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Jus2178 - Previa Do Livro
Jus2178 - Previa Do Livro
COLEÇÃO
Probatório
Coordenação:
VITOR DE PAULA RAMOS
PROVA SEM
CONVICÇÃO
Standards de prova
e devido processo
JORDI FERRER-BELTRÁN
Tradução:
VITOR DE PAULA RAMOS
2022
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A FUNDAMENTAÇÃO DO
NÍVEL DE EXIGÊNCIA PROBATÓRIA
DOS STANDARDS DE PROVA
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277. Vide Gascón Abellán, 2005: 137 ss. No mesmo sentido, entre outros, Nar-
delli, 2018: 291-2.
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285. Isso acarretou sérias objeções à justificação dessas decisões dos juízes
profissionais norte-americanos, pela indeterminação dos critérios de
correção dessas. Vide sobre o tema Pardo, 2009: 1097-9 e a bibliografia
ali citada.
286. Essa é, de fato, uma das teses que reaparecem ao longo de todo o livro.
Como argumentarei no terceiro capítulo, não há grande diferença en-
tre a forma habitual de enfrentar o raciocínio probatório nos países de
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common law e a dos de civil law, mesmo que nos primeiros tenha sido
muito mais habitual o trabalho com e sobre os standards de prova do
que nos segundos. Tanto naqueles como nesses a concepção majoritá-
ria da prova vincula o fato provado vinculado à convicção do julgador,
como já mostrei até aqui. E esse é, precisamente, o grande erro. Para
a concepção racional da prova, de seu turno, a convicção do julgador é
irrelevante do ponto de vista justificativo e, portanto, os standards de
prova não podem ser considerados tendo por base uma graduação
dessa convicção.
287. No mesmo sentido, vide Anderson, Schum e Twining, 1991: 286 ss. e Allende
Sánchez, 2021: 156-7.
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288. Para que essas decisões possam ser tomadas com informação minima-
mente completa, é imprescindível que o sistema preveja mecanismos
de discovery, que permitam às partes conhecerem as provas de que a
parte contrária dispõe e que evitem o uso surpreendente dessas duran-
te o procedimento.
289. E, ainda pior, em muitos países, sem conhecer as provas de que dispõe
a acusação. Resulta, aqui, tremendamente ilustrativa a ideia proposta
por Langbein acerca da perversão das garantias processuais por parte
dos operadores do direito. Assim, recorda Langbein (1978:4-5) que na
Europa medieval o aumento das exigências probatórias para a con-
denação no processo penal (demandando a confissão do acusado ou
duas testemunhas de acusação) levou à generalização da tortura como
mecanismo para a obtenção de confissões. O que era uma medida
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291. Sirva de exemplo, por todos, o que diz Laudan (2016: 103): “(…) a razão de
ser de um standard de prova é, precisamente, dispor-se de uma regra
de decisão que distribua os diferentes resultados do acordo com seus
respectivos custos”.
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292. Também, como será visto mais adiante, pode haver erros inferenciais,
que são lógica ou empiricamente independentes dos erros materiais.
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293. Gascón Abellán, 2005: 130. No mesmo sentido Vergès, Vial e Leclerc, 2015:
103 e Tichý, 2019b: 297. Muito possivelmente, também, essa seja a ideia
que subjaz à ideia de Ferrua, que debati no capítulo anterior, de que por
debaixo do standard para além de qualquer dúvida razoável somente
há suposições e suspeitas, não se podendo, em qualquer caso, falar em
prova. Reyes (2020: 5 ss.) atribui àquela que ele denomina “concepção
tradicional” (“received view”) dos standards de prova que uma de suas
funções é a de minimizar o risco das decisões. Não resta claro se para
Reyes essa seria uma função de todos os standards de prova ou de al-
guns, e o escasso apoio bibliográfico utilizado para caracterizar essa
concepção tradicional não ajuda no esclarecimento do ponto. Em qual-
quer das interpretações, como será visto, trata-se de uma tese errônea.
294. Tomo o tipo de gráficos de Bell, 1987: 570 ss. Esse modo de apresen-
tação também foi utilizado por outros autores, como DeKay, 1996: 101;
Laudan, 2006: 109-10; Allen, 2014: 204 ss. e Eyherabide, 2021: 191 ss.
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