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Crianças com Infecções

Congênitas na Atenção
Básica: Como conduzir?

OUTUBRO 2018
Caso
1
Criança, 45 dias, tem alta hospitalar em
tratamento para toxoplasmose.

Como a Atenção Básica pode atuar no


acompanhamento?

O que deve ser monitorado?


Triagens neonatais

üO teste do reflexo vermelho deve ser realizado na primeira


consulta do recém-nascido na atenção básica e repetido
aos 4, 6 e 12 meses e na consulta dos 2 anos de idade
(AMERICAN...,2003; AMERICAN..., 2002; SOCIEDADE...,
2012) – caderno de atenção básica MS 2012

ü triagem auditiva

üteste da oximetria

üTriagem biológica – teste do pezinho


TOXOPLASMOSE
Quadro clínico:
Cerca de 70% das crianças acometidas são

assintomáticas ao nascimento;

Aproximadamente 10% têm manifestação grave


nos primeiros dias de vida;


•A forma subclínica é a mais comum com história


materna, sorologia positiva no RN, alterações
leves do líquor e posteriormente surgem sequelas
oculares e neurológicas.
Quando suspeitar:
Mãe com IgM positiva e IgG negativa para

Toxoplasmose na gestação;

Mãe com IgM e IgG positivas para Toxoplasmose


e teste de avidez baixa nos 4 primeiros meses de


gestação; 

Mãe que faz viragem sorológica na gestação


(tinha IgG para Toxoplasmose negativa no inicio


da gestação e passa a ficar positiva ).
Como acompanhar
•Sulfadiazina - 100mg/kg/dia, via oral de
12/12horas
•Pirimetamina -2mg/kg/dia via oral nos primeiros

dois dias, 12/12horas, posteriormente 1mg/kg/dia,


dose única diária. 

•Acido folínico - 5 a 10mg três vezes na semana.

Manter por uma semana após a retirada da


pirimetamina.
•O tempo de tratamento é durante todo o
primeiro ano de vida.
Como acompanhar
•A sulfadiazina e a pirimetamina associadas ao acido
folínico são usados por seis meses sob monitoração
hematológica semanal e depois mensal.
•Nos últimos seis meses a sulfadiazina é usada
diariamente, a pirimetamina em dias alternados (três vezes
na semana); se ocorrer neutropenia aumenta-se o acido
folínico para 10mg diariamente e em situações graves com

leucócitos menor que 500/mm3 interrompe-se a


pirimetamina.
•Realização das triagens neonatal ( biológica, auditiva,
ocular)
•Realizar BERA

•Estimulação precoce
Caso 2

Criança, 10 dias, é levado ao posto de


saúde por estar “amarelinho”. Ao ser
examinado o médico encontrou ictericia +
+/Zona IV, presença de hepato

esplenomegalia. Peso atual de 2200g.


Que outras informações devem ser
colhidas?
CITOMEGALOVÍRUS
Quadro Clínico:

Quadros de colestase;
hepatoesplenomegalia; icterícia;

petéquias; microcefalia com ou sem


calcificações intracranianas;
coriorretinite; estrabismo; crescimento
intrauterino restrito e prematuridade.
Quando suspeitar
•Mãe com IgM positiva para CMV e IgG negativa
para CMV na gestação;
•Mãe com IgM e IgG positiva para CMV e teste de

avidez baixa nos 4 primeiros meses de gestação;


•Mãe que faz viragem sorológica na gestação;

•Quadros de colestase, hepatoesplenomegalia


e plaquetopenia no RN.
Como diagnosticar
•Exame físico;
•IgM por captura para CMV positivo;

•IgG para CMV do bebê com título mais alto do que o

da mãe (parear sorologias);


•Realização das triagens neonatal ( biológica, auditiva,

ocular) 

•Realizar BERA

•Estimulação precoce

•Fundoscopia;

•Estudo do líquor;

•PCR para CMV na saliva, urina ou plasma;


