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FACULDADE MAURICIO DE NASSAU – FAP PARNAIBA

Engenharia Civil
Bloco: II

FÍSICA GERAL E EXPERIMENTAL


Aula 03 Prof. Ricardo Santos
Metrologia
 A fabricação de diversos bens, como automóveis,
aviões, máquinas industriais, e até mesmo edifícios é
feita a partir de peças e matérias-primas de
diferentes fornecedores.
ÁREAS DA METROLOGIA
Áreas da Metrologia
 A Metrologia pode ser dividida em três principais
áreas de atuação: Metrologia Legal, Metrologia
Científica e Industrial.
A Metrologia Legal trata das exigências legais e
obrigatórias referentes às medições. Conforme indicação
do Inmetro (s.d.), sua principal função é proteger os
consumidores,
Áreas da Metrologia
A Metrologia Científica lida com a organização, o
desenvolvimento e a manutenção de padrões de medida,
enquanto a
 Metrologia Industrial tem o objetivo de garantir o
funcionamento correto e adequado dos instrumentos de
medição utilizados na indústria, nos processos produtivos,
nos testes e no controle de qualidade.
ESTATÍSTICA APLICADA À METROLOGIA
 O objetivo das ciências experimentais é determinar o
valor de quantidades físicas através de medições.
Porém, toda medição envolve um certo grau de
incerteza, por exemplo, a incerteza associada à
escala de um instrumento de medição.
Estatística Aplicada a Metrologia
 É por causa da incerteza que, ao repetir a medição
de uma grandeza n vezes, os resultados obtidos não
serão necessariamente idênticos.
 A incerteza associada a uma medida experimental é
chamada de erro experimental.
Estatística Aplicada a Metrologia
 Quando medimos uma grandeza, desejamos encontrar
seu valor real. Contudo, o valor real só poderia ser
encontrado se houvesse um procedimento de medição
perfeito.
 O que podemos fazer é estimar o valor mais provável de
uma grandeza, manter a incerteza em níveis baixos e
estimar o nível de confiança do resultado.
 Por isso, os dados experimentais devem receber um
tratamento estatístico adequado que permita avaliar sua
confiabilidade.
Estatística Aplicada a Metrologia
 De modo genérico, o resultado de uma medida deve
ser expresso da seguinte forma:

M = (m ± ∆m)u (1)

 Onde resultado da medida M é expresso por um


número m, por uma unidade u e por uma indicação
da confiabilidade da medida ∆m.
ERRO
 O erro absoluto E é definido como a diferença entre
o valor medido xi e o valor real x de uma grandeza,
e está relacionado com a exatidão de uma medida:

E = xi - x (2)
Estatística Aplicada a Metrologia
 Além de referir-se à diferença entre um valor medido e
o valor verdadeiro de uma grandeza, o
termo erro também denota a incerteza estimada
associada a uma medida ou a um experimento.
 Alguns autores mencionam o chamado “erro grosseiro”,
que na verdade é um engano devido à falta de atenção
ou preparo do operador. Ocorre, por exemplo, quando
um operador se engana na leitura de uma escala.
DESVIOS
 Uma vez que os erros aleatórios não podem ser
eliminados, as medidas experimentais costumam
resultar em uma série de valores não idênticos entre
si.
 Por isso, ao invés de buscarmos o valor real da
grandeza, traçamos uma nova meta: encontrar o
valor mais provável da grandeza e qual a diferença
entre esse valor e cada um dos valores medidos.
Estatística Aplicada a Metrologia
 O tratamento estatístico abordado nessa unidade
considera que os erros aleatórios obedecem à
distribuição normal ou gaussiana, cujos postulados
são:
 A probabilidade P de que um erro ocorra por
excesso ou por falta (para mais ou para menos) em
uma medida é mesma:
P(+∆x) = P(-∆x) (3)
Estatística Aplicada a Metrologia
 A probabilidade de que o erro cometido em uma
medida esteja entre -∞ e +∞ é igual a 1;
 O valor mais provável de uma grandeza é a média
aritmética 𝑥 das diversas medidas da grandeza,
conforme a Equação (4):
Estatística Aplicada a Metrologia
 O valor médio 𝑥 é o valor que melhor representa o
valor real de uma grandeza. Como não se pode
afirmar que o valor médio é o valor real de uma
grandeza, não podemos dizer que a diferença entre
o valor de uma medida qualquer xi e o valor
médio 𝑥 é igual ao erro da medida, e nesse caso,
usamos um conceito estatístico chamado desvio, que
é a estimativa do erro de uma medida.
Estatística Aplicada a Metrologia
 O desvio de uma medida (∆xi) é a diferença entre o
valor medido xi de uma grandeza e o seu valor, mais
provável 𝑥:

