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NORMAS D E

TRANSCRIÇÃO PALEOGRÁFICA ESCOLAR


de: Eduardo Borges Nunes
(Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)

1 - Disposição do texto
a) Partes compactas: transcrever seguidamente, mas assinalar cada
mudança de linha do original por meio dum traço vertical com o número
da linha seguinte (.........[linha 1ª]...|2..........[2ª] |3............etc.), e cada
começo de nova página ou coluna por (f.1), (f.1v), (col.1), etc.
NB: em qualquer destas mudanças usar hífen em corte de palavra e duplo
hífen em enclíticas ( de-|2 mos, demos-|2-lhes).
b) Partes não compactas (contabilidade, parágrafos, etc.): imitar.

2 - Transliteração
a) Fiel à ortografia original: nas maiúsculas (equiparar-lhes as semi-
maiúsculas), nas minúsculas (reduzir as variantes medievais de s, r, etc. à
nossa forma única, mas conservar sem alteração o uso de u, v, i, j), nas
letras simples ou dobradas, etc.
b) Fiel aos sinais diacríticos com significado fonético (acentos,
cedilhas de ç e e), mas não aos meramente gráficos (y, í, íj, áá, óó, ...).
c) Fiel à pontuação original.
d) Fiel à grafia e disposição das letras numerais ( nnn ® nnnª ;
x ® x').

3 - Abreviaturas
I - Princípio: uma abreviatura resolve-se substituindo-a pela forma
extensa que o escriba usa, ou que é de uso no tempo; se essa forma não é
única, alternam-se as variantes na proporção semelhante à que o escriba ou
a época usam.
II - Apresentação:
a) As letras da forma extensa ausentes na abreviatura dão-se
sublinhadas ou a vermelho ( tpo ® tenpo, tempo).
b) As letras sobrescritas da abreviatura ficam sobrescritas na
resolução ( mto ® muito ).
c) As abreviaturas de nasal sobre vogal resolvem-se normalmente
em n ou m, segundo o caso e a época ( tato ® tanto, tamto; no ® non,
nom), mas em ditongos e vogal antes de vogal de outra sílaba é mais
prático usar o til moderno (hua ® hũa [não huna, huma]; nehua ®
nenhũa; Joao ® João [não Joaom]). As vogais geminadas monossilábicas
tratam-se como vogais simples levando m ou n normalmente e til em
ditongos ( huu ® huum; maao ® maão).

4 - Separação das palavras: moderniza-se introduzindo o hífen


nas enclíticas e em certas proclíticas e o apóstrofo nas elisões e crases
( oque ® o que; pedrafon ® pedr'afonsso; dam9v9 ® damos-vos;
nono ® non-no).

5 - Acidentes do texto e modo de os assinalar:


a) Adições do autor: pequenas: \nnn/
grandes: imitar a disposição do original ou pôr em nota.
b) Erros: corrigidos pelo autor (supuntando, riscando, cancelando):
[[nnn]]
não corrigidos: nnn (sic), com a forma corrigida em nota (vice-versa
em edições).
c) Repetições não canceladas pelo autor: {nnn} (cancelamento do
editor).
d) Lacunas do autor: <nnn> (adição do editor).
e) Lacunas do suporte (rasgão, borrão, etc.): [nnn] (restituição do
editor), ou [...] (não restituída).
f) Dúvidas de leitura: nnn(?) (no texto), [nnn(?)] (em lacuna).

Lisboa, Outubro de 2011

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