Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sangue em Pastópolis
&
*****
Pato ao Molho Pardo, por sua vez, foi escrito
especialmente para a segunda encarnação do site Rumor. O
relato, publicado ao longo de 2002 em capítulos semanais,
é uma preqüência de Sangue, escrita para dar algum sentido
ao que se passou no folhetim anterior. Ou teria sido Sangue
que forneceu a Pato o barbante para criar sua própria cama
de gato? (Chega de referências animais por hoje.) Os dois
folhetins podem ser lidos separadamente ou em seqüência,
como desejar. Para ler os capítulos na ordem em que foram
escritos, siga a numeração das páginas. Para seguir a ordem
cronológica dos acontecimentos, comece pelo Livro II,
Pato ao Molho Pardo, na página 115, e rebobine a fita até o
primeiro capítulo do Livro I, Sangue em Pastópolis. De
qualquer forma, nem tudo está explicado. Preencha as
lacunas com sua imaginação.
Salomão Gladstone
salomaogladstone@hotmail.com
A toda essa gente bronzeada pela luz dos monitores que se meteu a
besta de dar palpite numa obra em andamento.
Livro I
Sangue em Pastópolis
Capítulo 1
Capítulo 2
O SENSACIONAL ROUBO DA
CAIXA-FORTE
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
RIGOR MORTIS
Capítulo 8
Capítulo 9
*****
Enquanto isso, o carro de Ronald — adaptado
secretamente para as operações de Superbicudo —
disparava pelas estradas a 350 por hora. Ao longo da
Rodovia Litorânea ele procurava, mas já não via os raios
multicoloridos de Maga Magalógica.
— Eles só podem estar numa ilha em alto mar.
Usando o mapa de seu computador de bordo e seu
nariz farejador eletrônico, ele rapidamente localizou a ilha
SANGUE EM PASTÓPOLIS 27
Capítulo 10
Capítulo 11
A SETE PALMOS
*****
Quando Esther se deparou com Fatalôncio, deu
um passo para trás e pensou em fugir. Não teve tempo: os
quatro seguranças do zilionário conseguiram agarrá-la a
tempo e carregá-la pelos braços e pernas. De alguma
forma, Fatalôncio sabia que eu não fugiria.
— Então é você a famigerada Esther Altman,
também conhecida como Cassandra King ou Joanne
34 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 12
Capítulo 13
*****
— Então, como íamos dizendo — continuou
Fatalôncio — a única alternativa para que os Patralhas
gastem a fortuna da Caixa-forte é cobrar um resgate que só
pode ser pago em Pastobônus.
— Quer dizer, como você tem os Pastobônus, o
tesouro vai parar nas suas mãos automaticamente...
— Ainda não. A operação não pode ser feita por
outros que não os legítimos donos da Caixa-forte, a saber,
os herdeiros do Petinhas. — Fatalôncio pegou o
testamento outra vez — Pois eu usei meus agentes secretos
e encontrei a única cópia do testamento. Interessante, não?
— Isto é um absurdo. O velho estava caduco! A
única herdeira é...
— Flora Senteantes, sua eterna paixão dos tempos
da Corrida do Ouro. Aposto que nenhum parente esperava
por isto...
— Todos pensavam que o herdeiro era o Ronald.
— E vão continuar pensando, meus caros!
Dito isto, Fatalôncio acendeu um fósforo e pôs
fogo no testamento. Enquanto o papel ardia, o discurso
continuava:
— Agora que dei fim ao único exemplar do
testamento, Ronald é o primeiro na linha sucessória; em
seguida, em iguais condições, estão Dinho, Binho, Quinho,
Gastoso e Pendinha. Meu objetivo é fazer a família Pato
brigar entre si até que os negócios das empresas do
Petinhas fiquem desgovernados. Nesse ponto, eles não
terão outra saída senão receber umas migalhas em
Pastobônus para que eu seja autorizado a resgatar dos
Patralhas o dinheiro da Caixa-forte.
SANGUE EM PASTÓPOLIS 41
Capítulo 14
A BATALHA DA MOEDINHA
*****
Enquanto o caixão de Petinhas descia a sete
palmos, cumprimos todos os detalhes do plano: vestimos
perfeitos disfarces de cães caucasianos, pegamos um
ônibus para o cais de Pastópolis Norte, embarcamos num
velho barco de pesca, seguimos a rota estabelecida e
encontramos a ilha.
— Enfim, lá está a velha Caixa-forte...
Os Patralhas nos dispensaram sua habitual
“calorosa” recepção. Fatalôncio falara a verdade: as balas
44 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 15
*****
O juiz Décio Coruja não suportava o falecido
Petinhas. Talvez fosse a única autoridade pastopolense que
o rico pato não tivesse no bolso. Debaixo de sua fama de
durão, não foi sem uma indisfarçada sensação de revanche
que Décio reuniu a Família Pato para estabelecer a divisão
dos bens — partindo do pressuposto que os bens viessem
a ser recuperados.
— Minhas senhoras, meus senhores, de acordo
com as investigações por mim coordenadas, lamento
concluir que não foi encontrado o testamento de Petinhas
O’Pato.
Um forte “Oooooh” ecoou pelo Tribunal de
Pastópolis.
— Portanto, segundo as leis de Pastópolis, o
herdeiro universal será o parente mais próximo do falecido,
a saber, seu sobrinho, Pato Ronald.
Os parentes se entreolhavam com um misto de
espanto e revolta. Afinal, Ronald estava sumido desde o
velório. Como a Justiça pastopolense poderia permitir
tamanha falta de consideração?
48 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 16
HERANÇA MALDITA
*****
Enquanto isso, eu e Esther nos escondíamos no
poço do elevador da Caixa-forte. Não se enxergava um
palmo. Lá fora os Patralhas se atropelavam em busca da
porta de saída, pressentindo o pior.
SANGUE EM PASTÓPOLIS 51
Capítulo 17
CAÇA À RAMEIRA
*****
Aeroporto Internacional de Pastópolis.
Exatamente na hora marcada, um Ronald impecavelmente
trajado esperava diante do portão de embarque. Logo
depois chegaram Dinho, Binho e Quinho, pequenos em
comparação com suas mochilas de campistas juniores.
— Olá, meninos!
— Olá, tio Ronald!
— Vejo que já estão com a bagagem pronta. Aqui
estão seus passaportes; acabei de fretar um jatinho para
Grasnópolis e conto com a presença de vocês. Afinal,
somos uma família ou não somos?
Enquanto os patos atravessavam o portão de
embarque, Binho perguntou:
— Onde o senhor esteve durante todo esse tempo
sem nos avisar?
— É uma longa história. Na viagem eu conto.
Absortos em sua curiosidade, os sobrinhos
embarcaram e nem notaram que o piloto era ab-
solutamente idêntico ao próprio Ronald.
54 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 18
Capítulo 19
REVELAÇÕES DO ALÉM
*****
Enquanto isso, eu e Esther nos escondíamos no
poço do elevador. Eu ainda estava abestalhado com a
estranha reação da Moedinha da Sorte que fez o corpo de
Esther brilhar por dentro. Encostei o ouvido na parede:
nada consegui ouvir através daquelas grossas chapas de
aço.
