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MINISTÉRIO DA SAÚDE

CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

SAÚDE AMBIENTAL

PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE


E-BOOK 22

Brasília (DF)
2023
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

SAÚDE AMBIENTAL

PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE


E-BOOK 22

Brasília (DF)
2023
2023 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial –
Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra,
desde que citada a fonte.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
bvsms.saude.gov.br

Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica

Elaboração, distribuição e informações: Coordenação-geral: Designer educacional:


MINISTÉRIO DA SAÚDE Cristiane Martins Pantaleão – Conasems Alexandra Gusmão – Conasems
Secretaria de Gestão do Trabalho e da Hishan Mohamad Hamida – Conasems Juliana de Almeida Fortunato – Conasems
Educação na Saúde Leandro Raizer – UFRGS Pollyanna Lucarelli – Conasems
Departamento de Gestão da Educação na Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Priscila Rondas – Conasems
Saúde
Coordenação-Geral de Ações Estratégicas
Direção técnica: Colaboração:
de Educação na Saúde – CGAES
Isabela Cardoso de Matos Pinto - SGTES/MS Fabiana Schneider Pires
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D,
Célia Regina Rodrigues Gil – DEGES/SGTES/MS Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS
Edifício PO 700, 4º andar
Katia Wanessa Silva – SGTES/MS
CEP: 70719-040 – Brasília/DF
Organização: Lanusa Terezinha Gomes Ferreira -
Tel.: (61) 3315-3394
Núcleo Pedagógico do Conasems CGAES/MS
E-mail: sgtes@saude.gov.br
Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems
Supervisão-geral: Marcia Cristina Marques Pinheiro –
Secretaria de Atenção Primária à Saúde Conasems
Rubensmidt Ramos Riani
Departamento de Saúde da Família Rejane Teles Bastos – SGTES/MS
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Roberta Shirley A. de Oliveira – CGAES/MS
Coordenação técnica e pedagógica:
7º andar Rosângela Treichel – Conasems
Cristina Fatima dos Santos Crespo
CEP: 70058-90 – Brasília/DF
Valdívia França Marçal Suellen da Silva Ferreira– SGTES/MS
Tel.: (61) 3315-9044/9096
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Elaboração de texto: Assessoria executiva:
Renata Valéria Nóbrega Conexões Consultoria em Saúde LTDA
Secretaria de Vigilância em Saúde
SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D,
Revisão técnica: Coordenação de desenvolvimento gráfico:
Edifício PO 700, 7º andar
Andréa Fachel Leal – UFRGS Cristina Perrone – Conasems
CEP: 70719-040 – Brasília/DF
Camila Mello dos Santos – UFRGS
Tel.: (61) 3315.3874
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Érika Rodrigues De Almeida – SAPS/MS Alexandre Itabayana – Conasems
CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS
Fabiana Schneider Pires – UFRGS Bárbara Napoleão – Conasems
MUNICIPAIS DE SAÚDE – Conasems
José Braz Damas Padilha – SVS/MS Lucas Mendonça – Conasems
Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B,
Sala 144 Michelle Leite da Silva – SAPS/MS Ygor Baeta Lourenço – Conasems
Zona Cívico-Administrativo, Brasília/DF Patrícia Campos – Conasems
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Tel.:(61) 3022-8900 Biblioteca do Banco de Imagens do
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Normalização:
Tel: (51) 3308-6000
Luciana Cerqueira Brito – Editora MS/CGDI

Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde.


Saúde Ambiental [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. – Brasília : Ministério da Saúde, 2023.
xx p. : il. – (Programa Saúde com Agente; E-book 22)

Modo de acesso: World Wide Web:


ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x

1. Agentes Comunitários de Saúde. 2. Saúde Ambiental. 3. Vetores e Roedores. I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. II.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título.
CDU 614

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0xxx


Título para indexação:
Environmental Health
OLÁ AGENTE!
Este é o seu e-book da disciplina Saúde Ambiental.

Neste material enfatizaremos a fundamentação teórica sobre a saúde


ambiental, meio ambiente e saneamento básico nos sistemas de
controle da poluição hídrica, atmosférica, do solo e no controle dos
vetores e roedores. Também iremos abordar os conceitos sobre os
impactos ambientais, bem como suas medidas de controle ambiental
(poluição sonora, vibrações, resíduos sólidos, etc.). Além disso,
avaliaremos as atividades de limpeza pública, destinação do lixo e
técnicas utilizadas para minimizar o crescente uso de áreas para
depósito de resíduos.

Estude este material com atenção e consulte-o sempre que necessário!

Acompanhe também as teleaulas, a aula interativa e realize as


atividades propostas para assimilar as informações apresentadas.

Bons estudos!
LISTA DE SIGLAS
ACE - Agente de Combate às Endemias

ACS - Agente Comunitário de Saúde

CIAR - Centro Integrado de Aprendizagem em Rede

COP27 - Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima

FUNASA - Fundação Nacional de Saúde

OMS - Organização Mundial da Saúde

ONG - Organização não Governamental

ONU - Organização das Nações Unidas

PLANARES - Plano Nacional de Resíduos Sólidos

PGRS - Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

PMRS - Plano Municipal de Resíduos Sólidos

PMGIRS - Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

PNRS - Plano Nacional de Resíduos Sólidos

PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

RASP - Resíduos Agrossilvopastoris

RSS - Resíduos de Serviços de Saúde

RST - Resíduos de Serviços de Transporte

SES - Secretaria Estadual de Saúde

SUS - Sistema Único de Saúde

UBS - Unidade Básica de Saúde

UBV - Ultra Baixo Volume

UFG - Universidade Federal de Goiás


LISTA DE FIGURAS
14 - Figura 1 - Abordagens que auxiliam na minimização dos
efeitos das desigualdades sociais
17 - Figura 2 – Incêndio na região da Serra do Amolar, Pantanal
18 - Figura 3 - Cidade de Corumbá (MS), no Pantanal, tomada
pela fumaça dos incêndios em 2020
25 - Figura 4 - Risco ocupacional para catadores de lixo
reciclável
26 - Figura 5 - Níveis de hierarquia da gestão e gerenciamento
dos resíduos sólidos
32 - Figura 6 - Resíduos de construção civil
34 - Figura 7 - Resíduos dos serviços de Saneamento Básico
35 - Figura 8 - Tratamentos de resíduos de serviços de saúde
42 - Figura 9 - Principais determinantes na disseminação de
vetores
46 - Figura 10 - Material educativo de combate a Dengue e
Chikungunya
48 - Figura 11 - A cidade pernambucana que controlou o Aedes
aegypti com peixinhos
50 - Figura 12 - Depósitos descartados na área acumulam
água da chuva e são potenciais focos do Aedes aegypti
58 - Figura 13 - Como estimar o número de imóveis que
necessitam de inspeção
SUMÁRIO

7 NOÇÕES DE SAÚDE AMBIENTAL, MEIO


AMBIENTE E SANEAMENTO

15 ASPECTOS SOBRE POLUIÇÃO,


TIPOS E MEDIDAS DE CONTROLE

20
POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS
E SEUS DESDOBRAMENTOS

41 CONTROLE DE VETORES E ROEDORES

60 RETROSPECTIVA

62 BIBLIOGRAFIA
NOÇÕES DE SAÚDE
AMBIENTAL, MEIO
AMBIENTE E
SANEAMENTO

8
Qual a
importância da
questão
ambiental para a
sociedade?

O tema meio ambiente tem uma relação direta com a forma como a
sociedade vive em um determinado território. Os elementos básicos de
suporte à vida (o ar, os alimentos, a água para uso e consumo
humano, o clima, os solos) e os aspectos sociais (de moradia, trabalho,
cultura, renda, educação e lazer) interferem na saúde ambiental da
população. Toda ação do ser humano está exposta a fatores
condicionantes e determinantes do meio ambiente em maior ou
menor intensidade. Isso pode causar efeitos adversos na saúde, a
depender das características individuais e sociais.

