para panela ao lume sem agua ou preparar 0 condimento depois do arroz estar cozido. forma que toda a gente pode dar o seu contibuto criativo 2 estruturacio de um trabalho que procura, como se sabe, obtet o melhor resultado com 0 minimo esforco edeRe meen 5+ 2B29-9+-0 DESENHO CONSTRUTNO ee monn esd dab bi oss a “Forma nos dasentosconsruivs, paras cu tui, ques destinam 2 ‘eaizaro prottpe. S “ CRIATIMIDADE: — ARROZ VERDE “__ ARRO2 VERDE com ESPINARRES. — Baws Quatro PESsoAs “___ ARBOR ESPINAFRES PRESUNTO *CEBOLA TF apire sab: Pamsara capo" RD- write aa9 ha t : re BT ee mR IE: ~ eee wee, ry & fr H

Você também pode gostar