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(Jimmy entra em cena a correr, tropeça num saco que está no caminho e
estende-se ao comprido, fazendo rolar a bola de golfe do Torneio do
Centenário pelo chão. Todos riem à gargalhada e a Anne vai apanhar a
bola. Sacode-a com a luva e devolve-a ao Jimmy.)
Jimmy-Han – Vais ver que, com a bola do Centenário, a minha sorte vai
mudar! Esta vai já parar ao green.
(Dá uma tacada e a bola cai junto de um lago. Tentam procurá-la, mas
acabam por desistir e saem de cena. Entra, a Rita, que procura bolas
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perdidas. Abeira-se do lago, recolhe a bola e junta-a a outras que tem
dentro de um saco. Sai de cena e fecha o pano)
Rita – Olha! Esta bola é diferente das outras! Tem uma inscrição em
Português!!! (lê alto) – “Torneio do Centenário do Rotary –R. (otary) C.
(lub) C.(arnaxide) Portugal - 2005 ”.
Vou mostrá-la ao meu pai!!!
(Vai ter com o pai, que lê o jornal, sentado num sofá, junto de uma estante
com livros.)
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(O pai convida o Mickey a sentar-se.)
Rita – Sabes Mickey? Temos estado a observar esta bola de golfe que
encontrei hoje no campo. (Mostra-lhe a bola.)
Já reparaste? Tem uma inscrição em Português! Não és tu que pertences a
um Clube Rotário?
Mickey – Sim. Sou membro do Interact. Esta bola deve ter sido trazida por
alguém que participou no torneio de Golfe, que comemorou os cem anos do
Rotary. Já ouvi falar deste Torneio no clube do meu pai. Foi organizado
pelo Rotary Clube de Carnaxide e teve grande sucesso!
Sr. Bettencourt – Sempre tive curiosidade de saber, exactamente, o que é
Rotary…
Mickey – Sr. Bettencourt, o Rotary é uma organização mundial dedicada à
solidariedade no aspecto: humanitário, social, educativo e cultural.
Sr. Bettencourt – E, como é formado, cada clube?
Mickey – Cada clube é formado por sócios, das mais variadas profissões e
actividades, todos preocupados em defender ou promover causas justas. O
meu pai, é engenheiro sénior da NASA, mas, no clube dele, existem
homens e mulheres de diferentes ramos de actividade. Têm em comum o
gosto de prestar serviço voluntário, para melhorar a qualidade de vida da
comunidade...
Sabe? Os Rotary Clubes são associações abertas a pessoas de todas as
culturas, raças e credos. Nas suas reuniões semanais, lançam projectos
comunitários para apoiar quem precisa de ajuda: crianças, em situação de
risco; pessoas em dificuldades, com deficiências… Procuram combater a
fome e o analfabetismo…Tentam erradicar a poliomielite e a cegueira
evitável…Lutam pela preservação do planeta Terra.
Sr. Bettencourt – Nunca pensei que fizessem um trabalho tão meritório!...
Mickey – Além disto, desenvolvem uma acção importante na formação da
juventude, com a criação de grupos de jovens, como os “Interact” e os
“Rotaract”.
Sr. Bettencourt – Muito bem! Eu identifico-me, perfeitamente, com esses
princípios e objectivos!
Mickey – Então, fica convidado para ir à próxima reunião! Terei muito
gosto em o apresentar ao meu pai que, este ano, é o Presidente do nosso
clube.
Sr. Bettencourt – Irei com muito prazer!
(Fecha o pano)
O Cenário é um campo de golfe.
(O Sr. Bettencourt está sentado a uma mesa, com refrescos e conversa com
o Paul Harris, Mickey e Rita)
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Paul – Parabéns, companheiro Bettencourt! Fez um óptimo jogo! Aquela
tacada de saída para o 18º buraco… essa então… foi de mestre!
Sr. Bettencourt – É verdade, companheiro Paul. Hoje, estive com sorte!
Devo esta vitória à minha bola preferida, a bola do Centenário do Rotary,
da qual nunca me separo. (Começa a olhar para o céu.)
Mickey- Tenho reparado que a traz sempre consigo...