Desde o final do século XX, no contexto de grandes transformações


sociais, políticas e culturais postas pelo processo de globalização, com
expansão e incorporação intensa de tecnologias nas cadeias
produtivas e financeiras, vêm acontecendo alterações locais com
consequências no ambiente (Brasil, 2021).

8
A qualidade de vida das pessoas está associada às condições
sanitárias e socioambientais, o que torna o conhecimento e a análise
do risco do território sanitário estratégicos para os profissionais de
saúde que atuam no campo das ações de promoção e prevenção de
agravos e de doenças. As intervenções de saúde ambiental só devem
ser executadas baseadas no diagnóstico situacional do território.

E não se pode falar em meio ambiente sem relacionar este com a


premissa do saneamento. No Brasil, o saneamento básico é um direito
assegurado pela Constituição Federal de 1988.

Você viu na aula interativa, mas vamos reforçar que:

O saneamento básico é definido pela Lei nº. 11.445/2007 como o


conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de
abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana,
drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais. O
Novo Marco Legal do Saneamento foi sancionado em 2020, através da
Lei n° 14.026/2020.

De acordo com o Instituto Trata Brasil (2022) a existência de serviços


de água tratada, coleta e tratamento de esgoto pode ser empregada
para caracterizar o nível de desenvolvimento de uma cidade.

9
Ter saneamento básico é um fator essencial para um país ser
considerado desenvolvido. O impacto da existência destes serviços
para a sociedade refletirá na melhoria da qualidade de vida das
pessoas, na redução da mortalidade infantil a partir das condições
básicas de saneamento, assim como na diminuição dos casos de
adoecimento no público infantil.

O (a) Agente de Combate às Endemias (ACE) precisa ter ciência dos


fatores de risco que aumentam a probabilidade de ocorrência de um
acidente, uma doença ou outro evento. Um exemplo é a gestação.
Entre os acidentes e doenças, alguns podem inclusive resultar em
ferimentos ou até mesmo morte. O fator de risco é uma característica
(que pode ser individual ou social) que aumenta a chance de que um
acidente ou doença aconteçam. No dia a dia, estamos sempre
expostos a riscos de acidentes. Se escolhermos beber água sem
tratamento adequado, podemos desenvolver doenças de veiculação
hídrica.

Logo, conhecer as características individuais da


população e sociais do território impactam no
planejamento das ações de mobilizações que o (a) ACE
pode realizar no território com o objetivo de preservação
do meio ambiente e da manutenção da qualidade de
vida da população.

10
Conhecer as características do território e construir uma articulação
popular é fundamental para o sucesso das ações e intervenções
intersetoriais voltadas para a promoção da saúde, prevenção e
controle de doenças e agravos, através da educação em saúde e
educação popular.

Assista ao vídeo e veja um exemplo de


melhorias na saúde da população a partir da
implantação da Solução Alternativa de
Tratamento de Água no Pará. Clique aqui ou
escaneie o QR Code.

Quais as características individuais e sociais que o (a) ACE deve


identificar na população e no território para auxiliar no planejamento
dessas ações?

Características Características
individuais sociais
1. Dispersão geográfica;
1. Baixa Renda; 2. Localização em área de difícil
2. Nível educacional; acesso, seja por via terrestre ou
3. Local de trabalho; fluvial;
4. Hábitos. 3. Poluição atmosférica;
4. Coleta e disposição sanitária
de resíduos líquidos, sólidos e
gasosos;
5. Abastecimento de água
potável;
6. Esgotamento sanitário;
7. Controle de vetores e
drenagem urbana (águas
pluviais).

11
Executar ações baseadas na
identificação das características
individuais e sociais impactam
diretamente nos resultados esperados
da educação popular e da educação
em saúde.

O (a) agente deve buscar envolver a população na responsabilidade


coletiva sobre as questões ambientais e, consequentemente, da
saúde, com a participação ativa dos indivíduos para melhorar a
qualidade de vida. Nesse sentido, a percepção de ACEs sobre as
características individuais e sociais de suas áreas geográficas, bem
como os saberes e experiências vividos no cotidiano com a realidade
local, podem contribuir significativamente para promoção da relação
saúde, meio ambiente e qualidade de vida.

O meio-ambiente está relacionado ao desenvolvimento. Os níveis de


saúde da população expressam a organização social e econômica do
país. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o comportamento de grupos sociais sujeitos a maiores níveis de
vulnerabilidade, como mulheres, crianças e adolescentes, jovens,
população negra, passou a ocupar importante espaço no
monitoramento das políticas públicas (BRASIL, 2022).

12
Através da pesquisa Síntese de indicadores sociais (2022), o IBGE
evidencia a existência de desigualdades estruturais, aponta que os
trabalhadores e trabalhadoras, majoritariamente, se mantêm na
informalidade, pontua que o padrão de vida e a pobreza são questões
presentes na sociedade brasileira. O documento também sinaliza que
há importantes desigualdades de acesso à saúde, devido à diferenças
de infraestrutura, recursos humanos e materiais disponíveis e fatores
relacionadas à morbidade e à mortalidade.

A partir de 2020, com a chegada da pandemia da COVID-19, novos


desafios surgiram com o aumento da vulnerabilidade. Essa
compreensão é essencial para o trabalho de ACEs que, naturalmente,
executam suas ações mediante a realidade do seu território.

Segundo o Relatório Anual 2021 do Programa das Nações Unidas para


o Desenvolvimento (PNUD):

A verdade incômoda é que a busca da humanidade por


progredir, ou por fazê-lo a qualquer custo, não resultou em um
mundo mais seguro. O aumento das tempestades, das ondas
de calor e das doenças zoonóticas são preços que pagamos
pela atual abordagem de desenvolvimento. Nossa segurança
consiste em estar livres da miséria, do medo e da indignidade
(BRASIL, 2021b. Pág. 7).

Diante dos desafios que o Brasil enfrenta, o PNUD mapeou um conjunto


de abordagens que auxiliam na minimização dos efeitos das
desigualdades sociais e se conectam de várias maneiras com o foco
nas metas dos objetivos do Desenvolvimento Sustentável (Figura 1).

