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ae A Escola Publica Regulagao Desregulagao Privatizagao eee RT fos ceo) CEPI E cy Cee eee el COLECCAO EM FOCO Uitimos Titulos Publicados [A EDUCACKO TECNOLOGICA E 05 NOVOS PROGRAMAS Jago Maret Perera Das Baptista CCRIANCAS SOBREDOTADAS ~ Que Sun Exe’ Tilo deJesis Coaho Faso (0 NOVO MODELO DE GESTAO DAS ESCOLAS BASICAS E SECUNDARIAS Maria Rosa Perera Topo PROIECTO EDUCATIVO DE ESCOLA ~ Adinrao pricpada enous ‘Abel Pain da Rocha AVALIACAO DE ESCOLAS, Al Pana de Rech EDUCAR PARA A CIDADANIA ia Faunredo PARCERIA FAMILIA ESCOLA E DESENVOLVIMENTO DA CRIANCA POLITICAS EDUCATIVAS E AUTONOMIA DAS ESCOLAS ‘oto Formosnho, mando ldo Fee, Joaquim Machado ‘© PROFESSOR COMO PESSOA A densi pesca na fomagso de profeseres (© LVRO DAS VIRTUDES DE SEMPRE — Eta para Profesore Ramo Marquas (0 TEMPO E A APRENDIZAGEM ~ Suns pra una nous rgoizago do tempo escolar ‘ESCOLA E A CRIANCA EM RISCO Inter para prevent Beatie Perea eAdeine Pala Pinto (© CONSTRUTIVISHO NA SALA DE AULA - Noinsperspectnas par a aio padogigic Coll E. Morin, T- Maur M. Mins, 3. Ooubia, 1 Sole A. Zable, SOLIDOES E SOLIDARIEDADES NOS QUOTIDIANOS DOS PROFESSORES, Joss Absero Cores ¢ Manuel Matos CCONFLITO E NEGOCIACAO Padre Cunha (FIM DEUM C1CL.0?~ A Easario em Portia no nko do so XX ESTORIAS MARAVILHOSAS DE QUEM GOSTA DE ENSINAR Raber Abs Auguto Saries Si 7 jorge Avia de Lime = ‘ESCOLA E A APRENDIZAGEM DA DEMOCRACIA POR UMA POLITICA DEIDEIAS EM EDUCACAO ‘ ALEGRIA DE ENSINAR Rube Ale PARA UMA ESCOLA CURRICULARMENTE INTELIGENTE Corinda Lee CCONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ENSINAR [AESCOLA PUBLICA - Regus, deseo e ratings Jo Barozo, Natcto Alonso. Henry M: Levin, Cements Marques Cardoso Cece |A Escola Publica Regulagao Desregulagao Privatizagao Organizagao: | Yodo Barroso ‘A BSCOLA PUBLICA -REGKKAGAO.DESREGULAGRO, PRVATZACAO Referéncias Bibliogréficas Tevtoe produsides no émbito do Projecto REGULEDUCNETWORK (disponiveis no ‘ste wma eset ul ac be/evsapeanproact him) ‘AAW. (2002), Analyse de Tévalution des medes de siguation (elivecble 2. 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Joao Barroso Introdugao A-emergéncia da questo da “livre escolha” da escola, em Portugal, 6 um processo sociomediético recente, importado or alguns jornalistas e colunistas e apoiado em algumas cor- rentes de opiniio (de natureza confessional ou ideolégica) de expresso reduzida, que no atinge ainda, como se verifica em outros paises, uma mobilizacao politico-partidaria consis- tente e socialmente sustentada, tendo em vista a criagao de um mercado educativo, concorrencial e auténomo. Apesar de Portugal estar sujeito a influéncia de algumas das contaminagdes geradas pela convergéncia internacional (como foi referido no capitulo 1 deste livro) de conceitos e medi- das de politica educativa, o certo 6 que, se exceptuarmos 0 ensino superior, as teses da privatizagao raramente ultrapas- saram 0 nivel retérico da formulagdo de intengSes ou os dis- cursos mais inflamados de alguns politicos, desejosos de marca tema diferenga com a “heranga do passado’, abrindo a “caixa de Pandora” dos mitos salvadores, em vésperas de eleicdes. Isto nao significa que a “Iégica de mercado” (e o encanta- mento pela suposta eficiéncia do modelo empresarial) tonha estado ausente da politica educativa portuguesa, particular- mente na tiltima década do século XX. Na verdade, como vé- nos autores tém vindo a registar, ela aparece de modo mais ou menos explicito na fundamentaco e nos modelos de referén- Gia de algumas medidas politicas, em particular, as relacionadas 79 ‘ARSCOLA IBLIOA -REGHLAGAO DRSREELLAGAO, PRVARZAGAO com a autonomia, a gestao e a avaliagdo das escolas"”. Mas, como dizia Afonso (1997), a propésito da politica educativa durante a governagao sustentada pelo PSD, entre 1985 e 1995, estas medidas raramente ultrapassaram “um neoliberalismo educacional mitigado” Contudo, a conjuntura politica e econémica que marcou 0 fim do segundo governo socialista e a emergéncia de uma nova maioria de direita (PSD-PP), no inicio de 2002, parece ter dado um novo alento aos defensores das medidas de privati- 28940 dos servicos ptiblicos, através da redugao da interven- 40 do Estado, alienagao do patriménio, empresarializacdo da ‘gestdo e criagao de quase-mercados Até ao momento (inicio de 2003) a educagao (ao contrério da satide e da comunicagao social, por exemplo) ainda nAo foi fortemente afectada por este movimento de privatizagao (ex- cepto algumas promessas relacionadas com a gestao das esco- las e as medidas previstas para o ensino superior) eo Ministro da Educagao, utiliza um discurso “cauteloso” neste dominio, Em contrapartida, 6 na comunicagdo social, que encontra- mos alguns dos mais acérrimos defensores destas medidas, O jomal Piiblico, pela voz do seu director e de alguns colunis- tas residentes, tem-se distinguido, neste dominio, a seme- Ihanga do que acontece por exemplo nos Estados Unidos, onde, como assinalam Mitgang e Connell (2001), numa anélise que fazem sobre o papel dos media neste debate, alguns res peitavels jomais “usam os seus editoriais e colunas de opiniao, (1) Eoice muta outzas contribuigées recentes de autores portuguesse para elucida- (i da presenca da “Wiaies ce mercado" na poltion eiicativa wen Portugal ats ee a, entreostzos: Afonso, Almerinda (1997, 2000), Afonso, Natrci (1999), Ante res (2001), Barroso (1996, 1999), Cardogo (2001), Correia (1998), Bstavao (1998, 200%, 2002), Gomes (1898), Lima (2000), Lima @ Afonso (202, Magulhon¢ Stoo (2002), Pacheco (2000), Seixas (2001), Teecoro (200%), 80 ‘A"ESCOLNA DA ESCOLA" COND FROCESED De REGULAGAD BTEDRAGHD OU SLEOGAD SOCAL? desde 1980, numa auténtica cruzada a favor dos vouchers [cheques-ensinol” (p. 28) Apesar do empenhamento militante com que s4o escritos ‘esses editoriais, ou textos de opinido, pode dizer-se que, em geral, raramente contribuem para um correcto esclarecimento da opiniae publica, quer pela superficialidade e tom propa- gandistico com que estes temas s&o tratados, quer pela de- clarada obstrugéo que é feita 4 publicago de opinides diver- gentes, Um exemplo disto mesmo encontra-se em dois editoriais, assinados pelo director do Piublico, publicados em 20 de Abril 30 de Junho de 2002, a propésito do “cheque-ensino” Re- Jembro aqui excertos de dois comentarios que enviei ao direc- tor do jomal e que este entendeu, por bem, nao publicar. O primeiro comentario diz respeito ao editorial de 20 de