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ARQUITETURA

ESCOLAR
BRASILEIRA

Danilo, Giovanni, Giulia, Júlia M.,


Lívia, Manuela, Marcelo e Olávio
SUMÁRIO

1. BREVE CONTEXTO HISTÓRICO


2. ESTRUTURA
3. TIPOS DE ESCOLA
4. IMPACTO DA ARQUITETURA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
5. ESTUDOS DE CASO
6. DESAFIOS E INOVAÇÕES NA ARQUITETURA ESCOLAR
7. DESAFIOS FUTUROS E PRINCIPAIS OBJETIVOS
EM 1800...
1808 - Família real se estabelece no Brasil;

Modelo escravista e sua abolição em 1888;

Meados do séc XIX - grande emigração;

Foco na produção de itens básicos - com


destaque à cana-de-açúcar e o café;
1889 - Brasil torna-se uma república.
ALGUNS RELATOS
“[...] Se lhe disserem que pode aprender na
Escola de Medicina aquela parte da ciência Trecho retirado do livro Dom Casmurro,
comum a todos os sistemas, é verdade; a de Machado de Assis.
alopatia é erro na terapêutica. Fisiologia, Contexto: o personagem José Dias
anatomia, patologia, não são alopáticas afirma a Bentinho que é melhor estudar
nem homeopáticas, mas é melhor medicina na Europa, e não no Brasil.
aprender logo tudo de uma vez, por Esse trecho se passa em meados de
livros e por língua de homens cultores 1857.
da verdade...”
ALGUNS RELATOS

Trecho retirado do livro Memórias de


“[...] Seria talvez bom mandá-lo ao estudo... um Sargento de Milícias, de Manuel
porém para que diabo serve o estudo? Antônio de Almeida.
Verdade é que ele parece ter boa memória, Contexto: o padrinho do personagem
e eu podia mais para diante mandá-lo a Leonardo pensa em qual seria o melhor
Coimbra...” futuro ao menino.
Esse trecho se passa entre 1808 e 1821.
ALGUNS RELATOS
“ [...] Ó palmatória, terror dos meus dias
pueris, tu que foste o compelle intrare com
que um velho mestre, ossudo e calvo, me Trecho retirado do livro Memórias
incutiu no cérebro o alfabeto, a Póstuma de Braz Cubas, de Machado de
prosódia, a sintaxe, e o mais que ele Assis.
sabia [...] Que querias tu, afinal, meu velho Contexto: o finado narrador conta como
mestre de primeiras letras? Lição de cor e foi sua infância frequentando a escola.
compostura na aula; nada mais, nada Esse trecho se passa em 1814.
menos do que quer a vida, que é a mestra
das últimas letras [...]”
EM 1900...
Várias revoltas marcaram a virada do século XIX ao
XX e seu início, como a Guerra de Canudos, a
Revolta da Vacina, a Revolta da Chibata...

Revolução Constitucionalista e Coluna Prestes;

Getúlio Vargas e o grande impulso á


industrialização brasileira;
Semana de arte moderna;

Ditadura militar brasileira.


ALGUNS RELATOS
-- Tu já deu uma espiada na Escola de Belas-Artes? É um belezame,
rapaz. Um dia andei de penetra, me meti numa sala. Tava tudo vestido
de camisão, nem me viram. E tavam pintando uma mulher nua... Se um Trecho retirado do livro
dia eu pudesse... Capitães da Areia, de Jorge
Pedro Bala ficou pensativo. Olhava Professor como que pensando. Logo Amado.
falou com um ar muito sério: Contexto: dois personagens
-- Tu sabe o preço? discutem sobre a
-- Que preço? possibilidade de um deles
-- De pagar na escola? O professor? frequentar uma escola de
-- Que história é essa? artes.
-- A gente se reunia, pagava pra tu... Esse trecho se passa por
Professor riu: volta de 1937.
-- Tu nem sabe... Tem tanta complicação... Não pode não, deixa de
tolice.
ARQUITETURA ESCOLAR BRASILEIRA

TIPOS DE ESCOLAS E
SUAS ESTRUTURAS
BRASIL IMPÉRIO
(1822 A 1889)
Existem poucos registro sobre a arquitetura escolar da época do Império.

