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Calculo Integral - Renan
Calculo Integral - Renan
de uma Variável
Canal Matemática Universitária
Prefácio ix
Apêndice do Capítulo 1 19
1.A Fermat e o Cálculo de Áreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2 Integrais 22
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.2 Revisão de Cálculo Diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.3 Teorema Fundamental do Cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.4 Primitivas Imediatas e a Técnica de Substituição . . . . . . . . . . . . 33
2.5 Integração por Partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.6 Integração de Funções Trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.7 Soma de Riemann e Aplicações na Geometria . . . . . . . . . . . . . . 49
2.8 Aplicações de Integral na Física . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2.9 Integrais Impróprias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Estrutura do Livro
O livro foi originalmente projetado para ser um e-book, em que é possível ter uma
leitura confortável em tablets, computadores e celulares. Mas com o tempo veio a ideia
da criação do QR code que encaminha para uma lista de vídeos no youtube.
Figura 1: QR code que direciona para todos os vídeos deste livro no Youtube.
Este livro conta com 74 videoaulas, produzidas pelo próprio ator, que complementam
a explicação. Tais vídeos estão disponíveis de graça no Youtube e pode ser acessado em
www.youtube.com/c/MatematicaUniversitariaProfRenan. Este canal do Youtube con-
tém mais de 1.000 vídeos e de vários assuntos de matemática a nível universitário.
Apesar de o livro ter um apelo comercial, a proposta é que seja um livro muito barato
e os recursos obtidos sejam utilizados para o Canal Matemática Universitária. O autor
acredita muito em uma educação inclusiva e, acredito, que será relativamente fácil en-
contrar o formato e-book deste material de graça. Mesmo assim, peço que compre o livro
para obter recursos e pagar editores de vídeos, equipamentos e designers. Peço também
que se inscreva no canal www.youtube.com/c/MatematicaUniversitariaProfRenan.
Este livro contempla a parte de integração de funções de uma variável e é interessante
que o estudante tenha acesso ao primeiro livro que é chamado Cálculo Diferencial I. No
site www.clubedeautores.com.br/livro/calculo-diferencial-i se encontra a versão
e-book e no site https://clubedeautores.com.br/livro/calculo-diferenciali, a ver-
são impressa do livro de Cálculo Diferencial I, tendo a opção de adquirir colorido ou
preto e branco.
x Matemática Universitária
O motivo de ter escrito o livro de integral separado do diferencial é que não é neces-
sário ter conhecimento pleno de todo o conceito de derivadas para trabalharmos com a
integração e, no início dos cursos de física mecânica, é comum mencionar o conceito de
integração. É possível organizar este material em volume único, mas acredito que seja
mais agradável estudar separadamente.
Tomei a decisão de colocar, em cada seção, poucos exercícios para que o estudante
não fique muito tempo preso em um determinado assunto. Acredito que, futuramente,
pode-se acrescentar exercícios por outras mídias, como um site específico ou se pode uti-
lizar as listas de exercícios de uma faculdade. Pelo mesmo motivo, evitei colocar desafios
nos capítulos 1 e 2 e preferi que os exercícios sejam um guia para que o estudante de-
senvolva a lógica matemática esperada da seção. Algumas seções do capítulo 3 possuem
alguns exercícios complicados. Pretendo, com o tempo, acrescentar soluções dos exercí-
cios no canal, mas provavelmente em alguma área paga (e barata). O motivo é que acho
importante que o estudante tente resolver o exercício e deixar a solução disponível e de
graça pode desestimular o estudante a tentar resolvê-los.
Além das seções usuais, o livro contam com seções de apêndice do capítulo. Cada
seção do apêndice é uma leitura opcional e tem caráter informativo. Por esta razão, não
acrescentamos exercícios no final destas seções.
Um fato curioso é que o cálculo integral tem uma história muito mais rica que o cál-
culo diferencial. Para termos uma ideia, costuma-se, no cálculo diferencial, enfatizar o
embate entre Newton e Leibniz sobre quem seria o pai do cálculo, no cálculo integral há
mais discussão da evolução das ideias matemática, até chegar o nível do cálculo. Não é
exagero falar que os avanços do cálculo integral começaram antes de cristo, com o mé-
todo da exaustão.
Um outro exemplo histórico interessante é observar que no meu livro de cálculo di-
ferencial é contado um pouco a história da criação dos logaritmos criado por Napier e,
posteriormente, por algum motivo, decidiu-se calcular a derivada da função logaritmo.
O logaritmo foi criado apenas como uma ferramenta para fazer contas monstruosas, mas
1
ganhou apelo geométrico ao se estudar a área da região sob o gráfico da função y = .
x
Há algumas menções históricas no decorrer deste livro. Sinta-se encorajado e incenti-
vado a procurar na internet e um bom ponto de partida é o site da Wikipedia.
Além disso, o autor incentiva (e muito!) o uso de softwares para verificar respostas e
auxiliar nos estudos. No caso da integral, costumo utilizar a versão gratuita do Wolfram,
que pode ser acessado em https://www.wolframalpha.com/. Acredito que a principal
vantagem deste software é o número de escritas alternativas para uma função, especial-
mente trigonométricas.
Outro software bastante interessante é o Geogebra CAS Calculator, disponível para
android, mas também pode ser acessado em https://www.geogebra.org/cas?lang=pt.
CAS significa Computer Algebra System e, ao contrário da solução numérica, o computador
fornece a solução simbólica. Por exemplo, f (x) = x2 é simbólico.
Eu revisei este livro 6 vezes e, pela minha experiência, terão alguns pequenos erros,
principalmente de concordância gramatical. Quem encontrar, por favor, envie um e-
mail para matematicauniversitariarenan@gmail.com, com a localização do erro. Farei as
devidas correções e enviarei a versão corrigida.
O problema das áreas foi um objeto de estudo de grande interesse pelos Gregos anti-
gos. Eles sabiam trabalhar com o cálculo de área de polígonos e círculos, mas era consi-
derado insolúvel o cálculo de área de outras figuras, tais como regiões parabólicas.
y
Figura 1.1: Arquimedes foi capaz de cálcular esta área com o método da exaustão.
Com a técnica conhecida como método da exaustão, Arquimedes foi capaz de calcular
algumas regiões mais gerais, mas por quase 2000 anos, este método era um ato isolado
deste grande gênio. Uma das aplicações mais conhecidas é a estimativa do número π.
Arquimedes notou que o comprimento do círculo era um valor entre o perímetro do
polígono regular inscrito e do polígono regular circunscrito ao círculo e, quanto maior o
número de lados, melhor tínhamos para a estimativa de π.
Neste caso acima, Arquimedes não trabalhou com áreas e, sim, com perímetros. Ele
utilizou fórmulas de perímetro conhecidas na época, calculou o perímetro dos polígonos
2 Matemática Universitária
223 22
<π< .
71 7
Usando uma calculadora para efetuar as duas divisões, encontramos as duas primeiras
casas decimais de π, a saber π ' 3, 14. A princípio, pode parecer que teríamos uma
aproximação com mais casas decimais, mas o nosso olho não consegue ver diferença de
um centésimo da área. Por exemplo, na figura 1.2 letra (d), há 24 espaços em brancos que,
quando somado sua área, e supondo o raio 1 cm nos fornece um valor de 0, 03 cm2 . Pegue
este valor e divide por 24 e por isso que nosso olho não consegue perceber a diferença.
Ao leitor que estiver com a versão e-book, sugerimos dar um grande zoom para ver o
espaçamento.
Além da aproximação de π, Arquimedes encontrou a área da região delimitada pela
parábola e a reta secante (ver figura 1.1).
Em torno de 1630, com o surgimento da geometria analítica, a comunidade científica
europeia, com destaque para Fermat e Pascal, continuaram o desenvolvimento do mé-
todo da exaustão a partir de onde Arquimedes parou. Fermat encontrou um argumento
elegante para calcular a área da região delimitada pelo gráfico y = xn e as retas x = 0 e
x = b, com b arbitrário (ver figura 1.3). A forma que Fermat calculou esta área é feita no
apêndice deste capítulo.
y
y = xn
x
b
Figura 1.3: Área calculada por Fermat com um método bastante elegante.
No período de 1630 até 1680, houve muitas ideias pontuais para o cálculo de área das
mais diversas figuras. Coube a Leibniz e a Newton a tarefa de recolher e unificar estas
ideias em uma teoria. O principal resultado é o que hoje chamamos de O fundamental do
cálculo, que afirma que se uma área pode ser computada pelo método da exaustão, então
pode ser computado usando o processo de antiderivação ou, com o nome mais conhecido,
integração. Este teorema é um dos pilares da Teoria do Cálculo.
Houve, literalmente, uma guerra entre Newton e Leibniz sobre quem seria o grande
inventor do Cálculo, com graves acusações de plágio. Atualmente, após muita inves-
tigação dos manuscritos, é de consenso entre os historiadores que não houve plágio e,
portanto, o Cálculo tem dois pais. Newton foi quem descobriu o Cálculo primeiro, mas
Leibniz foi o primeiro a publicar os resultados.
Renan Lima 3
30 ~v
s0 st f
b b
∆s
t(s)
30 60 Figura 1.5: O veículo anda para a direita.
t(60 − t)
Figura 1.4: Gráfico da função v(t) = .
30
Para resolvermos um problema desta natureza, começamos com os casos mais sim-
ples e, aos poucos, complexificamos o problema. Supomos que o movimento do carro
seja uniforme, isto é, com velocidade instantânea constante v. A distância percorrida
∆st0 →tf no intervalo de t0 a tf é dada por
s(tf ) − s(t0 ) = ∆st0 →tf = v(tf − t0 ) = v∆t.
Considere o referencial conforme a figura 1.5. Se v > 0, então s(tf ) se encontra à direita
de s(t0 ); se v < 0, então s(tf ) está à esquerda de s(t0 ). A expressão |v|∆t é a área do
retângulo de altura |v| e base de tamanho ∆t.
v(m/s) v(m/s)
v tf
t0
t(s)
t(s)
t0 tf
v
∆s > 0 ∆s < 0
(a) Caso v > 0. (b) Caso v < 0.
Figura 1.6: Estudo de casos pela fórmula ∆s = v∆t e a sua relação com a área sob o gráfico.
Supomos agora que o carro anda em movimento uniforme com velocidade v1 nos
instantes t0 até t1 e, no instante t1 , ganha um impulso, de modo que de t1 até tf , tenha
velocidade constante v2 . A distância percorrida é dada por
∆st0 →tf = ∆st0 →t1 + ∆st1 →tf = v1 ∆t1 + v2 ∆t2 ,
em que ∆t1 = t1 − t0 e ∆t2 = tf − t1 . Note que se v1 > 0 e v2 > 0, então ∆st0 →tf é a área
da região entre o gráfico da velocidade e o eixo t, com t0 ≤ t ≤ tf .
v(m/s)
v2
v1
t(s)
t0 t1 tf
v2
v1
v3
t(s)
t0 t1 t2 tf
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
t0 tf t0 t1 tf
(a) Gráfico genérico de v(t). (b) Caso tf = t2 .
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
t0 t1 t2 tf t0 t1 t2 t3 tf
(c) Caso tf = t3 . (d) Caso tf = t4 .
Figura 1.9: A soma das áreas do retângulo para o caso que escolhemos ci = ti .
6 Matemática Universitária
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
tf tf
(a) Divisão em 8 pedaços iguais. (b) Divisão em 16 pedaços iguais.
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
tf tf
(c) Divisão em 32 pedaços iguais. (d) Divisão em 64 pedaços iguais.
Figura 1.10: A soma da área dos retângulos se confunde com a área sob o gráfico se a medida dos subin-
tervalos [ti−1 , ti ] forem "pequenos suficientes".
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
t0 t1 t2 60 t0 t1 t2 t3 60
c1 c2 c3 c1 c2 c3 c4
(a) Divisão em 3 pedaços iguais (b) Divisão em 4 pedaços iguais
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
t0 t1 t2 t3 t4 t5 t6 t7
60 60
c1 c2 c3 c4 c5 c6 c7 c8
(c) Divisão em 8 pedaços iguais (d) Divisão em 64 pedaço iguais
Uma pequena aplicação destas ideias é resolver um exercício com movimento retilíneo
uniformemente variado (sem aplicação de fórmula).
8 Matemática Universitária
Exemplo 1.2.2: Suponha que um carro, partindo do repouso, se desloca com aceleração
constante de 2 m/s2 no intervalo 0 a 10 segundos. Qual é o deslocamento total?
Lembremos que um veículo partir do repouso significa que v0 = 0. Lembremos a
fórmula aprendida no ensino médio de movimento retilíneo uniformemente acelerado
at2
s(t) = s0 + v0 t + = s0 + t2 .
2
Fazendo t = 10, temos que ∆s = s(10) − s0 = 100 metros. Vamos encontrar a mesma
resposta, mas aplicando as ideias desta seção.
Como a(t) > 0, temos que ∆v0→t é a área da região delimitada pelo gráfico de a(t) (em
relação ao tempo) e pelas retas t = 0, "t = t" e o eixo t.
a(m/s2 )
t(s)
t 10
Figura 1.12: Gráfico da aceleração com o tempo.
20
t(s)
10
Figura 1.13: A reta v(t) = 2t.
b×h 10 × 20
Temos, portanto, que ∆s0→10 = = = 100 metros.
2 2
Renan Lima 9
Exercícios
1. Encontre o valor da soma de cada um dos itens abaixo.
5
X 6
X 100
X
a) i2 b) 2j c) 3
i=1 j=1 k=1
10
X 151
X 100
X
(−1)n (−1)k 1 + (−1)k
d) e) f)
n=1 k=1 k=1
4
X 8
X 10
X
k 2
g) k h) i i) (−2)n−2
k=1 i=3 n=5
a) 1 + 3 + 5 + 7 + 9 + 11 b) 1 − 3 + 5 − 7 + 9 − 11
c) 23 + 33 + 43 + 53 + . . . + 203 d) 24 + 25 + 26 + . . . + 215
1 1 1 1 1 3 5 7 9 11
e) + + + ... + f) + + + + +
2 3 4 10 1 2 3 4 5 6
1 1 1 1 1
g) − + − + h) 32 − 42 + 52 − 62 + 72 − 82
2 4 6 8 10
3. Suponha que um carro com velocidade de 10 m/s acelera por 5 segundos com ace-
leração constante de 3 m/s2 . Qual o deslocamento total neste intervalo?
4. Suponha que uma particula parte do repouso e com aceleração dada, no SI, pela
equação a(t) = 2t + 3. Encontre a velocidade da partícula no instante em que t = 5
segundos.
10 Matemática Universitária
Respostas
Exercício 1
a) 55 b) 126 c) 300
d) 0 e) −1 f) 100
Exercício 2
Nesta questão, há várias soluções possíveis. Vamos apresentar duas delas em cada item.
6
X 5
X
a) (2k − 1) ou (2k + 1)
k=1 k=0
6
X 5
X
k+1
b) (−1) (2k − 1) ou (−1)k (2k + 1)
k=1 k=0
19
X 20
X
c) (n + 1)3 ou n3
n=1 n=2
12
X 15
X
d) 2n+3 ou 2n
n=1 n=4
9 10
X 1 X1
e) ou
i+1 i
i=1 i=2
6 5
X 2i − 1 X 2i + 1
f) ou
i i+1
i=1 i=0
5 6
X (−1)j+1 X (−1)j
g) ou
2j (2j − 2)
j=1 j=2
5
X 6
X
j 2
h) (−1) (j + 3) ou (−1)j+1 (j + 2)2
j=0 j=1
Exercício 3
∆s = 87, 5 m
Exercício 4
v(5) = 40 m/s
Renan Lima 11
Vimos na seção anterior uma motivação com a física para o cálculo de integrais e
Z b
introduzimos a notação de Leibniz f (t)dt. Neste caso, a variável t é apenas uma letra
a
auxiliar e pode ser mudada por qualquer outra letra:
Z b Z b Z b
f (t) dt = f (x) dx = f (u) du.
a a a
Z b
Z b Z b
1. f (x) + g(x) dx = f (x) dx + g(x) dx.
a a a
Z b
Z b Z b
2. f (x) − g(x) dx = f (x) dx − g(x) dx.
a a a
Z b Z b
3. kf (x) dx = k f (x) dx, em que k ∈ R.
a a
Z b
4. k dx = k(b − a).
a
b
bn+1 − an+1
Z
5. xn dx = , em que n ∈ N.
a n+1
Demonstração:
As provas dos itens 1, 2, 3 e 4 serão feitas com o devido rigor no capítulo 3. Para o leitor
se convencer da validade, verifique, por exemplo, para o item 3 que
n
X n
X
kf (ci )∆xi = k f (ci )∆xi .
i=1 i=1
b
b
xn+1 bn+1 an+1
Z
n .
Para organização, no item 5, escrevemos x dx = = −
a n+1 n+1 n+1
a
Z 2
Exemplo 1.3.2: Vamos calcular 2x2 dx.
1
2
2 2
x3 23 13
Z Z
7 14
2x2 dx = 2 x2 dx = 2 =2 − =2 = .
1 1 3 3 3 3 3
1
12 Matemática Universitária
Z 5
x2 − x dx.
Exemplo 1.3.3: Vamos calcular
0
Z 5 Z 5 Z 5 Z 5 Z 5
2 2 2
x − x dx = x dx + −x dx = x dx − x dx
0 0 0 0 0
5 5
x3 x2 53 03 52 02
= − = − − −
3 2 3 3 2 2
0 0
125 25 175
= − = .
3 2 6
xn+1
Exemplo 1.3.5: O polinômio F (x) = é uma primitiva de f (x) = xn .
n+1
xn+1
O polinômio G(x) = +1 é também primitiva de f , pois G(b)−G(a) = F (b)−F (a).
n+1
xn+1
Mais geralmente, todo o polinômio da forma + C, com C ∈ R é primitiva de f .
n+1
Exemplo 1.3.7: A função F (x) = x3 é primitiva da função f (x) = 3x2 . Todo polinômio
da forma x3 + C, com C ∈ R é primitiva de f .
Demonstração:
Z b
1. Seja H(x) = F (x)+G(x), Queremos provar que f (x)+g(x) dx = H(b)−H(a).
a
Z b
Z b Z b
f (x) + g(x) dx = f (x) dx + g(x) dx
a a a
= F (b) − F (a) + G(b) − G(a) = H(b) − H(a).
x3 x2
Exemplo 1.3.9: Todo polinômio da forma F (x) = − + C, com C ∈ R, é primitiva
3 2
de f (x) = x2 − x, feita no exemplo 1.3.3 (verifique!).
Este resultado pode ser generalizado para um número finito de termos, isto é, dados
f , g e h, temos que
Z Z Z Z
f (x) + g(x) + h(x) dx = f (x) dx + g(x) dx + h(x) dx.
x4 x3 x4
Z
2x3 − 6x2 dx = 2 · − 2x3 + C.
4. −6· +C =
4 3 2
No começo desta seção, vimos que, para integrais definidas, a variável da função não
tem importância, isto é,
Z b Z b Z b
f (t)dt = f (x)dx = f (u)du.
a a a
t3
Z Z
4u3 − 3u2 + 2 du = u4 − u3 + 2u + C,
2
2
1. t − 2t dt = − t + C, 2.
3
2v 5
Z
2v 4 − 6v 2 + 6v − 1 dv = − 2v 3 + 3v 2 − v + C.
3.
5
14 Matemática Universitária
Exemplo 1.3.13: Suponha que a velocidade do veículo no intervalo de [0, 60] seja dada
t(60 − t)
pela função v(t) = , em que t é medido em segundos e v é medida em m/s. O
30
deslocamento total é dado por
60 60 60
t(60 − t)
Z Z Z
1
∆s = v(t) dt = dt = (60t − t2 ) dt
0 0 30 30 0
60
t2 t3 602 603
1 1
= 60 · − = 60 · −
30 2 3 30 2 3
0
603
1 1 12
= − = 2 × 60 = 1200.
