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CONCEITO E CARACTERÍSTICAS

O Absolutismo foi um sistema político predominante na Europa entre


os séculos XVI e XVIII. Caracterizava-se pelo poder absoluto do monarca,
que detinha autoridade ilimitada sobre o Estado e seus súditos.

Suas principais características são:

• Soberania Absoluta: O monarca tinha autoridade incontestável e


não respondia a nenhum outro poder, como parlamento ou nobreza.
• Direito Divino dos Reis: Alegava-se que o monarca recebia seu
poder diretamente de Deus, tornando-o responsável apenas perante
Ele.
• Centralização do Poder: O Estado era altamente centralizado,
com o monarca tomando decisões fundamentais sem necessidade
de consulta ou aprovação.
• Exército Permanente: Os monarcas mantinham exércitos
permanentes para garantir a ordem e impor sua autoridade.

FORMAÇÃO HISTÓRICA

As transformações sofridas pela Europa, durante a Baixa Idade Média,


apontam para uma nova realidade que viria a se basear em relações
comerciais e urbanas, levando a uma crise estrutural do então feudalismo.
Com a Crise do Século XIV, ocorre o enfraquecimento dos poderes
localizados da nobreza (descentralização), levando à concentração de poder
nas mãos de um monarca.
O processo de centralização do poder político chega a seu ápice em
meados do século XV – XVI, quando são criados os Estados Nacionais
Absolutistas. Isso significa dizer que o monarca (rei) concentrava o poder
político, militar, religioso, jurídico e econômico.

Como seria possível a centralização do poder em um sistema que,


durante séculos, era organizado pela lógica da descentralização? O
enfraquecimento do poder da nobreza, desde a Baixa Idade Média, e o
aumento do poder e influência da burguesia na esfera econômica são
pontos-chave para entender esse processo. A nobreza visando a manter
seus privilégios e a burguesia desejando aumentar seu potencial de
enriquecimento vão apoiar um chefe político que atenda a ambos os
interesses.

Estava formada a base de sustentação do Absolutismo: de um lado, a


nobreza que mantinha seus privilégios a partir de impostos cobrados da
burguesia; do outro, a burguesia que recebia concessões do governo para
enriquecer.

O poder do soberano tornou-se nacional quando se estendeu por toda


a nação com unidade linguística, religiosa, política e cultural. Para
conseguir essa unidade, os reis iniciam uma séria de guerras e de
casamentos. Os casamentos eram arranjados com outras famílias nobres.
Além disso, o rei controlava os matrimônios dos nobres, dos filhos de seus
vassalos, justamente para expandir suas alianças políticas.
As guerras só foram possíveis devido aos impostos pagos pela
burguesia. Mais imposto significava a possibilidade de se criarem maiores
exércitos, garantindo, então, a segurança dos súditos reais e o
cumprimento das leis que regiam o reino.

A seguir, é criado um corpo burocrático, dando condições para que o


rei controlasse a justiça e a cobrança de impostos. Para tanto, o rei permite
a criação de assembleias constituídas pela nobreza, pelo clero e, mais
tarde, pela burguesia.
Esse processo de centralização chega ao ápice com as grandes
navegações e na formação do Mercantilismo, pois, dessa maneira, os reis
passam a interferir diretamente na economia.

TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO

O período Moderno é marcado por uma série de avanços culturais, a


partir do Renascimento que introduziu o ideal do humanismo na
mentalidade medieval, ao mesmo tempo em que intelectuais tentavam a
todo custo justificar a centralização do poder político nas mãos do
monarca absolutista, realidade antes impossível na lógica do Feudalismo.
JEAN BODIN (1530 – 1596)
OBRA: OS SEIS LIVROS DA REPÚBLICA – “Nada havendo de maior
sobre a terra, depois de Deus, que os príncipes soberanos, e sendo por ele
estabelecidos como seus representantes para governarem os outros homens, é
necessário lembrar-se de sua qualidade, a fim de respeitar-lhes e reverenciar-
lhes a majestade com toda a obediência, a fim de sentir e falar deles com toda
a honra, pois quem despreza seu príncipe soberano despreza a Deus, de Quem
ele é imagem na terra”.

