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MARIA DA GLORIA BEUTTENMULLER EXPRESSAO VOCAL E EXPRESSAO CORPORAL NELLY LAPORT UNIC AMP BIBLIOTECA CENTRAL 13 digo: 1974 Copyright 1974 by Maria da Giéria Beuttenmilier © Nelly Laport PRodoe VaTrée Reservados os direitos de propriedace desta edigao pela EDITORA FORENSE-UNIVERSITARIA LTDA Ay. Erasmo Braga, 227 - 3° andar - Grupo 3909 - Rio de Janeiro - GB Impresso no Brasil na Cia, Gratica Lux, Estrada do Gabinal, 1521 - Jacarepagud SUMARIO 1 — Objetivos 2 — Introdugao 3 — De como utilizar este livro 4— Tensao — Relaxamento 5 — Respiracao ~6 — Espago — Conhecimento do Espaco — Pessoal, Parcial e Total 7 — Esquema Corporal e Vocal 8 — Esforgos Motores 9 — Ressonancia 10 — impostagao 11 — Movimentos basicos de locomogao 12 — Equilibrio 13 — Ritmo 14 — O que é a Percepgao 15 — A Forma 16 — Relacionamento 17 — Glossario 18 — Bibliogratia 19 — Indice INTRODUCAO Este € um livro eminentemente pratico. Existem livros de varios tipos para varias finalidades. Ha os que sao escritos para simples deleite: os de ficgao (de aventuras, poticiais, romanticas, ficcdo-cientifica, etc.); os ilustrativos que fornecem ao leitor nogoes sobre va- riados assuntos, iteis para conversag6es; 08 chamados de estudo ou didaticos, destinados a ajudar alunos de varias disciplinas e, finalmente, os livros praticos mais conhe- cidos como manuais. Estes se destinam a fornecer ao leitor uma série de normas que levadas a pratica podem ajuda-lo a ‘fazer’ ou a se “‘transformar’ em alguma coisa. As vezes um fivro tedrico pode ajudar o leitor a se transformar. A leitura de livros tedricos religiosos pode ““transformar’ o leitor moralmente ou até mesmo material mente, levando-o a viver uma vida completamente diferente da que seguia até entao ou até mesmo ase transformar num monge ou num iogue. Mas estes sdo casos raros @ extremos. Cada tipo de livro exige um certo tipo de leitura. Os de ficgao, por exemplo, exigem apenas uma leitura passiva. Ele foi escrito para deleitar e 0 deleite exige uma atitude passiva. Os de objetivo cultural j& exigem uma leitura mais atenta para que a compreensao dos temas seja feita com perfeigdo. Os de estudo carecem de uma mobilizagao in- telectual bastante intensa. Trata-se de incorporar conhe- cimentos a serem testados. Os livros praticos exigem do leitor, principalmente, a vontade e o esforco para o trei- namento. Para a.obediéncia aos preceitos. Uma disciplina e uma tenacidade que levern o (eitor a fazer” owa.se “trans- formar’’. © nosso livro, pois, solicita do leitor este tipo de com- portamento. O nosso objetivo é fornecer uma série de exer- cicios a serem praticados. Juntamente com esses exer- cicios vamos fornecer um minimo de base teérica para a melhor compreenséo dos objetivos de cada série de exer- cicios. O caminho para se “‘tornar’’ um ator, para ‘fazer’ um papel, nao € facil. O nosso livro destina-se a ajuda-lo no que Se refere 20 uso do corpo e da voz. Portanto, maos & obra. Os nossos exercicios nao s&o corretivos e sim infor- mativos. Antes de comegar a pratica-los, portanto, 6 necessario que © candidato a ator fique ciente do seguinte: quando vamos iniciar 0 uso do corpo e da voz, profissionalmente, & necessario que se esteja em boas condicées fisicas. Sem isso nao é possivel alcangar os resultados desejados. Vocé teve recentemente alguma doenca grave? Esta, de qualquer forma,debilitado? Encontra-se impossibilitado de realizar maiores esforgos? Tem alguma leso cardiaca grave? Em qualquer desses casos vocé nao esta em condigdes de iniciar nossos exercicios. De qualquer maneira, mesmo sem estar aparentemente com qualquer deficiéncia fisica, achamos aconselhavel que vocé se submeta a um exame prévio, procurando um otorrinolaringologista e um orto- pedista. Dados os objetivos deste livro,nZo vamos aprofundar cientificamente os assuntos tratados. Para os leitores que desejarem maiores conhecimentos da matéria damos, no final do livro, uma bibliografia sumaria de trabalhos facil- mente encontraveis em lingua portuguesa ou em outras acessiveis ao leitor de instrugao média. A decisao de integrar as duas disciplinas referentes ao manejo do corpo e da voz para fins teatrais nasceu de dez anos de observagées na pratica de ensinar candidatos a atores. Por essas nossas observagées concluimos que muitos dos distirbios verificados no curso do aprendizado sao cada vez mais acentuados pela falta de entrosamento e equilibrio entre estas duas matérias de comunicacao. Se no final do trabalho que vocé executar em obedién- cia aos exercicios contidos neste livro possa ser consta- tada uma meihora na sua condigao de criatura humana e uma disposicao maior para a vida no palco e no paico da vida, estaremos, entao, realizadas. DE COMO UTILIZAR ESTE LIVRO Procuramos organizar a nossa materia da forma mais simples e pratica possivel. Foi nosso propésito que este livro se tornasse uma espécie de manual dos assuntos nele tratados. Acreditamos ter conseguido, em parte, este objetivo. A forma coloquial no trato da materia, a exemplificag3o, os desenhos, os exercicios propostos, tudo isto constitui NOsso ver, uma prova do nosso esforgo no sentido da sim- plificago’ e da utilidade. € possivel, contudo, que tenhamos falhado em al- gumas partes do nosso livro. & que se trata de assuntos ainda pouco tratados em trabalhos publicados e, em alguns 10 casos, de observagées realizadas por nés através dos anos de pratica de ensino e expostos pela primeira vez em livro. Pode acontecer que no esforgo de expianar uma matéria ainda nao divulgada tenhamos deixado de lado detalhes significativos. Entre 0 que pensamos e 0 que realizamos existe sempre uma lacuna dificil de ser per- cebida na hora da realizagao. Em todo caso, para facilitar a utilizagao do nosso livro, devemos esclarecer ainda o seguinte Este livro foi preparado para ser utilizado por estudan- tes individualmente ou airavés do auxitio de professores. Para o uso individual recomendamos ao estudante a obediéncia a todas as recomendagdes contidas no livro as- sim como a pratica conscienciosa dos exercicios aqui propostos. Aos professores que nos acolherem. esperamos acres- centar algumas técnicas e conhecimentos uteis a0 seu mis- ter. Para complementagao da materia tratada acrescen- tamos ao nosso trabalho o seguinte: - Bibliografia sumaria de trabalhos publicados, uteis para os que desejarem aprofundar os assuntos. - Glossario dos termos técnicos utilizados. indice Desenhos para esclarecimento de exercicios propos- tos @ de-certas nogées de anatomia. 3 RELAXAMENTO Para um melhor aproveitamento das possibilidades fisicas € vocais, imprescindiveis a0 profissional do palco, © corpo € a voz devem ser treinados no sentido de obterem movimentos flexiveis. Com esta finalidade, torna-se necessaria a pratica diaria de exercicios de relaxamento, auséncia de tensbes. © importante para que se obtenha essa auséncia de tens6es 6 tomar por base o relaxamento mental. Este con- duziré o estudante, certamente, a0 relaxamento total, como se ver adiante nos exercicios programados. Antes de iniciarmos os nosses exercicios desejamos insistir um pouco sobre a significagao © os objetivos do relaxamento fisico e mental, procurando esclarecer certos aspectos sobre os quais existe controvérsia entre os leigos. Um desses aspectos, por exemplo, € 0 da suposicao que muitos fazem de que felaxar sindnimo de ficar inerte, distanciado, isolado. © relaxamento @, muito pelo con- trario, um estado dinamico em que tomam parte corpo e mente. S6 que em sentido contrario ao da agitagao e do 2 nervosismo. Por outro iado, 0 isolamento € uma condigao incompativel com o trabalho do ator que, num palco, jamais podera perder a consciéncia de si mesmo e de sua inte- grago no grupo Por outro lado, a confusao existente em muitas areas sobre 0 que é realmente o relaxamento se deve ao fato de que este assunto tem sido tratado, nos Uitimos tempos, por uma infinidade de escritores de todos os tipos, cada um com uma finalidade diferente. Desde os psicdlogos da corrente reflexologista até os iogues e aspirantes a iogues. Para esclarecer definitivamente 0 assunto, no que se refere aos nossos exercicios, podemos cizer que o rela- xamento existe quando comegamos a sentir as partes do corpo. Pensamos ja ter fornecido os esclarecimentos sufi- cientes para darmos inicio aos nossos trés exercicios basicos que servirdo para o relax fisico e vocal. importante: Como se trata de materia de comunicagao os exer- cicios deverao ser praticados de olhos abertos Nao nos referimos aqui apenas ao fato de manter as palpebras abertas. Os olhos tém que estar abertos para ver @ enxergar. Olhar — Ver — Enxergar. Trés verbos importantissi- mos para o ator. 3 1.