— Acho melhor sairmos daqui, Alvin.
— E se a saída do elevador estiver cercada por
Patralhas?
— Duvido. A explosão deve ter afugentado a
todos. Se aparecer algum, somos imunes às armas dos
Patralhas e ainda temos munição suficiente para as nossas.
— Certo. Vamos escalar o cabo e forçar a porta do
térreo.
Quando Esther tocou o cabo, o inesperado: o
elevador começou a descer!
— Quem ligou o elevador?
— Impossível! A eletricidade foi cortada e o pão-
duro do Petinhas não usava geradores.
— Vamos ser esmagados! Atire no fundo da
cabine!
SANGUE EM PASTÓPOLIS 59
*****
Superbicudo, digo, Ronald estava escondido numa
moita em torno da Caixa-forte. Pressentindo um ambiente
mais calmo, o herói novamente escalou as paredes com
suas botas de sucção. Pé ante pé, Superbicudo chegou à
porta do cofre principal.
— Com Patralhas ou sem Patralhas...
Superbicudo usou seu lápis-maçarico e arrombou
o cofre com facilidade. Foi apenas uma questão de abrir a
porta e saltar na escuridão.
— Finalmente vou poder mergulhar no meu
dinheiro! É meu! Meu! Todinho meu!!!!
O cofre estava completamente vazio.
60 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 20
NO ESPETO
*****
Como que por milagre, Superbicudo se espatifou
no fundo do cofre principal, onde já não havia uma moeda
sequer, mas saiu pouco ferido. O super-herói se recompôs
rapidamente, acendeu sua lanterna e examinou as paredes
mofadas que o cercavam. Uma aberração: para onde os
Patralhas teriam levado a grana?
Então Superbicudo encontrou debaixo de seus pés
uma espécie de porta. Ele apontou a lanterna para o chão:
SANGUE EM PASTÓPOLIS 61
*****
Enquanto isso, o ambiente na Delegacia Central de
Pastópolis era de desolação.
— Muckey, nunca passamos por uma crise tão
grave. A polícia estava completamente impotente diante do
roubo da Caixa-forte, mas os jornais caçoam da polícia
como se nós fôssemos os ladrões. — Coronel Contra abre
a edição vespertina de A Pastada — Pastópolis atravessa
uma onda de crimes desde a insurreição dos Patralhas. E
quando tínhamos os dois humanos nas mãos, eles fogem
inexplicavelmente.
— Isto sem falar do seqüestro do prefeito Omar
Suíno. Até agora só encontramos pistas falsas... Acho que
eu vou deixar a polícia.
— Como?
— Sabe como é, Coronel, eu cansei de fazer jogo
duplo. Agora que o Petinhas morreu, já não tenho mais
motivos para acobertar a oposição e fazer bonito diante da
opinião pública. É impossível agradar a todos ao mesmo
tempo...
— Isto é inaceitável, Muckey. Todo mundo aqui
era... hã... “neutro” diante da arrogância da Família Pato,
62 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 21
*****
Enquanto isso, na ante-sala da oficina de inventos
de Professor Padral, crescia o bate-boca entre os Patralhas.
64 SALOMÃO GLADSTONE
*****
— Afinal, tio, explique-nos por que o senhor saiu
durante o enterro e demorou tanto a voltar!
Todos os patandróides saíram de controle. Em seu
jatinho fretado para Grasnópolis, os sobrinhos logo
descobriram que o Ronald que os acompanhava era fajuto.
— Negativo. Meu nome é Pato Ronald, herdeiro
de Petinhas O’Pato, meus sobrinhos são Dinho, Binho e
Quinho e eu cedi toda a herança à minha querida Vagarida.
— Mas e daí? — perguntou Binho — Que
estranho...
— Positivo. Quem são vocês? Meu nome é Pato
Ronald, herdeiro de...
— Caramba! Esse não é o Ronald!
Dinho e Quinho saltaram e agarraram as pernas do
patandróide enquanto Binho dava uma cabeçada no peito
de metal. O patandróide tombou e a cabeça saiu do corpo,
mostrando os circuitos elétricos.
Diante da perplexidade dos sobrinhos, o
patandróide-comandante se levantou e saiu da cabine de
comando.
— Negativo. Meu nome é Pato Ronald, herdeiro
de...
— Mais um robô! Pau nele!
O patandróide deu um soco em Dinho, que caiu
nocauteado. Quinho, porém, pensou rápido e jogou uma
jarra de suco de laranja na junta do pescoço. Em trinta
68 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 22
*****
Vagarida não parecia se dar conta que o Expresso
Bicanca era a linha mais sórdida e decadente do sistema
ferroviário. Desde que os aviões dominaram o transporte
entre Pastópolis e Grasnópolis, a viagem nos velhos trens
ficou restrita aos muito pobres, a um punhado de
nostálgicos amantes dos trilhos, e a todo tipo de
punguistas, prostitutas, falsários, vigaristas e picaretas em
geral.
— A senhorita tem fogo?
— Perdão, eu parei de fumar... O senhor... Hã... O
dia não está quente demais para usar esse casaco?
Os funcionários das Ferrovias Petinhas, sob os
reluzentes botões dourados de seus uniformes, ainda
tentavam manter o aplomb e as maneiras polidas de um
70 SALOMÃO GLADSTONE
*****
O tempo estava ficando quente para nós. Os
Patralhas brandiam suas tochas, prontos a acender a
fogueira a uma ordem do fantasma de Begônia Beagle.
Esther e eu, amarrados
no poste, esperando o Juízo Final. Eu matutava
um meio de sairmos dali. Quando os Patralhas começaram
a se exaltar, comentei com Esther:
— Temos que fugir. Não dá para dissolver a
corda?
— O quê?
— É como no truque do jornal que você me
ensinou. Como é que funciona? Não estou conseguindo
nada.
SANGUE EM PASTÓPOLIS 71
Capítulo 23
*****
Enquanto isso, um comboio de Patralhamóveis
corria pelas ruas de Pastópolis levando ao aeroporto o
ferido Sovina McGrana.
— Não se preocupe, chefe! — disse 761-761 —
Nossos homens acabam de seqüestrar um avião comercial.
O comandante está sob nosso poder e levará o senhor de
volta à África do Sul.
O velho zilionário mal parecia sentir a dor da bala
alojada em sua perna.
— Eu sabia que podia contar com vocês. Não
podia dar chances aos açougueiros dos hospitais de
Petinhas.
Quando chegaram ao aeroporto, a pista estava
cercada por duzentos Patralhas armados, liderados por
167-761.
— Aonde pensam que vão, seus pústulas infiéis?
— Do que você está falando? O Sovina está ferido
e tem que ser levado imediatamente para a África do Sul.
— Só por cima do meu cadáver!
— Você disse que ficaríamos à vontade para
apoiar Sovina contra a Família Pato. Não tem palavra?
— Você já devia ter aprendido a não confiar nem
em sua própria sombra. Adeus, 761!
