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DIREITO PROCESSUAL CIVIL V e VI

Parte I.
Procedimentos Especiais de Jurisdição Contenciosa.

Professor Luiz Gustavo T. Braga.

Versão final.

01. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS – jurisdição contenciosa.

01.1 – Noções gerais.

O Código de Processo Civil prevê para solução dos litígios um procedimento comum,
que se desdobra em ordinário e sumário e vários procedimentos especiais, os quais, assim
são chamados, pois, submetem-se a trâmites processuais específicos e se revelam total ou
parcialmente distintos do ordinário e sumário.
Na realidade, a índole dos procedimentos especiais é a de harmonizar, adequar-se às
peculiaridades de certos direitos materiais a serem disputados em juízo, considerando a
insuficiência do procedimento comum – ajustar a forma ao objeto da ação.

Alguns procedimentos especiais, por sua natureza, reúnem em si, numa única relação
processual a declaração do direito acertado ao caso, bem como, a sua execução (possuem
preponderante função executiva) – são as chamadas ações executivas lato sensu. Mesclam as
funções de declaração e realização do direito (Ex.: possessórias, nunciação de obra
nova).

Quanto às regras procedimentais, naquilo que o procedimento especial for omisso, serão
aplicadas as regras do procedimento comum ordinário (art. 272).

01.2 – Requisitos especiais.

 Requisitos materiais: A pretensão deve situar-se no plano do direito material a


que corresponde o rito. A inexistência ou não comprovação do suporte
substancial dessa pretensão é matéria de mérito que poderá conduzir à
improcedência do pedido.
 Requisitos processuais: os dados formais do procedimento especial costumam
ser ligados a requisitos que condicionam a forma e o desenvolvimento válido do
processo até o julgamento de mérito (Ex.: consignação em pagamento).

IMPORTANTE:

O CPC admite, em determinados casos, que haja cumulação de pedidos (art. 292)
Portanto, forte jurisprudência adotou o entendimento de que em casos onde haja a
concordância das partes seja adotado o rito ordinário para pretensões a que a lei previu o
procedimento especial. O inverso é impossível.

Naturalmente, quando o procedimento especial corresponder a atos imprescindíveis ao


processamento lógico da pretensão, essa substituição não será possível (inventário).
02. PROCEDIMENTO ESPECIAL DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.

02.1 – noções gerais.

Da mesma forma que o sujeito ativo de uma obrigação tem ao seu dispor a execução
forçada para compelir o sujeito passivo ao pagamento, a este também lhe é assegurado o
direito de pagar.

02.2 – cabimento.

A liberação natural da obrigação dá-se com o pagamento de forma espontânea pelo


devedor (art. 334 do Novo Código Civil). Não podendo, a obrigação, perdurar eternamente, a
lei institui uma forma alternativa para o sujeito passivo sempre que se torne inviável o acordo
liberatório entre as partes que é a consignação.
 Quando houver recusa injustificada pelo credor ao recebimento da obrigação.
 Quando não se consegue realizar validamente o pagamento quer por
desconhecimento ou incerteza quanto à pessoa do credor, quer em razão da sua
ausência ou não localização.

Atentar para o cabimento da consignação bancária, conforme Lei 8.951/94.

02.3 – procedimento.

As regras que cuidam da consignação como meio de liberar o devedor, estipulando


condições de tempo, lugar, modo e os casos de cabimento integram o campo do direito
substancial (material). Ao direito processual cabe apenas disciplinar o procedimento em juízo
– natureza hibrida (natural aos procedimentos especiais).
Na ação de consignação em pagamento esta natureza hibrida fica clara, pois, não há
condenação, mas permissão a que o devedor, numa execução às avessas, provoque o credor a
vir receber o que lhe é devido, sob pena de extinguir-se a dívida mediante o depósito da coisa
devida.

Considera-se, portanto, predominantemente declarativa, pois, a sentença limita-se a


reconhecer a eficácia liberatória do depósito. Também é clara a estrutura executiva da
consignatória, porquanto, a citação tem preceito cominatório para: “vir receber, sob pena de
depósito” enquanto na execução a citação é para: “vir pagar sob pena de penhora”.

Podem ser objeto da consignatória: dívidas em dinheiro, coisa certa ou incerta,


fungível ou infungível, móvel ou imóvel.

02.3.1 – cabimento II (art. 890).

Caberá ao direito civil disciplinar, assim o fazendo na legislação extravagante a exemplo


do artigo 335 do CC. De um modo geral, a lei buscar superar situações que sejam impeditivos
à liberação da dívida, tais como:
 Recusa injusta de recebimento
 Ausência, desconhecimento ou inacessibilidade do sujeito ativo.
 Insegurança ou risco de ineficácia do pagamento por:
1. Recusa do credor em fornecer a quitação.
2. Duvida fundada quanto à pessoa do credor (citação por edital e nomeação de
curador especial). Necessidade de dúvida fundada.
3. Litigiosidade em torno da prestação entre terceiros.
4. Falta de quem represente legalmente o credor.

São, portanto, requisitos, os quais devem ser demonstrados na petição inicial e


provados na fase de instrução.
 Mora do credor.
 Risco de pagamento ineficaz.

Atenção para o procedimento do artigo 890, na hipótese de consignação extrajudicial em


estabelecimento bancário.

02.3.2 – Liquidez da prestação devida.

Apenas as dividas liquidas, certas e exigíveis admitem a consignação. Qualquer dúvida a


respeito do quantum debeatur desautoriza a consignação, pois, ainda não há divida
creditoris (do credor) – artigos 336 e 397 do C.C.
Assim como o credor não pode executar dívida ilíquida não é possível consignar
obrigação da mesma natureza. Somente podem ser consignados, valores que, pelas vias
ordinárias, foram apurados quanto à sua existência definitiva; do contrário a iliquidez e
incerteza afetam a relação jurídica das partes e inviabilizam a consignatória.
O processo consignatório não se presta à verificação da existência da dívida e o seu
montante. Se ao final, o juiz formar convencimento quanto à imprecisão da dívida ou o seu
respectivo quantum haverá rejeição do pedido.

Não está totalmente afastada a discussão a respeito da origem e qualidade da dívida ou


outras controvérsias, mas sim a discussão em torno da obrigação. Assim, o mérito
centralizará a relação jurídica dos litigantes de modo a comprovar se o depósito feito pelo
devedor corresponde, no tempo, modo e montante, a essa mesma liquidez e certeza.

02.3.3 – Consignação principal e incidental.

A consignação pode ser principal, quando tem por único objetivo o deposito da coisa.
Pode ser incidental quando cumulada com outros pedidos.
É cabível a cumulação de apuração e declaração do quantum debeatur com pedido de
autorização para consignação, o que contraria regra acima estudada. No entanto, nesta
hipótese, o rito a ser seguido será o ordinário. O autor poderá depositar o montante que
entende, provisoriamente, devido e que, pela instrução processual poderá sofrer reajuste a
maior ou a menor (forma de antecipação da tutela).

02.3.4 – Competência.

Há regra específica referente à competência para ajuizamento encontrada no artigo 891


do CPC. É relativa, pois, pode sofrer prorrogação caso o credor não interponha, em tempo a
exceção declinatória de foro. Esta regra á valida quando a consignatória é principal e não
incidental, valendo, nesta última, as regras comuns dos artigos 94 a 100 do CPC.
Pela natureza do objeto, tal qual o bem imóvel, por exemplo, terá o credor, que buscar a
coisa no local onde ela se localize. Mesmo que se estipule foro contratual diverso ou que
outro seja o domicilio do credor, o devedor poderá propor a consignatória no local em que se
encontra a coisa, se a natureza dela indicar que lá deveria ser feito o pagamento.

02.3.5 – Oportunidade.

Enquanto perdurar a mora accipiendi sempre será tempo para o ajuizamento da


consignatória. Uma mora não anula a outra. Quer dizer, uma vez vencida a divida (mora
solvendi), ocorrendo recusa injustificada do credor em recebê-la o que era mora solvendi
converte-se em mora accipiendi.

02.3.6 – Objeto.

A lei exige que o objeto a ser consignado seja o mesmo que deveria ser recebido pelo
credor para regular extinção da obrigação.
Os artigos 337 do C.C. e 891 do CPC mencionam que a consignação cessa a fluência
dos juros. A regra geral é a de que a consignação pressupõe a mora do credor, portanto, esta
faz cessar a incidência dos juros e não o depósito. Contam-se os juros até o momento em que
o credor recusa a oferta real de pagamento voluntário.
No entanto, o depósito será o momento da cessação dos juros e não mais a recusa,
quanto, por exemplo, não se sabe quem deva receber.
Há também a possibilidade de consignação de prestações periódicas, conforme artigo
892. O juiz, inclusive, poderá, a pedido do consignante, permitir o deposito de parcelas após a
prolação da sentença.
O prazo de cinco dias é peremptório, todavia, a quebra dos depósitos não acarreta
maiores prejuízos, nem impede o julgamento de mérito que reconhecerá a eficácia liberatória
dos depósitos até então feitos.

02.3.7 – Procedimento II.

A consignatória requer a prévia oferta particular ao credor do valor. Uma vez recusado o
recebimento, este será citado para:
 Receber a prestação devida sob pena de depósito.
 Contestar o pedido caso não aceite o depósito.

A petição inicial deverá conter pedido expresso de depósito, o qual ocorrerá no prazo de
cinco dias após o deferimento.
O levantamento do valor pelo credor (réu) acarretará a extinção do feito pelo
reconhecimento do pedido. Também será extinto o feito, sem julgamento de mérito, na
hipótese de não recolhimento do valor a ser consignado em juízo no prazo estipulado.
No caso de prestações alternativas, observar-se-á a regra do art. 894.

02.3.7 – Resposta do réu.

O réu, a qualquer momento do processo, poderá requerer o levantamento da coisa


consignada, ocasionando a extinção do feito e, consequentemente, a condenação nas verbas de
sucumbência, importando em reconhecimento do pedido. Poderá inclusive faze-lo após o
transito em julgado da sentença.
Se ocorrer o levantamento da coisa pelo réu, extingue-se o direito de recorrer, pois,
ocorre a preclusão lógica por força da incompatibilidade de atos.
Os valores consignados e que se encontravam depositados em conta poupança serão
levantados pelo credor acompanhados de todos os acréscimos e rendimentos sofridos no
período.

O não comparecimento do réu para levantar a coisa não tem força de contestação,
todavia, porém, não impede que mais tarde, mediante advogado, promova o levantamento. O
levantamento ocorrerá mediante recibo nos autos.

02.3.8 – Contestação.

O prazo para contestar é de 15 (quinze) dias e a matéria de defesa é restrita ao artigo


896. O ônus da prova da recusa é da parte autora.
Importante mencionar que a mora do credor ocorre quando a divida é quérable.
Quando a defesa baseia-se exclusivamente na insuficiência do deposito a lei faculta ao
devedor a sua complementação, conforme inciso IV do art. 896 e 899. Requisitos:
 Seja feito no prazo de 10 dias a contar da intimação do autor para os termos da
contestação.
 O negócio jurídico não esteja sujeito a clausula comissória, ou seja, não tenha se
resolvido necessária e diretamente pelo inadimplemento, isto porque, o deposito
insuficiente evidencia a mora solvendi. Portanto, somente é aceita quando
possível a emenda da mora.

Na hipótese de o autor (devedor) reconhecer a procedência da contestação, aceitando a


insuficiência do depósito, ele é quem arcará com os ônus de sucumbência.

Especial atenção para os §§ 1º e 2º do artigo 899. Vale frisar que o levantamento a


que se refere o § 1º somente é possível após a contestação, pois, se ocorrer antes desta, o
processo se extingue com o reconhecimento do pedido. A sentença assumirá caráter
condenatório, excepcionalmente neste caso.

02.3.9 – Posição dos diversos credores, conforme art. 898.

 Ausência de pretendentes: não havendo pretendentes, o montante permanecerá à


disposição da justiça, liberando o devedor, declarando-se extinta a obrigação.
Aguardar-se-á que o interessado reclame por seu crédito. O valor ou a coisa
receberá tratamento próprio de bem de ausente.
 Comparecimento de um só pretendente: o direito ao levantamento não decorre
do simples comparecimento.
 Comparecimento de mais de um pretendente: (art. 898). Acolhida umas das
contestações, o sucumbente será o devedor (autor). Repelidas todas, passa-se à
fase de disputa dos pretensos credores, seguindo-se o rito ordinário.

