Você está na página 1de 3

Dieta para reduzir ácido úrico é essencial

para prevenir e controlar a gota


Embutidos, vísceras, cerveja e outros alimentos são prejudiciais para
quem corre risco de desenvolver a doença
ARTIGO DE ESPECIALISTA - PUBLICADO EM 01/07/2014

Dr. Roberto Navarro Sousa Nilo NUTRÓLOGO - CRM 78392/SP


ESPECIALISTA MINHA VIDA

JÁ AJUDOU 2.062 PESSOAS

Quem já não escutou que se sua pele está descamando pode ser por causa do ácido úrico?
Embora isto possa acontecer em pacientes que tem suas articulações inflamadas pelo excesso
desta substância, as consequências do excesso de ácido úrico no nosso organismo são bem
mais abrangentes e severas.

Considerado um produto final do metabolismo das purinas (substância encontrada em


proteínas animais e vegetais que ingerimos na alimentação) não nos traz nenhum problema se
circular pelo nosso sangue em níveis adequados, até 5,7 mg/dl em mulheres e até 7 mg/dl em
homens. Até porque cumprem também determinadas funções específicas.

O problema começa quando seus níveis sanguíneos se elevam exageradamente, condição


chamada de hiperuricemia, podendo se acumular em determinadas articulações sendo as mais
frequentes as do hálux (dedão do pé), tornozelo, calcanhar e joelho, levando a um quadro
inflamatório local bastante doloroso, ficando a região muito inchada, vermelha e com aumento
da temperatura da pele da região afetada. Chamamos esta situação de gota, mais frequente
em homens do que em mulheres.

Mas por que os níveis de ácido úrico podem se elevar no sangue? Bem, esta resposta é um
pouco complexa, mas vamos tentar resumir esta história. Normalmente a quantidade de ácido
úrico que circula no sangue é o resultado final do total que foi produzido dentro do corpo
(gerado pelo metabolismo das proteínas que ingerimos) menos a quantidade que foi excretada
pelos rins. Isto mesmo, boa parte do ácido úrico que produzimos é jogada fora pela urina e
graças à este mecanismo que ele não se acumula dentro do corpo, nos protegendo dos danos
causados pelo seu excesso. Algumas pessoas geneticamente predispostas não conseguem
cumprir com eficiência este passo de excretar o ácido úrico pela urina, sendo chamados pela
medicina de hipoexcretores.

Já outras pessoas produzem o próprio ácido úrico de maneira exagerada dentro do organismo,
sendo classificados como hiperprodutores. Para completar o problema alguns fatores extras
podem atuar nas duas pontas, ou seja, aumentar a produção e diminuir a excreção do ácido
úrico, como é o caso da ingesta de bebidas alcoólicas e deficiência de algumas enzimas
específicas envolvidas na sua produção e metabolismo. Qualquer que seja o mecanismo
envolvido citado acima, a consequência final será o acúmulo excessivo de ácido úrico em
nosso organismo, principalmente nas articulações e no próprio rim, aumentando também a
chance de formar cálculos nos rins, quadro bastante desconfortável e aumentando a chance de
alterar o bom funcionamento deste importante órgão.

Agora que ficou mais claro o porquê do ácido úrico se elevar dentro do corpo veja como deve
ser feita sua correção. A princípio, exames laboratoriais específicos devem ser solicitados pelo
médico para diagnosticar corretamente esta condição clínica e, inclusive, diferenciar se o
paciente faz parte do grupo dos hiperprodutores ou do grupo dos hipoexcretores, já que para
cada caso existem medicamentos adequados para ajudar a controlar o excesso do ácido úrico
no sangue.

Sabe-se também que vários fatores paralelos podem contribuir e muito para a elevação do
ácido úrico, como obesidade, hipertensão arterial, síndrome metabólica, consumo excessivo de
álcool, doenças renais crônicas e uso de diuréticos, tiazídicos, e salicilatos em baixas doses.
Todos estes fatores contribuintes devem ser corrigidos com os tratamentos.

O cuidado na alimentação das pessoas com hiperuricemia deve ser uma prioridade, já que
vários alimentos são fontes de purinas que entram na formação do ácido úrico. Os mais
contraindicados são:

 Condimentos como caldos de galinha ou carne


 Vísceras como: coração de galinha, rim, fígado, moelas, miolo.
 Alimentos embutidos: salsicha, presunto, mortadela, linguiça.
 Ovas de peixe e molhos à base de carne.
 Peixes: sardinha, anchova, cavala, arenque, manjuba.
 Mexilhão - Bebidas alcoólicas: principalmente a cerveja.

Alguns alimentos devem ter seu consumo diminuídos, mas não necessariamente eliminados,
como: carnes, peixes, aves, mariscos.

Embora alguns alimentos fontes de proteínas vegetais sempre foram excluídos do cardápio das
pessoas com excesso de ácido úrico, estudos recentes concluíram que não são
desencadeadores do quadro de Gota, sendo eles: espinafre, couve-flor, cogumelos
comestíveis, lentilha, feijões e ervilhas. Ou seja, não precisa eliminá-los do cardápio, mas seu
exagero não é prudente.

Outros vilões na alimentação também parecem contribuir para o risco do desenvolvimento da


Gota, segundo estudos atuais: a frutose, utilizada pela indústria alimentícia nas bebidas
açucaradas como refrigerantes e sucos artificiais. A gordura saturada em excesso (banha de
porco, cortes gordurosos de carne vermelha e de porco, manteiga, bacon, queijos amarelos) e
o exagero nos carboidratos refinados (açúcar, pão branco, bolos, bolachas, massas, arroz
branco, etc) parecem contribuir para o risco da gota.

Existem alimentos e nutrientes que parecem conferir uma certa proteção contra o
desencadeamento da gota e deveriam fazer parte da estratégia alimentar dos pacientes com
maior risco:

 Vegetais (legumes e verduras)


 Proteína láctea, do leite
 Vitamina C (sem excesso pelo risco de cálculo renal em altas doses)
 Café e chá (sem exageros pelos riscos do excesso da cafeína)

Como resumo vale ressaltar que os cuidados na alimentação são cruciais para a prevenção ou
para o melhor controle da gota, doença ainda muito incidente em nosso meio e bastante
debilitante.

Você também pode gostar