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CAPITULO 7 O MODELO AUTOCRATICO-BURGUES DE TRANSFORMAGAO CAPITALISTA [A RELAGAO ENTRE A DOMINAGAO RURGUESA ea transformagio capi lista 6 altamente varével, Nao existe, como se supunha a partir de uma concepeso europeuctntica além do mas, vlida apenas para os “casos clissicos de Revolugo Burguesa, um sinico modelo bisico democritico-burgués de transformagdo capitalist. Arualmente, of clentstas socials 6 cabem, comprovadamente, que a tansformas0 ‘capitalise nio se determina, de manera exclusiva, em fungio dor requisites itrnsecos do desenvolvimento capitalisa. Ao contri, cesses requisitos (jam 0¢ econtimicos, sejam os socicculurais © oF politicos) entram em intraeio com os vérios elementos econdmicos {naturalmente extra ou pré-capitalistas) ¢extra-econbmicos da situa ‘io histrico socal, caracteristicoe dos casos concretos que se cons derem,e softem, assim, bloqueios,scegbes eadaptacdes que delimi tam: 1) como se concretzars,histrico-socialment, a transfermacdo capitalista; 2) 0 padeo concteto de dominagso burguesa(inchsive, ‘como ela poderd compor os intresss de classe extraburgueses bur ‘guess ou, também, os intresses de classe intenos eextemos, se for ‘© caso — € como ela se impregnard de elementos econémicos,socio- cultura epoticos extrinsecos &transformagio capitalist): 3) quais Slo as probubildades que tem a dominacao bunguesa de absorver 0s requisites centrais da transfrmacio captalista (tanto os econdmicos {quanto os scioculturais eos polfticos)e, vice-versa, quas Hoa pro- babilidades que tem a transformasio captalista de acompanhar, csrutural funcional e histricamente, as polariagbes da dominagio Jnurguesa, que possuam um carter histrico construivo eeriador. ‘Até recentemente, #6 se aceltavam intepeettivamente como Revolugio Burguesa manifestagdes que se aprximassem tpicemente dos “cass cissieos", nas quas houvesse 0 maximo de Muidez © de liquider nas relsBes reiprocas da tansformagio capitalsta com a liad de impor tis nteessesa toda a comunidade nacional de modo +240 Estado, dando origem a uma formidvel superestrutura de opres+ si0.e de blogueio, a qual converte, reativamente, a propria dominagSb ‘burguesanatnia fonte de ‘poder polio leftimo". Mero rflexo das telacdes materias de produgio, ease inser, como estratura de domi agi, no dmago mesmo dessa relagbes, nibindo, suprimindo ou reo rientando, espontinea ¢ insitulonalmente, 0s processos econdmi 0s, socials e politicos por meio dos quals as demals classes ou quase-classes se defrntam com a dominagSo burgues. Isso expice, sociologicamente, camo e por que a dominacio burguesa se erge no alla € no dmega nilo <6 da continuidade do modelo imperante de ‘eansTormacio capitalist como, anda, da preservagioou da aleragio 4a ordem social corespondente. Ela se impoe como o ponto de parti= de de chegada de qualquer mudanca social relevante; e se ergue como uma barera diante da qual se destrogam (pelo menos pat fenquanto) todas as tentativas de oposgdo Bs concepgées burpuesas sigentes do que deve ser odem legal” de una sciedide compet va; a “seguranga nacional” "democraca, "educagio democriica’, © aro minima’ “claps de clases, a “iberdede sind’, 0 “desenvolvimento ceondio", a “iilag” et. Desse dng, dla prove a oppo interne das classes buguess or um po de capita: lismo que ima a saciedade brasileira is inighdades do deenvoh mento desigul interno da dominago imperialist externa, Em sums invesingSes, 0 socdlogy ao pode desar de vaclat lant dos reukados de suas obsewapes e de sus interpretagdes! Pare inertel que emslhant tip de opressi steric pose tirmos dias ata , mais ine, que eae os tees mecansmos de represso a que precisa recomer possi see condos com os idesis ‘puis, de esp pessoa humana, os diets fandamentats do Tomer e 20 esto democratic devidn. No entano, ela af ets —e ‘io apenas na soiedade bras. Varantes da mesma forma de dominagto burguesa surg, se mantém se spefegoam em otras rages da América Latin, da Asia, da Aiea e da Europa. Detando de lado eflextes que coidifam com 0 espiito objetivo da expicagto sociliae da ingnagem cetica, cabe-nos, pis, somente situa a fungoes desserebento taco