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Cartilha Ecossistema - Módulo 1
Cartilha Ecossistema - Módulo 1
DIGITAL
Ecossistema de
Transformação Social
CHILDFUND BRASIL
Diretor
Mauricio Cunha
Conselho Fiscal
Coordenador: Rogério Magalhães
Conselho de Administração
Presidente: Elisabete Waller Alves
Redação e Organização
Maria Leolina Couto Cunha
Projeto Gráfico:
Agência UP Business
Cartilha Digital - Etapa 1 do Selo Childfund Brasil de Proteção à Infância. Projeto ecossistema
de igrejas protetoras da criança / Maria Leolina Couto Cunha: CHILDFUND BRASIL, 2023.
SUMÁRIO
Sobre Apadrinhamento.........................................................................................................................................................8
Apresentação .................................................................................................................................................................................10
Introdução .......................................................................................................................................................................................11
1. Marco conceitual...........................................................................................................................................................13
2. Marco histórico...............................................................................................................................................................14
3. Desconstrução de mitos.........................................................................................................................................16
4. Principais características........................................................................................................................................19
6. Perfil do agressor..........................................................................................................................................................21
7. Perfil da vítima................................................................................................................................................................21
1. Marco conceitual...........................................................................................................................................................28
2. Marco histórico...............................................................................................................................................................31
3. Desconstrução de mitos.........................................................................................................................................31
7. Perfil do agressor..........................................................................................................................................................36
8. Perfil da vítima...............................................................................................................................................................37
Todos os anos, apoiamos, só no Brasil, mais de 100 mil pessoas – crianças, suas famílias e a
comunidade onde vivem. Nossa missão é possibilitar que todas as crianças cresçam saudáveis,
instruídas e protegidas, a fim de que possam alcançar todo o seu potencial.
Fazemos muito todos os dias, mas ainda, há muito o que fazer: 21,9 milhões* de crianças
vivem abaixo da linha da pobreza no Brasil e esse número vem aumentando drasticamente a
cada dia.
Missão
Valores
Visão
Um mundo em que todas as crianças tenham seus direitos respeitados e alcancem seu potencial.
[4]
O ChildFund
Organização humanitária
global que trabalha pela
proteção infantil e
desenvolvimento social.
CE
PI PB
BA
GO
24 países com
mais de 16 milhões
MG
de pessoas apoiadas
no mundo.
SP
Somos líder em assistência social no Brasil, tendo sido eleitos como a melhor ONG
para crianças e adolescentes, por três vezes consecutivas. Além disso, estamos entre
as 100 melhores ONGs do país, há seis anos consecutivos.
[6]
Nosso trabalho é
voltado para dois
eixos principais:
[7]
Apadrinhamento
Desde 1966 no Brasil, o ChildFund Brasil é uma organização que elabora e monitora programas
e projetos sociais para transformar vidas. Só é possível realizar esta transformação com o apoio dos
padrinhos e madrinhas que investem nas vidas de milhares de crianças e adolescentes pelo Brasil.
Ao contribuir com o ChildFund Brasil, você também se torna responsável pela transformação
social de milhares de crianças, adolescentes e jovens em situação de privação, exclusão e vulnera-
bilidade. Tudo isso por R$2,23 por dia.
Evandro Luiz
[8]
Campanha de Advocacy ChildFund Brasil
Muita coisa pode acontecer a uma criança quando não estamos cuidando. Maus-tratos. Abu-
sos. Exploração sexual pela internet.
O Brasil ficou em primeiro lugar, entre 13 países, no Índice de Risco de Violência Contra Crian-
ças*. Grande parte dessas violências acontece em casa, praticadas por pessoas próximas. Entre os
meninos e meninas com idades de 10 a 12 anos, 67% não se sentem suficientemente protegidos
contra a violência**. O percentual mundial é de 40%. Um quadro grave e perturbador.
A prevenção é o melhor caminho para transformar essa realidade. Por isso, o ChildFund está
realizando a campanha “Criança é pra ser Cuidada” a fim de mobilizar toda a sociedade para pro-
teger as crianças de qualquer tipo de violência.
Toda criança tem o direito a uma vida digna, cercada de cuidados e proteção. Só assim poderá
desenvolver todo o seu potencial e adquirir as ferramentas para construir o seu futuro.
As violências contra as crianças roubam esse potencial. Criam medo, culpa, desconfiança e
fazem a criança se fechar para o mundo.
Como fazemos isso? Mobilizamos o poder público, tomadores de decisão e toda a sociedade
em prol de políticas públicas e leis que previnam essa realidade.
Por meio de ações educativas, ensinamos famílias o que fazer concretamente para prevenir os
diversos tipos de violência.
Levamos esse conhecimento às principais pessoas que formam o mundo da criança: pais, res-
ponsáveis, cuidadores e professores, entre outras.
Além disso, com palestras e oficinas do nosso programa Infância Saudável e Protegida, ensina-
mos ações concretas de prevenção a pais, responsáveis, cuidadores e professores.
Águeda Barreto
Coordenadora de Advocacy
Advocacy Coordinator
ChildFund Brasil - Fundo para Crianças
Fone: +55 (31) 3279-7410 | (31) 9 91904441
[9]
Apresentação
Prefácio à Cartilha
Sabemos que a criança é o público vulnerável que mais sofre violências e violações de direitos
em nosso país, e que estamos falando de um fenômeno complexo, com origens e implicações cul-
turais, econômicas, psicológicas e sociais, e por isso mesmo, tão difícil de ser combatido. Mais grave
ainda é constatar que cerca de 80% dos casos de violência acontecem no ambiente doméstico,
isto é, justamente no espaço que deveria ser de cuidado, amor e proteção.
Não podemos mais aceitar essa realidade cruel em que crianças permanecem vítimas de toda
sorte de maus-tratos, abuso e exploração sexual, violência psicológica e institucional! Mas sabemos
que esta batalha só será vencida com a participação e o engajamento de todos, numa verdadeira
cruzada pela proteção de infância.
Boa leitura!
Mauricio Cunha
Diretor de País
ChildFund Brasil
[ 10 ]
Introdução
A violência doméstica contra crianças e adolescentes (VDCA) está presente em nosso cotidia-
no. Suas formas mais recorrentes são os abusos físicos, sexuais e psicológicos. Embora exista des-
de os tempos mais antigos, poucos conhecem a intensidade e abrangência desse fenômeno. Tal
desconhecimento acaba por alimentar e incentivar mais ainda o ciclo de violência e impunidade.
A maioria, quando confrontada com a violência intrafamiliar, não sabe como agir. O silêncio
parece a melhor saída, já que se envolver num terreno tão perigoso e conflitante, poderá trazer
consequências negativas.
Mais comum do que se pensa, a violência intrafamiliar contra o público infantojuvenil é uma
prática silenciosa que atinge diariamente milhares de crianças e adolescentes. Por tratar-se de um
fenômeno próprio do ambiente doméstico, esse tipo de violência é de difícil constatação. O volu-
me de denúncias não condiz com a realidade. Muitos autores comparam as estatísticas existentes
apenas como uma ponta de um grande iceberg.
O artigo 227, CF/88 afirma ser dever da família, da sociedade e do Estado colocar crianças e
adolescentes a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão.
Esperamos que os conhecimentos aqui compartilhados possam contribuir para prevenir e en-
frentar a violência doméstica, estimulando a adoção de boas práticas voltadas para o fortaleci-
mento dos vínculos familiares e a proteção de crianças e adolescentes.