03. PROCEDIMENTO ESPECIAL DE DEPÓSITO.

Primeiro, há que se fazer a distinção entre depósito contratual e necessário, nos termos
dos artigos 627 e 647 do Novo Código Civil, respectivamente. Exemplos:
 Necessário: (imposição da lei) – alienação fiduciária, bagagem de viajantes ou
hospedes em hospedarias (código civil).
 Contratual: pode ser civil ou comercial, gratuito ou oneroso, regular ou irregular
(bens fungíveis ou infungíveis).
O procedimento especial de depósito regulado pelo CPC refere-se apenas à pretensão
do depositante, ou seja, para restituição da coisa depositada (art. 901). Possível, no
entanto, seguirem-se pretensões acessarias: a) recebimento de soma em dinheiro; b) prisão
civil do depositário; c) busca e apreensão; d) transformação em execução por quantia certa.

É mais uma das ações que se reveste de cunho executivo, pois, realiza uma restituição
forçada. O comando contido na sentença dispensa outro processo posterior para sua
efetivação como se verá adiante.

03.1. Objeto.

Podem ser objeto coisas corpóreas, móveis ou imóveis.


Ressalva feita ao depósito de coisas fungíveis. Haverá desnaturação do contrato quando
houver outorga do poder de usar e consumir a coisa confiada (mutuo); desaparece a
obrigação de restituir a própria coisa, todavia, haverá obrigação de reposição do seu
equivalente qualitativo e quantitativo. Neste caso, incabível a medida de depósito.

03.2. Procedimento.

Deverá conter a petição inicial:

1. Descrição completa da coisa depositada.


2. Estimativa do seu valor
3. Prova literal do depósito.
4. Pedido com suas especificações.

São legitimados para o pólo ativo aquele que confiou a coisa depositada, não
necessariamente o seu dono (mandatário, administrador, locatório, comodatário), bem como,
seus herdeiros e sucessores.
Para o pólo passivo é o depositário infiel e seus herdeiros e sucessores, com ressalvas
aos efeitos extracivis, como a prisão. Também são legitimados para ambos os pólos as
pessoas jurídicas.

A ação de depósito resume-se da seguinte forma:

 Petição inicial com os requisitos acima traçados;


 Citação nos termos do artigo 902, I e II;
 Pedido de prisão do depositário;
 Havendo a entrega ou o deposito do equivalente em dinheiro, extingue-se o
processo (sucumbência);
 Contestação – segue rito ordinário;
 Procedência – expedição de mandado de entrega da coisa ou do equivalente em
dinheiro em 24 horas;
 Não cumprido – decretação da prisão;
 Possibilidade de busca e apreensão;
 Execução por quantia certa na hipótese de frustração dos meios acima;

03.2.1 – Prisão civil do depositário infiel.


A prisão, da mesma forma que na divida por alimentos, é uma faculdade do credor, que
poderá optar pela execução específica. Até poderá haver tal condenação na sentença, todavia,
a expedição do respectivo mandado não está vinculada.
A pena de prisão, imposta uma única vez, não exime o devedor da execução específica.

03.2.2 – Resposta do requerido.

O réu poderá adotar uma das seguintes iniciativas:

 Entregar a coisa depositada.


A entrega da coisa conduz à extinção do feito com a condenação do réu ao pagamento
da sucumbência. A citação é, antes de mais nada, para que entregue a coisa. Ocorrendo
a entrega, haverá expedição do competente termo.
O autor poderá recusá-la, ao constatar danificações ou quando não houver identidade
entre a coisa depositada e aquela entregue. Haverá ordem de vistoria. A indenização
será objeto de processo autônomo.

 Depositar a coisa em juízo.


Não é pressuposto de defesa do demandado. Poderá ocorrer como atendimento ao
pedido do autor (depositante) ou como salvaguarde de interesses do réu, como por
exemplo, para evitar os efeitos negativos da sucumbência (uso abusivo da ação ou
direito de retenção).
 Consignar o seu equivalente em dinheiro.
Trata-se de alternativa secundária cuja escolha não é de livre iniciativa do réu. Do
contrário, permitir-se-ia ao depositário a aquisição da propriedade da coisa depositada o
que não é intenção do contrato de deposito.
 Tornar-se revel.
 Contestar o pedido.

03.2.3 – Sentença e execução.

É condenatória com força executiva imediata, pois, determina que se expeça o mandado
de entrega. Também irá dirimir controvérsias suscitadas pela contestação.
Na sentença, o juiz sempre terá que arbitrar o valor da coisa a ser restituída (art.
904). Geralmente, este valor partirá de estimativa do próprio autor.
Além da expedição do mandado de entrega e da prisão civil do depositário, poderá
determinar, o juiz, a expedição de mandado de busca e apreensão ou poderá, o credor, optar
pela execução por quantia certa.

Quanto ao depósito judicial (necessário), não se admite o manejo do procedimento de


depósito, porquanto, o magistrado possui poderes suficientes para aplicação das sanções civis.
Uma vez que o depositário judicial (penhora, seqüestro, arresto) é um auxiliar do juízo, este
pode ser intimado a qualquer momento a apresentar o bem depositado, independentemente de
demanda judicial.
As criticas da doutrina ficam por conta da pena de prisão civil, a qual, para este tipo de
deposito não encontra amparo legal, pois, a princípio, somente ocorreria no bojo da ação de
depósito.

04. PROCEDIMENTO ESPECIAL DE ANULAÇÃO E SUBSTITUIÇÃO DE


TÍTULOS AO PORTADOR.
“Título ao portador é o que resulta do negócio jurídico em que o devedor se
compromete a realizar a prestação a qualquer pessoa que, no momento devido, lhe apresente
o instrumento da obrigação”.

Portanto, é importante a apresentação física do documento resultando relevante


juridicamente a posse e a propriedade daquele.
Este procedimento se incumbe da proteção da proteção da posse e propriedade do título
ao portador em caso de perda, extravio, inutilização ou desapossamento injusto sofridos
pelo legítimo dono ou possuidor.

Este procedimento não se aplica aos títulos cambiários, warrants e conhecimento


de frete ou de transporte ao portador, pois, relativamente a tais títulos, as leis específicas
que os regem prevêem procedimento distinto.

04.1 – procedimento.

Conforme art. 907 este procedimento se presta a reivindicação, anulação ou


substituição dos títulos.

 Reivindicação: pressupõe a posse do demandado de maneira injusta, ou seja,


que a transferência da posse tenha ocorrido sem a sua vontade. O rito é o
ordinário, pois, o procedimento da reivindicação não está previsto no capitulo
como procedimento especial. O requerente, mesmo vitorioso, (art. 913) deverá
indenizar o requerido do preço pago pelo título se a aquisição se deu de boa-fé
em bolsa ou leilão publico (garantia da evicção).

 Anulação e substituição: (art. 909 do novo Código Civil). Presta-se a tutela dos
interesses tanto do credor que recuperará o titulo, quanto do devedor que o
pagará ao credor primitivo evitando renovar a prestação perante terceiro. Presta-
se a impedir que o valor do título seja pago ao ilegítimo detentor.
1. Especialidade procedimental: na petição inicial deverão constar dados
pormenorizados a respeito do título, tais como, valor, espécie, quantidade,
numeração, data, vencimento, local de emissão, local de aquisição,
circunstâncias em que se deu a perda, época em que se receberam os últimos
juros e dividendos.
2. O valor da causa é o do título.
3. A citação é dirigida ao detentor do titulo e a possíveis terceiros interessados (por
edital), que assumem a posição de réus.
4. Haverá intimação do devedor e da Bolsa de Valores. O primeiro para que
deposite, ao tempo do vencimento, o valor do capital e juros, bem como, evitar
que efetue o pagamento ao detentor ilegítimo.
5. Se o pagamento ocorreu antes da diligência intimatória, considera-se perfeito e
acabado, exonerando o devedor da obrigação.
6. A intimação da Bolsa tem o intuito de alertá-la para não proceder a venda do
titulo em pregão.
7. O autor deverá justificar liminarmente todas as suas alegações deduzidas na
inicial, utilizando-se de documentos ou testemunhas que permitam um juízo de
plausibilidade, cuja carência poderá ocasionar o indeferimento da citação e a
extinção do processo por ausência de um dos pressupostos processuais.
No que tange à contestação, a regra do artigo 910 deve ser entendida com certa
restrição, porquanto, restringe-se ao caso de disputa que verse exclusivamente a respeito da
posse legítima do título. Terceiros citados como réus poderão defender-se sendo evidente que
não poderão respeitar a citada regra quando o interesse não seja apenas voltado à posse do
título.
No âmbito da anulatória a discussão deve restringir-se ao extravio do título e à
perfeição dele no aspecto formal. Outras matérias, tais como, pagamento, cobrança
indevida, prescrição serão objeto de ação autônoma.

04.2 – Sentença.

A decisão conterá dois provimentos.


 Declarará caduco o titulo reclamado.
 Ordenará ao devedor que lavre outro em substituição.

Parte da doutrina defende a não necessidade de ordenar a lavratura de novo titulo, caso
aquele que se declarou caduco encontre-se nos autos (caráter finalístico e instrumental do
processo). Se o titulo está em poder do juiz, não haveria razões para sua anulação e
substituição. Segundo a doutrina, não se configura julgamento extra-petita.

04.3 – Destruição do título (caso de substituição) – por caso fortuito ou ação


humana.

Quando a destruição for total (equiparada a furto ou perda), segue-se o rito dos artigos
908 a 911.
Quando a destruição for parcial, a cártula ainda pode ser pode ser exibida através de
seus fragmentos ou resíduos, (prova indispensável na instrução da petição inicial) é o caso do
procedimento do artigo 912.
Neste caso, a lide resume-se ao possuidor e ao devedor e o remanescente do título é a
prova da sua posse pelo autor. A controvérsia é a resistência pela substituição do título.
A citação será para o réu (devedor), em dez (10) dias substituir o título ou oferecer
contestação, neste ultimo caso, seguindo-se o rito ordinário.
A destruição deverá permitir a identificação do título, ou seja, se os fragmentos não
permitem a verificação de suas principais informações o caso é de destruição total (arts. 908 a
911).
A sentença admitirá execução forçada de obrigação de fazer.

05. PROCEDIMENTO ESPECIAL DE PRESTAÇÃO DE CONTAS.

05.1 – Noções gerais e conceito.

“Consiste, (..,) no relacionamento e na documentação comprobatória de todas as


receitas e de todas as despesas referentes a uma administração de bens, valores ou
interesses de outrem, realizada por força de relação jurídica emergente da lei ou de
contrato”.

O objeto principal é o acertamento e a condenação quanto ao resultado final do


relacionamento jurídico patrimonial existente entre as partes. Tem a força de tornar certa a
expressão numérica de uma relação jurídica com o fim de impor uma condenação à parte
devedora pelo saldo apurado.

05.2 – Cabimento, legitimação e interesse.

Quanto ao cabimento, ter-se-ia como possível o ajuizamento da presente demanda em


quaisquer casos em que se teve bens alheios sob sua guarda e administração para o fim de
apresentar a relação discriminada das importâncias recebidas e despendidas, fixar o
saldo credor se as despesas superam a receita ou o saldo devedor na hipótese contraria
ou até mesmo a inexistência de saldo.
Porém, é cabível a presente demanda sempre que se efetuou ou recebeu pagamento
por conta de outrem, movimentando recursos próprios ou daqueles em cujo interesse se
realizam os pagamentos.
Tendo em vista a dificuldade de se especificar os casos de cabimento, aceita, a
jurisprudência que seja manejada em qualquer hipótese de contrato que gere múltiplas e
complexas operações de débito e credito entre as partes.

È parte legítima qualquer um dos sujeitos da relação jurídica material geradora da


obrigação de prestar contas (Art. 914). Atentar para os casos particulares de contratos e da
própria lei que dispõe sobre o destinatário das contas não permitindo que se reclame
individualmente (sociedades e condomínios)
O interesse consiste na necessidade do procedimento, ou seja, quando aquele que deve
prestar contas encontra resistência da parte a quem as contas devem ser prestadas, seja por
recusa, seja por controvérsias. Há casos em que a prestação somente deve ocorrer em juízo,
como por exemplo, o inventariante, tutor ou curador (jurisdição voluntária). Interessam
apenas ao próprio processo e assumem característica contenciosa apenas quando exigidas
pelo herdeiro. O art. 919 prevê as sanções a serem aplicadas.
Por fim, relativamente à prova, esta necessariamente não é pré-constituída. Para tanto, o
legislador permite que sejam as parcelas “determináveis” no decorrer da instrução processual.
A prova das contas (art. 917) não encontra obstáculo na inexistência de prova
documental pré-constituída, pois, há a possibilidade de prova pericial. A prova deve ser ao
menos, determinável no curso da instrução processual. Exemplo quando o réu ao exercer a
gestão de negócio alheio, por inércia deixa de apresentar as constas. Neste caso, o autor a
quem se transferiu o direito de apresentá-las não disporá de toda a documentação que
comprove as receitas e despesas realizadas por outrem.

