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LITISCONSORCIO
LITISCONSORCIO
Novamente, o tema abordado é caro à advocacia. Mais do que caro, o tema é enfrentado diariamente pelos
operadores do direito, tanto pelos advogados, quanto pelos magistrados e membros do Ministério Público.
O litisconsórcio é a situação processual em que duas ou mais pessoas (litisconsortes) litigam em juízo, como
demandantes (litisconsórcio ativo) ou demandados (litisconsórcio passivo). Se ocorrerem simultaneamente os
litisconsórcio ativo e passivo, diz-se se tratar de litisconsórcio misto ou bilateral.
Conceito
O fenômeno do litisconsórcio está previsto no Livro III – Sujeitos do Processo (Parte Geral) – do Código de Processo
Civil, mais precisamente no Título II (Do Litisconsórcio), nos art. 113 e 118.
Em uma primeira análise, a situação aparenta ser simples, pois está disciplinada e possui poucos artigos. Contudo, a
relação envolvendo os sujeitos do processo tem implicações em toda a sistemática civil, razão pela qual merece ser
estudada com destaque.
Apesar do encampado princípio da bilateralidade de partes, costuma-se explicar o litisconsórcio como pluralidade de
partes quando, em verdade, são várias pessoas exercendo o papel de parte ativa ou passiva.
Normalmente, há nos processos um autor litigando contra um réu, disputando sobre uma única lide, ou objeto litigioso
único, a respeito da qual existem questões a serem resolvidas, sejam de fato ou de direito, ou de ambas as espécies,
antes do mérito.
Assim, a ideia é justamente demonstrar o que significa o litisconsórcio, quando e como ele acontece, o que é preciso
saber deste tema, quais os tipos, entre outros aspectos.
De acordo com o Código de Processo Civil, art. 113, as razões que justificam o litisconsórcio são:
Existir comunhão de direitos ou obrigações relativamente à lide;
Conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
Ou ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
Contudo, como mencionado acima, em função de particularidades de cada caso, a existência do litisconsórcio poderá
ser obrigatória ou facultativa. Além da particularidade no que se refere a obrigação do litisconsórcio, ele também
pode ser dividido quando do momento de sua existência: inicial ou ulterior.
Aqui já está suficientemente demonstrado que, apesar de poucos artigos disciplinarem a matéria, a situação do
litisconsórcio no processo civil não é lá tão simples assim. Diante disso, é necessário explicar todos tipos e
classificações dos litisconsórcios (posição das partes, momento da formação, obrigatoriedade).
A necessidade de harmonia dos julgados é uma das razões pelas quais as partes podem litisconsorciar-se, justamente
pela identidade de pedido ou da causa de pedir. Por exemplo: isso ocorre, quando vários condôminos, em juízos
diversos, pleiteiam a anulação da mesma assembléia condominial.
Em resumo, o litisconsórcio ocorre de maneiras e em períodos diferentes, diante das particularidades de cada
processo e cada relação jurídica, sendo possível defini-lo apenas diante do caso concreto.
Tipos de litisconsórcio
Como dito acima, o litisconsórcio pode existir de diversas maneiras. A primeira delas é o facultativo, que ocorre se o
julgamento do mérito da demanda não depender de sua formação, e é justamente por isso que o caput do art. 113
determina: que duas ou mais pessoas podem litigar em conjunto no mesmo processo, não que elas devem fazê-lo.
Em relação ao polo do litisconsórcio, ele poderá ser: ativo (mais de um autor na demanda) ou passivo (mais de um réu
no polo passivo). Ainda que já explicado alhures, quanto à obrigatoriedade o litisconsórcio poderá ser necessário (por
força de lei), ou facultativo.
Além disso, o litisconsórcio ainda é definido de acordo com a uniformidade da decisão, ou seja, como a decisão que
irá analisar o caso concreto deverá atingir àqueles que compõe a relação processual.
Nestes casos, ele é divido em unitário (a decisão é aplicada de maneira una a todos que compõe a relação processual)
ou simples, em que não há obrigatoriedade de uniformização dos efeitos da decisão. Há também uma última definição
que versa quando o magistrado poderá limitar o número de participantes da relação processual.