Consta-se um sistema unificado para todo o território nacional, com um padrão


pedagógico voltado para a Educação Religiosa.

Em decorrência da Lei n° 9, de 22/03/1874, o ensino primário, tardiamente tornou-


se obrigatório, e em lei complementar definiu-se que deveriam ser construídas
edificações próprias para este fim.

Muita vezes eram extensão da casa do professor, ou funcionavam em paróquias,


cômodos de comércio, todos marcados por salas pouco ventiladas e pouco
iluminadas pela falta de organização.
Escola de Primeiras Letras

Na época existiam apenas algumas escolas de primeiras letras (as escolas para aprender a ler e escrever), que funcionavam em
sua maioria em salas improvisadas, alugadas e pagas pelos próprios mestres, com seus próprios proventos. Portanto, não
podemos falar de uma arquitetura escolar neste período, apenas de alguns exemplos de construções religiosas e outras
pequenas casas, com características higiênicas, mas de aparência simples e poucos recursos, como a ainda existente
Mapas da
localização das
Escolas de
Primeiras Letras
em São Paulo.

, a maioria dessas
escolas era distante dos
núcleos populacionais, o
que dificultou sua
incorporação de
imediato, muitas delas
tendo sido demolidas
prematuramente por
sua construção
precária, pela falta de
manutenção ou pela
degradação do
entorno.
Metodologia Lancaster

Ainda existia uma forte


tradição que baseava os
ensinamentos em métodos
de repetição e
memorização, herança
jesuítica, sem dúvida,
propagada pela incipiente
formação de professores que
realizavam seu ofício como
haviam sido educados,
reproduzindo o método ao
longo do tempo.
No final do período imperial já existem várias iniciativas educacionais realizadas por seitas como a de batistas,
protestantes, presbiterianos, que imigraram para o país e fundaram suas escolas.
PRIMEIRA REPÚBLICA
FINAL SÉC XIX ATÉ 1920
O destaque desse período é da Arquitetura Neoclássica.

Os prédios são Imponentes, com Eixos simétricos, pé-direito alto e andar térreo
acima do nível da rua, com imensas escadarias para um impacto no contexto
urbano circundante.

A educação estava sob responsabilidade da Igreja ou de instituições religiosas.

Destaca-se que esse período foi o primeiro momento em que houve uma tentativa
de construir prédios para fins exclusivamente escolares como os Grupos e
Escolares e as Escolas Normais,
Os modelos educacionais baseados eram os Franceses, visando acompanhar as
culturas de épocas.

A maioria dos edifícios ficavam em áreas próxima à praças como referência à


expressão do poder e da ordem política.

Era-se dividido as áreas femininas e masculinas até em pátios de recreação, uma


exigência no regimento escolar por preocupação pela saúde e a higiene.

O programa arquitetônico era composto por salas de aula, cômodos


administrativos, contavam com a simetria na planta e toda concepção de do
espaço era condicionada pelo Código sanitário de 1894. Escolas Normais podiam
contar com bibliotecas, anfiteatros e laboratórios.
Código sanitário de 1894

Alinhamento de Lote
Obrigatoriedade de porão
Corredor lateral descoberto para a iluminação direta nos cômodos
Sistematização de espessuras de paredes, largura de ruas, altura de edifícios

Existiam muitas exigências, mas não as regulamentavam e nem as especificavam o


que permitiu muitas interpretações e muitas falhas.
A Primeira Escola da República – O Palácio Caetano De
Campos (Praça da Republica, atual secretária da
educação)
Grupo escolar, Escola Modelo da Luz na Avenida
Tiradentes

12 salas de aula retangulares, grandes janelas


voltadas para as fachadas e distribuídas em 3
pavimentos.

