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TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO

INTRODUÇÃO

● O sintoma central do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é a presença


de obsessões e compulsões.

● Obsessões são pensamentos repetitivos e persistentes, imagens ou


impulsos. São intrusivos e indesejáveis, causando acentuado sofrimento ou

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ansiedade.

● Compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais que o indivíduo


se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo
com regras que devem ser aplicadas rigidamente.

● Obsessões e compulsões são tipicamente relacionadas tematicamente.

● Muitos pacientes com TOC têm crenças disfuncionais, que podem incluir
senso aumentado de responsabilidade, tendência a superestimar a ameaça,
perfeccionismo e intolerância à incerteza; bem como superestimação dos
pensamentos e necessidade de controlá-los.

● O TOC está associado a uma qualidade de vida reduzida, assim como a altos
níveis de prejuízo social e profissional.

● A prevalência de 12 meses do TOC nos Estados Unidos é de 1,2%,


semelhante internacionalmente.

● O TOC tem uma proporção de mulheres para homens que é próxima de um


para um.

Tipos de obsessões e compulsões

● Há quatro tipos principais de obsessões e cada uma está associada a um


padrão de comportamento compulsivo. Obsessões de simetria representam a
maioria das obsessões (26,7%), seguidas por "pensamentos ou ações
proibidos" (21%), limpeza e contaminação (15,9%) e acumulação (15,4%).
Confira a tabela abaixo que sistematiza isso:

Fonte: adaptado de Barlow, Durand e Hofmann (2020, p. 172).


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CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS E ESPECIFICADORES

A. Presença de obsessões, compulsões ou ambas:

Obsessões são definidas por (1) e (2):

1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que são


vivenciados, em algum momento durante a perturbação, como intrusivos e
indesejados e que na maioria dos indivíduos causam acentuada ansiedade ou
sofrimento.

2. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou


neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação.

As compulsões são definidas por (1) e (2):

1. Comportamentos repetitivos ou atos mentais que o indivíduo se sente compelido


a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser
rigidamente aplicadas.

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2. Os comportamentos ou os atos mentais visam a prevenir ou reduzir a ansiedade
ou o sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida; entretanto, esses
comportamentos ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que visam a
neutralizar ou evitar ou são claramente excessivos.

Nota: Crianças pequenas podem não ser capazes de enunciar os objetivos desses
comportamentos ou atos mentais.

B. As obsessões ou compulsões tomam tempo ou causam sofrimento clinicamente


significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do indivíduo.

C. Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem aos efeitos fisiológicos de


uma substância ou a outra condição médica.

D. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno


mental.

Especificar se:

Com insight bom ou razoável: o indivíduo reconhece que as crenças do transtorno


obsessivo-compulsivo são definitivas ou provavelmente não verdadeiras ou que
podem ou não ser verdadeiras.

Com insight pobre: o indivíduo acredita que as crenças do transtorno


obsessivo-compulsivo são provavelmente verdadeiras.
Com insight ausente/crenças delirantes: o indivíduo está completamente
convencido de que as crenças do transtorno obsessivo-compulsivo são verdadeiras.

Especificar se:

Relacionado a tiques: o indivíduo tem história atual ou passada de um transtorno


de tique.

Até 30% dos indivíduos com TOC têm um transtorno de tique ao longo da vida. Isso
é mais comum em homens com início do TOC na infância. Esses indivíduos tendem
a diferir daqueles sem história de transtornos de tique nos temas dos seus sintomas

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obsessivo-compulsivos, comorbidade, curso e padrão de transmissão familiar.

DESENVOLVIMENTO E CURSO

● Idades do início variam da infância aos 30 anos, com idade média de início
aos 19 anos.

● A idade média do início acontece mais cedo nos homens (dos 13 aos 15
anos) do que nas mulheres (dos 20 aos 24 anos).

● Quando o TOC não é tratado, seu curso geralmente é crônico e com


frequência complicado pela concomitância de outros transtornos.

COMORBIDADES

● Os transtornos comórbidos mais comuns no TOC são os Transtornos de


Ansiedade, Transtorno Depressivo ou Bipolar. Além disso, um diagnóstico de
Transtorno do Controle de Impulsos ao longo da vida ou de transtornos por
uso de substâncias também são comuns.

CONTRIBUIÇÕES PARA A MANIFESTAÇÃO DO TRANSTORNO

● Para que esse transtorno se desenvolva, vulnerabilidades psicológicas e


biológicas generalizadas devem estar presentes.
● Um modelo da etiologia do TOC, que é um pouco semelhante a outros
modelos de transtorno de ansiedade, é apresentado a seguir:

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Fonte: adaptado de Barlow, Durand e Hofmann (2020, p. 174).