Rita – Nem imaginas Mickey! Trata-a como se fosse um animal de
estimação! Até tem uma almofadinha especial para ela…
Sr. Bettencourt – (Olhando para o céu, sorri)- Já repararam? Se os
planetas da nossa galáxia tiverem buracos, deverá existir um que seja
adequado a esta bola tão especial... Já imaginaram o que seria uma tacada
dessas?
Mickey – (Excitado) Mas é isso mesmo! É isso mesmo!... Não percebem?
Esta bola não pode interromper aqui a sua viagem que, de certeza, tem sido
muito atribulada!
Rita – É verdade! Por onde terá andado, até chegar às nossas mãos?
Todos – Sim, por onde?
(Fecha o pano)
O Cenário é um cartaz onde se lê:
1905 / 2005
Torneio de Golfe do 1º Centenário do Rotary Internacional
Organização- Rotary Clube de Carnaxide
PORTUGAL
(Abre o pano e ouvem-se os últimos acordes de uma marcha militar ou do
Hino Nacional...Entra a Bola)
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Sabem? Em 1985, os Rotários estabeleceram como principal objectivo: a
erradicação da poliomielite, uma doença infecciosa que atacava sobretudo
as crianças, deixando-as, muitas vezes, paralíticas. Os Rotários
promoveram uma campanha de vacinação a nível mundial, a “Campanha
Polio Plus”. Este era o único meio de combater a doença! E, vinte anos
depois, a poliomielite tinha, praticamente, desaparecido!
Sei esta história porque ouvi os discursos de abertura do Torneio!...
Mas, no decorrer do 1º jogo, uma pancada mal dada atirou-me para o rough
(raf) e só voltei a dar conta de mim quando um caddie (quedi) me
encontrou...
(Saem de cena)
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deficientes… Então, os Clubes Rotários resolveram patrocinar a vacinação
das crianças como prevenção para evitar a doença. Chamaram-lhe
“Campanha Polio Plus”.
Thomas – O meu pai é Rotário. Já o tinha ouvido falar dessa campanha...
Moisés – Mas, queres saber mais? Devido a superstições idiotas e a
ignorância, não foi fácil convencer todos os pais a deixarem vacinar os
filhos. Felizmente, eu fui logo vacinado! Mas muitas famílias, da minha
aldeia, recusaram-se a levar os filhos aos Centros de Saúde, porque os
curandeiros do interior eram contra as vacinas…
Thomas – Também ouvi o meu pai dizer que, com a colaboração da
Organização Mundial de Saúde, da UNICEF e de muitos governos de
vários países, foi possível desenvolver campanhas de vacinação, por todo o
mundo, para combater essa terrível doença.
(Sai a Bola. Entram em cena: Moisés, que traz a bola no bolso, e Jamira
que traz alimentos, numa mochila)
(Saem de cena)
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O Cenário representa a Índia
Música indiana
(Entra a Bola)
Bola 4 – Com o Jamira, viajei para a Índia, onde me esperava uma
civilização completamente diferente das que já conhecia…
Percorri Calcutá, uma grande e mítica cidade, onde a Madre Teresa criou e
manteve a sua Missão humanitária…
Visitei a cidade santa Varanasi, na margem do rio Ganges, e fiquei
admirada com o ambiente de religiosidade que ali se vive…
Mas, de tudo o que vi, foi da cidade de Bombaim que mais gostei!
Esta cidade foi cedida aos Portugueses, pelo Sultão Bahadur Sha, em 1534.
Mais tarde, em 1661, foi incluída no dote da princesa Catarina de
Bragança, quando casou com o rei Carlos II de Inglaterra!
O pai de Jamira é Rotário e, por ele, fiquei a saber que, também na Índia,
os Rotários desenvolveram campanhas de vacinação contra a Poliomielite,
que abrangeram milhões de crianças… Esta acção foi considerada, a nível
mundial, de grande importância…
Já sabia que a Índia é um país de contrates… mas fiquei surpreendida
quando, junto a um bairro de lata, vi a famosa Bollywood, a tal
“Hollywood indiana”, onde a indústria cinematográfica atingiu o lugar de
maior produtora de filmes do mundo…É aí que se filmam as cenas de vidas
sumptuosas, representadas por estrelas do cinema indiano… em contraste
profundo com a vizinhança…que vive, num extenso aglomerado de
barracas miseráveis…o bairro de lata maior do mundo…
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Ferdinando – “Torneio do Centenário do Rotary- R.C.C. Portugal 2005”.
