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Analgesia - Rodrigo de Barros Geraldo
Analgesia - Rodrigo de Barros Geraldo
CAMPINAS, 2009
RODRIGO DE BARROS GERALDO
CAMPINAS, 2009
SUMÁRIO
Analgesia Pós-operatória
ABSTRACT
Postoperative analgesia
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1. INTRODUÇÃO
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2. REVISÃO DE LITERATURA
• Dor referida: A dor referida geralmente tem origem num local (por exemplo,
víscera) e reflete em outro local distante (como a pele), isso se dá por
sinapses compartilhadas pelas fibras nervosas de tecidos diferentes.
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2.4. Processos fisiológicos
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antes da recuperação, para evitar desconforto pós-operatório. Outras intervenções
englobam analgésicos ou técnicas analgésicas, incluindo anestésicos locais
(CARROLL ,1996).
Um bom gerenciamento de dor pós-operatória começa no pré-operatório.
Podem-se administrar drogas sistêmicas em esquema (por exemplo, a cada 4h), por
meio de infusão contínua (como morfina, lidocaína) ou de absorção continua (como
fentanil transdérmico). Também se podem usar técnicas locais e regionais com
anestésicos locais e opiáceos. Devem-se administrar analgésicos preventivamente.
Para serem mais eficazes, deve-se inibir a nocicepção com terapia analgésica antes
do inicio do estimulo doloroso. Se o paciente sentir dor pré-operatoriamente, a
administração de um analgésico, antes da indução, facilitará a manipulação e o
manuseio e melhorará o conforto do paciente (CARROLL ,1996).
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2.8. Farmacologia dos analgésicos
Opiáceos
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hipertermia, nos gatos. A histamina pode ser liberada quando for ministrada
intravenosamente; a administração intravenosa lenta minimiza esse risco (CARROLL
,1996).
A oximorfina é semelhante à morfina, mas não causa liberação de histamina.
Ela é apropriada para dor moderada a intensa, particularmente útil no tratamento de
pacientes críticos que exijam suplementação analgésica intra-operatória para
diminuir a quantidade requerida de agente inalatório. A oximorfina causa sedação,
ofego e, algumas vezes, hipotermia (CARROLL ,1996).
O fentanil e meperidina são analgésicos eficazes, mas têm curta ação. O
fentanil, um opiáceo sintético, possui inicio de ação mais rápido que a morfina. Na
medicina veterinária, ele é usado para tratamento intra-operatório de pacientes
criticamente doentes em técnicas anestésicas balanceadas, mas não é utilizado
extensamente para gerenciamento de dor, a menos que seja por administração
transdérmica. O fentanil pode ser administrado intravenosa, intramuscular, epidural,
transmucosa e transdermicamente. A administração transdérmica evita o problema
de sua curta duração, sendo cada vez mais usada em cães e gatos. O fentanil pode
causar bradicardia, depressão ventilatória e enrijecimento musculoesquelético. A
administração intravenosa de meperidina pode causar significativa liberação de
histamina, e deve ser evitada. A meperidina tem pouco espaço no gerenciamento
veterinário de dor, devido a sua curta duração de ação (CARROLL ,1996).
A buprenorfina é um agonista parcial opiáceo. Seu inicio de ação é em
aproximadamente 30 min, com duração de 4 a 6h. A afinidade da buprenorfina pelos
receptores mu (µ) causa ação prolongada e dificuldade associada com o
antagonismo. Na medicina veterinária, ela é usada contra dores leves a moderadas.
Em cães e gatos, provoca pequena sedação ou disforia. Sua ação prolongada a
tornara útil se uma nova dosagem for problemática (CARROLL ,1996).
O butorfanol é um agonista-antagonista misto. Ele tem afinidade baixa por
receptores mu (µ) (não é um antagonista completo), afinidade moderada por
receptores kappa (κ) (produz analgesia) e afinidade mínima por receptores sigma (δ)
(diminuição da incidência de disforia). O butorfanol possui efeitos mínimos nos tratos
biliar e gastrintestinal, sendo particularmente eficaz contra dores viscerais, tais como
peritonite biliar e pancreatite. A vantagem dos agonistas-antagonistas é a analgesia
com mínima depressão ventilatória. Há um efeito Máximo; doses adicionais não
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produzem depressão adicional. O efeito Maximo na ventilação é acompanhado por
uma modesta capacidade de diminuir as exigências anestésicas. Os agonistas-
antagonistas mistos conseguem atenuar a eficácia de agonistas administradas
subsequentemente (CARROLL ,1996).