13
Figura 1: Abordagens que auxiliam na minimização dos efeitos das desigualdades sociais

MEIO AMBIENTE Promover


POBREZA Manter soluções baseadas na
as pessoas fora da natureza para um planeta
pobreza sustentável

GOVERNANÇA
Reforçar uma governança ENERGIA Fechar
eficaz, inclusiva e a lacuna
responsável energética

RESILIÊNCIA IGUALDADE
Reforçar as capacidades nacionais Reforçar a igualdade entre homens e
de prevenção e recuperação de mulheres e a capacitação das
crises mulheres e das meninas

Fonte: PNUD, 2021.

Qual a relação do meio ambiente e a


Saúde Pública? Amplie seus
conhecimentos. Clique aqui ou
escaneie o QR Code.

14
ASPECTOS SOBRE
POLUIÇÃO, TIPOS E
MEDIDAS DE
CONTROLE
A poluição ambiental
representa uma
ameaça direta à saúde
humana, provocando
danos diversos aos
demais seres vivos e
ao meio ambiente.

A poluição ambiental, majoritariamente, é provocada por ações


humanas, ou decorrente de suas atividades. O ano de 2020 foi
considerado o mais devastador para o bioma do Pantanal brasileiro,
tendo registrado índices alarmantes de focos de incêndio, (FIOCRUZ,
2020). A utilização do fogo para ampliação das áreas de cultivo de
grãos e para a criação de gado é apontada como a principal causa do
aumento do número de queimadas na região.

16
Figura 2: Incêndio na região da Serra do Amolar, Pantanal

Fonte: Reinaldo Nogales, Ecoa, 2021.

A Organização Não Governamental (ONG) Ecologia e Ação (Ecoa)


destaca que 98% das queimadas no Pantanal têm origem em ações
humanas (ou derivam de suas atividades).

Ficou curioso para ler a matéria na


íntegra?
Clique aqui ou escaneie o QR Code.

17
Na figura 3 temos a imagem da cidade de Corumbá, no Mato Grosso
do Sul, Pantanal, tomada pela fumaça dos incêndios em 2020.

Figura 3: Cidade de Corumbá (MS), no Pantanal, tomada pela fumaça dos incêndios em 2020

Fonte: Paulo Duarte, Ecoa, 2022.

Hoje em dia, a capacidade do homem de transformar tudo o


que o cerca, utilizada com discernimento, pode levar a todos
os povos os benefícios do desenvolvimento e oferecer-lhes a
oportunidade de enobrecer sua existência. Aplicada errônea e
imprudentemente, a mesma capacidade pode causar danos
incalculáveis ao ser humano e ao meio ambiente ao nosso
redor, vemos multiplicar-se as provas do dano causado pelo
homem em muitas regiões da Terra: níveis perigosos de
poluição da água, do ar, da terra e dos seres vivos; grandes
transtornos de equilíbrio ecológico da biosfera; destruição e
esgotamento de recursos insubstituíveis e graves deficiências,
nocivas para a saúde física, mental e social do homem, no
meio ambiente por ele criado, especialmente naquele em que
vive e trabalha (ONU, 1972, p.1).

18
O fragmento acima faz parte da Declaração final da Conferência das
Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em 1972, em
Estocolmo, na Suécia. O evento foi um marco histórico na abordagem
do desenvolvimento sustentável. A Declaração tornou-se um
manifesto ambiental que até hoje inspira e guia a defesa do meio
ambiente.

Você sabia que várias formas


de poluição são encontradas
no ar que respiramos, na água
que bebemos e na terra em
que vivemos?

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente elenca seis


principais tipos de poluição:

Poluição por área Poluição


afetada transversal

1. Poluição atmosférica;
5. Poluição química;
2. Poluição da água doce;
6. Poluição por resíduos.
3. Poluição marinha e costeira;
4. Poluição do solo.

Saiba mais sobre os cenários de


poluição, clique aqui ou escaneie
o QR Code.

19
POLÍTICA NACIONAL
DE RESÍDUOS
SÓLIDOS E SEUS
DESDOBRAMENTOS
A gestão e gerenciamento de resíduos sólidos constitui uma temática
de ampla complexidade que envolve ações e articulações
intersetoriais, entre setor público e privado. Por isso, é importante a
combinação de práticas individuais e coletivas que colaborem para o
planejamento da destinação destes resíduos em território nacional.

No país, o gerenciamento de resíduos sólidos foi instituído pela Lei nº


12.305/2010 e regulamentado pelo Decreto nº 10.936/2022. O Plano
Nacional de Resíduos Sólidos (PLANARES) é o instrumento que
estabelece as diretrizes, as responsabilidades, os princípios e os
objetivos que norteiam o planejamento das metas a serem
alcançadas a longo prazo (BRASIL, 2022).

Você sabia?
Cada brasileiro gera, em média, 1 kg de
resíduos sólidos urbanos por dia, segundo
dados do Panorama de resíduos sólidos,
desenvolvido pela Associação Brasileira de
Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais (Abrelpe).

Diante de tamanha problemática o


Ministério do Meio Ambiente lançou o
“Programa Nacional Lixão Zero”, que tem
como objetivo eliminar os lixões e apoiar
os municípios na organização e
destinação adequada de seus resíduos
sólidos. A iniciativa já pôs fim a mais de
800 lixões em todo o país.

21
A implementação de políticas que promovam a eliminação dos lixões
deve caminhar alinhada ao Plano Nacional de Saneamento Básico
(PLANSAB), com vistas à melhoria da qualidade do meio ambiente e,
consequentemente, das condições de saúde e de vida nas cidades.

Os avanços das políticas públicas de resíduos sólidos foram temas de


debate na programação da Conferência das Nações Unidas sobre
Mudanças do Clima (COP27), com destaque, principalmente, para as
estratégias de reciclagem, como o Recicla+ e o programa de logística
reversa de materiais de alumínio.

23
22
O que são
resíduos
sólidos?

A política enunciada pelo PLANARES classifica a situação dos resíduos


sólidos no Brasil quanto à sua origem e periculosidade. Além dos
resíduos sólidos urbanos, também são considerados aqueles oriundos
da construção civil, resíduos industriais, dos serviços públicos de
saneamento básico, dos serviços de saúde, dos serviços de
transportes, agrossilvopastoris e da mineração.

No entanto, embora a política aponte diferentes tipos de resíduos, é


importante compreender que as metas estão relacionadas,
prioritariamente, aos resíduos originários de atividades domésticas
urbanas e de serviços de limpeza urbana, os chamados resíduos
sólidos urbanos.

É fundamental conhecer a situação dos resíduos no país para que


ações intersetoriais sejam planejadas, principalmente porque a
problemática dos “lixões” afeta não somente as condições do meio
ambiente, como também a saúde. Fomentar parcerias na gestão dos
resíduos sólidos implica em reduzir os impactos ambientais envolvidos
e também pode significar o surgimento de práticas adequadas que
mudem a cultura das pessoas, fortalecendo o desenvolvimento
sustentável.

23
Na gestão de resíduos sólidos, veja o exemplo da Bahia, onde a
Defensoria Pública, por meio do Núcleo de Gestão Ambiental,
desenvolve o Programa Mãos que Reciclam. O objetivo é garantir aos
catadores, e catadoras, de lixo condições dignas e salubres de
trabalho, de modo que essas pessoas possam ser reconhecidas em
seus territórios como agentes ambientais. A ação foi selecionada pelo
Prêmio Innovare no ano de 2022.

Vamos praticar?
Você consegue
reconhecer em seu
território que tipos de
Para saber mais, resíduos impactam na
clique aqui ou condição e na
escaneie o QR Code.
qualidade de vida das
pessoas?

Existe em seu território pessoas que trabalham com coleta seletiva?


Você sabe orientar sobre os riscos e as medidas de proteção a sua
comunidade? É possível fortalecer, ou criar parcerias, para minimizar
os danos causados à saúde em decorrência dos resíduos sólidos
urbanos depositados em locais inadequados?

24
Figura 4: Risco ocupacional para catadores de lixo reciclável. Fonte:
http://www.marcelopustiglione.com/blog-sade-ocupacional/2017/2/19/risco-ocupacional-para-catadores-de-lixo-reciclavel

Se você tem dificuldade em reconhecer os riscos presentes em sua


comunidade, não se preocupe, a partir de agora vamos aprofundar os
conceitos para facilitar o desenvolvimento das suas atividades no
território.

RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU)

Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) são materiais não


aproveitados que se encontram no estado sólido e são
descartados em ambiente urbano. São aqueles resíduos
originados das atividades domésticas e da limpeza urbana.
Vamos discutir agora como se faz o seu gerenciamento e
estudar conceitos relativos à geração, coleta, tratamento,
destinação e disposição final.

A figura 5 é um fluxograma sobre a ordem de prioridades na


geração de resíduos sólidos para facilitar o entendimento dos
conceitos que serão discutidos.

25
Figura 5: Níveis de hierarquia da gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos.

Fonte: Ilustração de Maykell Guimarães, CIAR/ UFG, 2019.

Não geração e redução


O artigo 9º da Lei nº 12.305/2010 apresenta a não geração de resíduos
como ação prioritária, seguida da redução. Embora no Brasil as
políticas públicas sejam incipientes nesse aspecto, é importante
destacar que ações educativas ambientais, para população em
geral, são fundamentais para reduzirmos a produção de resíduos.

Uma comunidade consciente e responsável consegue, não somente


reduzir a quantidade de resíduos, como também destiná-los
adequadamente, o que colabora para um melhor aproveitamento do
material coletado, impactando positivamente o meio ambiente.

Outro ponto de destaque refere-se às parcerias junto ao setor


privado, com intuito de desenvolver ações sustentáveis na produção
de bens, além de modelos de negócios que ampliem a vida útil dos
produtos e que estimulem a venda e o consumo de materiais usados.

26
É possível verificar, de maneira prática, como o setor público obriga os
estabelecimentos geradores de resíduos a apresentar um Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), abrangendo ações de
não geração e de redução, reaproveitamento e reciclagem e redução
da produção de rejeitos.

Geração de resíduos
Após compreendermos as medidas de não geração ou redução, é
importante conhecer quais resíduos são gerados, a quantidade e os
locais que ficam represados. Principalmente porque os serviços de
limpeza urbana não conseguem coletar e destinar adequadamente
todo o resíduo produzido.

Os resíduos são resultados do crescimento desordenado das cidades


brasileiras, associado ao consumo excessivo de produtos
industrializados e à baixa consciência sanitária e ambiental da
sociedade.

Como já mencionado anteriormente, a baixa consciência sanitária,


associada às limitações dos serviços públicos de coleta, gera
impactos ambientais imensuráveis que podem causar o adoecimento
da população e danos irreparáveis ao meio ambiente.

27
Como exemplo, podemos citar o descarte realizado indevidamente
nos rios, ou próximo ao mar, que causa prejuízo à biodiversidade, ao
turismo, à pesca e à navegação.

Você percebeu o quanto hábitos sanitários


conscientes podem contribuir
positivamente na geração de resíduos
sólidos? Consegue imaginar como você
pode melhorar a qualidade de vida das
pessoas de seu território?

Composição
Até agora você conheceu as medidas que contribuem para a não
geração, a redução e as ações sanitárias que podem ser inseridas em
sua prática para melhorar o destino final dos resíduos sólidos.

Outro aspecto importante diz respeito ao tratamento e ao destino


adequado do grande volume de resíduos, por isso é imprescindível
que o município conheça a composição da massa total de resíduos.

Conhecer a composição, por meio da quantificação e classificação


dos tipos de materiais descartados, permite um planejamento
adequado para construção de estratégias e políticas públicas que
visem alternativas aplicáveis, como por exemplo a reciclagem.

28
Coleta
No Brasil, a coleta é classificada em dois tipos:

Convencional: cuja fonte geradora disponibiliza os resíduos sem


nenhuma separação.
Seletiva: na qual há segregação na fonte, possibilitando a otimização
do destino e o reaproveitamento dos resíduos. A coleta seletiva
respeita as regulamentações da legislação que preconiza a
separação dos resíduos secos, orgânicos e rejeitos. Embora a coleta
seletiva seja a mais adequada, ela ainda está em fase inicial de
implantação na maior parte do país, o que é um grande problema.

Desta forma, reafirma-se a importância de orientar a comunidade na


separação dos seus resíduos domiciliares, por meio da coleta seletiva,
colaborando não somente para destinação correta, a reutilização e o
reaproveitamento de resíduos, com a diminuição no volume de
rejeitos, como também na melhoria do trabalho dos catadores de
materiais recicláveis.

Mais uma vez, é possível observar que o estímulo às ações


intersetoriais e parcerias público/privada são o caminho para
minimizar os efeitos indesejados do acúmulo de resíduos e do
descarte inadequado.

29
Destinação final de resíduos sólidos
O PLANARES definiu que a destinação final ambientalmente adequada
envolve a reutilização, a reciclagem, a compostagem, o
aproveitamento energético e a recuperação, além de outros meios
operacionais que não promovam dano à saúde pública e nem
causem impacto ambiental.

Cabe destacar que a destinação final de resíduos sólidos, no caso os


rejeitos, é a última opção na cadeia de tratamento e recuperação dos
resíduos, de modo que as estratégias mencionadas acima devem
avançar como prioridade.

É fato que isso depende da implementação de políticas públicas


eficientes, que possam conferir um desenvolvimento sustentável.

Disposição final de resíduos sólidos urbanos

A destinação final de resíduos é a última escala na cadeia de


tratamento e persiste como grave problema de saúde pública, pois o
depósito inadequado desses resíduos pode causar o adoecimento e
trazer prejuízos ambientais de ordens diversas.

30
Embora haja um arcabouço legal que dê sustentabilidade ao
desenvolvimento de políticas públicas, a gestão de resíduos
sólidos não é tarefa fácil.

Portanto, foi estabelecido um novo marco legal para que cada


município apresente um Plano Municipal de Gestão Integrada de
Resíduos Sólidos (PMGIRS), sendo possível, inclusive, a adoção de
outras soluções, observadas as normas técnicas, quando a
disposição em aterros sanitários for economicamente inviável.

Você já teve acesso ao plano


estadual ou municipal de
gestão de resíduos sólidos?
Se sim, como você pode
colaborar com a
implementação das
estratégias em seu território?
Se não, busque conhecer as
diretrizes de seu Estado e
município no que se refere ao
meio ambiente.

RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL (RCC)

São resíduos gerados em construções, reformas, demolições,


reparos difíceis de degradar ou não degradáveis. Estão
classificados conforme figura 6.

31
Figura 6: Resíduos de construção civil.

CLASSE A CLASSE B CLASSE C CLASSE D

Agregados como Resíduos perigosos


tijolos, blocos, telhas Recicláveis como ou contaminados
(sem amianto), plásticos, papel, Resíduos que não como tintas,
argamassa, concreto, papelão, metais, vidros, permitam a sua solventes, óleos,
solos, tubos, madeiras, gesso; reciclagem ou telhas com amianto.
meio-fios; recuperação;

Fonte: Prefeitura de Boa Vista (RR), s.d.

Do mesmo modo, seu destino inadequado pode gerar custos


excessivos para a gestão pública, riscos à saúde da população e
prejuízo ao ambiente.

RESÍDUOS INDUSTRIAIS (RI)

Os resíduos gerados nos processos produtivos e nas


instalações industriais são classificados como resíduos
industriais. Denominado “lixo industrial”, pode ser encontrado
na forma sólida, líquida ou gasosa.

Considerando o impacto que esses resíduos podem causar ao


meio ambiente e à população, as indústrias são condicionadas
à elaboração de planos de gerenciamento de seus resíduos
para obtenção da licença ambiental.

32
Vamos pensar
um pouco…

No seu território existem fábricas? Como é a relação da


comunidade com os resíduos gerados por elas? Existe diálogo
entre a comunidade, os setores público e privado para
minimizar os impactos ambientais e os danos e riscos à saúde?

Mesmo com um arcabouço legal bem estabelecido no país,


normatizando as diretrizes para a gestão dos resíduos, os
problemas ainda persistem. Um exemplo é o que aconteceu na
cidade de Manaus (AM), onde uma empresa descumpriu a
legislação vigente, promovendo a poluição e a biodiversidade e
afetando a saúde da população.

Para saber mais,


clique aqui ou
escaneie o QR Code.

RESÍDUOS DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE SANEAMENTO Básico (RSB)

Os resíduos de serviços de saneamento básico mais


representativos, em termos de massa e volume, são os
originados do abastecimento de água potável, do
esgotamento sanitário e da drenagem e manejo das águas
pluviais.
33
Tendo em vista o aumento dos serviços de Saneamento Básico,
garantido pela Lei nº 14.026/2020, o volume de resíduos sólidos
também tende a aumentar. Logo, estratégias individuais que
visem o tratamento adequado dos resíduos e o gerenciamento
ambiental adequado são imprescindíveis.

Torna-se fundamental o investimento em tecnologias que


possam reaproveitar resíduos, como o lodo, na agricultura e na
recuperação de áreas degradadas, por exemplo. Na figura 7 é
possível verificar volume e tipo de Resíduos dos Serviços de
Saneamento Básico (RSB).

Figura 7: Resíduos dos serviços de Saneamento Básico

Fonte: SINIR/ Ministério do Meio Ambiente, s.d.

34
RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE (RSS)

Estes resíduos são decorrentes das atividades exercidas nos


serviços relacionados com a saúde humana ou animal, que
estejam estabelecidos conforme regulamento do Sistema
Nacional de Meio Ambiente ou Sistema Nacional de Vigilância
Sanitária. Para os resíduos de saúde a segregação na fonte é
obrigatória, devendo acontecer de acordo com as
características de cada tipo de resíduo. E devem ser separados
conforme os grupos apresentados na figura 8.

Figura 8: Tratamentos de resíduos de serviços de saúde

Fonte: Blog SERVIOESTE, s.d.

Os resíduos do grupo A são aqueles que tem presença de


agentes biológicos e, por isso, podem apresentar risco de
infecção, a exemplo de bolsas de sangue, sobras de
laboratórios contendo fezes, urina e secreções.
Os resíduos do grupo B são os que contêm substâncias
químicas que podem causar danos à saúde ou ao meio
ambiente, a exemplo de reagentes de laboratórios.

35
Os resíduos do grupo C contêm radioatividade acima do
padrão e não podem ser reaproveitados, como os resíduos de
exames da medicina nuclear.
Os resíduos do grupo D são aqueles que não foram
contaminados, não causam risco de acidentes e podem ser
recicláveis, como o gesso.
Os resíduos do grupo E são os perfurocortantes, como as
agulhas e ampolas de vidro.

Você sabia que os resíduos de


saúde são estimados com base
no número de leitos? E que muitos
resíduos gerados pelos demais
serviços de saúde acabam não
sendo contabilizados por falta de
informação?

Por essa razão o planejamento para a gestão desses resíduos


acaba comprometido. Cerca de 2,75 quilos de resíduos por leito
é gerado por dia, aproximadamente, resultando em um custo
elevado para realização da coleta, tanto no setor público,
quanto no privado.

O tratamento desse tipo de resíduo ocorre, na maioria dos


casos por meio de incineração, autoclave e micro-ondas. Após
a descontaminação, os resíduos podem ser dispostos em
aterros sanitários. Infelizmente essa não é uma realidade
absoluta, refletindo diretamente na saúde da população e no
meio ambiente.

36
RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE (RST)

São os originados dos serviços de aeroportos, portos, terminais


rodoviários e ferroviários, entre outros vinculados ao setor de
transporte. Os principais resíduos portuários são os óleos
lubrificantes, os materiais de escritório e as cargas mal
acondicionadas.

Os resíduos de aeroportos são estimados com base na


movimentação de passageiros, sendo classificados em
perigosos e não perigosos. O PLANARES utiliza os dados dos
aeroportos públicos, realizando a aplicação de uma taxa média
de geração de 0,35 kg de resíduos por passageiros.

Sobre os resíduos gerados pelos terminais rodoviários,


ferroviários e alfandegários, existem poucas informações oficiais.
Embora não haja detalhamento, em sua maioria, os resíduos são
classificados como comuns, podendo ocorrer em menor fração
resíduos orgânicos e químicos. Os dados das administradoras
apontam que cerca de 80% desses resíduos são coletados pelos
serviços de limpeza urbana.

RESÍDUOS DE MINERAÇÃO (RM)

São os resíduos gerados da atividade de pesquisa, extração ou


beneficiamento de minérios, as substâncias geradas são
classificadas em minerais metálicos e não metálicos, e
energéticos.

37
No país existem mais de 8 mil minas cadastradas e os dados
levantados apontam que os resíduos minerais, em sua maioria,
são tratados no próprio setor de mineração. Esses rejeitos são
depositados em barragens.

Compreender os riscos ambientais inseridos na mineração é


importante uma vez que o descarte inadequado dos resíduos
da atividade pode comprometer a qualidade da água, do solo,
o assoreamento, além da poluição do ar.

Resíduos Agrossilvopastoris (RASP)

São resíduos gerados pela agropecuária e silvicultura, incluindo


os relacionados aos insumos utilizados nessas atividades.

Em relação à destinação final, é importante destacar o


potencial energético desses materiais na geração de energia,
considerando a produção do biogás.

Desafios na gestão de resíduos sólidos

Após conhecer os principais conceitos descritos acima, é


possível compreender os impactos dos resíduos sólidos na
saúde pública e no meio ambiente. A ausência ou limitação
do tratamento e a destinação final inadequada podem
comprometer a gestão dos resíduos nos municípios
brasileiros.

38
O setor público e o setor privado, bem como a coletividade de
modo geral, são responsáveis por assegurar a efetividade das
ações com ênfase nos objetivos, metas e diretrizes do PLANARES.
Promover estratégias sustentáveis que visem compatibilidade
entre os interesses econômicos e os de gestão ambiental são
ferramentas potentes para minimizar o descarte inadequado.

Por isso, são fundamentais as políticas de


educação sanitária, cujo impacto será
diretamente no consumo consciente e no
descarte adequado dos resíduos sólidos.

Não obstante, as competências sanitárias


dos setores privados quanto aos aspectos
da redução e não geração desses resíduos,
motivando a fabricação de materiais
recicláveis, fazendo reaproveitamento e
colaborando no incentivo das boas práticas
ambientais são passos importantes e
desafiadores no enfrentamento dessa
problemática.

Atitudes simples podem resolver problemas complexos em


seus territórios! Veja como Camila conseguiu contribuir em
sua comunidade.
Na reunião de equipe semanal Camila estava compartilhando o
último curso que havia feito pela secretaria de seu município. De
maneira encantada, estava repassando o aprendizado sobre a
destinação adequada dos resíduos domésticos e explicando
sobre como separá-los no seu descarte.

39
Todos ouviam atentamente suas orientações, até que Maria
pediu a fala para pontuar uma conversa que tinha acontecido
na reunião do grupo de mulheres, que acontece na segunda
terça-feira de cada mês.

No último encontro, as mulheres estavam relatando sobre as


dificuldades financeiras e pensando em alguma atividade que
pudessem colaborar com a comunidade e consequentemente
ajudar nas despesas de suas casas.

Foi então que, ao mesmo tempo, Maria e Camila lembraram de


uma cooperativa de coleta seletiva que existe no bairro e logo
imaginaram que essas mulheres poderiam ser qualificadas e
contribuir como cooperadas.

A partir disso, agendaram uma reunião com os representantes


da cooperativa e as mulheres para que elas pudessem se
credenciar.

41
40
CONTROLE DE
VETORES E
ROEDORES
A presença de vetores e
roedores é um tema
presente na história das
coletividades humanas.

No Brasil, a necessidade de controle teve início no período colonial,


com a primeira campanha sanitária contra febre amarela e
posteriormente com as campanhas de controle da malária,
leishmaniose e doença de Chagas. O contexto social de
desenvolvimento do país ocasiona mudanças no meio ambiente
que afetam diretamente a presença de vetores e roedores na
rotina da população.

Os vetores são diferentes formas de vida que, a partir de uma


alteração ambiental, podem se proliferar ou ter sua estrutura
biológica modificada e, por isso, transmitir vírus, protozoários,
bactérias, entre outros agentes etiológicos que levam a diferentes
doenças. Para evitar a proliferação dos vetores, é preciso promover
a saúde, com atividades para manutenção do ambiente saudável
a fim de atingir melhor bem-estar à população (BRASIL, 2022).

Figura 9: Principais determinantes na disseminação de vetores

ALTO PADRÃO DE MAIOR PRODUÇÃO MAIOR CHANCE DO LIXO


CONSUMO DE LIXO SER DESCARTADO DE
FORMA ERRADA

ALTA INFESTAÇÃO DE ÁGUA ACUMULADA


MOSQUITOS PODE LEVAR AO FAVORECE A PODE LEVAR AO
AUMENTO DA TRANSMISSÃO DE PROLIFERAÇÃO DE ACÚMULO DE ÁGUA
DOENÇAS MOSQUITOS

42
Em décadas recentes, epidemias das arboviroses de Dengue,
Chikungunya e Zika vírus foram responsáveis por grande
impacto na morbidade (doenças) e na mortalidade (mortes), e
consequente sobrecarga nos serviços de saúde. Atualmente,
reconhece-se a existência de cerca de 3.600 espécies de
mosquitos. Dentre esses, destaca-se aqueles que têm o hábito
hematófago, ou seja, que se alimentam de sangue e se tornam
importantes vetores de doenças (dengue, febre amarela,
malária, filarioses, encefalites, entre outras arboviroses).

Dessa forma, diversas medidas podem ser aplicadas para o


controle de vetores. Entre elas está o controle mecânico, o
controle biológico, o controle legal, as ações educativas e o
controle químico. Essas medidas estão relacionadas com ações
de prevenção e promoção da saúde na rotina de trabalho dos
agentes de endemias a partir de orientações à população para
que as pessoas se tornem protagonistas na preservação
ambiental nas ações domiciliares.

44
43
Clique nos links:

Manual de Controle de Vetores: Procedimento de Segurança


https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/funasa/controle
_vetores.pdf

Manual de Diretrizes e Procedimentos no Controle do Aedes


aegypti
https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/files/ssaude/pdf/vetor-1.p
df

Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral


https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilan
cia_controle_leishmaniose_visceral_1edicao.pdf

CONTROLE MECÂNICO

Consiste em técnicas simples e eficazes que envolvem ações


de saneamento básico e de educação ambiental, como:

1. Drenagem e retificação de criadouros;


2. Coleta e destino adequado de lixo;
3. Destruição de criadouros temporários;
4. Telagem de janelas.

44
Na prática, os Agentes
de Combate às
Endemias de todo o
Brasil orientam,
diariamente, a
população sobre:

• Alterar a posição ou estrutura ou efetuar a remoção de


qualquer recipiente que esteja em condições de acumular
água e, deste modo, tornar-se criadouro de mosquitos.

• Os objetos que ainda tiverem utilidade, ou que não


possam ser descartados de imediato e estejam em
condições de acumular água, devem ter sua posição
alterada ou ser transferidos para local coberto.

• Os objetos que não puderem ser recolhidos e não tiverem


utilidade devem ser perfurados, para escoar a água.

• Todos os recipientes que, no momento da visita, não


tenham serventia, devem ser acondicionados em sacos
plásticos, com a ajuda do morador e colocados na
calçada, para a coleta habitual de lixo.

• O controle mecânico, além de ser mais eficiente, barato e


favorável ao ambiente, pode ser executado por qualquer
pessoa adequadamente orientada. Além de evitar a
proliferação de mosquitos, reduz a incidência de outras
pragas, como baratas, aranhas, escorpiões e ratos, e torna
o ambiente mais bonito e agradável.

45
Trabalho educativo que o Agente pode desenvolver!

Figura 10: Tratamentos de resíduos de serviços de saúde

CONTROLE BIOLÓGICO

Consiste na repressão de pragas utilizando inimigos naturais


específicos, como predadores, parasitos ou patógenos. Pode ser
classificado em controle biológico natural quando ocorre a ação
dos inimigos naturais biológicos sem a intervenção do homem;
ou controle biológico artificial quando há interferência humana.