Não posso acreditar! Como será que esta bola veio, de tão longe, de
Portugal, até aqui, às Filipinas?
Vou mostrá-la ao meu pai, que é Rotário e vou guardá-la com todo o
cuidado.
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Gabriela – Está bem pai! Mas amanhã quero-a de volta!!! É uma
recordação do meu amigo Ferdinando!
Na próxima semana vamos para o Brasil, não é verdade, pai?
Pai da Gabriela –É sim filha. A minha missão, como diplomata na
Embaixada do Brasil, nas Filipinas, termina agora! Enquanto não for
colocado noutro lugar, iremos para a nossa casa da fazenda, no Pantanal.
Gabriela – Que bom! Tenho tantas saudades! Aquilo lá é tão bonito! …
Bola 7 –Vá lá!... Desta vez, não fiquei perdida… nem fui trocada por
comida, nem por qualquer trapo velho... fui cuidadosamente posta no saco
daquela miúda, tão simpática…mas, fiquei quase doze horas, no porão de
carga do Boeing… até chegar a Corumbá, uma pequena cidade brasileira,
nas margens do rio Paraguai.
A maravilhosa região do Pantanal corresponde à bacia hidrográfica do rio
que, na época das chuvas, se alaga completamente, tornando as suas
margens num dos terrenos mais férteis do mundo...e permitindo o
desenvolvimento de uma fauna e de uma flora excepcionalmente
abundantes.
Ouvi dizer que o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, de que os
brasileiros se orgulham, é considerado Património Mundial da UNESCO.
Foi no Pantanal, onde existem doenças tropicais, que as campanhas dos
rotários para a vacinação contra a Poliomielite, tiveram um grande
sucesso!!!
Mas, quando já me estava a habituar ao calor tórrido do Brasil, apercebi-
me, que o pai da Gabriela tinha sido colocado no Consulado de Chicago!!!
Assim, o meu próximo destino será os Estados Unidos da América…
(Sai de cena)
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Mas, nunca me esqueço, que devo a minha existência ao Rotary Clube de
Carnaxide, um clube fundado em 1992, que teve a brilhante ideia de
organizar um torneio de golfe para comemorar o 1º centenário do
Movimento Rotário…
Carnaxide é uma das mais antigas povoações de Portugal e uma das
primeiras freguesias da região de Lisboa!!! Sabiam? Antigamente, era uma
região onde existiam boas pastagens para o gado ovino. Há quem pense que
o nome de Carnaxide vem da expressão árabe “Carnexate” que significa
“corno de ovelha”.
Mas, voltando aos Estados Unidos… Pensava, com grande ansiedade, no
que me esperava…em Chicago! É uma grande cidade industrial, com quase
três milhões de habitantes e uma história que remonta a 1795, quando os
índios cederam aquele território aos norte-americanos.
Sabiam que, nesta cidade, viveu o advogado Paul Harris, fundador do
Rotary?...
A minha nova dona, a Gabriela, foi-se adaptando à nova escola, aos novos
amigos, aos novos costumes e até a uma língua diferente…eu
acompanhava-a para todo o lado… Foi assim que visitei: Chinatown, o
famoso bairro chinês; o impressionante estádio Soldier Field; e vários
museus e igrejas antigas. Apreciei os passeios que demos aos imensos
parques de Chicago, onde brincava com a família e os novos amigos da
Gabriela…
Gabriela - Olha, Peter! É a minha vez de jogar! Repara bem nesta tacada!
Peter – Muito bem! Mas agora vou jogar com a tua bola do centenário!
Tenho a certeza de que ela me vai dar sorte…
Gabriela - Tem cuidado! Olha que eu gosto muito dessa bola...
Peter – Eu sei! Está descansada...
(Dá uma tacada com muita força e a bola perde-se).