Leolina Cunha
[ 11 ]
Violência doméstica na
modalidade
MAUS-TRATOS FÍSICOS
contra crianças e adolescentes
[ 12 ]
Marco Conceitual:
AÇÃO ou OMISSÃO
disciplinar ou punitiva
parentes
crianças
pais
adolescentes
responsáveis
PROVOCANDO IMPLICANDO
lesões transgressão de
poder, dever de
proteção do adulto
sofrimento físico
numa
podendo chegar coisificação
até a morte da infância
[ 13 ]
Marco Histórico:
Idade Antiga
Sacrifício a Moloch
(2000 a.c a 1500 a.c)
Era comum, nas nações vizinhas a Israel, os pais queimarem os próprios filhos em holocausto a
Moloch, deus dos amonitas, que tinha corpo humano e cabeça de touro. Ele exigia o sacrifício de
crianças em troca de boas colheitas e prosperidade
O fato de ser oferecida em sacrifício ritualístico, sem nenhuma censura da sociedade, mostrar
o pouco valor que a vida de uma criança tinha naquela época.
“Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Também dirás aos filhos de Israel: Qual-
quer que, dos filhos de Israel, ou dos estrangeiros que peregrinam em Israel, der
da sua semente a Moloch, certamente morrerá; o povo da terra o apedrejará com
pedras.” Levítico, 20: 1,2.
Para Refletir:
Simbolicamente, na atualidade ainda existem pais sacrificando seus
filhos a Moloch? Como?
Idade Média
Séc.V (desde 476) – Séc. XV
Philippe Ariès relata que até o século XII o conceito de infância ainda não tinha sido descober-
to. A sociedade da idade média não fazia distinção entre infância e fase adulta. Essa diferenciação
começou a existir apenas do fim do século XVII.
[ 14 ]
Curiosidade da Idade Média:
Era comum tomar banho numa única tina cheia de água quente.
Quando chegava a vez dos bebês a água já estava tão suja que era possível “perder” um bebê lá
dentro. Por causa desse costume, ainda hoje ouvimos o ditado: “Não jogue o bebê fora junto com
a água suja do banho”.
Para Refletir:
De acordo com o Mestre Jesus, qual o valor de uma criança?
Idade Moderna
Séc.XV (desde 1453) – Séc. XVIII (até 1789)
Segundo ARIÉS,1981:
“A descoberta da infância começou sem dúvida no século XIII, e sua evolução pode
ser acompanhada na história da arte e na iconografia dos séculos XV e XVI. Mas os
sinais de seu desenvolvimento tornaram-se particularmente numerosos e signifi-
cativos a partir do fim do séc XVI e durante o séc XVII“
Logo que deixavam os “cueiros”, as crianças vestiam modelos de roupas iguais aos dos adultos.
Somente no fim do século XVII, o traje infantil começou a ser usado. É importante destacar que
inicialmente só as crianças do sexo masculino puderam fazer uso do traje infantil, sendo que no
século XVIII as meninas também alcançaram o mesmo privilégio.
[ 15 ]
Idade Contemporânea
Séc.XVIII (desde 1789) – Séc. XXI
No século XIX, surgiu uma preocupação mais consistente com a criança, passando a mesma
a ser encarada como um ente importante da família e possuidora de valor. Essa nova forma de
enxergar a criança se deveu ao surgimento de ciências como a psicologia, psicanálise e pediatria,
que se firmaram como formas autônomas de saber e cujo um dos principais objetos de estudo era
o público infantil.
Não obstante aos avanços mencionados, foi também nesse período, durante a Revolução In-
dustrial, que as crianças sofreram brutais explorações, sendo costume trabalharem 16 horas diárias
nas fábricas presas a correntes a fim de se evitar que fugissem.
Em 1896, nasceria em Nova York o embrião do DIREITO TUTELAR DA CRIANÇA , por meio de
um caso concreto de maus-tratos físicos de uma menina de 09 (nove) anos, chamada Mary Ann.
Todos sabiam que os pais de Mary a maltratavam de forma bárbara, porém ninguém tinha cora-
gem de intervir.
Após o emblemático caso de Mary Ann, começaram a ser criadas as legislações voltadas para
promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, e nos séculos XX e XXI surgiram códi-
gos e Estatutos em todo o mundo. No Brasil, as principais legislações nesse sentido foram o Código
de Menores (já revogado) e o Estatuto da Criança e do Adolescentes (em vigência).
Desconstrução de mitos
Mitos são convicções que, mesmo diante de provas concretas ao contrário, continuam sendo
aplicados por desinformação ou pretensões ocultas. É importante destacar que todos nós somos
frutos das crenças e costumes do meio em que vivemos.
Considerados verdades absolutas, os mitos são transmitidos por sucessivas gerações. Romper
esse ciclo, se constitui uma tarefa árdua, exigindo de cada um de nós coragem para quebrar para-
digmas e enxergar o mundo sob uma nova perspectiva.
Toda criança é uma pessoa má em potencial e deve ser submetida a castigos cor-
porais moderados e severos, para que possa ter um crescimento adequado e uma
[ 16 ]
personalidade boa, do mesmo modo como uma árvore para crescer frondosa e
retilínea deve estar amarrada ao poste. (Santos, 1987: 24)
O mito da criança malvada, vem sendo apregoado desde a antiguidade. A ideia de que a crian-
ça nasce com o mal dentro de si, alimenta a crença de que precisa ser domada por meio da vara
a fim de não se rebelar.
Entretanto, tal pensamento nada tem a ver com as ordenanças de Deus. Quando observamos
as palavras de Jesus, vemos que em momento algum ele incentivou a ideia de que as crianças
são pessoas más em potencial e devem ser submetidas a castigos corporais moderados e severos.
Ao contrário disso, seu conceito sobre o caráter e a índole das crianças era elevadíssimo, ao ponto
de dizer que o padrão para se entrar no céu era ser puro de coração como as crianças.
Mt 18: 1-3
A MATERNAGEM e a PATERNAGEM estão longe de ser sentimentos automáticos. Eles são sen-
timentos CONSTRUÍDOS, ALIMENTADOS e DESENVOLVIDOS diariamente.
[ 17 ]
Mito da família perfeita
Muitos alimentam a falsa crença de que a família é por natureza harmoniosa e imune a con-
tendas ou defeitos. A verdade é que as relações familiares são marcadas pela diferença de gênero
(masculino X feminino) e pela diferença de geração (crianças X adultos X idosos).
60.652 45.443
denúncias denúncias
Para Refletir:
Para a proteção das crianças e adolescentes é fundamental investir
no fortalecimento dos vínculos familiares. Como sua igreja tem
realizado essa tarefa?
[ 18 ]
Principais Características:
Agressores mais comuns
PAIS/MÃES:
BIOLÓGICOS
ADOTIVOS
PADRASTO/MADRASTA
A maioria dos agressores de violência física elege um determinado filho como alvo principal
para receber maus-tratos.
Caso concreto: Garoto é torturado pela mãe desde 08 anos. “Desejo boa
sorte pra ela, mas não quero ver nunca mais”. A frase, de um garoto de 15 anos
para sua mãe, pode parecer cruel, mas só pra quem não conhece a história de
OS. Desde os 08 anos, OS. é torturado por sua mãe, M.A., presa desde o ano
passado por maus-tratos ao filho. M.A. cravou uma chave de fenda do céu da
boca de OS., cortou sua orelha esquerda, arrancou parte de seus dentes com
alicate e, de tanto chutar seu estômago, o intestino de O.S. rompeu-se. Motivo
de tanta violência: OS. se parece com uma meia-irmã, filha de seu pai fora do
casamento com M.A.. Os outros três irmãos, que não se parecem com a meia-
-irmã, nunca foram molestados ou torturados por M.A.. (Folha de São Paulo,
09/12/1995, página 03).
[ 19 ]
Os agressores geralmente são pessoas normais
Mais do que questões associadas a quadros psiquiátricos ou psicológicos graves, o agressor
tem seu comportamento influenciado pela cultura.