74 SALOMÃO GLADSTONE
*****
Assim como os Patralhas, os conselheiros — quase
todos velhos patos corruptos, desnorteados com a morte
de Petinhas — esperavam qualquer coisa de Suíno. Toda
Pastópolis se acotovelava diante das telas na expectativa
das novidades. Suíno pegou os óculos e abriu uma grande
folha de papel com o texto do discurso:
— Meus concidadãos, este é um dia histórico para
Pastópolis e seus laboriosos habitantes. Até hoje Pastópolis
cresceu e frutificou sob a mácula da empáfia e do
preconceito.
Notando o olhar incrédulo dos interlocutores,
Suíno prosseguiu:
— Proponho ao Conselho Municipal que a partir
desta data sejam abolidas todas as medidas discriminatórias
contra os cães caucasianos, garantindo-lhes anistia total e
concedendo plenos direitos civis a todos os habitantes de
Pastópolis.
— Protesto! — levantou-se o presidente do
Conselho — A fundação desta cidade é fruto da luta dos
patos iluminados e superiores contra os cães caucasianos
SANGUE EM PASTÓPOLIS 75
Capítulo 24
QUADRILIONÁRIOS UNIDOS
*****
A anistia não foi exatamente um acontecimento
jubiloso para os pastopolenses. A cidade recebeu o
autogolpe de Omar Suíno com o mais incrédulo dos
silêncios.
É claro que o reconhecimento de seus direitos
civis era tudo que a maioria oprimida dos cães caucasianos
sempre reivindicou. Entretanto, os cães não acreditavam
que o decreto-lei fosse algo mais que uma tramóia do
prefeito — um emérito pau-mandado dos patos. Enquanto
isso, nada garantia que os patos ortodoxos acatariam a
decisão pacificamente.
Alheios à interrogação que pairava sobre o cidadão
comum, Patralhas de ambos os lados largaram as armas e
marcharam unidos e orgulhosos para fora do aeroporto.
Finalmente qualquer cão caucasiano poderia comparecer a
uma delegacia de polícia e ratificar sua anistia.
Mas o sangue de Sovina McGrana ainda molhava o
banco de trás do Patralhamóvel:
78 SALOMÃO GLADSTONE
*****
Muckey assistira em casa, boquiaberto, ao
pronunciamento do prefeito. De volta à delegacia, o
camundongo foi à sala do Coronel Contra comentar as
novidades:
— Viu o que aconteceu, Coronel? A ditadura do
Suíno acabou com a nossa mamata e... Coronel? Coronel?
Era tarde. A corda mal suportava o corpo frio e
lívido do chefe da polícia. Os 115 quilos de adiposidade
pendiam da viga do teto sobre um banquinho tombado e
um envelope pardo recheado de papéis comprometedores.
*****
Vagarida hesitou quando Olímpio Chipper a
convidou para passar a noite em seu apartamento em
Grasnópolis. Mas não teve alternativa. O Serviço de
SANGUE EM PASTÓPOLIS 79
Capítulo 25
PATOS NO BURACO
*****
Naquele momento, Superbicudo procurava a
fortuna de Petinhas nos subterrâneos da ilha. Pé ante pé, o
super-herói rastreava as paredes do túnel em busca de
alguma pista. Até que de repente...
— Quaac! Que será aquilo?
Um grande veículo se aproximava. Dois faróis
ofuscantes apareciam no fundo do túnel. As paredes
tremiam; o barulho era ensurdecedor.
— Pare!!!!! Pare!!!!!
O veículo ignorou a presença de Superbicudo e
seguiu em frente. Sentindo sua aceleração, só restou a
Superbicudo correr e correr. Mas não teria chances de
escapar. Quando estava quase sendo atropelado,
Superbicudo acionou as molas de suas botas e saltou para
cima da máquina, pistola de raios em punho:
— Parado aí! Se mexer uma pena eu te... Flora
Senteantes?
SANGUE EM PASTÓPOLIS 83
Capítulo 26
*****
— M-m-mas, Fantasma Manchado, você era a
última pessoa que eu esperava encontrar em Grasnópolis...
— Exato, Vagarida. Quando a justiça de Pastópolis
inventou para mim uma pena de 830 anos, sumi da prisão e
vim para esta cidade divina cuidar de meus negócios. Tanto
melhor. Nem preciso usar esta capa preta e sou conhecido
apenas como um empresário respeitável...
— Não me venha com subterfúgios, Manchado. O
que você quer comigo?
— Você está muito nervosa. Sente-se e relaxe.
— Eu vou fazer um escândalo!!!!!
— Ótimo. A Família Pato vai adorar saber onde
está você, a tão “querida” Vagarida...
A noiva de Ronald teve um calafrio.
84 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 27
*****
Antes de chamar o rabecão, Muckey escondeu o
envelope de provas comprometedoras sob seu paletó,
deixou uma nota alta entre os dedos do cadáver de Coronel
Contra e um bilhete para os legistas: “Finjam que nada
disto aconteceu”.
Muckey aproveitou uma distração dos colegas da
delegacia e pegou um dos carros de placa fria do
estacionamento. Naquela circunstância, ser reconhecido
poderia fazer muito mal à saúde. Em cinco minutos o
camundongo estava na casa do Pluteta.
— Oi, Muckey... — como de costume, Pluteta
estava deitado diante do sofá, assistindo sua velha televisão
preto-e-branco.
— Ainda bem que você está aqui. Aconteceu uma
coisa terrível! O Coronel Contra não segurou a barra! Ele
deixou estas provas e...
— É, eu já sei de tudo. Leia o jornal de hoje.
SANGUE EM PASTÓPOLIS 87
Capítulo 28
QUEIMA DE FOGOS
*****
— Fantasma Manchado, aceito a sua hospitalidade,
mas não posso aceitar uma proposta eleitoral assim de
repente...
— Não há alternativa melhor, Vagarida. É pegar
ou largar.
— Mas você esqueceu que meu filme está
completamente queimado em Pastópolis?
Ninguém vai votar em mim. Eu mesma já perdi
três vezes a eleição para o Clube Feminino. Imagine se eu
concorresse à prefeitura!
— Tire esses pensamentos negativos da sua linda
cabecinha... Especialmente porque logo você será dona da
maior fortuna do mundo e poderá comprar todos os votos
que quiser.
— Hein?
— Segundo meus agentes, os advogados da
Família Pato entraram na Justiça pedindo anulação da
partilha dos bens, pois Flora Senteantes duvida que o
Ronald verdadeiro tenha comparecido ao tribunal.
— Isso não quer dizer nada. Basta conferir as
assinaturas do Ronald.
— Que assinaturas? O prefeito Omar Suíno, com
suas prerrogativas ditatoriais, decretou intervenção no
Poder Judiciário. O juiz Décio Coruja não pode mover um
dedo. Enquanto isso, meus agentes infiltrados na Prefeitura
fazem a festa com os documentos!
Vagarida ouvia tudo, incrédula. Fantasma sentou-
se diante de um computador e pediu para a noiva de
Ronald se aproximar.