° EXERCICIO Deitado no chao. Auséncia de ruidos incémodos. Bragos ao longo do corpo. Palmas das mos para cima. Olhos abertos. ‘Agora procure sentir o chao como se este fosse macio € recebesse a impressdo do seu corpo. Sinta essa imagem. ‘Agora procure (verificar) olhar 0 teto e as impressoes que Ihe causa. Tome sentido dos pontos de apoio da ca- beca no chao e faga com ela uma semicircunferéncia obser- vando 0 espago existente em torno. Realize um movimento semelhante com os calca- nhares. Importante: Como esta sua lingua? Se ela nao estiver descontraida, isto 6, no (soalho) piso da boca,o exercicio estara totalmente errado. Neste caso nao desanime. Recomece 0 exercicio. Voce nao podera passar para 0 2.° exercicio antes de ter exe- cutado 0 1.° com perfeigao. Nao ha pressa. Vocé nao esta querendo ter. Vocé esta querendo ser. Isto @ que & mais im- portante. Reaiizou 0 1.° exercicio com perfeigao? Entao voce es- 1 preparado para 0 2.° exercicio. 14 2.° EXERCICIO De pé. Encostado na parede. Equilibrado sem esforgo entre as duas pernas. Sinta a impressdo do seu Corpo na parede e a sensac3o que isto Ihe causa. Procure conscientizar ao maximo essas sensacoes. Agora como se sente? Descansado ou ansioso? Se a resposta for a primeira, entao tudo vai bem com voc € podemos continuar. Olhe para o lado. Para a frente. Para 0 outro lado. Voite @ frente. © queixo deve-se conservar em linha paralela com o piso. Caminhe um pouco mantendo 0 queixo reto. 3.° EXERCICIO Sentado no chao. Ou na cadeira. Se for na cadeira, vocé devera sentar-se bem no meio do assento com os pés pousados totalmente no chao. Se forno chao, as pernas deverdo estar cruzadas. As maos sobre o colo com as palmas para cima. Queixo paralelo ao chao. Lingua descontraida. Atengo: No esquega as recomendagées do ‘rela- xamento mental, dos olhos e da lingua descontraidos. Comece a levantar a cabega, gradativamente, sentindo e percebendo todos os pontos do espago existentes na trajetéria. Retorne a posic&o inicial e va baixando a cabega, -vol- tando, em seguida, & posigac basica. Vire © rosto para o lado. Em seguida para o outro. Se sentir dificuldade imagine que 0 seu rosto é um relégio marcando 3 horas, 9 horas, 6 horas, 12 horas, enfim a pas- sagem de todas as horas. Importante: Se vocé fizer 0 exercicio de acorde com as recomendagées, a respiragdo, como consequéncia, estard /—— correta. ‘Observacao: Se vocé sentir muita dificuldade podera empregar 0 método dissociado. Isto ¢, comecando a tra- bathar pelo aumento de tensao (nao se vence pela forca), isolando as partes do corpo e trabalhando-as uma a uma até chegar ao relax. Resumo: Estes exercicios destinam-se a: . Conseguir 0 relax fisico @ mental. - Conservar a consciéncia de si mesmo e do meio am- biente. Utilizar as posturas certas do corpo em todos os momentos. Estudar as sensacoes corporais e mentais conse- guidas durante os exercicio: . Conservar a tranquiilidade fisica ¢ mental Disciplinar 0 corpo para obter sua obediéncia a0 comando do cérebro. ” RESPIRACAO A correta respiragao e a correta postura sao duas coisas intimamente ligadas. No que diz respeito a respiragao, convém ter sempre presente que, na correta respiragao, 0 ar deve ser aspirado e expirado unicamente pelo nariz. (Alias, no nariz existe mes- mo para essa finalidade.) Na respiracao nasal 0 ar penetra nos pulmées filtrado e aquecido. No processo respiratorio normal o ar absorve a temperatura do corpo antes de atingir os pulmdes. Por isso esse tipo de respiracao € mais eficiente e saudavel, prin- cipalmente nos climas frios. Nos lugares onde a tempe- ratura atinge graus abaixo de zero a respiracao pela boca pode até mesmo provocar complicagées pulmonares. Felizmente até agora o ar ainda € gratuito e abundante. Por isso pode ser inalado e expelido de acorde com as necessidades humanas. O ar respirado com perfeigao € um alimento indispensavel para 0 organismo que com ele nutre de oxigénio um elemento vital, que é 0 sangue. ‘*A res- piracdo € vida’’, é ela que nos da nossa pulsagéio, nosso rit mo natural. 18 é indispensavel que se saiba que: ‘Sem o arnenhum tipo de vida pode existir. Sem respiragao, em poucos segundos, o sangue fica envenenado de toxinas e a vida se extingue Vida € energia. Vida é vibragao. Vibragao € som. No vacuo nao ha vida. No vacuo nao ha som. ‘A respiragao € 140 importante que pode até mesmo afetar a estabilidade e a postura da coluna vertebral, se nao realizada corretamente. & sabido que a maioria dos mus- culos do sistema respiratorio esta tigada as vertebras cer- vicais e lombares. Por isso & que a postura do corpo esta ligada & respiracao, A posigdo da coluna 6 que vai deter- minar a velocidade e a qualidade da respiracao. Por isso é que afirmamos no inicio deste capitulo que a respiragéo e a postura estao intimamente ligadas. Elas ‘exercem influéncia mitua: a boa respiragao depende da boa postura assim como a boa postura depende da boa res- piragdo. "A Soma dessas duas atitudes, isto é, a da boa respi- ragéo e a da boa postura, € que assegura, entre outras coisas, a boa qualidade da voz. ‘Assim 6 que boa respiragao — boa postura — boa voz so 11s valores interligados que n&o podem ser compreen- didos isoladamente. 9 Alias, € possivel deduzir-se que 0 processo da res- piragao esta ajustado & postura do corpo pela propria con- sequéncia da lei da gravidade. As costelas que estéo mais préximas do diafragma contribuem mais para a respiragao porque se movimentam mais do que as outras. Finalmente, podemos concluir que a respiragdo sera mais facil, mais ritmada, quando 0 corpo estiver na posi¢ao ereta, sem nenhum esforgo; quando todo 0 peso do corpo esta suportado pela estrutura do esqueleto. Se isso acon- tece, vocé esta perfeitamente equilibrado. Voc® nao estd fora do seu-eixo. Importante manter a lingua em repouso. importante: Todo exercicio respiratorio deveré ser feito apds o exercicio de relaxamento para um melhor aproveitamento. 1.° EXERCICIO De pé, postura correta — lingua descontraida ~~ boca fechada — olhos também descontraidos. Encoste-se na parede e verifique sua postura. Dé alguns passos e pare, naturalmente, verificando o espago existente entre os pés, que deve ser conservado no seu natural de caminhar. Cruzando os bragos, coloque as suas maos sobre as cinco ditimas costelas e d& ordem mental para que elas se alarguem (inspiragao) Pausa e volte a posicao primitiva (expiracao). O ritmo desta respiracao ¢ 0 seu estado de espirito A recomendagao para que os bragos sejam cruzados destina-se a inibir a parte superior do torax, obrigando-o 4 um ‘maior alargamento na sua parte inferior. Devemos alertar que entre um movimento respiratorio 6 outro deverd haver sempre uma pequena pausa. Mas essa Pausa nao podera ser protongada a fim de nao provocar o congestionamento das veias do pescoco. 2.° EXERCICIO Repetir 0 exercicio n.° 1 com uma pequena diferenca: Ao expelir o ar fazé-lo pela boca dando a impressao de que se trata de um suspiro de alivio que ocorrera com certa sonoridade. (Respiragao fonica.) 3.° EXERCICIO Repetir os dois primeiros exercicios sentado em uma cadeira ou no chao. Em qualquer dos dois casos conservar a consciéncia do seu eixo corporal 4.° EXERCICIO Para corrigir a debilidade das paredes abdominais deveremos fazer, apés o alargamento da inspiragao, ex- piragées entrecortadas com a sonoridade de um esvazia- mento de “pneu” ou de uma sibilante. Observacio: O bocejo @ um grande exercicio de relaxamento e res- piragao. Relaxamento — Tens&éo — Respirag&o est&o interli- gados. Treinar a respiragao & necessario para quem deseja ter vida longa, boa voz, boa postura. Resumo: Os objetivos dos exercicios acima sao . Aumentar a capacidade respiratoria Corrigir os erros de respiragao. : Melhorar a postura do corpo . Conscientizar o praticante do seu corpo e a relacao do mesmo com a boa respiracao e 0 eq . Melhorar a resisténcia das paredes abdominais. Colocar a respiragao e a postura a servico da voz. Todos esses objetivos se ligam ao treinamento para o uso do corpo e da voz na arte teatral. 