30 2 3 6
n
X
Vimos na seção 1.2 que dado f : [a, b] → R, trabalhamos com a soma f (ci )∆xi ,
i=1
onde {x0 = a, x1 , · · · , xn = b} é uma partição de [a, b] em n pedaços e ∆xi = xi − xi−1 .
Se para todo i, o tamanho ∆xi fosse cada vez menor, esperamos que o somatório convirja
Z b
para um valor real que denotamos por f (x) dx. Mais ainda, se f (x) ≥ 0 para todo
a
x ∈ [a, b], então f (ci )∆xi é a área do retângulo de base ∆xi e altura f (ci ) e a soma destas
áreas converge para a área da região delimitada pelo gráfico de f , o eixo x e as retas x = a
e x = b.
v(m/s) v(m/s) v(m/s)
O interessante da notação de Leibniz é que f (x) pode ser pensada como altura do
retângulo, enquanto dx como a medida da base. Esta medida pode ser interpretada como
distância infinitesimal, que significa que é tão pequena quanto se queira.
Sugerimos a nossa videoaula Exemplos de Cálculo de Área. Avisamos que este vídeo
tem um pequeno erro no terceiro exemplo. Consegue encontrar o erro?
Exemplo 1.3.14: Vamos encontrar a área da região delimitada pela parábola y = x2 , o
eixo x e as retas x = 1 e x = 3.
y y
y = x2
x2
x x
1 3 1 dx 3
(a) Esboço da região. (b) Retângulo de "base infinitesimal".
y = x2 y = x2
x x
−2 2 −2 2
(a) Esboço da região. (b) O retângulo tem altura 4 − x2
Observe na figura que a altura do retângulo é sempre a parte de cima subtraída com a
parte de baixo, então a altura é dada por 4 − x2 e a base é dx. Para encontrar os limites
de integração, precisamos encontrar os pontos de interseção da parábola y = x2 e a
reta y = 4 e, para isso, basta igualar as duas expressões: y = x2 = 4, e daí, x = ±2.
Logo a área da região é dada por
2
2
x3
−8
Z
2
8 32
4−x dx = 4x − = 8− − −8 − = .
−2 3 3 3 3
−2
16 Matemática Universitária
dx
x − x3
y=x
−1 y = x3 −1
x x
1 x 1
x3 − x = 0 ⇒ x(x2 − 1) = 0.
Exemplo 1.3.17: Vamos encontrar a área da região delimitada pelo eixo x e a parábola
y = x2 − 1.
y y
dx
x x
1 1
1 − x2
−1 −1
y = x2 − 1 y = x2 − 1
−1 −1
(a) Esboço da região. (b) O retângulo tem altura x2 − 1.
Pela figura, observe que o eixo x está acima da parábola e a equação desta reta é dada
por y = 0. Logo, a função de cima é y = 0, a função de baixo é y = x2 − 1 e x varia de
−1 até 1. Temos, portanto,
1
1 1
x3
Z Z
2 2
0 − (x − 1) dx = 1 − x dx = x −
−1 −1 3
−1
(−1)3
1 2 2 4
= 1− − −1 − = + = .
3 3 3 3 3
Renan Lima 17
Exercícios
1. Resolva cada uma das integrais definidas.
Z 3 Z 1 Z 4
2
a) 2x dx b) (4x3 + 2x + 3) dx c) (2x2 + 3x) dx
1 0 0
Z 4 Z 2 Z 2
d) (x3 − 2x) dx e) (v 4 − 2v + 1) dv f) (2x + 1)2 dx
2 1 −1
Z −1 Z 1 Z 3
g) (t2 + 1)2 dt h) (x5 − 2x3 + 3x) dx i) (u + 1)3 du
−2 −1 −2
3. Uma partícula tem como equação da velocidade dada por v(t) = (t+1)(t+2)(t+3),
em que t é dado em segundos e v em m/s.
a) Encontre o deslocamento total da partículo de t = 0 até t = 4 segundos.
b) Encontre o deslocamento total da partícula de t = 1 até t = 3 segundos.
c) Suponha que a posição inicial da partícula seja s0 = 5 m. Encontre a equação
geral do movimento da partícula.
4. Uma partícula tem como equação da aceleração dada por a(t) = 6t − 4. Sabendo
que v0 = 2 e s0 = 1, encontre a equação posição. Todas as unidades estão em SI
(Sistema Internacional - metros, segundos, etc).
Respostas
Sugerimos o Geogebra CAS Calculator, disponível para android, mas também pode ser
acessado em https://www.geogebra.org/cas?lang=pt.
Exercício 1
52 200
a) b) 5 c)
3 3
21
d) 48 e) f) 21
5
178 255
g) h) 0 i)
15 4
Exercício 2
5x3 7x2 x4 5x2
a) + +x+C b) − x3 − + 2x + C
3 2 4 2
t6 t5 t4 9t7
c) − + −t+C d) + 3t4 + 4t + C
6 5 2 7
u7 3u5 w4
e) − + u3 − u + C f) +w+C
7 5 4
Exercício 3
a) s0→4 = 304 m
b) s1→3 = 128 m
t4 11t2
c) s(t) = + 2t3 + + 6t + 5
4 2
Exercício 4
s(t) = 1 + 2t − 2t2 + t3
Exercício 5
9 8
a) 19 u.a. b) u.a. c) u.a.
4 3
32 5
d) u.a. e) 32 u.a. f) u.a.
3 4
Apêndice do Capítulo 1
19
20 Matemática Universitária
Esta seção pode ser melhor apreciado pelo leitor como uma segunda leitura e dei-
xamos como um apêndice do capítulo. Nesta seção, vamos mostrar que vale a fórmula
Z b
bk+1 ak+1
xk = − com as ideias de Fermat. Para termos uma visão histórica, Fermat
a k+1 k+1
nasceu em 1607 e faleceu em 1667, enquanto Newton nasceu em 1642 e criou o cálculo aos
24 anos de idade, em 1667.
O trabalho de Fermat foi tão impressionante, que muitos historiadores consideram
que Fermat foi o pai da Geometria Analítica (ao invés de Descartes) e também o verda-
deiro criador do cálculo. Apesar do incrível trabalho e de ter tido várias ideias fascinantes,
Fermat não percebeu o teorema fundamental do cálculo, que foi descoberto, independente-
mente por Leibniz e Newton.
A fórmula acima foi provada, historicamente, caso a caso com o valor de k especifi-
cado. O caso k = 1 é a conhecida área do triângulo, enquanto o caso k = 2 foi provada
por Arquimedes, com o método da exaustão. Cavalieri conseguiu demonstrá-la para os
casos k = 3 até o caso k = 9, mas era um método geométrico extremamente trabalhoso
que falhou para o caso k = 10. Pascal demonstrou o caso geral.
Fermat conseguiu simplificar a demonstração desta fórmula, utilizando apenas pro-
gessões geométricas. Vamos a esta demonstração interessante em que começamos fa-
zendo o caso em que a = 0.
Fixe um valor r tal que 0 < r < 1 e divida o intervalo (0, b] em infinitos subintervalos
da forma [rb, b], [r2 b, rb], . . . , [rn b, rn−1 b], . . .. Em cada subintervalo In = [rn b, rn−1 b], seja
Rn a área do retângulo de base In e altura (rn b)k . As figuras abaixo mostram como a
serão feitas as aproximações da área por retângulos para vários valores da razão.
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
b R3R2 R1
b
(a) r = 0, 5 (b) r = 0, 7
v(m/s) v(m/s)
t(s) t(s)
b b
(c) r = 0, 9 (d) r = 0, 95
Figura 1.19: A soma das áreas dos retângulos se aproximam á medida que r se aproxima de 1.
Renan Lima 21
Temos, portanto,
bk+1 (1 − r)
R1 + R2 + . . . + Rn + . . . =
1 − rk+1
A soma finita de uma progressão geométrica é dada por
rk+1 − 1 1 − rk+1
1 + r + r2 + . . . + rk = = ,
r−1 1−r
daí, temos que
bk+1
R1 + R2 + . . . + Rn + . . . = .
1 + r + r2 + r3 + . . . + rk
À medida que r se aproxima de 1, a soma das áreas dos retângulos se aproxima me-
lhor da área da região abaixo do gráfico de f (x) = xk em x = 0 até x = b e, portanto, é
razoável esperar que se substituirmos r = 1 na expressão da soma da área, então
b
bk+1 bk+1
Z
xk dx = = .
0 1 + 1 1 + 12 + 13 + . . . + 1k k+1
A fórmula do item 5 do teorema 1.3.8 pode ser deduzida por interpretação geomé-
trica. Por exemplo se 0 < a < b, temos que
b b a
bk+1 ak+1
Z Z Z
k k
x dx = x dx − xk dx = − .
a 0 0 k+1 k+1
O caso a < 0, deixamos como exercício ao leitor. Será necessário separar os casos em que
k é par e k é impar.
2 Integrais
2.1 Introdução
Vimos no capítulo 1 que se tivermos o gráfico da função velocidade por tempo, então
o cálculo da posição pode ser feita, essencialmente, por cálculo de áreas da região delimi-
tada entre o eixo t e o gráfico da função v. Devemos apenas tomar cuidado com o sinal,
dependendo se v(t) < 0 ou v(t) ≥ 0. Por outro lado, se uma partícula tem a equação
do movimento dada pela função s(t), então a equação da velocidade v(t) é dada pela
derivada de s(t). Mais precisamente, vale a fórmula
ds
v(t) = .
dt
ds
O interessante da notação de Leibniz é a possibilidade de pensar, informalmente,
dt
como fração e, portanto, a distância infinitesimal é dada por
ds = v(t) dt.
Mais ainda, a soma dos deslocamentos infinitesimais é dada por
Z tf
s(tf ) − s(t0 ) = ∆s = v(t) dt.
t0
Por conta deste raciocínio, fica bastante intuitivo que áreas podem ser calculadas via
processo de antiderivação. Este é o teorema fundamental do cálculo, percebido por Leibniz
e Newton, independentemente!
Quando aprendemos a calcular as derivadas, vimos as regras de derivação, tais como
a regra do produto e a regra da cadeia. No cálculo integral, estas regras se transformam
em técnicas de integração. Por conta disso, na seção 2.2, faremos uma revisão do cálculo di-
ferencial, destacando as ideias e os resultados principais que utilizaremos para o cálculo
integral.
Na seção 2.3, veremos com detalhe o teorema fundamental do cálculo. A intuição
dada pela física é muito importante, mas também é importante entendermos quais são as
hipóteses exigidas da função a ser integrada.
Nas seções 2.4 e 2.5 , aprenderemos a calcular diversas integrais, começando com as
primitivas elementares, seguindo para as técnicas da substituição e de integração por
partes. A seção 2.6 é dedicada para integração, utilizando as duas técnicas.
Nas seções 2.7 e 2.8, faremos algumas aplicações de integrais tais como cálculo de
comprimento de arco, volume de sólido de revolução, cálculo de trabalho, massa e centro
de massa. Finalmente, na seção 2.9, estenderemos o conceito de integral e estudaremos
as chamadas integrais impróprias.
Renan Lima 23
3. f ◦ g é contínua.
1. f + g é contínua.
f
2. f · g é contínua. 4. é contínua.
g
2
Exemplo 2.2.4: A função h(x) = e−x é contínua pois é a composição das funções
f (x) = ex com g(x) = −x2 .
2
A função f (x) = ex cos x é contínua pois é composição e multiplicação de funções
contínuas.
1
Exemplo 2.2.5: A função f (x) = é uma função contínua, pois divisão de funções
x
contínuas é contínua. Note que x0 = 0 não pertence ao domínio de f .
1. (TVI) Fixe d pertencente ao intervalo aberto definido por f (a) e f (b), então
existe c ∈ (a, b) tal que f (c) = d.
2. (Weierstrass) f admite pontos de máximo e mínimo global em [a, b]. Mais pre-
cisamente, existem xm , xM ∈ [a, b] tais que
Agora que sabemos que todas as funções elementares são contínuas, vamos trabalhar
com as funções derivadas. Dizemos que a função f é derivável em x0 se existe o limite
f (x0 + h) − f (x0 )
lim e, caso o limite exista, denotamos por f 0 (x0 ). Dizemos que f é
h→0 h
derivável se ela for derivável em todos os pontos do seu domínio.
Geometricamente, f : (a, b) → R é derivável se em cada ponto (x0 , f (x0 )) do gráfico
possui reta tangente. Destacamos dois casos possíveis para que uma função não seja
derivável em x0 ∈ (a, b).
y y
x x
x0 x0
df
Dada uma função f derivável, a função derivada é denotada por . Esta notação foi
dx
introduzida por Leibniz por causa da seguinte expressão.
Com a tabela acima, podemos encontrar a derivada das mais diversas funções.
Exemplo 2.2.8: A primeira fórmula de derivação é a regra do tombo, (xp )0 = pxp−1 .
Recomendamos a video-aula Derivada da Soma e a Derivada de Polinômios.
3x(3/2)−1 3x1/2
4. Se f (x) = x3/2 , então f 0 (x) = = .
2 2
√ 1 x−1/2 1
5. Se f (x) = x = x1/2 , então f 0 (x) = x(1/2)−1 = = √ .
2 2 2 x
!
1 5x2/3
6. Se f (x) = 5 − 3x5/3 = x−5 − 3x5/3 , então f 0 (x) = −5x−6 − 3 . Temos,
x 3
−5
então f 0 (x) = 6 − 5x2/3 .
x
7. Se f (x) = xπ , então f 0 (x) = πxπ−1 .
1 √ √ √
8. Se f (x) = √ = x− 2, então f 0 (x) = − 2 x− 2−1 .
x 2
df
= (x3 )0 ln x + x3 · (ln x)0
dx
1
= 3x2 · ln x + x3 · = 3x2 ln x + x2 .
x
df
= (ex )0 sen x + ex · (sen x)0
dx
= ex sen x + ex cos x.
26 Matemática Universitária
Para mais exemplos com a regra do produto, sugerimos assistir às nossas videoaulas
Exemplos de Derivação com Funções Trigonométricas e também Derivada das Funções
Exponenciais e Logarítmicas.
A regra do quociente não será necessária para a integração. A regra da cadeia costuma
ser a regra de derivação mais complicada para aprender, por isso, sugerimos a videoaula
Regra da Cadeia - Enunciado e Exemplos. Para exemplos que mistura regra da cadeia e
regra do produto, sugerimos a aula Exemplos utilizando a Regra da Cadeia e também a
aula Exemplos de Derivação com Funções Trigonométricas Inversas. Vamos fazer mais
alguns exemplos.
Exemplo 2.2.11: Considere a função f (x) = (x2 + 3x + 1)3 e tome y = x2 + 3x + 1, então
f (x) = y 3 e pela regra da cadeia
df df dy
= · = 3y 2 (2x + 3) = 3(x2 + 3x + 1)2 (2x + 3).
dx dy dx
df df dy 1 2 3x2 3x2
= · = · (3x ) = = .
dx dy dx 1 + y2 1 + (x3 )2 1 + x6
3
Exemplo 2.2.13: Para derivarmos a função f (x) = xe−x , vamos trabalhar com a regra
do produto e a regra da cadeia.
df 3 3 3 3
= (x)0 · e−x + x · (e−x )0 = e−x + x · (−3x2 e−x )
dx
3 3 3
= e−x − 3x3 e−x = (1 − 3x3 )e−x .
Seja f : [a, b] → R contínua em [a, b] e derivável em (a, b). Então existe c ∈ R tal que
f (b) − f (a)
f 0 (c) = .
b−a
O teorema do valor médio diz que existe tc ∈ (t0 , tf ) tal que vm = s0 (tc ). Em outras
palavras, em algum momento a velocidade instantânea é igual à velocidade média.
Geometricamente, f 0 (c) é o coeficiente angular da reta tangente ao gráfico de f no
ponto (c, f (c)) e, conforme demonstrado pela videoaula Equação da Reta, o coeficiente
f (b) − f (a)
angular da reta que passa pelos pontos (a, f (a)) e (b, f (b)) é dada por . O
b−a
teorema do valor médio diz que existe um ponto c ∈ (a, b) tal que a reta tangente ao
gráfico de f em x = c é paralela à reta secante que liga os pontos (a, f (a)) e (b, f (b)).
Renan Lima 27
f (a) b
f (b) b
x
a c b
Finalizamos a seção com uma consequência do teorema do valor médio que vamos
precisar para a integração.
Demonstração:
Fixe x ∈ (a, b]. Pelo teorema do valor médio, existe cx ∈ (a, x) tal que
Exercícios
1. Derive cada uma das funções abaixo.
√
a) f (x) = x2 sen x b) f (x) = 3 3 x + 2x3 − 2
4 5
c) f (x) = −√ d) f (x) = tg x · ln x
x x
√
q
o) f (x) = x + x p) f (x) = arcsen(x + 1)
√
q) f (x) = arctg(x2 ) r) f (x) = arctg( x)
Respostas
Exercício 1
1
a) 2x sen x + x2 cos x b) √
3
+ 6x2
x 2
4 5 tg x
c) − 2
+ √ d) sec2 x · ln x +
x 2x x x
e) ex sec x(1 + tg x) f) ex (sen x + x sen x + x cos x)
t t t
a x1 b a x2 b a b
Figura 2.4: O valor de A(x) coincide coma área sob a curva de y = f (t) se f (t) ≥ 0 para todo t.
y y y
y = f (t)
y = f (t) y = f (t)
área=B área=A2
t x2 t t
a x1 b a b a b
área=A3
Figura 2.5: O valor de A(x) é a área acima do eixo x menos a área de baixo.
Fixe x ∈ (a, b). A ideia pensada por Leibniz foi considerar dx como incremento infini-
tesimal e considerar o retângulo de base no intervalo [x, x + dx] e altura f (x).
y y
y = f (t) y = f (t)
f (x)
A(x)
dA
t t
a x b a xdx b
Figura 2.6: Interpretação geométrica que Leibniz teve para o teorema fundamental do cálculo.
Demonstração:
A demonstração deste resultado pode ser encontrada em Demonstração do Teorema Fun-
damental do Cálculo. Avisamos que a demonstração acima utiliza um resultado técnico
que pode ser vista na nossa videoaula Teorema do Valor Médio para Integrais.
Seja f uma função cont́inua. Dizemos que F é primitiva de f , se F 0 (x) = f (x) para
todo x no domínio de f .
Demonstração:
Z x
Seja A(x) = f (t) dt. Pelo 1º teorema fundamental do cálculo, temos que A(x) é primi-
a
tiva de f . Como F também é primitiva de f , temos que F 0 (x) = A0 (x) para todo x ∈ [a, b]
e, pelo corolário 2.2.15, existe C ∈ R tal que F (x) = A(x) + C. Logo
Z b
F (b) − F (a) = (A(b) + C) − (A(a) + C) = A(b) = f (t) dt.
a
dF dy 2 2 2
A0 (x) = · = e−y .2x = e−(x ) 2x.
dy dx
4
Arrumando as contas, temos que A0 (x) = 2xe−x .
Z x2 p
√
Exemplo 2.3.7: Seja A(x) = 1 − t2 dt e seja F (x) a primitiva de 1 − x2 , isto é,
√ x3
0 2
F (x) = 1 − x . Pelo 2º teorema fundamental do cálculo,
dF dy dF dz p p
A0 (x) = · − · = 1 − y 2 .2x − 1 − z 2 .3x2
dy dx dz dx
p p
= 2x 1 − x4 − 3x2 1 − x6 .
32 Matemática Universitária
Exercícios
1. Derive cada uma das funções abaixo.
Z x Z x
−t
a) A(x) = e dt b) A(x) = sen(t2 ) dt
2 π
Z 1+x2 Z x
1 3
c) A(x) = sen dt d) A(x) = et dt
1 t −x
Z x+1 p Z cos x
1
e) A(x) = √
1+ t2 dt f) A(x) = dt
x sen x 1 − t2
Z x √ Z x
2
g) A(x) = x · (tg t) dt h) A(x) = e−t dt
0 −x
Respostas
Exercício 1
Na seção 2.3, vimos o teorema fundamental do cálculo em que estabelece uma cone-
xão entre o processo de antiderivação e o processo de cálculo de área. A função resultante
da antiderivação é chamada de primitiva. Mais ainda, fixada uma função f contínua, en-
tão se F é uma primitiva de f , então todas primitivas são da forma F (x) + C com C ∈ R.
