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Marcelo Novelino EDITORA JwPODIV, Pore le oan ke ier v4} co} 8 To oreTo) peer, ¢ | ¢| EDITORA jsPODIVM www editorajuspodivm.com br ua Mato Grosso, 164, Ed. Marfina, 1° Andar -Pituba, CEP: 41830-151 ~ Salvador ~ Bahia Tek: (71) 30459051 + Contato: htps/mww.editorajuspodivm.combr/sac Copyright: Edicoes JusPOOINM, Consetho Editorial: Dirley da Cunha J, Leonardo de Medeiros Garcia, Fredie Didier Jr, José Henrique Mouta José ‘Marcos Ehrhardt Unio, Nestor Tavora, Robério Nunes Filho, Roberval Racha Ferreira Filho, Rodolfo Pamplona Filho, Mazze e Rogério Sanches Cunha, Capa: Ana Caquetti 1N93BNovelino, Marcelo Curso de dveito constitucional /Marcelo Novelino,~ 13. ed. re, ample atual — Salvador: Fd. JusPodivm, 2018, 960 p. Bibliografa, ISBN; 978-85-442-1750-4 1. Direito constitucional 2, Diteto constituciona Brasil Titulo. Todos os direitos desta edicio reservados & Fides usPODIVM. Eterminantemente proibida a reproduio total ou parcial desta obra, por qualquer melo ou process9, sem a expressa autorizacao do autor ede Edges JusPODIVM. A violacao dos direitos autorals caracteriza time descrito na legislaao em vigor, sem prejulzo das sancdes ivi cabivels. Digitalizado com CamScanner cin + yns0 0€ 0eITOCONSTTTUCIONAL + il ‘onfigura direito dos in mesmo quando classficacts como sa peor constitu tornaria vista que “a coponibitidade ro art, 5.°, LXIIL.”® Nesse sentido, foi ap a Peis Rite “E direito do defensor, no interesse do rep ake ia Fae wos elementos de prova que, ja documentados em proce z Sgaitrg realizado por orgao com competencia de policia judiciaria, di Raa vereicio do direito de defesa” (Samula Vinculante 14/STF), Tal enu bean Feipressamente ‘aos elementos de prova ja documentados, 0 que si a Rise amplo facultado ao defensor nao abrange todo e qualquer ato, 3 bn diligéncia integrantes de um inquérito policial. Se assim 0 fosse, 0 acesso p ‘a certos despachos ou diligéncias poderia inviabilizar ou tornar ineficaz a medid investigatoria, revelando-se incompativel com © principio da justica penal eficay, Portanto, restaram excluidas do enunciado as diligencias em andamento, assim como. aquelas que se encontram em fase de deliberagao, tendo em vista que a ciéncia prévig pelo advogado poderia comprometer a investigacao policial. C3) GARANTIAS DE NATUREZA PROCESSUAL 3.1. Principio da inafastabilidade da apreciacao jurisdicional CF, art. 5.*, XXX — a ei nfo exclurd da apreciacio do Poder Judiciaiolesdo_ ‘ou ameaca a direi Por sua imprescindibilidade para a efetiva participacdo do cidadao na vida so- ial, 0 direito de acesso a jurisdicao (CF, art. 5.°, XXXV) nao pode ser compreendido sob 0 ponto de vista meramente formal. Conforme observa Luiz Guilherme Marinoni (2006), “obstaculos econdmicos e sociais nao podem impedir o acesso a jurisdicad, J@ que isso negaria o direito de usufruir de uma prestacao social indispensavel pala © cidadao viver harmonicamente na sociedade.” 0 direito de acesso d jurisdi¢do foi ampliado pela Constituigo de 1988, de for ma a abranger nao apenas a via repressiva (“lesio”), mas também a via preventi® ¢ aia dette ). A rigor, a Constituicdo veda a possibilidade de exclusao eee © oly ameaca, uma vez que o direito de agdo nao se vincula a efeti® © pedido.”” Portanto, nao se deve confundir “negativa de PI 9. STF STF - HC 94.387, Rel. Min, Ricardo Lewandowski (18,11 2008). 70. STF ~ RE 145,023, Rp 3 el. in, limar Galvao (DJ 18.12.1992): “(..) a garantia do acesso. 