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Admin,+imposto Sobre Circulacao
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Não quer isto dizer que tais bens não tido início com a saída. da sociedade c~
possam ser posteriormente alienados. e que tituenda. dos bens originàriélDl{nte recebidos
a saída decorrente dessa alKnação não pos~ por. ela a título de conferência de capital.
sa configurar circulação. Nestes casos. a
incidência do I.C.M. ocorrerá. mas como São Paulo. maio de 1967. - Rubem
primeira etapa de uma circulação que terá Gomes de Sousa, advogado em São Paulo.
Nesse mesmo artigo. § 7'. dispõe que do I1I) Pode a União. por lei complemen-
produto da arrecadação dêsse impô8to. oi~
N tar ou ordinária. ou por decreto-lei. insti~
tenta por cento constituirão receita dos Es~ tuir um Fundo Estadual de Participação
tados e vinte por cento. dos Munlcipios". dos Municípios. integrado pela parcela de
devendo as parcelas pertencentes aos Mu~ 20% da arrecadação total do ICM em cada
nicipios creditarem-se "em contas especiais. Estado, para efeito de redistribuição pelos
abertas em estabelecimentos oficiais de cré~ respectivos Municípíos. proporcionalmente
dito. na forma e nos prazos fixados em lei à superfície, população, produção e re~
federal". celta tributária, ou com base em algum
outro critério7
Tendo em vista que no parágrafo se fala
de .. parcdas pertencentes aos Municípios". 11
pergunta-se:
1. Tanto considerando em seu conjunto
I) Essa referência DO plural (Munlci~ os textos da Constituição federal, nos quais
pios) significa pertencerem os vinte por se consubstancia o sistema tributário, como
cento globalmente a todos os Municipios tendo em vista apenas o § 7· do art. 24.
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I'
concernente à distribuição da receita decor- tados (arts. lO, n" V, letras b e c, art. 13,
rente do impOsto sôbre circulação de mer- ns. m, VI, VII e § SO) e Municípios (art.
cadorias (ICM), parece-nos caber, neces- 16, §§ 1', 2", 3° e SO). Assim sendo, não
sàriamente, a cada MunicípiO, como receita pod€ria afastar-se do critério tradicional
própria, 200/0 do montante arrecadado no de discriminação taxativa, para colocar re-
respectivo território. Temos por excluída, ceitas tributáriéIB básicas das pessoas jurí-
destarte, a possibilidade de adotar-se, por dicas de Direito Político na dependência
ato legislativo, qualquer outro critério de de atos legislativos, capazes, como é óbvio,
distribuição. de estabelecerem a sujeição econômica dos
Estados à União, e dos Municípios aos
2. A taxativa discriminação de rmdas, Estados. Se o tivesse feito, mostrar-se-ia
incoerente consigo mesma, poís acolhendo,
entre a União, os Estados e os Municí-
por um lado, o critério da enunciação espe-
pios, atribuindo às pessoas jurídicas de Di-
reito Político, das diferentes órbitas, recur- cífica de receitas. assecuratório da auto-
nomía econômico-financeira das entidades
sos tributários à base da imposição sôbre
menores, por outro o tornava inoperante
fatos geradores referidos, especificamente,
pela permissão de interferências legislativas
como fontes de impostos para cada qual
que, desfigurando-o, anulariam, na prática,
delas, constitui uma das pilastras funda-
aquela autonomia. Por isto, as suas normas
mentais do regime federativo (relações CIIl-
sôbre a competência imposítiva guardam
tre a União e os Estados) e da autonomia
harmonia com os princípios informadores
das municípalidades (relações entre Esta-
da estrutura política do regime, não dei-
dos e Municípios), segundo a nossa tradi-
xando margem ao legislador para instituir
ção constitucíonal, cujas origens remontam
critérios eventuais de repartição das recei-
à Constituição de 1891 (na qual ainda não
tas especificamfnte destinadas ao Distrito
se davam rendas privativas aos Munící-
pios) e que se desenvolve através das ou- federal, aos Estados, e aos Municípios.
tras Cartas Políticas (tooas já contemplan-
do, de par com os Estados, OS Municípios). S. Tal como o fazia o direito anterior,
Por ela, com a rigidez peculiar das normas a Constituição de 1967 especificou, no con-
do direito positivo de grau máximo, se as- cernente à União, ao Distrito Federal, aos
segura às unidades federadas receita pró- Estados e aos Municípios, os fatos gerado-
pria, subtraindo-as à d, pendência da União, res pe culíares às respectivas jurisdições tri-
e, do mesmo passo, se acobertam os Muni- butárias (arts. 22, 24 e 2S), de sorte a as-
cípios contra a dependência econômica em segurar, a cada um, fontes próprias de re-
face dos Estados, atribuindo-se-Ihes recur- ceita.