Estatística Aplicada a Metrologia
 Devido aos erros aleatórios, ao realizar uma medição
experimental, você costuma repetir a medição de
uma grandeza n vezes, isto é, em réplicas. Logo, é
importante conhecer a dispersão do conjunto de
dados. O desvio médio e o desvio-padrão indicam a
precisão dos dados experimentais.
Desvio Médio
 O desvio médio (δ) é definido pela média
aritmética do valor absoluto dos desvios, onde μ é a
média da população, conforme Equação (6):
Desvio Padrão
 O desvio-padrão (σ) é definido pela raiz da média
dos quadrados dos desvios, conforme a Equação
(7):
População e amostra
 População: é o conjunto total de medidas de interesse e
 Amostra: é um subconjunto selecionado de medidas.
 A população pode ser finita e real, como um lote de
parafusos cujas dimensões desejamos verificar.
 Em outros casos, a população tem um caráter conceitual.
 Por exemplo, se você precisa medir a corrente elétrica em
um circuito, a população é o conjunto de infinitas
medições que poderiam ser realizadas.
Estatística Aplicada a Metrologia
 Na prática, efetuamos um número pequeno de réplicas de uma
medição, por isso, não conhecemos o valor de μ, de modo que
não podemos calcular o valor de δ e σ, por isso, o que fazemos
é estimar seus valores.
 A estimativa do desvio médio 𝑑 é definida pela Equação (8):
Estatística Aplicada a Metrologia
 A estimativa do desvio-padrão é definida pela Equação (9):

 Os desvios também podem ser apresentados na forma de


desvios relativos. As estimativas do desvio médio relativo e do
desvio-padrão são dadas pelas seguintes relações,
respectivamente: d̅/x̅ e s/x̅.
Estatística Aplicada a Metrologia
 A precisão da média pode ser estimada com base no
cálculo do seu desvio. O desvio médio da média é
dado pela Equação (10):
Estatística Aplicada a Metrologia
 O desvio-padrão médio da média é dado pela
Equação (11):
Estatística Aplicada a Metrologia
Exemplo
 Durante uma aula de Física Experimental, você ficou
encarregado de cronometrar o tempo que uma
esfera leva para percorrer uma rampa inclinada.
Você realizou este procedimento quatro vezes e
obteve os seguintes resultados: 3,141 s; 3,142 s;
3,134 s e 3,140 s. Estime o desvio médio e o desvio-
padrão para uma medida e para a média.
Solução
 Primeiro, vamos organizar os dados das medidas
conforme exposto na Tabela 1.
 A segunda coluna indica os valores de tempo registrados
e sua última linha apresenta o valor médio t̅, que foi
calculado conforme a Equação (4).
 Na terceira coluna estão os valores dos desvios e o
somatório deles está na última linha. Na quarta coluna
estão os valores dos quadrados dos desvios e seu
somatório está na última linha.
Tabela
n ti(s) 𝒕𝒊 − 𝒕 (s) (𝒕𝒊 − 𝒕)𝟐 (s2)
1 3,141 0,002 0,000004
2 3,142 0,003 0,000009
3 3,134 0,005 0,000025
4 3,140 0,001 0,000001
𝑡 = 3,139 = 0,011 = 0,000039
O desvio para uma medida é dado pelas Equações (8)
e (9).
O desvio da média é calculado pelas Equações (10) e
(11).
INTERVALO DE CONFIANÇA
 Conforme vimos, para um número pequeno de
medidas experimentais, conhecemos os valores
de 𝑥 e s, que são estimativas da média da
população μ e do desvio-padrão σ.
 Embora não possamos calcular a média da
população μ, podemos determinar o intervalo de
valores em torno de 𝑥 , no qual é provável
que μ esteja contido, com uma certa probabilidade.
INTERVALO DE CONFIANÇA
 Este intervalo pode ser calculado através da
Equação (12), onde t é o parâmetro t de Student,
cujos valores podem ser encontrados na Tabela 2.
Intervalo de Confiança
Tabela t de Student

Exemplo
 Para efetuar o teste de tensão de ruptura de um
material, você precisa determinar a espessura da
amostra. Após realizar três medições, você estima um
valor médio de espessura igual a 2,01 mm e um
desvio-padrão igual a 0,12 mm. Como você
expressaria o resultado dessa medição com 99% de
confiança?
Solução
s = 0,12 mm
Como foram feitas três medições: n = 3
Valor médio da espessura: 𝑥 = 2,01 mm
Na formula teremos então

