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Em Aristóteles, o conceito de virtude ética expressa a

Filosofia
a) excelência de atividades praticadas em consonância
com o bem comum.
b) concretização utilitária de ações que revelam a
01. O aparecimento da pólis, situado entre os séculos VIII manifestação de propósitos privados.
e VII a.C., constitui, na história do pensamento grego, um c) concordância das ações humanas aos preceitos
acontecimento decisivo. Certamente, no plano intelectual emanados da divindade.
como no domínio das instituições, a vida social e as relações d) realização de ações que permitem a configuração
entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade da paz interior.
foi plenamente sentida pelos gregos, manifestando-se no e) manifestação de ações estéticas, coroadas de
surgimento da filosofia. adorno e beleza.

VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro:


Difel, 2004 (adaptado).
04. Se os nossos adversários, que admitem a existência de
uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, quisessem
admitir que essas considerações estão certas, deixariam de
Segundo Vernant, a filosofia na antiga Grécia foi resultado proferir tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a
do(a) autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte
suprema da Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é
a) constituição do regime democrático. contrário à sua natureza.
b) contato dos gregos com outros povos.
AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005
c) desenvolvimento no campo das navegações.
(adaptado).
d) aparecimento de novas instituições religiosas.
e) surgimento da cidade como organização social.
Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal
porque:

02. Há um tempo, belas e boas são todas as ações justas a) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus
e virtuosas. Os que as conhecem nada podem preferir-lhes. b) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de
Os que não as conhecem, não somente não podem praticá- Deus.
las como, se o tentam, só cometem erros. Assim praticam os c) Deus apenas transforma a matéria, que é, por
sábios atos belos e bons, enquanto os que não o são só natureza, má.
podem descambar em faltas. E se nada se faz justo, belo e d) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é
bom que não pela virtude, claro é que na sabedoria se oposto, o mal.
resumem a justiça e todas as mais virtudes. e) Deus se limita a administrar a dialética existente
entre o bem e o mal.
XENOFONTE. Ditos e feitos memoráveis de Sócrates. Apud CHALITA,
G. Vivendo a filosofia. São Paulo: Ática, 2005.
05.
Ao fazer referência ao conteúdo moral da filosofia socrática
TEXTO I
narrada por Xenofonte, o texto indica que a vida virtuosa
está associada à
Experimentei algumas vezes que os sentidos eram
enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em
a) aceitação do sofrimento como gênese da felicidade
quem já nos enganou uma vez.
suprema.
b) moderação dos prazeres com vistas à serenidade da
DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril
alma.
Cultural, 1979.
c) contemplação da physis como fonte de
conhecimento.
TEXTO II
d) satisfação dos desejos com o objetivo de evitar a
melancolia.
Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia
e) persecução da verdade como forma de agir
esteja sendo empregada sem nenhum significado,
corretamente.
precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta
suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer
impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa
03. Ao falar do caráter de um homem não dizemos que ele suspeita.
é sábio ou que possui entendimento, mas que é calmo ou
temperante. No entanto, louvamos também o sábio, HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo:
referindo-se ao hábito; e aos hábitos dignos de louvor Unesp, 2004 (adaptado).
chamamos virtude.
Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1973. natureza do conhecimento humano. A comparação dos
excertos permite assumir que Descartes e Hume

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a) defendem os sentidos como critério originário para c) aspecto efêmero dos acontecimentos.
considerar um conhecimento legítimo. d) conteúdo objetivo das informações.
b) entendem que é desnecessário suspeitar do e) natureza emancipadora das opiniões.
significado de uma ideia na reflexão filosófica e
crítica.
c) são legítimos representantes do criticismo quanto à
gênese do conhecimento. Gabarito
d) concordam que conhecimento humano é impossível
em relação às ideias e aos sentidos.
e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos 01 – E
no processo de obtenção do conhecimento.
02 – E
06. Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra,
em que todo homem é inimigo de todo homem, é válido 03 – A
também para o tempo durante o qual os homens vivem sem
outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua
própria força e invenção.
04 – D
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983 05 – E
Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter nenhuma 06 – D
ideia de bondade, o homem seja naturalmente mau. Esse
autor deveria dizer que, sendo o estado de natureza aquele
em que o cuidado de nossa conservação é menos prejudicial 07 – A
à dos outros, esse estado era, por conseguinte, o mais
próprio à paz e o mais conveniente
ao gênero humano.

ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da


desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993
(adaptado).

Os trechos apresentam divergências conceituais entre


autores que sustentam um entendimento segundo o qual a
igualdade entre os homens se dá em razão de uma

a) predisposição ao conhecimento.
b) submissão ao transcendente.
c) tradição epistemológica.
d) condição original.
e) vocação política.

07. A crítica é uma questão de distância certa. O olhar


hoje mais essencial, o olho mercantil que penetra no coração
das coisas, chama-se propaganda. Esta arrasa o espaço livre
da contemplação e aproxima tanto as coisas, coloca-as tão
debaixo do nariz quanto o automóvel que sai da tela de
cinema e cresce, gigantesco, tremeluzindo em direção a nós.
E, do mesmo modo que o cinema não oferece móveis e
fachadas a uma observação crítica completa, mas dá apenas
a sua espetacular, rígida e repentina proximidade, também a
propaganda autêntica transporta as coisas para primeiro
plano e tem um ritmo que corresponde ao de um bom filme.

BENJAMIN, W. Rua de mão única:infância berlinense – 1900. Belo


Horizonte: Autêntica, 2013 (adaptado).

O texto apresenta um entendimento do filósofo Walter


Benjamin, segundo o qual a propaganda dificulta o
procedimento de análise crítica em virtude do(a)

a) caráter ilusório das imagens.


b) evolução constante da tecnologia.

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O contexto do filme “Coringa” à luz das ideias de Michel
Sociologia Foucault indica que a sociedade e as instituições sociais

a) ofertam autonomia aos mentalmente insanos.


01. b) retratam a saúde mental de maneira idealista.
c) lidam com a saúde mental de forma aberta e
Texto I inclusiva.
d) restringem a doença mental a uma questão
Filme Coringa revela a necessidade de uma reflexão puramente individual.
sem tabus sobre a saúde mental. e) exercem controle e disciplina através de padrões
pré-estabelecidos.

02. Ao mesmo tempo que as novas tecnologias inseridas


no universo do trabalho estão provocando profundas
transformações nos modos de produção, tornam cada vez
mais plausível a possibilidade de liberação do homem do
trabalho mecânico e repetitivo.

JORGE, M. T. S. Será o ensino escolar supérfluo no mundo das


novas tecnologias?Educação e Sociedade, v. 19, n. 65, dez. 1998
(adaptado).

O paradoxo da relação entre as novas tecnologias e o mundo


do trabalho, demonstrado no texto, pode ser exemplificado
pelo(a)

a) utilização das redes sociais como ferramenta de


recrutamento e seleção.
b) transferência de fábricas para locais onde estas
desfrutem de benefícios fiscais.
c) necessidade de trabalhadores flexíveis para se
O diretor do longa, Todd Philips, junto com o ator Joaquin adequarem ao mercado de trabalho.
Phoenix, retratam nos cinemas a origem de um vilão icônico d) fenômeno do desemprego que aflige milhões de
da cultura pop. No entanto, ao abordar a saúde psicológica pessoas no mundo contemporâneo.
do personagem e as negligências sofridas nos serviços de e) conflito entre trabalhadores e empresários por
tratamento, é possível criar um paralelo sobre a necessidade conta da exigência de qualificação profissional.
de ações que promovam a saúde mental e a prevenção de
transtornos. Apesar da ficção permear todo o longa, com a
personalidade de Arthur sendo revelada aos poucos, o 03. O protagonismo indígena vem optando por uma
paralelo criado com a realidade torna necessária uma estratégia de “des-invisibilização”, valendo-se da dinâmica
reflexão sobre as doenças mentais e como as ações que das novas tecnologias. Em outubro de 2012, após receberem
promovam a saúde psicológica são essenciais para a uma liminar lhes negando o direito a permanecer em suas
prevenção de transtornos. Em um dos momentos do filme, terras, os Guarani de PyelitoKue divulgaram uma carta na
Arthur escreve em seu diário que “o pior lado da doença qual se dispunham a morrer, mas não a sair de suas terras.
mental é que as pessoas esperam que você se comporte Esse fato foi amplamente divulgado, gerando uma grande
como se não a tivesse”, fazendo alusão à batalha que mobilização na internet, que levou milhares de pessoas a
enfrentava contra preconceitos sociais. escolherem seu lado, divulgando
a hashtag “#somostodosGuarani-Kaiowá” ou acrescentando
<https://www.ecodebate.com.br/2019/10/18/filme-coringa-revela-a- o sobrenome Guarani-Kaiowá a seus nomes nos perfis das
necessidade-de-uma-reflexao-sem-tabus-sobre-a-saude-mental/>, principais redes sociais.
acessado em 25 out. 2023
CAPIBERIBE, A; BONILLA, O. A ocupação do Congresso: contra o
que lutam os índios? Estudos Avançados, n. 83, 2015 (adaptado).
Texto II
A estratégia comunicativa adotada pelos indígenas, no
“Presente na vida cotidiana da Idade Média, e familiar a seu contexto em pauta, teve por efeito.
horizonte social, o louco, na Renascença, é reconhecido de
outro modo; reagrupado, de certa forma, segundo uma nova a) distanciar os grupos de culturas locais.
unidade específica, delimitado por uma prática sem dúvida b) abalar a identidade de povos tradicionais.
ambígua que o isola do mundo sem lhe atribuir um estatuto c) angariar o apoio de segmentos étnicos externos.
exatamente médico.” d) enfraquecer as formas de militância política.
e) inserir as comunidades no mercado global.
(Michel Foucault. In: “História da Loucura na Idade Clássica”.
Ed. Perspectiva, 2008, p.121)

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04. Em um governo que deriva sua legitimidade de Gabarito
eleições livres e regulares, a ativação de uma corrente
comunicativa entre a sociedade política e a civil é essencial e
constitutiva, não apenas inevitável. As múltiplas fontes de
informação e as variadas formas de comunicação e influência
01 – E
que os cidadãos ativam através da mídia, movimentos sociais
e partidos políticos dão o tom da representação em uma 02 – D
sociedade democrática.
03 – C
URBINATIN, N. O que torma a representação democrática?
Lua Nova, n. 67, 2006.
04 – D
Esse papel exercido pelos meios de comunicação favorece
uma transformação democrática em função do(a) 05 – B
a) limitação dos gastos públicos.
b) interesse de grupos corporativos.
c) dissolução de conflitos ideológicos.
d) fortalecimento da participação popular.
e) autonomia dos órgãos governamentais.

05. Em sociedade de origens tão nitidamente


personalistas como a nossa, é compreensível que os simples
vínculos de pessoa a pessoa, independentes e até exclusivos
de qualquer tendência para a cooperação autêntica entre os
indivíduos, tenham sido quase sempre os mais decisivos. As
agregações e relações pessoais, embora por vezes precárias,
e, de outro lado, as lutas entre facções, entre famílias, entre
regionalismos, faziam dela um todo incoerente e amorfo. O
peculiar da vida brasileira parece ter sido, por essa época,
uma acentuação singularmente enérgica do afetivo, do
irracional, do passional e uma estagnação ou antes uma
atrofia correspondente das qualidades ordenadoras,
disciplinadoras, racionalizadoras.

HOLANDA, S. B. Raízes do Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1995

Um traço formador da vida pública brasileira expressa-se,


segundo a análise do historiador, na

a) rigidez das normas jurídicas.


b) prevalência dos interesses privados.
c) solidez da organização institucional.
d) legitimidade das ações burocráticas.
e) estabilidade das estruturas políticas.

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