Z
Escrevemos f (x) dx para representar todas as primitivas de f e recomendamos a
videoaula Primitivas Imediatas para introdução do assunto.
x2
Z
Exemplo 2.4.1: Temos que x dx = + C.
2
Z
Como (e ) = e , temos que ex dx = ex + C.
x 0 x
xp+1
Z Z
p 1
x dx = + C, se p ∈ R e p 6= −1 dx = ln |x| + C
p+1 x
Z Z
1
dx = arctg x + C ex dx = ex + C
1 + x2
Z Z
sen x dx = − cos x + C cos x dx = sen x + C
Z Z
2
sec x dx = tg x + C sec x tg x dx = sec x + C
Z Z Z
1. f (x) + g(x) dx = f (x) dx + g(x) dx.
Z Z
2. kf (x) dx = k f (x) dx, em que k ∈ R.
x2 + 1
Z
Exemplo 2.4.4: Vamos calcular dx. Note que o integrando não está na tabela
x
acima e, portanto, precisamos modificar a expressão. O truque é separar o numerador,
isto é,
x2 + 1 x2 1 1
= + =x+ .
x x x x
1
Note que as funções f (x) = x e g(x) = estão na tabela acima e, portanto,
x
Z 2
x2
Z
x +1 1
dx = x+ dx = + ln |x| + C.
x x 2
Z
1
O leitor pode está se perguntando o porquê dx = ln |x| + C ao invés de ln x + C.
x
1
O motivo é que o domínio de ln x é (0, +∞), enquanto o domínio de é R − {0}. Por
x
exemplo, se o resultado da integral fosse ln x, teríamos
−1
Z −1
1
dx = ln x = ln(−1) − ln(−2).
−2 x
−2
Isso é um absurdo!
d ln(−x) 1 1
Note que para x < 0, temos pela regra da cadeia = · (−1) = .
dx −x x
Z
Exemplo 2.4.6: Vamos calcular a integral tg2 x dx. Para tanto, precisamos aplicar a
fórmula tg2 x = sec2 x − 1. Esta fórmula é específica e pode ser interessante pensar na
seguinte lógica
sen2 x 1 − cos2 x 1 cos2 x
tg2 x = = = − .
cos2 x cos2 x cos2 x cos2 x
1
Como sec2 x = , temos que tg2 x = sec2 x − 1 e, portanto,
cos2 x
Z Z Z Z
tg2 x dx = (sec2 x − 1) dx = sec2 x dx − 1 dx = tg x − x + C.
Vimos na seção 2.2 a regra da cadeia (f ◦ g(x))0 = f 0 (g(x)) · g 0 (x), e, temos, portanto,
a seguinte fórmula
Z Z
0 0
f (g(x)).g (x) dx = (f ◦ g(x))0 dx = f ◦ g(x) + C.
Renan Lima 35
eu 2x
Z Z
du
2x dx = eu · = +C = + C.
ln 2 ln 2 ln 2
dg
Suponha que f e g 0 (x) = sejam contínuas, então
dx
Z b Z g(b)
0
f (g(x))g (x) dx = f (u) du.
a g(a)
Demonstração:
Seja F a primitiva de f , então F (g(x)) é a primitiva de F 0 (g(x)).g 0 (x), daí, pelo 2º teorema
fundamental do cálculo, temos
b g(b)
Z b Z g(b)
0
f (g(x))g (x) dx = F (g(x)) = F (g(b)) − F (g(a)) = F (u) = f (u) du
a g(a)
a g(a)
Z 5√
Exemplo 2.4.13: Vamos calcular 3x + 1 dx.
0
1
Façamos u = 3x + 1, então du = 3 dx e dx = du. Note que, quando x = 0, temos que
3
u = 1 e, quando x = 5, temos que u = 16. Daí,
Z 5√ Z 16 √ Z 16
1 1
3x + 1 dx = u · du = u1/2 du
0 1 3 3 1
16 16
1 u3/2 2
= · = u3/2
3 3 9
1 1
2
2 2
= 163/2 − 13/2 = · 63 = 14.
9 9
5√ Z
Exemplo 2.4.14: Do exemplo anterior, 3x + 1 dx é possível que se resolva primei-
0
√
Z
ramente a integral indefinida 3x + 1 dx e, depois, colocamos os limites de integra-
ção.
Façamos u = 3x + 1, temos que du = 3 dx e, portanto,
√ √ 1
Z Z Z
1
3x + 1 dx = u · du = u1/2 du
3 3
1 u3/2 2 2
= · = u3/2 = (3x + 1)3/2 .
3 3 9 9
2
Daí, temos que
5
Z 5√
2
3x + 1 dx = (3x + 1)3/2
0 9
0
2 3/2 3/2
2
= 16 − 1 = · 63 = 14.
9 9
Renan Lima 37
Exercícios
1. Integre cada uma das funções abaixo.
Z √ Z
7 1
a) x3 dx b) √
3
dx
x
√ √
Z Z
1
c) x+ 2 dx d) x(1 + x) dx
x
x2 + 3x − 1 1 + cos2 t
Z Z
e) dx f) dt
x3 cos2 t
2. Calcule cada uma das integrais definidas.
Z 5 Z −2
1 1
a) dx b) dx
4 x −3 x
4 π/4
1 + cos2 t
Z Z
1+x
c) √ d) dt
1 x 0 cos2 t
π/4 π/4
1 + cos2 x 1 + sen2 t
Z Z
e) dx f) dt
0 cos2 x 0 cos2 t
3. Determine as integrais indefinidas. Use a técnica da substituição se achar necessá-
rio.
ln2 x
Z Z
a) dx b) cos(2x) dx
x
Z Z p
3x+1
c) e dx d) x 1 − x2 dx
Z √ Z
sen x
e) √ dx f) x(1 + x)100 dx
x
√
Z Z
x
e) x 1 − x dx f) √ dx
x+1
Z Z
1 x
g) dx h) dx
4 + x2 1 + x2
Z Z
x 1
i) dx j) dx
1 + x4 x2 + 2x + 2
Z Z
x
k) 3 dx l) 3x ex dx
ex
Z Z
2
m) x tg(x ) dx n) dx
1 + e2x
38 Matemática Universitária
Respostas
Exercício 1
√
3√
7
7 x10 3
a) +C b) x2 + C
10 2
√ √
2 x3 1 2x x(3x + 5)
c) − +C d) +C
3 x 15
3 1
e) ln |x| − + 2 +C f) tg t + t + C
x 2x
Exercício 2
5 2
a) ln b) ln
4 3
20 4+π
c) d)
3 4
4+π 8−π
e) f)
4 4
Exercício 3
(ln x)3 sen(2x)
a) +C b) +C
3 2
p
e3x+1 (1 − x2 )3
c) +C d) − +C
3 3
√ (x + 1)102 (x + 1)101
e) −2 cos( x) + C f) − +C
102 101
1 x ln(1 + x2 )
g) · arctg +C h) +C
2 2 2
arctg(x2 )
i) +C j) arctg(x + 1) + C
2
3x 3x ex
k) +C l) +C
ln 3 1 + ln 3
ln | sec(x2 )|
m) +C n) arctg(ex ) + C
2
Renan Lima 39
Z
Exemplo 2.5.3: Para integrar xex dx, devemos utilizar integração por partes. Faça-
mos u = x e dv = ex , temos que
Z u dv u v Z v du
u = x ⇒ du = dx, Daí, x x x
x e dx = x e − e dx
v = ex ⇒ dv = ex dx.
= xex − ex + C.
Ao aplicar a integração por partes, deve-se checar que a nova integral seja mais fácil de
resolver que o primeiro caso. No exemplo anterior, se escolhêssemos u = ex e dv = x,
então teríamos
v v
u dv u du
u= ex ⇒ du = dx, x2 x2 x
Z Z
x x
x2 e x dx = e − e dx.
v= ⇒ dv = xdx. 2 2
2
Neste caso, a nova integral é mais complicada de calcular que a primeira.
40 Matemática Universitária
Z
Exemplo 2.5.5: Vamos calcular x2 cos x dx. Vamos utilizar integração por partes.
Z u dv u v v du
u = x2 ⇒ du = 2x dx,
Z
2 2
x cos x dx = x sen x − sen x · 2x dx.
v = sen x ⇒ dv = cos x dx.
Z
Note que 2x sen x dx não é primitiva elementar, mas aparenta ser uma integral mais
fácil de resolver. Vamos utilizar integração por partes de novo.
Z u dv u v Z v du
u = 2x ⇒ du = 2 dx,
2x sen x dx = 2x (− cos x ) − (− cos x) · 2 dx.
v = − cos x ⇒ dv = sen x dx.
Organizando as contas, temos
Z Z
2x sen x dx = −2x cos x + 2 cos x dx = −2x cos x + 2 sen x + C.
A resposta acima está correta, mas, para manter o padrão, pode-se trocar −C por +C.
Z
x2 cos x dx = x2 sen x + 2x cos x − 2 sen x + C.
Z
Exemplo 2.5.6: Para calcular x2 ln x dx, vamos utilizar integração por partes.
1 v v du
u = ln x ⇒ du = dx, u dv u
x3 x3
Z Z
x 1
ln x x2 dx = ln x · − · dx.
x3 3 3 x
v= ⇒ dv = x2 dx.
3
x3 x2 x3 ln x x3
Z Z
Logo x2 ln x dx = ln x − dx = − + C.
3 2 3 6
ln(1 + x2 )
Z Z
x
arctg x dx = x arctg x − dx = x arctg x − − C.
1 + x2 2
A resposta acima está correta, mas é comum colocar como resposta final
ln(1 + x2 )
Z
arctg x dx = x arctg x − + C.
2
u dv u v v du
u = e2x ⇒ du = 2e2x dx, Z Z
2x 2x 2x
e sen x dx = e · (− cos x) − (− cos x) · 2e dx.
v = − cos x ⇒ dv = sen x dx.
Z Z
2x 2x
Melhorando a expressão acima, temos e sen x dx = −e cos x + 2 e2x cos x dx.
Vamos utilizar integração por partes de novo.
u dv u v v du
u = e2x ⇒ du = 2e2x dx, Z Z
2x 2x 2x
e cos x dx = e · sen x − sen x · 2e dx.
v = sen x ⇒ dv = cos x dx.
Z
Para facilitar a visualização, denote I = e2x sen x dx. Temos então
Z Z
2x 2x 2x
I= e sen x dx = −e cos x + 2 cos x dx e
ln2 x
Z
ln x
dx = I = + C.
x 2
42 Matemática Universitária
Exercícios
1. Integre cada uma das funções a seguir.
Z Z
a) x cos x dx b) x2 cos x dx
Z Z
c) x sen(2x) dx d) ln(1 + x) dx
Z Z
e) ln(3x + 2) dx f) (ln x)2 dx
Z Z
g) ex cos x dx h) e3x sen x dx
Z Z
i) e3x sen 2x dx j) xex cos x dx
√
Z Z
x
k) cos(ln x) dx l) e dx
2
1 e Z π
4 cos √x dx
Z Z
a) xe−x dx b) ln x dx c)
0 1 0
Z 1 Z π Z e2
d) 2 arcsen x dx e) 3 cos(3x) · cos(4x) dx f) (ln x)3 dx
0 0 1
Respostas
Exercício 1
Exercício 2
e−2
a) b) 1 c) π − 2
e
√ √
π 3 2 3
d) +1− e) f) 6 + 2e2
12 2 7
Renan Lima 43
sen(α ± β) = sen α cos β ± sen β cos α cos(α ± β) = cos α cos β ∓ sen α sen β
Sugerimos que as fórmulas de prostaférese sempre sejam deduzidas, pois são fór-
mulas fáceis de errar o sinal. Por exemplo, no primeiro quadro, temos duas fórmulas
compactadas, a saber
u3 sen3 x
=u− + C = sen x − + C.
3 3
44 Matemática Universitária
Avisamos que é possível calcular a integral acima por partes. Mais precisamente,
Z u dv u v Z v du
2 2
cos x cos xdx = cos x · sen x − sen x · (−2 sen x cos x) dx
Z
= cos2 x · sen x + 2 sen2 x cos x dx.
Z u dv u v Z v du
n−1 n−1
sen x sen x dx = sen x · (− cos x) −(− cos x) · (n − 1)(sen x)n−2 cos x dx
Z
n−1
= −(sen x) · cos x + (n − 1) (sen x)n−2 cos2 x dx.
Z
Daí, utilizando que cos2 x =1− sen2 x e escrevendo In = senn x dx, temos
Concluímos que
Z
Exemplo 2.6.3: Para calcular a integral de sen2 x dx, basta utilizar a fórmula acima
para n = 2. Temos, portanto,
− sen x cos x 1
Z Z
2
sen x dx = + 1 dx
2 2
− sen x cos x + x
= + C.
2
Também é possível
Z resolvermos a integral acima utilizando partes, do mesmos moldes
que a integral e2x sen x dx, vista no exemplo 2.5.8.
Outra fórmula com bastante simetrias interessantes são integrais do tipo tg x e sec x.
Sugerimos decorar as seguintes fórmulas
sec2 x = 1 + tg2 x,
Z
sec2 x dx = tg x + C,
Z
sec x dx = ln | sec x + tg x| + C.
Z
Exemplo 2.6.6: Considere secn x dx com n > 2. Temos que
v = tg x ⇒ dv = sec2 x dx.
Z u dv u v Z v du
n−2 2 n−2
sec x sec x dx = sec tg x · (n − 2)(sec x)n−2 · tg x dx
x · tg x −
Z
= (sec x)n−2 · tg x − (n − 2) (sec x)n−2 · tg2 x dx.
Z
Daí, utilizando que tg2 x = sec2 x − 1 e escrevendo In = secn x dx, temos
Concluímos que
(sec x)n−2 · tg x n − 2
Z
In = + (sec x)n−2 dx.
n−1 n−1
Z
Exemplo 2.6.7: Para resolvermos sec3 x dx, vamos utilizar fórmula de recorrência
acima para n = 3,
sec x · tg x 1
Z Z
sec3 x dx = + sec x dx
2 2
sec x · tg x 1
= + ln | sec x + tg x| + C.
2 2
Z
Exemplo 2.6.8: Vamos resolver sec4 x dx de duas formas distintas; a primeira forma
é utilizarmos a fórmula de recorrência acima para n = 4,
sec2 x · tg x 2
Z Z
4
sec x dx = + sec2 x dx
3 3
sec2 x · tg x 2 tg x
= + + C.
3 3
A segunda resolução é utilizarmos a igualdade sec2 x = tg2 x + 1 e fazermos a substi-
tuição u = tg x, daí, du = sec2 x dx e, portanto,
Z Z Z
sec4 x dx = sec2 x sec2 xdx = (tg2 x + 1) · sec2 x dx
u3 tg3 x
Z
= u2 + 1 du = +u+C = + tg x + C.
3 3
Finalmente para integrar as funções que aparecem tangentes, em geral, usamos uma
sen x
das transformações tg x = ou tg2 x = sec2 x − 1.
cos x
Renan Lima 47
Z Z
Exemplo 2.6.9: No exemplo 2.4.11, fizemos tg x dx. Vamos agora fazer tg3 x dx.
sen3 x sen2 x
Z Z Z
3
tg x dx = dx = sen x dx
cos3 x cos3 x
1 − cos2 x
Z
= · sen x dx.
cos3 x
Façamos a substituição u = cos x e, portanto, du = − sen x dx. Daí,
1 − u2
Z 2
u −1
Z Z
3
tg x dx = 3
(−du) = du
u u3
Z
1 1 1
= − 3 du = ln |u| + 2 + C
u u 2u
1 sec2 x
= ln | cos x| + 2
+ C = ln | cos x| + + C.
2 cos x 2
Z
A dedução da fórmula de recorrência de tgn x dx é um pouco mais simples se com-
parado com as fórmulas de recorrência das potências de seno e das potências da secante.
Z
Exemplo 2.6.10: Seja In = tgn x dx, em que n ≥ 2. Temos, portanto,
Z Z Z
n n−2 2
In = tg x dx = tg x · tg x d = tgn−2 x · (sec2 x − 1) dx
Z Z
n−2 2
= tg x sec x dx − tgn−2 x dx
Z
= tgn−2 x sec2 x dx − In−2 .
Para resolvermos a integral que falta, façamos u = tg x, então du = sec2 x dx. Daí,
un−1
Z Z
tgn−2 x sec2 x dx = un−2 du = +C
n−1
tgn−1 x
= + C.
n−1
Concluimos, portanto, a fórmula de recorrência
tgn−1 x
Z Z
n
tg x dx = − tgn−2 x dx.
n−1
48 Matemática Universitária
Exercícios
1. Calcule as integrais das funções trigonométricas abaixo.
Z Z
2
a) sen (3x) dx b) cos4 x dx
Z Z
2
c) cos x sen x dx d) sen2 x cos2 x dx
Z Z
2
e) cos 2x sen x dx f) sen5 x cos4 x dx
Z Z
2
g) tg x sec x dx h) tg x sec2 x dx
Z Z
3 2 sec x
i) tg x sec x dx j) dx
tg2 x
Respostas
Exercício 1
x sen(6x) 3x sen(2x) sen(4x)
a) − +C b) + + +C
2 12 8 4 32
(sen x)3 x sen(4x)
c) +C d) − +C
3 8 32
−x sen(2x) sen(4x) (cos x)9 2(cos x)7 (cos x)5
e) + − +C f) − + − +C
4 4 32 9 7 5
(sec x) tg x − ln | sec x + tg x| (tg x)2
g) +C h) +C
2 2
(tg x)4
i) +C j) − cossec(x) + C
4
Renan Lima 49
Vimos na seção 1.2 a importante lógica de soma de áreas de retângulos de bases infini-
tesimais para o cálculo de área em regiões mais gerais. Este pensamento foi simplesmente
revolucionário e algumas adaptações desta ideia geram aplicações muito interessantes.
Começamos, portanto, revisitando a soma de áreas de retângulos e a formulação de Rie-
mann para uma função integrável.
Considere f : [a, b] → R uma função real limitada, isto é, o gráfico de f está contido
em algum retângulo. Dividimos o intervalo [a, b] em n pedaços iguais. Mais precisa-
mente, considere uma partição
P = {x0 = a, x1 , x2 , · · · , xn−1 , xn = b}
i
de n + 1 pontos, com xi = a + para i = 0, 1, 2, . . . , n. Para cada i, escolha ci ∈ [xi−1 , xi ]
n
e tome ∆xi = xi+1 − xi , considere a soma
n
X f (c1 ) + . . . + f (cn )
f (ci )∆xi = f (c1 )∆x1 + f (c2 )∆x2 + . . . + f (cn )∆xn = .
n
i=1
Do ponto de vista teórico, é interessante permitir que os intervalos ∆x1 , . . . ∆xn não
sejam necessariamente de mesmo tamanho. Um dos motivos para esta flexibilização é
que, se exigíssemos mesmo tamanho, temos dificuldades técnicas em demonstrar que
Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx,
a a c
em que c é um ponto qualquer do intervalo (a, b). Lembremos que precisamos deste
resultado para o o feorema fundamental do cálculo. Em contrapartida, com a flexibili-
zação do tamanho dos intervalos, a definição de Soma de Riemann fica um pouco mais
sobrecarregada.
50 Matemática Universitária
y y y
x x x
(a) Área que queremos calcular. (b) Subdivisão em 4 retângulos. (c) Subdivisão em 8 retângulos.
y y
y = f (x) y = f (x)
f (x)
x x
dx
(d) Subdivisão em 64 retângulos. (e) O retângulo infinitesimal.
B B B B
A A A A
B B B
A A A
Figura 2.8: O retângulo ao rotacionar gera o cilindro de altura igual o segmento AB.