2 ESPAGO — CONHECIMENTO DO ESPAGO Pessoal, parcial e global 0 dicionério define 0 espago como uma extensao in- definida. Para o nosso estudo, porém, deveremos entender o es- pago como o lugar onde nos encontramos e que pode ser aberto ou fechado. Qualquer que seja sua extensao, é aque- le que esta em voita do corpo e que constitui seu ambiente. E importante saber disso porque para 0 ator o primeiro contato para elaboragao de uma cena é a percepcao visual. Ele tem que, antes de tudo, tomar posse do espago cénico através da visao. Espago — Visao Em principio, o espago é o todo, o global, o total, o in- definido. Mas este espago global, para efeito do nosso estudo, divide-se em: Espaco pessoal Espago parcial ‘¢ Espago global em trés niveis, a saber — baixo, médio e alto. Espago pessoal E 0 espago ocupado por nés da pele para dentro ou vice-versa Espaco parcial E 0 que ¢ ocupado pelo corpo sem se deslocar. Pode ocupar 0 maximo, como, por exemplo, de bragos abertos e de pernas distendidas para a frente ou para tras. Ou pode ocupar o minimo, como, por exemplo, com os bragos € pernas presos junto ao corpo. — todas as gamas e modalidades entre esses dois ex- tremos. Espago sonoro Espago sonoro @ 0 que se extrai, através das sensa- g6es, do proprio espaco pessoal e que ultrapassa ao seu espago parcial. Pois a voz projetada passa a ser propriedade das pessoas que estdo assistindo ao espetaculo, Espaco global Os espectadores se encontram no espago global que deve ser atingido. Para isso 0 ator deve saber dar “‘aquele abrago sonoro’’ na platéia. A isto chamamos de envolvi- mento sonoro. 1.° EXERCICIO Conhecimento do espaco O estudante devera sentir 0 espaco. Para isso devera exploré-lo, locomovendo-se para conhecer as dimensoes deste e poder domina-lo no seu trabalho profissional da maior importancia que © estudante sinta o peso do seu corpo quando andar. € uma forma de o ator criar confianga em si mesmo € no meio ambiente. Depois dessa tomada de consciéncia do espaco o& nico, do ambiente em que vai atuar, chegou o momento de unir a sua visdo-espaco aos sons. Pois, ent&o, jd podera produzir os sons sem devassar ou romper 0 espago ja re- conhecido. Torna-se necessario treinar 0 langamento dos sons a0 nucleo (centro do espaco). Esta é a forma correta de langar os sons para que eles tomem a forma do espago a ser atingido. Onde quer que o estudante esteja, ele nao poderd jamais perder a meméria perceptiva deste niicleo sonora. Pois é ali que ele deveré langar o som através do impulso do movimento realizado, EXEARCICIOS Pressione os pés no chao tomando varias atitudes Procure langar a voz apés cada atitude. Observe a sua voz Como foi que ela ressoou? Fraca? Agressiva? Forte? Segura ou retraida? Cada uma dessas modalidades é apenas a resposta a sua atitude corporal Voce devera ser sempre o seu proprio critico Mantenha sempre o seu animo. Espago parcial Estendido no chao, ou mesmo de pé, ocupe o maior espago possivel, sem contrair-se. (0 movimento de con- tragdo encurta 0 corpo.) Pense em se alongar, em se expan- dir, procurando a percepgao dos sons da ponta dos dedos dos pés, das maos, da sua boca, numa sensagao de gran- deza. (N&o esquecer que o plexo solar é a centralizagao para © extravasamento.) (1) Uma vez atingido o maximo de alon- gamento va se recolhendo até atingir ao minimo, como se estivesse murchando. Esta 6 uma sensagao que se percebe ser de fora para dentro. Geraimente, ao se contrair, acaba-se por atingir a posicao fetal, isto é, a da crianga no ventre materno. Nessa posigao é dificil extrair-se qualquer som. 26, Lembre-se: espago ocupado por seu corpo sempre o seu es- pago parcial somado ao seu espaco pessoal, contido no es. paco total. Exploragao do espaco global Agora vocé deve explorar 0 espago global de olhos abertos. Lance suas vistas em todas as diregdes, procuran- do alcancar todos os detalhes existentes no espago global A frente, a direita, & esquerda; desde o teto até o chao, Repita 0 exercicio de olhos fechados,mantendo as imagens do que foi visto para nao perder a nogao do espaco global Abra os olhos e verifique se vocé tem meméria visual. Recomendagao: Repita 0 exercicio quantas vezes for necessario, até que tenha conhecimento do espago global, retendo.o na sua memoria visual. De nada adiantara emitir um som se néo sabemos , Projeta-lo no espago que ele deveré ocupar. Resumo Os exercicios recomendados destinam-se a: . Gonhecimento do espago onde se ir atuar. : Griar confianga em si mesmo e no ambiente. * Unir a viséo-espago ao som. : Treinar 0 langamento de sons. | Testar a voz depois da sua emissdo em varias ati- tudes. . Exploragio do espago parcial. + Exploragao do espago global : Teste da meméria visual. 78 ESQUEMA CORPORAL & CORPORAL-VOGAL Esquema corporal e corporal-vocal_compreendem a imagem perceptual, isto é, a apreensao feita pelos sentidos de todos os componentes de um espaco dado e 0 controle. interno e externo do préprio corpo e da voz em suas telan 68s com o meio ambiente. Para ter consciéncia do proprio corpo e voz & neces- Sario, antecipadamente, ter conhecimento das partes que o integram no ato da fonacao e nos movimentos corporais. Sentir. isto & o mais importante de tudo. Porque somente transmitimos aquilo que chega ate nds através do nosso apareiho sensorial, que, atraves da abrcensao feita pelos nossos instrumentos de percepcao, passa a fazer parte integrante de nos, a nossa expenén. cia, a nossa vivencia. sentir, tomar consciéncia. Dessa apreensao consciente e corporal. Para melhor compreensio do assunto que vamos tratar, passemos em revista dados sobre a fisiologia do apareiho vocal. Fisiologia do aparetho vocal “A voz 0 eco da alma’ — Pitagoras. A voz @ um conjunto de sons produzidos pelo fun- cionamento do aparelho de fonagao. ° aparelho vocal se compée de ‘Apareiho respiratorio — Os pulmées (depésitos de ar). Um sistema de fole que fornece 0 ar necessario & emissao vocal. é formado pela caixa toracica com seus elementos ativos musculares e o diafragma 2. Orgao vocal vibrante — Laringe com a glote, as cor- das vocais ¢ os ventriculos. 3. Sistema de ressonanci a) cavidades supragiéticas: faringe, fossas nasais, selos paranasais, maxilares e frontais; b) cavidades subgloticas: traquéia, brénquios, pul- mées e caixa toracica. Incluindo para o ato da fonagao os: 4. Articuladores — Labios, lingua, dentes, palato, duro e palato mole, que d&o forma aos sons da lin- _ guagem. rgao coordenador — Sistema nervoso central. a As qualidades da voz so: 1. Intensidade — A intensidade @ dada pelo aparelho respiratorio, no vigor da expiracao 2. Altura -—- Proporcionada pelas vibragdes das cordas vocais. 3. Timbre — Proporcionado pelo sistema de ressonan- cia. E 0 reforgo do som. Na voz humana o timbre depende das dimensoes e da forma das cavidades de ressonancia. Para uma compreenséo mais perfeita, damos um grafico com os 6rgaos que contribuem para a fonacao. Cérebro —- Comanda os movimentos musculares que fazem funcionar as diferentes partes do aparelho vocal e corporal Orelha — Controlador da voz. Acusa, prontamente e com preciséo, 0s vicios da ortoépia e denuncia a voz de- sagradavel. Abertura da boca — O tom da nossa voz deve estar “a flor dos labios” Cavidades nasais — (Respira-se pelo nariz.) Quando estamos falando respira-se pela boca. Nas pausas res- pira-se pelo nariz, ficando a boca fechada para evitar que a garganta se resseque. Estas observacées sao de grande importancia, sobretudo para as pessoas que discursam, que fazem conferéncias, que falam em cavcadae nesaie Patton Vou palatine tot ar publico. Evita-se 0 classico copo de agua do orador. E 6 simples ato de beber agua concorre sobremodo para Que 0 auditério se distraia, com prejuizo para a se- ‘uéncia de idéias que apresenta © expositor. Lingua — Musculo principal da boca. Deve estar livre de qualquer rigidez. ‘‘A lingua 6 a chave da voz"' (Fleus- chtinger). Mandibula — Unico osso movei da face. Deve per- manecer em perfeita laxitude. Laringe — Orgao produtor do som. Ao falar nao se deve forga-lo. Faringe — E um canal que se comunica na parte su- perior com as fossas nasais e na inferior com a boca e 0 esdfago. € a parte superior da garganta € no deve sofrer nenhuma contracao. Traquéia — E o canal de ar que estabelece comuni- cagéo entre a laringe @ os brénquios. Pulmoes — Sao 0 depésito de ar. O peito deve estar livre de qualquer rigidez Diafragma — Masculo delgado, liso, que separa a cavidade toracica da abdominal. Tem a forma de uma abobada. A energia da palavra nasce no diafragma. ‘Veu palatino — Levantado, o som é oral. Abaixado, 0 som é nasal. Palato — O ar quando sai deve dirigir-se a esta parte (no momento da fala). Esta é a regido da colocagao do som. Tem a forma de uma concha acistica. 