O porão abrigava oficinas de marcenaria e de


modelagem de gesso para apoiar a própria
manutenção do edifício e para servir de ensino
prático e profissionalizante.
Relação Poder e Saber

O prédio organizado em disciplina (como espaço de controle); cada aluno ocupa


um lugar e o professor em frente em posição de supervisão.

Uma herança do do acompanhamento militar e um modelo de observação


mediante a uma geometria de “rede de olhares que se controlavam uns aos outros”
1921 ATÉ 1950
A Semana de Arte Moderna de 1922 e a Revolução de 1930 acabaram por
influenciar a arquitetura escolar, por terem impactos no setor da educação.

O edifício escolar deixou de ser compacto, extinguiu-se a divisão entre gêneros e a


implantação apresentavam características mais flexíveis, como o uso de pilotis,
deixando o térreo livre para atividades recreativas.

A produção de projetos e uma nova fase de construções de escolas em massa


intensificaram-se no decorrer de 1920.

Mauro Álvaro de Souza Camargo publicou nesse período o livro Projetos para
grupos escolares reunidos e rurais, uma espécie de manual com diretrizes e
modelos que serviriam para a construção das futuras escolas. No seu manual
constavam algumas diretrizes como a inserção de sanitários dentro dos edifícios e
uso de lajes de concreto e simplificação de formas, sem muita ornamentação, por
razões financeiras.
Nesse período, surgiram critérios de projetos com a consolidação do Código de
Saboya e uma norma técnica que impunha algumas regras, entre as quais as mais
relevantes em relação às salas de aula, que foram transcritas por Artigas.
Nesse contexto, surge um programa de necessidades para os conjuntos escolares:
salas de aula amplas, claras e bem ventiladas, com dimensões de 6 m x 8 m e com
pé direito de 3,60m. Dependências de trabalho, um auditório, sala de educação
física, jogos, canto, cinema educativo, sala de festas, de reunião, biblioteca e
instalações para assistência médica, dentária e higiênica.

Quanto ao estilo dos prédios, em maioria se optou pela arquitetura moderna, estilo
predominante na época. Silva Neves, um dos arquitetos da época, propôs a
construção de edifícios escolares sem nenhuma referência a estilos históricos, com
formas geométricas simples, de concreto armado, que permite a estrutura
independente de vedação, pátios internos sob pilotis e grandes aberturas
envidraçadas.

A diferença entre os edifícios construídos na Primeira República e os construídos


nos anos 1930 está na liberdade de implantação.
Características dessa arquitetura (racionalista):

Linguagem formal sem ornamentação;


Formas simples e geométricas;
Aberturas horizontais;
Integração de espaços internos e externos;
Funcionalismo na arquitetura escolar;
Plantas em “L” ou “U”.

Um exemplo claro dessa arquitetura é o Grupo Escolar Visconde de Congonhas


do Campo, Tatuapé, cidade de São Paulo.
Inspirado pelas escolas comunitárias norte-americanas com o programa de
escola-parque, Anísio Teixeira, Secretário da Educação da Bahia, propôs um
sistema em que a educação em sala de aula fosse complementada por uma
educação dirigida. Nessa escola, existiam atividades complementares ligadas à
educação física, sociais, artísticas e industriais.

Em 1947, na cidade de Salvador, o arquiteto Diógenes Rebouças projetou a


escola-parque Centro Educacional Carneiro Ribeiro, num período em que se
mesclavam princípios modernos na arquitetura e idealismo social nos
programas arquitetônicos.

A escola-parque tem os princípios da arquitetura moderna e o conceito de


escola como ponto de convívio da comunidade.
1960 ATÉ 1990
Para Artigas, a situação vivida pelo Brasil entre 1950-1960 exigia uma nova
concepção de arquitetura, com prédios educacionais que aplicassem as novas
técnicas construtivas, como os elementos pré-fabricados.