A faixa etária dos 07 aos 13 anos é a mais atingida pela violência física.
Fatos Geradores:
[ 20 ]
Perfil do Agressor:
• Vê a criança como um objeto de sua propriedade;
Perfil da Vítima:
• Teme exageradamente os pais;
• Baixa autoestima;
• Isolamento e tristeza;
• Quando examinada pelo médico, aparenta indiferença, apatia, tristeza ou reage com medo
excessivo, como alguém que busca se defender de uma agressão.
[ 21 ]
Sinais identificadores de maus-tratos:
Preste muita atenção:
Ex: Equimoses com a forma de “marcas de dedos” nos braços e tórax, provocadas por movi-
mentos bruscos e violentos.
Lacerações labiais com arrancamento do freio labial e/ou ferimento das gengivas, chegando
inclusive à perda de dentes.
Tipos de objetos mais comuns: vara, chicote, fio elétrico, corda, fivela, cinto, cabide, escova de
cabelo, raquetes, barra de ferro, pedaço de pau, mãos, dedos, nós dos dedos, solado de chinelo ou
sapato, colher, faca, garfo, etc.
Ferimentos causados pelo uso de corda, fio ou corrente para prender mãos, pés ou pescoço.
Caso concreto: Garotos eram mantidos acorrentados pelo pai. Dois irmãos,
de oito e nove anos, foram encontrados anteontem pela polícia de Guaianazes,
zona leste de São Paulo, presos a correntes fechadas por cadeados. M.S.S., 8,
R.S.S., 9, moram com a família. A mãe dos garotos disse aos policiais que o
marido “é um pouco violento”. Segundo ela, seu marido costuma aplicar casti-
gos físicos nos meninos e colocá-los ajoelhados sobre grãos de milho, além de
amarrá-los. As crianças foram entregues à mãe. (Folha de São Paulo, 18/12/1993,
página 3, caderno Cotidiano).
[ 22 ]
Caso concreto: Pai é suspeito de morder e bater em bebê de 8 meses em
Laranjal Paulista. A Polícia Civil de Laranjal Paulista (SP) investiga um suposto
caso de agressão contra um bebê de 08 meses. O autor do crime seria o pai da
criança, que está foragido. O bebê deu entrada na Santa Casa de Tietê (SP), uma
cidade vizinha, no sábado (28) às 23h50, com hematomas nas pernas e com
mordidas na bochecha. Após os exames, os médicos teriam constatado que
eram agressões. A mãe da criança registrou um boletim de ocorrência contra o
marido. (G1 Globo, 02/03/2015)
Ferimentos da mucosa oral provenientes da ação de obrigar a criança a comer à força, por
meio da introdução brusca e violenta de colher na boca.
Ferimentos produzidos por instrumentos perfurocortantes (faca, punhal, espeto, etc) usados
geralmente com requinte de perversidade, mas não com a finalidade de matar.
Queimaduras:
Geralmente a queimadura acidental apresenta forma irregular devido a reação que temos
de afastar o corpo imediatamente do instrumento causador do dano. Já as queimaduras pro-
venientes de maus-tratos, além de profundas, são bem delineadas.
Tipos de queimaduras:
c) Queimadura de cigarro:
[ 23 ]
d) Queimadura localizada na região genital e nádegas:
O agressor atira o líquido quente propositadamente sobre a criança. Esse tipo de queima-
dura se caracteriza por atingir várias áreas do corpo, atingindo comumente a face e a parte
posterior do ombro.
Caso concreto: Criança de 05 anos pede comida à mãe que joga feijão
quente no rosto do filho. Um casal teria iniciado às 17h uma discussão na
casa onde moram... A briga se estendeu até por volta das 22h20min e foi no-
tada por grande parte dos vizinhos que preferiram não se intrometer. Após
este horário, o filho do casal teria pedido para a mãe comida, dizendo que
estava com fome. A mãe enlouquecida pegou uma panela com feijão quen-
te e jogou no rosto do menino. A Polícia Militar foi chamada e teve que inva-
dir a casa e arrombar um dos cadeados da porta para libertar a criança que
ainda estava em poder dos pais. Assustado e ferido, o garoto foi levado pela
polícia até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para cuidados médicos.
O Conselho Tutelar foi chamado e acompanha o caso. Os pais do menino
estão presos na Polícia Civil. (TL Notícias, 07/02015)
Esse tipo de queimadura deve levantar suspeitas de maus-tratos por afetar áreas que difi-
cilmente são queimadas acidentalmente.
Exemplos: ferro elétrico, chapa de fogão, colher, faca, garfo, fundo de frigideira, tampa de
panela, lâmpadas, etc.
Caso concreto: Z.O.C., de seis anos, foi torturada no Rio pelo seu padras-
to, J.M.P., de 22 anos, que a queimou nas nádegas, coxas e pés, com um ferro
de passar roupa. Na delegacia de polícia, ele explicou que a garota mexeu no
despertador, fazendo com que perdesse a hora. Além de queimar a menina,
colocou sal sobre os ferimentos “para arder bastante”. A mãe de Z.O.C. estava
viajando e por isso ela buscou ajuda de uma vizinha que a levou ao posto poli-
cial. (O Estado de São Paulo).
[ 24 ]
Caso concreto: Criança de 04 meses tem braços e nariz fraturados pelo pró-
prio pai. Policiais do Posto de Comando Avançado 04 (Seis Bocas) prenderam na
tarde de ontem o desocupado G.I.S. minutos depois dele ter agredido sua filha, a
pequena R. I. C., de quatro meses, que teve os dois braços e o nariz quebrados e
sofreu várias escoriações.... Perguntado pelo motivo que o levou a agredir a crian-
ça, G.I. limitou-se a afirmar que nada tinha a declarar. (Jornal Diário do Nordeste,
16/11/1995, página17).
c) Fraturas de costelas geralmente causadas por impactos violentos causados por chutes e ar-
remesso do corpo sobre superfícies planas.
d) Fraturas de bacia, são muito raras em crianças e geralmente decorrem de impactos violentos.
Roturas
a) Roturas viscerais localizadas no fígado, baço, rim, intestino, etc, ocasionadas geralmente por
socos e chutes na parede abdominal.
Tipos de Síndromes:
Síndrome do Bebê Sacudido
É uma lesão cerebral gravíssima, ocasionada geralmente em crianças de até 02 anos de idade,
devido a fortes sacudidas em seu corpo. A brutalidade desses impactos acaba por comprometer a
massa encefálica que se desloca bruscamente em decorrência da violência.
ATENÇÃO: Os sinais da síndrome podem ser evidenciados por meio de hemorragias em re-
giões do cérebro, contusões, edema de sistema nervoso central, hemorragia de retina, fratura da
calota craniana, sangramento nas membranas que cobrem o cérebro (Hematoma subdural), va-
riação no nível de consciência, irritabilidade, sonolência, convulsões, paralisias, problemas respira-
tórios, hipoventilação, coma e morte.
[ 25 ]
Síndrome de Munchausen
Criança, cuja doença não apresenta um diagnóstico claro e que não reage ao tratamento
médico;
Contradição flagrante entre as histórias relatadas pelo agressor sobre os sintomas da doença
da criança e o diagnóstico encontrado pelo médico e/ou apontado pelos exames clínicos;
Melhora significativa sempre que a criança é afastada do agressor, vindo a recair logo que
passa a conviver de novo com o mesmo;
A Lei 13.010/2014, mais conhecida pelo nome “Lei Menino Bernardo”, estabeleceu o direito da
criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de trata-
mento cruel ou degradante.
Para a legislação brasileira, o castigo físico é uma ação de natureza disciplinar ou punitiva apli-
cada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em sofrimento físico
ou lesão.