Renan Lima 51
y = f (x) y = f (x)
x x
y = f (x) y = f (x)
f (x)
f (x)
x x
dx
dx
Como o volume de um cilindro de altura h e raio r é dada por πhr2 , então o volume
do cilindro da figura acima é dada por πf (x)2 dx. A mesma ideia de soma de área de
retângulos para encontrar a área sob o gráfico funciona para a soma dos volumes do
cilindro para encontrarmos o volume do sólido de revolução e não é difícil de concluir
Z b
que o volume do sólido de revolução é dada por π [f (x)]2 dx.
a
y y y
x x x
x x
−R R −R R
Exemplo 2.7.5: O volume V do cone reto de altura h e raio da base r pode ser encon-
trada pela rotação da reta f (x) = ax com 0 ≤ x ≤ h com um parâmetro a adequado de
modo que o sólido obtido pela revolução do gráfico de f em torno do eixo x seja um
cone de altura h e base r.
y y
f (x) = ax f (x) = ax
ah = r ah = r
x x
h h
r
Deve-se exigir que f (h) = ah = r e, portanto, a = . O volume V do cone é dado por
h
h
h
r 2 x3 r 2 h3 πr2 h
Z
rx 2
V =π dx = π =π = .
0 h 3h2 3h2 3
0
y y b
y
b
P2
b b b
b
b b
P0 P0 b
P0 b
b
P2 P3
b
P2 b P5 P7
b P3
b
P7 P10
b
P1 P6 b
b P4 b b
P4 P5 P8
P3 b
P6 b
P9
x x x
x0 x1 x2 x3 x0 x1 x2 x3 x4 x5 x6 x 7 x0 x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 x8 x9 x10
(a) 3 segmentos. (b) 7 segmentos. (c) 10 segmentos.
y y
b b
b
b
y = f (x) y = f (x)
b
b
b
b b
b
b
b b
b
b
b b
b
b b
x x
Figura 2.14: Em geral, softwares de plotagem de gráficos utilizam entre 50 a 500 segmentos.
54 Matemática Universitária
L
R
r̄
r
A dedução desta fórmula de área lateral pode ser encontrada no final da videoaula
r+R
Área Lateral de Sólido de Revolução. O motivo de escrevermos r̄ = é que o seg-
2
mento r̄ é o raio do círculo do meio do tronco.
Seja f : [a, b] → R uma função de classe C 1 e seja S a superfície de revolução obtida
pelo rotação do gráfico de f em torno do eixo x e desejamos encontrar a fórmula de área
lateral desta superfície.
Faremos a aproximação do gráfico de f por segmentos Pi−1 Pi , conforme feito no com-
primento de arco e rotacionamos Pi−1 Pi obtendo vários troncos circulares retos e faremos
a soma das áreas laterais do tronco.
y y
y = f (x)
b
b
P0 b P3
b
P2
P1
x x
P0 b P7
b
P2 b P5
P4 b
P3
P6
x x x
Figura 2.16: Quanto mais segmentos traçados, melhor é a aproximação para a área lateral.
f (xi−1 ) + f (xi )
A área lateral do tronco gerado pelo segmento Pi−1 Pi é dada por 2πLi
2
f (xi−1 ) + f (xi )
e, como f é contínua, existe di ∈ (xi−1 , xi ) tal que f (di ) = . Finalmente,
2
temos que a soma das áreas dos troncos é dada por
n n
X f (xi−1 ) + f (xi ) X p
2πLi = 2π f (di ) 1 + [f 0 (ci )]2 ∆xi .
2
i=1 i=1
Apesar de a soma acima não ser uma soma de Riemann (pois há ci e di na soma
Z b p
acima), é razoável esperar que a soma acima convirja para 2π f (x) 1 + [f 0 (x)]2 dx.
a
56 Matemática Universitária
Se f for uma função de classe C 1 e não-negativa em [a, b], então a área da superfície
de revolução gerada pela rotação ao gráfico de f entre x = a e x = b em torno do eixo
x é dada por
Z b p
S = 2π f (x) 1 + [f 0 (x)]2 dx.
a
x x2
Como f 0 (x) = − 2 , temos que (f 0 (x))2 = e, portanto,
R − x2 R2 − x2
x2 R2 R2
1 + (f 0 (x))2 = 1 + = = .
R 2 − x2 R 2 − x2 f (x)2
n
X p
É possível mostrar que a soma 2π f (di ) 1 + [f 0 (ci )]2 ∆xi converge para o mesmo
i=1
valor independentemente das escolhas de ci , di ∈ (xi−1 , xi ). Este resultado é demons-
trado no teorema 3.B.9. Mesmo mostrando este resultado, ainda sim, não é possível
deduzir com o devido rigor o conceito de área lateral e devemos se contentar com o é
razoável.
Em cursos mais avançados de integral, é possível expor a área lateral de uma superfície
de revolução de forma rigorosa com o conceito de integral de superfície.
Finalizamos a seção recomendando dois vídeos Volume de Sólido - Método das Cas-
cas Cilíndricas e também Exemplos de Volumes de Sólidos de Revolução com Cascas
Cilíndricas.
Renan Lima 57
Exercícios
1. Calcule a área da região definida abaixo.
π
a) A região limitada pelos gráficos de f (x) = sen x e g(x) = cos x com 0 ≤ x ≤ .
4
b) A região limitada por f (x) = x3 − 2x2 + x + 2 e pela reta tangente ao gráfico da
função f em x = 0.
ex + e−x
3. Calcule o comprimento de arco do gráfico de cosh x = com 0 ≤ x ≤ 2.
2
4. Calcule, utilizandos as fórmulas de integral desta seção, a área lateral do cone cir-
cular reto de raio r e altura h.
5. Calcule a área lateral do sólido de revolução obtido pela rotação em torno do eixo
x da região limitada pelo gráfico de y = x3 , com 0 ≤ x ≤ 1.
Respostas
Exercício 1
√ 4
a) 2−1 b)
3
Exercício 2
31π π2 256π π
a) b) c) d) 2π e)
5 2 5 2
Exercício 3
e2 − e−2
2
Exercício 4
p
πr2 h2 + r2
Exercício 5
√
(10 10 − 1)π
27
58 Matemática Universitária
Na seção 1.2, vimos uma aplicação de integral para descrever a equação do movi-
mento retilíneo e, em particular, vimos no exemplo 1.3.12 da seção 1.3 que a equação
at2
geral do movimento retilíneo uniformemente acelerado é dada por s(t) = s0 + v0 t + .
2
Veremos outras aplicações interessantes e a importância em visualizar as somas infi-
nitesimais. Um dos conceitos bastante utilizado na física é o conceito de trabalho.
F~ F~
x̂
O
F~ x̂
O
x>0
x̂
F~
O
x<0
Figura 2.18: A força que a mola exerce sobre o bloco sempre aponta para o centro.
Renan Lima 59
Nesta seção, vamos utilizar a seguinte notação: F~ indica o vetor força, com direção,
sentido e magnitude e F apenas a parte escalar, com sinal. Em outras palavras, F~ = F · x̂.
O trabalho realizado por esta mesma força para deslocar de x = 0 até x = b é dada por
b
kb2
Z
W0→b = −kx dx = − .
0 2
Exemplo 2.8.4: Pela 3ª Lei de Newton, temos que F~Res = m · ~a. No caso do movimento
unidimensional, que tenha apenas a componente horizontal, temos que F~Res = FRes · x̂.
Vamos calcular o trabalho realizado pela força resultante de uma partícula se movendo
em linha reta com equação do movimento s(t), s(t0 ) = a e s(tf ) = b e na integral
abaixo, faremos a mudança de variável x = s(t), então dx = s0 (t) dt = v(t) dt. Daí,
tf
b s(tb ) tf
v2 mvf2 mv02
Z Z Z
0 0 .
W = FRes (x) dx = mv (t) dx = mv (t)v(t) dt = m = −
a s(t0 ) t0 2 2 2
t0
60 Matemática Universitária
mv 2
Por causa da fórmula acima, definimos a energia cinética do trabalho por K = .
2
Sugerimos a videoaula Aplicação na Física - Trabalho e Energia.
Se a força for conservativa, o teorema fundamental do cálculo diz que F (x) possui
primitiva e, portanto, existe uma função U (x) tal que
dU
= −F (x).
dx
O motivo do sinal ficará claro nos exemplos abaixo. A função U (x) é chamada de energia
mvf2 mv02
potencial da força F . Denotando por Kf = , K0 = , Uf = U (b) = U (s(tf )) e
2 2
U0 = U (a) = U (s(t0 )), temos
Z b Z b
Kf − K0 = FRes dx = F (x) dx = −(Uf − U0 ).
a a
Isto mostra que
Kf + Uf = K0 + U0 .
Definimos, portanto, a energia mecânica do movimento como a soma da energia cinética
com a energia potencial, isto é, E = K + U e o resultado acima diz que, se a força é
conservativa, então a energia mecânica no movimento unidimensional se conserva.
Na Física, costuma-se escolher um referencial para chamar de energia potencial 0.
Por exemplo, a energia potencial 0 da mola costuma ser no ponto de equilíbrio da mola.
Exemplo 2.8.5: A energia potencial da mola em x = b é dada por
b b
kb2
Z Z
−F (x) dx = kx dx = .
0 0 2
Uma das forças conhecidas é força que a gravidade exerce sob o nosso corpo
x
0 L
Seja m(x) a massa do fio de [0, x]. A densidade do fio ρ(x) no ponto x é, por definição,
m(x + ∆x) − m(x)
ρ(x) = lim .
∆x→0 ∆x
dm
Em notação de Leibniz, ρ = . Dizemos que o fio é homogêneo se a densidade linear
dx
for constante. Se a densidade linear do fio é ρ(x), a massa total M é dada pela fórmula
Z L
M= ρ(x) dx.
0
d1
d2
m1
m2
Figura 2.19: Alavanca em equilíbrio com dois blocos de massa em cada extremidade.
Supondo que o suporte seja móvel, queremos encontrar o ponto exato em que a ala-
vanca fique em equilíbrio na horizontal. É conhecido do ensino médio que o suporte tem
que ser colocado em um ponto em que se deve satisfazer a fórmula
m1 d1 = m2 d2 .
Suponha que tenhamos uma distribuição contínua de massa. Por exemplo, suponha
que a barra da alavanca não tenha massa desprezível e desejamos encontrar o seu centro
de massa.
xG
c1 c2 c3 c4 c5
dm
Seja m(x) a massa da alavanca do início da alavanca até o ponto x e seja ρ(x) =
dx
a densidade linear. Dividimos a alavanca em n pedaços iguais e cada pedaço tem massa
∆mi = ρ(ci )∆xi . Pelo que foi provado na parte anterior do texto, temos que
n
X n
X
ci ∆mi ci ρ(ci )∆xi
i=1 i=1
xG ' n = n
,
X X
∆mi ρ(ci )∆xi
i=1 i=1
Renan Lima 63
daí, fazendo mais um processo de limite em que podemos supor que cada ∆xi fique
suficientemente pequeno, concluímos, portanto,
Z L
xρ(x) dx
xG = Z0 L
.
ρ(x) dx
0
x1 m1 + x2 m2 + x3 m3
xG = .
M1 + m3
Temos que o centro de massa do sistema M1 , m3 é dada por
x1 m1 + x2 m2
· M1 + x3 m3
CG M 1 + x 3 m 3 M1
= = xG .
M1 + m3 M1 + m3
64 Matemática Universitária
a+b c+d
xG = , yG = .
2 2
Sejam f, g : [a, b] → R em que f (x) ≤ g(x) para todo x ∈ [a, b] e seja X a região entre
os dois gráficos. Mais precisamente, X = {(x, y) ∈ R2 /a ≤ x ≤ b, f (x) ≤ y ≤ g(x)}.
y y
y = g(x) y = g(x)
g(ci )
X b
f (ci )
y = f (x) y = f (x)
x x
xi−1 xi
(a) Região X. (b) Centroide do retângulo Ri .
x
−1 1
Os pontos de interseção da parábola e reta são (−1, 1) e (1, 1). A área é dada por
1
1
x3
Z
2 4
(1 − x ) dx = x − = .
−1 3 3
−1
Logo,
4/5 4 3 3
yG = = · = .
4/3 5 4 5
3
Logo o centroide é 0, .
5
66 Matemática Universitária
Exercícios
1. Sabendo que a força é dada por f (x) · x̂, calcule o trabalho realizado pela força,
sabendo que a partícula se desloca de x = a até x = b dados em cada um dos itens
abaixo (considere as unidades no sistema internacional de medida).
a) f (x) = 2, a = 1, b = 3 b) f (x) = x2 , a = 6, b = 3
1
c) f (x) = ln x, a = 1, b = e d) f (x) = − , a = 2, b = 1
x2
3. Suponha que o fio esteja sobre o eixo x com 0 ≤ x ≤ 4 e que sua densidade linear
seja ρ(x) = x3 . Encontre as coordenadas do centro de massa.
a) X = {(x, y) ∈ R2 / 1 ≤ x ≤ 2 e 0 ≤ y ≤ x2 }
b) X = {(x, y) ∈ R2 / − 1 ≤ x ≤ 1, y ≥ 0 e x2 + y 2 ≤ 1}
c) X = {(x, y) ∈ R2 / 0 ≤ x ≤ 1, y ≥ 0 e x2 + y 2 ≤ 1}
d) X = {(x, y) ∈ R2 / x2 + y 2 ≤ 1}
7. Sejam f, g : [a, b] → R contínuas e tal f (x) ≤ g(x) para todo x ∈ [a, b]. Considere
X = {(x, y) ∈ R2 / a ≤ x ≤ b, f (x) ≤ y ≤ g(x)}. O teorema de Pappus afirma
que o volume do sólido de revolução obtida pela rotação em torno do eixo x do
conjunto X é igual o produto da área de X pelo comprimento da circunferência
descrita pelo centro de massa de X. Demonstre o teorema de Pappus!
Respostas
Exercício 1
a) 4J ( J = Joule, que corresponde a força de 1 Newton por deslocamento de 1 metro.)
1
b) −63J c) 1J d) J
2
Exercício 2
(v(0))2
b)
2g
Exercício 3
16
a) xG =
5
Exercício 4
45 93 2 2 2
a) , b) 0, c) , d) (0, 0)
28 70 3π 3π 3π
Exercício 8
2π 2
68 Matemática Universitária
A integral imprópria é uma extensão natural das integrais próprias e aparece natu-
ralmente na física e no estudo de probabilidade e estatística. Um exemplo na física é se
considerarmos a Lei da Gravitação Universal
mM
F~ = −G 2 · r̂.
r
Se calcularmos a energia potencial gravitacional, na escala astronômica, da Terra sobre
uma partícula do espaço de massa m a uma distância r1 da Terra, que tem massa M , e,
convencionando que a energia potencial 0 é para todas as partículas a uma distância r0
da Terra, temos que
r1
Z r1
mM GmM GmM GmM
U (r1 ) = − −G · 2 dr = − = − .
r0 r r r0 r1
r0
Devido a natureza complicada de escolher um referencial fixo para ser o nível 0, costuma-
GmM
se escolher o +∞ e, daí, temos U (r1 ) = − . Em outras palavras, foi calculado que
r1
Z r1 Z +∞
mM mM mM
− G 2 dr = G 2 dr = −G .
+∞ r r1 r r1
Há duas complicações teóricas omitidas neste texto. A primeira é que para as fórmulas
acimas estarem devidamente justificadas, precisa-se mostrar que as forças radiais são
conservativas. Isto faz parte de um curso de integrais de linha, que é normalmente
dado no terceiro período de uma graduação.
A segunda complicação é mostrar que a atração gravitacional da Terra sobre uma par-
tícula externa de massa m fornece o mesmo resultado se supormos que toda a massa
M da Terra estivesse concentrada no seu centro de massa.
Vimos na seção 2.7 que o comprimento de arco do gráfico de uma função f : [a, b] → R
de classe C 1 é dada por
Z bp
1 + [f 0 (x)]2 dx.
a
Se formos calcular, como teste, o comprimento do semicírculo de raio x2 √
+ y 2 = 1 com
y ≥ 0, devemos considerar a função f : [−1, 1] → R dada por f (x) = 1 − x2 e daí,
−x
f 0 (x) = √ e, portanto,
1 − x2
Z 1r Z 1r
x2 1
1+ 2
dx = dx.
−1 1 − x −1 1 − x2
1
O comprimento da semicírculo é a área do gráfico da função g(x) = √ .
1 − x2
Renan Lima 69
1
f (x) = √
1 − x2
x
−1 1
1
f (x) =
x
x
1
Z +∞
1
Exemplo 2.9.4: Vamos analisar dx. Temos que
1 x2
Z +∞ Z b
dx dx
= lim
1 x2 b→+∞ x2
1
−1
= lim + 1 = 1.
b→+∞ b
Z +∞
1
Em particular, dx converge para o valor 1.
1 x2
y
1
f (x) =
x2
x
1
Z 0
Exemplo 2.9.5: Vamos analisar cos x dx. Temos que
−∞
Z 0 Z 0
cos x dx = lim cos x dx = lim sen a.
−∞ a→−∞ a a→−∞
Z 0
Como não existe lim sen a, concluímos que cos x dx diverge.
a→−∞ −∞
Z +∞
1
Exemplo 2.9.6: Vamos analisar a convergência de dx para todo p ∈ R. Mais
1 xp
precisamente, vamos mostrar que
1
Z +∞
1 , se p > 1,
dx = p−1
1 xp
se p ≤ 1.
+∞,
1
Finalmente, note que se p − 1 > 0, então lim = 0 e, portanto,
b→+∞ bp−1
1 1 1
lim − = .
b→+∞ p − 1 (p − 1)bp−1 p−1
1
Se p < 1, então lim = lim b1−p = +∞. Isso mostra que se p < 1, então
b→+∞ bp−1 b→+∞
1 1
lim − = +∞.
b→+∞ p − 1 (p − 1)bp−1
Renan Lima 71
Z +∞
A nomenclatura de integral imprópria se deve ao fato de f (x) dx não está neces-
a
sariamente bem definida, necessitando de uma análise cuidadosa para discutir a sua
existência ou, equivalentemente, a sua convergência.
Z 1
1
Exemplo 2.9.9: Vamos analisar dx. Temos que
0 x
Z 1 Z 1
1 1
dx = lim dx = lim ln 1 − ln ε = +∞.
0 x ε→0+ ε x ε→0 +
Z 1
1
Logo dx diverge.
0 x
Z 1
1
Exemplo 2.9.10: Vamos analisar √ dx. Temos que
0 x
1
Z 1 Z 1 √ √
1 1
√ dx = lim √ dx = lim 2 x = lim (2 − 2 ε) = 2.
0 x ε→0+ ε x ε→0 + ε→0+
ε
Z 1
1
Logo √ dx converge para 2.
0 x
y y
1
1 f (x) = √
f (x) = x
x
x x
1 1
(a) A área da região é infinita. (b) A área da região é finita.
Z +∞
1
Exemplo 2.9.12: Vamos analisar dx. Escolha c > 0, então
0 x2
Z +∞ Z c Z +∞
1 1 1
dx = dx + dx.
0 x2 0 x 2
c x2
Temos que
c
c c
−1
Z Z
1 1 1 1
dx = lim dx = lim = lim − = +∞.
0 x2 ε→0+ ε x2 ε→0+ x ε→0+ ε c
ε
Z +∞
1
Logo dx diverge.
0 x2
Z +∞
Se f : (0, +∞) → R é uma função contínua. É possível demonstrar que f (x) dx
Z 1 Z +∞ 0
para qualquer c > 0, temos que f (x) dx = F (c) − F (1) em que F é uma primitiva
Z c Z c1 Z c
de f e, portanto, f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
0 1 1
Renan Lima 73
Sejam f, g : [a, +∞) → R funções integráveis e positivas com f (x) ≤ g(x) para todo
x ∈ [a, +∞).