Nos anos 1960, as referências arquitetônicas estavam consolidadas no


modernismo. O processo construtivo era o de estrutura de concreto
independente, com destaque aos pilotis, que originavam pavimentos sem
fechamentos. Os fechamentos dos demais pavimentos eram de alvenaria,
com telhas de fibrocimento sobre lajes pré-fabricadas, aparentes ou dentro de
platibandas. Lajes impermeabilizadas eram utilizadas como marquises.
Um exemplo de escola paulista é a Escola de Guarulhos, projetada por
Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, em 1962.
Depois da Lei de Diretrizes e Bases, o novo sistema de construções escolares era simplificado, distribuído em um
grande corredor que dá acesso às dependências escolares, com paredes de blocos aparentes de concreto, tetos
de laje pré-moldada e cobertura de telhas de fibrocimento. Os materiais modestos se davam por conta da
diminuição de prazos e custos de construção.

Em 1976, foi criada a Companhia de Construções de São Paulo, que sintetizou e elencou as principais
informações necessárias aos projetistas para a elaboração de projetos. Portanto, foram elaboradas normas e
catálogos, conjuntos funcionais e ambientes, além de normas para apresentação dos projetos e composição da
estrutura funcional das escolas.

O único jeito de suprir a demanda de escolas era racionalizar a construção. Foram criados módulos de 90cm x
90cm em planta baixa. Os programas definem a quantidades de ambientes e áreas construídas em módulos de
0,81m. Os dimensionamentos de salas de aula foram estabelecidos em 51,84m² para salas comuns e de 77,76m²
para salas de aula prática. As dimensões das salas de aula eram de 7,20m x 7,20m, de eixo a eixo.

Além de racionalizar a construção escolar, criou-se o módulo “embrião” (composto de duas a seis salas de aulas,
direção e administração, sanitários e quadra de esportes) e espaço para futuras ampliações. Simplificava-se o
padrão construtivo para uma construção mais rápida a fim de atender a demanda por escolas.

Existiam especificações para usuários por faixa etária, currículos a serem adotados, objetivos da escola. As
especificações também incluíam conforto ambiental e avaliação do clima local. Até hoje, os editais de concursos
para obras de novas escolas são orientados por essas especificações.
CIACS
1990 A 2010
As edificações escolares dos últimos trinta anos, na maioria dos estados,
apresentam uma arquitetura bastante padronizada. Em São paulo predomina
a edificação de três pavimentos, em um bloco monolítico, porém, possuem
uma originalidade em suas fachadas por serem desenvolvidas por escritórios
tercerizados.
A inclusão da quadra influencia o volume da edificação e, em alguns casos,
interfere no desempenho acústico da escola, pois o isolamento necessário as
vezes não é atingido pelas empreiteiras de obras públicas.
Fazendo a leitura dos projetos, pode-se identificar quatro tipologias: escolas
compactas e verticais; escolas horizontais com a quadra em seu centro;
escolas dispostas em mais de um volume e escolas longitudinais.
Escolas horizontais com a quadra em seu centro
Escolas compactas e verticais

Escola Estadual Telêmaco Melges, Campinas, 2004 Escola Jardim Ataliba Leonel, São Paulo, 2006

Escolas com mais de um volume

Escolas longitudinais

Escola Maple Bear, Marília, 2018


Escola Red House, São Paulo, 2022
DIAS ATUAIS
Atualmente as escolas continuam seguindo essas tipologias mas com uma
liberdade maior ás vezes até juntando dois modelos, ou seguindo uma
tipologia específica do método de ensino que vai ser utilizado naquele espaço
de ensino.
Existe uma preocupação maior em refletir os valores de inovação e
sustentabilidade, promovendo práticas que tragam algum benefício ao meio
ambiente.