8 jutisdiga® ad ao pasado caréncia da aio. art. 59, inc. XXXV, da Constitukggo N30 ier Judiciario"; Al 152.676 AgR, Rel. Min. Mauricio Corréa (OJ 03: Digitalizado com CamScanner Em relacdo aos destinatarios Yo dever de obse 0 dispositive constitucional se Teferir a “lei”, go legistador, mas a todas aS autoridades, inviabilizar, direta ou indiretamente, 0 ace: A exigéncia de prévio requerimento administrativo nao se confunde com o aurimento desta via. Nos termos da jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal, le a instituigao de condi¢ées para o Tegular exercicio do direito de acao é compativel com 0 aft. 5.°, XXXV, da Constituigao”, sendo que, “para se caracterizar a presenca de interesse em agit, € preciso haver necessidade de ir a juizo.” Assim, o Tribunal decidiu que “a concessao de beneficios Previdenciarios depende de requerimento do interessado, nao se caracterizando ameaca ou | lesdo a direito antes de sua apreciacao ¢ indeferimento pelo INSS, ou se excedido o prazo legal para sua analise.” Essa ext. géncia, no entanto, “nao deve prevalecer quando o entendimento da Administracao for notoria e reiteradamente contrario a postulagao do segurado.”"® No mesmo diapasso, 0 Supremo j@ havia considerado legitima, para fins de cabimento do habeas data, Bexigencia de recusa de informacées por parte da autoridade administrativa (Let STF ~ Al 135.850 AgR, Rel. Min. Carlos Velloso (DJ 24.05.1991), STF ~ MS 26.441/DF, Rel. Min. Celso de Mello (25.04.2007): “Quanto a impossibilidade do STF conhecer Go MS no qual se questionava o ato da Camara dos Deputados que impediu a abertura da investigagio Parlamentar (CPI) sobre a crise no sistema de controle aéreo brasileiro, por se tratat de assunto intema CorPors, 0 relator se posicionou no sentido de que “a causa nao se cinge ao Regimento interno da Camara ‘905 Deputados, mas sim de direitos fundamentais impregnados de materia constitucional.” 7B. STF ~ RE 125.556, Rel, Min. Carlos Veloso (0/ 15.05.1992): “Exame e avaliagio de candidato com base Gm Eiitérios subjetivos, como, por exemplo, a verificacao sigilosa sobre a conduta, publica e privada, 0 candidato, excluindo-o do concurso sem que sejam fornecidos os motivos. egitimidade do ato, que atenta contra 0 principio da inafastabilidade do conhecimento do Poder Judicidrio de lesio ou pan a dieito, E que, se a lesso ¢ praticada com base em critérios subjetivos, ow em criterios ndo reveladas, fica © Judiciério impossibilitado de prestar a tutela jurisdicional, porque nao tera como verficar © acerto ou © desacerto de tals critérios. Por via obliqua, estaria sendo afastada da apreciagae do Judiciatio lesdo a diteito”, ‘Simula 667/STF:*Viola a garantia constitucional de acesso a jurisdigao a taxa judiciaria ipiciecs sem limite © valor da causa”; ADI 1.772 MC, Rel. Min. Carlos Velloso (DJ 08,09,2000): “Taxa judicidria e idade da existéncia de limite que estabeleca a equivaléncia entre o valor da x © 0 custo os ©u do proveito do contribuinte, Valores excessivos: possibilidade de oe > | GE-muitos& Justia, com ofensa 20 principio da inafestabiidade do controle Wea cna EMS 23,789, voto da Min Ellen Grace (04 23082005) Z 1, Digitalizado com CamScanner de agit.” fib arbitragem sio as partes envolvidas que opti , wale soluca0 do conflito do ambito jurisdicional aks incompatibilidade com o Principio do acesso a jurisdigao.”® Para conferir maior efetividade ao principio, a Constituicao assegu cia judiciéria integral e gratuita aos que comprovarem insuficiéncia de recy art, 5.°, LXXIV), além de garantir a gratuidade das agdes de habeas corpus, data e, na forma da lei, dos atos necessarios ao exercicio da cidadania (CF, UXXVII), dentre eles, o registro civil de nascimento e a certidao de bite. teconhecidamente pobres, na forma da lei (CF, art. 5.°, LXXVI), além do “di Peti¢do aos Poderes Publicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade oy de poder” e “a obtencao de certidées em repartigdes piblicas, para defesa de direitos esclarecimento de situacdes de interesse pessoal” (CF, art. 5.°, XXXIV).72 om & Principio do juiz natural CF. art. 5.