A depressão ventilatória e a sedação causadas pelos opiáceos podem ser
revertidas com os antagonistas de opiáceos. Os opiáceos devem ser antagonizados
cuidadosamente em pacientes com dor, pois os antagonistas também revertem a
analgesia. Os pacientes com dor podem respirar superficialmente; eles costumam
obter mais ar quando se encontram confortáveis. Os pacientes que sofreram
toracotomias e/ou procedimentos abdominais superiores podem apresentar volumes
correntes pequenos, pois se protegem da dor sofrida durante a respiração. Embora
um opiáceo possa deprimir a ventilação, seu efeito analgésico talvez diminua essa
proteção, permitindo volumes correntes maiores e melhora na ventilação. O
antagonismo de opiáceos com naloxona, um antagonista de opiáceos, se associa
com a liberação de catecolaminas, hipertensão, disritmias e até resultados fatais em
pessoas. A diluição da naloxona com solução salina e sua titulação intravenosa lenta
diminuem a probabilidade de efeitos colaterais indevidos. Preferem-se agonistas-
antagonistas (nalbufina ou butorfanol), pois estes se associam com bem menos
efeitos colaterais de reversão que o antagonismo completo com naloxona. Também
se pode reservar um pouco de analgesia. Uma titulação de solução diluída em 1:10
de nalbufina (5mg/mL diluídos até 0,5mg/mL) parece antagonizar a sedação e a
depressão respiratória, manter a analgesia e evitar os efeitos colaterais perigosos
vinculados à reversão com naloxona em alta dose (CARROLL ,1996).
De modo semelhante, pode-se usar o butorfanol para um antagonismo de µ-
opiáceos (por exemplo, oximorfona) em pacientes veterinários (CARROLL ,1996).
Os analgésicos opióides são rotineiramente utilizados na prática anestésica,
com a finalidade de reduzir a dose dos agentes anestésicos intravenosos e
inalatórios, além de proporcionar analgesia pós-operatória. O tramadol (4,
fenilpiperidina) é um analgésico de ação central, estruturalmente relacionado à
morfina e à codeína. Trata-se de um agente opióide agonista puro, com seletividade
para o receptor mu (µ), ligando-se fracamente aos receptores kappa (κ) e delta (δ). A
afinidade do tramadol para o receptor µ é aproximadamente 6000 vezes inferior à da
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morfina e 10 vezes inferior à da codeína. (BAMIGBADE,1998).
O tramadol pode ser administrado por diferentes vias, sendo rapidamente
absorvido após administração oral ou parenteral. A analgesia máxima ocorre 1 a 2
horas após administração intravenosa (LEE et al.,1993).
A metadona é um opióide sintético, introduzido no mercado nos anos 60, que
se popularizou na prevenção de síndrome de abstinência produzida pela interrupção
abrupta da administração contínua de opióides. Os principais pacientes eram
fármaco-dependentes ao uso de opióides, o que a estigmatizou, criando certa
resistência ao seu uso como analgésico. Metadona é disponível na forma racêmica
L-metadona, composta por 2 enantiômeros: R-metadona e S-Metadona. É um
agonista dos receptores opióides Mµ, Delta e Kappa. A metadona também é um
antagonista do receptor NMDA e parece bloquear a recaptação de serotonina e
noradrenalina (GARRIDO, 1999).
Carroll, 1996;
*As dosagens e a duração baseiam-se na experiência clinica e podem precisar ser individualizadas para determinada
situação e determinado paciente. Pode-se precisar de dosagens mais altas contra dores persistentes.
**As dosagens mais baixas são usadas em casos de vias intravenosas e em gatos.
***A morfina pode-se associar à hipotensão quando administrada intravenosamente; ela também pode-se associar à
excitação em gatos.