Escola Waldorf Ecoara, Valinhos, 2019


ESTUDO DE CASO:
ESCOLA CANUANÃ

Escola Estadual Telêmaco Melges, Campinas, 2004


Foi desenvolvido pelos estúdios de
arquitetura Aleph Zero e Rosenbaum
entre 2016 e 2017. Localizado em uma
escola rural mantida durante quase 40
anos em Formoso do Araguaia, no
Tocantins, atende cerca de 842 alunos
em um regime de internato.

o projeto se baseou sobretudo no


encontro entre arquitetura vernacular e
as altas tecnologias industriais

existe a tentativa de ressaltar as


narrativas locais por meio da criação
coletiva e da incorporação de técnicas
vernáculas
A fazenda-escola está
localizada no lado oposto da
fronteira sudoeste do Parque
Indígena do Araguaia, a 300 km
de Palmas, capital do Tocantins,
à qual está ligada por uma
estrada de difícil acesso. A
região está localizada na
intersecção de biomas como a
Floresta Amazônica, o Pantanal
e o Cerrado e mantém altas
temperaturas durante todo o
ano
O projeto consiste em dois blocos
duplos, um feminino e um
masculino, propostos para 270
alunos cada, implantados nas
margens do complexo

Além da noção de "caminhar da


casa para a escola", o
distanciamento efetivo desses
programas foi o início de um plano
mais amplo de setorização da
fazenda, que prevê a criação de
um eixo educacional central,
cercado por residências de
alunos, professores e funcionários
Os 45 quartos de cada bloco foram
organizados em 9 partes no térreo,
localizadas em torno de 3 pátios que
servem como espaço de socialização
entre os alunos e jardins com canteiros e
espelhos d'água, que aliviam a
temperatura do ambiente.

A incorporação de tecnologias
construtivas locais, como o uso
extensivo de varandas, cobogós e
paredes de alvenaria de adobe para
garantir o conforto térmico, demonstra
uma preocupação dos arquitetos não só
em propor, mas também em valorizar e
aprender com o contexto.
ESTUDO DE CASO: ESCOLA
PARQUE - EMEI CLEIDE ROSA
AURICCHIO
Localizada em São Caetano do Sul, o
projeto de 2021 foi idealizado pelo
escritório Carolinna Penna Arquitetos

O chão da escola consiste em uma


continuação do piso da praça, sendo que
a integração da praça com a escola é o
partido do projeto

No centro da escola há uma leve


depressão que busca fazer uma analogia
com a figura da fogueira, e buscando
retomar com ela a conversa, a dança, a
festa e em especial a brincadeira, visto
que se trata de uma escola infantil
IMPACTO DA ARQUITETURA NO
PROCESSO DE APRENDIZAGEM
As exigências e parametros requeridos em um ambiente educacional mudam conforme o contexto, e com essa
mudança a arquitetura se adapta;

Sua composição depende das condições econômicas, sociais e culturais. Aspectos físicos e objetivos, como a
arquitetura, equipamentos e materiais didáticos, são codependentes das qualidades subjetivas que norteiam as
necessidades e objetivos do ambiente, sendo lalgunss deles: as relações humanas, a gestão, a proposta pedagógica
ou mesmo o perfil do aluno;

Arquitetura como ferramenta de discussão e vínculo entre o interior humano e o exterior construído. O projeto pode
contribuir para formar um pensamento crítico, incentivando a autonomia, a responsabilidade e ajudando a formar
futuros cidadãos. Reconhecer o ambiente escolar como elemento educador é trazê-lo ao currículo de forma
consciente e permitir possibilidades.
INDIVÍDUO X AMBIENTE
Ambiente se torna influente nos processos e níveis de aprenzado dos alunos, na boa convivência e na produtividade
de todo corpo escolar, assim os elementos arquitetonicos devem contribuir positivamente para uma produção
academica expressiva;

O espaço projetado imprime a ideia de ambiente social e serve como estimulante no processo da construção de
experiências e formação do indivíduo, com isso, ele deve fornecer soluções funcionais, estéticas e conceituais que
incorporam conhecimento sobre as necessidades mais profundas do homem, sua condição social e sua relação com o
entorno físico.