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

● Transtornos de Ansiedade. Os pensamentos recorrentes que estão


presentes no transtorno de ansiedade generalizada são geralmente
relacionados a preocupações da vida real, enquanto as obsessões do TOC
não costumam envolver preocupações da vida real; além da presença de
compulsões no último.
● Transtorno Depressivo Maior. O TOC pode ser diferenciado da ruminação
do transtorno depressivo maior, no qual os pensamentos são geralmente
congruentes com o humor e, não necessariamente, experimentados como
intrusivos ou angustiantes. Além disso, as ruminações não estão ligadas a
compulsões, como é típico no TOC.

● Transtornos Alimentares. O TOC pode ser diferenciado da anorexia


nervosa na medida em que no TOC as obsessões e compulsões não estão
limitadas a preocupações acerca do peso e dos alimentos.

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● Tiques (no transtorno de tique) e movimentos estereotipados. Os tiques
e os movimentos estereotipados são geralmente menos complexos do que as
compulsões e não visam a neutralizar as obsessões.

● Transtornos Psicóticos. Alguns indivíduos com TOC têm insight pobre ou


mesmo crenças de TOC delirantes. Entretanto, eles têm obsessões e
compulsões e não têm outras características da esquizofrenia ou do
transtorno esquizoafetivo.

● Outros comportamentos do tipo compulsivo. Certos comportamentos são


ocasionalmente descritos como "compulsivos". No entanto, tais
comportamentos diferem das compulsões do TOC, pois a pessoa costuma
obter prazer com a atividade e pode ter desejo de resistir à sua execução
apenas em razão de suas consequências prejudiciais.

● Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsiva. O Transtorno da


Personalidade Obsessivo-Compulsiva não é caracterizado por obsessões e
compulsões. Em vez disso, ele envolve um padrão mal-adaptativo duradouro
e disseminado de perfeccionismo excessivo e controle rígido.

Olá, você está recebendo, a seguir, uma lista de indicação de testes e escalas livres
que podem ser usadas para auxiliar na avaliação diagnóstica desse transtorno.
Esse material foi incluso no curso apenas a critério de conhecimento e com o
objetivo de dar um norte quanto a instrumentos de avaliação.
É importante ressaltar que alguns desses instrumentos, além de não serem de uso
exclusivo do psicólogo, também podem não ter sido traduzidos para uso no Brasil.
Por isso, novamente: elas estão descritas no material apenas a nível de informação.
Além disso, vale lembrar que as escalas de avaliação e os instrumentos
diagnósticos são ferramentas que contribuem para fornecer subsídios ao
profissional da saúde mental no embasamento do diagnóstico e no monitoramento
da evolução do tratamento do paciente. No entanto, a entrevista clínica cuidadosa,
aliada à anamnese obtida com familiares e pessoas próximas ao paciente, segue
sendo a grande ferramenta para avaliação de casos com suspeita de Transtorno
Obsessivo-Compulsivo.

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Antes de fazer uso de testes, é importante que verifique no Satepsi se estes
seguem sendo instrumentos favoráveis para uso, pois o status de validação pode
mudar a qualquer momento. Hoje, são instrumentos que estão favoráveis e podem
ser usados, mas no momento em que for utilizá-los, é importante que confira se
seguem sendo instrumentos validados para uso. Já nos casos de escalas livres,
estaremos apenas citando aqui aquelas que podem ser úteis para a avaliação e
rastreio da sintomatologia do transtorno. Não iremos disponibilizar essas escalas,
pois, além de podermos incorrer em plágio, estes são instrumentos que passam por
diversas traduções e você pode encontrar diferentes versões disponibilizadas na
internet.

MÉTODOS DE AVALIAÇÃO

● Medidas de gravidade

○ A Y-BOCS é considerada padrão-ouro para avaliação de sintomas e


de gravidade do TOC. A lista da escala determina quais sintomas
incomodam o paciente, e, então, a gravidade é avaliada
separadamente para obsessões e para compulsões, com uma
pontuação de 0 a 5.

○ Recentemente, uma segunda versão foi publicada (para adultos,


Y-BOCS II, e para crianças, CY-BOCS II).

● Outras medidas de gravidade, autoaplicáveis, e em versão reduzida, estão


listadas na tabela a seguir:
Fonte: adaptado de Oliveira e Trentini (2023, p. 192-193).
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● Abaixo os itens importantes a serem considerados na avaliação do TOC:

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Fonte: adaptado de Oliveira e Trentini (2023, p. 195-196)


● E por fim, é importante também avaliar a relação da família com a
manifestação e manutenção dos sintomas. Para isso, a teoria da
acomodação familiar, resumida no esquema abaixo, pode ser considerada.

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Fonte: adaptado de Oliveira e Trentini (2023, p. 184).

REFERÊNCIAS

APA. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5-TR. 5


ed., Texto revisado. Porto Alegre: Artmed, 2023. p. 265-271.

BARLOW, D. H.; DURAND, V. M.; HOFMANN, S. G. Psicopatologia: uma


abordagem integrada. 3 ed. São Paulo: Cengage learning, 2020. p. 170-174.

OLIVEIRA, S. E. S.; TRENTINI, C. M. Avanços em psicopatologia: avaliação e


diagnóstico baseados na CID-11. Porto Alegre: Artmed, 2023. p. 172-185.

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