46
Predadores: são insetos ou outros animais que eliminam as
pragas.
Parasitos: são organismos como nematoides e fungos que
vivem às expensas do corpo de outro inseto (hospedeiro),
alimentando-se de seus tecidos, ocasionando a morte, ao
mesmo tempo em que completam seu desenvolvimento
biológico.
Patógenos: são microrganismos, entre alguns, vírus, bactérias,
protozoários ou fungos que agem provocando enfermidades e
epizootias entre as pragas e vetores.

Na prática, o ACE deve executar ações de prevenção e controle


de doenças, com a utilização de medidas de controle químico e
biológico, manejo ambiental e outras ações de controle
integrado de vetores.

Vamos à vivência prática!

Um exemplo prático é a forma como a cidade de Itapetim, no


estado de Pernambuco, conseguiu controlar o mosquito Aedes
aegypti com peixes. A BBC Brasil fez uma reportagem relatando
como os peixinhos foram usados por agentes para evitar o
surgimento de novos mosquitos.

47
Figura 11: A cidade pernambucana que controlou o Aedes aegypti com
peixinhos.

“Peixinhos são usados por Agentes


de Combate às Endemias para
evitar surgimento de novos
mosquitos em Itapetim. Há quase
quatro anos, a população da cidade
de Itapetim, no sertão
pernambucano, está sem água nas
torneiras. São abundantes as caixas
d’água espalhadas pelas ruas e
dentro das casas, à espera de
receber água para as atividades
básicas”.

Fonte: BBC Brasil, 2015.

Esse é um exemplo de ação que destaca o controle


biológico através das piabas contra o mosquito que
transmite a dengue, a chikungunya e a febre causada
por Zika Vírus nas regiões que sofrem com
desabastecimento de água.

48
CONTROLE LEGAL

Consiste no uso de instrumentos jurídicos (leis e portarias) que


exigem, regulamentam ou restringem determinadas ações,
podendo-se lançar mão com eficácia, nas questões de saúde
pública, sobretudo, pelas autoridades municipais. Assuntos
como coleta e destinação adequada de resíduos sólidos,
regulamentação de atividades econômicas críticas
(ferro-velho, borracharias), limpeza de terrenos baldios,
educação ambiental, são pontos preponderantes e decisivos
que devem ser abordados nas leis orgânicas municipais.

Hora de conhecer aplicação prática sobre controle legal!

Um exemplo disso aconteceu no Rio Grande do Norte, onde


ACEs receberam autorização do poder público para adotar
medidas administrativas necessárias, como a entrada em
imóveis abandonados.

49
Figura 12: Depósitos descartados na área acumulam água da chuva e são potenciais
focos do Aedes aegypti.

"Depósitos descartados na área


acumulam água da chuva e são
potenciais focos do Aedes aegypti”.

Fonte: Portal Tribuna do Norte, 2022.

CONTROLE QUÍMICO

Consiste no uso de produtos químicos para eliminar ou


controlar vetores de doenças ou pragas agrícolas. É a última
alternativa de controle a ser utilizada, uma vez que outras
ações menos agressivas e eficazes devem ser prioritárias. Essa
ação, no âmbito da saúde pública, é desenvolvida pelo Agente
de Combate às Endemias. Cada município possui uma
estrutura de recursos humanos e materiais para implantar o
trabalho de controle, mediante orientações da Política Nacional
de Vigilância em Saúde (PNVS).

50
Se liga nas principais ações de
controle químico de vetores!

Controle químico do vetor da Leishmaniose Visceral

Ação voltada para o inseto flebotomíneo, popularmente


conhecido em todo Brasil como mosquito palha, tatuquiras,
birigui. Utiliza-se inseticidas de ação residual dirigida apenas
para o inseto adulto com o objetivo de evitar ou reduzir o
contato entre o inseto transmissor e a população humana.
Existem duas espécies de preocupação sanitária que estão
relacionadas com a transmissão da doença Lutzomyia
longipalpis e Lutzomyia cruzi.

Quando utilizar o inseticida para o controle do flebotomíneo?


• Em áreas com registro do primeiro caso autóctone (caso
natural do município) de Leishmaniose Visceral humano,
imediatamente após verificar a presença de L. longipalpis
ou L. cruzi.

• Os Agentes de Combate às Endemias recebem apoio dos


laboratórios de entomologia das Secretarias Estaduais de
Saúde (SES) para realização das pesquisas
entomológicas e definição do ciclo de aplicação do
inseticida (borrifação), de acordo com o classificação do
perfil de adoecimento nos humanos.

51
• A borrifação é realizada nas paredes internas e externas do
domicílio, incluindo o teto, quando a altura deste for de até 3
metros e nos abrigos de animais ou anexos, quando os
mesmos forem feitos com superfícies de proteção (parede)
e possuam cobertura superior (teto).

• O inseticida utilizado é a cipermetrina, na formulação pó


molhável (PM) e a deltametrina, em suspensão concentrada
(SC) usados nas doses, respectivamente, de 125 mg. i.a./m² e
de 25 mg. i.a/ m².

Para conhecer alguns exemplos de ações nos municípios,


clique nos links:

Saúde de Aracaju aplica inseticida contra mosquito


transmissor da Leishmaniose
https://www.aracaju.se.gov.br/noticias/65062/saude_de_ara
caju_aplica_inseticida_contra_mosquito_transmissor_da_le
ishmaniose.html

Prefeitura Municipal realizará aplicação de inseticida para


combater leishmaniose
https://pereirabarreto.sp.gov.br/noticias/prefeitura/prefeitura
-municipal-realizara-aplicacao-de-inseticida-para-combate
r-leishmaniose

52
Controle Químico do vetor das arboviroses (dengue,
chikungunya e febre causada por Zika vírus)

São conhecidas as técnicas de tratamento focal, tratamento


perifocal e da aspersão aeroespacial de inseticidas em Ultra
Baixo Volume (UBV).

1. Tratamento focal: utiliza-se o produto larvicida nos depósitos


positivos para alcançar formas imaturas de mosquitos, que
não possam ser eliminados mecanicamente. Aplica-se em
locais com água que não podem ser eliminadas, muito
comum em regiões desprovidas de fonte de abastecimento
coletivo de água. O tratamento focal deve atingir todos os
depósitos de água de consumo vulneráveis à oviposição do
vetor.

2. Tratamento perifocal: aplica-se em locais considerados


pontos estratégicos de maior vulnerabilidade para infestação
do mosquito (grandes depósitos de sucata, depósitos de
pneus, cemitérios e ferros-velho). Aplica-se uma camada de
inseticida de ação residual nas paredes externas por meio de
aspersor manual, com o objetivo de atingir o mosquito adulto
que pousar para o repouso ou a desova.

3. Tratamento a Ultra Baixo Volume - UBV: uso recomendado


apenas em situações de epidemias com o objetivo de
promover a rápida interrupção. Consiste na aplicação
espacial de inseticidas em baixíssimo volume. Nesse método,
as partículas são muito pequenas, geralmente se situando
entre 10 e 15 micras de diâmetro, o ideal para o combate ao
Aedes aegypti, quando o equipamento for do tipo UBV
pesado.

53
Devido ao reduzido tamanho das partículas, este método de
aplicação atinge a superfície do corpo do mosquito mais
extensamente do que através de qualquer outro tipo de
pulverização.