Estudo de Roger Barker e Paul Gump (1964): escalas dos ambientes escolares.
Estudo de Sommer: ecologia de participação de acordo com a escala e influência do mobiliário

"As interações entre a criança e seu ambiente são contínuas, recíprocas e independentes" (Bijou; Baer, 1980);
JUHANI
PALLASMAA
“AO EXPERIMENTAR UM EDIFÍCIO,
INCONSCIENTEMENTE IMITAMOS SUA CONFIGURAÇÃO
COM NOSSOS OSSOS E MÚSCULOS” (PALLASMA, 2012,
P. 67) “
Arquitetura como estruturadora da nossa visão de ser como parte
do mundo, não só como relatório da realidade, mas também
"A arquitetura modernista em geral tem abrigado o intelecto e os
como um método de recordação e reconhecimento de quem
olhos, mas tem deixado desabrigados nossos corpos e demais
somos. É impressionante a transmissão do equilíbrio, da escala,
sentidos, bem como nossa memória, imaginação e sonhos". Para o
do conceito e outros elementos de uma edificação pelo corpo do
autor estamos em diálogo e interação constante com o ambiente,
observador, desdobrando reações no indivíduo, as sensações assim, uma obra de arquitetura é experimentada em sua essência
corporais, a resposta dos organismos, os sentimentos e o material, corpórea e espiritual.
comportamento.
A HUMANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS
As respostas dos usuários em um ambiente cuja arquitetura se mostra infléxivel e rígida causa dúvida em como se
apropriar do espaço, o comportamento se torna limitado e o imposto é controle e disciplina. Existe uma priorização
em considerações técnicas como metragem, normas e regulamentos, deixando em segundo plano outras questões
fundamentais como a estética, o prazer e o conforto. Criando espaços estáticos baseados na transmissão linear de
conhecimento do professor para o aluno;

Ambientes dominados pela iluminação artificial, vidros opacos que impedem a visão do exterior, presença de grades
de proteção, monotonia de formas, cores e mobiliário, falta de manutenção, excesso de ordem, rigidez na
funcionalidade, falta de personalização e impossibilidade de manipulação pelo usuário são considerados desumanos
e, portanto, menos satisfatórios ou apreciados;

Portanto, existe a necessidade de "humanizar" o espaço interno, atribuir-lhe características pessoais e adequar a
proporção com a escala humana, para permitir a manipulação do mobiliário pelos usuários, enfatizando a
necessidade de paisagismo, harmonia entre os elementos construtivos, as cores e os materiais, entre outros. permite
um nível de satisfação mais alto e propiciam um ambiente psicológico mais favorável ao comportamento social
adequado.
Christopher Alexander: “Qualidade sem nome” - espaço está em perfeita harmonia com seu propósito, a qualidade
de um espaço está relacionada aos padrões de acontecimentos que nele ocorrem e que, por sua vez,
experimentamos. A atenção se volta não somente à forma ou à geometria, mas aos eventos inter‐relacionados que
nos permitem experimentar o espaço;

Bruno Zevi: Quarta dimensão - arquitetura não provém somente da geometria dos elementos construtivos que
encerram o espaço, mas, precisamente, do vazio, do espaço interior em que os homens andam e vivem. O espaço
arquitetônico não é neutro, ele oferece possibilidades de apropriações, pois é, sobretudo, o ambiente, a cena onde
vivemos nossa vida.

NOSSO CORPO SE RELACIONA


COM O MEIO E O MEIO AFETA
NOSSO CORPO, NÃO HÁ CORPO
SEPARADO DO ESPAÇO.
NA PRÁTICA: ALGUNS EXEMPLOS
mobiliário adaptado,
minimalismo, segurança,
organização e clareza
MONTESSORIANO - autonomia,
e desenvolvimento pessoal

sensação de apropriação do
espaço, concordância com
WALDORFIANO - filosofia idade e ciclo, aconchego,
antroposófica, ser humano e harmonia, ritmo, iluminação
sociedade. natural, cor, etc.
DESAFIOS E
INOVAÇÕES NA
ARQUITETURA
ESCOLAR
Ao longo dos anos foram sendo
aperfeiçoadas toda uma
metodologia arquitetônica dedicada
a melhor construção de espaços de
ensino, embora possa ser observado
uma resistência no Brasil a adoção
dessa nova perspectiva de
concepção desses espaços,
prevalecendo uma lógica ja defasada
do século XX
CONFLITO
TRADICIONAL IDEAL