Z +∞ Z +∞
• Se f (x) dx diverge, então g(x) dx diverge.
a a
Z +∞ Z +∞
• Se g(x) dx converge, então f (x) dx converge.
a a
Demonstração:
A demonstração pode ser vista na nossa videoaula Demonstração do Critério da Compa-
ração para Integrais Impróprias.
g(x)
f (x)
x
a
Figura 2.25: Se a área de verde for finita, então a área tracejada é finita.
Se a área tracejada é infinita, então a área de verde é infinita.
Z +∞
2 + cos x
Exemplo 2.9.16: Vamos analisar a convergência da integral dx. Lem-
1 x
bremos que −1 ≤ cos x ≤ 1 e, portanto, 1 ≤ 2 + cos x ≤ 3 e, dividindo tudo por x,
concluímos
1 2 + cos x 3
≤ ≤ .
x x x
Z +∞
1
Sabendo que dx diverge, então, para utilizar o critério da comparação, deve-
1 x Z +∞
1 2 + cos x 2 + cos x
mos tomar f (x) = e g(x) = e, portanto, diverge.
x x 1 x
Z +∞
2
Exemplo 2.9.17: Considere a integral f (x) = e−x dx. Como eu ≥ 1 + u > u para
0
1 1
todo u ≥ 0. Portanto, e−u = u ≤ para todo u ≥ 0 e, daí, fazendo u = x2 , temos,
e 1+u
2 1
e−x ≤ .
1 + x2
Sabemos que
Z +∞
1 π
2
dx = lim arctg(b) − arctg(0) = .
0 1+x b→+∞ 2
Seja f : [a, +∞) → R integrável e suponha que lim f (x) = L tal que L 6= 0 ou
x→+∞
Z +∞
L = ±∞, então f (x) dx diverge.
a
Demonstração:
A demonstração pode ser vista na videoaula Demonstração do Teste da Divergência.
Vamos escrever o caso em que lim f (x) = +∞. Como f cresce indefinidamente, existe
x→+∞
Z +∞
um ponto c tal que f (x) > 1 para todo x ∈ [c, +∞). Como 1 dx = +∞, então, pelo
Z +∞ c
+∞
x−1 x−1
Z
Exemplo 2.9.19: A integral dx diverge pois lim = 1.
1 x−6 x→+∞ x − 6
Para funções gerais, em que há uma oscilação do sinal, existe um teste muito útil que
é o teste do módulo. Sugerimos a videoaula Teste do Módulo para Integrais Impróprias.
Renan Lima 75
Demonstração:
A demonstração se encontra na videoaula Demonstração do Teste do Módulo. Vamos
reproduzi-la aqui.
Z +∞
Como 0 ≤ f (x) + |f (x)| ≤ 2|f (x)| e como 2 f (x) dx converge, então, pelo critério
Z +∞ a
da comparação, f (x) + |f (x)| dx converge. Daí,
a
Z +∞ Z +∞
Z +∞
f (x) dx = f (x) + |f (x)| dx − f (x) dx
a a a
Observações
Z +∞
• Tomando f (x) = sen(x2 ), é possível demonstrar que f (x) dx converge, em-
0
bora não exista lim f (x). Observe, na hipóteses do teorema 2.9.18, é exigido
x→+∞
que lim f (x) = L, podendo L ser finito ou infinito.
x→+∞
Z +∞
sen x
• É possível mostrar que se f (x) = , então f (x) dx é convergente, mas
x 1
Z +∞
f (x) dx é divergente. Logo, não existe uma espécie de recíproca do teo-
1
rema 2.9.20.
Exercícios
1. Discuta se as integrais abaixo convergem ou divergem e, caso convirja, calcule o
seu valor.
Z +∞ Z 1 Z +∞
dx dx
a) e−3x dx b) 5/6
c)
1 0 x e x ln x
Z +∞ Z +∞ Z +∞
dx
d) 2
e) e−x sen x dx f) ex cos x dx
e x(ln x) 0 0
2. Seja f : [a, +∞) → R uma função contínua. O valor médio de f em [a, +∞) é
Z t
1
definido por lim f (x) dx.
t→+∞ t − a a
Z +∞
d) Se f (x) dx diverge e lim f (x) = L, então o valor médio de f é L.
a x→+∞
1
4. O trompete de Gabriel é formado pela rotação do eixo x do gráfico y = , com
x
x ∈ [1, +∞). Mostre que a região delimitada pelo trompete tem volume finito, mas
área lateral infinita.
Conclusão: É fácil pintar a parte interna do trompete, basta encher de tinta, mas é
difícil pensar em um mecanismo para pintar a parte externa do trompete.
k
a) Mostre que F (s) = é a transformada de Laplace da função constante f (x) = k.
s
Respostas
Exercício 1
1
a) b) 6 c) Diverge
3e3
1
d) 1 e) f) Diverge
2
Exercício 2
π
a) 0 b)
2
Exercício 3
a) Converge b) Converge
c) Converge d) Diverge
Exercício 4
1 1 1
b) F (s) = , G(s) = 2 e H(s) =
s−3 s 1 + s2
C APÍTULO
3.1 Introdução
No capítulo 2, houve uma discussão mais ampla de integração e que aparecem com
bastante frequência para os alunos de engenharia. As únicas exceções, com direito a uma
boa discussão, seriam as aplicações geométricas tais como volume de sólido de revolução
e também o critério de comparação para integrais impróprias.
As aplicações geométricas são muito interessantes pois o leitor é convidado a utilizar
as ideias de soma de Riemann. Tais ideias são muito utilizadas na física e na química
com linguagem ligeiramente específica para o assunto. Por exemplo, na seção 2.8, vimos
exatamente as mesmas ideias serem aplicadas para o cálculo de trabalho, massa e centro
de massa.
Talvez um pouco mais polêmico é o critério de comparação para integrais impróprias.
A ideia de encontrar uma função comparadora e de, certa forma, estudar a velocidade
1
de decaimento de uma função do estilo α quando x → +∞ para discutir se a integral
x
associada converge ou diverge são ideias idênticas para séries numéricas. Mais precisa-
mente, observar, com certa intuição como as funções se comportam assintoticamente é
frequentemente utilizado em diversas áreas aplicadas. Além disto, o critério da compa-
ração pode ser pensado como um dos resultados bases para encontrar uma família de
funções que admitem a Transformada de Laplace, que é uma técnica de resolução de equa-
ções diferenciais muito utilizadas na Engenharia, com um bom destaque para a teoria do
controle.
O critério da comparação é mais polêmico pelo fato que é possível encontrar uma fa-
mília que admite Transformada de Laplace via uma exposição de uns 20 a 30 minutos,
com a função comparadora específica. Na parte de séries numéricas, o estudante é con-
vidado a refletir assintotaticamente de forma bastante natural. Por esta razão, o critério
da comparação foi colocado, propositalmente, como o último assunto do capítulo 2.
Finalmente, o objetivo deste capítulo é estudar assuntos mais específicos do cálculo
e que, provavelmente por tradição, estão na ementa da maioria dos cursos de cálculo
integral. A seção 3.2 estuda funções definidas por integrais e fazemos uma
Z xbreve digres-
dt
são histórica para reconstrução da função logaritmo definida por ln x = . Com as
1 t
mesmas ideias, estudaremos a função gama.
Nas seções 3.3 e 3.4, estudaremos técnicas específicas de integração, a saber, frações
parciais e algumas substituições especiais, tais como a substituição trigonométrica, a
substituição universal e a substituição por hiperbólicas. Estas técnicas aumentam a quan-
Renan Lima 79
tidade de funções que conseguimos integrar, mas são muito mais específicas e, em geral,
menos utilizadas que a substituição (geral) e a integração por partes.
A técnica de frações parciais é de natureza algébrica em que estuda funções racionais,
P (x)
isto é, funções do tipo f (x) = em que P e Q são polinômios. Esta teoria algébrica
Q(x)
é bastante utilizado na Transformada de Laplace e também faz parte de algoritmos de
computação simbólica para o cálculo de integração.
As substituições especiais, principalmente a trigonométrica, sãoZ técnicas que resol-
p
vem muitos problemas na física, em que aparece integrais do tipo R2 − x2 dx. Em
geral, os livros de física conseguem "esconder" tais integrais ao trabalhar diretamente
com coordenadas polares na modelagem do problema. Destacamos também a substitui-
ção hiperbólica pois ela é equivalente à substituição trigonométrica.
O uso de software deve ser estimulado para os alunos e, acredito, que seja interessante
introduzir alguns resultados matemáticos que faz parte da base teórica para a implemen-
tação e criação destes softwares. Por conta disso, a seção 3.5 é uma breve introdução a
integrais Liouvillianas, que é um dos resultados base para a implementação de algoritmo
simbólico para resolução de integrais.
Exemplos de softwares que resolvem integrais, simbolicamente as integrais, são Wol-
fram, Geogebra, Sage e o pacote numpy do Python. Novamente, a técnica de frações
parciais tem um contexto interessante para esta implementação, especialmente o algo-
ritmo de divisão de polinômios.
As seções 3.A e 3.B apresentam o conceito de integral de forma rigorosa, com uma vi-
são voltada de uma parte de um curso de análise real. Provamos, rigorosamente, todas as
propriedades de integrais e mostramos que toda função que contínua é integrável via Ri-
emann. Com tais resultados, demonstramos, com o devido rigor, o teorema fundamental
do cálculo.
80 Matemática Universitária
Devido a esta fórmula, Saint-Vincent nomeou tal função como logaritmo hiperbólico.
Apenas por curiosidade, Saint-Vincent resolveu o paradoxo de Zeno de Aquiles e a Tar-
taruga, mostrando que os intervalos temporais formavam uma progressão geométrica de
razão menor que 1 e, portanto, tinha soma finita.
Para situarmos historicamente o leitor, estamos em 1649 e a criação do cálculo por
Newton ocorreu em 1667, sendo que o grande divulgador, que popularizou o cálculo, foi
Leibniz em torno de 1680.
1
Em 1668, Mercator percebeu que pode ser visto como a soma limite de uma pro-
x
gressão geométrica com primeiro termo sendo 1 e razão −(x − 1), em outras palavras,
1 1
= = 1 − (x − 1) + (x − 1)2 − (x − 1)3 + . . . + (−1)n (x − 1)n + . . .
x 1 + (x − 1)
e o cálculo da área funciona bem no intervalo (0, 2), pois |x − 1| < 1. Com esta ideia, ele
utilizou a fórmula de área de Fermat (ver seção 1.A) e que a área é dada por uma série
infinita
(t − 1)2 (t − 1)3 (t − 1)4 (t − 1)n+1
(t − 1) − + − + . . . + (−1)n + ...
2 3 4 n+1
E, com esta visão, ele percebeu que se t ∈ (0, 1), então o valor seria negativo e, portanto,
é interessante considerar trabalhar com a área sob a hipérbole com sinal.
Renan Lima 81
Z t
1
Em notação atual, eles estudaram a função A(t) = dx. Euler estudou a função
1 x
e percebeu que o número e = 2, 71828... é o ponto que faz a área ser 1. Ele chamou o
logaritmo com esta base de logaritmo natural.
Um dos objetivos desta seção é, a partir da definição acima, provar todas as pro-
priedades básicas do logaritmo natural. Vamos também aceitar o fato que xr está bem
definida para todo x > 0 e r ∈ Q. Mais ainda, vamos considerar que sabemos derivar
tais funções. Para convencer o leitor que não é um grande pedido, recomendamos a vi-
deoaula [Revisão] - Funções Exponenciais - Parte 1 - Definindo nos Inteiros, a videoaula
[Revisão] - Funções Exponenciais - Parte 2 - Definindo nos Racionais e também Demons-
tração da Derivada de xρ , com ρ Racional.
1
Como a função f (x) = é contínua em (0, +∞), então, pelo teorema fundamental
x
1
do cálculo, ln x é derivável e vale (ln x)0 = ·. Mais ainda, como (ln x)0 > 0, então ln x é
x
uma função estritamente crescente e, em particular, f é injetiva.
Z 1
1
Como ln 1 = dt = 0 e ln x é uma função crescente, então, em particular, ln x < 0
1 t
se 0 < x < 1 e ln x > 0 se x > 1.
1. ln(a · b) = ln a + ln b,
b
2. ln = ln b − ln a,
a
3. ln ar = r ln a.
Demonstração:
1. Fixe a > 0 e considere a função f (x) = ln(ax), então, pela regra da cadeia, temos
que
1 1
f 0 (x) = .x = .
ax x
1
Como f (x) e ln x são primitivas de , então existe C ∈ R tais que f (x) = ln x + C.
x
Daí, ln a = f (1) = ln 1 + C = C e, portanto, f (x) = ln x + ln a. Substituindo x por b,
temos a demonstração da propriedade.
82 Matemática Universitária
2. Pelo item 1, temos que ln(ax) − ln a = ln x para todo x ∈ (0, +∞). Basta, portanto,
b
substituir x = .
a
3. Considere f (x) = ln xr , então, pela regra da cadeia, temos
1 r
f 0 (x) = · rxr−1 = = r(ln x)0 .
xr x
Logo existe C > 0 tal que f (x) = r ln x + C. Como f (1) = ln 1r = 0, temos que
C = 0. O resultado segue substituindo x por a.
1. lim ln x = +∞,
x→+∞
2. lim ln x = −∞,
x→0+
3. A imagem de ln x é R.
Demonstração:
1. Como ln é crescente, basta mostrar que ln não é uma função limitada, isto é, para
todo M > 0, exibir um x > 0 tal que ln x > M .
Como ln 2 > 0, existe N ∈ N suficientemente grande tal que N · ln 2 > M . Tome
x = 2N , temos, portanto,
ln x = ln 2N = N · ln 2 > M.
O teorema 3.2.3 diz que a função ln : (0, +∞) → R é bijetiva. Considere, portanto,
a sua inversa exp : R → (0, +∞), que chamamos de função exponencial. Logo vale que
ln(exp x) = x para todo x. Por conta disso, é natural escrever exp x = ex , pois
ln ex = x ln e = x · 1 = x.
Renan Lima 83
1
Como (ln x)0 = > 0, então, pelo teorema da função inversa, a função ex é derivável e,
x
pela regra da cadeia, temos
1 x 0
1 = (x)0 = (ln ex )0 = (e ) .
ex
Daí (ex )0 = ex .
Como ex é a inversa de ln x, temos também que eln x = x e, daí, como temos a fórmula
Como ln ar = r ln a para todo r ∈ Q, temos que ar = er ln a . Podemos, finalmente, definir
a exponenciação via número real.
ar = er ln a .
Para o leitor que estiver com dificuldades em demonstrar tais resultados, acreditamos
que a aula [Revisão] - Função Logaritmo possa ajudar. Nesta aula, provamos, por exem-
plo, a identidade ln(a.b) = ln a + ln b baseado na fórmula ea+b = ea · eb . Só pensar de
forma inversa.
Em particular, para todo r ∈ R, temos que a função f (x) = xr é derivável e vale
r r
(xr )0 = (er ln x )0 = er ln x · = xr · = rxr−1 .
x x
A mesma ideia vale para a função f (x) = ax . Temos que
Finalmente, pelo mesmo argumento, a função ax é injetiva e tem imagem (0, +∞) e, por-
tanto, é inversível. Definimos, então, loga x como a função inversa de ax . Em particular,
temos que loge x = ln x.
Esperamos que, com esta breve exposição, convencemos o leitor que é possível extrair
propriedades e ter uma boa descrição de função definidas por integrais. Para encontrar-
mos valores, são necessários métodos numéricos com auxílio de softwares.
Uma função bastante utilizada em Probabilidade e Estatística é a função erro, deno-
tado por erf(x), ela é definida por
Z x
2 2
erf(x) = √ e−t dt.
π 0
Ela é uma função crescente e limitada (ver exemplo 2.9.17). A parte mais complicada é
demonstrar que lim erf(x) = 1.
x→+∞
84 Matemática Universitária
−1
y y
S(x) C(x)
0.5 0.5
x x
−0.5 −0.5
Não é necessário que a variável x esteja no integrando. Uma família de função bas-
tante utilizado na área de sinais (telecomunicações) são as funções de Bessel. Por exem-
plo, uma das representações possíveis para a função de Bessel de ordem 0, denotado por
J0 (x), é
1 π
Z
J0 (x) = cos x sen θ dθ.
π 0
y
1.0
0.5
x
−28 −24 −20 −16 −12 −8 −4 4 8 12 16 20 24
−0.5
Figura 3.3: Função de Bessel de ordem 0. A escala dos eixos estão diferentes.
Outra função bastante famosa definida por ideais de integrais é a função gama Γ.
Renan Lima 85
A função gama é definida via uma integral imprópria e, portanto, devemos tomar
muito cuidado com a sua análise. Recomendamos a videoaula Função Gama e a Exten-
são do Fatorial. Começamos encontrando uma região em que Γ está bem definida.
Demonstração:
Fixemos t > 0. Observe que se t < 1, então a função xt−1 e−x não é limitada próximo de
0 e, portanto, é interessante separarmos em duas integrais.
Z 1 Z +∞
Escrevemos Γ(t) = xt−1 e−x dx + xt−1 e−x dx. Para a primeira integral, observe
0 1
que e−x ≤ 1 para todo x ∈ [0, 1] e, portanto, xt−1 e−x ≤ xt−1 para x ∈ [0, 1]. Como,
1
1
xt
Z
t−1 1 1 1
x dx = lim = − lim εt = .
0 ε→0+ t t t ε→0+ t
ε
note que lim εt = 0. pois t > 0, então, pelo critério da comparação (ver teorema 2.9.14),
ε→0+
Z 1
xt−1 e−x dx converge.
0
Para a segunda integral imprópria, seja n ∈ N tal que n ≥ t + 1. Temos que xn ≥ xt+1
xn xt+1 1 n!
para todo x ≥ 0. Como ex ≥ ≥ , então e−x = x ≤ t+1 . Daí,
n! n! e x
n!xt−1 n!
xt−1 e−x ≤ t+1
≤ 2.
x x
Z +∞ Z +∞
n!
Como 2
dx converge, então, pelo critério da comparação, xt−1 e−x dx con-
1 x 1
verge. Isso mostra que Γ(t) converge para t > 0.
Teorema 3.2.8
Demonstração:
Z +∞ Z b
1. Observe que Γ(t + 1) = xt e−x dx = lim xt e−x . Integrando por partes,
0 b→+∞ 0
fazendo f (x) = xt , então f 0 (x) = txt−1 e g(x) = −e−x , com g 0 (x) = e−x , temos
b
Z b Z b Z b
t −x t −x
xe dx = −x e + txt−1 e−x dx − bt e−b + t · xt−1 e−x dx.
0 0 0
0
Z b Z b
Γ(t + 1) = lim xt e−x dx = lim t xt−1 dx = t · Γ(t).
b→+∞ 0 b→+∞ 0
Z +∞
2. Temos que Γ(1) = e−x dx = 1 = 0! e, utilizando a propriedade do item 1),
0
temos que Γ(n + 1) = n.Γ(n). Supomos, por indução que Γ(k + 1) = k!, temos que
Γ(k + 2) = (k + 1)Γ(k + 1) = (k + 1).k! = (k + 1)! e o item 3 está provado.
Teorema 3.2.9
Z +∞
1 2
Vale a seguinte igualdade: Γ =2 e−x dx.
2 0
Demonstração:
Z +∞ −x
√
1 e 1
Como Γ = √ dx, basta fazer a substituição u = x, então du = √ dx.
2 0 x 2 x
Quando x → 0, temos que u → 0 e quando x → +∞, temos que u → +∞ e, daí,
Z +∞ Z +∞
1 −x dx 2
Γ = 2e √ =2 e−u du.
2 0 2 x 0
√
1
Aceitando o fato que lim erf(x) = 1, temos que Γ = π.
x→+∞ 2
Uma outra aplicação de Integral imprópria é a Transformada de Laplace. Dado uma fun-
ção f : [0, +∞) → R contínua e com mais algumas restrições, definimos a Transformada
de Laplace de f , denotado por L(f (t)) por
Z +∞
L(f (t))(s) = e−st f (t) dt.