Abril, intitulado “O cheque-ensino", (.) ©. qve ets om cause no dita do Pico de 20 de Ab do 202 nao 6 dolondareo o“choque onto” Esta & una op no to una nn nian. un erode Som tinplta como a questo 6 expends ~ como o 0 che fe Ear athe elngoes rea exis gut ae ¢ vesetrivannes ce encanta «wh ano tine ter pis em plc Gove wo tao net dlr wor {hey ceca relent ae poten oor meseca tose ita de coragem do overantes De pind vt icc ma est i tn miit semelane des conto de ads: Deu lad ot vam os bons 8 defeats da “ve eoaa da eno ~ que cuerom salvar ce mennos do bios pores dala de aio citado” das etolas plica Do outo lade, oe maus~o ote temo do Baa, sindenze do prfemoren, oe eseonres do ent pen ~ que nfo quetem © ecsno paiva «plc ‘manter os seus empregos e rotinas de ma qualidade. E foi entio at /AESCOLA PUBLICA -RBQULAGKO,DesRENKLAGNO PRVATTZAG RO Saeed — Sac een re aa Swen a nd Seen eed Scanner need ee nace ad |A-ESCOLHADA ESCOLA’ GoM PHOCESSO BE REGULAGHO:BETBORACADOU pretende legitimar esta medida (nomeadamente, aumento da ceficdcia dos resultados, maior informagdo e liberdade das fami- lias). Além disso, entre os seus efeitos mais perversos conta-se © reforgo da segmentagao social na oferta escolar, pelo que se pode dizer que, na prética, em vez dos alunos escolherem as es- colas, s8o as escolas (mais credenciadas) que escolhem os alt nos (mais promissores).(..)" © segundo comentario diz respeito ao editorial do dia 30 de Junho, intitulado “Uma deciséo que faré historia”, onde era louvada a deciséio do Supremo Tribunal dos Estados Unidos no caso “Zelman versus Simmons-Harris” que se pronunciou sobre a constitucionalidade do programa de vouchers posto bkcimento de ensino que cred ase itasom ter mals qualidade" Parece simples, nao 6? ualegs 56 que ata histila 6 um pouco ma 3uc0 mais complicada © apesar do ‘cheque-ensine er una ila com muito anos, conhce sna snlicagae muito limita. Pr um la. opeo pas sino" no pede ser apresentada como ina eqs mercer técnica ajo objective 6 encontar a maar solu pars promos ver a “qualidade oa fictcia do ensino” Ela’ prinéce aoe bide uma queso pellicaentogase mim debate maa sn sobre os prprias models de sociedad o aus roguagio mais conetetamente seb a propria nationae exstnls do sera pabin edacavo, se a insedugh do ue ca deme Caton endo, sore co mas Se ogg dato ia’ et. Por out lado, investiga onlsada om aves paises onde viguram dietntes modelos do ivesrcfia de ax cola pols pas dos eunos (nos quai 0 inaerem ce chaque sina) mostra quo o resukadoe aleangade so bastante dive s0%, quo exstom muitos ofloe perverse que poem em esa Sgualdado do oporanidodes dow dao 0 equldade da son vig prestado © avo oe denice ganos de qualia ecescn 2e funconemento das esc ex longa seen dames dos De um mogul» ember exit mips ocala es do "ecahe” (ait pot “chequ-ensna norte, at Uiioeprevamente dati, et) go 80 pon ignore oo contents egpoctices do cada pals invent gaya alates tm moszado que a regugHoexerida po ee dapotive sta longe de erento sintama na ecto com quo a tdi lsoal em pratica pelas autoridades do distrito escolar de Cleveland (Bstado de Ohio). “..) Como & sabido, ¢ Director do jomal Publico é um assumido deiensor deste sistema de financiamento da educaglo pelo Bs- tado ditectamente as familias, bem como do que se convencio- nou chamar de “politicas piblicas de livre-escolha da escola {ver entre outros os editoriais publicados em 11 e 20 de Abril il- timo). Compreende-se, por isco, que nao tenha perdido a oportu- nidade para, a pretexto desta decis4o do Supremo Tribunal dos Estados Unidos, argumentar, mais uma vez, a favor da bondade desta medida e apontar o “caminho da salvagSo" para o ensino em Portugal. (Quanto ao primeiro aspecto (a defesa dos vouchers) a informa ‘Gao que dada sobre a decisio do tribunal e sobre 0 seu signifi- ado 6 tencienciosa (ao contrério, aliés, do que acontece com a noticia publicada no mesmo jornal, no dia anterior, pelo corres pondente do Publico em Nova Iorque, Pedro Ribeiro). Na ver dado, a auter do editorial omite informagao relevante que ajuda fia a perceber o carécter controverso da decisio e o seu vertiadetro aloance. Por exemplo: — Que esta mesma medida tinha sido declarada inconstitucional pela Justiga Federal, em 2000 e que apés recurso para o Supremo 83 ~ Qe coisa tenn 0 ve, actu, com nrrtagd male dos jes fe do recoto ceetine ae rando o principio até ai dominant foamed ue seja provado que o progtai gio em particular), _A-ESCOLIADA ESCOLA’ COMD PROCESSO DE RECLLAAD-BITRAEAGKO CU SELBCUO SOCAL? piiblicas e privadas. Por cé ainda estamos apenas no inicio de um outro longo e dificil processo: avaliar com justica ¢ rigor as escolas. Ha, por fim, vontade politica de o fazer com wansparén- cia. Haja, depois, iqualmente vontade para dar 0 passo seguinte pemnitir acs pais que, independentemente das suas posses, te- ‘ham capacidade para escolher a escola que entenderem melhor para os seus filhas. Cam os tais ‘cheques-ensino’” Para quem tinha diividas, fica-se a perceber que a preocupagdo pela avaliagdo das escolas (¢ toda a campanha que o jornal Pi- biico fez sobre esta matéria) s6 tem um objectivo: preparar 0 pr6- ximo passo que ¢ a “livre escolha” da escola pelas familias des alunos @ em seguida generalizar “os tais checques-ensino” (e ja agora, se possivel, antes dos préprios americanas o fazerern), (Ora acontece que colocar as coisas desta maneira pode ser muito interessante para o Director do Piiblico, mas no contribui nada para esclarecer a opiniao publica nem para compreender o sign- ficado do que esta verdadeiramente em jogo neste debate, Na vercade, hé muito boas razdes para se querer fazer a avalia- ‘a0 das escolas com “justiga e rigor", sem que isso signifique ttansformar a avaliagéo num instrumento para a “livre escolha” da escola pelas familias. Do mesmo modo, importa dizer que ha muito boas razdes para se querer melhorar e diversificar a aferta do servigo publico de educagao, aumentando a responsabilidade de deciso dos alu- nos e das suas familias, som que isso signifique ser-se a favor da ‘sua privatizagdo. (..) Que o facto de o Supremo Tribunal di 10 Tribunal dizer que a medida nao 6 praeaetitucional isso nao significa que ola deva ser posta em be ao cue no pedo que um Etna de un onal dri soja seni, cu que no era cise tas ho hears au oss mais igocoe coms uanio ao segudo aspera da andi que o eto fn da cio do Suprema Tribunal dow Ed Uns a ae cionado com a lgdes que ae poder no ‘acontecimento histérico”. as eerelie Embora os comentarios produzidos estivessem condicio- nados pelas limitagdes de espago e pelas caracteristicas do publico de um é:gao de imprensa didria generalista, 0 objec- tivo principal era mostrar que o debate sobre esta questao E quanto a isso, nfo se pode ser mais ae exigia mais informagao e menos propaganda e que as coisas eram mais complexas do que a viedo simplista do autor do editorial deixava transparecer. presente texto constitui uma tentativa de fornecer ele- mentos complementares para o esclarecimento desta questo, {Emm Portugal estamos bem longe de chegar a cate ponto ta dis- 85 -ABSCOLA UBLICA REGILACAD PRINGLE AGHO,PVATZAGAO ha perspectiva de defensores e oponentes e car conta dos ra: Sultados que a investigagao e analistas independentes tem roti sobre a chamada “livre escolha" da escola, em dife rentes paises, incluindo os to “celebrados” : ae cheques-ensino A escolha da escola ~ sintese de um debate © debate sobre as vantagens ou inconvenientes de intro- duzit a possibilidade de escolha da escola pelos pais dos alu- hos remete para opgées filoscficas e politicas getais cuja elu- cidagao ultrapassa o Ambito deste capitulo”. O que esté em causa neste texto néo é a anélise do debate historico sobre a liberdade de educagao”, mas sim a utilizagao da “escolha da escola” como mecanismo de regulagao do servigo educativo, +o contexto das politicas emergentes, em varios paises, de 16" definigéo do servigo publico da educacdo, tendentes & sua privatizagao. Importa referir contudo que, historicamente, este debate tem sido dominado por diferentes grupos de interesses que Temetem, essencialmente, para dois tipos de légicas argu- mentativas; umas de natureza religiosa © outas de natureza No primeiro caso, o objectivo 6 garantir a possibilidade de diferentes confissées religiosas assegurarem a prestacao de servico educativo, com financiamento piiblico. E o que se ve- tificou, por exemplo, nos Estados Unidos onde, como afirmava LaNoue (1971), 0 primeizo conceito modemo de “cheques-ensino” (Vor aera opto wero sree rnp sree fen cap “Paton paben et rardo privada”. da tese de doutoramento de Carlos Bstévao (1996). * 86 JOcES8 OE REGLLAGAD MITEGRAAO OUSELECGAO SOCIAL? foi proposto pelo padre Virgil C. Blum, um jesuita e cientista politico da Marquette University. “No seu livro Freedom of Choice in Education [1958] ele usou a tradicional filosofia so- cial catélica da subsidiaridade para desenvolver o conceito de que os valores presentes no curriculo e na cultura das escolas deveriam ser determinados pelos pais. Para promover a sua doutrina, Blum fundou a Citizens for Educational Freedom, or- ganizagao predominantemente catélica que acabou por atrair aderentes de outros grupos religiosos conservadores” (La Noue, 1971, p. 308). Reportando-nos ao caso europeu, este argumento esta igual- mente presente, em muitos paises, na concessao de condi- Bes especificas e de subvengdes ao ensino privado confessio- nal (como é 0 caso, por exemplo, da Espanha, Franga, Italia, Portugal), ou na influéncia que as proprias igrejas tém na con-' dugdo da politica educativa (Irlanda e Noruega), ou na exis-| téncia de redes escolares auténomas e concorrentes — cato- lica, protestante, nao confessional ~ financiadas directamente | pelo Estado, como acontece nos Paises Baixos e na Bélgica._ Como é evidente, esta “liberdade de escolha” continua a ser bastante condicionada pois, em todas as situagdes referidas, o Estado continua a ter uma forte intervengao reguladore, com o fim de garantir uma Telativa homogeneizagao do en- sino quer através da definigao prévia de requisites comuns para a concessao de beneficios ou margens de autonomia aos promotores da oferta educativa, quer pelos mecanismos: de obrigag&o e avaliagao de resultados. De registar contudo, que como assinalam Zachary e Vandenberghe (2002), baseados em investigagdes recentes realizadas na Bélgica e Paises Baixos, as convivgbes filoséficas e religioaas afo cada vez menos mo- tivo de escolha da escola, perdendo terreno em favor do ami- biente social da escola, da disciplina do cumiculo. 87 ‘ABBODLAFORLICA ~REGHLAAD DBSREGULAGHO, RIVATZAGAO No segundo caso, os argumentos ‘econé= mica ¢ baselam-se na crenga, soya tir da conhecida obra de Fri Freedom”, de que as escolas privadas fazem o mesmo servi ue a8 escolas piblicas © com custos mais reduzidos{ Estea argumentos inspiram os defensores do financiamento directo, polo Estado, aos pais para que possam colocar os filhos nag escolas da sua preferéncia, através dos “cheques-ensino" (vouchers) ou sistemas similares, com o fim de estimular a exe ansfo da oferta de ensino privade e a criagéo de um mer. cado educative. Embora as propostas de Friedman fossem no sentido de criar um sistema de “cheques-ensino”, total- mente desregulado (sem requisites prévios em relagio as os- colas) e de montante reduzido, que podia ser complementado elas familias, outras modalidades foram sendo propostas, Com maior intervengao estatal na definicao de condigdes pré, Vias as escolas que integram o sistema @ com uma selecgao de publicos-alvo ligados a minorias étnicas ou familias caren. Cladas. De registar ainda que, mesmo de um ponto de vista de estrita racionalidade econémica, os argumentos aprosen- tados por Friedman a favor dos “cheques-ensino” foram con- testados desde o inicio, pois eles ndo tinham em conta oa Custos de transacgo resultantes da necessidade de regular 05 prostadotes de servico privado. E estes custos, como afir- ma Krashinsky (1986) “podem ser superiotes aos ganhos obti- dos em eficiéncia, com a redugdio do sector pilblico” (p. 149), (2) Como vision autres abamalar io tn (er por exer Lavin, 2001, 6 Gi at 2p 16) mats das ems cde ian no qu eee bernie d ec da escola e refrgo da ofr pea ca a, eons ¢preoates om Ada ‘Smith, na sua obra de 1776, “The Wealth of Nations” e em Stuart Mil aa - ‘Salo de 1859, "On Liberty”. “ 88 ‘A-ES20UA DA ESCOLA" COMO PROCESO bt REDULAGAD MrTECRAGAD CUSELECGHO SOCAL? Hoje em dia, para além destes dois tipos de argumentos (religiosos e econémicos) misturam-se raz5es politicas e so- ciais que favorecem a emergéncia de diferentes modalidades e graus de escolha (no interior do ensino ptiblico ou entre piibli- coe privado) e que vao no sentido da diminuigao da requlagao estatal e do aumento da privatizagao do servigo educativo. Essas razdes esto relacionadas com um conjunto diversi- ficado de factores, desde factores mais gerais (crise do estado Providéncia, globalizagao, “contaminagao” das politicas na- cionais por conceitos ou procedimentos difundidos por orga- nizagdes internacionais), até factores mais especificos ao campo educativo (sucessives fracassos das reformas de ini- ciativa estatal, aumento da heterogeneidade do piblico esco- Jat, crise do modelo burocrético-estatal de administragao es- colar). Independentemente do peso relativo destes factores nos diferentes contextos nacionais, o debate sobre a liberdade de escolha da escola pelos pais e, de um modo mais geral, o de- bate sobre a privatizagao da escola piblica, € hoje, como no passado, um debate ideolégico que divide apoiantes e oposi- tores em fungao da resposta crue dao pergunta fundamental a educagao 6 um “bem comum’ ~ piiblico, ou um "bem de consumo” ~ privado? De uma maneira redutora, mas ilustrativa das diversas po- sigdes em confronto, é posstvel identificar quatro tipos de res- postas a esta pergunta: ~A educagéo é um bem essencialmente publico e nesse sentido justifica-se a preponderdncia da intervengao do Estado (no financiamento e na operacionalizagao da oferta do servigo educative) que pode ir até & forma ex- ‘tema do “monopéilio estatal’, com a supressao ou grande limitagao do ensino privado, ‘ABSCOLA PUBLICA -AEouLAgHoDemmEOULAGAO,MRVARAGKO ~A educagao 6 um bem essencialmente privado e nesse sentido no se justifica qualquer intervengao do Estado, devendo a oferta educativa ser assegurada por um mer. cado inteiramente livre e desregulado e a expensas dos individuos interessados (ainda que admitindo a existéncia de beneficios fiscais para as despesas com a eclucagao). ~A educagao é um bem predominantemente puiblico que roduz beneficios privados e, nesse sentido, cabe ao Es- tado uma grande parte do financiamento, regulagao Brestagao do servigo educativo, com a comparticipagao (ao nivel do financiamento e da definigao da oferta edu- Cativa) dos outros beneficiarios do sistema (em particular os alunos e suas familias, os futuros empregadores, etc) ~A educacao @ um bem predominantemente privado que produz externalidades pablicas pelo que, embora ca- endo ao Estado contribuir de maneira significativa para © financiamento do servigo educativo (tendo em conta essas externalidades), ele deve reduzir a sua intervengao_ 80 minimo, para permiitir o funcionamento de um “quase- “mercado” educativo, baseado na concorréncia e autono- mia dos prestadores de servigo e na livre-escolha dos consumidores. Sendo certo que as duas primeiras posiges sfo hoje franca~ ‘mente minoritérias (embora tenham os seus apoiantes), 6 entre os defensores das duas Ultimas que se trava o debate a favor € contra a “escolha da escola’ e a consequente privatizagao do servigo educativo, Contudo, apesar das diferengas de pontos de vista e de solugses que separam as duas correntes de opiniao (que irei analisar brevemente de seguida), existem alguns as- Pectos comuns que convém pér em evidéncia e que configuram, 90 desde j4, um certo tipo de ruptura com a forma convencional de prestagao de servigo educative dominante no século XX. Essa ruptura passa pelos seguintes dominios: — Crescente ambiguidade na diviséo entre “piiblico” e “pri- vado", com a existéncia de escolas piblicas que recor- rem a modalidades de financiamento e funcionamento privado, ¢ de escolas privadas sujeitas a imperativos de prestagao de servico piiblico. O controlo sobre o “bem ptiblico” faz-se mais ao nivel dos principios e objectives que regulam 0 servigo a prestar e seus destinatdrios do que sobre os meios a utilizar. ~Valorizagao da “gestéo local da escola’ e do reforgo da sua autonomia administrativa e organizacional, como forma de adequar 0 servigo educativo as caracteristicas dos alunos e promover as mudangas necessarias ao seu desenvolvimento. Mais do que introduzir mudangas a partir de reformas e programas impostos do exterior, de- vero ser criadas condigdes para que cada escola cons- ‘tmua os seus préprios processos de desenvolvimento. Quanto as divergéncias entre as duas correntes de opi- nido, elas s4o profundas, Os defensores da “livre escolha” apoiam-se em dois tipos de "crengas” (inspiradas principalmente nas obras de Friedman, 1962 e Chubb and Moe, 1990): ~ A liberdade de escolha da escola é um direito parental, —O sistema de administracio directa da escola pelo Estado 6, intrinseca e inevitavelmente, irresponsavel, ineficiente, burocratizado, subordinado aos interesses dos funciona- rios e incapaz de se auto-reformar. AESCOLA IBLICA -REOULAGAD,DESEOULAGHO FRVATIAGAO ee a tiva melhoram a qualidade das escolas ¢ os seus res 0 introduzirem mecanismos de competitividade e de res onsabilidade perante o consumidor, préprios do mercado. Os opositores da “livre escolha” contestam esta opgéio em fungao de trés criticas principais: ~A liberdade de escolha da escola pelos pais reforga a tratificagao econémica, social e étnica entre as escol uma vez que os critérios de escolha utilizados pelos de estatuto socioeconémico mais elevado se baseia mais na “qualidade” dos alunos do que na qualidade das: aprendizagens e os pais das classes populares, ou de mi- norias étnicas, nao tém informagao, tempo e recursos para identificarem as “boas escolas" e, mesmo se tivessem, nao tinham condigdes para porem em prética as suas opgies. Ou seja, os comportamentos das familias nao s’o homogé- neos, havendo diferengas claras de estratégias e resulta- dos, conforme o seu estatuto social e proximidade aos va~ lores escolares pelo que, em vez de diversificar a oferta, 9 que este tipo de regulagao faz é hierarquizé-la. A competigao entre as escolas induzida pelos mecanis- mos de escolha, mais do que produzir uma press&o para mudanga ou melhoria das aprendizagens, faz com que as, energias e os recursos da direcgao das escolas se esgote em estratégias promocionais e de marketing para atrair os “melhores” alunos, ~ As potiticas de “escolha da escola" pelos pais dos alunos tm sido promovidas por sectores ligados essencialmente ao ensino privado (e confessional) e traduzem uma estrategia elitista na distribuigao do servigo educativo que poe em. Causa 0 direito de todos os cidadaos a uma educagao de. qualidade nas suas comunidades de pertenga Importa acrescentar que este debate é essencialmente ideolégico e raramente apoiado em evidéncias empiricas. Contudo, apesar da investigagao existente ser insuficiente, baseada em experiéncias muito limitadas e no ter em conta a diversidade e complexidade das dimensées presentes no fancionamento do sistema educativo nos seus resultados, 6 possfvel, no que se refere aos critérios de escolha da escola pelos pais dos alunos e aos seus efeitos, reunir alguns dados que relativizam os argumentos em presenga. Com base numa sintese efectuada por Meuret, Broccolichi, Duru-Bellat (2001) apresentam-se de seguida os principais re- sultados obtidos por um conjunto significativo de investiga- es efectuadas nos Estados Unidos, Reino Unido e em Franga neste dominio: ~ A escolha da escola, em Franga como na maior parte dos paises estrangeitos, 6, antes de mais, uma questéo que diz respeito as familias que gozam de boa situago eco- némica (tratando-se do sector privado) ou préximas da instituigao escolar (tratando-se de estabelecimentos pui- blicos fora do local de residéncia)". —Em todos os paises existe um défice de informagao fidvel e publica sobre as caracteristicas das escolas e as escolhas so efectuadas primeiro em fungao da “qualidade do pii- blico escolar’ (origem social e étnica) e s6 em seguida pelos resultados obtidos nos exames. (4 Ver a esto propseio a tipclogia proposta pr Ball Bow, Gein (1996) que consaara ‘aexstncia de ts grandes grupos de pais e de esradgias na esclha da escola: 08 “consumo active" (cheles de empress, quacros superiores ou quactos médios do forescoptal cultura) or “sams compotentas onundos da wraseasooe soci ‘mas principalmante das camadas superores das cangos populares: "ce desconect ‘do (principalmento oriundos das claseee populace). $6 06 primeirs tim vecda- ‘dao partido da “vee eeaclh’ © os ulios nom chegam a ecolner. Ver sgualmente ‘aplicagto que Van Zanten (2001) fez desta upologia para o cao francés 93 ‘ABSOOLAFORLICA -REOULAAO DESREDULAGHO PRIVATZAGAO ~Em nenhuma investigag&o aparece uma relagdo nitida entre o desenvolvimento de uma politica de “livre esco- Iha" @ a melhoria globel da eficdcia do sistema escolar. —De um modo geral, verifica-se uma tendéncia para 0 au- mento de uma polarizacéo social das escolas, embora se ve~ rifiquem algumas excepgées (no caso de algumas investiga (G0es realizadas no Reino Unido e Estados Unidos) e existam varias tentativas para limitar estes “efeitos perversos” ~ Verifica-se, igualmente, um sentimento geral de ‘satistagao dos pais consumidores” que tiveram a possibilidade de escolher (independentemente dos resultados obtidos), 0 que. +0 traduz. numa maior proximidade em relago & escola, mas 'Pouco se sabe sobre os que nao tiveram essa possibilidade, ~ Os profissionais do ensino mostram, em geral, um entu- siasmo menor pelo sistema da “livre escolha” Estas conclusbes 40 congruentes com muitas outras in- vestigagSes recentes, produzidas especialmente nos Estados Unidos, como iremos ver de seguida, a propésito da avaliagdo que ¢ feita das experiéncias em curso relacionadas com as “charter schools” ¢ os "cheques-ensino" (vouchers). Como j4 foi referido® os processos de privatizagao da edu- cago s4o muito diversos e apresentam, por vezes, finalidades (6)Ver a este propésito 0 invontério feito no capitulo 1 dente vo sobre ae diferente ‘modaidades de privatizagao em uso nos Estados Unides e em outros placa, Ver ‘gualmente o capitulo 4 da autora de Henry Lavin que fomece infrmagdo muito siomificativa sobre estas duas modaldaces de “eavoha da escola", em particlat 0 ‘cheques-ensing’ 4 {A-ESCOLIADA ESCOLA" COMO MROCESSO DE REGULAGAO-BFTEGRACKO OU SELEDGKO SOCIAL? dlistintas, variando consideravelmente em fungio dos contex- tos politicas @ econémicos de cada pais, bem como das carac- teristicas dos sistemas educativos em que se inserem. Além disso, e se exceptuarmos alguns poucos paises (Paises Bai- x08, Bélgica, Chile ou a Nova Zelandia® por exemplo), as ex- periéncias de privatizagdo so quase sempre sectoriais e coe- xistem com sistemas mais convencionais ou moderizados de servigo piiblico educative. Apesar desta diversidade, nao ha diivida que a situagao existente nos Estados Unidos (até pelo préprio peso mediético que tem tudo o que se passa neste pais) aparece como uma referéncia incontomavel para os defen- sores © opositores da “livre escolha” da escola pelos pais dos alunos. Importa por isso referir, ainda que resumidamente, os principais aspectos do balango que tem vindo a ser feito, por organizagées ou autores independentes, sobre estas expe- iéncias, em particular sobre o sistema das ‘charter schools" e dos cheques-ensino (vouchers)” Em primeiro lugar é importante estabelecer quais so as prineipais diferengas existentes entre estas duas modalida- des de escolha da escola. ‘As “charter schools" so escolas ptblicas que esto em gran- de parte isentas da regulamentagao estatal ¢ local, mediante (6)A smungao.na Béigica © noe Pals Baltos i me refer aks, © propésito das meti- vagGes teliginsas da “livre escolha". Quanto ao Chile, deede 1980 que vigora um sistema nacional de “cheque-ensino" que abrange todos as eccolas publics nti- ‘vedas, nfo podendo estas cobrar propinas adicioneis. Ne Nova Zelindia, desde © Inicio da decade de 90 do século XX. que 6 permitia alive eseeha entra eecolas Dbloas. que, em ceras crcunsténciss, patem eocalhero2 alunos e cobrar propi- as adicionaia (7) Se etizayao da palavra “cheque-ensino" pare tad “voucher” comega a lnsti- ‘uctonalizar-se em Portugal, ainda no existe um termo equivalent para a “char- ter school. Uma hipétese seria “escelas sb contrat, maa atendendo & ambigu dade desta expresso ¢ sua possivel confusdo com outzas modalidades em uso ‘em Portugal, refti mantor a exprossto ingese 95 [ARSOOLAFORLICA -RECKLAGAO, DESREGULAGAO, PRIVATZAGO um contrato, temporalmente limitado, celebrado com as auto Tidades escolares, tendo por base um projecto educativo pr prio e um plano de desenvolvimento que séo objecto de ava- iagao. Dispéem, por isso, de uma grande autonomia em todos es dominios ~ financeito, administrativo, pedagégico, Soal, etc. ~ sujeita a requisitos prévios e a processos de regu-. lagao que variam de estado para estado. Podem ser constitu das a partir de escolas piblicas jé existentes ou a criar, iniciativas de pais, professores, associagées, empresas, lid tes locais, etc. As primeiras “charter schools” surgiram 1992, estando a funcionar, em 2000-2001, cerca de 2000 esco: las deste tipo, abrangendo mais de meio milhao de alin (Gill et all, p. 7)". A gestao de muitas “charter-schools” é en: ttegue a empresas especializadas, com fins lucrativos, man: tendo os promotores 0 controlo sobre o seu projecto educative que foi objecto de contrat”, O sistema do “cheque-ensino" distingue-se do anterior pois © seu objectivo 6 financiar o acesso dos alunos a escolas pri- vadas, Trata-se de uma formula de financiamento directo a familias, através de um cheque de um valor varidvel que per- mite pagar a totalidade ou parte das propinas exigidas pelo estabelecimento de ensino privado que 6 escolhido. Existem varios sistemas experimentais em muitos estados norte-ame- icanos, variando quanto ao tipo de financiadores (govemno, fun- dagées e associacdes diversas), quanto ao montante do “che- que” (nuns casos as escolas privadas envolvidas no programa (@)Existo uma abundante lteranura sobre aa “charter schools” que seria exosssivo ci- tar aaui. Uma hoa fonte de informapto aBo oe websites do Center lot Eaucation Reform nttn//edcelorm.cam ¢ do National Canter for the Study of Privatization in ‘Education yaw tc colmbia.edwooape. (95m 1960, existiam nos Estados Unidos oeren de 100 ecolas public gerdas por ‘empresas com fins hicratvos (Kemerer, 2001, p62) 96 ‘A "ESCOLA DA ESCOLA" COMO PROUESSO DE REOLLATAD RTERAGKO OW SELACEAO SOCIAL? no podem cobrar propinas superiores ao cheque, em outros casos podem), grau de regulagdo estatal, publico-alvo (todos 8 alunos ou s6 minorias com baixos rendimentos), tipo de acesso (a escola selecciona os alunos, ou é dada prioridade a certo tipo de alunos, como minorias étnicas ou familias de fra- 908 recursos, ou ento a selecgdo ¢ feita por sorteio). Apesar das semelhancas existentes entre estas duas mo- dalidades de escolha da escola pelos pais, so de assinalar al- gumas diferencas substanciais, A primeira, tem que ver com o posicionamento dos dois maiores partidos dos Estados Unidos em relacdo a cada uma delas: “O Partido Republicano fez dos cheques-ensino a ques- to central da sua plataforma educativa; os Democratas, com raras excepgdes, limitaram o apoio a escolha da escola, ao ‘sector piiblico e ao movimento das ‘charter schools” (Mitgang e Connell, 2001, p. 23) ‘Outras diferengas significativas dizem respeito aos seguin- tes dominios": — Regulagéo estatal: As “charter schools" dependem da auto- rizagdo e do controlo das autoridades escolares, mediante ‘ aprovacio e avaliacdo da execugao de um contrato. Em- bora a regulagdo seja variavel, elas tém, normalmente, de ‘cumprir um conjunto de “standards” nomeadamente no dominio dos resultados escolares. As escolas que rece- bem “cheques-ensino” néo dependem de autorizagao prévia (nem estabelecem qualquer contrato) e sao muito menos reguladas, (30) Para uma andlico exaustiva das semelhangas e dileengas ento ce programas das “charters schools” « dos “cheques-ensino”, em vigor nos Estados Unidos, consulta o capitulo 2 “Vouchers and Charts in Poicy and Practice” do io de (Gil ali 2001) donde fa retro o eavencial desta informagho. 97 ‘AFSCOLA PUBLICA REOULAAO, DeSRECRLAGAO, PVATZAGKO ~Religido: As “charter schools", tal como acontece com as escolas piiblicas convencionais, néo podem promover qualquer tipo de ensino religioso. Em contrapartida, mui- tas escolas intogradas em programas de “cheques-ensino* 880 escolas religiosas, embora as autoridades locais, em, alguns estados, possam excluir este tipo de escolas, ~Patticipagéo de escolas privadas: As “charter schools” no podem incluir escolas privadas, néo podem cobrar Propinas so financiadas por dinheiros piblicos. Em Contrapertida os “cheques-ensino” subsidiam alunos que frequentam escolas privadas juntamente com outros alu- nos ndo subsidiados. A clivagem existente entre, por um lado, apofantes e opo- sitores da escolha da escola, e por outro lado, os adeptos de uma e de outra das modalidades de escolha atrés referidas, tem estado na origem de miltiplos estudos ¢ investigages tendentes a por em evidéncia o mérito e demérito das dife- Tentes experiéncias em curso, Contudo, muitas destas avalia- {962s ndo so independentes e debrucam-se s6 sobre aspectos sectoriais. Dai a importancia do texto de Henry Levin, inse- ido no capitulo 4 da presente obra, onde 0 autor prope um quadro de referéncia global para avaliagdo das “charters schools”, dos cheques-ensino e das escolas convencionais, baseado em quatro critérios: liberdade de escolha, produtivi. dade, equuidade © coesao social, Posteriormente a redacgéo do ‘texto agora traduzido, este mesmo autor editow um livro (Levin, ed. 2001) significativamente intitulado “Privatizing Education, Can the Marketplace deliver Choice, Efficiency, Equity, and ‘Social Cohesion?” onde sao reunidos textos de varios autores ‘ue Participaram no congresso promovido pelo National Cen- ter for the Study of Privatization in Education, integrado no 98 ‘A "ESCOLA DA ESCOLA" COMD PROCESO DE REGULAKO:AIERAGHOOUSELECGAO SOCAL? ‘Teachers College (Universidade de Columbia) e que, de certo modo, péem em pratica este quadro conceptual Além desta obra de referéncia, foi igualmente editado re- centemente um livro que contém uma das mais completas e sistematicas sinteses da investigagao empirica realizada (principalmente nos Estados Unidos) sobre as “charter schools" © os “cheques-ensino” e que tem o titulo igualmente signifi- cativo de: “Rhetoric versus Reality. What We Know and What We Need to Know About Vouchers and Charter Schools" (Gill ct alli 2001). Neste livro, os autores utilizam uma grelha de analise semelhante & de Levin baseada nos seguintes crité- tios: resultados académicos; escolha; acesso; integrac&o; s0- clalizagao civica. Os resultados obtidos pelas diversas investi- gagées recenseadas pelos autores nao sao totalmente conclusivos e, por isso, grande parte do livro 6 destinada a identificar os diferentes dominios que devem ser objecto de outros estudos empiricos, bem como, as implicagées do actual estado destes conhecimentos para o processo de toma- da de decisao. De um modo muito sumario, eis as principais conclusdes que os autores retiraram da avaliagéo que fazem das evidén- clas empiricas actualmente existentes sobre os programas de “charters schools” e dos cheques-ensino (nos Estados Unidos)” ~ Resultados académicos: Os programas de “cheques-en- sino” destinados a estudantes de baixos recursos suge- tem um modesto beneficio (mas ainda incerto) nos resul- tados escolares dos alunos afro-americanos, ao fim de um ou dois anos, por comparagao com os resultados obtidos (11) desi que se segue 6 sxtrada da mula de concustes que os autres - istam sobre “o que sabemos da evidéncia empitica existenta” sobre “charters schools @ “vouchars” (il tall, 2001, pp xi). 