Gabriela – Vês, Peter? Atiraste a bola tão mal que foi parar ao fundo
daquele morro! Não sei se vamos conseguir tirá-la de lá....
Peter - Tens razão. Desculpa, Gabriela... foi sem querer...
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em grande apreço… Preferia as bolas de baseball, imaginem! Era com elas
que passava a maior parte do seu tempo, atirando-as contra a parede e
recolhendo-as com uma enorme luva de cabedal...
O Li-y tinha uma família numerosa que se reunia com frequência. Numa
noite, numa dessas reuniões familiares, um primo de Li-y deu por mim…
Era o Jimmy Han que, com os olhos brilhando de satisfação e com um
gesto carinhoso, me agarrou e leu num português perfeito, a frase impressa
na minha superfície…
O Jimmy Han nascera Português, em Macau, estudara lá num liceu
português e viera para os Estados Unidos, em Janeiro de 2000, quando
Portugal passou a soberania de Macau para a República Popular da China.
Foi assim que, depois de trocada por umas luvas de baseball, vim parar à
Florida pelas mãos do meu novo dono, Jimmy Han, que não era muito
habilidoso e acabou por me perder quando jogava com a sua amiga Anne
Lee…
Até que cheguei às mãos da Rita!
Veremos qual será o meu próximo destino…
(Fecha o pano)
Retoma-se O Cenário do campo de golfe.
(com o Sr. Bettencourt está sentado a uma mesa, com refrescos e conversa
com o Paul Harris, Mickey e Rita)
Mickey - É isso! É isso! Esta bola não pode parar aqui a sua viagem!
Sabes, pai? Tive uma ideia.
Paul - Ah, sim?... Qual foi essa ideia?
Mickey – Já que és o responsável do Projecto da NASA, porque não
colocas a bola na sonda espacial que em breve vão enviar para o espaço?
Paul – (Rindo) –Ah! Ah! Ah! Isso… é uma ideia dos diabos!
Rita – Sim! sim! Seria a hipótese desta bola de golfe prosseguir a sua
viagem maravilhosa levando um pouco do nosso planeta… quem sabe?
Para outras galáxias?...
Sr. Bettencourt – Estes jovens!... Têm uma imaginação!...
(Saem de cena)
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Depois, não me colocou na habitual almofada, junto à janela, guardou-me
numa pequena caixa de metal brilhante…E não me apercebi de mais nada,
porque a escuridão era total!
Acordei, mais tarde, com um barulho enorme e um violentíssimo impulso,
seguido de fortes vibrações que me puseram a tremer…
Senti-me agitada…finalmente, um valente impacto pôs fim a tanto
alvoroço…
Com tantos abanões a caixa abriu-se e senti-me rolar num terreno que
desconhecia…
Quando parei, olhei em volta… e tudo me pareceu estranho… Onde estaria
eu desta vez? Teria o Mickey conseguido que me mandassem para o
espaço, na tal sonda em que o seu pai trabalhava?...
É verdade! Estava na Lua…e aí fiquei… até que vi um vulto a aproximar-
se…Pensei que fosse um extraterrestre! Assustei-me…mas era um
astronauta! Viu-me, agarrou-me e meteu-me num saco, onde já estavam
algumas pedras esquisitas.
Mais tarde, dentro da nave espacial, senti que alguém me manuseava com
muito interesse e lia a minha inscrição…Era um astronauta português que,
integrado numa equipa da NASA, cumpria uma missão no espaço…
Depois ouvi tecerem várias conjecturas sobre a minha presença na Lua…
Trouxeram-me para a Terra e, após muitas discussões sobre o meu destino,
resolveram colocar-me num Museu…ao lado das tais pedras esquisitas que
trouxeram da Lua…
Finalmente consegui descansar… mas, por vezes, recordo com saudade, as
aventuras da minha vida… e as pessoas maravilhosas que partilharam
comigo este sonho da “Viagem à roda do Mundo”.
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10- A Anne Lee;
11- A Rita;
12- O Sr. Bettencourt;
13 - O Mickey;
14- O Paul Harris; e
15 -As minhas Sósias.
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