0
Esta transformada é muito utilizado pela Engenharia para resolver um bom leque de
sistemas de equações diferenciais. Para o leitor que gostaria de ver como funciona o
procedimento, sugerimos a videoaula Aplicação de Integral Imprópria - Transformada
de Laplace.
Renan Lima 87
Exercícios
ln x
1. Mostre que para todo a > 0, a 6= 1 e x ∈ R, temos que loga x = .
ln a
Z π Z π
3. Mostre que vale a igualdade cos(x sen θ) dx = cos(x cos θ) dx.
0 0
Z +∞ Z 1
4. Mostre que Γ(t) = (ln x)t−1 dx = (− ln x)t−1 dx.
0 0
√
1 3 7
5. Utilizando que Γ = π, encontre o valor de Γ eΓ .
2 2 2
6. Seja A : (0, +∞) → R função derivável satisfazendo A(st) = A(s) + A(t) para todo
s, t > 0. Se A(x) não é a função nula, mostre que A(x) = loga x, para algum a > 0.
Respostas
Exercício 5
√ √
3 π 7 15 π
Γ = eΓ =
2 2 2 8
Exercício 6
Dica: Derive em relação à t, encontrando uma nova equação entre s, t e A0 . Faça uma
escolha adequada para s.
88 Matemática Universitária
Para os dois polinômios serem iguais, todos os coeficientes deve ser iguais e, portanto,
3A + 2B = 0,
−2A − 3B = 1.
Para quem tiver dificuldades em resolver sistemas lineares, recomendamos as vídeo-
aulas Sistema Linear 2x2 e também Fórmula da Inversa de Matriz 2x2. Resolvendo o
2 3
sistema, temos A = e B = − e, portanto,
5 5
1 2 3
= − .
(2x − 3)(3x − 2) 5(2x − 3) 5(3x − 2)
Concluímos que
Z Z
dx 2 3
= − dx
(2x − 3)(3x − 2) 5(2x − 3) 5(3x − 2)
ln |2x − 3| − ln |3x − 2|
= .
5
Para as duas últimas integrais, é necessário fazer a substituição u = 2x − 3 e também
v = 3x − 2, deixamos os detalhes para o leitor.
Para uma introdução do assunto, sugerimos a nossa videoaula Introdução a Frações
Parciais. Alem dela, sugerimos a videoaula Frações Parciais - Fazendo as Contas mais
Rápidas, que será o tema desta seção. Dividiremos a técnica de frações parciais em 3
casos.
Renan Lima 89
P (x) A1 A2 An
= + + ... + .
(x − α1 ) · (x − α2 ) · . . . · (x − αn ) x − α1 x − α2 x − αn
− ln |2x − 3| + ln |3x − 2|
= .
5
x2 − 3x + 1
Z
Exemplo 3.3.3: Considere dx. Como 2 = grau(P ) e 3 = grau(Q),
x(x − 1)(x − 2)
podemos aplicar o teorema 2.3.2, que diz que existem A, B, C ∈ R tais que
x2 − 3x + 1 A B C
= + + .
x(x − 1)(x − 2) x x−1 x−2
Temos que
x2 − 3x + 1 1
A = lim = ,
x→0 (x − 1)(x − 2) 2
x2 − 3x + 1
B = lim = 1,
x→1 x(x − 2)
x2 − 3x + 1 1
C = lim =− .
x→2 x(x − 1) 2
x2 − 3x + 1
Z Z
1 1 1
dx = + − dx
x(x − 1)(x − 2) 2x x − 1 2(x − 2)
ln |x| ln |x − 2|
= + ln |x − 1| − .
2 2
Sejam α ∈ R e m > 0 inteiro. Suponha que Q(x) = (x − α)m .Q1 (x) com Q1 (α) 6= 0
e grau(P ) < grau(Q), então existem A1 , . . . , Am ∈ R e um polinômio P1 (x) com
grau(P1 ) < grau(Q1 ) tais que
2x + 3 A B P1 (x)
2 2
= + 2
+ .
(x − 1) (x − 2) x − 1 (x − 1) (x − 2)2
P1 (x) C D
2
= + .
(x − 2) x − 2 (x − 2)2
2x + 3 A B C D
2 2
= + 2
+ + .
(x − 1) (x − 2) x − 1 (x − 1) x − 2 (x − 2)2
(x − 1)2 (2x + 3) 2x + 3
B = lim 2 2
= lim = 5,
x→1 (x − 1) (x − 2) x→1 (x − 2)2
(x − 2)2 (2x + 3) 2x + 3
D = lim 2 2
= lim = 7.
x→2 (x − 1) (x − 2) x→2 (x − 1)2
A C 2x + 3 5 7
+ = 2 2
− 2
−
x−1 x−2 (x − 1) (x − 2) (x − 1) (x − 2)2
2x + 3 − 5(x − 2)2 − 7(x − 1)2
=
(x − 1)2 (x − 2)2
2
−12x + 36x − 24
=
(x − 1)2 (x − 2)2
−12(x − 1)(x − 2) −12
= = .
(x − 1)2 (x − 2)2 (x − 1)(x − 2)
−12 −12
A = lim = 12, C = lim = −12.
x→1 x−2 x→2 x−1
Daí,
2x + 3 12 5 12 7
2 2
= + 2
− + .
(x − 1) (x − 2) x − 1 (x − 1) x − 2 (x − 2)2
Finalmente, temos que
Z
2x + 3 5 7
2 2
dx = 12 ln |x − 1| − − 12 ln |x − 2| − .
(x − 1) (x − 2) x−1 x−2
Seja Q(x) = (x2 + ax + b)m · Q1 (x) em que as raízes de Q1 (x) são diferentes das raízes
de x2 + ax + b. Então existem A1 , B1 , A2 , B2 , · · · , Am , Bm ∈ R e um polinômio P1 (x)
com grau(P1 ) < grau(Q1 ) tais que
P (x) A1 x + B1 A2 x + B 2 Am x + Bm P1 (x)
= 2 + 2 +. . .+ 2 + .
(x2 m
+ ax + b) Q1 (x) x + ax + b (x + ax + b) 2 (x + ax + b)m Q1 (x)
1 A Bx + C
= + 2 ,
x(x2 − 4x + 8) x x − 4x + 8
x 1
em que A = lim = . Daí, temos
x→0 x(x2 − 4x + 8) 8
Bx + C 1 1 8 − (x2 − 4x + 8)
= − =
x2 − 4x + 8 2
x(x − 4x + 8) 8x 8x(x2 − 4x + 8)
−x2 + 4x −x + 4
= = .
8x(x2 − 4x + 8) 8(x2 − 4x + 8)
92 Matemática Universitária
8Bx + 8C = −x + 4.
1 4
Logo, B = − e C = . Temos, portanto, que
8 8
1 1 1 −x + 4
= + .
x(x2 − 4x + 8) 8 x x2 − 4x + 8
Daí,
Z
−x + 4
Z Z
dx 1 dx
= + dx
x(x2 − 4x + 8) 8 x x2 − 4x + 8
−x + 4
Z
1
= ln |x| + dx .
8 x2 − 4x + 8
Para a última integral, observe que o vértice da parábola é o ponto (2, 4) e, façamos a
substituição u = x − 2 e du = dx. Temos que
−x + 4 −u + 2
Z Z Z Z
u du 2 du
2
dx = 2
du = − 2 + .
x − 4x + 8 u +4 u +4 u2 + 4
ln |y| ln(u2 + 4)
Z Z
u du dy
− 2 =− =− +C =− + C.
u +4 2y 2 2
Ax + B
O caso para m 6= 1 é ainda mais complicado, mas é possível resolver
(x2
+ ax + b)m
com uma fórmula de recorrência ou também via substituição trigonométrica que será um
dos temas da seção 3.4. A fórmula e os passos da fórmula será deixado como exercício
desta seção.
O último caso que falta é quando o grau do numerador é maior que o denominador.
Se grau(P ) ≥ Q(x), existem polinômios S(x) e r(x), com grau(r) < grau(Q) tais que
P (x) r(x)
= S(x) + .
Q(x) Q(x)
Renan Lima 93
Apesar de o livro ter relatado como teorema, é apenas uma consequência direta da
divisão Euclidiana para polinômios. Recomendamos a videoaula [Revisão] - Divisão de
dois Polinômios para lembrarmos como fazemos a divisão e também a nossa videoaula
Frações Parciais - Caso grau do Numerador é maior ou igual ao do Denominador.
O algoritmo de divisão diz que é possível encontrar, de forma única, polinômios S(x)
e r(x) com grau(r) < grau(Q) tais que
Chamamos de r(x) de resto da divisão. Dividimos a equação acima por Q(x), temos que
x3 7x − 6
Logo 2
= x+3+ 2 . Utilizando a técnica de frações parciais, temos
x − 3x + 2 x − 3x + 2
7x − 6 7x − 6 A B
= = + ,
x2 − 3x + 2 (x − 1)(x − 2) x−1 x−2
7x − 6 7x − 6
em que A = lim = −1 e B = lim = 8 e, portanto,
x→1 x − 2 x→2 x − 1
x3
Z
−1
Z Z
8
dx = (x + 3) dx + + dx
(x − 1)(x − 2) x−1 x−2
x2
= + 3x − ln |x − 1| + 8 ln |x − 2| + C.
2
Exercícios
1. Calcule as integrais.
Z Z
dx x
a) b) dx
x2 − x x2 − 5x + 6
Z 2
x − 3x + 1
Z
1
c) dx d) dx
x3 − x x3 − x2
Z Z
1 1
e) 3
dx f) dx
x (x − 1) x2 (x − 1)2
Z Z
1 4x
g) dx h) dx
x(x − 1)2 (x − 2)2 (x + 1)(x2 + 1)
Z Z
4x 2x + 3
i) dx j) dx
(x + 1)2 (x2 + 1) x4 + x2
Z Z
x x
k) dx l) dx
(x + 1)(x2 + 4) (x + 1)(x2 − 4x + 5)
x3
Z Z
1
m) dx n) dx
(x + 1)(x2 − 4x + 5)
2 (x − 1)(x + 3)
x4 + 1 x4 + 1
Z Z
o) dx p) dx
x(x2 + 1) x4 + x2
Z
Ax + B
2. O objetivo deste exercício é integrarmos funções da forma dx
(x2 + bx + c)m
para m ≥ 2 em que ∆ = b2 − 4c < 0.
a) Fazendo
Z uma substituição linear,
Z conforme feito no exemplo 3.3.8, transforme a
Ax + B Eu + F
integral 2 m
dx em du, com E, F ∈ R.
(x + ax + b) (u2 + 1)m
Z
x
b) Integre, com uma substituição simples, a função dx.
(x2 + 1)m
1 (1 + x2 ) − x2 1 x2
c) Considere = = − .
(x2 + 1)m (x2 + 1)m (x2 + 1)m−1 (x2 + 1)m
x2 dx
Z
x
Integre por partes, considerando f (x) = x e g 0 (x) = 2 .
(x2+ 1)m (x + 1)m
Z
dx
Se Im = , conclua a fórmula de recorrência
(x2 + 1)m
x 2m − 3
Im = + · Im−1 .
2(m − 1)(x2 + 1)m−1 2m − 2
Respostas
Exercício 1
a) ln |x − 1| − ln |x| + C
b) 3 ln |x − 3| − 2 ln |x − 2| + C
5 ln |x + 1| ln |x − 1|
c) − − ln |x| + C
2 2
1
d) ln |x − 1| − ln |x| + +C
x
1 1
e) ln |x − 1| − ln |x| + + 2 +C
x 2x
1 1
f) 2 ln |x| − 2 ln |x − 1| − − +C
x x−1
ln |x| 5 ln |x − 2| 1 1
g) + ln |x − 1| − − − +C
4 4 x − 1 2(x − 2)
Exercício 3
3x3 + 5x − 2 3 arctg x
a) + +C
8(x2 + 1)2 8
1 ln |x − 1| ln(x2 − 2x + 5)
b) + − +C
8(x2 − 2x + 5) 16 32
96 Matemática Universitária
Temos uma pequena Z sutileza no processo acima, por exemplo, se, por algum motivo,
p
desejamos calcular x R2 − x2 dx, faríamos a substituição u = R2 − x2 e, portanto,
Z p Z √
2 2
u
du = −2x dx. Daí, x R − x dx = − du.
2
Note a diferença da substituição u = R2 − x2 (u = u(x)) e x = R sen θ (x = x(θ)). Em
geral, é possível fazer uma substituição da forma x = g(t), desde que g seja uma função
bijetiva e faremos a substituição inversa
Z Z
f (x) dx = f (g(t))g 0 (t) dt.
sec2 θ dθ sec2 θ dθ
Z Z Z Z
dx
= = = dθ = θ + C.
1 + x2 1 + tg2 θ sec2 θ
Como x = tg θ, temos que θ = arctg x e, portanto,
Z
dx
= arctg x + C.
1 + x2
Renan Lima 97
É possível melhorar (e muito!) a expressão √ sen(2 arcsen√x) = sen 2θ. Para isso, observe
que sen 2θ = 2 sen θ cos θ e que cos θ = 1 − sen 2θ = 1 − x2 , pois cos θ ≥ 0. Logo,
√
sen 2θ = 2x 1 − x2 e, portanto,
√
2 x 1 − x2 + arcsen x
R
Z p
2 2
R − x dx = + C.
2
√ √
x R x R 2 + x2 x2 − R 2 x
θ θ θ
√
R 2 − x2 R R
(a) x = R sen θ. (b) x = R tg θ. (c) x = R sec θ.
Z
1
Exemplo 3.4.3: Vamos calcular √
dx. Para tanto, faremos a substituição
x2
4 + x2
trigonométrica x = 2 tg θ e, portanto, dx = 2 sec2 θ dθ. Daí,
Z Z
1 1
√ dx = p · (2 sec2 θ) dθ
2
x 4+x 2 2
4 tg θ 4 + 4 tg θ 2
sec2 θ
Z Z Z
sec θ cos θ
= 2 dθ = 2 dθ = dθ.
4 tg θ sec θ 4 tg θ 4 sen2 θ
Z
Utilizando a igualdade tg2 θ = sec2 θ − 1 e a fórmula encontrada para sec3 x dx no
exemplo 2.6.7, temos que
Z Z Z Z
2 3 3
sec θ tg θ dθ = (sec θ − sec θ) dθ = sec θ dθ − sec θ dθ
sec θ · tg θ 1
Z Z
= + sec θ dθ − sec θ dθ
2 2
sec θ · tg θ ln | sec θ + tg θ|
= − + C.
2 2
Passando para a variável u e utilizando o triângulo auxiliar, temos que
sec θ · tg θ ln | sec θ + tg θ|
Z p
u2 − 1 du = − +C
2 2
√
u2 − 1 u
√ √
u u2 − 1 ln |u + u2 − 1|
= − + C. θ
2 2
1
Lembrando que u = x − 3, temos, finalmente que
√ √
− 2 − 6x + 8 ln x − 3 + x2 − 6x + 8
Z p
(x 3) x
x2 − 6x + 8 dx = − + C.
2 2
Z
sen x
dx. Um método, bastante engenhoso, descoberto por Weierstrass é
3 cos x + 4 sen x x
fazer a substituição u = tg .
2
A ideia é notar que
x x x x
cos x = cos2 − sen2 = cos2 1 − tg2
2 2 x 2 2
2 x 2
1 − tg 1 − tg 2
= x 2 = 2 = 1 − u .
x
sec2 1 + tg2 1 + u2
2 2
Analogamente, temos que
x
x x x x 2 tg 2u
sen x = 2 sen cos = 2 tg cos2 = 2x = .
2 2 2 2 sec2 1 + u2
2
Além disso, note que
x
sec2 1 + u2 2 du
du = 2 dx = dx ⇒ dx = .
2 2 1 + u2
x
A substituição u = tg é também conhecida como substituição universal.
2
Z
2
Exemplo 3.4.5: Vamos calcular dx. Para isso, usaremos a substi-
x 2 − cos x + 2 sen x
tuição u = tg . Temos que
2
Z Z
1 1 2du
dx = · 2
2 − cos x + 2 sen x 1 − u2 2u u +1
2− 2 +2· 2
u +1 u +1
Z Z
2 du 2 du
= =
2u2 + 2 − 1 + u2 + 4u 3u2 + 4u + 1
Z
2 du
=
(3u + 1)(u + 1)
Z
3 1
= − du (por frações parciais)
3u + 1 u + 1
= ln |3u + 1| − ln |u + 1| + C
x x
= ln 3 tg + 1 − ln tg + 1 + C.
2 2
A última substituição especial que pretendemos falar nesta seção é a que chamamos
substituição hiperbólica. A ideia desta substituição é transformar frações de polinômios
em funções exponenciais e, de certa forma, imita bastante as integrações de funções tri-
gonométricas.
Sugerimos a videoaula Funções Hiperbólicas - Por que o Nome Hiperbólicas? para o
leitor interessado na nomenclatura de funções hiperbólicas.
100 Matemática Universitária
y y y
x x x
−1
As fórmulas algébricas das funções hiperbólicas são bem parecidas com as fórmulas
das funções trigonométricas. Vamos citar algumas delas.
Demonstração:
É deixada como exercício para o leitor.
Z
Exemplo 3.4.8: Vamos calcular tanh x dx. A resolução é bem parecida com a de
Z
tan x dx do exemplo 2.4.11. Basta fazer u = cosh x e, portanto, du = senh x dx, daí,
Z Z Z
senh x du
tanh x dx = dx = = ln |u| + C
cosh x u
= ln | cosh x| + C = ln(cosh x) + C. (pois cosh x ≥ 0, ∀x ∈ R.)
Renan Lima 101
Como a função cosh : [0, +∞) → [1, +∞) é bijetora, então possui inversa, que deno-
tamos por arccosh x. Vamos organizar tudo em uma definição.
Demonstração:
Vamos provar apenas a fórmula do arcsenh x e deixamos o restante como exercício.
ey − e−y
Seja y = arcsenh x, então x = senh y = . Daí,
2
ey − 2x − e−y = 0.
e2y − 2xey − 1 = 0.
u2 − 2xu − 1 = 0.
Todas as integrais resolvíveis por substituição trigonométrica pode ser resolvido por
substituição por funções hiperbólicas.
Z
dx
Exemplo 3.4.11: A integral √ pode ser resolvida via substituição x = tg θ,
1 + x2
√
dx = sec2 θ dθ e também, sec θ = 1 + x2 . Daí,
sec2 θ dθ
Z Z Z
1
√ dx = = sec θ dθ
1 + x2 sec θ
p
= ln | sec θ + tan θ| + C = ln x + 1 + x2 + C.
Outra forma
p é utilizando x = senh u e, portanto, dx = cosh u du e, lembrando que
cosh u = 1 + senh2 u, temos
Z Z
1 cosh u du p
√ dx = = u + C = arcsenh x + C = ln x + 1 + x2 + C.
1 + x2 cosh u
Z p
Exemplo 3.4.12: Considere a integral x2 − 1 dx com restrição para x ≥ 1.
Com a substituição trigonométrica, vimos a sua resolução no exemplo 3.4.4, após mu-
dar para a variável u. Temos que
Z p p 1 p
x2 − 1 dx = x x2 − 1 − ln |x + x2 − 1| + C
2
p 1 p
= x x2 − 1 − ln x + x2 − 1 + C. (pois x ≥ 1)
2
1 2u 1
(e − 4u − e−2u ) = senh u + cosh u)2 − 4u − (cosh u − senh u)2
8 8
1 senh u cosh u u
= 4 senh u cosh u − 4u = − .
8 2 2
Concluímos que
√
x x2 − 1 1
Z p
2
x −1= − arccosh x + C
2 2
√
2
x x −1 1 p
= − ln(x + x2 − 1) + C.