05.3 – Ação de exigir contas.

Este procedimento é divido em duas fases:

1. Apuração da existência ou não da obrigação do réu de prestar as contas que o


autor lhe atribui.
2. Exame das diversas parcelas das contas para apuração do saldo final.

05.3.1 – Procedimento da primeira fase.

O réu será citado para, em cinco dias:

 Apresentar as contas: se o réu as apresenta (reconhecimento do pedido),


suprida está a primeira fase (obrigação de prestá-las), passando-se, sem
sentença, aos atos próprios da segunda fase, pertinentes ao exame da contas e
determinação do saldo. O autor será intimado para manifestar-se em cinco dias.
Caso não ofereça impugnação o procedimento será encerrado por sentença
com a aprovação das contas.

 Apresenta das contas e contestação: o réu poderá contestar com o intuito de


demonstrar a injustiça da recusa do autor em aceitar as constas
extrajudicialmente e ao mesmo tempo buscar a aprovação daquelas e
consequentemente a sujeição do demandante aos ônus da sucumbência.

 Revelia: neste caso, haverá julgamento antecipado com a condenação do réu à


prestação de contas no prazo de 48 (quarenta e oito) horas a partir do
transito em julgado da sentença, sob pena de autorizar-se o autor a elaborá-
las, sem que o condenado as possa impugnar (art. 915, § 2º).

 Contestação sem negar a obrigação de prestar as constas: não depende de


instrução processual.

 Contestação com negativa da obrigação de prestar as contas: o feito


assumirá o rito ordinário, com a instrução processual.

Quanto à possibilidade de reconvenção, é importante frisar que o procedimento de


prestação de contas tem caráter dúplice, no entanto, ao assumir o rito ordinário, ao réu
facultar-se-á a via reconvencional para, por exemplo, pedir a rescisão do contrato ou perdas
e danos.

05.3.2 – Sentença da primeira fase.

A sentença poderá denegar a pretensão, reconhecer a carência de ação ou a falta de


pressupostos processuais, extinguindo o processo sem julgamento do mérito.

No entanto, poderá acolher o pedido e assim terá eficácia condenatória. Também terá
eficácia executiva, na medida em que transfere ao autor a faculdade de elaborar as contas sem
impugnação da parte contrária. Portanto, esta sentença não extingue o processo, mas
apenas inicia a segunda fase. Desafia o recurso de apelação que será recebido em duplo
efeito.

05.3.3 – Procedimento da segunda fase.

Na verdade, o réu dispõe de duas oportunidades de prestar as contas. Uma na


primeira fase, após os cinco dias a contar da citação e outra após a sentença condenatória, em
quarenta e oito horas.
Apresentadas as constas pelo réu em qualquer das duas fases, segue-se o mesmo
procedimento:
 Prazo de cinco dias para o autor impugná-las.
 Não havendo impugnação seguir-se-á sentença de apuração das contas e fixação
do saldo.
 Havendo impugnação, far-se-á a instrução do processo.
 A sentença que fixa o saldo poderá voltar-se tanto quanto o autor quanto contra o
réu.
 Na hipótese de subida dos autos ao Tribunal (recurso de apelação), o prazo para
apresentação das contas não contará do transito em julgado do acórdão, mas sim
do momento quem os autos retornarem à primeira instância, mediante
intimação da baixa.
 Devolvida a faculdade ao autor, este terá o prazo de 10 (dez) dias para apresentar
as contas.
 A impossibilidade do réu de impugná-las não é absoluta cabendo ao juiz decidir
conforme seu prudente arbítrio.

05.3.4 – Sucumbência.

Tendo em vista que na segunda fase, existe a possibilidade de o autor ser apontado como
devedor, a doutrina e a jurisprudência apontam como critério de fixação da sucumbência na
primeira fase o artigo 20, § 4º e não proporcionalmente ao valor de uma condenação, pois
este ainda é inestimável e imprevisível.
Na segunda fase, a sucumbência dependerá da conduta das partes. Na verdade, mesmo
que o autor, na segunda fase, tenha apurado contra si um saldo devedor, isto não implicará em
sucumbência.

05.4 – Ação de dar contas.

Neste procedimento não haverá necessidade de duas fases (unitário), pois, a inicial já
vem instruída com as constas a serem prestadas, bastando a discussão das verbas e saldo. O
autor terá que demonstrar na inicial a real necessidade de fazer a prestação em juízo.

05.4.1 – Procedimento.

A inicial deve se fazer acompanhar das contas e documentos que comprovam seus
lançamentos, além do instrumento do negócio jurídico do qual deriva a obrigação.
A citação é para que o réu, em cinco dias aceite as contas ou conteste o pedido.
Assim, poderá o réu:
 Contestar: (art. 916). A lei considera contestação (negativa da pretensão,
argüição da falta e pressupostos processuais e condições da ação) e impugnação
das contas coisas distintas.
 Impugnar as contas: quando a resposta limita-se à discordância de toda ou
parte das contas prestadas. A impugnação deve ser específica.
 Aceitar as contas: a decisão será meramente homologatória.
 Revelia:

Quando à sentença, observa-se o artigo 918.

06. PROCEDIMENTOS POSSESSÓRIOS.

A nova disciplina não se afastou da precedente no que concerne à definição da posse,


para fins de sua tutela pela via dos interditos. Dentre as teorias subjetiva, elaborada por
Savigny, a demandar a presença conjunta do corpus (poder físico sobre a coisa), aliado ao
animus (intenção de ter a coisa como sua), e a objetiva, oriunda do engenho de Jhering,
calcada na visibilidade do domínio, onde sobreleva a destinação econômica do bem, o art.
1.196 do Código Civil se perfilou a esta, basicamente repetindo o texto do art. 485 do diploma
de 1916.
A posse é o exercício de fato dos poderes inerentes ao domínio ou propriedade ou
de algum deles somente.

Aqui nos interessa a proteção pelos meios processuais contra ataques esternos ao
exercício da posse, assim como assinala o artigo 1210 do novo código civil.
O sentido principal das medidas possessórias é a paz social e que a disputa pela posse
se faça pelos meios processuais e não através da justiça privada. O direito possessório
busca a conservação da situação de fato, ou seja, ninguém pode transformar ou extinguir uma
relação de posse cujo titular é um terceiro.

06.1 – Aspecto temporal da posse.

A posse é um fato complexo e continuado. É um fenômeno duradouro não bastando o


simples contato da pessoa com a coisa. O exercício da posse não se compara aos atos
praticados pelo proprietário, pois, trata-se de simples decorrência do direito.
Cabe proteção jurídica ao proprietário que nunca a exerceu de fato, desde que não haja
preclusão (usucapião). Não se cogita proteção possessória a quem não a exerce
efetivamente

06.2 – O QUE É POSSE?

Num primeiro momento, devedor destacar as duas teorias clássicas que dimensionam a
posse.
A primeira, devida a Savigny (TEORIA SUBJETIVA), diz ser a posse “o poder que a
pessoa tem de dispor fisicamente de uma coisa, com intenção de tê-la para si e defende-la
conta a intervenção de outrem”. (Nelson Rosenvald, Direitos Reais, 3ª edição, Impetus,
página 224).
Assim, para Savigny a posse apresenta dois elementos:
 Corpus – que representa o poder físico da pessoa sobre a coisa, possibilitando a
imediata oposição contra terceiros.
 Animus – elemento volitivo que consiste na intenção de exercer o direito de
proprietário, de ser dono da coisa (animus domini).

Na ausência do animus, cogita-se mera detenção (locatário, usufrutuário, comodatário).


Assim, os mero detentores não poderiam se utilizar das tutelas possessórias.

A segunda teoria devida a Ihering (TEORIA OBJETIVA), dispensa o elemento do


animus, pois, estaria implícito no poder de fato exercido sobre a coisa. A posse se manifesta a
qualquer um que concedesse destinação economia à coisa, ou seja, para esta teoria não há
necessidade de intencionar ato de dono da coisa.

O Código Civil adota a Teoria Objetiva (art. 1196), interpretando, o legislador que
“possuidor é quem, em seu próprio nome, exterioriza alguma das faculdades da propriedade,
seja ele proprietário ou não”.

Parte da doutrina entende a posse como mera situação fática, pois, sua existência não
decorre de regras do direito. Mas por produzir conseqüências jurídicas (usucapião, ações
possessórias) também é um direito.
06.3 – Requisitos da tutela possessória.

Há que distinguir posse justa e injusta nos termos do artigo 1200 do NCC. Somente a
posse justa desfruta da proteção das ações possessórias. Ainda lembra a doutrina que a posse
deva ser publica e contínua.

07. INTERDITOS POSSESSÓRIOS: MANUTENÇÃO, REINTEGRAÇÃO E


PROIBIÇÃO.

Nosso código prevê como procedimentos possessórios típicos apenas a manutenção de


posse, reintegração de posse e interdito proibitório. Entre existe o principio da
conversibilidade ou principio da fungibilidade.
Tais medidas, em se tratando de bens imóveis, serão propostas no foro de situação da
coisa.

É parte legítima para propositura dos interditos aquele que detém o exercício de
algum dos poderes do domínio (art. 1198 NCC).
Portanto, não detém legitimidade aquele que possui a coisa em situação de
dependência, ou seja, que conserva em nome do legítimo possuidor em cumprimento de suas
ordens – fâmulos da posse. Também não é parte legítima aquele que ocupa a coisa segundo
permissão ou tolerância do verdadeiro possuidor.
Os possuidores indiretos (locatários, usufrutuários) também possuem legitimidade.

A legitimidade passiva é daquele que causou a moléstia à posse do autor, exceto quanto
ao preposto daquele que ordena a turbação ou esbulho. Caberá nomeação à autoria.
Também poderá ser demandado o possuidor direto. Caberá denunciação da lide.

06.4 – Petição inicial e procedimento.

A petição inicial deverá observar:


 A posse do autor, sua duração e objeto.
 A turbação, esbulho ou ameaça imputados ao réu.
 A data da turbação ou esbulho (trata-se de posse nova ou posse velha).
 A continuação da posse, embora turbada ou ameaçada, nos casos de
manutenção ou interdito proibitório.

06.5 – Medida liminar e citação.

O juiz, de pronto, poderá adotar uma das providências do art. 928, necessariamente,
para apreciação da liminar, o juiz deverá constatar fatos precisos, tais como, a existência da
posse, a moléstia sofrida e a data em que ocorreu. Não basta, portanto o puro arbítrio do
juiz.
Quanto à citação, apenas é importante ressaltar que esta ocorre de forma diferente
quando a apreciação da liminar ocorreu em audiência de justificação. A citação precede ao ato
e independentemente da concessão da medida, será então intimado do prazo para apresentar
resposta, estará presente ao ato (art. 930).
A data da agressão à posse determina, também, a escolha do procedimento conforme o
artigo 275, II do CPC. Sendo posse velha e a causa versar sobre coisas móveis ou
semoventes, o autor poderá optar pelo rito sumário.
06.6 – Ação petitória e ação possessória.

Os procedimentos tidos como petitórias têm por objeto o direito de propriedade. Os


procedimentos entre si são absolutamente inconciliáveis, portanto, não se admitem as
alegações de litispendência ou coisa julgada. Até mesmo não podem ser concomitantes
conforme artigo 923.
Essa vedação visa impedir que se retome a posse através do esbulho, impedindo que o
proprietário se furte à apreciação da questão perante o Poder Judiciário. Não se pode manejar
a exceção de propriedade como matéria de defesa em ação possessória, nos termos do art.
1210 do NCC.

06.7 – Natureza dúplice e real das ações possessórias.

O réu tem assegurado na contestação o direito de alegar o fato de ter sido a sua posse a
ofendida e demandar contra o autor a proteção possessória conforme artigo 922. Não se trata
de reconvenção.

A natureza real das possessórias tem importância quanto ao bem litigioso é imóvel a
fim de definir se há necessidade de ambos os cônjuges integrarem a relação processual
A doutrina é quase unânime de dizer que são as possessórias de natureza real e não de
direito pessoal.
Pontes de Miranda já afirmava serem as possessórias, ação de direito real, porquanto,
“a mulher é possuidora dos bens comuns com o marido” e, portanto devem figurar tanto no
pólo passivo quanto ativo.
Todavia, a questão é pacificada através do artigo 10, § 2º do CPC.