32 Regiao toracica — E da regido toracica que vem o apoio do som. Agora passemos a descrigao de outras partes do corpo do qual precisamos ter conhecimento para as finalidades do nosso estudo. Coluna vertebral Esta é a parte mais importante e delicada do esqueleto humano. E 0 ponto de partida da mobilizagao para a acao. Todos os exercicios para a coluna sao baseados no fato de a coluna vertebral estar firmada por uma série de vertebras unidas, em forma flexivel, por uma pega carti- laginosa denominada disco vertebral S40 cinco as regiées da coluna vertebral: 1. Regiao cervical — Formada por 7 vértebras. E muito mével € forma o esqueleto do pescogo. A primeira vertebra cervical chama-se atlas e a segunda axis. Elas suportam a cabega e, ao mesmo tempo, per- mitem uma grande liberdade de movimentos. 2. Regiao dorsal — E formada por 12 vertebras. A cada vertebra dorsal prende-se um par de costelas. A regiao dorsal tem pouca mobilidade, o que evita a compressao do coragao e dos pulmées. 3. Regiao fombar — E formada por 5 vértebras que apresentam grande mobilidade, permitindo a flexao e @ torsao do corpo. 38 4. Regiao sacra — Compée-se de 5 vertebras que Se unemn formando uma pega unica chamada de ‘'osso sacro’’. AS vértebras dessa regiao nao possuem mobilidade. 5, Regiio coccigeana — Na extremidace da espinha & formada por 3 ou 4 vérlebras que correspondem cauda dos animais inferiores. No homem contri- buem para o fechamento e sustentagao inferior da cavidade abdominal. Movimentos da coluna vertebral $40 cinco os principais movimentos possiveis da coluna vertebral: 1 varquear para a frente — Em diregao a frente do corpo; ll — Arquear para tras — Parte dorsal do corpo; Il — Dobrar — Para um lado e para 0 outro; WW — Ondular — Flexao; V — Torcer — Espiral; <6. Pernas —- As pernas se unem 20 corpo por meio de uma articulagao formada por uma cavidade (coti- Idide) onde se aloja a cabega do fémur, unico osso da coxa, sendo o mais longo e o mais volumoso dos - ossos. A parte inferior da perna tem uma polia sobre . S qual desliza um osso discdide denominado patela . (rotula), articulando-se a tibia. Esta articulagao per- . mite oS movimentos das pernas, inclusive o de rotagao. 34 7. Cintura péivica — A cintura pélvica tem uma grande importancia na estrutura corporal de vez que ai se encontra 0 centro do equilibrio de corpo. A mo- bilidade desta regido tem trés fungées: a) achar e dominar o centro do equilibrio; b) controlar e impulsionar os movimentos das per- nas; ¢) controlar e trabalhar os movimentos da coluna vertebral. 8. Equilibrio — A jungao do centro do equilibrio com os 6rgaos de locomogao exige um trabalho muito prolongado, especialmente em adultos, a fim de se conseguir um movimento completo. Com a finalidade de conseguir os movimentos corretos,torna-se necessaria a pratica de exercicios especiais sobre os quais [alaremos adiante (ver capitulo Equilibrio). De qualquer forma, os exercicios sao iniciados com movimentos da cintura pélvica, passando-se, em seguida, para os movimentos das pernas (cabega do femur) e concluindo-se com a combinagao dos dois exercicios. Mas antes de passarmos a esses exercicios @ ne- cessario, principalmente, aprender a controlar a regido pélvica ¢ fortalecer os mUsculos abdominais. 9. Cintura escapular — Os bragos se unem ao corpo por meio de uma articulacao formada por uma Clavicula e uma escapula que permite os movimen- tos de rotagdo, também. 10. O pescogo — A cabeca se une ao tronco por meio do pescogo, 0 qual se compée de vertebras cer- vicais, sendo que as duas primeiras, chamadas de “axis” e ‘atlas’, suportam a cabega e, ao mesmo tempo, permitem uma grande liberdade de movi- mentos, tais como: inclinar, girar, torcer, avangar, retroceder. . Podemos imaginar que a cabega tem um eixo @ so- bre esse eixo podemos movimenté-la. A flexibilidade do pescogo torna-se importante para a emissao da voz. 11. As articulacdes das extremidades: Os joethos — Na frente do joelho existe um osso discdide, a patela, que serve de escudo para preservar a articulagao do j joelho dos efeitos de uma queda, golpe, etc., im- : pedindo, também, que a perna se curve para diante. 0 joelho @ uma articulagao de extrema importancia em sua fungao de amortecedor e mola do peso do corpo ao andar, correr, pular e outros movimentos de locomogao. © esforgo do corpo nesses movimentos nao re- i pousa apenas no joeiho mas conta com a ajuda de 12. 13, 14, 15, outras partes do corpo, a coxa, principalmente. E necessario que se observe que, ao se dobrar 0 joelhos, eles precisam estar na mesma linha dos dedios dos pés. Esse cuidado evita a formagao (ou 0 aumento) do chamado pé chato e do joanete, im- pedindo também de maltratar 0 menisco que é car- tilagem. Os cotovelos — Como 08 joethos, sao a articulag3o dos bragos, mas sao de flexao e raramente servem para amortecer. As articulagdes semiméveis caracterizam-se por possuirem pequeno movimento, reduzido a uma es- pécie de vaivém. AS articulagées fixas existem somente na cabeca; sua imobilidade deve-se a que 0s ossos estao unidos por meio de dentes, ou seja, engrenando-se entre si e inutilizando 0 movimento Ligamentos — Os ligamentos unem as articulagdes que permitem o desiocamento dos ossos. O menisco, ou cartilagem semilunar, se encontra no joeiho, sendo em numero de 4 — dois internos e dois externos. Um movimento de tragao brusca pode esmagar ou rasgar 0 menisco — € a leso mais frequiente em jogador de futebol. 16. Os musculos nao se inserem diretamente sobre os scos, senao que as delgadas camadas de tecido Gonjuntivo que os envolvem continuam-se nas ex- tremidades dos musculos originando 1 — os tend6es, quando tém forma cilindrica. 2 — as aponeuroses de insercao, quando sua forma é laminar. Os tendoes, @ nao os musculos, S40 os que se in- serem diretamente no Osso. Esquema corporal-vocal Ha cerca de vinte anos comegaram os esiudos que derivaram no esquema chamado de corporal-vocal. Em que consiste esse esquema? Pode-se defini-lo como a consciéncia das sensagdes internas despertadas pelo ato fonatorio Todos nés ja tivenos ocasiao de apreciar 0 uso do es- quema corporal-vocal em cantores, sobretudo os liricos, ha voz controlada do ator. J& nao se verifica esse uso na voz famitiar (cotidiana). Consciéncia das sensagées intemas Na verdade © ato de fonagao provoca as mesmas sen- sages internas em todas as pessoas, estejam ou nao cons- Cientes disto. O nosso estudo consiste exatamente em tornar consciente esse processo para que possamos con- trolar a voz € utilizé-la de forma expressiva. A sensibilidade interna se da através do seguinte es- a) paredes buco-faringe-laringeas; b) zona faringe-bucal; ¢) zona naso-facial-craniana; d) zona laringea; e) regiao intratraqueal; 4) regiao toracica (através do esqueleto toracico e da contragao da musculatura que intervém na venti- lagao pulmonar). A descri¢ao do processo em que se da a sensibilidade interna através do esquema acima nao cabe nas dimensées do nosso trabalho e é dispensavel para os resultados a que aspiramos. © que devemos conscientizar Para que possamos obter 0 uso correto da voz 0 que & necessario € que conscientizemos, durante a fonacao, as sensagdes nas seguintes partes do corpo: ‘Abdémen — A musculatura do abdomen e as costelas devem acompanhar os movimentos do diafragma, durante a respiracao. Cavidage toracica — Ha uma sensagao de vibragao na cavidade toracica, principaimente quando a voz se tor- na mais grave. 