[ 26 ]
Violência doméstica
na modalidade
ABUSO SEXUAL
contra crianças e adolescentes
[ 27 ]
Marco Conceitual
O abuso sexual contra crianças e adolescentes é uma relação adultocêntrica marcada pela re-
lação desigual de poder. Pode acontecer dentro do ambiente doméstico ou fora dele, porém sem
a intenção da compra de sexo. O autor da agressão pode ser pessoa conhecida ou desconhecida
da vítima. Quando o abuso acontece dentro da família, o fenômeno é também conhecido como
“incesto” ou “abuso sexual intrafamiliar” e o agressor mantém vínculos de consanguinidade, afini-
dade ou responsabilidade legal com a vítima.
Todo ato de
NATUREZA ERÓTICA
Adulto crianças
Adolescentes
adolescentes
mais velho
De acordo com ALLENDER (1999), o abuso sexual pode ocorrer com ou sem contato físico e
ambas as modalidades variam quanto ao grau de intensidade e dano.
[ 28 ]
Hipóteses de Abuso sexual SEM contato físico
[ 29 ]
IMPORTANTE VOCÊ SABER!!!
Estupro de Vulnerável - Art. 217, A, CP
Ter conjunção carnal ou praticar outro ATO LIBIDINOSO com MENOR DE 14 ANOS.
ATENÇÃO:
Para que ocorra estupro é desnecessário a existência de contato fí-
sico entre a vítima e o autor da agressão. O pressuposto do crime de
estupro é o envolvimento corporal da vítima no ato libidinoso.
Exemplo1:
Exemplo 2:
ATENÇÃO:
Existe o crime de estupro na modalidade OMISSÃO.
Exemplo:
Mãe que não esboça nenhuma reação para impedir que seu compa-
nheiro obrigue a filha menor de idade a ter com ele relação sexual.
[ 30 ]
Marco Histórico
A mitologia grega aborda o tema do abuso sexual com extraordinária variedade de detalhes.
Seu principal deus, Zeus, tinha intensa atividade sexual com deusas, ninfas, homens, mulheres e
animais. Sua vida amorosa teve início com sua irmã Hera, configurando, nesse caso, a prática do
abuso sexual na modalidade incesto.
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Um exemplo famoso de abuso sexual de crianças foi protagonizado a
rie
pelo imperador Tibério Cláudio Nero César, que era pedófilo, e tinha por
-L
an
costume recrutar crianças para lhe servir sexualmente em cerimônias
Ng
uyen / Wikim
pervertidas e lascivas. Suetônio conta que o imperador costumava ba-
nhar-se na companhia de crianças em uma piscina particular, “fazendo
de conta” que elas eram peixinhos. Um desses peixinhos foi seu sobrinho-
-neto, Calígula, que posteriormente tornou-se imperador, vindo a chocar
e dia
a sociedade romana pelo grau de crueldade e perversão sexual durante
Co
m
m
seu governo.
on
s
O incesto também foi relatado na Bíblia. Ló, sobrinho de Abraão, teve relações sexuais com
suas duas filhas.
“Não descobrirás a nudez de teu pai e de tua mãe; ela é tua mãe; não
lhe descobrirás a nudez. Não descobrirás a nudez da mulher de teu pai;
é nudez de teu pai. A nudez da tua irmã, filha de teu pai ou filha de tua
mãe, nascida em casa ou fora de casa, a sua nudez não descobrirás. A
nudez da filha do teu filho ou da filha de tua filha, a sua nudez não des-
cobrirás, porque é tua nudez. Não descobrirá a nudez da filha da mulher
de teu pai, gerada de teu pai; ela é tua irmã. A nudez da irmã do teu pai
não descobrirás; ela é parenta do teu pai. A nudez da irmã de tua mãe
não descobrirás; pois ela é parenta de tua mãe. A nudez do irmão de teu
pai não descobrirás; não te chegarás à sua mulher, ela é sua tia. A nudez
de tua nora não descobrirás; ela é mulher de teu filho, não lhe descobri-
rás a nudez. A nudez da mulher de teu irmão não descobrirás; é a nudez
de teu irmão. A nudez de uma mulher e de sua filha não descobrirás; não
tomarás a filha de seu filho, nem a filha de sua filha para lhe descobrir.” (Lv 18: 7-17)
Desconstrução de mitos
A prática do abuso sexual se fortalece e muitas vezes é legitimada pela crença em mitos. Mitos
são mentiras travestidas de verdade. Em outras palavras, são crenças que, apesar de não apre-
sentarem provas concretas, continuam sendo aplicadas por ignorância ou pretensões ideológicas
ocultas.
[ 31 ]
Considerados verdades absolutas, romper com os mitos constitui tarefa árdua, exigindo cora-
gem para quebrar paradigmas e assumir uma nova forma de ver o mundo.
ou seja, 10%, serão vítimas de abuso sexual antes de completarem 18 anos (5).
“Num dia de verão quando eu tinha sete anos, eu estava trabalhando na cozinha
com mamãe. À minha maneira tentei dizer a mamãe que papai estava me ferindo.
Mas mamãe não se preocupou. Ela gritou comigo por até pensar qualquer coisa
má sobre papai e disse que jamais queria ouvir outra palavra de mim sobre o as-
sunto. Ela simplesmente esquivou-se, dando de ombros. Ela não me amava. Não
se importava com o que acontecia comigo, e isso me arrasou. Ninguém se impor-
tava. Ninguém me amava. Ninguém me queria. Eu desejava morrer. Já não havia
nenhuma razão para ter esperança, porque se mamãe não podia ajudar, então
quem poderia? “
[ 32 ]
Métodos usados no abuso sexual
SADISMO
O agressor, para se satisfazer sexualmente, necessita provocar dor na vítima. Esta dor pode ser
física ou emocional:
a) Simples fantasia
“Eu tinha de fazer tudo que ele me mandava. Muitas vezes isso significava
que ele colocava seu pênis ou outros instrumentos dentro de mim. Se eu fosse
“boazinha”, então a situação ia melhorar. Se eu não fizesse as coisas exata-
mente como ele queria, ele urinava em mim. Até me fez comer o excremento
dele quando eu não era boazinha. Mas descobri que, à medida que o tempo
passava, eu nunca conseguia ser suficientemente boazinha. Muitas vezes ele
me violentava de todas as maneiras possíveis e depois ia embora, deixando-
-me para “que me limpasse” a fim de poder entrar novamente em casa.” LAN-
GBERG (2002) (11)
AMEAÇA
Apesar de não usar a violência física, o método de ameaçar a vítima mostra-se extremamente
eficaz e cruel. A criança é crédula por natureza e leva a sério as palavras dos adultos. O abuso sexual
mediante ameaça causa grande sofrimento psicológico. Geralmente as ameaças têm como alvo a
própria pessoa da vítima ou de seus entes queridos.
INDUÇÃO DA VONTADE
Quanto mais habilidade tiver o agressor, mais esse método será utilizado para iludir a vítima. A
indução da vontade geralmente é feita por meio da oferta de presentes, promessas e concessões
de privilégios.
... nas classes mais pobres, o pai joga a filha numa cama, põe uma faca, um ca-
nivete, um revólver, a arma que tiver, ao lado da cama e estupra a filha e diz: ‘Se
você abrir a boca, eu mato você, mato a sua mãe, todos os seus irmãos.’ A menina
vive sob ameaça concreta. Agora, é muito pior nas camadas privilegiadas. Não se
ameaça com revólver nem com faca. Não há ameaça. O que há é um processo de
sedução que, ao meu ver, é muito mais deletério para a saúde emocional da crian-
ça que a ameaça grave. Porque o pai vai seduzindo, ele vai avançando nas carícias
– eu digo o pai porque é a figura mais frequente, mas isso não impede que seja o
avô, o tio, o primo, o irmão, etc. – e é muito difícil para uma criança distinguir entre
a ternura e o afago com fins genitais.
[ 33 ]
ATENÇÃO:
A criança ou adolescente, seja qual for o método usado para praticar
o abuso sexual, não podem ser considerados culpados em hipótese
alguma. A culpa deverá sempre recair sobre a pessoa do adulto que
tem o dever e o poder de proteger a vítima. Isso se justifica plena-
mente devido a peculiar condição de ser humano ainda em desen-
volvimento atribuida às crianças e adolescentes, não tendo, portan-
to, ainda maturidade, nem estrutura psicológica suficiente, para se
defenderem das investidas sedutoras do agressor.
Principais características:
Abuso de Poder:
O agressor tem superioridade física, social, psicológica e legal em relação a criança ou adoles-
cente vitimizado.
Traição da Confiança
Por tratar-se de abuso sexual intrafamiliar, o agressor é uma pessoa conhecida da vítima. Pode
ser parente (incesto) ou amigo da família.
Violência Psicológica
Seja qual for o método usado, a violência psicológica sempre estará presente no abuso sexual.
Sigilo da Vítima
“se você contar “se você contar “se você contar, “se você contar, eu “Ninguém dará
para alguém eu vão ficar zanga- vão te mandar mato seus pais” crédito a você”
te mato” dos com você” embora de casa”
[ 34 ]
IMPORTANTE VOCÊ SABER!!!
Abuso sexual se inicia na faixa etária entre 06 a 12 anos (11), ficando mais frequente dos
08 a 12 anos (4).
75% das mulheres que tiveram seus filhos abusados sexualmente, foram também
abusadas sexualmente em suas próprias infâncias (12).
Agressores sexuais de crianças que sofrem distúrbios psiquiátricos são uma minoria (12).
20% a 35% dos agressores sexuais de crianças e adolescentes foram também abusa-
dos sexualmente em suas próprias infâncias (12).
35% das famílias incestogênicas abusam de álcool. (12).
De acordo com os dados do Disque 100, em toda sua série histórica, a maioria dos
abusadores sexuais é do sexo masculino e suas vítimas do sexo feminino (14).
Quando meu pai vinha do serviço à noite, nosso sofrimento era maior. Nem bem
chegava e já começava a nos surrar. Na maioria das vezes, não sabíamos nem o
porquê de estarmos apanhando. O que sabíamos era que meu pai não gostava
de nos ver brincar. Na verdade, a gente nunca podia fazer nada. Falar era motivo
de surra; chorar era motivo de surra; tudo o que fazíamos era motivo de surra. AN-
DRADE (1998)
b) Problemas sexuais:
“Meu pai obrigou minha mãe a manter relações sexuais quando ela ainda estava
no período de dieta. Ela sentia muita dor e tinha nojo do marido.” ANDRADE (1998)
c) Isolamento social:
d) Ausência de limites:
A vítima de incesto, não tem direito à privacidade. Sua intimidade é invadida sistematicamen-
te pelo agressor, sendo seu corpo objeto de violência física e sexual.
[ 35 ]
e) Confusão de papéis:
No incesto tipo “pai e filha”, geralmente a filha assume as funções da mãe, desempenhando
as tarefas domésticas, e o pai passa a tratar a filha como esposa substituta, esperando que ela lhe
proporcione gratificação sexual e apoio emocional.
De acordo com MARSHALL (1990), 35% das famílias incestogênicas abusam de álcool.
Perfil do agressor:
Agressor incestogênico:
[ 36 ]
São pessoas aparentemente normais;
O agressor geralmente é imaturo, egoísta, sem estrutura emocional para construir relaciona-
mentos saudáveis;
Acredita que o relacionamento sexual com sua criança é forma de amor familiar;
Perfil da vítima:
Segundo a Classificação de Duncan & Baker (apud Azevedo e Guerra (2000)), o perfil da criança
e do adolescente vítimas de abuso sexual apresenta as seguintes características:
[ 37 ]
Perfil vítima: De 4 a 6 anos
• Desordens do apetite.
[ 38 ]
Perfil vítima: De 13 anos ou mais
• contraceptivos; • Depressão/desespero;
• de outras crianças.
Doenças sexuais;
Autoflagelação;
Depressões crônicas;
Toxicomania e alcoolismo;
Distúrbio no aprendizado;
[ 39 ]
Dicas para pais e professores do
departamento infantil:
Vamos relacionar a seguir, uma série de dicas que os pais e os professores do departamento
infantil da igreja, podem e devem TRANSMITIR para as crianças que estejam sob sua responsabi-
lidade.
DICA 1: Todas as partes do seu corpinho foram feitas por Deus e são importantes. Cada uma de-
las têm uma função específica. Entretanto, existem algumas PARTES QUE SÃO ÍNTIMAS e ninguém,
MESMO UMA PESSOA CONHECIDA, pode tocar nessas partes ÍNTIMAS de forma sexualizada.
DICA 2: Receber carinho é bom demais, entretanto, caso alguém acaricie seu corpo, e esse to-
que deixar você com MEDO, CULPA ou VERGONHA, DIGA NÃO e busque contar o que aconteceu
para um adulto da sua confiança.
DICA 3: Caso um adulto ou adolescente mais velho, acariciar seu corpo e pedir para que você
guarde segredo, NÃO GUARDE ESSE SEGREDO. Procure um adulto da sua confiança e relate o que
ocorreu.
DICA 4: Infelizmente, nem todas as pessoas são de confiança e algumas podem querer men-
tir e enganar você. Elas fingem ser boazinhas quando estão na presença de outras pessoas, mas
podem virar um VERDADEIRO LOBO MAU, ao ficarem sozinhas na sua companhia. Não se deixe
intimidar, CONTE O QUE ESTÁ ACONTECENDO para alguém de confiança.
DICA 5: Fique ESPERTO e busque conversar com um adulto da sua confiança se alguém abor-
dar você para:
Beijar ou tocar seu BUMBUM, VAGINA, PÊNIS, COXAS, PERNAS, SEIOS, ou qualquer outra
parte do seu corpo, de forma que deixe você constrangido.
DICA 6: Diante de um abuso sexual, compreenda que o SILÊNCIO É O SEU PIOR INIMIGO. O
agressor poderá dar presentes, ameaçar ou até bater em você, tudo com o objetivo de que FIQUE
CALADO e guarde SEGREDO sobre o que aconteceu. Ele precisa do seu silêncio para continuar o
abuso. Coragem, você não tem do que se envergonhar. DENUNCIE!!! A CULPA NÃO É SUA.
DICA 7: Nem sempre é bom obedecer aos adultos. Caso alguém queira tocar seu corpo de for-
ma erotizada, diga NÃO e busque se afastar dessa pessoa imediatamente. Conte para um adulto
de confiança o que aconteceu.
DICA 8: Se ficar desacompanhado em casa, não abra a porta para ninguém e tome cuidado,
quando atender o telefone, para não dar a informação de que está sozinho.
DICA 9: Jamais aceite presentes ou convites para passear na companhia de pessoas estranhas;
DICA 10: Nunca aceite em ser fotografado SEM ROUPAS ou EM POSIÇÕES SEXUALIZADAS;
DICA 11: Fique ALERTA quando for navegar pela internet para não entrar sozinho em salas de
bate papo;
[ 40 ]
DICA 12: Caso, acidentalmente, você acesse uma página com conteúdo pornográfico, SAIA
imediatamente;
DICA 14: Nunca compareça sozinho para encontros presenciais com pessoas que conheceu
virtualmente. Melhor evitar esse tipo de “amizade”.
DICA 15: Não diga onde mora e nem dê seu e-mail nas suas redes sociais;
DICA 16: NÃO POSTE fotos que identifiquem sua residência e nem sua escola.