Quando tratar
•As indicações de tratamento no RN limita-
se até a presente data em quadros de
colestase, envolvimento de SNC,
pneumonias e septicemias.
•Quando o diagnóstico não é feito nas 3

primeiras semanas de vida fica difícil


estabelecer se a contaminação foi
intrauterina ou perinatal. Na contaminação
perinatal não está bem estabelecido o
tratamento.
Como acompanhar
•Acompanhamento durante o primeiro ano de vida com
especialista, caso tenha coriorretinite deverá fazer
acompanhamento semestral com oftalmologista.
•Avaliação semestral da acuidade auditiva (maior
causa de surdez neurossensorial na infância),
•Estimulação precoce

•Avaliação com neuropediatra

•Não contra indicar o aleitamento materno, exceto em

casos especiais (imunodeprimidos, prematuros com


idade gestacional inferior a 32 semanas).
•Acompanhamento com outros especialistas.
Caso 3
•Criança, 3 meses, é atendida no posto de
saúde e a mãe informa que não amamenta
a sua filha pois tem HTLV.
•Qual a sua conduta e como acompanhar

esta criança?
HTLV

A maioria dos indivíduos infectados


permanece assintomática, no entanto o
HTLV-I pode causar patologias graves,
dentre as quais ATL (Leucemia/linfoma de
células T do adulto), mielopatia associada

ao HTLV-I/paraparesia espástica tropical


(HAM/TSP) e dermatite infecciosa
associada ao HTLV-I (mais frequente em
crianças).
Como diagnosticar e acompanhar
• Através de carga viral no bebê com 4 e 6 meses.
•Repetir sorologia com 18 meses.
•Não existe , na atualidade, tratamento para HTLV em RN,

o que se preconiza é a não amamentação pois a maior via


de contaminação na criança é por leite materno.A criança
deverá receber fórmula láctea do primeiro semestre ainda

na maternidade.
•Realização das triagens neonatal ( biológica, auditiva,

ocular)
•Realizar BERA

•Estimulação precoce

•Acompanhamento com especialista


Caso 4

•Criança, 4 meses, é atendida na


puericultura e a mãe informa que a criança
quando nasceu ficou internada por 12 dias
pois teve que tratar sífilis.

•Como acompanhar esta criança?


SÍFILIS: Como acompanhar
•Avaliação mensal até o sexto mês de vida, e trimestral até
24 meses:
•VDRL - 1, 3, 6, 12, 18 e 24 meses: os títulos devem declinar

por volta do terceiro mês e tornam-se negativos entre seis e


doze meses após o tratamento.
•Caso não haja queda ou se houver aumento dos títulos

após um ano ou em caso de persistência ou recorrência dos


sinais ou sintomas => reencaminhar para tratamento


hospitalar.
•Realizar TPHA (HTPA) ou FTA-Abs após 18 meses de idade

para confirmação ou descarte do diagnóstico.O teste


treponêmico negativo afasta o diagnóstico de sífilis
congênita.
Como acompanhar
•No caso de neurossífilis: Exame liquórico aos 6 meses e
se necessário aos 12,18 e 24 meses. Caso mantenha
VDRL positivo ou celularidade ou proteína alterados após
dois anos de idade => retratamento.
•Acompanhamento neurológico, audiológico e oftalmológico

semestral até dois anos de idade:


•Vigilância do desenvolvimento infantil

•Realização das triagens neonatal ( biológica, auditiva,


ocular)
•Realizar BERA

•Estimulação precoce
Caso 5

Criança, 1 ano de idade, é portadora de


SIDA A1 e faz uso de AZT+3TC+Nevirpina.
Como a Atenção Básica pode atuar no

acompanhamento desta criança além de


contra indicar a amamentação?
HIV :Como acompanhar

•Monitorar o uso dos ARVs, se está tomando


realmente, pedir ao ACS que vá ao domicílio, ou
até fazer uma visita domiciliar
•Ficar atenta aos efeitos colaterais das drogas:

Anemia, pancreatite. Nestes casos, encaminhar


precocemente para especialista. Se Hb <10,


suspender AZT e transfundir SN.
Caso 6

Criança , 2 meses, é atendida na


puericultura e a mãe informa que é


portadora de Hepatite B e que o bebê está
sendo investigado. 

O que deve ser avaliado neste caso?