39 { Palato duro — O sopro deve estar subindo livremente até palato duro. Tem a forma de uma concha acus- tica. Véu palatino — Nos sons orais o véu palatino devera estar bem levantado. Estrutura Ossea da face — Ha uma sensagao de vi- bracdo na estrutura dssea da face. Essa sensacao 6 mais acentuada na arcada dentaria superior. O que deve ser evitado: | —flacidez dos musculos abdominais; li — rigidez costal ou abdominal; toda rigidez con- tinua 6 perniciosa; Ill — tensao da coluna cervical e peito projetado para a frente; IV — qualquer sensagao de desconforto na laringe, seja de esforgo, de dor ou ardéncia. A laringe deve sempre estar livre de qualquer sensagao que nao seja difusa, imprecisa ¢ euférica. Respiracao durante a fonacao Em outra parte deste trabalho ja dissermos como deve ser feita a respiracao durante a fonagao para se obter um resultado satisfatério na emissdo da voz. Insistimos na necessidade da coordenacdo perfeita en- tre a respiragao e a fala, sem 0 que nao é possivel conseguir a expressividade e a projegdo da voz indispensaveis a quem deseja ser ator. © pensamento e a fonagao Em inumeros estudos efetuados ficou comprovado que quando uma pessoa evoca uma palavra, um som, registra- se ao Mesmo tempo uma intencao fonatoria, mesmo que a pessoa Se conserve em siléncio. Estas observagdes foram feitas através de aparelhos de precisao, tais como glot6- grafos, cinematégrafos. ‘Ao mesmo tempo ficou comprovado que uma simples manobra sobre 0 escudo da tirdide desfaz a evocacao. O que resulta em dizer que a modificagao das sensac6es farin- geas dificulta a memorizacao. Uma pressao feita sobre 0 escudo tirdide altera ou elimina 0 cirouito sensomotriz e modifica as sensagdes taringeas. Isto vem comprovar que as sensagées laringeas sao importantissimas, pois acrescentam dados as infor- magées recebidas por via acitstica. Parece, pois, evidente que ha uma participagdo dos circuitos motores fonatérios nos fenémenos do pensamen- to verbal Assim @ que um simples resfriado, um pélipo nasal, um flema&o, a anestesia bucal, a colocagao de prétese den- taria, tudo isto sao elementos que modificam, ainda que at momentaneamente, 0 esquema corporal-vocal. Qualquer modificagéo na sensibilidade dificulia 4 pessoa manter a voz no tom e equilibrio normais. Resumo Neste capitulo estudamos os seguintes assunto: Imagem perceptual Fisiologia do aparelho vocal e aparelho corporal. . Regides da coluna vertebral, Consciéncia das sensagées internas. © que devemos conscientizar. O que deve ser evitado. : O pensamento e a fonacdo. 42 ESFORCOS MOTORES A linguagem do corpo e da voz € uma associagao de fungdes motoras € sensitivas, tendo como érgao integrador © cérebro. Os esforgos motores dependem de impulsos mus- culares que sao estimulados pelo sistema nervoso. A base para a correta realizacdo desses esforcos 6 uma boa res- piragao. ‘0 aparelho respiratério, que tem como depésito do ar os pulmdes os quais funcionam como um fole, € 0 sistema motor que proporciona ao corpo e a voz as qualidades de: Intensidade Forca Poténcia Resistencia 43 O impulso dado aos nossos nervos e musculos que movimentam o corpo se origina de um esforgo interior a que chamamos de esforgo motor. De acordo com os impuisos recebidos as qualidades do movimento podem ser classificadas como: * Forte — Direto — Rapido Lento — Indireto — Suave Qualquer movimento pode reunir trés desses com- ponentes, tudo dependendo da intensidade da agao. Exemplificando, o ato de sacudir pode ser rapido, forte e indireto. A voz pode ser a resposta sonora deste movi- ~ mento. —— \ Percepgao cinestésica Em todo movimento global existe sempre a percepgao cinestésica: tatil, labirintica, espago-temporal e visual, em coordenagao. Na verdade, todo inicio de agao é um movimento do corpo, incluindo a fisionomia. O inicio devera se dar duran. te 0 movimento respiratorio da inspiragao (entrada de ar) e a continuidade da agao, ou resposta, com seu fluxo sonoro, durante 0 movimento respiratorio da expiragdo (saida do ar) Pelo que acira dissemos, devemos deduzir que o fole pulmonar é 0 motor que nos'da a respirag3o e que esta. belece uma das qualidades do corpo-som, que é-a inten. sidade. Esta intensidade € que determina ‘a acao forte ou fraca, rapida ou lenta, conforme os impulsos recebidos. Fica, assim, estabelecida a importancia da correta res. piragao para a realizacao dos movimentos e da sonoridade vocal adequados a cada circunstancia. 45 Exemplificagao Para maior clareza sobre 0 que nos referimos, a res- peito da intensidade, damos agora um exemplo: ‘Se pegarmos um lengo pela sua ponta e 0 sacudirmos levemente ha uma certa intensidade, de acordo com o movimento feito que € 0 de um deslocamento aéreo. Se repetirmos 0 ato com movimentos mais rapidos a inten- sidade ser outra. No caso de termos de sonorizar esse movimento 0 som deveré acompanhar a intensidade do que foi realizado. O corpo @ a voz deverao estar sempre de comum acordo. Observacées Cabe-nos fazer ainda as seguintes importantes obser- vag6es a serem notadas: 1. O ator deveré saber se tem aptidéo para realizar 0 esforco a que se propée. 3. O estudante dever aprender a controlar sua forca no grau em que ele esté fisicamente apto a exerce- ia. 2. Se a sua ago foi ineficiente ele deve ser informado de que a ineficiéncia foi por excesso ou por carén- cia. RESSONANCIA Vibragao sonora — Retumbancia — Eco Aqui vamos tratar da forma pela qual se produz a am- plificagao de todos os sons orais que o ser humano pode produzir. Emissao da voz — A emissao da voz é produzida pela vibragao das cordas vocais. Sua amplificagdo e resso- nancia se produzem, principalmente, nas cavidades da faringe, da boca e das fossas nasais. Ressonancia — A ressonancia que é feita com 0 uso do aparetho fonador, conforme descrevemos acima, é que em- presta o timbre & voz, sendo a sua qualidade mais impor- tante. E pelo timbre que se revelam as vozes e que se po- dem distinguir as que so belas das que so desagradaveis, as calmas das cheias de nervosismo. Quase se pode até dizer que o timbre da voz revela 0 carater do individuo. Envolvimento do corpo — Para as finalidades a que nos propomos deveremas aprender a utilizar 0 corpo in- teiro, a envolvé-lo no processo da emissao da voz. Com es- sa técnica, a voz ao chegar ao seu alto-falante natural se projeta como uma verdadeira ducha sonora sobre a piatéia, envolvendo-a e ao espaco global. Dimens6es sonoras — Existe uma analogia entre as dimensées do corpo humano, em seu volume e altura, € as dimensées sonoras E por isso que se torna necessario exercitar a emissao dos sons por meio da percepcao em varias partes do corpo. Divisao do corpo Para efeito do estudo que estamos fazendo, deveremos dividir 0 corpo humano em 3 niveis: Alto Medio Baixo A cabeca deve ser deixada fora dessa divisao. © ponte médio ou centro desta divisdo situa-se no plexo solar — sua parte mais importante. Atengao Controtando-se esta parte do corpo (plexo solar) nés teremos total dominio do corpo e da voz Nivel alto ‘A diviséo do corpo que chamamos de nivel alto se compée do seguinte: 45 Da base do pulmao para cima, até a cintura escapular, (1) incluindo, também, os bragos, cotovelos, antebragos e maos Nivel baixo Partindo da cintura pélvica até os pés. Parte superior E a cabega. importante zona ressonancial, pois nela se encontram as saidas para os sons produzidos pelo aparelho fonador. pescogo & uma parte do corpo que, para efeito do trabalho que estamos organizando, deve ser esquecido como se nao existisse. (As sensag6es ai localizadas sao leves e difusas.) ‘A finalidade desse esquecimento do pescogo é permitir que ele tenha 0 maximo de flexibilidade e solidariedade 4 passagem do ar e, assim, haja espontaneidade na emissao sonora. Cranio A ultima etapa ressonancial é a vibrago dos sons por todo 0 cranio, em particular sua colocagéo nas zonas palatais, que j& por si mesmas tém a forma de uma concha aciistica, 0 que facilitaa emiss&o — sonoramente, pelo seu alto-falante — da exteriorizagao dos sentimentos. £L 39 Percepgao do nivel baixo Todos os sons emitidos com a utilizagao da percepcao do nivel baixo do corpo, conforme nossa divisao acima, $40 08 tons mais graves, aumentando ou diminuindo confor- me a dimensao que thes for dada Percepoao do nivel alto Os sons emitidos com a utilizagéo da percepgéo do nivel alto do corpo so os mais agudos, com a mesma ob- servacao sobre a sua. dimensao. Percepgao do nivel central A percepgao do nivel central @ muito importante, por- quanto deste ponto (plexo solar) vem a energia do proprio som, que é estabelecido pelo diafragma nos seus movi- mentos coordenados e sustentados pela respiracao. No desenho temos 0 esquema dos triangulos de per- cepcao ressonancial e que se localizam nas seguintes par- tes . Pés, maos, cotoveios, joethos, cintura pélvica. » Cintura escapular, othos, ouvides, narinas, queixo. . Testa, parte superior da cabeca, base do cranio. Enfim, © corpo inteiro vibra Exercicios Importante: Os exercicios ressonanciais s40 feitos com zumbido. Para saber se esta em boa colocagao para iniciar os exercicios, observe se vocé consegue abrir e fechar a boca, movimentar a lingua em todas as diregdes, e 0 som pro- duzido continuar uniforme na sua projegao para o espago. 1.° EXERCICIO Colocando as maos sobre os quadris, fazendo uma pequena pressao, extraira percepgao sonora desta parte do corpo. Inicie fazendo a projegao do som no sentido do espago global. Em seguida, projetando o som de um lado e do outro. Voite a projetar 0 som no sentido do espago global. 