Disque 100
https://play.google.com/store/apps/details?id=br.gov.mmfdh.sabe
[ 41 ]
Violência doméstica
na modalidade
ABUSO PSICOLÓGICO
contra crianças e adolescentes
[ 42 ]
Marco Conceitual:
O abuso psicológico se faz presente em toda e qualquer forma de violência, sendo uma de
suas principais características a relação desigual de poder entre o autor da agressão e sua vítima.
A Lei 13.431/17, em seu Art. 4º, inciso II, alínea “a”, conceitua violência psicológica como:
Por não deixar marcas físicas, esse fenômeno muitas vezes é ignorado, porém seus efeitos são
devastadores. A criança, pela sua peculiar condição de ser humano em desenvolvimento, é in-
defesa a esse tipo de ataque. A rejeição, o isolamento, o medo, as humilhações, dependendo da
gravidade, podem produzir feridas na alma da vítima, influenciando negativamente a forma de
enfrentar os desafios e de se relacionar com as demais pessoas na fase adulta.
Passaremos a seguir a abordar quais ATITUDES os pais, parentes e responsáveis legais precisam
adotar a fim de desenvolverem os pilares da VALORIZAÇÃO, ACEITAÇÃO e SEGURANÇA na vida de
suas crianças e adolescentes.
Pilar da VALORIZAÇÃO
Como criar e fortalecer o sentimento de valorização em uma criança ou adolescente:
[ 43 ]
de alguém, não pelo que a pessoa produz ou faz, mas sim pelo que ela é. Amar
incondicionalmente é transpor barreiras, é amar apesar dos defeitos e falhas.
Apesar de amarem muito os filhos alguns pais se acostumam a demonstrar esse amor somen-
te quando os mesmos conseguem se sobressair em alguma atividade ou levar a cabo alguma
tarefa. A demonstração do amor fica condicionada ao que a criança é capaz de realizar e não ao
que ela é em sua individualidade. Essa forma de interagir, apesar de bastante comum, é profun-
damente nociva para a criança, que desde cedo passa a nutrir o sentimento de que seus pais só a
amarão se obtiver bons resultados nas mais variadas áreas de sua vida.
Um exemplo clássico de amor incondicional está retratado nas sagradas escrituras, na história
do filho pródigo.
Continuou: Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte
dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres. Passados não muitos dias, o filho mais moço,
ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vi-
vendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e
ele começou a passar necessidade. Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e
este o mandou para os seus campos a guardar porcos. Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que
os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada. Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores
de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu
pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho;
trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda lon-
ge, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o filho lhe disse:
Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, dis-
se aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias
nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu
filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se. Lc 15: 11-24
É fundamental que os pais externem o amor que sentem pelos filhos seja qual for a situação.
Para Refletir:
E você, como está tratando seu filho? Com amor incondicional?
As crianças medem o amor e o tamanho da importância que têm para seus pais
por meio do tempo e do grau de atenção que recebem deles.
[ 44 ]
Muitos filhos são vítimas de abuso psicológico, quando o ativismo dos pais faz com que não
exista um relacionamento de intimidade entre eles. Algumas vezes, a sobrecarga de compromis-
sos faz com que os pais se tornem, com o passar dos anos, figuras inatingíveis para seus filhos, que
com um sentimento profundo de desamparo se sentem rejeitados e preteridos na escala de prio-
ridade dos genitores.
O melhor presente que já ganhei foi num Natal, quando meu pai me deu uma caixinha.
Dentro dela havia um bilhete que dizia: “Meu filho, este ano eu lhe darei 365 horas, uma hora
todos os dias após o jantar. Elas são suas. Vamos conversar sobre o que você quiser, vamos onde
você quiser, brincar do que você quiser brincar. Vai ser uma hora para você! “O meu pai não só
cumpriu a promessa” disse ele, “mas a renovou a cada ano, e foi o melhor presente que já ga-
nhei na vida. Eu sou o resultado do tempo que ele dedicou a mim.
Tão importante quanto dedicar tempo para os filhos é observar a QUALIDADE desse tempo.
De nada adianta o pai passar o final de semana em casa, se em vez de desfrutar da companhia
dos filhos e da esposa, prefere se distrair diante da televisão, lavar o carro ou ler aquele livro de 400
páginas durante o dia inteiro.
A criança que recebe tempo e atenção da parte daqueles que ama, tem seu tanque emocional
abastecido e goza de excelente autoestima. O hábito de conversar com os filhos, mesmo que seja
por alguns minutos diários, dando aos mesmos oportunidade para se expressarem, brincarem e
se relacionarem de forma agradável, produz frutos maravilhosos. Vale a pena cultivar momentos
de convívio familiar.
Para Refletir:
E você, tem dedicado um tempo de qualidade para seu filho? Ou
está ocupado demais para desfrutar da companhia dele?
ACÚMULO DE BENS
BELEZA INTELIGÊNCIA MATERIAIS
BELEZA
O desejo dos pais é tão intenso, no sentido de que seus filhos vençam na vida, que a criança
hoje em dia quase não tem tempo para curtir sua infância.
Conheci uma certa senhora cujo filho de oito anos de idade só tinha permissão
para brincar durante meia hora por dia. O resto do tempo era preenchido por au-
las de judô, piano, natação, basquete, inglês, computação e os deveres da escola.
O resultado disso foi uma sobrecarga de tarefas onde a criança ficou estressada e
deprimida devido ao acúmulo de atividades impostas a ela.
[ 45 ]
O ritmo de desenvolvimento da criança deve ser respeitado. Os pais precisam controlar a própria
ansiedade e permitir que seus filhos vivenciem com liberdade e leveza cada etapa de suas vidas.
Para Refletir:
E você, como está lidando com seu filho? Está respeitando o ritmo
de desenvolvimento ou superlotando a agenda dele de atividades?
Embora muitas vezes a criança ainda não esteja preparada para governar sua própria vida
sozinha é fundamental que os pais incentivem a capacidade de escolha dos filhos para que gra-
dativamente desenvolvam auto confiança, tornando-se na idade adulta pessoas acostumadas a
tomarem decisões com segurança.
Os pais podem começar a delegar gradativamente o poder de decisão para seus filhos, até
sentir que eles já estão maduros para arcar com responsabilidades maiores.
Exemplos práticos:
– Carlinhos, vou deixar suas cinco melhores camisas de sair em cima da cama, escolha qual a
que você quer usar para ir à igreja.
Conheci uma família onde a criação dos filhos era extremamente castradora. Eles tinham
três filhos. Dois homens e uma mulher. A menina morava perto da minha casa e costumáva-
mos brincar juntas em minha infância. O tempo foi passando e nós fomos crescendo. Cresceu
também a repressão dos pais sobre minha pobre amiga, que chamarei aqui de Maria. Ela só
tinha permissão de sair de casa para escola. Não tinha amigos nem vida social. Aos vinte anos
Maria estava tão sufocada que um dia amanheceu lavando as mãos compulsivamente e em
meio a uma crise de nervos teve que ser internada em um hospital psiquiátrico. Hoje, já com
quase quarenta anos, Maria ainda mora com seus pais. Não casou, não se formou, não teve
chance de errar, nem de acertar, nunca correu riscos, porém não amadureceu, vive em uma
redoma protegida pelos pais e entorpecida por remédios receitados por seu psiquiatra.
Para Refletir:
E você, deixa seus filhos fazerem escolhas? Ou toma todas as
decisões por eles?
[ 46 ]
Deixando a criança desempenhar tarefas, a fim de que se sinta útil e necessária
Todo ser humano gosta de ser útil e necessário no ambiente em que vive. A criança se sente
importante e com a autoestima alimentada quando é convidada a ajudar no desempenho de
alguma tarefa doméstica. Ela se sente valorizada e responsável. Os pais, entretanto, devem buscar
agir com paciência quando delegarem tarefas para seus filhos executarem. Às vezes o adulto age
com grosseria e sem nenhum tato, tomando a frente da criança, que está se esforçando para de-
sempenhar aquilo que lhe foi pedido.
RYZEWSKI e BERETTA (1994) relatam um caso típico acerca do que acabamos de comentar:
O novo dever de Jenifer é pôr a mesa. Na primeira vez a mãe lhe dá uma mão, mostra-lhe
onde colocar os talheres, os pratos, os copos e os guardanapos. No outro dia as duas põem a
mesa juntas, só para certificar-se de que Jenifer tem a ideia certa do que fazer. Até agora tudo
bem. Mas no terceiro dia vai por a mesa sozinha. Ela joga os talheres ao lado de cada prato a
esmo. Esquece de colocar a pimenta na mesa para seu pai. Coloca os guardanapos em cima
dos pratos, ao invés de ao lado de cada prato como a sua mãe lhe ensinou. A mãe reclama: “A
sua memória é do tamanho de um rabo de ovelha”. Vai até a mesa, passa por cima da coitada
da Jenifer e põe a mesa da maneira correta. “Pronto”, diz a mãe, “É assim que se faz”. Jenifer olha
para sua mãe com os olhos cheios de lágrimas.
Atitudes como essas fazem com que a criança se sinta incompetente e fracassada em cumprir
a missão a ela confiada, ficando com uma rachadura em sua autoestima. É importante deixar a
criança completar em paz aquilo que foi incumbida de fazer.
Pilar da ACEITAÇÃO
A criança que vive em meio à aceitação e amizade, aprende a descobrir o amor no mundo.
Doronthy Law Nolte
[ 47 ]
Fatores que geram sentimentos de NÃO aceitação:
Críticas constantes
A crítica quando feita de forma construtiva tem seu espaço e faz parte do processo de amadu-
recimento de todos nós. Entretanto, principalmente quando se tratar de uma criança ou adoles-
cente, ela deve ser feita com amor, cuidado e moderação.
Os pais muitas vezes, na ânsia de corrigir seus filhos, acabam por sobrecarregá-los com co-
branças intermináveis. É sabido que o ser humano fixa sua atenção mais profundamente nas ex-
periências desagradáveis do que nas bem sucedidas. Logo, uma criança que só escuta críticas de
seus pais e não recebe créditos pelas coisas positivas que realiza, experimentará um sentimento
profundo de rejeição e frustração.
Cuidado ao criticar sistematicamente seu filho. Tal hábito pode gerar nele uma personalidade
medrosa e insegura, tornando-o incapaz de encarar desafios e confiar no próprio potencial para
vencer os embates da vida.
Para Refletir:
Você tem criticado muito seu filho? Essas críticas são construtivas ou
expressam apenas seu grau de insatisfação em relação a ele?
Muitos pais anseiam em ter como filho uma “criança-modelo”. Geralmente exigem que tirem a
nota máxima em todas as disciplinas na escola, escolhendo seus amigos e até mesmo seu futuro
profissional.
Sem perceberem, sonham para os filhos, coisas que eles próprios não conseguiram realizar em
suas vidas, vendo nos mesmos uma projeção do próprio eu, como se tivessem uma segunda chan-
ce de planejar a própria existência. Entretanto, tais imposições são extremamente castradoras,
fazendo com que a criança pense que não é aceita pelo que ela é, passando a vivenciar os sonhos
e expectativas de outra pessoa.
Tomei conhecimento de uma tragédia familiar que retrata bem o que acabamos de comen-
tar. Vou chamar a mãe de “Maria” e seu filho de “Carlinhos”. Maria era mãe solteira, trabalhava
em uma máquina de costura o dia todo a fim de proporcionar ao filho único, Carlinhos, uma
educação de qualidade. Ela era extremamente exigente com a criança. Sempre que ele chegava
em casa com uma nota 9, ela dizia: - Carlinhos na próxima vez quero ver um 10. Quando ele tirava
uma nota 10, ela dizia: - Você não fez mais do que a sua obrigação Carlinhos, pois só vive para es-
tudar. O tempo passou, e Carlinhos cresceu e foi prestar o vestibular de medicina, pois era sonho
de sua mãe que ele fosse um médico. No dia do resultado do vestibular, Carlinhos foi até a banca
de revista comprar o jornal para ver o resultado do exame e verificou com grande pesar na alma
que não tinha conseguido passar na tão sonhada faculdade de medicina. Angustiado, chegou
em casa e escreveu um bilhete de despedida para mãe se matando logo em seguida. No bilhete
estava escrito: “Mãe, sinto muitíssimo por tê-la decepcionado. Seu filho, Carlinhos”
[ 48 ]
Fazer comparações acerca do desempenho das crianças
Existe um ditado popular que diz: “Até os dedos da mão são diferentes”. Na prática esse ditado
está correto, pois é fato que não existem duas pessoas iguais.
Somos equipados com uma variedade imensa de dons naturais. Uns têm mais aptidão para
música, já outros para trabalhar com números e outros com esporte. O leque é bem extenso.
Tal constatação nos leva a pensar como é extremamente injusto comparar o desempenho de
um filho com outro. Logo, se um se destaca nas artes plásticas, o outro pode vir a se destacar na
culinária, não tendo como medir qual deles é o mais dotado de talentos.
Para Refletir:
Você costuma comparar seus filhos? Ou reforça a ideia de que cada
um deles é único e especial?
Muitos pais externam seu amor mais através de ações do que com palavras. A casa arrumada,
a roupa lavada, o pagamento da mensalidade do colégio em dia, a compra do vestido novo, tudo
isso é indício do cuidado e dedicação que os pais geralmente têm pelos seus filhos.
Entretanto, apesar do alto preço que os pais pagam para sustentar seus filhos com dignidade,
só isso não basta. A criança precisa escutar o amor que seus pais sentem por ela de forma verba-
lizada. É muito importante ouvir o “eu te amo” ou expressões do tipo: “ filho você é valioso(a) para
mim”; “ Filha(o) você está muito bonita nesse vestido”.
Tudo isso me faz lembrar minha própria história de vida. Meu pai sempre foi um homem
de quem me orgulhei muito. Responsável, nunca deixou que faltasse nada dentro de casa. O
que eu quisesse, e estivesse dentro de suas condições financeiras, ele se esforçava para me dar.
Entretanto, devido o corre-corre de sua rotina sempre agitada e cheia de compromissos, nunca
tive muito tempo com ele durante minha infância e adolescência. Um dia, já casada e com 30
anos de idade, eu e ele tivemos tempo de parar e conversar um pouco. Num diálogo despreten-
sioso ele disse algo que encheu meu coração de felicidade. Ele me olhou com muito carinho e
me perguntou: “Você sabe qual foi o dia mais feliz da minha vida?” Eu respondi: “Não, qual foi?”
Ele falou sorrindo meigamente: “O dia mais feliz da minha vida foi o dia em que você nasceu!”
Não espere 30 anos para abrir seu coração para seu filho(a). Fale! Expresse todo seu amor hoje
mesmo, amanhã pode ser tarde demais.
[ 49 ]
Para Refletir:
Você já falou que ama seu filho hoje?
Palavras são sementes que podem destruir ou edificar a autoestima de qualquer ser humano.
Se quisermos ter crianças felizes e cheias de autoconfiança, que se sintam aceitas e amadas em
seu ambiente familiar é fundamental semear palavras positivas em suas mentes e corações.
Ex: Se a criança é “nariguda”, não mencione seu nariz, mas sim a beleza de seus olhos.
Ex: Eu nunca imaginei que você conseguisse passar no vestibular, mas você passou.