****A administração subcutânea pode ser menos eficaz.
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Anestesia local
Os adjuvantes à administração de opiáceos costumam envolver anestésicos
locais. No homem, a lidocaína é administrada comumente como infusão intravenosa
contínua para suplementar a terapia com opiáceo contra dor persistente. Nos cães,
doses subantiarrítmicas de lidocaína (5 a 30 µg/kg/min, IV) podem suplementar
analgesia com opiáceo quando esta, sozinha, for insuficiente. Geralmente, usam-se
anestésicos locais em técnicas regionais que tendem a ser mais eficazes quando
realizadas antes de estimulação cirúrgica (CARROLL ,1996).
A anestesia local diminui a intensidade de dor pós-operatória alem da duração
esperada do anestésico local, provavelmente por supressão do estado hiperexcitável
prolongado (“desfecho”) responsável pela manutenção de dor pós-operatória. Varias
técnicas anestésicas locais (epidurais, bloqueios anelares, bloqueios de
espalhamento, infiltração local, bloqueios de plexo braquial, anestesia regional,
bloqueios interpleurais usando anestésicos locais) são eficazes no enfraquecimento
da dor. Essas técnicas diminuem as exigências inalatórias, o que facilita o
gerenciamento intra-operatório do paciente (CARROLL ,1996).
Os dois anestésicos locais mais empregados na clinica de pequenos animais
são a lidocaína e a bupivacaína. A bupivacaína possui um período de latência e um
período hábil mais longo que a lídocaína. Nos cães, não deve-se exceder a dose
total de 2mg/kg de bupivacaína. Nos gatos, podem-se usar doses mais baixas
(CARROLL ,1996).
Epidurais
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Tabela 2 – Fármacos epidurais nos cães*.
A dor da toracotomia pode ser tratada com bloqueio nervoso intercostal e/ou
analgesia interpleural mais opiáceos sistêmicos. A administração interpleural pós-
toracotomia ou os bloqueios nervosos intercostais com cloridrato de bupivacaína
têm-se mostrado eficazes, especialmente quando combinados com a administração
de opiáceos sistêmicos. Bloqueiam-se seletivamente os nervos intercostais que
suprem o local da incisão: dois nervos craniais ao local e dois caudais à incisão de
toracotomia. A analgesia interpleural é uma alternativa ao bloqueio nervoso
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intercostal e oferece analgesia prolongada sem múltiplas picadas de agulha. A
bupivacaína deve ser diluída em solução salina e instilada na sonda torácica do
paciente de toracotomia. O local operado deve ser abaixado, devendo permitir
tempo suficiente (20 min no caso da bupivacaína) para a absorção do anestésico
local. Se houver sonda torácica, poder-se-á aplicar uma quantidade adicional de
bupivacaína no pós-operatório (após 6h). Empregando-se bloqueios intercostais ou
interpleurais, deve-se ajustar a dose de bupivacaína para que esta fique abaixo da
dose total de 2mg/kg. As complicações potenciais são pneumotórax, insuficiência
respiratória e/ou intoxicação (FOSSUM et al.,2002).
Técnicas regionais
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adequada sedação (MATSUDA et al., 1999).
Tanto o cetoprofeno quanto o flunixin meglumine possuem propriedades que
possibilitam sua aplicação associada à medicação pré-anestésica, promovendo
recuperação anestésica de melhor qualidade. Em cães, são escassos os trabalhos
na literatura que avaliem os efeitos do cetoprofeno e do flunixin meglumine
associado à analgesia profilática (FANTONI; MASTROCINQUE, 2004).
Recentemente o meloxican e o nimesulide, uma nova geração de
antiinflamatórios tem sido usada na clínica de felinos (MATHEWS, 2000). Estes
fármacos apresentam uma maior potência analgésica e menor incidência de efeitos
colaterais gastroduodenais (CARROLL, 1996).
O meloxicam, um antiinflamatório não esteroidal derivado do oxicam, e
análogo ao tenoxicam, tem a vantagem de ser um inibidor seletivo da cicloxigenase
2 (COX-2), com menor efeito na inibição da COX-1 (OGINO, 1997).
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3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS