Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Trab Escrito Biomol
Trab Escrito Biomol
DUPLICAÇÃO GÊNICA
Grupo 5: Ana Luiza Pereira, Henry Aguiar, Leticia Jung. Luana Martins e Renato Romero.
Rio de Janeiro
2023
A maioria das proteínas associadas ao DNA está lá para compactar a grande molécula,
para que ela possa caber no núcleo, porém esse compactamento também é uma forma de
controlar quais partes do genoma estão ativas, quais serão ou não transcritas em RNA
mensageiro. O complexo DNA-proteína é denominado Cromatina e as principais proteínas
em que o material genético se enrola são as Histonas, sua função e proeminentemente
estrutural, elas se enovelam no cromossomo como se o mesmo fosse uma linha de barbante
em um carretel, o material genético se enrola em diversas histonas (formando uma espécie de
corda com pontos) e em seguida as histonas se enrolam nelas mesmas. Para uma comparação
de importância, todo o material genético humano alinhado resultaria em uma única linha com
aproximadamente dois metros de comprimento, porém ao serem enovelados e compactados
eles chegam a apenas cinco micrometros de diâmetro.
Sendo assim, é possível que haja algum emparelhamento incorreto, porém existem
diversos mecanismos para consertar possíveis erros. Algumas enzimas na síntese do material
genético trabalham para corrigir os erros logo no início, como a própria DNA Polimerase,
enquanto outras enzimas trabalham para corrigir erros tanto na pós síntese, para corrigir
mutações.
A duplicação gênica são quaisquer duplicações de partes do DNA, não ele inteiro, suas
origens são várias elas podem vir de erros no alinhamento, de recombinações homólogas, de
eventos de retrotransposição ou até mesmos de duplicações de um cromossomo inteiro,
muitas são suas possíveis origens. Mas em todo caso elas são responsáveis por mutações
estruturais que podem ou não continuar ativas ou desempenhar uma diferente função, para o
benefício ou malefício do portador
Em grande parte dos organismos os genes podem ser agrupados em famílias gênicas, grupos
baseados em estrutura, função, dentre outras similaridades. A formação de tais famílias
gênicas teve seu início com as Duplicações Gênicas.
A duplicação gênica é um mecanismo que aumenta o material genético, sendo que é
relacionada como um importante fator nos estudos acerca da evolução de eucariotos. Em
teoria um ancestral comum começou a fazer a duplicação gênica, resultando em um aumento
da diversidade genética de seus descendentes, caso contrário ele teria de ter todos os
componentes genéticos observados na diversidade de organismos atuais, o que é muito
improvável.
As novas funções derivadas desse fenômeno vêm, em sua maioria, da reutilização de
um material genético preexistente, sabemos disso por proteínas conservadas comparadas com
as de diversos organismos atuais ou ancestrais. Porém, a duplicação apenas replica uma parte
do material genético, logo as possíveis novas funções vêm da dinâmica de se ter um gene
repetido. Se há mais de um gene, um deles é redundante, umas das cópias está livre, assim
uma cópia pode continuar desempenhando suas funções enquanto a outra acumula mutações
que podem, ou não, vir a serem decisivas para a sobrevivência do portador.
Mesmo assim, ter mais de uma cópia de um gene apenas pela chance dele em algum
momento desenvolver uma função útil é custoso. Porém em alguns casos é fácil de identificar
a vantagem, principalmente nos organismos com múltiplas cópias de um gene que ao
desempenharem a mesma função, está se tornando mais efetiva. Um exemplo, indivíduos da
espécie Culex pipiens, com o gene da dosagem da proteína esterase duplicada, apresentam
maior resistência a inseticidas (Guillemaud et al,1999). Outra vantagem que cobriria o custo é
a proteção contra mutações e perturbações ambientais, se um estiver muito comprometido
tem outro para substituir.
Contudo, é observado que os genes duplicados precisam estar diferenciados em algum
grau para serem mantidos por seleção natural. Como uma das cópias será redundante, sem a
necessidade de assumir sua função original, ela poderia sofrer uma neofuncionalização que
poderia gerar um novo fenótipo
Para que ocorra a neofuncionalização, o duplicado tem de adquirir a função
divergente e se fixar antes que se torne um pseudogene. Como a maioria das mutações que
afetam o fitness são deletérias e os genes duplicados redundante, quase todas as cópias serão
destinadas a degeneração, embora alguns estudos tenham sido contrários a essa afirmação,
defendendo uma elevada taxa de retenção das cópias.
Foi proposto o modelo de sub funcionalização, em que mutações deletérias ocorreriam
em diferentes zonas dos dois duplicados, logo desenvolve-se uma complementação, com
ambas as cópias passando a ser necessárias para o organismo (Force et al, 1999). O modelo
seria a defesa para elevadas taxas de retenção de cópias, pois assim as cópias poderiam ser
mantidas por seleção natural, podendo durar tempo o suficiente para desenvolver ou não uma
neofuncionalização.
Em resumo uma duplicação genica pode resultar em uma cópia sem função que será
degenerada se tornando um pseudogene, em uma neofuncionalização ou em copias que
dividirão uma função entre si, em uma codependência. Sendo que as cópias da duplicação
gênica costumam durar mais com genes pleiotrópicos, que possuem controle sobre várias
características.
As duplicações gênicas foram cruciais para evolução dos vertebrados, os genes Hox,
por exemplo, codificam fatores de transcrição essenciais para a especificação do destino
celular no desenvolvimento embrionário. Os genes Hox ocorrem em clusters, e a presença de
quatro clusters em vertebrados, em comparação com um único em invertebrados, sugere dois
eventos de poliploidização no início da linhagem dos vertebrados.
O DNA é uma molécula enorme e muito complexa, sua replicação precisa ser muito
precisa e fiel para garantir a estabilidade da nova fita, além disso, a replicação precisa ser
rápida, o DNA tem o comprimento de bilhões de bases nitrogenadas, a replicação de tudo
isso precisa ser feita rapidamente de outra forma seria inviável para maioria das células que
se replicam em horas ou ate mesmo minutos.
A DNA Polimerase é a principal enzima que replica o DNA e ela realiza essa façanha
com muita precisão e velocidade. A enzima tem dois substratos um sendo a junção iniciador-
molde (porção de ácido ribonucleico, com parte dupla fita conjugada a uma parte de fita
simples) e outro substrato estando na forma de desoxinucleotídeos livres ligados a três
fosfatos (em uma configuração muito parecida com a do ATP, só que com uma desoxirribose
e podendo ter qualquer base nitrogenada que um DNA possa precisar não só a Adenina).
A DNA Polimerase é dividida em três domínios com funções distintas, como a forma
da enzima se assemelha a de uma mão direita os domínios são nomeados de acordo; domínio
do polegar, da palma e dos dedos.
No domínio da palma é onde está o sítio ativo da enzima, onde o DNA e sintetizado.
Como os desoxinucleotídeos livres estão ligados a três fosfatos eles têm uma carga muito
negativa, para balancear isso, no sítio ativo da enzima há um íon magnésio. A formação do
oxianion na hidroxila do carbono 3’, que vai possibilitar a ligação fosfodiéster, também é
estimulada por um íon magnésio. O domínio da palma faz suas ligações de forma não
especifica, dependendo do correto pareamento entre as bases. Porém, caso haja um erro no
pareamento, a molécula vai perdendo a afinidade com a enzima, assim quando a molécula se
desliga do sítio de replicação ela rapidamente se liga ao sítio de revisão de leitura, no próprio
domínio da palma. Quando a fita de DNA com o pareamento incorreto vai para o sítio de
revisão, este simplesmente irá retirar o último nucleotídeo pareado, que se tudo estiver de
acordo será o que está pareado de forma incorreta.
Geralmente há apenas um erro por cem mil nucleotídeos incorporados, com a ação
exonuclease do sítio de revisão essa probabilidade diminui ainda mais.
O domínio do polegar faz com que o substrato se encaixe corretamente no sítio ativo.
ele garante que apenas um único nucleotídeo esteja presente no sítio ativo, ditando uma
ordem e velocidade para a replicação. Paralelamente ele também auxilia para que várias
ligações fosfodiéster sejam feitas de forma constante, novamente ditando a velocidade da
replicação.
DNA Helicase é a responsável por ativar a DNA polimerase depois que ela já está
posicionada na junção iniciador-molde, ela estimula a atividade da primase, e essa irá
estimular a atividade da polimerase. Esta promove a abertura da dupla hélice do DNA
desassociando as pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas e permitindo que a
replicação aconteça, a enzima vai “caminhando” em qualquer pela dupla fita separando-a
continuamente em duas fitas simples, a polaridade da enzima que dá a ela a capacidade de
andar por toda a extensão da fita.
FORQUILHAS DE REPLICAÇÃO
A fita líder está no sentido 5’3’, ela é sintetizada continuamente, pois ela esta no
mesmo sentido da replicação. Já a fita tardia está no sentido 3’5’, ela é sintetizada em partes,
pedaço por pedado, pois está no sentido oposto ao da replicação, essas sessões de
replicamento de DNA da fita tardia são conhecidas como fragmentos de Okasaki. Os
fragmentos variam de tamanho dependendo se o organismo for um procarioto, com cada
fragmento tendo de mil a dois mil pares de base, e se for um eucarioto, onde os fragmentos
têm de duzentos a quatrocentos pares de base.
O material genético humano é uma grande molécula constituída apenas por Ácido
Desoxirribonucleico, não pode haver RNA misturado. Logo as junções iniciador-molde
inseridas pela Primase precisam ser retiradas da molécula. Sendo assim, a RNAse H é a
responsável por localizar e degradar o iniciador de RNA. Após há uma curta ação da
exonuclease 5’ que degrada apenas a última base de RNA que faz ligação fosfodiéster com o
primeiro nucleotídeo que a DNA polimerase adicionou, já que a RNAse H não consegue
degradá-lo por estar ligado a uma base de DNA. Ao fim há a ação uma DNA Polimerase mais
lenta, para replicar o pedaço faltante. Porém o último nucleotídeo não vai conseguir fazer
uma ligação fosfodiéster sozinho com a próximo já sintetizado, se faz necessário que a DNA
ligase use a energia de uma molécula de ATP para ligar a cadeia recém-replicada com a
próxima.
A DNA-helicase é uma enzima processiva que possui polaridade e que tem como
função abrir a fita de DNA. Ela determina a direção da replicação do DNA. Essa enzima
interage com a primase, estimulando sua atividade.
Devido ao fato do DNA tender a ficar em forma de dupla fita se tornam necessárias as
SSB (proteínas ligadoras de simples fita) durante a replicação. As SSB interagem com o
DNA por meio de interações eletrostáticas com o esqueleto de fosfato. Essas proteínas
possuem uma ligação cooperativa, permitindo uma ligação em cadeia, onde uma ligação
estimula uma nova em um trecho adjacente. Dessa forma elas mantêm o DNA alongado.
Pelo DNA dos eucariotos ser muito maior do que de procariotos, impossibilita que o
DNA seja todo copiado de uma só vez, diferindo então dos procariotos. Em eucariotos o
complexo ORC se liga em uma fase do ciclo e fica ativo, dando início a replicação em outra
fase do sítio. Ele reconhece e é montado na fase G1 e dá início a replicação na fase S (fase de
síntese do DNA). A regulação ocorre pelas proteínas recrutadas pelo complexo ORC
chamadas de Cd6 e Cd1 que são fosforiladas pelas CdKs. Ao serem fosforiladas elas
desligam-se do complexo ORC, ativando o complexo ORC que recruta as outras proteínas
envolvidas na síntese do DNA (primase, DNA-helicase, proteína carregadora de grampo,
DNA-polimerase, grampo deslizante).
Dessa forma o complexo ORC é regulado pela atividade das proteínas CdKs. Quando
em baixa atividade de CdKs há a formação de novo complexo pré-replicativo, mas não há
ativação dos complexos pré-replicativos. Quando há alta atividade de CdKs ocorre a inibição
de novos complexos pré-replicativos e a ativação de complexos pré-replicativos já existentes.
Na fase G1 as CdKs estão baixas, logo é a fase em que os complexos pré-replicativos são
montados. Enquanto na fase S, na fase G2 E na fase M os níveis de CdKs estão elevadas, o
que permite que os complexos montados na fase G1 sejam ativados, quanto a formação de
novos complexos é inibida. Ao voltar a fase G1 os níveis de CdKs caem e um novo ciclo se
inicia.
TÉRMINO DA REPLICAÇÃO
REFERÊNCIAS:
Brosh, Robert M. Jr. DNA helicases involved in DNA repair and their roles in cancer. Nature
Reviews Câncer. volume 13, pages542–558 (2013).
Freitas, Alberto de. Biologia celular: Texto 7 – Organização do Núcleo interfásico. USP. 03
de outubro de 2023. Disponível em: https:
<//edisciplinas.usp.br/mod/book/view.php?id=2433773&chapterid=19677#:~:text=Este%20c
omplexo%20DNA%2Dprote%C3%ADnas%20%C3%A9,processo%20de%20compacta%C3
%A7%C3%A3o%20da%20cromatina>.
Tuteja, Narendra; Renu Tuteja. Unraveling DNA helicases: motif, structure, mechanism
and function. European Journal of Biochemistry, 2004 - Wiley Online Library. 27 de Abril
de 2004.
Santos, Maria Emília Pombo dos. Evolução por duplicação génica: estrutura e função da
classe FoxP. Dissertação de mestrado. Departamento de Biologia. Faculdade de Ciências
Universidade de Lisboa. Lisboa, 2007.