*, XXXVI ~ nao haverd juizo ou tribunal de excecdo; tc _LIII = ninguém sera processado nem sentenciado sendo pela autoridade com- petente; J) 15) S]6VS1q Svein Juiz natural é abstratamente constituido antes da ocorréncia do fato, requisito imprescindivel para a independéncia e imparcialidade do 6rgao julgador. 0 principio traduz uma significativa conquista do processo penal liberal, essencialmente fundado em bases democraticas, atuando como fator limitativo dos poderes persecutérios do Estado." Nas palavras de Renato Brasileiro Lima (2009), este principio “deve ser Compreendido como o direito que cada cidadéo tem de saber, previamente, a autor dade que iré processar e julga-lo caso venha a praticar uma conduta definida como infragao penal pelo ordenamento juridico. Juiz natural, ou juiz legal, dentre outras 71. STF ~ HD 22/DF, Red. p/ 0 ac Min, Celso de Mello (19.09.1991) 78. STF ~ SE 5.206 AgR/EP, Rel. Min. Sepulveda Pertence (D/ 30.04.2004): "Lei de Arbitragem. (Le 9.30885 {1 Constitucionalidade declarada pelo plenatio, considerando o Tribunal por maioria de votos, Que é manifesta3o de vontade da parte na clausula compromiss6ria, quando da celebrac3o do contrat, ® permisséo legal dada ao juiz para que substitua a vontade da parte recalcitrante em firmar 0 Indo ofendem o artigo 5.%, XXXV, da Constituicao da Repiiblica’ : 79. STF ~ ADI 3.276/SC, Rel. Min. Edson Fachin, Pleno (03,03.2016):“L.) 1. Viola © direito de peticB0 art 5s, XXXIV, "b da Constituicao Federal, a exigéncia de recolhimento de taxa para emiss30 {eParticdes publicas, para defesa de direitos eesclarecimento de situacdes de interesse pessoa ‘¢ss9 atividade estatal est abarcada por regra imunizante de natureza objetiva e politica. 2:969, de relatoria do Ministro Carlos Britto, Die 22.06.2007. 2. A imunidade refere-se ta id0es solicitadas objetivando a defesa de direitos ou o esclarecimento de situagdo de uma ver que a expedicio de certidées voltadas a prestagao de informacoes dei (art. 5%, 100k) no recebe © mesmo tratamento tributério na Carta C ~~ Rel. Min, Celso de Mello (DJ 18.12.1992). nts Digitalizado com CamScanner ‘Cap.21 + GARANTIAS INDIVIDUAIS, ga denominacdes, @ aquele constituido antes do fato delituoso a ser julgado, mediante regras taxativas de competéncia estabelecidas pela lei.” A constituigao consagrou o principio do juiz natural ao vedar a criagao de juizo ou tribunal de excecao (CF, art. 5.°, XXXVII) e estabelecer que ninguém sera processado nem sentenciado sendo pela autoridade competente (CF, art. 5.°, LIII). Tribunal de excecao é aquele constituido para o julgamento de um determinado fato. A definigao do juizo competente deve ser feita previamente, por meio de normas gerais e abstratas, com base em critérios impessoais e objetivos. Em seu aspecto substantivo, o principio do juiz natural nao se satisfaz apenas com o juizo competente e objetivamente capaz: exige imparcialidade e independéncia dos magistrados. Nao se admite a designacao de um juizo ex post facto ou ad personam (juizos ad hoc). A criagdo de varas especializadas,*’ a competéncia determinada por prerrogativa de funcdo,® a instituic¢ao de camaras de férias em tribunais, o julgamento proferido por 6rgao colegiado composto por juizes convocados® e as hipoteses de desaforamento previstas no Cédigo de Processo Penal® nao caracterizam uma ofensa ao principio do juiz natural, tendo em vista que em todas as situacdes as regras sdo gerais, abstra- tas e impessoais. 0 mesmo nao se pode dizer, contudo, acerca da possibilidade de que, entre os trés integrantes da turma recursal dos Juizados Especiais, figure 0 juiz prolator do provimento questionado, por violar a naturalidade do juizo.* Digitalizado com CamScanner

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