Em razão de possuíram também a natureza auto executiva, a sentença que julga as


demandas possessórias será recorrida apenas diante do efeito devolutivo.

AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE –


LEASING – APELAÇÃO RECEBIDA NO EFEITO DEVOLUTIVO – REVOGADO
DESPACHO PARA RECEBIMENTO EM DUPLO EFEITO – PRECLUSÃO – RECURSO
PROVIDO – 1 – Alterando o juiz sua decisão justificadamente por entender em conflito com
a legislação, não há falar-se em preclusão se a parte beneficiada, sequer teve conhecimento
do despacho precedente. 2 – Na ação possessória, deferida a tutela liminarmente é mantida
na sentença, eventual apelo só terá efeito devolutivo. (TAPR – AI 147279700 – (10861) –
Curitiba – 7ª C.Cív. – Rel. Juiz Miguel Pessoa – DJPR 02.06.2000).

06.8 – Cumulação de pedidos nas possessórias.

Poucos são os pedidos a serem cumulados à pretensão principal


 Condenação em perdas e danos (certo e determinado)
 Cominação de pena para o caso de nova turbação ou esbulho.
 Desfazimento de construção ou plantação.

06.9 – Interdito proibitório.

Sua principal diferença com o interdito da manutenção é que nesta já há lesão à posse
consumada.
O interdito busca impedir apenas que se consume o dano temido cominando pena
pecuniária na eventualidade de transgressão do preceito. É uma prestação de fazer negativa.
Segue a mesma regulamentação dos demais procedimentos possessórios (art. 933). Pelo
principio da fungibilidade poderá se transformar em manutenção ou reintegração.

07. PROCEDIMENTO ESPECIAL DE NUNCIAÇÃO DE OBRA NOVA.

Trata-se de um remédio processual que soluciona conflitos surgidos do direito de


vizinhança e o direito de construir, este ultimo não ilimitado conforme preceitua o artigo 1299
do NCC.
Assim, o abuso na liberdade de construir é impedido pela lei, conforme artigos 1277 e
1301 do NCC. É evidente, porém, que o manejo deste procedimento deve acompanhar o
principio da razoabilidade.
A construção deve ser entendida em sentido amplo, ou seja, qualquer mudança
estrutural, física ocorrida no imóvel contíguo. Não só entre vizinhos pode ocorrer o litígio
que resulta na propositura desta demanda, mas também, nas hipóteses do artigo 934; assim,
não é relevante que os imóveis sejam confrontantes, bastando que um prédio sofra prejuízo
por obra realizada em outro (lembrar das questões que envolvem o abuso de direito do
NCC).

Conceito – trata-se de embargo ou impedimento ao prosseguimento de construção que


prejudica imóvel de outrem (reconstrução, modificação ou demolição).
Consiste o prejuízo, numa diminuição do direito de propriedade do autor sobre
seu imóvel:
 Invasão da área vizinha;
 Prejuízo à drenagem das águas pluviais
 Devassa irregular por meio de janelas, portas, terraços ou varandas;
 Comprometimento à segurança;
 Inutilização de servidões;
 Prejuízo aos fins destinados ao prédio vizinho;
 Desrespeito à zoneamento ditado pelo poder publico.

A jurisprudência e a doutrina debatem se na hipótese de conclusão da obra é possível a


determinação judicial de demolição. Certa corrente entende que não havendo grandes
prejuízos à propriedade vizinha a obra deve se mantida e o prejuízo deve ser indenizado.
Já a demolitória não se confunde com a nunciação, pois aquela, não depende de obra
nova. A nunciação pode ser convertida em demolitória. A nunciação também não visa a obra
em sua integralidade, mas sim, apenas a parte que efetivamente cause dano.

Obra nova – além da definição do artigo 934, pode ser entendida como toda e
qualquer obra de engenharia, reforma, ampliação, limpeza, pintura, escavação,
terraplanagem, demolição, loteamento, extração de minérios, corte de madeira, etc.
Para todos os efeitos, considera-se nova toda inovação que importe alteração
prejudicial.

07.1 - Procedimento.

A legitimidade para propositura está definida no artigo 934 do CPC. Atenção que não
só o município é parte legitima, mas também a União e aos Estados, dentro de sua política
disciplinadora de construir.
A legitimidade passiva fica por conta do dono da obra, ou seja, àquele por conta de
quem se executa. O executor da obra será apenas intimado (artigo 938).
A participação de ambos os cônjuges é obrigatória, pois trata-se de demanda incluída
dentre aquelas de direitos reais imobiliários (artigo 95).

07.2 - Embargo extrajudicial.

Em caso de urgência a obra pode ser embargada pessoalmente pelo ofendido, na


presença do dono da obra e de duas testemunhas, mediante notificação verbal (artigo 935).
A ratificação deverá ser proposta em juízo no prazo de 03 (três) dias, cujo pedido
constará da petição inicial de nunciação. A homologação retroage à data da notificação
extrajudicial e o prosseguimento da obra a partir de então será considerado atentado (medida
cautelar).

07.3 - Cumulação de pedidos.

É permito ao autor cumular à pretensão nunciatória os pedido elencados no artigo 936


do CPC.

07.4 - Liminar.

A concessão de liminar para embargo da obra é condição de desenvolvimento da


relação processual, sem a qual, não se citará o réu. O autor não poderá deixar lacunas à
apreciação do magistrado, podendo se socorrer da audiência de justificação prévia.

07.5 - Prosseguimento a obra. (Ação de dano infecto)

Permite o artigo 940 que o réu prossiga com a obra quando lhe houver riscos de
prejuízos injustos, mediante a prestação de caução.
O prejuízo mencionado não é da parte, mas da obra em si, a qual, pelo estagio em
que se encontra ou pela própria natureza não possa suportar paralisação sem danificar-se
seriamente. A caução obedecerá ao procedimento dos artigos 809, 826 e 838 do CPC.
Predominância do aspecto social dos direitos de vizinhança dos artigos 1277 a 1281 do
NCC.

07.6 - A especialidade do rito da nunciação.

1. Embargo liminar (art. 937).


2. Citação com prazo de resposta de cinco dias (art. 938).
3. Observância do procedimento cautelar (art. 939).

08. PROCEDIMENTO ESPECIAL DE USUCAPIÃO.

08.1 – Noções gerais de propriedade.

A idéia de propriedade surge na época primitiva, antes da concepção da noção de


Estado, a partir da Teoria da ocupação. Posteriormente, passou-se a creditar à lei a criação
da noção de propriedade, todavia, não apenas ela, mas também a própria natureza humana.
No novo código civil o conceito de propriedade vem estampado no artigo 1228. Não
é poder absoluto, consideradas as próprias limitações atinentes aos direitos de vizinhança.
Esta noção fica mais acentuada na expressão “dispor”, que é particular do
proprietário, porque mais ampla. É exercida nos limites de sua utilidade e necessidade.
A propriedade pode ainda sofrer limitações de outras ordens, tais como, a
constitucionalmente prevista – função social da propriedade. Ainda, de ordem
administrativa, proteção ao patrimônio histórico e cultural, fauna, flora, equilíbrio ecológico,
de ordem militar e até disposições contidas no código eleitoral.

No sistema jurídico pátrio, a propriedade é adquirida da seguinte forma: para os bens


móveis através da tradição e para os bens imóveis pela transcrição do titulo aquisitivo
(artigo 1245 do NCC).
Portanto, o contrato particular de compra e venda de imóvel, enquanto não registrado
no registro imobiliário gera, apenas, obrigação pessoal. A ações para exigir que o alienante
entregue a coisa seguirão o rito ordinário – obrigações de fazer ou dar. A execução seguirá
o disposto nos artigos 632 e seguintes do CPC.
Neste aspecto o artigo 461 do CPC desempenha fundamental importância. Assim, o
simples pacto gera apenas vinculo obrigacional entre as partes, não existindo registro
imobiliário ou tradição, a ação não é nem reivindicatória, nem possessória, mas simplesmente
obrigacional. Trata-se de buscar as conseqüências do inadimplemento.

08.2 – Noções gerais da usucapião.

Este instituto tem por finalidade atribuir o bem a quem dele se utiliza e se serve para
moradia ou exploração econômica. É modo de aquisição da propriedade, perdendo-a aquele
que não a usa ou a abandona.
Embora possível a usucapião de bens móveis que será tratada em momento oportuno,
é de maior relevância a usucapião imobiliária.
Seu fundamento é a perda da coisa pelo proprietário em favor do possuidor
independentemente de existir em ambos qualquer relação jurídica. É, portanto, forma
originária de aquisição da propriedade.
Não são passíveis de usucapião os bens públicos e os bens fora do comércio (bens
disponíveis livremente na natureza, sem interferência humana), embora esta classificação
esteja ausente do novo código civil.
Não é, também, qualquer possuidor que poderá mover a ação de usucapião, pois, para
alguns lhe falta um dos requisitos essenciais (locatório, exceto se houver modificação no
animo da posse) – posse ad usucapionem – a posse deverá ser mansa, pacífica, contínua,
incontestada, pelo tempo determinado, com o ânimus domini. Não pode ter sofrido
qualquer forma de impugnação.
Uma forma de contestar a posse poderia ocorrer através da citação em procedimento
reivindicatório (proprietário) ou em ações petitórias ou reipersecutórias (divisão,
demarcação).
A posse, portanto, não pode ser precária, clandestina ou violenta.
É possível ainda somarem-se as posses para se atingir o prazo necessário.
A sentença será transcrita junto ao registro imobiliário, gerando efeitos erga omnes.

08.3 – Quadro comparativo. Usucapião nos códigos de 1916 e 2002.

USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA NO CÓDIGO DE 1916.


 Art. 550.
 Não se investiga o justo título e boa-fé.
 Basta a posse mansa, pacífica e ininterrupta (não sofreu discussão,
impugnação, contestação ou dúvida que interrompesse a continuidade da posse
– interrupção da prescrição).

USUCAPIÃO ORDINÁRIA NO CÓDIGO DE 1916.

 Art. 551.
 Necessário justo título e boa-fé.
 Entre presentes e ausentes.

08.4 – Justo título e boa-fé.

Justo titulo é o fato gerador da posse, a justa causa da posse do usucapiente, não sendo
necessário que seja um documento, mas todo ato ou negócio jurídico que em tese posse
transferir a propriedade.
A boa-fé deve persistir durante todo o prazo aquisitivo, observando o contido no artigo
1201, parágrafo único do NCC.

USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA NO CODIGO DE 2.002.

 Artigo 1238.
 Atenção para o parágrafo único que, embora tenha reduzido o prazo, continua
a independer de justo titulo e boa-fé.
 Duas modalidades de usucapião extraordinária com prazos diferentes.

USUCAPIÃO ORDINÁRIA NO CÓDIGO DE 2.002.

 Artigo 1242.
 Exige o requisito da moradia ou realização de serviços de caráter produtivo no
local.
 Pode-se pedir ao juiz que reconheça a usucapião extraordinária, se forem
discutíveis a boa-fé ou o justo título.
 Atenção para o parágrafo único.
 Não existe mais a distinção entre presentes e ausentes.

Deve-se dar atenção especial aos artigos 2028 e 2029 das disposições transitórias do
NCC.

A Constituição Federal de 1988 prevê, ainda, a usucapião especial em seu artigo 183,
acompanhado pelo artigo 1240 do NCC e artigo 9º da Lei 10.257/01 – Estatuto das
Cidades. A modalidade de usucapião que tem por objeto apenas imóveis urbanos e também
é conhecido por usucapião pro-mísero.
Já a usucapião especial rural, também é chamada de usucapião pró-labore (artigo
191 C.F.); em ambos os casos (rural e urbano) é essencial que haja moradia fixada por
aquele que pretende a usucapião.
Outra modalidade de usucapião é o coletivo, previsto pelo NCC em seu artigo 1228, §
4º e artigo 10 da Lei 10.257/01. Este já é exclusivo dos imóveis urbanos.
Tem por fundamento a pressão social criada pelas ocupações urbanas e encontra
amparo constitucional – função social da propriedade.
Ao ser julgado, será atribuída a cada um dos possuidores uma fração igual, ressalvada
a hipótese de acordo escrito. A legitimidade para propositura deste procedimento encontra-se
no artigo 12 da Lei 10.257/01; outrossim é obrigatória a presença do M.P.
Por fim, a usucapião especial seguirá o rito sumário de acordo com a lei 6969/81.