— E para quem pensava que isso apenas atrasaria
o processo, veja o que eu faço. Consegui a senha do banco
90 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 29
Capítulo 30
CRIME E CASTIGO
Capítulo 31
BATENDO O MARTELO
*****
Estava com muito medo. Não tinha a menor idéia
do que Esther tramava com os Patralhas, a não ser que ela
engoliu uma maldita moedinha, derrotou Begônia Beagle e
passou a ser tratada como semideusa. Pois os Patralhas,
como todos os cães caucasianos, receberam anistia;
Petinhas, o velho inimigo dos Patralhas, estava morto e
98 SALOMÃO GLADSTONE
*****
Diante da platéia lotada, Omar Suíno tomou o
microfone:
— Meus caros, nós temos a satisfação de mostrar
nosso empenho na reconstrução de Cinópolis, a histórica
metrópole dos cães caucasianos impiedosamente arrasada
por Petinhas e sua malta.
A multidão de antigos aliados de Petinhas soltava
grunhidos de revolta com o inesperado acerto de contas
com o falecido. Suíno prosseguiu:
— Agora que nosso governo, na minha pessoa,
concedeu a cidadania plena aos cães caucasianos, chegou a
hora de reunirmos nossos esforços e nosso capital para
erguer uma nova Cinópolis, uma cidade moderna, orgulho
de todos nós, destinada a ser o maior centro mundial de
finanças e tecnologia.
A platéia, perplexa com a iminente queda de
prestígio de Pastópolis, não dava um pio. Sovina e
Fatalôncio, sentados lado a lado na primeira fila, trocavam
sorrisinhos marotos.
SANGUE EM PASTÓPOLIS 99
Capítulo 32
A HORA DA VERDADE
*****
Ao menos por fora, o Teatro Cordélio Flatus era
um monumento. De longe, já impressionava. E quanto
102 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 33
TEATRO DE OPERAÇÕES
Capítulo 34
GATILHOS RÁPIDOS
Capítulo 35
*****
Essa batalha de superpoderes não renderia coisa
boa. Todos estavam distraídos esperando o resultado. Até
que eu tive uma idéia brilhante. Sem ser notado, esgueirei-
me pelos cantos do teatro e puxei a perna do acuado
Ronald.
— Ronald? Tenho que fugir para o mundo dos
humanos. Venha comigo.
— Está louco?
— Nenhum de nós dois vai se dar bem com o
resultado dessa luta, qualquer que seja. Superpluteta morre,
SANGUE EM PASTÓPOLIS 111
*****
Em poucos segundos Esther desembaralhou as
ferragens do candelabro e voltou à ativa, mais enfurecida
do que nunca. Superpluteta olhava Esther com desprezo.
— Vai tentar o quê, sua humana insignificante?
— Tome isto!
Brilhando de energia multicolorida, Esther fechou
os olhos, abriu a boca e soltou uma enorme bola de fogo
que acertou Superpluteta em cheio. O super-herói se
contorceu de dor. Aproveitando a distração momentânea,
Esther soltou mais duas, três, quatro bolas, deixando
Superpluteta caído ao chão.
— Você me paga, Esther!
Com sua visão de calor, Superpluteta derreteu a
corrente que prendia o candelabro. Mas Esther pressentiu a
queda e deu um grito lancinante, saltando sobre o próprio
Superpluteta.
Uma luz ofuscante envolveu os dois. No fim, só se
via o Superpluteta.
— Onde está você, Esther?
Disse uma voz de dentro de Superpluteta:
— Minhas células se misturaram às suas células.
Agora somos um só!
112 SALOMÃO GLADSTONE
*****
A fuga de Alvin e Ronald para o mundo dos
humanos foi um sucesso. Hoje Ronald trabalha recebendo
turistas num parque temático, o único lugar onde ninguém
acreditaria que ele fosse ele mesmo.
O cativeiro dos sobrinhos de Ronald foi
estourado pela polícia de Pastópolis. Oito bandidos foram
mortos (incluindo peças-chave da máfia) e seis foram
dados como desaparecidos, mas os meninos saíram vivos
para dividir a herança de Petinhas. Depois de brigas e mais
brigas, ninguém mais se fala na Família Pato.
Sovina MacGrana não deixou herdeiros. De
acordo com seu testamento, toda sua fortuna foi destinada
ao Clube dos Criadores de Gatos da África do Sul. E
Sovina sempre detestou gatos.
Fatalôncio continua rico, mas não tanto. O fim
do puritanismo da Era Petinhas foi um golpe de morte no
segredo que envolvia os vasos sanitários de Pastópolis, o
que abriu o mercado para inúmeros outros fabricantes.
Fatalôncio foi obrigado a diversificar ainda mais seus
negócios, incluindo alguns investimentos furados em
empresas de Internet. Mas não foi por isso que ele deixou
de ser o pato mais rico de Pastópolis desde a morte de
Petinhas.
SANGUE EM PASTÓPOLIS 113
*****
*****
*****
Livro II
*****
PATO AO MOLHO PARDO 119
Capítulo 2
— Sim, senhor.
— Para começar, preciso da lista de passageiros do
ônibus com os dados completos de cada um, e tenho que
chegar o mais rápido possível ao ponto de parada de
almoço onde desapareceu a passageira misteriosa.
— Claro, senhor. É pra já.
*****
Morta de vergonha, Vagarida pegou um táxi de
volta para casa. Todo cuidado era pouco: para despistar os
vizinhos enxeridos, o jeito era dar mil voltas por Pastópolis
antes de chegar ao destino. Tudo bem; era o homem da
Organização que pagava a corrida. Ainda assim, ao virar a
esquina, Vagarida toma um susto:
— Quaaaaaac! Motorista, mudança de planos:
passe direto e me deixe na Avenida Cordélio Flatus
número 200.
— Como quiser, madame.
Encolhida no banco o mais que podia, Vagarida
nem pôde observar detidamente a expressão de ódio de
seu noivo Ronald, andando de um lado para o outro em
frente ao portão de sua casa. Mas Vagarida sabia melhor
que ninguém o que se passava na cabeça de Ronald. O jeito
era se abrigar no apartamento de sua amiga Eugênia Paturi
até achar um jeito de acalmar os ânimos da família Pato.
Vagarida subiu a passos largos os dois andares de
escada e tocou a campainha.
— Quem é?
— Sou eu, a Vagarida! Estou com um problemão.
Posso passar a noite aí?
122 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 3
*****
Como a maioria dos restaurantes de beira de
estrada, aquele também servia uma comida meio sebenta
que custava uma nota preta. Mas nem a comida nem o
preço contribuíram para matar quem quer que fosse... Pelo
menos não neste caso.
Pegando carona numa ambulância cedida pelo
delegado Seixas, Todd McLay conseguiu chegar ao
restaurante em menos de uma hora. E com o acesso às
informações certas, o agente do FBI já tinha na ponta da
língua a descrição da passageira da Viação Cosmeta que
desaparecera naquela mesma parada e tornara-se a suspeita
número 1 do assassinato da passageira da poltrona ao lado.
McLay já foi logo perguntando à mocinha que distribuía na
entrada os cartões de consumação:
— Por acaso você viu entrar aqui na hora do
almoço uma mulher de uns cinqüenta anos usando saltos
altos, saia preta e blusa azul de mangas compridas?