2 2
Renan Lima 103
Exercícios
1. Calcule as integrais abaixo.
x2 dx x2 dx
Z Z Z
dx
a) √ b) c)
1 − x2 (1 + x2 )3/2 (x2 + 4)2
Z Z Z
dx dx dx
d) e) √ f) √
(x2 − 1)3/2 x2 − 9 9x2 + 4
Z Z Z p
x dx dx
g) √ h) i) x2 − 4x + 8 dx
2
x − 2x + 5 x(x2 + 4)
Z Z Z
dx 5 dx
j) k) l) sec x dx
3 − cos x 3 sen x + 4 cos x
Respostas
Exercício 1
√
arcsen x − x 1 − x2 p x
a) +C b) ln(x + x2 + 1) − +C
2 x2 +1
x
1 2x x
c) + arctg +C d) − √ +C
16 x2 + 4 2 x2
−1
p 1 3x
e) ln |x + x2 − 9| + C f) arcsenh +C
3 2
ln |x| ln(x2 + 4)
p
2
x−1
g) x − 2x + 5 + arcsenh +C h) − +C
2 4 8
√ √ √
(2 − x) x2 − 4x + 8
x−2 2 x
i) + 2 arcsenh +C j) · arctg 2 tg +C
2 2 2 2
x
x x tg +1
k) ln 1 + 2 tg − ln tg −2 +C l) ln 2
x +C
2 2 tg −1
2
Exercício 2
3x2/3 √ √
a) − 3 3 x + 3 ln | 3 x + 1| + C
2
√ √ √
b) 2 x − 4 4 x + 4 ln( 4 x + 1) + C
√ √6
6x 6 x 6 x5 √ √ √
c) − + 2 x − 6 6 x + 6 arctg( 6 x) + C
7 5
104 Matemática Universitária
Com as técnicas de integração desenvolvidas nas seções anteriores, o leitor deve ter
reparado alguns pequenos padrões na resposta final, tais como, se integrarmos uma fun-
ção do tipo P (x)ex , com P polinômio, então espera-se que a resposta final deve ser da
forma Q(x).ex + C, em que Q(x) é outro polinômio. Da mesma forma, se integrarmos
a função exponencial funções que aparecem senos e cossenos, espera-se que a integral
também tenha senos e cossenos na sua expressão. Vimos no exemplo 2.5.8 que
−e2x cos x + 2e2x sen x
Z
e2x sen x dx = + C.
5
Vamos fazer mais um exemplo e de certa forma verificar que temos algum padrão na
fórmula de integral.
Z
Exemplo 3.5.1: Vamos calcular x sen(ln x) dx. Considere a substituição u = ln x,
1
então du = dx e, portanto, dx = x du = eu du. Daí,
x
Z Z Z
x sen(ln x) dx = e (sen u) e du = e2u sen u du
u u
Note que a fórmula final aparece as expressões trigonométricas, com o mesmo argumento
ln x, e multiplicado por polinômios. Note ainda que a resolução da integral acima não é
óbvia, em que utilizamos uma substituição mágica. Avisamos que é possível resolver o
exemplo acima utilizando apenas integral por partes.
Antes de continuar a leitura, propomos que o leitor tente resolver dois exercícios de
integração, a saber.
Z
x−1 x
Z
−x2
1. e dx, 2. e dx.
x2
Sabemos que se f (x) admite expressão algébrica, então a sua derivada f 0 (x) possui
expressão algébrica, mas não vale a recíproca. Por exemplo,
ln(x2 + 1)
Z
x
dx = + C.
x2 + 1 2
Uma função é dita ter expressão elementar se ela pode ser obtida via adição, multi-
plicação, divisão e composição de funções algébricas, trigonométricas e suas inversas,
exponenciais e logarítmicas. São exemplos de funções com expressão elementar
√
ln x 4
x cos xesen x
f (x) = arctg(ln x), f (x) = , f (x) = √ .
sen2 (ex ) 3
x2 + 1
O enunciado geral do teorema de Liouville está fora do escopo do livro e iremos enunciar
um pequeno subcaso. Como a demonstração é muito técnica e utiliza estruturas algébri-
cas tais como extensão de corpos, a demonstração será totalmente omitida neste livro.
Seja f (x) = P (x)eQ(x) , em que P e Q são funções racionais. Se f (x) é uma função que
possui primitiva elementar, então
Z
P (x)eQ(x) dx = R(x)eQ(x) + C,
Teorema de D’Alembert
Mais ainda, pelo algoritmo de divisão, temos que Q(x) tem coeficientes reais.
Seja α ∈ C raiz de P (x). Dizemos que α é raiz de multiplicidade r se existe um
polinômio Q(x), com Q(α) 6= 0 tal que P (x) = (x − α)r Q(x). O teorema fundamental da
álgebra diz que se P (x) tem grau n, então P (x) admite exatamente n raízes complexas,
contada com multiplicidade. Vamos precisar de alguns resultados básicos.
106 Matemática Universitária
Sejam P (x) e Q(x) polinômios com coeficientes reais e α ∈ C uma raiz de multiplici-
dade r do polinômio P (x), então
1. grau P (x) · Q(x) = grau P (x) + grau Q(x) .
3. Existem R(x) e S(x) polinômios com coeficientes reais, sem raízes em comum,
P (x) R(x)
com S(x) mônico, tais que = .
Q(x) S(x)
Demonstração:
1. Escreva P (x) = an xn +an−1 xn−1 +. . .+a1 x+a0 e Q(x) = bm xm +bm−1 xm−1 +· · ·+b0
com an , bm 6= 0. Multiplicando os dois polinômios, temos que
2. Seja α raiz de multiplicidade r de P (x). Então, por definição, existe R(x) polinômio
com R(α) 6= 0 tal que P (x) = (x − α)r R(x). Derivando, utilizando a regra do
produto, temos
= (x − α)r−1 S(x),
onde S(x) = rR(x) + (x − α)R0 (x). Note que S(α) = rR(α) 6= 0 e isso mostra que
P 0 (x) possui α com raiz de multiplicidade r − 1.
3. Suponha que P (x) e Q(x) possui uma raiz em comum α. Se α é real, podemos
P (x) P1 (x)
escrever P (x) = (x − α)P1 (x) e Q(x) = (x − α)Q1 (x). Logo = . Se α for
Q(x) Q1 (x)
complexa não real, então P (x) = (x − α)(x − α)P1 (x) e Q(x) = (x − α)(x − α)Q1 (x)
P (x) P1 (x)
e temos que = . Em ambos os casos, construímos polinômios P1 e Q1
Q(x) Q1 (x)
P (x) P1 (x)
com coeficientes reais e com grau menor que P e Q tais que = .
Q(x) Q1 (x)
Se P1 (x) e Q1 (x) não possui raiz em comum, então finalizamos o algoritmo. Caso
contrário, repetimos o argumento do parágrafo anterior. e encontramos polinômios
P2 (x) e Q2 (x) de graus menores que P1 e Q1 , respectivamente, e com coeficientes
P1 (x) P2 (x)
reais tais que = Como o número de raízes em comum do polinômio
Q1 (x) Q2 (x)
é finita, em algum momento o algoritmo termina e encontramos polinômios R1 (x)
P (x) R1 (x)
e S1 (x) tais que = .
Q(x) S1 (x)
Escolha um número real k tal que S(x) = kS1 (x) seja um polinômio mônico e con-
P (x) R(x)
sidere R(x) = kR1 (x). Temos, portanto, = .
Q(x) S(x)
Renan Lima 107
O objetivo do próximo exemplo é para que o leitor verifique que a solução da inte-
gral se torna praticamente um algoritmo. Fazer as devidas comparações com grau de
polinômio costuma ser uma tarefa tediosa e é fácil errar alguma conta.
Z
x−1 x
Exemplo 3.5.6: Vamos calcular e dx. Pelo teorema de Liouville, caso a
x2
integral possui primitiva elementar, então, pelo teorema 3.5.5, existem P (x) e Q(x)
polinômios sem raízes m comum, com Q(x) mônico, tais que
0
P 0 (x)Q(x) − P (x)Q0 (x) x P (x) x
x−1 x P (x) x
e = e = ·e + ·e
x2 Q(x) (Q(x))2 Q(x)
Passando as expressões com Q(x) para o lado esquerdo da equação acima, temos
Supomos que Q(x) admita uma raiz α ∈ C tal que α 6= 0 e seja r sua multiplicidade.
Então α é raiz com multiplicidade pelo menos r polinômio do lado esquerdo da equa-
ção 3.1 e, pelo item 2 do teorema 3.5.5 e, pelo fato de P (α) 6= 0, temos que α é de
multiplicidade r − 1 de −x2 P (x)Q0 (x), que é o lado direito da equação 3.1. Absurdo!
Isto mostra que α = 0 é o único candidato a raiz de Q(x). Pelo fato de Q(x) ser mônico,
temos que Q(x) = xn para algum n ≥ 0. Substituindo na equação 3.1, temos
Portanto,
(x − 1)xn − x2 P 0 (x) − x2 P (x) = −xP (x). (3.2)
Daí,
P (x)(x − 1) = x − 1 − xP 0 (x). (3.3)
Supomos que grau(P (x)) = n ≥ 1, então o lado esquerdo da equação 3.3 tem grau
n + 1 e o lado direito tem grau n. Um absurdo.
Logo P (x) tem grau 0 e, portanto, é constante igual a k. Substituindo P (x) = k na
equação 3.3, temos k(x − 1) = x − 1 e, portanto, k = 1. Provamos que P (x) = 1,
Q(x) = x e, daí,
ex
Z
x−1 x
e dx = + C.
x2 x
Sugerimos o leitor utilizar softwares para o cálculo da integral acima e, caso o soft-
ware permita, solicite a solução passo a passo.
108 Matemática Universitária
Teorema 3.5.7
Z
Seja p(x) um polinômio de grau ≥ 2, então ep(x) dx não possui expressão elementar.
Demonstração:
Z
Suponha que ep(x) dx possua expressão elementar, então pelo teorema de Liouville,
existem polinômios R(x) e S(x), sem raízes em comum e S(x) mônico tais que
0
p(x) R(x) p(x)
e = e .
S(x)
Supomos que grau(S(x)) > 0, então, pelo teorema fundamental da álgebra, S(x) possui
raiz α ∈ C de multiplicidade r > 0. Por outro lado, α não é raiz R(x) e α é raiz de S 0 (x)
de multiplicidade r − 1. Analisando a equação 3.4, concluímos que α é raiz do polinômio
direito da igualdade com multiplicidade r − 1 e α é raiz com multiplicidade pelo menos
r do lado esquerdo da igualdade.
Isso mostra que grau (S(x)) = 0 e, portanto, S(x) é uma função constante. Como S(x) é
mônico, então S(x) = 1 para todo x. Substituindo na equação 3.4, temos que
Na última desigualdade, precisamos usar que grau p0 (x) ≥ 1 para evitar o caso de R(x)
ser
Z constante. Temos, portanto, uma constradição. Logo, a única possibilidade é que
ep(x) dx não é uma função com expressão elementar!
Z x
2
Em particular, não existe expressão elementar para a Integral Gaussiana e−t dt.
0
A função Integral Gaussiana está bem definida! Ela é a função área sob a curva da fun-
2
ção f (t) = e−t . O que foi provado é que esta função não possui expressão elementar.
Em outras palavras, é uma nova fórmula!
Renan Lima 109
eix − e−ix
eix = sen x + i cos x, sen x = ,
2i
eix + e−ix
1 1 + ix
cos x = , arctg x = ln .
2 2i 1 − ix
1 1 1
Note que 2
= + , e, portanto, com esta visão, a fórmula abaixo
1+x 2(1 + ix) 2(1 − ix)
faz um pouco mais de sentido.
ln(1 + x2 )
Z
arctg x dx = x arctg x − + C,
2
Z Z
em que utilizamos a propriedade simbólica if (x) dx = i f (x) dx.
Z
Exemplo 3.5.9: Vamos calcular e2x sen x dx com as fórmulas de Euler. Temos
eix − e−ix
Z Z Z
2x 2x 1
e(2+i)x − e(2−i)x dx
e sen x dx = e · dx =
2i 2i
!
1 e(2+i)x e(2−i)x e2x (2 − i)eix − (2 + i)e−ix
= − +C = +C
2i 2+i 2−i 2i 5
e2x ix
· 2(e − eix ) − i(eix + e−ix ) + C
=
10i
e2x 2e2x sen x − e2x cos x
= · [4i sen x − 2i cos x] + C = + C.
10i 5
Esperamos que o leitor note a similaridade das funções hiperbólicas vista na seção
3.4 e as funções trigonométricas. Finalizamos a seção aproveitando o teorema 3.5.5 e
provamos o teorema das frações parciais.
110 Matemática Universitária
P (x) A1 Am P1 (x)
m
= + ··· + m
+ . (3.5)
(x − α) Q1 (x) x−α (x − α) Q1 (x)
Demonstração:
A demonstração do resultado geral se encontra na videoaula Demonstração das Frações
P (α)
Parciais. Vamos fazer uma demonstração alternativa. Seja Am = e defina
Q1 (α)
Temos que F (α) = 0 e pelo teorema de D’Alembert, existe um polinômio Pm (x) tal que
F (x) = Pm (x).(x − α). Daí,
Daí,
Daí,
P (x) Am−1 Am Pm−1 (x)
= + + .
(x − α)m Q1 (x) (x − α)m−1 (x − α)m (x − α)m−2 Q1 (x)
Novamente, se tudo estiver no domínio dos reais, então Am−1 ∈ R e Pm−1 (x) possui coe-
ficientes reais. Argumentando, indutivamente, encontramos A1 , · · · , Am e um polinômio
P1 (x) tais que
P (x) A1 Am P1 (x)
= + ··· + + .
(x − α)m Q1 (x) x−α (x − α)m Q1 (x)
Corolário 3.5.11
Na notação do teorema 3.5.10, suponha que grau(P (x)) < m + grau(Q1 (x)), então
grau(P1 (x)) < grau(Q1 (x)).
Renan Lima 111
Demonstração:
Se grau(P1 (x)) ≥ grau(Q1 (x)), então multiplicando a equação 3.5 por (x − α)m · Q1 (x),
temos que
P (x) = A1 (x − α)m−1 Q1 (x) + A2 (x − α)m−1 Q1 (x) + . . . + Am .Q1 (x) + (x − α)m P1 (x).
Corolário 3.5.12
Na notação do teorema 3.5.10, se P (x) e Q1 (x) são polinômios com coeficientes reais
e suponha que as duas raízes de x2 + ax + b, com a, b ∈ R sejam raízes complexas e
não reais. Então existem A, B ∈ R e polinômio P1 (x) com coeficientes reais tais que
P (x) Ax + B P (x)
= 2 + .
(x2 + ax + b)Q1 (x) (x + ax + b) Q1 (x)
Demonstração:
Escreva x2 + ax + b = (x − α)(x − α), em que α ∈ C − R. Aplicando duas vezes o teorema
3.5.10, existem C, D ∈ C e um polinômio P1 (x) com coeficientes complexos tais que
P (x) C D P1 (x)
= + +
(x2 + ax + b)Q1 (x) (x − α) (x − α) Q1 (x)
C(x − α) + D(x − α) P1 (x)
= 2
+ .
x + ax + b Q1 (x)
Multiplicando a equação acima por (x2 + ax + b)Q1 (x) = (x − α).(x − α)Q1 (x), temos a
seguinte igualdade entre polinômios,
P (x) = C(x − α)Q1 (x) + D(x − α)Q1 (x) + (x2 + ax + b)P1 (x).
P (α) P (α)
Fazendo x = α, temos que C = e, analogamente, D = = C. A última
Q1 (α) Q1 (α)
igualdade decorre do fato de os polinômios P (x) e Q1 (x) possuírem coeficientes reais.
Finalmente, tome A = C +C e B = −C ·α−C ·α. Utilizando as propriedades de números
complexos, temos que A = A e B = B. A última igualdade entre conjugados se deve a
propriedade que z · w = z · w para quaisquer z, w ∈ C. Logo A, B ∈ R e, portanto,
P (x) Ax + B P1 (x)
= 2 + .
(x2 + ax + b)Q1 (x) x + ax + b Q1 (x)
O caso geral, em que o denominador é da forma (x2 + ax + b)m Q1 (x), não é uma
consequência direta do teorema 3.5.10, mas é possível também adaptar a argumentação
da demostração do teorema e provar este caso. Outro jeito é utilizar o resultado da
videoaula Demonstração das Frações Parciais e utilizar a divisão Euclidiana.
112 Matemática Universitária
Exercícios
1. Encontre a primitiva das funções abaixo.
Z −x
e (−2x2 + x + 6)
Z
x + 1 −x
a) e dx b) dx
x2 x3
2
(−8x3 + 10x2 + 5)e−x
Z Z
−x2 3 2
c) e (−2x − 6x + 3) dx d) dx
x2
(x − k)ex
Z
2. Se k 6= 1, mostre que dx não possui primitiva elementar.
x2
Z
3. Se P (x) e Q(x) são polinômios e se P (x)eQ(x) dx possui primitiva, então ela é da
formaZR(x)eQ(x) , em que R(x) é polinômio. Conclua que se grau (Q) ≥ grau (P ),
então P (x)eQ(x) dx não possui primitiva elementar.
ex
Z
4. Se P (x) é um polinômio não constante, mostre que dx não possui primitiva
p(x)
elementar.
Z Z Z
x dx
5. Mostre que as integrais ee dx, e ex ln x dx não possuem primitivas ele-
ln x
mentares.
P (x) A1 x + B1 A2 x + B2 Am x + B m
= 2 + 2 + ... + 2 ,
(x2
+ ax + b) m x + ax + b (x + ax + b) 2 (x + ax + b)m
em que P polinômio com grau P (x) < 2m e a, b, ∈ R.
P (x) Ax + B P1 (x)
= 2 + 2 .
(x2 m
+ ax + b) Q(x) (x + ax + b) m (x + ax + b)m−1 Q(x)
Conclua que se grau P (x) < grau Q(x) + 2m, então
grau P (x) < grau Q(x) + (2m − 2).
Respostas
Sugerimos o uso de softwares para a verificação de suas respostas.
Apêndice do Capítulo 3
113
114 Matemática Universitária
Nesta seção, será exposto, de forma a rigorosa, a definição de integral como o limite
de um somatório. Vimos na seção 2.7 uma definição simplificada de Soma de Riemann
em que subdividimos os intervalos em pedaços iguais. É possível expor totalmente via
soma de Riemann, mas vamos abordar um método mais simplificado, devido a Darboux,
sobre a definição de integral. A motivação do método de Darboux pode ser encontrado
na aula Introdução com Física ao Conceito de Integral.
Apesar disso, é bastante provável que o excesso de notação traga bastante dificulda-
des a alunos em primeiro contato com a versão rigorosa de integral e não há problema
algum em entender apenas as duas primeiras páginas, aceitar os resultados básicos desta
seção (por exemplo, integral da soma é a soma da integral). Pode ser interessante também
estudar a seção seguinte, que acreditamos ser mais amigável.
Para evitarmos algumas tecnicalidades, vamos supor que f : [a, b] → R é contínua,
mas deixamos claro que toda parte básica da definição pode ser obtida supondo que f é
uma função limitada e não necessariamente contínua.
fica bem mais simples de demonstrar a ponto de valer a pena este esforço inicial.
Teorema 3.A.3
Demonstração:
Vamos provar que s(f, P) ≤ s(f, Q). A outra desigualdade é análoga. Faremos, inicial-
mente, o caso em que Q contém apenas um ponto a mais e tal ponto esteja entre xk−1 e
xk , isto é,
P = {x0 = a, x1 , · · · , xn },
Q = {x0 = a, x1 , · · · , xk−1 , t, xk , · · · , xn }.
Para a desigualdade S(f, Q) − s(f, Q) ≤ S(f, P) − s(f, P), basta ver que
S(f, P) − s(f, P) − S(f, Q) − s(f, Q) = S(f, P) − S(f, Q) + s(f, Q) − s(f, P) ≤ 0.
A última desigualdade se deve ao fato de os termos dentro dos colchetes serem negativos.
Corolário 3.A.4
Demonstração:
Seja Q = P ∪ R. Como P ⊆ Q e R ⊆ Q, então, pelo teorema 3.A.3, temos que
Teorema 3.A.5
Sejam f : [a, b] → R função e m, M ∈ R tais que m ≤ f (x) ≤ M para todo x ∈ [a, b].