08.5 – Questões procedimentais da usucapião.

08.5.1 – Legitimidade ativa.

A legitimidade sabe-se é daquele que detém a posse, cuja condição de possuidor e o


requisito da posse ad usucapionem, que diz respeito ao mérito, poderão ser demonstrados
no decorrer do procedimento.
Cita a doutrina que é licito ao possuidor, desde que tenha atingido todas as
qualificações da prescrição aquisitiva, pleitear a usucapião mesmo que tenha sofrido
esbulho.
Se forem vários os possuidores (composse) deverão pleitear em conjunto. Observa-se,
ainda, a questão da legitimidade nos casos de sucessão do antigo possuidor e dos possuidores
casados que é de ambos os consortes. Somente haverá composse quando dois ou mais
titulares da posse exercitam simultaneamente atos exteriorizadores do domínio.

08.5.2 – Legitimidade passiva.

Na usucapião serão citados os réus certos (por mandado), os quais, entendem-se por
pessoas em cujo nome estiver transcrito o imóvel usucapiendo e os confinantes do prédio
mesmo. Por se tratar de ação de direito real, indispensável a citação dos cônjuges. Na
ausência de citação de qualquer um, ocorre a nulidade absoluta do feito. Parte da doutrina, no
entanto, não entende ser o caso de nulidade a ausência de citação de um dos confrontantes,
pois, a prescrição aquisitiva se opera apenas contra o antigo dono.
A importância de citação dos confrontantes encontra respaldo nas questões de
delimitação.

Quanto aos réus incertos, ausentes e desconhecidos (Art. 942), serão citados por
edital.
 Ausentes – são pessoa conhecidas e com interesse na causa que por conta do
seu paradeiro, torna-se inviável a citação pessoal. A convocação é certa e
determinada (?).
 Incertos – são aqueles cuja existência é possível, porém, não conhecida do
autor.

Deverão ter ciência, ainda, as Fazendas Públicas Federal, Estadual e Municipal (Art.
943), para que manifestem interesse na causa.

08.5.3 – Competência.

Diante do artigo 95 do CPC, não resta dúvida de que a competência para ajuizamento
da usucapião é do foro de situação do imóvel.
Quando houver interesse da União, ou porque se lhe atribui o domínio ou porque é
confrontante a competência é da Justiça Federal.

08.5.4 – Procedimento.

A petição inicial deverá conter, além dos requisitos do art. 282, os dos artigos 941 e
942. O fundamento consiste na explicitação da origem e característica da posse, duração e no
tipo de usucapião que se pretende.
Necessária, também, a planta do imóvel. A descrição (área, confrontações, divisas,
características) também servirá para facilitar o futuro registro na matrícula.

08.5.5 – Contestação e revelia.

A fase de citação é longa como se pode ver. A revelia opera-se apenas em face dos
réus certos, caso não ofertem resposta no prazo de 15 (quinze) dias. Aos réus citados por
edital, ser-lhe-á dado curador especial.
Atenção para o artigo 923 que impõe a vedação de se intentar a usucapião na
pendência de medida possessória.
A participação do M.P. nestes procedimentos será sempre obrigatória.

09. AÇÃO DE DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES.

Ser considerarmos os poderes que configuram o domínio como sendo exclusivos e


ilimitados (artigos 1231 do NCC), para que o dono possa exercê-los, é condição sine qua
non que o objeto seja precisamente identificado.

Os fundamentos podem ser encontrados nos artigos 1297 e 1320 do NCC. A lei,
assim, busca eliminar as incertezas, bem como, maus indesejáveis ao pleno exercício das
faculdades inerentes ao direito de propriedade.

09.1 - Objetivos.

 Demarcação – obrigar ao confinante a estremar os respectivos


prédios, fixando novos limites entre eles ou aviventando os já apagados.

 Divisão – compete ao condômino para obrigar aos demais a


partilhar a coisa comum. (dissolução do condomínio).

09.2 - Características dos procedimentos.

A contestação acontecerá no prazo de 20 (vinte) dias após a citação (artigos 954 e 968
do CPC). As teses de defesa poderão ser, entre outras:

 Inexistência de domínio do autor;


 Inocorrência de contigüidade entre os prédios
 Ilegitimidade da linha perimétrica pretendida pelo autor;
 Desnecessidade da demarcação por serem certos os limites.
 Usucapião;
 Inexistência de comunhão.
 Indivisibilidade do imóvel.
Ambos estão divididos em duas etapas, tal como ocorre no procedimento de
prestação de contas. Na primeira etapa o juiz apreciará a existência do direito de dividir ou
demarcar e na segunda, executará a demarcação ou divisão.
O procedimento, na primeira fase, é ordinário, sendo especial apenas na segunda fase
em cada um dos feitos.
No caso da demarcatória, mesmo que haja revelia, o juiz deverá promovera prova
pericial para levantamento do traçado da linha demarcatória.
Como ações de direito real imobiliário que são, em ambas deverá contar, o autor,
com o consentimento de seu cônjuge para propositura da demanda. Por outro lado, devem
figurar ambos os cônjuges no pólo passivo da demanda.

A competência para julgar será definida pela prevenção, na hipótese do imóvel


situar-se em região de fronteira entre comarcas ou Estados (art. 107).

Será possível a cumulação de divisão e demarcação num só processo, no entanto,


primeiro haverá a demarcação e depois a divisão, podendo, inclusive, serem distintas as partes
(art. 947).

Procedimento de demarcação.

Legitimação ativa e passiva.

Nos termos do próprio CPC, somente terá legitimidade ativa o proprietário, até nos
casos de propriedade semiplena ou limitada, (quando não estão presentes todos os
direitos elementares), como na hipótese de usufruto. Há quem critique, pois, entendem
alguns que o usufrutuário não poderá impor a demarcação ao nu-proprietário.

Já no caso da legitimidade passiva, o confinante não precisa ser, necessariamente, o


proprietário do imóvel vizinho, mas também o proprietário presumido, o possuidor em nome
próprio ou titular do domínio. Assim, apenas o promovente deve ser necessariamente o
proprietário.
Ocorre que a coisa julgada não pode se oposta contra o titular do domínio em
hipótese de ter sido a demanda proposta contra o possuidor. Aconselha-se que em caso de
duvida, ambos, possuidor e proprietário, sejam indicados para figurar no pólo passivo.
A doutrina ainda se debate quanto ao cabimento da demarcatória c/c reivindicatória. A
opinião de Humberto T. Jr. é positiva, quando o pedido é feito na forma conseqüente ou
eventual. Atenção deve ser dispensada ao artigo 951 do CPC. A retomada do terreno
invadido, pela natureza da demarcatória, é uma conseqüência da medida. Não decorrem
efeitos tipicamente possessórios.

Roteiro geral.

1. Primeira fase.
 Postulação (artigos 950 a 954 do CPC)
 Julgamento conforme o estado do processo;
 Saneamento (art. 956 do CPC)
 Instrução processual (art. 957 do CPC).
 Decisão (art. 958 do CPC)
2. Segunda fase.
 Serão realizados os trabalhos de campo com obediência aos atos
estabelecidos pelo CPC a partir do artigo 959.

09.4. Procedimento de divisão.

09.4.1 – Legitimação ativa e passiva.

A legitimação ativa é reserva a cada uma dos condôminos, sem necessidade de


anuência dos demais.
Quando se tratar de possuidores com direitos reais limitados (usufrutuário), estes
somente poderão postular a divisão em face de outros titulares de igual direito. Entre o
usufrutuário e o proprietário não se postulará a divisão, pois, os direitos de cada um sobre o
imóvel são diversos e necessariamente devem coexistir.
Na hipótese do usufrutuário deter direito real sobre cota parte que o nu-proprietário
tem em condomínio, terá que se conformarem exercer o jus in re aliena apenas sobre a
cota ideal com todas as limitações que são inerentes ao condomínio EXCETO, se a
divisão for movida em face dos diversos co-titulares de um mesmo direito real sobre a
coisa alheia.

Os herdeiros, enquanto não partilhada a universalidade de bens, exatamente porque


não se pode precisar quem são os herdeiros que ficarão com as respectivas cotas não serão
parte legítima. O espólio, no entanto, se figurar como condômino de imóvel divisível, poderá
ser autor ou réu.

A legitimação passiva recairá sobre todos os condôminos (litisconsórcio necessário e


unitário). O atual código não contempla regra sobre a necessidade de se notificar terceiros
interessados, porém a doutrina ressalta a importância. O exemplo mais prático é encontrado
no terceiro adquirente de porção certa de terra comum, sem a anuência dos demais
condôminos. Neste caso, deverá se sujeitar ao processo divisório, pois, sua condição de
adquirente é condicional.
A citação de todos os condôminos é obrigatória sob pena de nulidade do processo.
Aqueles que não forem localizados serão citados por edital e lhes serão dado curador especial.

Os confrontantes de imóvel dividendo não são parte interessada, exceto se a


pretensão de divisão for cumulada com demarcatória (artigo 974).

09.5 – Procedimento.
A petição inicial deverá conter:
 A precisa caracterização da coisa a dividir;
 A demonstração de como se formou a comunhão sobre a coisa, com
exata demonstração de sua origem e de todos os participantes.

Por fim, ressalta-se que, neste procedimento especial, também dividido em duas fases,
os trabalhos de campo serão disciplinados conforme os artigos 970 e seguintes do CPC.

09.6 – Questões comuns à divisão e à demarcação.


Poderão pleitear a demarcação, também os possuidores, quando a linhas extremas
controvertidas se referirem ao exercício da própria posse. Portanto, não poderá dirigir a
pretensão em face do proprietário.
No que se refere à coisa julgada no procedimento divisório, esta não é material, a
ponto de decidir domínio, pois, para tanto, deveria a lide ter versado acerca dos títulos,
inclusive usucapião. Portanto, a sua eficácia fica restrita aos quinhões e não sobre o direito de
propriedade.
“A sentença que homologa a demarcação faz coisa julgada sobre esta, não, porém, sobre o
domínio. Sobre o domínio haverá coisa julgada na sentença proferida na primeira fase,
quando tenha havido contestação sobre a propriedade”.

10. INVENTÁRIO E PARTILHA.

É no momento da morte que se transmitem os bens aos respectivos herdeiros


(universalidade); para tanto é preciso apurar quais são estes bens, bem como, a quem caberão
dentro da partilha.
O inventário serve à descrição detalhada do patrimônio (ativo e passivo), sendo a
partilha estágio do procedimento que adjudicará a cada um dos herdeiros o seu respectivo
quinhão.

O atual código descreve o inventário como sendo de jurisdição contenciosa, embora


já se tenha defendido que sua característica era de jurisdição voluntária, porquanto, a disputa
dos herdeiros era um acontecimento casual.

10.1 – Inventário negativo.

Embora não previsto pelo CPC, o inventário negativo socorre a situações em que não
há bens a serem partilhados; serve, portanto, para se provar o óbito e que inexistem bens a
partilhar. Exemplo típico é o da situação que encontramos no artigo 1523, I do NCC.

10.2 – Competência.

São importantes, neste tópico, os artigos 89, II e 96, parágrafo único do CPC. Ainda
inspira atenção o contido no artigo 984 do CPC.

10.3 – Administração da herança.

Para essa função existem duas figuras.

 Inventariante – sua função é exercida dentro do processo, a partir da nomeação


judicial e compromisso prestado. (Art. 990)
 Administrador provisório – administra a massa hereditária enquanto não nomeado o
inventariante após a abertura do inventário (Art. 985). Geralmente é aquele que detém
a posse dos bens do “de cujus”. A lei reconhece tal encargo ao cônjuge ou
companheiro (Art. 1797, I do NCC) ou na falta destes, ao herdeiro que estiver na
posse e administração dos bens, ao testamenteiro ou pessoa de confiança do juiz.

Ambos deverão representar o espolio ativa e passivamente em juízo ou fora dele,


porém, o administrador deve ter sua regularidade reconhecida. O administrador provisório
não tem livre disposição dos bens.
10.4 – Inventariante.

Trata-se de pessoa tida como auxiliar do juízo (múnus publico), cuja escolha
obedecerá aos critérios do artigo 990 do CPC.
Se dentro de uma mesma classe houver conflito entre os herdeiros, o juiz,
excepcionalmente, poderá fugir da ordem legal.
Se o preferente for pessoa incapaz seu representante legal não poderá assumir o
encargo em seu nome, exceto como dativo, na ausência de outros.
Seus poderes duram até o julgamento da partilha e podem se estender caso sejam
descobertos outros bens partilháveis. Sua incumbência está prevista no artigo 191. Seus atos
limitam-se à administração dos bens, portanto, atos que impliquem em disposição de bens
devem contar com a anuência dos demais herdeiros e mediante autorização do juiz,
conforme as exigências do artigo 992.
Invariavelmente a deliberação caberá ao magistrado. Dos atos praticados pelo
inventariante, este deverá, sempre, prestar contas perante o juízo.
Por fim, pelo encargo desempenhado, ao inventariante não assiste qualquer tipo de
remuneração.