Portanto, a espessura = (2,01 ± 0,69) mm com 99% de


confiança.
DETERMINAÇÃO DO ERRO DE ESCALA
 Uma vez que o erro de escala é inerente ao
instrumento de medição, ele está presente em
qualquer medida e é um erro determinado.
 Por isso, cada medida individual M deve ser
apresentada da seguinte forma:
M = (m ± ∆m)u (13)
 Onde m é o valor de uma medida individual, ∆m éo
erro de escala e u a unidade.
Determinação do erro de escala
 Existem instrumentos analógicos e
não analógicos.
 As escalas dos instrumentos
analógicos permitem que o operador
avalie o algarismo duvidoso – último
algarismo – de uma medida.
 Já em um instrumento não analógico,
o algarismo duvidoso é mostrado,
lido, mas não pode ser avaliado.
Instrumentos analógicos
 Para instrumentos analógicos, o erro de
escala Eesc é definido como metade da menor divisão
da escala (MDE), conforme a expressão abaixo:
Eesc = ±MDE/2 (14)
Instrumentos analógicos
 A Figura 1 mostra um manômetro
analógico com escalas
em bar e psi. A MDE da escala em
bar é igual a 0,2 bar, logo, Eesc =
0,1. Se assumirmos a leitura da
pressão p em bar como 6,4 bar,
esta leitura deverá ser expressa
como p = (6,4±0,1) bar.
 Para os instrumentos não
analógicos, o erro de escala é
igual ao MDE, Eesc = MDE.
PROPAGAÇÃO DE ERROS
 Como você já sabe, os valores de muitas grandezas
físicas são obtidos através de medições indiretas.
 Contudo, ao relacionarmos os valores de duas ou mais
medidas entre si, também estamos relacionando seus
respectivos erros, isto é, os erros se propagam através
das operações matemáticas efetuadas durante uma
medição indireta.
 Assim, precisamos saber como calcular o erro do
resultado de uma série de operações matemáticas.
Equações para o cálculo de propagação de
erros indeterminados
Exemplo
 Você precisa calcular o volume de uma esfera a
partir da medida de seu diâmetro. Qual será o
desvio-padrão do volume?
 Solução: O volume V da esfera é dado pela
expressão:
4 3
𝑉 = 𝜋𝑟
3
Exemplo cont...
Substituindo o raio temos: Simplificamos o 4 e o 8
𝑑 1 𝑑3
𝑟= 𝑉= 𝜋
2 3 2
3
4 𝑑 𝜋 3
𝑉= 𝜋 𝑉= 𝑑
3 2 6
4 𝑑3
𝑉= 𝜋
3 8
Exemplo cont...
 O próximo passo é consultar a tabela e ver o tipo de
expressão que estamos trabalhando.
𝜋 3
 𝑉 = 𝑑 é uma expressão do tipo: R = a𝐴𝛼 𝐵𝛽
6
 Então temos:
 R=V
𝜋
 a=
6
 A=d
 𝛼=3
 B=1
Exemplo cont...
 Vamos agora substituir na fórmula:
𝑆𝑅 2 𝑆𝐴 2 𝑆𝐵 2
= 𝛼 + 𝛽
𝑅 𝐴 𝐴
Como B = 1 é uma constante então seu desvio padrão
é nulo.
𝑆𝑉 2 𝑆𝑑 2 0 2
= 3 + 1
𝑉 𝑑 𝑑
Exemplo cont...
𝑆𝑉 2 𝑆𝑑 2
= 3 + 0
𝑉 𝑑

𝑆𝑉 𝑆𝑑
= 3
𝑉 𝑑

𝑆𝑑
𝑆𝑉 = 3𝑉
𝑑
Exemplo
 Calcule o resultado da expressão numérica:

Primeiro calculamos a expressão sem o desvio:


21,9 . (0,050)
(40,3)
1,095
= 0,0272
(40,3)
Solução
 primeiro calculamos os colchetes
12,3 ± 0,2 + 9,6 ± 0,2 . (0,050 ± 0,01)
(40,3 ± 0,20)
R = 12,3 + 9,6 = 21,9
𝑆𝑅𝑠𝑜𝑚𝑎 = 0,22 + 0,22 = 0,283

(21,9 ± 0,283) + (0,050 ± 0,01)


(40,3 ± 0,20)
Solução cont...

2 2 2
𝑆𝐴 𝑆𝐵 𝑆𝐶
𝑆𝑅 = 𝑅 + +
𝐴 𝐵 𝐶
2 2 2
0,283 0,01 0,2
𝑆𝑅 = 0,0272 + +
21,9 0,050 40,3
Solução cont...
2 2 2
0,283 0,01 0,2
𝑆𝑅 = 0,0272 + +
21,9 0,050 40,3
𝑆𝑅 = 0,00545
Fazendo os arredondamentos necessários, o resultado
da expressão com seu respectivo desvio-padrão
é (0,027 ± 0,005).
Por hoje é só pessoal!

Obrigado pela atenção!

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