Se P = {x0 = a, x1 , · · · , xn = b} é uma partição de [a, b], então
Demonstração:
n
X
Escreva s(f, P) = mi ∆xi , onde mi é o menor valor de f em [xi−1 , xi ] e ∆xi = xi −xi−1 .
i=1
Temos, por hipótese que m ≤ mi para todo i e, portanto,
n
X n
X n
X
m(b − a) = m · ∆xi = m∆xi ≤ mi ∆xi = s(f, P).
i=1 i=1 i=1
Ao leitor que entendeu a construção, esperamos que fique claro que toda construção
do método de Darboux pode ser feita supondo que f : [a, b] → R seja apenas uma
Xn n
X
função limitada, com S(f, P) = Mi ∆xi e s(f, P) = mi ∆xi , em que
i=1 i−1
Z b
f (x) dx = inf{S(f, P) / P partição de [a, b]}
a
Z b Z b
Dizemos que f é integrável se f (x) dx = f (x) dx. Neste caso, denotamos
a a
Z b Z b Z b
f (x) dx = f (x) dx = f (x) dx.
a a a
Renan Lima 117
Teorema 3.A.8
Sejam X, Y ⊆ R conjuntos limitados não vazios tais que para todo x ∈ X e para todo
y ∈ Y , tem-se x ≤ y, então sup X ≤ inf Y .
Demonstração:
Se provarmos que b = inf Y é uma cota superior do conjunto X, então como sup X é a
menor cota superior, temos que sup X ≤ inf Y .
Supomos que b não é cota superior de X. Então existe x ∈ X tal que b < x. Como
b = inf Y é a maior cota inferior, então x não é conta inferior de Y e, portanto, existe
y ∈ Y tal que y < x. Contrariando a hipótese do conjunto X e Y .
Corolário 3.A.9
Z b Z b
Se f : [a, b] → R função limitada, então f (x) dx ≤ f (x) dx.
a a
Demonstração:
Tome X = {s(f, P) / P partição de [a, b]} e Y = {S(f, P) / P partição de [a, b]}, temos
que X e Y são não vazios, o corolário 3.A.4 diz que para todo x ∈ X e y ∈ Y , tem-se
x ≤ y e pelo teorema 3.A.8, temos
Z b Z b
f (x) dx = sup X ≤ inf Y = f (x) dx.
a a
Teorema 3.A.10
Sejam X, Y ⊆ R limitados e não vazios tais que para todo x ∈ X e todo y ∈ Y , tem-se
x ≤ y. São equivalentes
1. sup X = inf Y .
Demonstração:
ε
(1. ⇒ 2.) Supomos que sup X = inf Y = b. Dado ε > 0, então b − não é cota superior
2
ε
de X e, portanto, existe x ∈ X tal que b − < x.
2
ε ε
Analogamente, b + não é cota inferior de X e, portanto, existe y ∈ Y tal que y < b + .
2 2
Logo temos que
ε ε
b− <x≤y <b+ .
2 2
Daí, ε ε
y−x< b+ − b+ = ε.
2 2
(2. ⇒ 1.) Pelo teorema 3.A.8, tem-se sup X ≤ inf Y . Supomos que sup X < inf Y e tome
ε = inf Y − sup X > 0. Então dado x ∈ X e y ∈ Y , temos que x ≤ sup X < inf Y ≤ y. Daí,
y − x ≥ inf Y − sup X = ε,
Demonstração:
Sejam X = {s(f, P) / P partição de [a, b]} e Y = {S(f, P) / P partição de [a, b]}.
Suponha que f é integrável em [a, b]. então sup X = inf Y e como x ≤ y para todo x ∈ X
e y ∈ Y . Dado ε > 0, então pelo teorema 3.A.10, existem partições Q e R de [a, b] tais que
x = s(f, Q) ∈ X e y = s(f, R) ∈ Y satisfazendo que y − x < ε. Tome P = Q ∪ R, então
Q ⊆ P e R ⊆ P. Pelo teorema 3.A.3, temos que
Daí,
S(f, P) − s(f, P) ≤ S(f, R) − s(f, Q) < ε.
Supomos que para todo ε > 0, existam x = s(f, P) ∈ X e y = S(f, P ∈)Y tais que
y −x < ε. Então, pelo teorema 3.A.10, temos que sup X = inf Y e, portanto, f é integrável.
Teorema 3.A.12
Se A ⊆ X são conjuntos não vazios e limitados, então inf X ≤ inf A ≤ sup A ≤ sup X.
Além disso, suponha que para todo x ∈ X, exista a ∈ A tal que a ≥ x. Então
sup A = sup X.
Analogamente, se para todo x ∈ x, existe a ∈ A tal que a ≤ x, então inf X = inf Y .
Renan Lima 119
Demonstração:
Para demonstrar que inf X ≤ inf A, basta mostrar que β = inf X é cota inferior de A.
Dado a ∈ A. Como A ⊆ X, temos que a ∈ X. Como β é cota inferior de X, temos que
β ≤ a e isso mostra que β é cota inferior de A.
Analogamente, é possível mostrar que sup X é cota superior de A.
Suponha, além de A ⊆ X, tem-se também que para todo x ∈ X, existe a ∈ A tal que
a < x. Seja β = inf X e dado ε > 0, vamos demonstrar que β + ε não é cota inferior de A.
Como β + ε não é cota inferior de X, existe x ∈ X tal que x < β + ε. Por hipótese, existe
a ∈ A tal que a ≤ x e, portanto, β + ε não é cota inferior de X. Utilizando que β é cota
inferior de A, concluímos, por definição de ínfimo, que β = inf A.
Corolário 3.A.13
Sejam f : [a, b] → R função limitada e c ∈ (a, b). Se X = {s(f, P) /P partição de [a, b]}
e A = {s(f, P) / P partição de [a, b] com c ∈ P}. Então sup A = sup X.
O enunciado é análogo para as somas superiores.
Demonstração:
Claramente temos que A ⊆ X. Além disso, dado x = s(f, P) ∈ X, considere Q = P ∪ {c}
e a = s(f, Q) ∈ A, então, pelo teorema 3.A.3, temos que x < a e, pelo teorema 3.A.12,
concluímos que sup A = sup X.
Teorema 3.A.14
Demonstração:
A demonstração pode ser encontrada em Exercício 1 envolvendo o Supremo. Vamos
reproduzi-la aqui.
Seja a = sup X e b = sup Y . Dado z ∈ X + Y , então, pela definção de X + Y , existem
x ∈ X e y ∈ Y tais que z = x + y. Como x ≤ a e y ≤ b, temos que z ≤ a + b e isso mostra
que a + b é cota superior de X + Y . Precisamos provar que a + b é a menor cota superior
ε ε
de X + Y . Dado ε > 0, então a − e b − não são, respectivamente, cotas superios de X
2 2
e Y e, portanto, existem x ∈ X e y ∈ Y tais que
ε
a− < x ≤ a,
2
ε
b − < y ≤ b.
2
Somando as duas, temos que a + b − ε < x + y e, como x + y ∈ X + Y , temos que a + b − ε
não é cota superior. Isso mostra que a+b é o supremo de X, como queríamos demonstrar.
A demonstração que inf(X + Y ) = inf X + inf Y é deixada como exercício.
120 Matemática Universitária
Corolário 3.A.15
Demonstração:
Note que se P1 e P2 são partições de [a, c] e [c, b] respectivamente, então P = P1 ∪ P2 é
partição de [a, b] e vale
s(f, P) = s(f, P1 ) + s(f, P2 )
S(f, P) = S(f, P1 ) + S(f, P2 ).
Suponha que f é integrável em [a, b]. Então, pelas igualdades acimas, temos
Z b Z c Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c a c
Z c Z c Z b Z b
Como f (x) dx ≤ f (x) dx e f (x) dx ≤ f (x) dx, a igualdade acima só é possível
a a c c
se f é integrável em [a, c] e em [c, b], simultaneamente e vale, portanto, a fórmula.
Z b Z c Z b
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
a a c
mesmo que c > b ou c < a, desde que f é integrável em todos os intervalos considerados.
Teorema 3.A.16
Demonstração:
Vamos demonstrar apenas o caso que inf kX = k sup X se k < 0 e deixaremos os outros
como exercício. Seja b = sup X. Vamos mostrar, primeiramente, que kb é cota inferior do
conjunto kX.
Dado y ∈ kX, então existe x ∈ X tal que y = kx. Como b é cota superior de X, tem-se
x ≤ b. Além disso, como k < 0, então y = kx ≥ kb e, portanto, kb é cota inferior de kX.
Dado ε > 0. Vamos mostrar que kb + ε não é cota inferior de kX. Como k < 0, temos
ε ε
que b + < b não é cota superior de X e, portanto, existe x ∈ X tal que b + < x. Daí,
k k
kb + ε > kx e kx ∈ kX.
Corolário 3.A.17
Demonstração:
Faremos apenas o caso k < 0 e deixaremos o caso k ≥ 0 como exercício.
Seja P = {x0 = a, x1 , · · · , xn−1 , xn = b} partição de [a, b] e mi = inf{f (x) /x ∈ [xi−1 , xi ]}.
Então pelo teorema 3.A.16, temos que kmi = sup{kf (x) / x ∈ [xi−1 , xi ]}. Logo
Como esta igualdade é válida para qualquer partição P, concluímos, pelo teorema 3.A.16
Z b Z b Z b
kf (x) dx = k f (x) dx = k f (x) dx.
a a a
Z b Z b Z b
Analogamente, temos kf (x) dx = k f (x) dx = k f (x) dx. Logo
a a a
Z b Z b Z b
kf (x) dx = kf (x) dx = k f (x) dx.
a a a
122 Matemática Universitária
Demonstração:
Seja P = {x0 = a, x1 , · · · , xn = b} partição de [a, b] e defina
O motivo de não valer necessariamente a igualdade é porque não temos garantia que o
mínimo da f e da g ocorrem exatamente no mesmo ponto x. Portanto, temos que
Foi provado que para cada a ∈ X + Y , existe um z ∈ Z tal que a ≤ z. É fácil concluir que
sup(X + Y ) ≤ sup Z.
Z b
Z b Z b
Analogamente, prova-se que f (x) + g(x) dx ≤ f (x) dx + g(x) dx.
a a a
Como f e g são funções integráveis, provamos que
Z b Z b Z b
Z b
Z b Z b
f (x) dx + g(x) dx ≤ f (x) + g(x) dx ≤ f (x) + g(x) dx ≤ f (x) dx + g(x) dx.
a a a a a a
Logo,
Z b
Z b
Z b Z b
f (x) + g(x) dx = f (x) + g(x) dx = f (x) dx + g(x) dx.
a a a a
Renan Lima 123
Seja f : [a, b] → R função contínua. Então para todo ε > 0, existe δ > 0 tal que para
todo x, y ∈ [a, b], com |x − y| < δ, tem-se |f (x) − f (y)| < ε.
Demonstração:
Dado ε > 0. Para fixar as ideias, façamos a seguinde definição temporária. Dizemos que
f é ε-admissível no intervalo I, se existe δ > 0 tal que para todo x, y ∈ I,
δ1
Isso mostra que f é ε-admissível em [a, β + δ1 ) e, em particular, β + ∈ X, o que é
2
absurdo, pois β = sup X.
Falta provar que β = b. Supomos que β < b, então repetindo o argumento anterior, existe
δ
δ > 0, tal que β + δ < b e que f é ε-admissível em [a, β + δ). Em particular, β + ∈ X e
2
contradiz que β é uma cota superior de X.
Demonstração:
Dado ε > 0. Construiremos uma partição P tal que, na notação da seção anterior, tem-
se S(f, P) − s(f, P) < ε e a integrabilidade é uma consequência direta do critério de
Darboux para integrabilidade, ver corolário 3.A.11.
Pelo teorema 3.B.1, f é uniformemente contínua em [a, b] e, portanto, existe δ > 0 tal
que para todo x, y ∈ [a, b], tem-se
ε
se |x − y| < δ, então |f (x) − f (y)| < .
b−a
1
Seja n ∈ N tal que < δ e considere P = {x0 = a, x1 , · · · , xn } uma partição regular de
n
n pedaços. Pelo teorema de Weierstrass, temos, para cada i, pontos αi , βi ∈ [xi−1 , xi ] tais
que f (αi ) = mi e f (βi ) = Mi , em que mi e Mi é, respectivamente, o mínimo e máximo
1
global de f em [xi−1 , xi ]. Note que como xi −xi−1 = < δ, então |αi −βi | < δ e, portanto,
n
n
X n
X
S(f, P) − s(f, P) = (Mi − mi )∆xi = (f (βi ) − f (αi ))∆xi
i=1 i=1
n n
X ε ε X
< ∆xi = ∆xi = ε.
b−a b−a
i=1 i=1
Corolário 3.B.3
Demonstração:
Como f é limitada, existem m, M tais que m ≤ f (x) ≤ M para todo x ∈ [a, b]. Dado
ε > 0, suficientemente pequeno e seja P = {x0 = a, x1 , · · · , xn−1 , xn = b} de [a, b]. A
ε
ideia é escolher xn−1 suficientemente próximo de b de modo que (M − m)∆xn < e
2
utilizamos o fato que f é integrável em [a, xn−1 ], pois f é contínua.
Renan Lima 125
ε
Defina, portanto, c = b− e exija a restrição que ε é pequeno suficiente de modo
2(M − m)
que xn−1 > a. Como f é contínua em [a, c], então pelo teorema 3.B.2, existe uma partição
ε
Q = {x0 = a, x1 , · · · , xn−1 = c} tal que S(f, Q) − s(f, Q) < . Defina P = Q ∪ {b}, então
2
P é partição de [a, b] e vale
Corolário 3.B.4
Demonstração:
Sejam ci , com i = 1, · · · , n e ci−1 < ci , os pontos de descontinuidade da f . Pelo corolário
3.B.3, temos que f é integrável em [a, c1 ], [c1 , c2 ], · · · , [cn , b]. Aplicando o corolário 3.A.15
diversas vezes, temos que f é integrável em [a, b].
Demonstração:
Seja x0 ∈ (a, b). Devemos provar que lim F (x) − F (x0 ) = 0.
x→x0
Como f é limitada, existem m, M ∈ R tais que m ≤ f (x) ≤ M para todo x ∈ [a, b].
Utilizando a observação após o corolário 3.A.15, temos que
Z x Z x0 Z x
F (x) − F (x0 ) = f (x) dx − f (x) dx = f (x) dx.
a a x0
Demonstração:
Fixemos x ∈ [a, b) e seja h > 0, suficientemente pequeno. Vamos estimar o valor de
F (x + h) − F (x)
. Temos que
h
Z x+h Z x
1 x+h
F (x + h) − F (x)
Z
1
= f (t) dt − f (t) dt = f (t) dt.
h h a a h x
Daí,
A(x + h) − A(x)
f (ch ) ≤ ≤ f (Ch ).
h
Como f é contínua, temos que lim ch = lim f (Ch ) = f (x) e, pelo teorema do con-
h→0+ h→0+
fronto, concluímos que
x+h
F (x + h) − f (x)
Z
1
lim = lim f (t) dt = f (x).
h→0 + h h→0 + h x
Seja f : [a, b] → R função contínua. Então para todo ε > 0, existe um δ > 0 tal que
para toda partição P = {x0 , x1 , · · · , xn } de [a, b] com P| < δ, tem-se
n
X Z b
f (ci )∆xi − f (x) dx < ε,
i=1 a
Demonstração:
A demonstração é bem semelhante com a do teorema 3.B.2 que diz que toda função con-
tínua é integrável. Dado ε > 0. Pela continuidade uniforme de f em [a, b], existe δ > 0 tal
que para todo x, y ∈ [a, b], temos
ε
se |x − y| < δ, então |f (x) − f (y)| < .
b−a
Considere P = {x0 , x1 , · · · , xn } partição de [a, b] com ∆xi < δ e seja ci ∈ [xi−1 , xi ]. Pelo
teorema de Weierstrass, temos, para cada i, pontos αi , βi ∈ [xi−1 , xi ] tais que f (αi ) = mi
e f (βi ) = Mi , em que mi e Mi é o mínimo e máximo global, respectivamente, de f em
[xi−1 , xi ]. Como xi − xi−1 < δ, então |αi − βi | < δ e, portanto,
n
X n
X
S(f, P) − s(f, P) = (Mi − mi )∆xi = (f (βi ) − f (αi ))∆xi
i=1 i=1
n n
X ε ε X
< ∆xi = ∆xi = ε.
b−a b−a
i=1 i=1
em que ci , di ∈ [xi−1 , xi ] para todo i e fizemos a observação que o somatório acima con-
Z b p
verge, independentemente das escolhas de ci e di , para 2π f (x) 1 + [f 0 (x)]2 dx.
a
Teorema 3.B.9
Seja f, g : [a, b] → R funções contínuas. Então para todo ε > 0, existe δ > 0 tal que
para toda partição P = {x0 = a, x1 , · · · , xn = b} de [a, b] com |P| < δ e para qualquer
conjuntos de pontos ci , di ∈ [xi−1 , xi ], tem-se
n
X Z b
f (ci )g(di )∆xi − f (x)g(x) dx < ε.
i=1 a
Demonstração:
Dado ε > 0. Como f é contínua, então existe M > 0 tal que |f (x)| ≤ M para todo
x ∈ [a, b]. Como g é uniformemente contínua em [a, b], existe δ1 > 0 t al que para todo
x, y ∈ [a, b] satisfazendo
ε
se |x − y| < δ1 , então |g(x) − g(y)| < .
2M (b − a)
Como f · g é contínua, então pelo teorema 3.B.8, existe δ2 > 0 tal que para toda partição
P = {x0 = a, x1 , · · · , xn = b} com |P| < δ2 e para qualquer escolha de ci ∈ [xi−1 , xi ],
n Z b
X ε
tem-se f (ci )g(ci )∆xi − f (x)g(x) dx < . Tome δ = min{δ1 , δ2 }.
a 2
i=1
n
X n
X Z b
Sejam A = f (ci )g(di ) ∆xi , B = f (ci )g(di ) ∆xi e C = f (x)g(x)dx. Temos, pela
i=1 i=1 a
desigualdade triangular,
ε ε
|A − C| = |(A − B) + (B − C)| ≤ |A − B| + |B − C| < + = ε.
2 2
Índice Remissivo
A I
aplicação de integral integral
área, 15 imprópria, 69
área lateal de sólido de revolução, 56 Darboux, 116
centro de massa, 63 indefinida, 13, 33
comprimento de arco, 53 Riemann, 49, 127
massa, 61
movimento retilíneo, 14 M
trabalho, 59 Mercator, 80
volume de sólido de revolução, 51
Arquimedes, 1 N
número de Euler, 82
C
P
centro
partição
de gravidade, 62
definição, 114
de massa, 62
norma, 127
geométrico, 64
primitiva de uma função, 12, 30
centroide, 64
continuidade, 23
S
continuidade uniforme, 123
soma
de Riemann, 49
E inferior, 114
energia superior, 114
cinêtica, 60 somatório, 3
mecânica, 60
potencial, 60 T
Euler, 80 técnica de integração
frações parciais, 89, 110
F partes, 39
fórmula de recorrência substituição, 35
cosseno, 48 substituição hiperbólica, 102
secante, 46 substituição trigonométrica, 96
seno, 44 substituição universal, 99
tangente, 47 teorema
Fermat, 20 1º fundamental do cálculo, 30, 126
função valor intermediário, 24
algébrica, 104 2º fundamental do cálculo, 30
Bessel de ordem 0, 84 valor médio, 26
elementar, 105 Weierstrass, 24
erro, 83 D’Alembert, 105
exponencial, 83 decomposição em frações parciais, 110
gama, 85 Liouville, 105
hiperbólica, 100 Pappus, 66
hiperbólica inversa, 101 transformada de Laplace, 76
logaritmo natural, 81 trompete de Gabriel, 76