HEPATITE B
Quadro Clínico:
• Na maioria das vezes,
assintomático

Quando suspeitar:Mães com AGHBS POSITIVO,


principalmente se HBeAG for positivo


•Como diagnosticar no RN:Através de carga viral


no bebê com 4 e 6 meses.
•Repetir sorologia com 18 meses

INDICAR ALEITAMENTO MATERNO


Caso 7

•Caso a mãe da criança do caso anterior


fosse portadora de Hepatite C, como seria
a sua conduta? 
HEPATITE C
•Quadro Clínico: A maioria das crianças nascem
assintomáticas
•Quando suspeitar:Mães com ANTI HVC

POSITIVO
•Como diagnosticar no RN:Através de carga viral

no bebê com 4 e 6 meses.Repetir sorologia com


18 meses 

•Como tratar e acompanhar:Não existe , na

atualidade, tratamento para Hepatite C no RN.


•Não contra indicar o aleitamento materno, a

não ser em situações especiais ( mães com


fissuras mamárias)
Caso 8
Criança, 3 meses, chega na Unidade da
Saúde para acompanhamento de
puericultura e a mãe informa que teve Zika
na gestação. 

Ao exame nota-se PC < -3 score Z,


constatando a microcefalia.
Qual a sua conduta?
Zika Virus
•A síndrome do Zika Congênita ainda é uma
doença nova e pouco estudada.
•Alterações articulares: sobreposição de dedos,

braços e pernas curvadas e assimetria de


membros (artrogripose);
•Alterações oculares: alterações pigmentares em

região macular e periferia, cicatrizes


corrioretinianas , grandes atrofias nervo óptico e
estrabismo uni ou bilateral;
•Irritabilidade, Convulsões, Alteração sono/vigília;
Zika Virus
•Distúrbios de sucção/deglutição;
•Cérebro e cerebelo quase inexistentes, padrão de

completa destruição ( mesmo em crianças sem


microcefalia);
•10% dos bebês desenvolveram epilepsia por volta

do terceiro mês de vida;

•Microcefalia e, após o nascimento, a área vazia

deixada pelo cérebro de tamanho reduzido é


preenchida por líquido (hidrocefalia e
lissencefalia.)
Como investigar
•Medir perímetro cefálico, repetir nova medida com
24 a 48h de vida. Medir perímetro torácico (PT) e
comparar com o PC, este deve ser cerca de 1 a 2
cm maior que o PT;
•Solicitar exames do binômio: IgM por captura e

IgG quantitativo para Dengue, Chikungunya,


Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus,
Parvovírus B19 e Herpes, Elisa para Zika, VDRL;
Como investigar
•Exames laboratoriais inespecíficos: hemograma completo,
dosagens séricas de aminotransferases hepáticas, ureia e
creatinina e outros conforme necessidade do recém-
nascido.
•Triagem neonatal: Teste do olhinho; Triagem auditiva

(EOA)
•Teste do pezinho

•P.E.A.T.E./B.E.R.A.

•Fundoscopia

•US transfontanelar, caso não tenha condição técnica na

realização do exame, solicitar Tac de crânio.


•US de Abdomen total

•Ecocardiograma
Como acompanhar
•As crianças devem iniciar estimulação precoce nos
primeiros dias de vida, com equipe multiprofissional
(fisioterapia, fonoaudiologia, terapeuta ocupacional,
psicólogo).
•Crianças que tenham coriorretinite devem ser
acompanhadas por oftalmologistas e serem inseridas em

programas de reabilitação visual, assim como as crianças
que tenham alteração audiológica (B.E.R.A ou E.O.A
alterados) devem fazer reabilitação auditiva.
•A vigilância do desenvolvimento infantil deve ser
acompanhado de acordo com a Caderneta de Saúde da
Criança.
GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA
SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DA BAHIA
SUPERINTENDÊNCIA DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE
DIRETORIA DE GESTÃO DO CUIDADO
COORDEÇÃO DE CICLO DE VIDA E GÊNERO
Área Técnica de Saúde da Criança (ATSC)
Tecnica: Margareth Hamdan M. Coelho

Tel: 71 3115-4216/4245
dgc.saudedacrianca@saude.ba.gov.br
Margareth.coelho@saude.ba.gov.br
Muito Obrigada!

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