10.5 – Remoção do inventariante.

A própria lei enumera os casos em que se dará a remoção (art. 995). Não pode ser
determinada de ofício e sem oportunidade ao contraditório. Trata-se de um incidente
processual, cujo procedimento encontra-se previsto no artigo 996 do CPC.
O art. 995 não é exaustivo, pois, a remoção pode ocorrer em todos os casos que reste
caracterizada a negligencia ou a malícia do inventariante sempre que, intimado regularmente,
deixar de praticar, sem justificativa, o ato que lhe compete.

10.6 – Legitimidade.

Em um primeiro momento a propositura do inventário cabe ao administrador


provisório (art. 987). Todavia, o código arrola as pessoas legitimadas, sem que entre elas
exista preferência, ou seja, a legitimação é concorrente. Todavia a legitimação não se
confunde com a questão que envolve o exercício da inventariança.
Também o juiz poderá ordenar de oficio a abertura do inventario (artigo 989).

10.7 – Procedimento do inventário.

10.7.1 – Petição inicial – Deve ser instruída com a certidão de óbito. Observa-se o
prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de iniciar-se ex officio.

10.7.2 – Primeiras declarações – após a nomeação do inventariante e


compromissado, este terá 20 (vinte) dias para apresentar suas primeiras declarações,
pessoalmente ou através de advogado com poderes específicos. Obedecerá ao conteúdo do
artigo 993 e dela será extraído o respectivo termo nos autos.

10.7.3 – Citações – far-se-á nos termos do artigo 999 e 1.000 do CPC, sendo
dispensada quando todos os herdeiros, espontaneamente, comparecem aos autos. Serão
citados os herdeiros e seus respectivos cônjuges.
10.7.4 – Impugnações – no prazo de 10 (dez) dias todos os interessados poderão
impugnar as primeiras declarações apresentadas pelo inventariante, nos termos do art. 1.000
do CPC.
Importante ressaltar que o juízo do inventário é competente para dirimir todas as
questões que digam respeito ao referido procedimento, exceto quando as questões sejam de
alta indagação, quando então as partes serão remetidas às vias ordinárias.

10.7.5 – Avaliação – tem a finalidade de prepara a partilha e propiciar base de calculo


para o imposto de transmissão causa mortis. É dispensada no caso de serem, os herdeiros
maiores e capazes. Para tanto deverão concorrer as hipóteses dos artigos 1007 e 1008 do
CPC.
As partes terão 10 (dez) dias para as manifestações (art. 1009).

10.7.6 – Ultimas declarações – oportunidade para emendar, aditar ou complementar


as primeiras declarações. É o retrato da situação definitiva da partilha entre os herdeiros.

10.7.7 – Calculo do imposto causa mortis – elaborado pelo contador do juízo. Os


tributos incidem apenas sobre os bens imóveis. O calculo levará em conta o valor líquido da
herança, após as deduções de dividas, despesas de funeral e custas processuais.
Sobre o calculo ser manifestará a Fazenda Pública (Art. 1013) e as partes em cinco
(05) dias.

10.7.8 – Colações – serão computados os adiantamentos de legítima feitos em favor


de qualquer herdeiro, observando o contido nos artigos 2.005 e 2.006 do NCC.
Trata-se do ato de reconstituição do acervo hereditário, com a adição ao acervo
hereditário, dos bens doados em vida aos descendentes.
 Se os bens doados ainda se encontram com o donatário, aqueles poderão ser
restituídos ao monte partilhável.
 Caso contrário, a colação será feita pelo respectivo valor para compor a
formação do quinhão do donatário.

A colação é de iniciativa do donatário (art. 1014), mediante declaração tomada por


termo nos autos. Poderá ser provocada pelo inventariante, procedendo-se na forma do artigo
1.016 do CPC .
A colação é obrigatória inclusive na hipótese de renuncia à herança ou exclusão do
herdeiro da sucessão (art. 1.015).

10.7.9 – Sonegados – quando bens do espolio são dolosamente ocultados para não se
submeterem ao inventário.
 Se o sonegador é apenas herdeiro, perderá o direito sucessório sobre o objeto
sonegado; se não o tiver mais terá de pagar ao espólio o valor em perdas e
danos.
 Se alem de herdeiro for inventariante, também perderá o encargo.

A questão será decidida em autos apartados (incidente) e a provocação cabe a qualquer


herdeiro. A matéria é disciplinada pelos artigos 1.992 e seguintes do NCC.

10.7.10 – Pagamento de dívidas do morto – os herdeiros assumirão as dividas


deixadas pelo falecido, dentro das forças da herança que cada um receber. O procedimento é
administrativo e encontra-se disciplinado entre os artigos 1017 a 1021 do CPC.
O credor, porém, terá a faculdade de se socorrer, diretamente, do procedimento
contencioso, caso seja da sua escolha.

11. PARTILHA.

Haverá partilha quando forem vários os sucessores; quando apenas um, o juiz decidirá
por sentença, deferindo a adjudicação do patrimônio ao único interessado.
Além da partilha judicial, a lei ainda prevê outras duas formas: a) partilha amigável,
por escritura publica ou termo nos autos ou escritura particular homologada pelo juiz
(inventario ou arrolamento); b) partilha em vida, por ato entre vivos ou ato de ultima
vontade, porém, não pode haver prejuízo à legítima dos herdeiros necessários.

11.1 – Partilha judicial.

Após o pagamento dos tributos, o juiz assinalará o prazo de 10 (dez) dias para que os
interessados formulem seus pedidos de quinhão (art. 1022). A partilha não observa apenas a
igualdade aritmética, mas também a comodidade, igualdade e a prevenção se litígios. Os
bens não passíveis de divisão serão vendidos em leilão ou praça.

11.2 – Esboço da partilha.

É da incumbência do partidor do juízo e obedecerá ao exposto no artigo 1.023 do


CPC, que indicará o quinhão de cada herdeiro. Dele terão ciência a Fazenda Publica e o
Ministério Público (art. 1024).
Assim, o monte-mor é formado por dividas atendidas, meação do cônjuge, meação
disponível e quinhões hereditários, a começar pelo co-herdeiro mais velho.
O monte-mor partível é obtido com a subtração das dívidas do espolio, despesas
processuais e honorários. A meação do cônjuge não integra a herança. Quanto à meação do
morto, atentar-se-á, primeiramente, à existência de testamento ou doações feitas em vida para,
então, obter-se a legítima dos herdeiros necessários (art. 1846 NCC).
Por fim, o escrivão lançará a partilha mediante termo nos autos conforme preceitua o
artigo 1025, para que então seja extraído o formal de partilha.

11.3 – Sentença de partilha.

O juiz, com base na partilha lançada nos autos, lavrará sentença homologatória que em
processo contencioso faz coisa julgada material (art. 1026). Quanto for um único herdeiro
a sentença será de adjudicação.

11.4 – Formal de partilha.

É o documento que será titulo hábil para transcrição dos imóveis no registro
imobiliário ou de titulo aquisitivo para os demais bens. É formado de peças obrigatórias
segundo o artigo 1027. Também se caracteriza como titulo executivo judicial e poderá ser
substituído por simples certidão conforme artigo 1027, parágrafo único.

11.5 - Retificação da partilha.

A correção do formal é permitida pelo artigo 1028, mediante nova sentença


homologatória. É necessário o recolhimento dos formais primitivos para substituição. Meras
inexatidões materiais podem ser corrigidas de ofício, sem necessidade da expedição de novos
formais.

11.6 – Invalidação da partilha.

As hipóteses de anulação ou de rescisão encontram-se nos artigos 1029 e 1030 do


CPC e dependerão de ser a partilha amigável ou judicial.

11.7 – Arrolamento.

Previsto entre os artigos 1030 a 1038, trata-se de um procedimento compacto, sem as


solenidades do inventario.
A própria lei se encarrega de descrever as hipóteses de dispensa do rito de inventario
(artigo 1031, § 1º e 1036).
 Dependerá que todos os herdeiros sejam maiores e capazes
 Que estejam em total acordo.

De um modo geral, estas são as seguintes simplificações:

 Dispensas de todos os termos;


 Dispensa de avaliação;
 Dispensa de contador e partidor;
 Dispensa do compromisso do inventariante;
 Recolhimento do ITCM por via administrativa;
 Dispensa de apresentação de certidões negativas de tributos;
 Inventariante indicado pelos herdeiros;
 Dispensa de manifestação do M.P., exceto no caso de testamento;

Também pode-se descrever os seguintes aspectos procedimentos, em resumo.

 Petição inicial com todos os interessados, acompanhada de certidão de óbito,


descrição dos bens e valores, títulos de herdeiros, indicação de inventariante;
 A forma de partilha pode constar da petição inicial;
 O juiz pode homologar a partilha ou deferir a adjudicação, independentemente
de vista à Fazenda ou de recolhimento dos tributos;
 O recolhimento é pela via administrativa o que impede eventuais impugnações
pela Fazenda;
 O formal de partilho ou alvarás serão entregues apenas quando verificado o
recolhimento.

Também pode se adotar o rito do arrolamento em função do pequeno valor dos bens
mesmo quando não haja acordo entre os herdeiros ou estes sejam incapazes. Neste ultimo
caso a intervenção do M.P, é obrigatória. A escolha do inventariante obedecerá a ordem de
preferência. Os herdeiros serão citados (art. 999), todavia, se todos concordarem, a partilha
poderá ser julgada desde logo. A avaliação será necessário, na hipótese de impugnações.
11.8 – Lei 6.858/80.

Dispensa-se o rito de arrolamento quando os bens do “de cujus” resumir-se a saldos do


FGTS, PIS, PASEP, restituição de impostos, saldos bancários, investimentos, etc. Estes
valores são liberados independentemente de inventario ou arrolamento, mediante simples
alvará. A competência é da Justiça Estadual.

11.9 – Sobrepartilha.

É uma nova partilha de bens pertencentes ao mesmo espolio, os quais, por qualquer
motivo foram excluídos do inventário, nos termos do artigo 1040 do CPC. Os bens
litigiosos são aqueles pertencentes ao espolio e que estavam envolvidos em disputa judicial.
Os de liquidação difícil são aqueles que se encontram em zonas remotas, longe da sede do
inventário.
Correrá nos próprios autos e observará os mesmos tramites do inventario ou
arrolamento.

Por fim, interessa ressaltar que nestes procedimentos não haverá condenação em verba
de sucumbência, tampouco, serão extintos por abandono dos interessados, cabendo ao juiz, se
for o caso, provocar a remoção do inventariante.

12. EMBARGOS DE TERCEIRO.

Os efeitos da coisa julgada somente deverão produzir conseqüências entre as partes


envolvidas na lide. As conseqüências indiretas ou reflexas, invariavelmente atingirão
terceiros, os quais, desde o processo de conhecimento poderão intervir (meios de intervenção
como oposição, assistência) e também por meio dos embargos de terceiro, especialmente nos
processo de execução quando se ultrapassam os limites patrimoniais do devedor.

Assim é meio para que o terceiro que não é parte no processo, que sofre turbação ou
esbulho na posse de seus bens por ato de apreensão judicial (penhora, arresto, seqüestro,
alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário, partilha), possa desvincular o
patrimônio atingido.

12.1 – Requisitos.

O terceiro há que demonstrar o direito ou a posse que justifique a exclusão do seu


bem. Abrange o domínio ou qualquer outro direito real ou pessoal, todavia, não é lícito ao
terceiro ingressar na discussão do direito alheio.
Os embargos limitam-se a impedir atos materiais do juízo na esfera patrimonial
de quem não deve suportar a eficácia do processo alheio. O próprio artigo 1048 menciona
a hipótese de cabimento dos embargos no processo de conhecimento (impedir cumprimento
de mandados possessórios ou de despejo). Não é meio para invalidar a sentença.

Além dos casos previstos no artigo 1046, o artigo 1047 também enumera exemplos
especiais.
Especial atenção para o caso de cabimento dos embargos de terceiro em favor do
credor de crédito hipotecário. Este deverá ser intimado da penhora levada a efeito por credor
quirografário e não poderá impedir a arrematação, salvo se provar que o devedor possuía
outros bens livres. (STF).