2.° EXERCICIO Repetir 0 exercicio da forma acima, com percepgao da cintura escapular. 3.° EXERCICIO Com as maos entrelacadas sobre a nuca, emitir 0 som (zumbido) com percepcao dessa parte do corpo. 4.° EXERCICIO Realizar 0 mesmo exercicio de emissao de som, com as m&os sobre a cabeca. 5.° EXERCICIO Com deslocamento no espago — isto 6, caminhando — extrair zumbido dos pés, das maos e das partes ja men- cionadas nos exercicios anteriores. Observacao Indimeras variag6es poderao ser elaboradas, tendo-se o cuidado de observar que o som @ sempre realizado durante ‘© movimento expiratério. ‘A fala é sempre uma projecao sonora que deve tomar conta do Espago Global’ Resumo Este capitulo destinou-se a: _ Tratar da forma pela qual se produz a amplificagéo de todos os sons. . Explicar 0 que @ emissao da voz, ressonancia, envol- vimento do corpo e dimensées sonoras. Divisdo do corpo para efeito do estudo da ressonan- cia. 52 rer . Estudar as percepgées de nivel baixo, alto e central. . Nomear os diversos triangulos de percepgao do cor- po. ‘conselhar exercicios de percepgdo e projegao de sons. Nota importante Os exercicios deverao ser precedidos dos de respiracao e relaxamento, para se obterem resultados salisfatorios. Observar, também, as recomendagées anteriores quanto a postura adequada. IMPOSTAGAO DA VOZ Impostagao Os dicionarios definem a impostagao como o ato ou efeito de impostar, isto &, emitir corretamente a voz. Em forma mais popular e atual, podemos dizer que a impostagao consiste ‘‘naquele abrago’’ sonoro em que a voz assume vocalmente a mensagem a ser transmitida. ‘A voz assemelha-se ao jato de um chafariz que se eleva desde o diatragma, passando pela solidariedade da gargan- ta, chegando até seu alto-falante que @ a boca é se proje- tando numa ducha de sons para todaa platéia. A voz @ 0 repuxo sonoro dos nossos sentimentos. Trabalhar a voz em seus varios matizes deve ser o exercicio constante do ator ou de quem necessitar usar a voz para dirigir mensagens a um auditério (professores, conferen- cistas, oradores). Para melhorar a voz € indispensavel_praticar regular- mente exercicios de relaxamento, respiragao e ressonancia, Gentro de uma coordenacdo fono-respiratoria-ressonadora. Toda voz ouvida é um som vocalico produzido na glote ¢ ampliado nas cavidades de ressonancia. Como se dé a emissao natural da voz Para que a voz seja emitida corretamente isso tera que ser feito sem qualquer esforgo, naturalmente. A pressao do ar, na expiragao, faz vibrar as cordas vocais, estando a epigiote e 0 isimo da garganta abertos para a melhor pas- sagem do som. A lingua devera estar frouxa e 0 véu do paladar elevado, a ponta da lingua de encontro aos dentes incisivos interiores. ‘Condigées a serem observadas: 6rgaos vocais descon- traidos, posigao correta da lingua, véu paladar elevado, mandibula ¢ musculos do pescoco descontraidos. Dessa forma nao haveré obstéculos as condigées fonatérias normais. é indispensavel que funcione em conjungao perfeita 0 aparelho vocal que é formado pelo conjunto pneumo-fono- ressoante. ‘A emissao fisiologica, tal como acima descrita, € a for- ma natural da fonagao. Observadas essas condigdes, sero aleangadas maior sonoridade, clareza do timbre e projegao correta da vo2. 55 Importante Os exercicios que levaro 0 estudante a alcangar a im- Postagdo desejada terdo que ser feitos gradualmente: qual- quer precipitacdo, nervosismo, esforco demasiado sé po- dera prejudicar os estudos. E necessario desenvolver a capacidade respiratoria, a flexibilidade dos 6rgaos vocais € 0 uso correto do diafrag- ma. Os exercicios serao individuais e sob a diregdo de pro- fessor capacitado ; somente 0 professor sabera avaliar quais as dificuldades e as possibilidades de cada estudante. Projecdo da voz A projegao da voz € proporcionada pelas vogais que 8&0 0s Sons puros, sem obstaculos. Por este motivo é que as vogais podem aiongar-se ou abreviar-se, conforme a sua acentuacao seja aguda, grave, circunflexa. A vogal é que empresta cadéncia e ritmo, e pode ser clara, escura, enfim ter todos os matizes que se desejar. Cada som vocalico tern uma forma propria, interna e ex- terna (de acordo com a posigao dos \abios e da lingua), que deve ser obedecida pelo profissional que tem como instru- mento a voz A maneira de usar os labios, a abertura da boca, a posicao da lingua e do véu palatino, modificam a sonori- dade de cada palavra emitida. Mesmo que se use a forma correta de cada som, & necessario ainda saber langar na platéia a voz emitida, para que alcance 0 nucleo sonoro desejado. Saber dirigir 0 fluxo sonoro da voz adequadamente é 0 mais importante: é através da voz dirigida que se consegue envolver na mensagem toda a platéia. O simile é 0 de uma pedra atirada no lago e os circulos que a partir de um centro se vao alargando: o impulso de desiocamento da voz faz com que ela se propague e atinja a todos os ouvintes. Nog&o do espaco — Palco e platéia Para alcangar essa meta € necessario que ator con- serve sempre em mente a nogéo do espaco que se quer atingir ‘A quem o ator dirige a mensagem? Em primeiro lugar ao seu companheiro de palco com quem est& dialogando. Mas a meta principal a atingir 6 o nucleo, o espago global, a plateia Por isso é que ele ndo pode esquecer nunca que, ao mesmo tempo em que dialoga com o colega no palco, a sua voz, a Sua mensagem tem que ser percebida na platéia. A voz tem que ser emitida, portanto, visando as duas metas: 0 espago do paico eo espago global da platéia. Expressio vocal Para atingir a expresso vocal adequada, 0 ator tera sempre que assumir vocalmente 0 seu personagem. Para isso tem que estudar a psicologia do papel que esta encar- nando e, depois de resolvido esse problema, assumir vocal- mente 0 personagem. Exercicios com vogais Os exercicios com vogais jA devem ser feitos de forma a criar expressividade na emiss&o vocal. Assim é que as vogais dos exercicios abaixo sdo emitidas com apelos in- terjectivos: Admira-se com An! Tem-se alivio com Ah! Espanta-se com Oh! Entristece-se com Oh! Vaia-se com Un! Instiga-se com Int Adverte-se com Eh! Descontrai-se com Eh! No trabalho vocal realizado com as vogais, devem-se assumir as express6es fisionémicas correspondentes as emogées envolvidas, assim como todas as atitudes cor- porais adequadas. Dessa forma estaremos simultaneamen- te treinando a voz e a expressao fisionomica e corporal. Prosseguimento Em prosseguimento aos exercicios acima, devem-se repeti-los com sons nasais, sempre carregando nos sons com os sentimentos adequados, inclusive expressao fi- siondmica e corporal. Neste caso 0 véu palatino abaixa-se para tornar o som nasal. Observacao Antes de serem iniciados estes exercicios, ¢ neces- sario que 0 estudante j& tenha condigdes suficientes de dominio nos seguintes pontos: a) relaxamento, respiragao, ressonancia; b) consciéncia da postura da lingua, em repouso e na fungao de degluticao ; ©) nog&o de dominio do espaco pessoal, parcial e total. Isto para conseguir a diregao sonora correta. EXERCICIO Com a lingua descontraida no piso da boca e o apice tocando na parte posterior dos incisivos inferiores, fazer 0 seguinte exercici Abrir e fechar a boca sem tens4o mandibular. Esta 6a forma da vogal A. Se sonorizarmos, obteremos © som de a ou de a. Com 0 véu palatino levantado, 0 som é oral. Com o veu palatino abaixado, 0 som torna-se nasal, pois parte da corrente aérea passa pelo nariz. Para a emissao dessa vogal, 0 laringe sobe. Vogal 6 e 0 Para emissdo da vogal O a boca esta menos aberta do que para a vogal A. Os labios se projetam de forma circular, © épice da lingua toca no inicio do soalho da boca, e o dor 30 da lingua vai em diregdo 20 palato mole. Para o O, a forma circular é mais fechada e a lingua mais recuada; o leringe desce. Vogal U Para emisso da vogal U, 0s labios ficam em posigao de franzido, com apenas um orifiicio por onde vai passar o som. A ponta da lingua se encontra mais recuada que no O @ a sua base se eleva em direg&o ao véu palatino. O laringe desce. E a vogal de som mais grave. Vogal | Forma externa: boca entreaberta, em forma de sorriso, ‘com as comissuras labiais afastadas. A abertura da boca é a suficiénte para a passagem do som. Forma interna: a ponta da lingua tocando fortemente a parte posterior dos incisivos inferiores e o dorso da lingua em diregao ao palato. O laringe eleva-se, para este, som, bem mais do que para o A € a vogal de som mais agudo. vogal Ee E Seo / tem a forma exterior de um