Jean Bodin era francês, membro do Parlamento e professor de Direito. Defendia


que a soberania era um poder perpétuo e ilimitado.
Sendo assim, as únicas limitações do soberano eram a lei divina e a lei natural.
Por isso, usava o argumento religioso para justificar o poder do rei.
PARA BODIN, A AUTORIDADE DO REI PROVINHA DE DEUS –
TEORIA DO DIREITO DIVINO.

THOMAS HOBBES (1588-1679)


OBRA: O LEVIATÃ - “Qualquer governo é melhor que a ausência de
governo. O despotismo, por pior que seja, é preferível ao mal maior da
Anarquia, da violência civil generalizada, e do medo permanente da
morte violenta”.
“Dos poderes humanos, o maior deles é aquele que é composto pelos
poderes de vários homens, unidos por consentimento de uma só pessoa,
natural ou civil, que tem o uso de todos os seus poderes na dependência
de sua vontade.”
Foi um matemático e filósofo inglês, que discorreu sobre a natureza
humana e a necessidade de governos e de sociedades.
Dizia que o ser humano, no estado natural, é cruel e vingativo – O
HOMEM É LOBO DO HOMEM –, necessitando de um governo forte
e centralizado para manter o seu controle.
Organização da sociedade por meio de contrato, em que os homens
renunciavam a todos os direitos em proveito do soberano, do Estado,
nascendo daí sua autoridade absoluta.
ROMPER COM ESSE CONTRATO SIGNIFICARIA
RESTABELECER O CAOS, ESTABELECENDO O FIM DA
FELICIDADE HUMANA.
NICOLAU MAQUIAVEL (1469 – 1527)
OBRA: O PRÍNCIPE – “As injúrias devem ser feitas todas de uma só
vez, a fim de que, saboreando-as menos, ofendam menos: e os benefícios
devem ser feitos pouco a pouco, a fim de que sejam mais bem
saboreados”.
“O homem esquece mais facilmente a morte do pai do que a perda do
patrimônio”.
“Todos os Estados bem governados e todos os príncipes inteligentes
tiveram cuidado de não reduzir a nobreza ao desespero, nem o povo ao
descontentamento”.
Foi um diplomata e historiador italiano, que defendia que o monarca
deveria utilizar qualquer meio – lícito ou não – para manter o controle do
seu reino.
Tese da imoralidade dos fatos políticos. Segundo Maquiavel, a violência
não é vista necessariamente como algo mal, mas sim, necessária para
manter o “príncipe” no poder e até mesmo relacionada a algo bom, se levar
à centralização do poder, à estabilidade e ao desenvolvimento da nação.
MAQUIAVEL TEORIZOU SOBRE A FORMAÇÃO DE UM
ESTADO ABSOLUTO E A UNIFICAÇÃO DA REGIÃO DA
ATUAL ITÁLIA.

JACQUES BOSSUET (1627-1704)