12.2 – Procedimento.
A regra é a de que o terceiro não tenha participado da relação processual primitiva.
Exceção feita ao substituto processual, assistente, mulher casada.
A doutrina comenta com freqüências alguns casos como o da mulher casada,
promissário comprador anterior ao ato da penhora, independentemente de registro do contrato
(STJ) e sócios de pessoas jurídicas.

A legitimação passiva recairá sobre todos aqueles que foram parte no processo
originário. Nos processos de execução a legitimidade para figurar no pólo passivo poderá
recair sobre o credor ou devedor, dependendo de quem tenha realizado a nomeação do bem à
penhora.
 A petição inicial obedecerá aos requisitos do artigo 1050;
 O valor da causa é o bem; quando imóvel, vale a regra do artigo 259, VII.
 São autuados em apenso;
 Admitem liminar de manutenção ou reintegração de posse, mediante prestação
de caução;
 Poderão ser parciais ou totais (ocasionando a suspensão do feito principal);
 A jurisprudência admite a citação na pessoa do advogado;
 Prazo para contestação: 10 dias

12.3 – Oportunidade.

As hipóteses de cabimentos encontram-se previstas no artigo 1048. Ressalte-se que o


transito em julgado não é o marco final para que o terceiro reclame pelo bem; apenas, deverá
recorrer às vias ordinárias. Perceba-se, ainda, que não há um prazo inicial para o manejo dos
embargos.
Os embargos serão distribuídos por dependência aos autos principais. Para os atos
judiciais cumpridos através de carta precatória, será competente o juiz que ordenou e
presidiu o ato, ou seja, dependerá de ter sido expedida a precatória com a especificação do
bem a ser apreendido ou não.
O reconhecimento, pelo embargado, do direito do terceiro embargante, quando aquele
ainda não teve oportunidade para conhecer do ato realizado por iniciativa do oficial de justiça,
dispensa-o das verbas de sucumbência (jurisprudência). A praxe ainda recomenda que o
terceiro requeira a liberação do bem mediante simples petição.

13. HABILITAÇÃO.

O procedimento em questão disciplinado nos artigos 1055 a 1062 do CPC, tem por
objetivo permitir que os sucessores da parte falecida ingressem em juízo na condição de
substitutos processuais a fim de recomporem a relação processual afetada pela morte de
um dos sujeitos originais.
A substituição dependerá, sempre, da disponibilidade do direito material. Até que a
habilitação seja concluída, os autos principais ficarão suspensos.

13.1 – Legitimidade.

Segue-se a regra do artigo 1056; importante ressaltar que a habilitação não pode ser
iniciada ex officio pelo juiz. Qualquer processo admite habilitação; os terceiros intervenientes
também poderão ser substituídos, excetos o mero assistentes.
Por ser causa incidente, a competência para julgá-la é do juiz da causa original.
13.2 - Procedimento.

O procedimento pode ser tanto na forma de incidente (artigos 1057 e 1058) que é
contenciosos, julgado através de sentença, como na forma de habilitação direta nos próprios
autos (artigo 1060), independentemente de sentença, sendo mera decisão interlocutória.

Havendo resistência ou controvérsia, a forma de habilitação necessariamente será a


primeira. A citação poderá ocorrer na pessoa do advogado ou quando se tratar dos sucessores
da parte morta, pessoalmente. O prazo para resposta é de 05 (cinco) dias, podendo se seguir a
instrução se necessária.

Transitada em julgado a sentença, os autos principais retornarão ao seu curso normal.


Os habilitados recebem-no no estado em que se encontra.

14. RESTAURAÇÃO DE AUTOS.

Procedimento previsto para as hipóteses de extravio dos autos, pois, enquanto não
superado, ficará prejudicada a continuidade do feito. A lei ainda prevê, além da restauração, a
possibilidade de autos suplementares, de competência do escrivão (artigo 159).
Trata-se de procedimento contencioso, que somente é autorizado quando inexistem os
suplementares.
Seus principais objetivos são a pesquisa e definição do conteúdo dos diversos
documentos que compunham os autos originais. A sentença se limitará a declarar
restaurados os autos, não podendo se ocupar de qualquer assunto relativo ao mérito.

A legitimidade é de qualquer uma das partes e a competência para julgar o pedido é


do juiz da causa original, cujos autos foram perdidos e do Tribunal caso estivessem
tramitando em segunda instância.

14.1 – Procedimento.

A petição inicial conterá a declaração do estado em que se encontrava a causa ao


tempo do desaparecimento dos autos e ainda conterá os requisitos do artigo 1064.
A citação é para que a parte ré, no prazo de 05 (cinco) dias conteste o pedido e
apresente as peças que se encontram em seu poder. A parte contrária poderá, ainda, limitar-se
a concordar com a restauração.
Quando o desaparecimento ocorrer após a produção da prova oral em audiência, esta
será repetida no bojo da restauração. Em regra geral as testemunhas serão as mesmas, exceto
nas hipóteses do artigo 1066, § 1º. Igualmente a perícia, será mantida a já produzida, cujo
laudo será substituído por copias. Os auxiliares da justiça poderão depor sobre atos que
tenham praticado. O juiz também poderá anexar copia de decisões e sentença que já tenha
proferido.

Com a sentença que julgarem restaurados, o processo principal terá continuidade nos
próprios autos da restauração, exceto se forem localizados os originais.
O culpado pelo extravio será condenado nas custas processuais e honorários
advocatícios.
16. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA.

Em tais procedimentos não se observa a existência da lide e atuação do Poder


Judiciário é meramente “administrativa”.
Assim, neles não há litígio, mas sim, negócio jurídico, não há partes, mas sim
interessados, não há ação, mas sim pedido. As partes não possuem direitos subjetivos a
exercitar, mas realizar um ato jurídico em juízo que crie ou instale um novo estado jurídico
com efeitos erga omnes, mas sem efeito de coisa julgada.

Seguem a regra do artigo 2º do CPC, todavia, em diversos casos o juiz poderá agir de
ofício (alienação de bens depositados judicialmente, exibição de testamento, arrecadação de
bens da herança jacente). Entendem, alguns, não haver sequer contestação; todavia, a parte
contraria será citada para responder em 10 (dez) dias.

17. PROCEDIMENTO ESPECIAL DE ALIENAÇÃO DE BENS.

De acordo com os artigos 1113 a 1119, tal procedimento tem espaço nas seguintes
situações.
 De função cautelar, quanto os bens constritos judicialmente correrem o risco
de deterioração, estiverem avariados ou exigirem grandes despesas para sua
guarda; (casos de penhora, arresto, seqüestro, busca e apreensão).
 Como meio de resguardar interesses de incapazes;
 Como meio de extinção de condomínio sobre coisas indivisíveis.

Em quaisquer casos, tem-se como pressuposto uma relação processual pendente; na


primeira hipótese, a deliberação pode ser a pedido das partes, por iniciativa do juiz ou até do
depositário judicial.

A alienação tanto poder ser na forma de incidente (alienação de bem do espolio para
pagamento de despesas do processo) ou como procedimento autônomo.

17.1 - Procedimento.

A forma de alienação judicial é o leilão, exceto se todos os interessados forem


capazes e convirem expressamente, seguindo a regra do artigo 1109 do CPC. Inclusive,
defende parte da doutrina que nas hipóteses de alienação cautelar, o juiz poderá, utilizando-se
do poder geral de cautela, determinar a imediata venda do bem, dispensando até mesmo a
publicação dos editais. Quanto a estes não há previsão legal, mas são necessários por
analogia ao procedimento previsto para o processo de execução – necessidade de
publicidade.

Os bens a serem alienados serão avaliados nos termos do artigo 1114. No caso de
imóvel de menor a avaliação não será dispensada. Se o lanço não alcançar pelo menos 80%
do valor da avaliação o bem ficará confiado a um depositário idôneo adiando-se o leilão por
prazo não superior a um ano. O leilão será único.

O valor obtido com a venda será depositado em banco oficial e sobre ele sub-
rogar-se-á os ônus ou responsabilidades a que estavam sujeitos os bens alienados.
Outros casos que alienação que se sujeitam a este procedimento podem ser vistos no
artigo 1117 do CPC.
No caso de bens indivisíveis em inventário, o procedimento em questão será
necessário, exceto quando adjudicado por inteiro por um herdeiro, devolvendo o excedente ou
quando adjudicado por dois herdeiros em condomínio.

18. PROCEDIMENTO ESPECIAL DE SEPARAÇÃO CONSENSUAL.

Para ruptura da sociedade conjugal, prevê a lei civil dois mecanismos: separação
litigiosa (pelo rito ordinário) e a consensual, conforme o rito dos artigos 1120 a 1124 do
CPC.
O juiz apenas fiscaliza a regularidade do ajuste de vontade entre os consortes.

18.1 – Procedimento.

Único requisito é o de que o matrimonio date de mais de dois anos, segundo a Lei.
6.515/77, todavia, o NCC prevê um novo prazo, menor, de apenas um ano, aplicando-se aos
casamentos contraídos após a edição do novo diploma.
Deve ser pleiteado em conjunto por ambos os cônjuges em conjunto e a competência
é do foro da residência da mulher.
Os cônjuges comparecerão pessoalmente na presença do juiz e serão ouvidos sobre os
motivos da separação. O juiz poderá se recusar em reduzir a termo as declarações caso
constate certa hesitação dos cônjuges, marcando data a fim de que ponderem a respeito do
pretendido (art. 1122). Também poderá se recusar no caso não serem preservados os
interesses dos filhos. Também poderá se opor o Ministério Público.
A sentença de homologação será averbada à margem do assento de casamento e no
registro imobiliário no caso de partilha de bens imóveis.

18.2 – Petição inicial.

Deve ser assinada por ambos os consortes. Deverão ser atendidos os requisitos do
artigo 1121, com especial atenção a sua nova redação dada pela lei 11.112/05.
Constará, ainda, o nome a ser adotado pela mulher após a separação. O direito a
alimentos pode não ser exercido pelos consortes.

18.3 – Reconciliação do casal.

O casal poderá requer ao juiz nos autos da separação a sua reconciliação, pois, a
sentença não põe fim ao vinculo matrimonial.

19. TESTAMENTOS E CODICILOS.

Codicilo – Trata-se de um ato simplificado de ultima vontade para as disposições de


pequena monta (artigo 1881 do NCC), que dispensa as formalidades do testamento. Não
necessita de testemunhas mas obedece.

Na legislação civil vigente, temos três espécies de testamentos comuns:

 Cerrado: Escolhido por aqueles que desejam manter sua manifestação de


ultima vontade em segredo. Escrito ou assinado pelo testador, ou por outra
pessoa, a seu rogo; o testador entrega-o ao tabelião, em presença de duas
testemunhas, declarando ser aquele seu testamento e que quer que seja
aprovado; o tabelião lavra o auto de aprovação, que é lido, em seguida, ao
testador e testemunhas, e assinado por todos – artigos 1868 e seguintes do
NCC.
 Publico: ao qual qualquer pessoa poderá ter acesso. Escrito por tabelião, ou
por seu substituto legal, em seu livro de notas, de acordo com as declarações
do testador, e lido em voz alta pelo tabelião, ou pelo testador, na presença de
duas testemunhas – artigos 1864 e seguintes do NCC.
 Particular: Assinado pelo testador e lido na presença de pelo menos três
testemunhas, que o subscrevem (Cód. Civil, art. 1.876). Em circunstâncias
excepcionais, declaradas na cédula, o testamento particular, de próprio punho e
assinado pelo testador, pode dispensar testemunhas.

Temos, ainda, os testamentos especiais:

 Marítimo: pode ser feito por quem estiver em viagem, a bordo de navio
nacional, perante o comandante, em presença de duas testemunhas, por forma
que corresponda ao testamento público ou ao cerrado – artigo 1886 do NCC.
 Aeronáutico: pode ser feito por quem estiver em viagem, a bordo de
aeronave, perante pessoa designada pelo comandante – artigo 1889 do NCC.
 Militar: pode ser feito pelos militares e demais pessoas a serviço das Forças
Armadas em campanha, dentro do País ou fora dele, assim como em praça
sitiada, ou que esteja de comunicação interrompidas – artigo 1893 do NCC.

O testamento nuncupativo é verbal. A pessoa empenhada em combate, ou ferida,


confia a sua última vontade a duas testemunhas; não produz efeitos, se o testador não morre
na guerra ou convalesce do ferimento (Cód. Civil, art. 1.896).