— Que estranho... Foi o mesmo que o outro
sujeito acabou de perguntar.
— Quem?
— Aquele de terno preto que está indo para o
banheiro.
— Hein????? Vou resolver isso já.
PATO AO MOLHO PARDO 125
Capítulo 4
*****
De volta a Pastópolis...
— Vagarida, a situação está preta para seu tio
Petinhas — filosofou Muckey, andando de um lado para o
outro na sala do apartamento de Eugênia. — Os Irmãos
Patralhas estão loucos para roubar a grana do velho, e você
e o Ronald babam pelo dia em que herdarem aquela
fortuna. Mas não são só vocês que querem puxar o tapete
do Petinhas.
— Quem mais? — perguntou Vagarida.
— Pensei que você soubesse. Afinal, você tem
uma graaaaande intimidade com alguns importantes nomes
da conspiração mafiosa...
— B-b-bem, eu saio com uns caras por aí só para
me divertir mesmo... Eu nunca misturo negócios com
lazer.
— Talvez eu possa refrescar sua memória. Cerca
de duas horas atrás você estava bem próxima (se é que me
entende) de Otávio “Navalha” Buldogue, peça-chave da
sociedade secreta dos cães caucasianos, condenado cinco
vezes por formação de quadrilha, atualmente investigado
por sérias suspeitas de contato dimensional clandestino.
— Contato o quê?
— Artigo 4897 do Código Penal Pastopolense.
Realizar, ou mesmo tentar, a transferência de pessoas,
animais, objetos e informações do nosso mundo para o
mundo dos humanos ou vice-versa por meios diferentes
dos autorizados por lei. Pena: morte por fuzilamento ou
128 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 5
*****
Era um esquema tático digno de Copa do Mundo.
O desgostoso Ronald, ainda com o “sumiço” de Vagarida
atravessado na garganta, foi chamado para uma missão de
emergência nos campos de petróleo de seu tio no Alasca.
Seus três sobrinhos, como de costume, acampavam,
alheios a todas as notícias. E o sindicato do crime de
Pastópolis organizava um congresso... que, pelo visto, seria
muitíssimo animado. Vagarida poderia agir à vontade para
conseguir os segredos da Organização. A propósito, o que
os mafiosos pastopolenses celebravam de tão especial?
— É o que precisamos saber, Vagarida — disse
Muckey, ao volante do carrão preto da polícia. —
Oficialmente, a festinha é para comemorar os 17 anos de
aliança das Indústrias Reunidas de Pastópolis com a União
Industrial de Grasnópolis, duas notórias fachadas para a
máfia. Mas em Pastópolis isso nunca foi motivo para
grandes embalos. Há algo muito maior por trás disso.
Coronel Contra, ao lado de Muckey, explicou
melhor a missão:
— Primeiro, você terá que usar seus contatos com
os caras da Organização para conseguir um convite para a
festa.
— Assim, como se fosse uma festinha de
aniversário? Pensei que a coisa fosse séria.
— E é séria, Vagarida. Você pode conseguir isso
facilmente. Prometa que vai dar para todo mundo. O
importante é conseguir as informações. Se você quiser dar
mesmo, o problema é seu: não quero nem saber.
PATO AO MOLHO PARDO 131
Capítulo 6
*****
Enquanto os seguranças continuavam caídos,
Todd McLay e Fatalôncio se arrastaram para a primeira
saída que julgaram possível. Abrindo uma janelinha acima
dos mictórios, os dois pularam num matagal. Bem longe
dos olhos dos curiosos, felizmente. Fatalôncio se manteve
escondido enquanto McLay se esgueirava até a ambulância.
Ninguém notou: aparentemente, todos estavam distraídos
com a fumaceira que saía do banheiro. McLay apanhou
Fatalôncio e caiu na estrada.
— Obrigado pela ajuda, McLay — disse, ainda
ofegante, o magnata bicudo.
— Obrigado, nada! Você é o maior achado da
zoologia de todos os tempos... Quando o mundo souber
que você existe, muita gente boa por aí vai ter que mudar
de idéia sobre um bocado de coisas.
— Só por cima do meu cadáver!
— Tanto faz. Vivo ou morto, os cientistas farão a
festa.
— Não se eu puder impedir.
Numa fração de segundo, Fatalôncio sacou uma
pequena pistola e a encostou na cabeça de McLay.
— Deixe de ser besta, McLay, e faça o que eu
mando.
— Isso aí pode machucar alguém... Abaixe essa
arma, Fatalôncio...
— Primeiro, você vai ter que me levar para Miami
o mais breve possível. Questão de negócios.
— Então por que você não usa aquela ridícula
passagem transdimensional do vaso sanitário?
— Não discuta, McLay!
134 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 7
*****
O melhor lugar de Pastópolis para encontrar os
homens da Organização era o Boliche Central nas tardes
de quarta-feira. Isso era público e notório, mas ninguém
conseguia fazer uma acusação formal contra o bando. Sem
o noivo Ronald por perto e com a cobertura total da
polícia, Vagarida teve a chance que precisava para estreitar
seus laços com os membros da gangue. Se é que você me
entende.
Vagarida jogou um charme para o garoto da
portaria para conseguir uma pista vizinha à dos mafiosos.
Eram uns oito, dos quais pelo menos metade já conhecia
Vagarida de vista. Impossível que não notassem a presença
da noiva do sobrinho de Petinhas: a tática de se fazer de
jogadora burra era mais velha que a estátua de Cordélio
Flatus, mas sempre dava certo. Depois de Vagarida lançar a
quinta bola seguida na canaleta, um dos rapazes cochichou
com seus colegas:
— Essa Vagarida... Bicampeã pastopolense de
boliche e quer bancar a lesada pra cima de nós. Essa pata
está pedindo, e muito...
PATO AO MOLHO PARDO 137
Capítulo 8
*****
Àquela altura, a ambulância só tinha dois quintos
de combustível. Todd McLay não sabia bem quantos
quilômetros isso renderia, e qualquer reabastecimento seria
altamente arriscado — afinal, depois da confusão do
restaurante, ele já devia ser mais procurado que Osama bin
Laden. Sem se abalar, o agente do FBI começou o
questionário pelo básico do básico.
— Primeira pergunta, Fatalôncio: o que você veio
fazer no mundo dos humanos?
PATO AO MOLHO PARDO 139
Capítulo 9
*****
Enquanto isso, no interior do Alasca, finalmente
Ronald e seu tio Petinhas se encontraram. Na horizontal.
— Isso aí! Ponham o Ronald sobre essa mesa, mas
tomem cuidado... Não quero mais um pato quebrado para
atrapalhar.
Era tudo que os Patralhas precisavam. Depois que
Ronald foi posto para dormir com um golpe certeiro na
cabeça, dois Patralhas “genéricos” se encarregaram de
transportá-lo do avião para o posto médico do
(estranhamente deserto) campo de petróleo.