da “expansio a cilzagio oeidnta”& lesa rico da 'moderidade burgues” nos pcos ‘A que necessdades econdmias,sciaise pitas esponde essa _miquine de oped de classe institcionalzada? As conenbes dicta € indetas, mencionadas acima, indicam claramente que es forma de dominagzoburguesa constitu a verdad chave para exc evista €o apereigaamento da vers que nos cube do capitals: ‘mo, 0 captlismo seragem. O“capitalismo possivel” a pene, na era da parila do mundo entre as nagbescaptalitas hegemdnics, a “empresas mulinacanas” as burguesis das “ages em desenval- vimento” — um capalismo cu realidad permanente vem ser de forga socoecondnica cultural epltica. Mas ua coisa € ver este process com algo tanscodo, a pari de hoje. Outs ¢focalito em cada um dos moments que marcam as etaps percomidas pela sglucinago econdmica, sociocultural potica das vii classes e dot varios estates de clase burgueses, em su integra horizontal rua escala nacional. Para que estas classes e estas de classe pudessem aleangar uma verdad forma burgucu de soared de clase, de moo a itera horzontalmente e em escala nacional seus imeresss materi e seus comporaments cles, congreando-se 32 Pan rd fem uma comunidade politica unificads, era necessirio que elas sofessem uma complexae difcl tansfigurago. Era preciso, noteda mente, que elas se despojassem da “segunda natureza humana” que © cescravismo incutira nas “lasses possuidoras" que Fizessem um amplo esforgo de revisto ede redefnigdo de ideologiase utopias, assimiladas do expertncia democritico-burguesa europeiae norte-americana, da €poca de emancipagto nacional em diate; e que conseguser com- preender qual é propria relidade, em termos dos papeise das tare- fas histrieas que poderiam desempenar, como e enquanto burgue- si de uma sociedad de classes subdesenvolvidae dependente na ere do captalismo monopolitae do imperialism toa Av estava uma revlugio demasiado compliceda e diffi, nao por causa do elemento ligirquico, em si mesmo, mas porque era preciso extrait o ethos burgués do cosmos patrimonialsta em que ele fora inserido, gragas a quase quato séculos de tradicao escravista © de um toscocapitalismo comercial. Doutto lado a fregmentagdo das classes dos estratos de clase burgueses favorecia muito mais 0 seu ‘solamento local ou replonale « sua pulverizagSo que a unificacao horizontal, em escala nacional, de interesses ede valores percebidos confusamente © de maneira predominantemente provincia paroguialista. A rusticidade da maiora ds cidades, a fraca penetra- ‘0 urbana no campo eo baixo indice de universalidade dos proces- sos de seeulrizagio da cultura e de racionalizagao do modo de com- preender © mundo agavaram esse fenémeno, prolongando o estado de quase-classe de semiclasse dos estratos burgueses, privados dos princpais ftoresextemos de dfsio e conformagao da mentaldade Dourgues (ou, como seria melhor diet: do horzontecultucal burgu). A isso se deve acrescentar a fraqueza numérica, econdmica e pol- tica dos setores meédios, com sua forte impregnagio tradicionalista uma contradtéria ambivaléncia de aitudes, nascida de ressent- ‘mentos psicostcials (e no de impulsdes societéras de natureza reformiste ou revolucionéla propriamente dias): €o aparecimento ‘ardio © a0 mesmo tempo muito lento, em massa, do tipico "empre> ‘rio moderno’, no alto comércio, na indistriae nas finangas. Em A nevouvete Buncuees no Baasit 363 sama, vros elementos concoam,convergentement, para incen- tv as clases burgess «wa faba conscinciaburgues, man tendo eee ess classes eno eto da sociedad lsdes qu vier tavam anda mais as idcolopis ea tpi burgusasimprtadas da Europe don Estados Unidos. Estas iste sempre foram enrt- dase difandias por uma vst ama de propagaderes (como, por empl: os propepinditae republicans; os modemists os tenen- tesioxconsttucionaistas; os naionalistas et), Pode der que ornate" da barges iam dels as crenga poli, impon- doar come wma espécie de mores da ciao brasil, Por sun ‘eros massa populares © ox ovens sentanse atradon por esas rnesmas liste, qe abriam falas perspec eormistse emo. crits 3 revoligao nacional. Contd, o deervovinento interna

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