99 ‘AESOOLAPORLICA -REGLLAGAD DESREGULAGAD,PRIVATZAGAO pela mesma categoria de alunos nas escolas piblicas convencionais. Para as criangas de outros grupos ra~ ciais/étnicos a frequéncia de escolas integradas no sis- tema de “cheques-ensino” nao fornece evidéncia de bene- ficios ou prejuizos no que se refere a resultados escolares, Os resultados obtidos nas “charter schools” sao mistos, mas sugerem que a performance destas escolas melho- ram a partir do primeiro ano da sua entrada em funcio= namento, Contudo, nenhum dos estudos sugere que, em média, os resultados escolares sao significativamente melhores ou piores do que os das escolas convencionais. ~ Escolha: Os niveis de satisfagao dos pais abrangidos pelos programas de “charter schools” e de “cheques-ensino” do elevados, indicando que eles estao satisfeitos pelas escolhas que foram toradas possiveis por estes progra- mas. Nos programas de “cheques-ensino” que foram estu- dados durante dois anos sucessivos, os niveis de satisfa- 40 parental declinaram ligeiramente no segundo ano, mas permaneceram substancialmente mais elevados do que os das escolas publicas que serviram de termo de ‘comparagao. — Acesso: Aumentaram os programas que condicionaram © acesso a verificacdo da existéncia de determinadas condigdes econémicas, o que permitiu a presenga de alu- nos de baixos rendimentos, fracos resultados escolares pertencentes a minorias étnicas nas escolas integradas em programas de “cheques-ensino” Contudo, isso no impediu quo nestas escolas (‘charters 6 “cheque-ensino”) 08 alunos com necessidades educativas especiais e os fi- lhos de pais pouco escolarizados estivessem bastante sub-tepresentados. Os programas baseados na redugao 100 coun na. EscoLr” COMO PROCESO DE REGLLAGAD MTEGRAGHO OU SELEOGHO SOC? de impostos para subsidiar despesas educativas 80 usados fundamentalmente pelas familias de rendimentos médios ou elevados. ~ Integragao: Nas comunidades onde as escolas so muito estratificadas, os cheques-ensino dirigidos a publicos es- pecificos podem contribuir, ainda que modestamente, para a integragéo racial, na medida em que colocam alu- ‘nos pertencentes a minorias, nas escolas abrangidas pe- Jos “checues-ensino”, sem, contudo, se reduzir a integragao racial existente nas escolas piiblicas. Existe uma limita- da evidéncia que sugere que, ao nivel nacional, a maior parte das “charter schools” tem uma distribuigéo ra- cial/étnica equivalente & que existe nas escolas publicas convencionais. Contudo, em alguns estados, muitas “charter schools" servem populagdes muito homogéneas do ponto de vista racial. A evidéncia existente em mui- tos outros contextos de escolha da escola, nos Estados Unidos e no estrangeiro, sugerem que os programas em larga escala onde existe uma escolha desregulada con- duzem a algum aumento da estiatificagao. ~ Socializagao civica: Nao se sabe nada, do ponto de vista ‘empirico, sobre os efeitos dos “cheques-ensino” das “charter schools” no que se tefere & socializagao civica dos alunos. Como se vé, os resultados de que dispomos a partir das varias investigagées realizadas, principalmente quando entramos ‘em linha de conta com varios critérios e nao, unicamente, com a reduco de custos, 0 aumento da eficiéncia ou a melhoria do rendimento, aconselham a uma cautelosa ponderagao na andlise das vantagens ¢ desvantagens da “escolha da escola” 101 ‘ABSCOLA PUMCA -REGLLAHO DESREOURAGHO, PRVATLAGHO © quais as modalidades mais adequadas. Esta ponderacao esta necessidade de aumentarmos o nosso conhecimento so- bre as mais diversas realidades e situagées existentes, atra- vés da investigagao, recomendaria uma maior seriedade no tratamento destas questées junto do grande ptiblico e uma maior moderagao dos arautos da “livre escolha” que véem nestas medidas a solugéo milagrosa para o que chamam de “erise da escola” Em sintese Para terminar e como s{ntese do debate actualmente exis- tente sobre a escolha da escola pelos pais dos alunos e a pri- vatizagSo do servigo educativo importa fazer duas observa- (gbes finais: Por um lado, dispomos j de um mimero significativo de dados empiricos que mostram existirem nitidos efeitos de es- tratificagao e segregaco provocados pela “escolha da escola” pelos pais dos alunos". Para os defensores de uma escola eli- tista esse 6 um bom resultado e s6 prova que a regulacdo pelo mercado funciona de maneira eficaz como mecanismo de selecgao social. Contudo, mesmo dentro das correntes liberais (12) Exc uma vas Meretrn sobre esta maria, mutas vere conlcorada polos ‘Pressupostos dos seus autores a favor ou contra a “ti scolha. Cer do 2 “lve ecaha". Contd, di pomoe iguamento de muttas invesigoges independantes clntficamente Stents que modem quantiavamete os eletos de seurogago em expo Socata coat on ep Ca y= crane Bat Bowe (905i or al Gy Scar GUD), Soka» Beceay 2) i, Foe Has G8, ahr © Verba 102 _A-ESCOLIADA ESCOLA’ CoMO ROCESS DE RSOLLACAO-ITEGRAGHO CH SELECGAD SOCAL? e conservadoras onde se encontram os maiores apoiantes da “livre escolha” hé alguns sectores que revelam preocupagao por estes dados e tentam minimizar os seus “efeitos perver- sos". #0 que se passa, por exemplo, nos Estados Unidos, com o sistema dos “cheques-ensino” (vouchers) onde sectores mais moderades tentam combater os defensores de um sis- tema totalmente desregulado (de acordo com as propostas de Friedman), através de um conjunto de medidas reguladoras, ‘como por exemplo: os “cheques-ensino” s6 s4o concedidos as familias de baixos rendimentos ou pertencentes a minorias étnicas, ou entéo é imposto um mecanismo de sorteio para seleccionar 0s candidatos; as escolas privadas séo proibidas de cobrar propinas de um valor superior ao atribuido no “che- que” (ver a proposta do Center on Education Policy, 2000). Mas como ¢ evidente, a existéncia destes efeitos de segrega- ‘go como consequéncia da possibilidade de escolha da escola pelos pais dos alunos é um argumento suficiente para 0s seus ‘opositores denunciarem o sistema, com base nos riscos que a slivre escolha” coloca a coeséo social e ao ideal de bem co- mum, subjacentes ao servigo piblico de educagao, Por outro lado, dispomos igualmente de evidéncia empi- rica sobre existéncia dos mesmos mecanismos de segrega- ‘go escolar e social nos sistemas de ensino onde no funciona a “livre escolha” Como as varias investigagdes confirmam, nos paises onde existe a "carta escolar", com a consequente ‘obrigacio de os alunos frequentarem a escola da sua residén- cla, a situagéo ndo é