X
OS ESPAÇOS
DIVERSIFICADOS

A quebra da monotonia nesses ambientes se


demonstram fundamental no momento em que
os mesmo operam como um potencializador da
criatividade das crianças inseridas nesse contexto,
sendo um um verdadeiro cenário de descobertas
a cada novo espaço apresentado.
DA ESCOLHA DAS CORES
Cada cor do círculo cromático é capaz de transmitir valores e
sensações específicas. Assim, é possível aproveitar a simbologia de
cada tonalidade para incentivar ações distintas, seja de movimento,
expansividade, silêncio, concentração e por aí vai. Resumindo: a
escolha das cores deve estar atrelada ao uso dos espaços.
A UTILIZAÇÃO
DOS MATERIAIS
Em uma escola infantil, os materiais certos são aqueles que aliam durabilidade,
facilidade de instalação (em caso da necessidade de substituição) e bom custo-
benefício. Também é importante buscar produtos termicamente confortáveis, além
de agradáveis do ponto de vista tátil.

Quanto ao piso, é interessante trabalhar desenhos de modo a setorizar atividades,


sinalizar caminhos e demarcar áreas de permanência. Efeitos como esses não só
facilitam o uso dos espaços como também atraem a atenção das crianças,
deixando os ambientes mais divertidos.
A VOLUMETRIA E
ESPACIALIZAÇÃO
Um projeto de arquitetura escolar deve prever espaços informais, que transmitam um
sentimento semelhante ao de estar em casa. Para tanto, é importante trabalhar com formas não
convencionais e lúdicas, buscando romper com um caráter formal ainda na estrutura do projeto.

A mistura de lugares reservados com áreas mais expostas é interessante, assim como a
integração entre interior e exterior, que pode ser alcançada com soluções arquitetônicas que
promovam relações com o mundo e o desenvolvimento de inteligências diversas, adaptadas à
individualidade dos estudantes.
O EQUILIBRIO
TÉRMICO E ACÚSTICO
Naturalmente, por serem espaços de permanência de longos intervalos de tempo, se
demonstra fundamental um planejamento tanto térmico quanto acústico mais eficiente,
respeitando desde a orientação norte-sul do projeto, bem como a disposição de cada uma
das salas de aula com o proposito de tirar o melhor aproveitamento da incidência solar.

Ainda levando-se em conta a questão acústica, se demonstra de suma importância a


melhor reverberação do som em sala de aula, bem como a filtração de ruídos externos.
Antes havia uma necessidade de se construir em
TENDÊNCIAS larga escala em questão de arquitetura para o
ensino, mas depois de uma certa valorização da
FUTURAS educação vem se discutindo algumas melhoras
que podem ser feitas na arquitetura escolar, tanto
PARA A em questão ambiental quanto em implantação do
projeto. Por isso, algumas discussões, não apenas
ARQUITETURA entre arquitetos, mas também entre pedagogos,
professores e a comunidade escolar vem

ESCOLAR ganhando força, assim pensando em um futuro


ambiente escolar ideal.

Pré Pandemia Pós Pandemia


PRINCIPAIS Arquitetura x pedagogia: a importância do
trabalho em conjunto com outras áreas;
OBJETIVOS Relação da escola com a comunidade;
Ambientes mais dinâmicos e ajustáveis
PRÉ (respeito a individualidade);
Utilização de materiais mais sustentáveis;
PANDEMIA Implementação da tecnologia nas escolas.

