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NEUROPSICOLOGIA

A neuropsicologia enquanto área de conhecimento surge a partir do interesse em compreender a localização anatômica
das funções mentais.
Desde a antiguidade, busca-se identificar que parte do corpo humano seria a sede de controle da mente, emoções e
comportamento. Existem evidências do uso de técnicas de trepanação praticadas na pré-história que acreditava-se ser a
cura para transtornos mentais e dores de cabeça.

 Hipótese cardíaca: O coração já foi tido como o centro da mente e alma humana. Essa hipótese foi abandonada
com os achados de Galeno obtidos a partir da dissecação do cérebro de animais e cadáveres que contribuíram para
a teoria ventricular. Os ventrículos do cérebro eram a sede da mente e Galeno descrevia com precisão essas
estruturas anatômicas fisiológicas.
No período grego clássico, muitos filósofos buscavam explicar a relação corpo e alma.
Platão (428-348 a.C) explicava que o corpo era a instância material enquanto a alma era imaterial.
Aristóteles (384-322 a.C.) explicava a atividade mental dividindo-a em diversas capacidades (pensar, julgar, imaginar)
mas todos tinham o coração como sede anatômica.
Na teoria ventricular, haveria três ventrículos: o primeiro associado as sensações, o segundo associado a razão e o
terceiro responsável pela memória.
Descartes baseado no dualismo cartesiano, defende ao final do século XVII a ideia de que mente e corpo seriam
entidades separadas e elas interagiam a partir de uma estrutura encontrada no corpo humano, a glândula pineal. Era
vista como sede do espírito no corpo e por meia dela eram controlados os comportamentos.

 Hipótese cerebral: tornou-se a ideia predominante e debate passou a ser quanto à organização e o funcionamento
do órgão de comando. Entre os estudiosos que defenderam a hipótese cerebral estavam os holistas e os
localizacionistas que apesar de concordarem sobre o cérebro como a sede do funcionamento mental discordavam
sobre a forma como esse controle era possível. Para os holistas, o cérebro atuaria como um todo comandando as
funções mentais e o comportamento enquanto os localizacionistas acreditavam em um funcionamento
fragmentado, de forma que cada uma de suas regiões cerebrais teria uma função específica.

Entre os localizacionistas, teve grande influência a frenologia. Franz Joseph Gall e Johann Gaspar Spurzheim
afirmavam que o cérebro estava organizado em aproximadamente 35 funções especificas e por meio da análise do
crânio descrever a personalidade de uma pessoa. Essa técnica foi chamada de personologia anatômica. Os
pressupostos básicos da frenologia podem ser resumidos da seguinte forma:
1) Cada região cerebral pode ser entendida como um “órgão” que comanda determinada atividade mental ou
comportamental específica;
2) A superfície craniana poderia ser moldada a partir do desenvolvimento de cada região cerebral;
3) Uma região cerebral bem desenvolvida pode crescer em volume e resultar em um crescimento visível no crânio.

A HISTÓRIA DA NEUROPSICOLOGIA COGNITIVA

Procurando localizar a atividade mental no corpo, egípcios e gregos apontaram, alternadamente, o coração e o cérebro
como possíveis residências da mente. O médico romano Galeno (130-200), depois de constatar que os ferimentos
cefálicos dos gladiadores produziam alterações comportamentais, decidiu que a mente só poderia estar situada no
cérebro.
Em 1825, Jean-Baptiste Bouillaud é duramente criticado depois de ter tido a ousadia de localizar a linguagem em uma
determinada região do córtex cerebral frontal. Paul Broca (1824- 1880), em 1861, identifica como responsável pela
linguagem, uma região cortical do lobo temporal esquerdo. Porém, ele declara que a pequena área do lobo temporal
esquerdo respondia apenas pelo aspecto exterior e mecânico da linguagem, uma vez que o seu aspecto mental, o seu
conteúdo linguístico, este sim, passível de ser considerado divino, ninguém ainda localizara. Pouco tempo depois, em
1874, Carl Wernick (1848-1905) identifica, na superfície superior do lobo temporal esquerdo, a região cortical
responsável pelo reconhecimento semântico das palavras, área esta que mais tarde passa a ser conhecida como a área
de Wernick.
Em 1956, G. Miller pretendeu demonstrar que a memória imediata era limitada, incapaz de reter uma lista constituída
com mais de sete elementos. Isto só acontecia, segundo Miller, porque o cérebro é dotado de uma estrutura própria e
limitada, não podendo, como pretendiam os behavioristas, ser comparado a um recipiente vazio. Ao contrário do
corpo, a mente para Miller era a única parte do homem capaz de dar um “tratamento lógico” as informações captadas
no mundo externo.

Jerry Fodor criou os conceitos de módulo (entidades periféricas, anatomicamente localizáveis), e o de “administrador
central”, (entidade hierarquicamente mais elevada e isótropa, responsável pela preservação do espírito e da
consciência)
Wolf Singer de Frankfort propõe que um processo de sincronização temporal, e não mais um “administrador central”,
responderia pela seleção do um conjunto de neurônios, portanto módulos localizáveis, que seriam ativados frente a
uma determinada tarefa. Desta forma, uma rede neural momentânea emergiria, atraindo a atenção, a consciência, e
todos os processos necessários à realização de uma determinada tarefa. Assim a mente, como uma entidade única,
seria o resultado da associação transitória de módulos especializados.
Sem dúvida, foram as técnicas de imagem cerebral, surgidas a partir dos anos 80, que possibilitaram aos
neurocientístas a realização de um antigo desejo: observar, em tempo real ou quase, a atividade cerebral de pessoas
durante a execução de determinadas tarefas.

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