sos próprios para o custeio dos seus servi-
ços públicos. Distanciou-se da sistemática adotada pe-
las Constituições precedentes, mas não
3. Neste particular o constituinte de nesse ponto. A sua tendência inovadora se
1891, cuja orientação foi preservada ao revelou, sobretudo, na racionalização do
correr das mutações constitucíonais que o sistema tributário. Pelo que, considerando a
País sofreu até hoje, teve bem a noção da massa contribuinte como um todo no con-
realidade do meio brasileiro, fugindo ao texto da economia do País, excluiu a su-
modêlo nortt'-americano, segundo o qual a perposição de cargas fiscais e utilizou o
privatividade da competência se refere ape- poder impositivo em função das sugestões
nas à União, e, ainda assim, em uma faíxa mutáveis da conjuntura econômica, interna
muito limitada. e internacional. E, sob a Inspiração de tais
propósitos, vedou a cobrança de taxa com
4. A Constituição vigente manteve o re- assento em base de cálculo, que haja ser-
gime federativo e a autonomia municipal vido para a incidência de impôsto (art. 19,
( arts. 1', 13 e 16), ainda que impondo § 2'), e a dupla tributação no exercício
algumas normas e restrições inéditas a Es- da competência residual (art. 19, § 6") ,
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estabeleceu a IÍão-cumulatividade dos im- rios de auxílios da pessoa de Direito
postos sõbre produtos industrializados e Público arrecadadora.
circulação de mercadorias (arts. 22, I 4'.
e 24, § 59), permitiu a variação das alí-
quotas e bases de cák:ulo dos impostos de 6. Quando a Constituição quis condi-
importação, exportação e sObre operações cionar a participação na receita tributária
de crédito, câmbio, seguro, ou relativas a a critérios não diretamente seus, porém do
títulos e valõres mobiliários (art. 22, § :z.). legislador, disse-o explicitamente, abrindo
Quando comete à União arrecadar impostos exação à rigidez pEculiar da disCrimina-
a serem transferidos parcialmente aos Es- ção de rendas. g o que se vê do art. 26,
tados (art. 28), com o que não inovou. com a instituição do "Fundo de Participa-
pois a Constituição de 1946 já conhecia ção dos Estados e do Distrito Federal" e
êsse mecanismo (art. 15. §§ 29 e 49 ) . e do . "Fundo de Participação dos Municí-
atribui aos Estados arrecadarem impostos pios". Os recursos que nêles se integram
para transferência aos Municipios (art. 24. ("impôsto de renda e proventos de qualquer
§ 79 ) , não rompe a rigidez da discrimina- natureza" - art. :12, n9 IV) e que, pela
ção. Sim, porque uma coisa é a competên- Constituição de 1946, constituíam receita
cia para arrecadar e outra a titularidade própria dos Municípios (art. 15, § 49 ) .
do direito sõbre a receita arrecadada. Em pocl<m favorecê-los agora, bem como aos
todos os casos de arrecadação para trans- Estados, mas em forma de auxílio, segun-
fuência posterior de parcelas ao Distrito do critérios que o Congresso tenba por
Federal e aos Estados ou Municípios. o melhores.
que há é apenas a unificação da aparelha-
gem arrecadadora, seja por motivos de or- 7. Com a enunoaÇ3o rígida de rendas
dem prática (arts. 22, ns. IV, VIII, IX e tributária&. assegurou-ee base econômico-
X, e 24. n9 11 e § 79 ) . seja para contrõle -financeil'a considerada indispensável para
da aplicação de certas receitas. quando se a sobrevivência mesma das unidades polí-
comete à lei federal lhes vincular a apli-
cação (art. 28, parágrafo único). As re-
ticas federadas (EstadÓS) e- das- subUDi-
dades, também politicas, ainda que mais
ceitas arrecadadas são, originàriamente, administrativas do que políticas (Municí-
das pessoas de Direito Público às quais se pios), componentes da peculiar estrutura
transferem apãs a arrecadação. Elas do tríplice da nossa Federação. Com a insti-
nas recebem como subvenção ou auxilio tuição dos Fundos, visto o problema sob
da pessoa de Direito Público arrecadadora, outro prisma, se adotou um mecanismof1e-
mas como créditos próprios, por fôrça do xivel, a juízo do Poder Legislativo. para
texto constituciona! instituidor básico dos a partilha do produto de certas fontes de
tributos. Daí porque os textos alusivos a recursos, capaz de permitir o atendim€nto
impostos arrecadados por uma pessoa de desigual (em têrmos absolutos) de Esta-
Direito Público para entrega a outra, se dos e Municípios, visando a corrigir de-
reportam à parcela desta outra dizendo que sigualdades naturais ou 'conjunturals entre
lhe pertence ("Pertencem ao Municipios..... êles. Não se amarrou o parcelamento e
- art. 25, § 19 ). que lhe aerá distribuída normas preestabelecidas, como feito a pro-
("A União distribuirá aos Estados, Dis- pósito dos impostos sõbre combustíveis,
trito Federal e Municípios ........ - art. energia elétrica e minerais (art. 28, pará-
28), que constituirá receita SUB ( "oitenta grafo 6nico), porque rendas próprias dos
por anto constituirão receita dos Estados Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
e vinte por cento, dos Municípios ••. " - cípios.
art. 24. § 79 • Usam-se expressões significa-
tivas de que os Estados ou Municípios do 8. Em função dêsse quadro de .antece-
titulares de direitos subjEtivos a determina- d?ntes, e tendo em vista que a ra:dio de
das parcelas da arrecadação, recebendo-as ser do sistema tributArio. na FederaçAo
como tais e não na qualidade de beneficiá- brasileira, está, precIsameme, no propósito
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