sorriso, 0 E tem ade um “sorriso amarelo"’. A posigao da lingua é mais frouxa que no caso do /; 0 laringe eleva-se menos que para o/ e mais que para 0 A. € um som “‘apertado"’ do A. Para o £ a abertura da boca torna-se um pouco maior. Para os sons nasais a forma externa nao se modifica; apenas a interna, com o abaixamento do véu palatino. importante Nao esquecer que a energia do som vem do diafragma 20 fluxo do som é dirigide nas regides palatais. Emissao correta da voz Por tudo 0 que vem sendo dito neste capitulo, po- demos considerar que impostacao @ a emiss&o correta da voz. Essa emissao correta, como foi estudado, depende de um trabatho mecanico, passivel de treinamento e, por outro. SN f uy é@ 61 lado, de uma postura mental, emocional, de treinamento muito mais dificil. Contudo, através do esforgo e da von- tade de acertar, isso também sera conseguido. A insisténcia em destacar as duas faces do problema & para evitar que, depois de conscientizada a mecnica da impostagao, a voz continue prejudicada pela emogao que nao foi filtrada, e dessa forma n&o consiga se projetar de forma a alcangar 0 objetivo desejado Articulagao correta A clareza da expresséo oral @ dada pela articulacéo correta das frases, das palavras, das silabas e dos sons que as compéem. A articulagao correta pode ser compreendida nos seguintes itens: a) saber articular todas as silabas que formam as pa- lavras; b) saber sustentar as demoras nos acentos (ténicos) € dar-Ihes vivéncia. Ex.: mara(vijIha, (morte. c) saber erguer a voz nas consoantes finais das silabas e das paiavras, Ex.: carta, casta, calda; 3)’saber que jamais a consoante pode ter duragao maior que as vogais. Ex.: dle)z, cont(a)r; €) a articulagao deve ser Observada — Cuidada — Ouvida — Sentida Consoantes Consoantes sao ruidos caracterizados pelos resultados dos obstaculos, em varios pontos da cavidade da boca, que se opdem 4 livre passagem do ar. As consoantes devem ser emitidas com todo 0 cuidado para que as palavras saiam claras, expressivas. A diferenga entre vogais e consoantes pode ser com- parada com as fungées da bola e da raquete num jogo de pingue-pongue. No caso, a raquete @ a consoante e a bolinha é a vogal. £ impossivel jogar sem a bola. E a consoante (a ra- quete) € quem da algumas vezes o impulso necessario para a melhor projegao sonora. Classiticacéo das consoantes As consoantes sao classificadas: 1) Quanto ao modo de articular. 2) Quanto ao ponto de articulagao. 3) Quanto ao papel das cordas vocais. 4) Quanto ao papel da corrente expiratéria. Ponto de articutacao Quanto ao ponto de articulagao, as consoantes sao as- sim classificadas Bilabiais (labio contra labio): /p/, /b/, Im; Labiodentais (labio inferior buscando a arcada dentaria superior): /f/, /v/; Linguodentais (lingua contra a arcada dentéria su- perior): /t/, /d/, Ini; Alveolares (lingua aproximando-se dos alvéolos ou neles tocando): /s/, /z/ (cujo efeito actistico justifica © nome complementar de sibilantes), {\/, ir). Nos ez © pice da lingua esta para baixo, eno /¢ r esta para cima. Palatais (dorso da lingua contra o palato): /x/, /j/ (chamadas chiantes pelo efeito acistico), !ih/, /nh/; Velares (raiz da lingua contra o véu): /k/, /g/, frei. AS mais dificeis para quem fala em pUblico. QUADRO DE CLASSIFICAGAO DAS VOGAIS Anteri- Posteri- Zona é de articulagao ones Medias | Cros Papel das cavidades ol lel ZleleZ g\2|s12/3 bucal e nasal E} s{ Ej} aj Sis ena oO Zz °o Zz o Zz Elevagaio [ Timbre: |__da lingua: +—} J Altas {Gechadas ia ula (Extremas) i ola Aberta a Reduzidas a | Fechadas a —N. Papel das cavidades 6.8. QUADRO DE CLASSIFICAGAO DAS CONSOANTES Orais —_Nasais. Oclusivas Constritivas Modo de 2 | Vibrantes articulagao Fricativas | © = {sim [mat 3 ples |tiplas ae 2 2 2 81a] 8 Papel das cordas 3a|§ e|§ & voeais sle}|e}2 Sonoras 2 318 |4138 3 > 7 + g | Bilabiais p |b | m & | _Labiodentais f v = | Linguodentais | t | a a @ | Alveolares s jz ]t f es iA ¢ | Palatais x |i | ith nh & | Velares k 9 w Se Ste a Se We MOVIMENTOS BASICOS DE LOCOMOGAO Os movimentos basicos de locomogo séo aqueles mediante os quais uma pessoa se-desloca de um ponto para © outro dentro de um espago. | ‘0 movimento basico de som é todo aquele que deriva da locomogao fisica de uma pessoa, 0 que se pode extrair da sua movimentag&o no espago. A sonoridade é a resposta ao impulso de deslocamento | do corpo através do espago. EXERCICIOS - Andar . Girar . Correr . Pular . . Engatinhar » Arrastar-se - Rastejar importante fi Nunca se devem fazer todos os tipos de exercicios em — um 86 dia. O estudante devera escother dois ou trés exer- cicios para cada dia. \ Antes de iniciar os exercicios 0 estudante devera pas- sar pelos estagios de relaxamento e respiragao para saber se est em condicées fisicas e emocionais para realiza-los. Nos estagios de relaxamento ¢ respiragéo deverdio ser seguidas as recomendagdes relativas a cada um desses es- tagios jA constantes de capitulos anteriores. Voce devera iniciar cada um.dos exercicios acima pres- critos sentindo a sensagao tatil para, em seguida, buscar a sensagao auditiva Atencao Se estes exercicios forem efetuados em grupo, © es- | tudante deverd relacionar-se com os colegas, durante os | exercicios, através de sons extraidos dos proprios movi- mentos de locomoc¢ao. Estes sons no sao criativos e sim recriados dos ruidos provocados pela propria movimentagao. Durante a execucdo dos exercicios 0 estudante pode imitar vozes de animais. Contudo, somente deverao ser imitados os sons dos animais com'a forma corporal correta de cada animal. A atitude devera sempre preceder a emissao sonora. A ‘Antes de qualquer som deve sempre haver & intengdo que é dada pelo corpo. Recomendagdes sobre os exercicios prescritos 4. Andar nermaimente, posigao ereta. 2. pobrar os joelhos. Maos nos quadris. Continuar ah dando, conservando a coluna ereta € com Passos largos. Durante este exercicio extravasar sons para 0 eS paco, nao para si mesmo. 43, Esticar os joethos e extravasar o som de alivio 4, Andar na meia ponta do pe. & Durante estes movimentos ocupe 0 espage total faendo formas geometricas. Isto @, circulo, Zi guezague, espirais, triangulos, etc. Desenho 1 — Circulo Desenho 2 — Ziguezague Desenho 3 — Espirais Desenho 4 — Triangulo 6. Pular com os dois pes. Atengao, Entre cada tipo de andar 0 aluno devera intercalar uma marcha normal. 72 Observacao dos sons Em cada tipo de marcha 0 aluno devera observar os sons produzidos pelos movimentos respectivos. ‘Assim € que, na marcha com os joelhos dobrados, passos largos, os sons sero ritmados como explosées: Pum, pum, pum, pum... Pulando de um pé so: Ta, 14, ta, t... (como o som de um marielo). Pular com os dois pes. Passar de dois pés para um e, em seguida, novamente para os dois. Relacionar os sons com um ritmo semelhante. Amarelinha Para facilitar a pratica dos exercicios recomendados o aluno podera tragar no chao, com giz, as formas de desen- volvimento dos mesmos, isto é, circulo, ziguezague, es- piral, triangulo 0 caso, também, do jogo da amarelinha, que pra- ticamente todos nés jogamos na infancia Tragar 0 jogo da amarelinha e pratica-lo procurando \ identificar cada som ao pular com um pé sd, com dois pés, outra vez com um pé 86. Descanso. Circular iff \ Andar com as pernas esticadas, sem dobraros joelhos. | Para realizar este exercicio comegar com a perna direita atras da esquerda e realizar um semicirculo com apontado \ pé arrastando no chao. \ Em seguida, repetir com movimentos dos bragos. Se Todos os exercicios recomendados acima criarao uma «< base para que se desenvolvam novos exercicios, inciuindo >< os outros movimentos de locomover, tais como: / Locomover-se ajoelhado — agachado. 