Daquele jeito, Ronald nem podia ver que, a seu
lado, o nonagenário Petinhas se encontrava em coma
profundo, mantido por aparelhos. Um serviço médico de
primeira, ainda mais impressionante por ser obra dos
142 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 10
*****
Enquanto Vagarida morgava num jogo de canastra
no Clube Feminino, os sempre vigilantes Muckey e
Coronel Contra apontavam os potentes microfones da
polícia para a festa da máfia no salão de festas do Hotel
dos Frangos (que, por sinal, já pertencia à Organização há
tempos). Sem sucesso: no salão entupido de gângsteres,
não se conseguia distinguir uma voz sequer. De repente,
Professor Urubu subiu ao palco e pediu a palavra:
— Irmãos, este é um momento histórico para
nossos negócios. Os dias de monopólio de Petinhas estão
chegando ao fim.
Gritos, assobios, aplausos. Urubu continuou com
sua voz de taquara rachada:
— Em menos de um mês, com o apoio financeiro
de Fatalôncio e os contatos transdimensionais da
Organização, os pastopolenses poderão comprar vasos
sanitários em regime de livre concorrência. Os preços
astronômicos do Petinhas se tornarão coisa do passado!
Agora os gritos se ouviam até da rua. Pior para
Muckey, que não conseguiu gravar nem uma palavra do
discurso.
PATO AO MOLHO PARDO 145
Capítulo 11
*****
146 SALOMÃO GLADSTONE
*****
Ronald, atônito com a imitação de telejornal
interativo, esticou o pescoço e olhou dentro da câmera sem
acreditar na situação. Urubu continuou a palestra:
— É, minha gente... Petinhas vai ficar um tempo
sem poder fabricar seus vasos caríssimos. Também, quem
mandou o velho pato contratar uma equipe de medrosos?
Até os Patralhas conseguiram botar a galera toda para
correr.
— Como assim, “até” os Patralhas? — protestou o
Patralha operador da câmera.
— Quer dizer... Para os Patralhas, bastou usar o
velho truque do Godzilla mecânico para afugentar a todos.
Na correria, Petinhas caiu de bico e está sendo
PATO AO MOLHO PARDO 147
Capítulo 12
Capítulo 13
*****
Enquanto isso, Professor Urubu comandava o
show via satélite.
— E então, Ronald... O que você tem a dizer,
agora que o negócio de produção de vasos das
Organizações Petinhas vai enfrentar concorrência braba?
— Seus bandidos miseráveis! Não seremos
derrotados assim tão facilmente!
— Vire esse bico para lá, seu tolo. Eu só não
mando matar o Petinhas agora mesmo porque ainda
precisamos dele vivo e com saúde. Daqui a pouco um
avião trará você e Petinhas de volta a Pastópolis, onde já
haverá uma equipe médica de prontidão para cuidar do
coroa. Quando ele voltar a si, será “convidado” a assinar
152 SALOMÃO GLADSTONE
*****
Nem tanto: quando Coronel Contra, Muckey e
Pluteta reinicializaram o sistema de rastreamento,
cometeram o erro de plugar a tomada na tensão errada.
Isto bagunçou de vez os sinais de todas as antenas num
raio de 300 metros — incluindo a poderosa parabólica da
Organização no prédio em frente.
PATO AO MOLHO PARDO 153
Capítulo 14
*****
Enquanto isso, no mundo dos humanos...
— Por que um trio? Nossa turma só trabalha em
duplas, sempre trabalhou em duplas. Não entendo como
pode ser diferente agora.
— Segurança, Honório, segurança — disse
Norberto Bicudo. — Cada um de nós vigia os outros dois.
Neste mundo não se pode confiar nem na própria sombra.
— E, afinal, vocês pensam que eu penso que nós
estamos confortáveis aqui, num vagão de trem, comendo
poeira, engaiolados como... aves para o matadouro?
— Ué? Nós somos aves, Teddy!
— Mas nada me convence de que esta não seja
uma missão suicida. No interiorzão, a mil quilômetros da
porta transdimensional mais próxima, e com os homens da
Organização à solta por aí... O buraco é mais embaixo.
Querem nos fazer de iscas vivas para capturar o
Fatalôncio.
— Deixe de besteira, Honório! E continue falando
e falando desse jeito, até que os humanos enxeridos
acabam encontrando a gente. Se os humanos souberem
que nós existimos, todos saem perdendo.
— Ainda não entendi por quê...
— Forças ocultas, meu caro. Nem eu sei. E é
melhor nem querer saber.
156 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 15
*****
Enquanto isso, no Clube Feminino, até que enfim
estava encerrado o jogo de canastra. Vagarida se despediu
das amigas afobadamente, o que causou muita estranheza.
Anabela quis dar uma de boazinha:
— Deixe que eu te levo para casa, Vagarida.
— Não é preciso. Eu pego um táxi.
Na verdade, de onde estava, Vagarida poderia ir a
pé ao Hotel dos Frangos com facilidade. Mas Anabela não
largava de seu pé.
— Tem certeza? Olha que no caminho eu te conto
todos os babados da colônia de férias da Associação de
PATO AO MOLHO PARDO 157
*****
Otávio Buldogue, alheio ao barraco armado no
salão de festas, admirava na entrada do armário de
vassouras do quinto andar o tesouro máximo da
Organização: a porta transdimensional.
— E pensar que, com esse botãozinho, abrem-se
as porteiras para o mundo dos humanos...
Como uma criança curiosa, Otávio pressionou o
botão vermelho “Transporte”. O batente da porta
começou a emitir uma luz verde piscante. Do interior do
armário saía uma estranha fumaça esbranquiçada.
Então surgiu no fundo do corredor uma multidão
de bandidos fugindo dos poderes de Superpluteta com o
ímpeto de um estouro de boiada. Otávio não teve tempo
de se desviar da massa humana. Ele e dois companheiros
foram empurrados porta adentro.
158 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 16
*****
— Eu sabia que o Pluteta era feio, mas nem
tanto... — filosofou Muckey, com grande surpresa, ao ver
PATO AO MOLHO PARDO 159
Capítulo 17
Capítulo 18
*****
— Fantasma Manchado, tire-me daqui!!!!!
PATO AO MOLHO PARDO 163
*****
Enquanto isso, no Alasca...
— Já que Professor Urubu não manda notícias, é
hora do plano B — disse Vovô Patralha. — Vamos levar
Petinhas e Ronald de volta a Pastópolis, onde o Professor
certamente vai dar um “trato legal” nesses dois patos
pulguentos...
— Na minha humilde opinião, eu mataria os dois
agora mesmo, mas já que o senhor insiste... — opinou um
Patralha “genérico” — Só dependemos do Fatalôncio
mandar a grana para o transporte, pois o dinheiro da
operação acabou.
PATO AO MOLHO PARDO 165
Capítulo 19
*****
Enquanto isso, num vagão de trem entre o nada e
o lugar nenhum, Otávio Buldogue condenava
sumariamente Honório Bastos a um fim trágico.
— Agora é sua vez de fazer as últimas orações,
Honório. Nossa missão aqui é não deixar pedra sobre
pedra... ou melhor, pena sobre pena.
— Não se eu puder impedir!