OBRA: A POLÍTICA SEGUNDO A SAGRADA ESCRITURA. "Deus
protege todos os governos legítimos, qualquer que seja a forma em que
estão estabelecidos: quem tentar derrubá-los não é apenas um inimigo
público, mas também um inimigo de Deus".
Jacques Bossuet foi um bispo e teólogo francês. Argumentou que o
governo era divino e os reis recebiam o seu poder de Deus, sendo assim,
desobedecer a autoridade real seria considerado um pecado mortal.
PARA BOSSUET, O PODER VEM DE DEUS E, POR ISSO, O REI
NÃO DEVE SER QUESTIONADO OU CONTRARIADO QUANTO
ÀS SUAS PRÁTICAS POLÍTICAS.
ABSOLUTISMO FRANCÊS
O absolutismo na França foi dirigido pela dinastia Bourbon. A
Dinastia Bourbon foi uma linhagem real que desempenhou um papel
crucial na história de várias nações europeias, incluindo
Luís XIV (1643-1715): O Rei Sol
Luís XIV é talvez o mais emblemático dos monarcas absolutistas
franceses. Reinou por incríveis 72 anos, sendo coroado aos 5 anos
de idade.
Ele é conhecido pelo lema "L'État, c'est moi" (O Estado sou eu), que
simboliza sua crença no poder absoluto do monarca.
Sua corte em Versalhes tornou-se o epicentro da cultura e política
francesa, estabelecendo padrões de etiqueta e cerimonial que
influenciaram toda a Europa.
Luís XIV investiu na expansão territorial e na consolidação do poder
real, promovendo a centralização administrativa e a supressão de
revoltas.
Luís XV (1715-1774): O Rei Bem-Amado
Luís XV sucedeu a Luís XIV, assumindo o trono aos cinco anos após
a morte do avô.
Durante seu reinado, a França enfrentou desafios econômicos e
políticos, incluindo a Guerra dos Sete Anos, que teve impactos
significativos nas finanças do reino.
Seu governo foi marcado por uma mistura de esforços reformistas e
uma certa negligência em relação aos assuntos de Estado.
Luís XVI (1774-1792): O Rei durante a Revolução
Luís XVI ascendeu ao trono em um momento crítico, quando a
França enfrentava uma grave crise financeira e descontentamento
popular.
Seu reinado ficou marcado pela Revolução Francesa, um movimento
que visava a derrubada do absolutismo e a busca por ideais de
liberdade, igualdade e fraternidade.
O rei foi deposto em 1792 e, posteriormente, julgado e executado,
encerrando formalmente o período do Absolutismo na França.
ABSOLUTISMO INGLÊS
A origem do absolutismo na Inglaterra está após a Guerra das duas
Rosas, violento conflito entre a nobreza inglesa que opôs os
Lancaster e os York e no final do conflito levam ao poder Henrique
Tudor, descendente dos Lancaster e casado com uma nobre de York,
coroado com o título de Henrique VII.

Henrique VIII (1509-1547): A Reforma e a Centralização do


Poder
Henrique VIII é conhecido principalmente por sua separação da
Igreja Católica Romana e a criação da Igreja Anglicana,
estabelecendo-se como o líder supremo religioso e político na
Inglaterra.
Durante seu reinado, consolidou o poder real ao dissolver mosteiros
e confiscar suas terras, aumentando a riqueza e a influência da coroa.

Elizabeth I (1558-1603): A Era Dourada e a Estabilização


Política
O reinado de Elizabeth I foi uma época de prosperidade e expansão
cultural, conhecida como a "Era Dourada". Foi marcado pelo
florescimento das artes, literatura e exploração marítima.
Elizabeth I demonstrou habilidade política ao manter o equilíbrio de
poder entre católicos e protestantes, estabilizando a Inglaterra após
um período de conflitos religiosos.
OUTROS MONARCAS ABSOLUTISTAS
Catarina II, a Grande: Governante Iluminada da Rússia
Catarina II, conhecida como Catarina, a Grande, reinou na Rússia de
1762 a 1796. Com sua visão reformista e interesse nas ideias
iluministas, ela deixou um legado duradouro. Expandiu os territórios
russos, promoveu a cultura e impulsionou reformas sociais e
educacionais. Catarina II é lembrada como uma das líderes mais
influentes da história russa.

Frederico II da Prússia: O Rei Filósofo


Frederico II, também conhecido como Frederico, o Grande, foi o rei
da Prússia de 1740 a 1786. Notável por suas habilidades militares e
interesse nas artes e filosofia, ele transformou a Prússia em uma
potência europeia. Fomentou a cultura e atraiu intelectuais
iluministas para sua corte. Sua liderança marcante deixou um legado
significativo na história da Prússia e da Europa.
1. Quais foram as principais características do Absolutismo?
2. Qual era o papel da nobreza e da burguesia na formação da base de
sustentação do Absolutismo?
3. Quais foram os teóricos do Absolutismo mencionados no texto e
qual era a contribuição de cada um deles para a justificação do
poder absoluto do monarca?
4. Qual foi o lema associado a Luís XIV e o que ele simboliza sobre
seu reinado?
5. Como a Revolução Francesa marcou o reinado de Luís XVI e o
que aconteceu com ele como resultado desse movimento?
6. Quem foi Henrique VIII e qual foi sua contribuição para o
estabelecimento do absolutismo na Inglaterra?
7. Como Elizabeth I contribuiu para a estabilização política da
Inglaterra durante seu reinado?
8. Quais foram as principais realizações de Catarina II, a Grande,
como governante da Rússia?

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