muito mais risonha, uma vez que 0 ‘mesmo tipo de familias acaba por conseguir “furar” o sistema, ‘em fungao des mesmos critérios. A polarizagao social, a hie- rarquizagao dos estabelecimentos, as desigualdades entre 4s 103 ‘ABSCOLAFOBLICA ~REGKLAAO DESREGLLAGHO, PIVATZAGAO escolas continuam a existir nos sistemas que utilizam a carta escolar, embora de uma maneira mais encoberta. Um dos paf- ‘ses europeus onde, até ha alguns anos, vigorou um sistema tigido de obrigacao de frequéncia da escola em fungéo da re~ sidéncia (agora em vias de alguma flexibilizagao) — a Franga ~ conta hoje com um volume significativo de investigagdes que mostram existirem fenémenos sistematicos e consistentes de ‘segregagéio gerados por processos “informais" de escolha da escola pelos pais ou de selecgao dos alunos pelas escolas, muitas vezes associados a fenémenos de exclusao escolar e urbana (ver em particular Van Zanten, 1996, 2001 e Barthon e ‘Oberti, 2000). Estes processos informais so muito variados dependem quer dos conhecimentos e espfrito de iniciativa dos pais dos alunos quer do seu estatuto econémico: obter uma derrogagao que permita frequentar um outro estabeleci- mento que nao o da sua zona de residéncia; forecer moradas falsas; “negociar” com o director da escola da sua preferéncia uma medida de excepgao a carta escolar; mudar de residén- cia para uma zona mais favoravel; recorrer ao ensino privado. Estes mesmos processos ocorrem em muitos outros paises, nomeadamente nos Estados Unidos onde, de acordo com uma estimativa feita a partir de estatisticas nacionais por He- nig e Sugarman (1999), se calcula que os pais de cerca de um tergo do total dos alunos que frequentam o ensino basico secundério, escolheram o seu local de residéncia em fungéo (19) Uma das components do projecto de invectigapio Reguleduenetk (Changes in regulation modes and socal preduction of inequalities in eueaton systems 2 European comparison’, cuja equipa portuguesa coerdene, tem por objective “malar os fenémenos de seqregao eacelat produidoe pes dversos mecanie ‘mos de escolha (foamais¢ informais) em regides especficas da Béigica fanct- ‘ona, France, Hung. Inaleterae Poruga (ver ww foes ul pcentzcloaecela 104 ‘A "ESCOLA A ESCOLA” COMD ROCESS DE REOULAAD-RTTEGRAGHO OU EELECGAO SOCAL? da escola em que queriam matricular os seus filhos (citado por Gill et alli, 2001, p. 118)°* Como se vé, nem o sistema da “livre escolha” nem o sis- tema da “obrigagao de frequentar a escola do local de resi- déncia” impedem que se verifiquem processos de segregacao escolar com origem em desigualdades sociais. No primeiro caso, essa segregagéo decorre da prépria natureza da oferta escolar: hé escolas “melhores” e “piores” que concorrem entre si para atrair clientes e, claro, os mais “poderosos” acabam por vencer. No segundo caso, essa segregagao decorre da prépria natureza da procura: ha escolas aparentemente iguais que s&0 desigualmente atractivas, em fungéo de critérios reli- giosos, sociais, de rendimento escolar, etc. que s6 os pais mais informados e mais aguertidos so capazes de descobrir mobilizar, em beneficio dos projectos de vida que tém para os seus filhos. Por isso, como dizem Meuret, Broccolichi, Duru-Bellat, (2001, pp. 235) “entre o sistema da carta escolar ¢ a selva do mercado, podem existir multiplos dispositivos de escolha controlada que podem revelar-se bastante menos desiguais” Ou entdo, como dizem Dubet ¢ Duru-Bellat; (2000, p. 186) “mais do que ‘impedir as familias de fugir, mais valia dar-thes boas razdes para o no fazer” Isto passa por garantir uma escola pitblica justa e de qualidade para todos, que tenha em conta as espe- cificidades locais, promovendo uma politica de discriminacao (14) Os dads globais desta estimativa, mesmo que indicatives, sho lucidtives do ‘process de esclhe da escola, nent pis: 41% nfo exerceram qualquer tipo de ‘secolta; 26% exerceram 2 eocclha da eacola através da seloogie da zona onde fam resid: 10% escolheram escolas privads; 11% recorreram a mecanismos ‘experiments de eacotha da escola existent em diverace diatritos ecole: 25 refer oensino domestico: 1% as “charter schools (Gilet all, 201, p. 118). 105 Positiva que corrija as assimetrias econémicas e sociais e fa- zendo da participago dos alunos, dos professores e dos pais ‘um exercicio permanente de cidadania. ‘Come tenho escrito, a propésito das questées da gestéo lo- cal e da autonomia da escola, é preciso evitar reduzir 0 de- bate sobre as politicas educativas & falsa dicotomia entre a administrago centralizada, planificade e hierarquizada, por um lado, 0 mercado, descentralizado, concortencial @ aut6- nomo, por outro. A realidade é mais complexa do que este ra- clocinio pressupée e existem outras alternativas na educagao publica, entre o “centralismo estatal” e “a livre concoréncia do mercado”, entre “a fatal burocracia do sector piblico” e “o mito da gestéo empresarial”, entre “o siibdito” @ 0 “cliente” No caso presente, isso significa que a opgao nao pode es- tar limitada entre, por um lado, preservar a escola ptbblica im- pedindo as familias de fugirem dela, e por outro, aniquilar a escola piblica com a criagdo artificial de um mercado educa- tivo sustentado com dinheiro piblico. A solugéo passa, pelo coniratio, por um reforgo da dimenséo civica e comunitéria da escola publica, restabelecendo um equilibrio entre a fun- go reguladora do Estado, a participagao dos cidadaos e 0 Profissionalismo dos professores, na construgao de um “bem. ‘comum local” que é a educag&o das criangas e dos jovens (Barroso, 1999). Por isso, em vez de “dar a cada escola o seu liblico” é preciso que cada escola se abra a “diversidade dos seus publicos”, 0 que 86 é possivel se for intransigente no re- conhecimento dos seus direitos e se for solidéria com as suas necessidades, interesses e anseios. E isto, nao sendo a regra, infelizmente, em Portugal, acontece com mais frequéncia do que muita comunicagao social deixa supor. Referéncias Bibliogréficas AFONSO, Almetindo Jancla (1097). “O nodlberaismo educacional mitigado numa \década de governagio soci'demecrata. Um contribute socilégice para pensar ‘seforma ecucativa em Poreagal (1986-1995) In: Revista Partuguosa de Educa- ‘eto, 102), pp. 108-197 [AFONSO, Almerindo Janla (200) "Plticas educativas em Portuge (1985-2000): referma global, o pacto educativoe os rejustamentos neo-teformistas. In: Af rio Catanie Romualdo Osvaia, org, (2000). 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