Honório, num movimento digno de filmes de
kung-fu, saltou sobre a cabeça de Otávio. Num movimento
instintivo, Otávio puxou o gatilho, acertando mortalmente
seu comparsa Nicanor Furão. Àquela altura, Honório e
seus companheiros aproveitaram a distração e fugiram para
o teto do trem. Otávio, mesmo com aquele tamanhão
todo, foi atrás.
— Voltem aqui, seus franguinhos
subdesenvolvidos! Quero abatê-los com minhas mãos
nuas!
A perseguição se estendeu por uma dúzia de
vagões. Honório, que não era besta, observou uma
168 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 20
*****
Em Pastópolis, Maga Magalógica e os Patralhas
marchavam para fora do escritório de Petinhas, sob a mira
das metralhadoras dos seguranças.
— E aí, Maga? Que tal fazer de novo aquele
truquezinho para nos tirar daqui?
— Cale-se, seu Patralha palerma!
170 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 21
*****
Horas depois, sob as ordens de Eufrosino Fuinha,
o carrinho de Anabela chega ao esconderijo campestre da
Organização. Eufrosino era, para Vagarida, algo como um
velho amigo. Mas o lugar, a pata leviana não conhecia.
— Ponham o carro na garagem, desçam e sigam
minhas ordens! — rosnou Eufrosino, fingindo dar uma de
valente.
— Acho melhor a gente seguir as ordens dele,
amiga.
Anabela se assustou, mas Vagarida sabia que era
apenas uma armação. Sob a mira da arma de Eufrosino, as
duas entraram num enorme barracão, cheio de corredores
labirínticos. No fim, uma portinha discreta. Lá dentro, o
escritório de Fantasma Manchado.
— Eufrosino, muito obrigado por trazer Vagarida
ao nosso convívio. Não sei se eu já lhe disse isso hoje, mas
tenho que repetir: você é uma flor de pessoa. Huá, huá,
huá, huá, huá!
A risada irritante de Fantasma Manchado
estremeceu as paredes. Eufrosino agradeceu e saiu tão
rapidamente quanto entrou. Na sala, o trio trocava olhares.
— O q-q-que você quer de mim, Fantasma?
PATO AO MOLHO PARDO 173
Capítulo 22
*****
Enquanto o pacto dos bandidos fazia água, a
aliança de Petinhas com um arquiinimigo ficava mais clara
para Ronald.
— Sobrinho, posso compreender por que você
fica assim tão assustado, mas eu e Sovina McGrana nos
cansamos de brigar. Estamos velhos demais para arranjar
inimigos, justo agora que nossas fortunas estão em jogo...
— Hein?
— Concorrência, rapaz — completou Sovina. —
A era das caixas-fortes e dos banhos de dinheiro está
chegando ao fim. Agora uma meia dúzia de espertalhões
fica jogando dinheiro para lá e para cá via Internet, e os
magnatas da velha guarda acabam ficando para trás.
Petinhas continuou:
176 SALOMÃO GLADSTONE
*****
Horas e horas de suor, e finalmente Fatalôncio
terminou de enterrar os corpos de Todd McLay e Honório
Bastos. Antes, Fatalôncio pegou a arma de Honório. Só
restavam duas balas, mas era sua única defesa contra a
xeretice dos humanos. Fatalôncio pensou, pensou e bolou
um plano:
— Se eu subir numa árvore, esperar um trem
passar e saltar sobre um vagão, há uma grande chance de
eu achar o que Honório estava procurando. É isso!
A primeira parte deu certo. Honório escalou a
árvore rapidamente. Um tempão depois passou um trem.
Fatalôncio se preparou, respirou fundo e saltou sobre um
vagão de minério. Afundou como em areia movediça. Lá
no fundo, quase sufocado, Fatalôncio se sentiu sugado por
uma fonte de luz intensa e foi atirado de três metros de
altura sobre um piso duro e gelado. Era o xadrez da
PATO AO MOLHO PARDO 177
Capítulo 23
*****
Ronald nunca tinha visto seu tio engendrar um
plano tão esquisito. Mas o inventor das portas
transdimensionais, Professor Padral, chegou à Caixa-forte
para as devidas explicações:
PATO AO MOLHO PARDO 181
Capítulo 24
*****
— Agora é a nossa vez de ir embora, Petinhas.
Vou pegar uma carona com o Professor até o hotel.
— OK, Sovina. Durma com os anjos.
Professor Padral e Sovina McGrana, tão logo
embarcaram no carro e saíram da área de alcance dos
microfones da caixa-forte, botaram a conversa mais em dia.
— Sovina, o senhor acha que esse plano vai dar
certo?
— Certamente que sim. Você me dá os
equipamentos transdimensionais, eu neutralizo todas as
portas dos outros, abro as minhas portas exclusivas, os
meus vasos sanitários baratos entram no mercado e
Petinhas será um ex-zilionário.
— E da minha parte, o senhor esqueceu?
— Não, Padral. Você será regiamente
recompensado. Sabe aquele seu plano de dissolução da
diferença reprodutiva entre as espécies?
— Ã-hã.
— Eu prometo que você vai ter todo o dinheiro
que precisar para realizar sua façanha bioquímica, e muitas
outras... Logo que mandarmos Petinhas grasnar de raiva no
asilo de mendigos de Pastópolis.
Padral esfregou as mãos de satisfação. Enfim seu
talento de cientista recebia o reconhecimento devido.
Sovina continuou:
184 SALOMÃO GLADSTONE
*****
Que pena que Ronald estava longe e não podia
ouvir a conversa da dupla. Pelo contrário: ele teve que
esperar pacientemente pela saída dos sobrinhos antes de
tirar o carro da garagem — aparentemente, era o carro de
sempre, mas por baixo do capô se escondia o arsenal de
truques de Superbicudo. Por ironia do destino,
desenvolvidos e montados pelo Professor Padral, o vira-
casaca.
— Este radar me dirá exatamente onde se
encontram Sovina e Padral. Se eu estiver na pista certa,
Sovina está nas imediações da delegacia central...
Enquanto Ronald dirigia, a seu lado vinha o carro
de Anabela, com Vagarida no banco do carona. As duas
ainda estavam assustadas com toda a confusão da noite e
com o golpe contra Fantasma Manchado. Ronald se
esqueceu da espionagem, emparelhou e gritou:
— E aí, Anabela e Vagarida? Saíram cedo hoje,
hein?
Vagarida levou um susto de deixar as penas em pé,
mas forçou um sorriso de saudação. Anabela pensou
rápido:
— É mesmo, Ronald... Vamos fazer um trabalho
voluntário no Clube Feminino.
— Que legal, hein? Parabéns e boa sorte!
Dito isso, uma limusine preta que vinha na
transversal parou no meio da rua, fechando o trânsito. Um
PATO AO MOLHO PARDO 185
Capítulo 25
*****
Numa das celas da carceragem de Pastópolis, Maga
Magalógica e alguns Patralhas dividem o pouco espaço
disponível. Maga tem seus poderes reduzidos e não
consegue fazer nenhum truque para se livrar das grades.