Neste procedimento especial o juiz não deve ingressar na discussão das clausulas do
testamento, no entanto, poderá negar o “cumpra-se”, caso verifique ausência dos
pressupostos mínimos de validade.
Lembrar da questão jurisprudência referente à abertura do testamento por particular ou
autoridade incompetente.

19.1 – Procedimento.

A competência é do juiz a quem o testamento for apresentado, não vinculando o juízo


do inventário.
Não necessita da intervenção de advogado, tampouco, de um requerimento formal e
não há prazo.
O juiz fará a abertura na presença do escrivão lavrando, este, o auto de abertura
(artigo 1125, parágrafo único), cuja peça substitui a inicial. Em seguida dá-se vista ao
Ministério Público. Para o caso de testamento público, lavrar-se-á termo de apresentação.
Por fim, será ordenado o registro, arquivamento e cumprimento. Seguem-se os
seguintes atos:
 Intimação do testamenteiro para prestar o compromisso em cinco dias.
 Nomeação de testamenteiro ad hoc ou dativo.
 Remessa de cópia autentica do testamento para o juízo do inventário.
 Remessa de cópia também para a repartição fiscal.
Qualquer interessado pode pleitear a busca e apreensão do testamento quanto deste
não é apresentado pelo testamenteiro após a morte do testador.

19.2 – Testamento particular (procedimento).

A lei exige que haja confirmação pelas testemunhas em juízo após a morte do testador
a fim de confirmar a espontaneidade do ato e das formalidades. É mais burocrático, pois,
assim evitam possíveis fraudes, ante a ausência de intervenção do notário.
A ouvida das testemunhas pode ser dispensada quando não houver contestação
quanto à autenticidade da declaração de ultima vontade ou quando se achar comprovada por
outros meios idôneos.

O procedimento é iniciado por petição de herdeiro, legatário ou testamenteiro,


instruindo-a com o testamento. Sucedem-se os seguintes atos:
 Intimação dos herdeiros legítimos, testamentários, testamenteiro e M.P.
 Designação de audiência para inquirição das testemunhas. (Perguntas: se as
assinaturas do testamento são autenticas, se ouviram a leitura do testamento
em voz alta, se o testador era capaz quando testou, se o escrito é realmente o
testamento que testemunharam).
 Sentença determinando o “cumpra-se”.

O testamenteiro deve prestar contas tal como o inventariante. Pode receber um


prêmio se não for herdeiro nem legatário e está sujeito a remoção, podendo demitir-se do
encargo mediante justificativa.

20. BENS DE AUSENTE.

Necessário o conhecimento da definição de ausência encontrada no Código Civil a


partir do artigo 22. É figura do direito civil para disciplinar a sucessão sobre os bens da
pessoa desaparecida através da sucessão provisória que se converterá em definitiva.

Para tanto faz-se necessário que concorram os pressupostos do artigo 1159 do CPC. Já
o foro competente é aquele do seu último domicilio; se incerto será o da situação dos bens.
As fases do procedimento dividem-se da seguinte forma:
1. Nomeação de curador ao ausente e arrecadação dos bens abandonados
2. Convocação do ausente por edital para retomar a posse dos bens.
3. Abertura da sucessão provisória em caso de não comparecimento.
4. Conversão em sucessão definitiva pela presunção da morte do ausente.

20.1 – Primeira fase.

A petição inicial comunicará ao juiz o desaparecimento da pessoa sem ter deixado


representante. Segue-se a nomeação de curador (art. 25 do C.C.) e o inicio da arrecadação
dos bens.
Finda a arrecadação (auto) serão publicados os editais pelo período de um ano,
reproduzidos de dois em dois meses.
Comprovada a morte, cessará a curadoria e dar-se-á inicio ao inventário.
20.2 – Sucessão provisória.

Qualquer interessado, depois de um ano da publicação do primeiro edital, poderá


requerer a abertura da sucessão provisória. São interessados aqueles enumerados pelo artigo
1163, §§ 1º e 2º.

Os herdeiros presentes serão citados pessoalmente e os ausente por edital. A


habilitação seguirá o rito do artigo 1057, provando a qualidade. As habilitações serão julgadas
por sentença, determinando a abertura da sucessão provisória, QUE SE INICIARÁ 06
(SEIS) MESES DEPOIS DE PUBLICADA.
Os herdeiros poderão ser emitidos na posse dos bens, desde que prestem caução.
Todavia, somente será possível se algum dos interessados requerer o inventario e partilha até
30 dias após o transito em julgado. Caso contrário a herança será havida como jacente.
Em caso de comparecimento do ausente os bens lhes serão devolvidos, sem prejuízo
das indenizações.

20.3 – Conversão em sucessão definitiva.

Nos termos do artigo 1167 do CPC.


Se o ausente ou seus descendentes comparecerem nos 10 (dez) anos seguintes à
abertura da sucessão definitiva, poderão formular nos próprios autos pedido de restituição,
cujos bens serão entregues no estado em que se encontram, sem direito a frutos e rendimentos.
Passados mais de dez anos da sucessão definitiva, não terão qualquer direito.

21. HERANÇA JACENTE.

A morte, por si só, já é fato que transmite a herança aos sucessores do “de cujus’.
Assim, a herança jacente é a total ausência de herdeiro certo e determinado,
desconhecimento de sua existência ou renuncia. Assim, cabe a arrecadação dos bens e a
colocação dos mesmos sob a administração de um curador.
A finalidade deste procedimento é, pois, preparar a transferência do patrimônio ao
Poder Público.

21.1 – Competência.

É do Juiz da comarca onde se situam os bens a serem arrecadados, sendo da Justiça


Estadual ainda que haja interesse de entidades federais.

21.2 – Legitimação.

A abertura da arrecadação compete ao próprio juiz (artigo 1142). Podem provocar o


M.P, a Fazenda Publica ou qualquer interessado que demonstre a morte de alguém que tenha
deixado bens sem herdeiros.

21.3 – Procedimento.

 Portaria baixada pelo juiz nomeando curador e designando data e hora para
diligência de arrecadação;
 Juiz, curador e escrivão realizarão diligência lavrando-se auto
circunstanciado;
 Possibilidade de deposito dos bens;
 A presença dos membros do M.P. e da Fazenda não é imprescindível;
 A arrecadação deve iniciar-se e concluir-se num único dia; caso contrário
ocorrerá o lacre da casa do morto para prosseguimento no dia seguinte;
 Expedição de precatória.
 Presença da autoridade policial, se necessária.
 Convocação de duas testemunhas.
 O juiz examinará pessoalmente os documentos arrecadados e quando sem
importância mandará empacota-los para futura entrega aos sucessores ou para
queima ao fim do procedimento.
 Audiência de moradores, vizinhos e conhecidos do falecido.
 Publicação dos editais de convocação dos sucessores por 03 (três) vezes, com
intervalo de 03 (trinta) dias a fim de que se habilitem no prazo de 06 (seis)
meses.
 Cabimento de venda antecipada de bens nos termos do artigo 1155 do CPC,
com as ressalvas do artigo 1156.

21.4 – Administração.

Enquanto não entregues ao sucessor habilitado ou ao Poder Publico após a declaração


de vacância, os bens serão submetidos a uma administração, cujos encargos do curador
encontram-se previstos no artigo 1144 do CPC (mesma disciplina para o depositário e
administrador de bens penhorados).

21.5 – Habilitação.

Se já iniciada a arrecadação, esta será suspensa caso surjam o cônjuge, herdeiro ou


testamenteiro legalmente reconhecido. Sobre a pretensão destes serão ouvidos os já
habilitados, o curador, o M.P e a Fazenda.
Reconhecida a qualidade, o feito será convertido em inventário (Artigo. 1153).
Também podem se habilitar os credores.

21.6 – Declaração de vacância.

Passado um ano da publicação do primeiro edital, sem que tenha havido


habilitação haverá a declaração de vacância com a entrega dos bens à Fazenda Pública,
todavia, não de forma definitiva, pois, há de se aguardar ainda por 05 (cinco) anos o
surgimento de algum retardatário. Neste período os bens poderão, inclusive, ser objeto de
penhora pelos credores do espolio.
Todavia, após o transito em julgado da sentença que declarou vagos os bens, só em
procedimento contencioso será possível reclamar pelo patrimônio – petição de herança
contra o Estado, deslocando-se a competência para o juízo da fazenda.
Os bens serão incorporados aos patrimônios do Município ou do Distrito Federal
se localizados nas respectivas circunscrições ou a União se localizados em território
ainda não constituído em Estado.
22. COISAS VAGAS.

Coisa vaga é a coisa perdida pelo dono e encontrado por outrem. O importante é
mencionar que a lei não impõe a perda da propriedade da coisa devendo, quem a localizou,
devolve-la ao legitimo proprietário ou, em ultimo caso, à autoridade competente do lugar,
cujo procedimento é disciplinado pelo CPC.
É de iniciativa do inventor (aquele que achou a coisa) e o juízo competente será o do
local da descoberta.

Tem cabimento apenas para os bens móveis ou aqueles que tenham sido deixados em
hotéis, oficinas, não sendo reclamados dentro de um mês.

22.1 – Procedimento.

A coisa será entregue em juízo ou à autoridade policial que lavrará o respectivo auto
de arrecadação onde constará a descrição da coisa e a circunstância em que foi achada, sendo
confiada a um depositário judicial.
Serão publicados editais por duas vezes no órgão oficial com intervalo de 10 (dez)
dias. A coisa deverá ser reclamada em 60 (sessenta) dias.
O juiz ouvirá o Ministério Público o representante da Fazenda.
O dono poderá recusar o recebimento, preferindo abandona-la. Assim o inventor
poderá requerer a adjudicação.
Não havendo reclamação, a coisa será avaliada e alienada em hasta publica; deduzidas
as despesas, o valor será repassado, na forma da lei à União, Estado, Município ou Distrito
Federal.

23. ORGANIZAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DAS FUNDAÇÕES.

A criação de fundações obedece o artigo 45 do CC. Assim, encontram-se sob a


custódia do Ministério Público.

23.1 – Procedimento.

Após a elaboração do estatuto pelo instituidor, este será submetido à apreciação do


M.P estadual para examinar a regularidade, viabilidade econômica, em 15 (quinze) dias. Após
a aprovação ou sanadas as irregularidades apontadas, o estatuto é levado a registro civil das
pessoas jurídicas.
O suprimento da aprovação do M.P poderá ser obtida judicialmente.

O estatuto poderá ser elaborado por terceiro ao invés do próprio instituidor. Quando
aquele não o fizer no prazo assinalado, caberá ao M.P. faze-lo, cabendo ao juiz a aprovação.
Os autos serão remetidos ao M.P e em seguida retornarão ao juiz para que o aprove
recomende correções ou ainda indefira-o através de sentença.
As alterações posteriores também se submeterão a aprovação do M.P. Quando a
reforma não houver sido votada por unanimidade, os componentes da minoria vencida serão
citados para impugnar o pedido de aprovação em 10 (dez) dias. Após a decisão do M.P.
haverá, ainda, possibilidade de discussão pelas vias ordinárias.
24. ESPECIALIZAÇÃO DE HIPOTECA LEGAL.

Geradora do direito de preferência (garantia real imobiliária) ao credor, poderá ser de


três tipos: convencional, judicial e legal.
Na ultima hipótese é conferido tal privilégio pela própria lei (artigo 1489 do NCC).
É competente o juízo do foro de situação do imóvel, sendo legítimo para pleitear o
devedor, ou seja, aquele que dará os bens em garantia, também outros interessados e o
Ministério Público (doutrina). No pólo passivo figurará o beneficiário da hipoteca (outorga
uxória), não olvidando da citação do cônjuge.
Sempre haverá a intervenção do Ministério Público.

24.1 – Procedimento.

Trata-se de procedimento para especificar qual o imóvel representará a garantia, além


do valor do bem e o da responsabilidade do devedor. A petição inicial conterá:
 Prova do domínio
 Inexistência de ônus
 Estimativa da responsabilidade que se pretende assegurar (artigo 1206)

Ocorrerá uma avaliação, (perícia) e em seguida as partes serão ouvidas no prazo


comum de 05 (cinco) dias. Segue-se sentença de homologação no termos do artigo 1207,
parágrafo único. A sentença é de natureza constitutiva e determinará a inscrição no
respectivo cartório.

Constatada após a avaliação a insuficiência dos bens a hipotecar, caberá ao


responsável complementa-los, sob pena de ser determinada compulsoriamente, nos casos de
beneficiários menor, interdito ou mulher casada. Não sendo encontrados, o pedido será
julgado improcedente.

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