Todas essas melhorias tem como principal


foco fazer da escola um lugar mais agradável e
mais prazeroso para se estar como aluno e
professor, de forma que isso incentive os
estudos.
Comecemos pelas escolas: se alguma
coisa deve ser feita para “reformar” os
homens, a primeira coisa é “formá-los”.
São os engenheiros e educadores,
professores e alunos, que fornecem a
alma sustentadora de vigas e concreto.
A arquitetura escolar precisa de menos
edifícios e de mais humanos dispostos
a transformá-los.

- Lina Bo Bardi
PANDEMIA E SUAS
CONSEQUÊNCIAS NA EDUCAÇÃO

Para educadores Para a psicologia


Aumento/reforço das A pandemia afeta a saúde
Com a pandemia, a
desigualdades sociais e mental de toda a comunidade
forma de educar teve
inviabilização da educação escolar, pela falta de socialização
que passar por uma
para certas classes sociais e pela falta de experiência com
transformação e o
esse esquema de estudo.
ensino precisou se
readaptar diante do
cenário de pandemia, Para a tecnologia Para a arquitetura
deixando uma marca Impediu que o calendário escolar A arquitetura, durante o período
na educação e na fosse totalmente prejudicado e de pandemia, fez mais pesquisas
sociedade até os dias paralisado, porém não impediu voltadas a ventilação ou os
de hoje. que isso afetasse as interações impactos da presença de locais
sociais. ao ar livre para frequentar, além
do impacto da quarentena.
PRINCIPAIS Assim, a arquitetura deveria ser mais fluida,
aberta, integrada, contínua e conectada,
OBJETIVOS possibilitando uma flexibilização do espaço e
uma adaptabilidade aos novos padrões.
PÓS
Sala de aula ampla, com espaçamento
PANDEMIA entre as mesas;
Maiores aberturas para o exterior;
Áreas casuais para a alimentação;
Vistas interiores e exteriores;
Implantação da tecnologia;
Espaços flexíveis;
Iluminação e ventilação naturais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PALLASMAA, J. Os olhos da pele: A arquitetura dos sentidos. Porto Alegre:
Bookman, 2012.
https://www.archdaily.com.br/br/972437/espacos-de-aprendizagem-a-arquitetura-
como-ferramenta-de-ensino
ALEXANDER, Christopher. El modo intemporal de construir (op. cit.).
ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. São Paulo, Martins Fontes, 2000, p. 17.
https://www.dabusarquitetura.com.br/blog/arquitetura-escolar-futuro-e-
tendencias-2/
https://educacaoeterritorio.org.br/reportagens/arquitetura-escolar-deve-refletir-
relacao-bairro-com-escola/
https://www.libaarquitetura.com.br/educacional/a-importancia-da-arquitetura-
escolar-no-aprendizado/
https://blog.ofitexto.com.br/arquitetura/arquitetura-escolar-a-preocupacao-com-o-
ambiente-de-ensino/
GABRIELI, Thais de Oliveira; PAGEL, Érica Coelho. Educação e arquitetura escolar
pós pandemia do Covid-19: uma revisão de literatura, 2021.
KOWALTOWSKI, Doris K.. Arquitetura escolar: O projeto do ambiente de ensino.
São Paulo, Oficina de Textos, 2011.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetura-escolar/
https://www.archdaily.com.br/br/912587/fundacao-zerrenner-unidade-
educacional-de-sete-lagoas-gustavo-penna-arquiteto-e-
associados/5c7d6ac0284dd19851000023-fundacao-zerrenner-unidade-
educacional-de-sete-lagoas-gustavo-penna-arquiteto-e-associados-detalhe-02
https://www.archdaily.com.br/br/872442/colegio-positivo-internacional-manoel-
coelho-arquitetura-e-design/592d0c2ce58ece98ac0000c4-colegio-positivo-
internacional-manoel-coelho-arquitetura-e-design-foto
GONÇALVES, Lucas. Revoltas que já ocorreram no Brasil: quais foram, qundo
ocorreram, motivos e mais!. Disponível em:
https://militares.estrategia.com/portal/materias-e-dicas/historia/revoltas-que-ja-
ocorreram-no-brasil/. Acesso em: 27/11/2023.

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