Porém, Maga conseguiu chamar telepaticamente um de
seus corvos de estimação e enviar um bilhete para sua
amiga Madame Minha. Quem sabe ela não conseguiria tirá-
los de lá antes que o juiz Décio Coruja batesse o martelo?
— Maga! Seu corvo está de volta! — disse o velho,
mas ainda esperto, Vovô Patralha.
O fiel corvo passou pela janelinha da cela com um
bilhete no bico. Maga agradeceu ao pássaro, pegou o
bilhete e o leu para os Patralhas:
— “Amiga Magalógica: Já estou com uma poção
mágica pronta para tirar você e seus parceiros da cadeia.
Como estou sabendo que o fofinho do Fantasma
Manchado foi passado para trás, tenho certeza de que você
também poderá me quebrar um grande galho: faça com
que Professor Urubu corrija essa grande injustiça com o
bandido mais adorável de Pastópolis. Com carinho,
Madame Minha”.
Vovô Patralha se espantou:
— O que tem a ver uma coisa com a outra?
188 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 26
*****
— Por favor, Coronel, mate-me de uma vez por
todas! Não agüento mais...
— O quê? Agora que a festa está ficando boa,
Otávio Buldogue? Eu é que não vou lhe dar esse gostinho.
PATO AO MOLHO PARDO 193
Você ainda tem que ver com seus próprios olhos a cara de
satisfação de Muckey ao encontrá-lo nesse estado
miserável.
— Misericórdia! Eu dou o que você quiser, mas
acabe logo com isso.
— E eu ainda quero alguma coisa sua? Você nunca
teve dinheiro seu, como bom gângster de segunda
categoria. E agora não tem poder nem de levantar sua
bunda gorda dessa poça de sangue... pois, se tivesse, seria
para apanhar mais ainda!
Nisso, a porta da sala do Coronel Contra se abre
subitamente.
— Entre, Muckey! Venha participar da festinh...
Epa! Sovina McGrana?
— Bom dia, Coronel. Desculpe atrapalhar sua
operação especial... Não quero tomar seu tempo. Preciso
de um favorzão do senhor: eu, os Patralhas e Maga
Magalógica fomos convidados para uma festinha, e acho
que não vou poder me divertir sabendo que meus amigos
terão que recusar o convite. Será que é possível deixá-los
dar uma voltinha? Serei eternamente grato pela sua
compreensão...
— Sem dúvida, Sovina. O que eu não faria por um
amigo? Espero que aquela parada ainda esteja de pé.
— Sim, está. O iate está esperando por você na
Marina de Pastópolis. É só passar na recepção do meu
hotel e pegar as chaves. É todo seu. Divirta-se!
— Obrigado, Sovina.
— De nada, Coronel. Agora vou descansar, pois
estou realmente exausto. Bom trabalho... e solte logo os
Patralhas e a Maga.
— É pra já.
194 SALOMÃO GLADSTONE
*****
Na noite seguinte, Petinhas chamou seu sobrinho
para mais uma reunião, desta vez na suíte imperial onde
Sovina McGrana estava hospedado. Sovina recebeu os dois
patos com camaradagem e serviu um drinque
comemorativo.
— Um brinde à nossa aliança!
Sovina levou a taça ao bico, tomou um gole e deu
um grito:
— Aaaaaarghhhhhhh!
— Que foi, Sovina? — preocuparam-se Petinhas e
Ronald.
O segundo pato mais rico do mundo, roxo de falta
de ar, não conseguia dizer uma palavra. Envenenamento na
certa.
PATO AO MOLHO PARDO 195
Capítulo 27
*****
Enquanto isso, por entre o emaranhado de fios e
cabos coloridos que se alastravam pelas paredes do porão
de seu laboratório, Professor Padral admirava uma tela de
cristal líquido de cinco metros de largura.
— Esta é a parte dos projetos que Petinhas e
Sovina nem sonham que existe: o intercomunicador
transdimensional instantâneo! Sem as inconveniências do
transporte convencional entre dimensões, posso conversar
ao vivo, em tempo real, com meus sócios no mundo dos
196 SALOMÃO GLADSTONE
*****
Ronald, instintivamente, ligou para o laboratório
de Padral. Como o telefone ficava no térreo e Padral estava
ocupado com a conversa picante transdimensional, não
198 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 28
*****
200 SALOMÃO GLADSTONE
Capítulo 29
*****
Fatalôncio, em sua poltrona executiva, estava feliz
como uma criança. Finalmente o testamento de Petinhas
estava em suas mãos!
— Rá, rá, rá, rá, rá! Fui mais esperto que todos
aqueles palermas, seja em Pastópolis, seja no mundo dos
humanos... Vamos ver aqui para quem vai a grana do
velhote.
Fatalôncio leu uma vez. Quase caiu para trás.
Pensou que fosse um trote. Releu mais umas cinco vezes
para ter certeza do conteúdo. A realidade era mais absurda
que qualquer ficção.
— Realmente, o velhote está doido. Mas não há de
ser nada. Na hora certa, no momento exato, este papelucho
valerá mais que todo o ouro do Petinhas... É hora do Plano
B.
Fatalôncio pegou seu velho cronômetro, apertou o
botão e contou os segundos.
— Cinco... quatro... três... dois...
O intercomunicador tocou ruidosamente. Do
outro lado, a sonolenta secretária:
— Sr. Fatalôncio, os Irmãos Patralha e Maga
Magalógica aguardam na recepção.
— Mande-os subir logo. Obrigado!
PATO AO MOLHO PARDO 207
*****
No hospital, Otávio Buldogue, todo enfaixado e
mantido por aparelhos, se recuperava precariamente das
sessões de “massagem” de Coronel Contra. De repente, no
meio da madrugada, uma visita pouco esperada e muito
desagradável: Professor Urubu.
— Boa noite, Otávio! Que bom te ver... Rê, rê, rê!
PATO AO MOLHO PARDO 209
Capítulo 30
*****
Fantasma Manchado sabia demais. Sabendo disso,
conseguia tudo que queria na prisão. Era mantido numa
cela individual da delegacia de Pastópolis, com relativo
conforto e comida de primeira qualidade. E ainda podia
PATO AO MOLHO PARDO 213
*****
Alguns até viram. Quem viu, achou que era uma
ilusão de óptica, um disco voador, algo assim. Quem viu e
teve certeza do que era, não foi levado a sério. Alguém
poderia acreditar que uma vassoura voadora cruzava os
céus de Pastópolis naquela noite de lua cheia?
— Obrigado por me salvar, Madame Minha. Mas
fique sabendo: eu continuo não querendo nada com você.
— Ora, Fantasminha do meu coração... Você, que
já comeu todas as mulheres do submundo de Pastópolis,
vai dispensar justamente o piteuzinho aqui? Vem cá que eu
vou te dar um trato no meu castelo mal-assombrado...
*****
Ronald e Vagarida não poderiam perder a cena de
jeito nenhum. Na Caixa-forte, diante do depósito central
totalmente vazio, Petinhas pressionou um botão e abriram-
214 SALOMÃO GLADSTONE
*****
*****
*****