17 o Resumo : /// Os exercicios recomendados acima destinam-se a: . Praticar os movimentos basicos de locomogao. {t . Tomar-consciéncia dos movimentos basicos do som. | \ WN - Combinar a experiéncia de movimentagao com a de \\ AS produgao de sons. VAS . Treinar 0 equilibrio corporal em diversos movimen- tos. XQ « Relacionar-se com 0 movimento e os sons dos com- panheiros, no caso de os exercicios serem praticados em conjunto. . Conscientizar os ritmos sonoros criados pelo mo- vimento. | EQUILIBRIO © homem nao € um ser estatico e sim uma criatura animada em constante movimento. Pelo fato de ser um animaLessencialmente dinamico o homem vive a procura de um constante equilibrio tanto corporal e externo como espiritual @ interno. - O equilibrio é a base de toda coordenagao dinamica geral. Quaiquer distrbio do equilibrio postural se reflete em alteragdes no comportamento geral do organismo com inevitaveis reflexos no aparelho vocal. A falta de equilibrio, além disso, tem outros reflexos, até mesmo psicoldgicos, perturbando, inclusive, a atengao. Ele pode mesmo chegar a causar ansiedade e angustia, estados mérbidos do equilibrio psicolégico. Na verdade as emogoes esto estreitamente ligadas ao equilibrio corporal, a ténica geral do organismo. Em ultima anélise o equilibrio € uma fungao interna. & facil de comprovar o que vimos dizendo pela simples ‘observagao do comportamento das pessoas. Quando ve- mos aiguém agitado, nervoso podemos deduzir que, em geral esse individuo no possui um perfeito equilibrio vocal e corporal. Ele nado consegue encontrar a posigéo de equilibrio porque nao encontrou o seu equilibrio interior. Nao € por outro motivo que as pessoas com graves problemas psicolégicos sao chamadas de desequilibradas. Ao perderem o seu equilibrio interior elas mergulham na neurose ou na psicose. Equilibrio é, também, uma fungao de adaptagao. da pessoa com o meio ambiente. O homem se identifica no espago com os planos ver- tical @ horizontal. Cada movimento entre vertical e horizontal cria uma nova atitude de equilibrio corporal para contrabalangar a lei da gravidade. Cada atitude adotada pelo ser humano & sempre provocada por imagens mentais, por seu pensamento. Poderiamos dizer que a fala @ a melodia sonora daquelas atitudes. Uma. das principais vantagens de que goza um indi- viduo que se mantém em equilibrio interno @ externo é a economia de esforgos que isto representa. Em caso con- trario, isto €, quando no existe o equilibrio, os.esforgos a serem dispendidos seréo sempre maiores e mais cansativos © que tem como consequéncia disturbios da fala. Centro de gravidade © centro de gravidade ou equilibrio no corpo humano esta localizado na regiao pélvica. As pernas sao a estrutura que suporta o centro e os pes vém a ser a base desse supor- te. A posigao ideal é quando se mantém cada parte movel uma acima da outra para que linha central de gravidade e 0 sentido de gravidade passem pela pernae pelos pés. Afinagao © corpo e a voz sao os principais instrumentos da comunicagéo humana. Por isso devem ser comparados com um violino : para uma boa execugao é necessario que esteja sempre afinado. Atitude basica A atitude basica para o equilibrio do corpo e, conse- quentemente, para a emissao perfeita da voz, & a seguinte Pés — Confortavelmente separados. O peso do corpo devera estar igualmente distribuido pela borda externa dos pés e 0 metatarso. Masculos — Relaxados. Cintura pélvica — Sem estar inclinada quer para a fren- te quer para tras. Caixa torécica — Suspensa sobre 0 diafragma para manter a energia do som. 7 Cabeca — Ereta, Bem equilibrada na cintura escapular. Queixo — Paralelo ao chao. Cintura escapular — Deve permanecer descontraida. Linha da cabeca — A cabeca deve manter uma linha de como se estivesse suspensa por um “‘fio de cabelo”” na parte do redemoinho, isto 6, no centro, como se fosse a continuagao das vértebras cervicais. Esta é a atitude basica para que se possa manter o im- pulso do corpo e da voz na comunicago Variagdes Ap6s a adog&o dessa atitude basica, quando sentir que esta equilibrado, experimente mudar o alinhamento para fazer com que o corpo mude a linha de gravidade. Faga com que a linha de gravidade passe por um e outro pe. Isto resultaré numa base de sustentagao menor. © equilibrio das outras partes do corpo nao devera mudar. Faca experiéncias neste sentido em todas as diregdes: Para a frente — Para tras — Para o lado — Circular Percepcao visual As experiéncias acima prescritas destinam-se ao en- trosamento voz e corpo. Em nenhuma dessas experiéncias deve ser esquecido de observar a percepgdo visual do es- pago total. 78 Sem essa percepgao a voz emitida no tera poder de projetar-se. Exemplo do que estamos comentando pode ser obser- vado nos bailarinos que trabalham em fungao do apri- moramento fisico ¢ tecnico dentro do seu espago pessoal- parcial. Nesse trabalho existe sempre 0 receio de invadir 0 espago do outro e, assim, provocar um choque de con- sequéncias dolorosas. Estas observacdes nao levam a se concluir que no se pode efetuar movimento em conjuntos ou grupos. Mas, nestes casos, 0s movimentos terao que ser planejados & ensaiados com antecedéncia. Referindo-nos aos corpos de baile é de se notar que, devido ao tipo de movimentagao que ¢ feita pelos bailarinos estes inevitavelmente tém dificuldade na projegao vocal. Is- to de uma maneira geral, havendo, é claro, excegoes. Deslocamento Apos as experiéncias recomendadas, quando ja tiver consciéncia e confianga nas atitudes basicas do equilibrio e dos centros de gravidade realize o seguinte: Deslocar-se com passos pequenos, aumentando a lar- gura desses passos gradativamente até chegar aos passos argos. Equilibrio voz e corpo © equilibrio voz e corpo, em conjunto, esta em saber dara intensidade e altura adequadas do som como resposta da atitude prévia do corpo. ‘Quanto maior for 0 movimento quanto maior sera o ajustamento para se manter 0 equilibrio © maior devera ser © controle do corpo, controle necessario para que se possa manter 0 centro. Cada ‘‘ajuste"’ tera que ser executado com exatidao e com a completa percepcao cinestésica da posicao. Isto porque o equilibrio cinestésico nao € conseguide por mero acaso. ‘A ago vocal e corporal tem que ser conscientemente compreendida e auditiva, visuaimente e cinestesicamente percebida. Por isso € que se torna necessario, durante 0. apren- dizado do equilibrio, educar e adestrar as percepgdes de todos os sentidos. Esse adestramento acabara por ajudar a que se repitam todas as experiéncias sem falhas. Educaedo do equilibrio postural e vocal ‘A educagéo do equilibrio postural © vocal, realizada através da conscientizagao do movimento e de uma série de exercicios normativos, destina-se a atuar sobre o esquema de atitudes do individuo. Com esse estudo e com os exer- cicios adequados a pessoa vai sentindo como, progres- sivamente, vai conseguindo um melhor relacionamento com os outros. Trata-se de uma auto-educagao em que o papel prin- cipal cabe aos exercicios de consciéncia e de controle do proprio corpo e da voz. Divisdo da matéria Para facilitar nosso trabalho dividimos a materia re- lativa 4 educagao consciente e voluntaria da alitude em dois aspectos: 1. Educagéo das Sensagoes 2. Tenséo Interiorizada Formas de equilibrio Existem duas formas de equilibrio: | — Equilibrio Estatico i — Equilibrio Dinamico A essas duas formas de equilibrio teremos de acres- centar mais uma: 0 equilibrio cinestésico. Este consiste no equilibrio entre sensibilidade e movimento. Qualquer insuficiéncia em um destes tipos de equi- librio vem a provocar, inevitavelmente, dificuidades de relacionamento 81 Outros fatores de equilibrio Também & necessario considerar outros fatores como capazes de intervir na conservag3o € modificagao do equilibrio corporal ¢ vocal. Estes fatores sio os seguintes: impressdes tateis — Cinestésicas — Visuais e Labirin- ticas © que evitar © trabalho que sera empreendido para conseguir o equilibrio corporal-vocal, dentro das recomendacées @ exercicios programados deve ser feito observando-se que necessario evitar qualquer tipo de rigidez muscular. € que as contracdes musculares desnecessarias en- cobrem as sensagdes mais profundas desta forma dificul- tando © trabalho vocal. Interiorizagdo das sensagées Deveremos aprender a interiorizar as sensagdes transferi-las para 0 mundo exterior por intermédio de ondas sonoras de forma equilibrada € controlada. 82 Visao interna Para se conseguir um andar equilibrado € necessario que se adquira uma viséo interna no controle do corpo como instrumento. E preciso que se tenha sempre em conta que, quando se tem algum trauma na vida, este imediatamente se reflete em atitudes diferentes de respiracdo, andar ¢ fala Por isso @ que insistimos em repetir que a melhor comunicagao é conseguida quando se mantém o equilibrio do corpo e da voz. Resumo Signiticagao de equilibrio — De acordo com o dicio- nario, a significagao de equilibrio 6 a seguinte: Estado de repouso em que se acham os corpos solicitados por forgas iguais ou contrarias. Equilibrio vocal e corporal 0 equilibrio vocal e corporal esta integrado no conjun- to — viséio-audigao — que nos da o equilibrio espago-tem- Poral. Tudo isto compée o comando principal do equilidrio. ca

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