A Bíblia fala que tudo que o homem plantar certamente colherá. Resta os pais fazerem um
autoexame e verificarem o que estão semeando. Palavras de vida ou palavras de morte na vida de
seus filhos.
As amizades são importantíssimas para uma criança. O ambiente doméstico deve ser um lu-
gar de conforto e segurança onde ela se sinta com liberdade para trazer seus amigos.
Às vezes a criança sente receio de aprofundar seus relacionamentos, pois já sabe que não terá
a permissão dos pais para convidar seus coleguinhas a virem até sua casa. Pior do que isso é quan-
do os amigos o visitam e acabam ouvindo críticas, repreensões ou “cara feia”.
Manter uma atitude amistosa em relação aos amigos de nossos filhos gera neles o sentimento
de que são aceitos e amados por nós.
Para Refletir:
Seu filho pode trazer os amigos para brincar em casa? Como você
recebe os amigos do seu filho?
[ 50 ]
Um pai contou que o filho chegou em casa com nota baixa em álgebra. “Quando terminei
minha conversa com ele, meu filho deve ter pensado que sempre tirei dez em álgebra na escola”,
disse ele, “Mas, na verdade, quais são os fatos? Depois de ter completado um semestre de álgebra
o professor me chamou e disse: Você é tão fraco na matéria, que vou passá-lo de ano só para me
ver livre de você.’ Ao pretender ser tão superior, dei a meu filho um sentimento de desesperança.
Se tivesse sido honesto e lhe dito que sabia o que estava passando, porque eu também tivera difi-
culdade em álgebra, teria dado esperança a meu filho (9).
O melhor método de aprendizagem é dando o exemplo. Ou seja, quando o adulto confessa seus
erros, sua atitude humilde e corajosa, ensina a criança a copiar a mesma postura diante da vida.
Pilar da SEGURANÇA
Toda criança necessita de segurança. Essa é uma de suas necessidades mais básicas, sendo
sua ausência uma forma severa de abuso psicológico. Vamos abordar alguns fatores que, quando
acontecem dentro do ambiente doméstico, produzem angústia e instabilidade, prejudicando seu
desenvolvimento saudável.
Nada desestrutura mais uma criança do que perceber um ambiente de ódio e hostilidade en-
tre seus pais. Os pais são aqueles que ela mais ama e depende, sendo natural que se sinta insegura
e magoada com as constantes brigas e desavenças dentro do ambiente doméstico.
Se por um lado, presenciar constantes cenas de violência entre os pais é prejudicial, crescer
alienado, sem perceber que faz parte de todo relacionamento surgirem diferenças e conflitos,
também não é saudável.
As brigas fazem parte do relacionamento familiar e não devem ser mascaradas. O importante
é que as crianças percebam que, apesar das diferenças existentes entre seus pais, o amor que os
une é suficientemente maduro para resolvê-las.
Os conflitos, quando superados com amor dentro do ambiente doméstico, ajudam os filhos a
amadurecerem e se prepararem melhor para enfrentarem a vida.
Ausência de limites
Os limites nos dão uma prazerosa sensação de segurança. A criança que percebe nos pais
firmeza e definição clara no modo de agir, se sente feliz e acolhida. O fato de se ter uma família
permissiva, onde não existem regras, causa na criança um sentimento profundo de instabilidade
e insegurança.
Podemos citar como exemplos do que acabamos de afirmar pais que: quando estão de bom
humor ou sobre o efeito do álcool, adotam uma atitude permissiva e condescendente em relação
aos filhos e quando sóbrios ou zangados, descontam todo seu estresse e fúria na pessoa de suas
crianças. Quando isso acontece, a criança fica confusa, perdendo o parâmetro para discernir o que
é certo e o que é errado, já que em algumas situações, pelo mesmo comportamento, é repreendi-
[ 51 ]
da ou até mesmo corrigida fisicamente e em outras ocasiões os pais simplesmente não ligam para
seu comportamento anteriormente castigado.
Uma mocinha de 17 anos achava difícil acreditar que Deus a amava, porque não podia mais
confiar no amor humano. Certo dia na casa de uma amiga, ela viu a mãe beijar a filha e dizer: “Olhe,
querida, espero que esteja de volta às 11 horas. Não se atrase. Vou ficar esperando você.” Como se
recebesse uma facada no coração, ela ficou imaginando por que sua mãe nunca parecia se im-
portar onde ela estava ou quando iria voltar para casa. Para descobrir se a família realmente se
interessava por ela, resolveu ficar fora até tão tarde que eles se preocupassem com seu bem-estar
ou talvez chamassem a polícia. A jovem foi a um espetáculo noturno. Depois foi para uma estação
de ônibus e encolheu-se num banco, cansada e desejando ansiosamente estar na cama. Quase de
manhã finalmente chegou em casa, fazendo bastante barulho na esperança de que alguém ou-
visse. Ninguém perguntou quem era. Ninguém deu atenção. Na hora do café ninguém perguntou
onde estivera a noite inteira. Ela tinha a sua resposta! Com essa mágoa profunda no coração estava
se arrastando pela vida (9).
Pressionados pelo ativismo, os pais abrem mão totalmente do controle que deveriam ter so-
bre seus filhos. Tal comportamento em vez de repercutir positivamente, causa uma sensação de
profundo desamparo e insegurança. Os filhos tratados com excesso de permissividade pelos pais
convivem com o sentimento de que não são amados, pois raciocinam: quem ama cuida.
Sentir o amor de seus pais por meio de palavras e toques tais como: abraços e expressões
carinhosas;
Sobre a importância do toque, de acordo Dr. Frederic Burke, um pediatra de Washington, D. C.,
que ressalta a importância dos pais ninarem o bebê.
Eu recomendo uma cadeira de balanço”, diz ele. “A maioria das mães compreende que o bebê
precisa ser tocado, acariciado, abraçado e ouvir palavras carinhosas” O Dr. Burke continua: “Todas
essas coisas são agradáveis, suaves e reforçam a segurança da criancinha ... Acredito firmemente
que o fato de sentir as mãos e os braços amorosos dos pais fica impresso na mente dela; e embora
aparentemente esquecido, ele tem uma tremenda influência sobre o ego da criança e o tipo de
adolescente em que vai tornar-se.
Ter uma rotina regular a seguir dentro do ambiente doméstico. Ou seja, hora para dormir,
tomar café, almoçar, etc;
[ 52 ]
Vivemos num mundo tão agitado que muitas vezes nos falta tempo e disposição para ouvir de
verdade o que nossos filhos têm a nos dizer.
Entretanto uma das melhores formas de demonstrar que eles são amados, fazendo com que
se sintam seguros é dando uma chance para que se comuniquem de forma plena conosco.
É natural do ser humano se expor apenas quando percebe que está em um terreno seguro.
Uma criança pode aprender desde muito cedo que não deve confiar nos adultos.
É ridicularizada quando tenta contar algum segredo que para ela tem grande significado;
Sente indiferença e pouca atenção nas vezes que busca se comunicar e compartilhar seus
dilemas e dúvidas;
Percebe quando vai abrir sua intimidade que vai escandalizar e ser julgada com severidade.
Todo ser humano, ao ser rejeitado, tende a se fechar. Entretanto, quando um filho encontra
em seus pais um ouvido amigo em que possa dividir seus bons e maus momentos, seus êxitos e
fracassos, ele crescerá com uma constante sensação de segurança e que poderá sempre contar
com o apoio e amor de sua família.
Para Refletir:
Você conversa com seu filho? Ele tem liberdade para falar aberta-
mente com você sobre qualquer assunto?
[ 53 ]
Referências Bibliográficas:
1. ALLENDER, Dan. Lágrimas secretas: cura para vítimas de abuso sexual na infância. São Paulo:
Mundo Cristão, 1999
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