Definidos as espécies de litisconsórcios, passemos às particularidades.
O art. 113 do CPC/2015 indica as hipóteses de litisconsórcio facultativo, quando duas ou mais pessoas podem litigar
conjuntamente em três hipóteses básicas:
Se entre elas houver comunhão de direitos ou obrigações relativas à lide;
Se entre as demandas de um e outro litigante houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
Quando houver afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.
Em relação a possibilidade de o magistrado limitar a formação do litisconsórcio, o fato se deve a necessidade de não
“comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença”, nos termos do §1º
do próprio artigo 113.
Outro exemplo é o dos condôminos, onde eles podem “exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão,
reivindicá-la de terceiro, defender a sua posse e alhear a respectiva parte ideal, ou gravá-la” (ARRUDA ALVIM,
2017), não apenas em sua fração ideal, pois em função da comunhão de direitos, todos os condôminos ou alguns deles
podem demandar o bem comum em litisconsórcio (litisconsórcio facultativo ativo).
O litisconsórcio rompe o esquema tradicional do processo como actus trium personarum, por isso, a sua formação
decorre da lei. Somente no sentido de que a norma pode autorizar a formação do litisconsórcio em face da alteração
procedimental que acarreta, por vezes tão enérgica, que se admite possa o juiz separar as ações cumuladas.
Outro exemplo é a inclusão dos litisconsórcios passivos necessários, para fins de cumprimento do artigo 6º da Lei
Federal nº. 4.717/1965, Lei da Ação Popular:
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as
autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato
impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.”
A disposição legal é deixa claro que a ação popular deverá ser proposta contra as autoridades, funcionários,
administradores autorizaram, aprovaram, ratificaram, praticado, atuaram de forma omissa e os beneficiários. Desta
feita, qualquer pessoa que se beneficiou direta, ou indiretamente, deverá compor o polo passivo da lide.
Uma das alterações redacionais foi a divisão nos art. 114 e 116, um versando sobre litisconsórcio e o outro para o
tratamento do litisconsórcio unitário. Outra situação alterada foi a retirada do assistente litisconsorcial, no Código
de 1973 era prevista no art. 54. A mudança foi o tratamento da assistência litisconsorcial como uma figura de
intervenção de terceiro.
Art. 124. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica
entre ele e o adversário do assistido.”
A mudança corrige um equívoco em relação ao qual a doutrina brasileira já há tempos chamava a atenção,
sistematizou corretamente o instituto da assistência no âmbito das intervenções de terceiros, diversamente do que
ocorreu no Código de 1973, onde a assistência era tratada no Título II, Capítulo V, Seção II do Código, fora desse
contexto das intervenções e juntamente com a figura do litisconsórcio.
O Novo CPC promoveu importantes modificações no sistema interventivo, muitas delas somente as alterações
topológicas, como o rompimento da tradição dos Códigos anteriores e atendendo a críticas de parte da doutrina, o
legislador passou a tratar da assistência – mesmo a litisconsorcial – dentro do título destinado às intervenções de
terceiros (arts. 119-124).
Em segundo lugar, retirou da parte interventiva as figuras da oposição e da nomeação à autoria, passando a
discipliná-las, respectivamente, no campo dos procedimentos especiais (arts. 682-686) e da contestação (art. 339).
Por último, passou a rotular de modalidades interventivas o incidente de desconsideração da personalidade jurídica
(arts. 133-137) e a figura do amicus curiae (art. 138).
Conclusão
O que foi possível perceber com a leitura dos poucos, mas profundos e densos, artigos sobre o litisconsórcio (mais de
um autor – litisconsórcio ativo, ou, então, um autor contra vários réus – litisconsórcio passivo, ou haver vários autores
contra vários réus – litisconsórcio misto), que a marca deste fenômeno é a existência de pluralidade de pessoas, num
mesmo polo do processo – ou em ambos os polos do processo – no papel de parte ativa ou passiva.
Por fim, relevante pontuar acerca das longas classificações do litisconsórcio (facultativo, ativo, passivo, necessário,
facultativo, unitário, simples) que são fundamentais para o operador do direito conhecê-las e entendê-las, de modo a
utilizá-las na técnica e no dia a dia.