CONTROLE INTEGRADO

Consiste na combinação de vários métodos que relacionam e


integram mais de uma técnica de controle com um enfoque
ecológico e de uso racional. Busca diminuir os danos
econômicos e evitar transmissão de doenças, produzindo um
mínimo de efeitos adversos adicionais ao ecossistema.

AÇÕES EDUCATIVAS

Consiste no desenvolvimento de ações de orientação à


população de prevenção com o objetivo de controle de
doenças. Além disso, as ações educativas devem ocorrer no
âmbito de saúde do trabalhador quanto ao uso de
Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

Agora, vamos
conhecer um relato de
cenário real da
malária no Brasil.

54
A partir da leitura de uma matéria da Revista Piauí,
denominada “Malária na Mira” é possível identificar ações
importantes de controle vetorial, com destaque para:

1. Captura de mosquito Anopheles através de armadilhas


no turno da noite;
2. Coleta de informações sobre pessoas que adoeceram de
Malária e outras arboviroses;
3. Coleta de larvas de Anopheles nos fundos da casa, nos
tanques onde vivem tilápias, tambaquis, traíras e outras
espécies de peixes;
4. Identificação do contexto econômico da piscicultura e o
risco para a saúde, quando os tanques são abandonados
ou deixam de ser adequadamente mantidos e cria o
ambiente ideal para a procriação do mosquito da
malária;
5. Contexto do desmatamento da Amazônia e as
consequências negativas não apenas para o meio
ambiente, mas também para a saúde;
6. Visitação de casas, realização de testes rápidos em
indivíduos com sintomas de malária e distribuição de
medicamentos aos que têm o diagnóstico confirmado.

O texto completo está disponível em:


https://piaui.folha.uol.com.br/materia/malaria-na-mira/

Fonte: Revista Piauí, 2019.

55
Baseado no cenário de um território brasileiro, quais ações o
Agente de Combate às Endemias (ACE) poderia desenvolver?

1. Realização de coleta larvas de Anopheles;


2. Realização de captura de mosquito através das armadilhas;
3. Orientação sobre o tratamento entregue pelo agente de
saúde mesmo depois que passassem os sintomas;
4. Orientações sobre prevenção e controle mecânico do
mosquito, considerando que a Vila Assis Brasil é repleta de
reservatórios d’água naturais ou artificiais, construídos à
beira das estradas e usados para a piscicultura. Os tanques
são abandonados ou deixam de ser adequadamente
mantidos, o mato que cresce em seu entorno faz sombra
sobre a água e cria o ambiente ideal para a procriação do
mosquito da malária;
5. Identificar casos suspeitos de doenças e agravos à saúde e
encaminhá-los, quando indicado, à unidade de saúde de
referência;
6. Divulgar, entre a comunidade, informações sobre sinais,
sintomas, riscos e agentes transmissores de doenças e
sobre medidas de prevenção coletivas e individuais.

Vamos abordar agora o


controle de roedores.

A presença de roedores na sociedade é indissociável dos


conceitos básicos de meio ambiente e saneamento. As
condições econômicas e sociais reúnem problemas
crescentes na destinação adequada dos resíduos sólidos,
drenagem adequada de águas pluviais e de construção e
tratamento de esgotos, assim como a precariedade da
urbanização das cidades.

56
A proliferação mantém-se porque os roedores encontram
facilmente alimento, água e abrigo, proporcionando,
consequentemente, a transmissão de diversas doenças ao
homem e aos animais domésticos ou de criação.

O roedor participa da cadeia epidemiológica de pelo menos


trinta doenças transmitidas ao homem. Leptospirose, peste e
as hantaviroses são doenças transmitidas por eles de
importância epidemiológica no Brasil (Brasil, 2002). Dessa
forma, todas as ações elencadas na Política Nacional de
Resíduos Sólidos têm impacto direto no adoecimento da
população.

De acordo com o Manual de Controle de Roedores elaborado


pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA), a forma mais
inadequada e onerosa de combater roedores é a realização
de campanhas de desratização em períodos críticos, só pela
aplicação de raticidas. A ação mais estratégica é envolver a
educação ambiental com todos os atores da sociedade:
população, instituições governamentais e entidades não
governamentais na busca de melhores condições ambientais,
de saúde e vida.

Cada instância de governo precisa


estabelecer um programa
permanente de ações tendo como
base o cenário epidemiológico,
econômico, social e geográfico.

57
Qual a
participação do
(a) ACE nas ações
de controle de
roedores?
1. Promover ações de educação em saúde que possibilite a
autotransformação das pessoas, voltadas para a conquista,
o compromisso e a manutenção do direito ao ambiente
ecologicamente equilibrado;
2. Levantamento do índice de infestação predial - busca ativa:
realizar inspeção de áreas residenciais e comerciais em
busca de vestígios da presença de roedores. Para calcular o
índice de infestação de uma localidade, utiliza-se o método
de amostragem aleatória. Uma dica para conhecer o
número de imóveis que necessita de inspeção está
apresentada na figura 13.

Figura 13: Como estimar o número de imóveis que necessitam de inspeção.

O número mínimo de imóveis a


Se a área contém
ser inspecionado é

10.000 ou mais imóveis 500

Entre 3.000 e 10.000 imóveis 450

Menos de 3.000 imóveis 435

Fonte: Fonte: BRASIL, 2002

58
Um município possui 5.500 imóveis, destes 450 imóveis precisarão
passar por inspeção para análise da infestação de roedores. A
literatura não tem evidências consideráveis sobre os indicadores
aceitáveis de infestação de roedores. Um registro de Cuba, no entanto,
detectou um índice de infestação inicial de 77,3% e após sete meses de
trabalho intenso esse índice caiu para 13,5%.

O levantamento da infestação de roedores mostrará a extensão e a


severidade do problema. A partir de então, deve-se consolidar um
relatório com a dimensão dos problemas encontrados no ambiente,
juntamente com recomendações para melhorias.

Se liga no contexto da
realidade do município de
São Paulo!
Clique aqui ou escaneie o
QR Code.

59
RETROSPECTIVA
Você viu que esta disciplina buscou proporcionar maior conhecimento
sobre a conexão do meio ambiente e saneamento com a saúde
ambiental, assim como o impacto social, econômico e de adoecimento
da população.

Foi possível mapear os principais problemas ambientais e, agora, o seu


campo de atuação como ACE será mais qualificado nas ações com a
comunidade. Seu poder de diálogo nas ações de educação ambiental é
fundamental para possibilitar mudanças de práticas e,
consequentemente, resultados coletivos. Exercite o seu protagonismo
como profissional de saúde para ajudar o Brasil a alcançar as metas
dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Agora amplie seu conhecimento! E para te dar uma mãozinha com


essa tarefa, aqui vai uma dica: assista à teleaula. Ela está repleta de
informações adicionais para você recordar e refletir sobre essa
temática.

No nosso próximo encontro abordaremos os Fundamentos das


Vigilâncias Epidemiológica, Sanitária, Saúde do Trabalhador e
Ambiental.

Até lá!

61
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde.
Subsídios para construção da política nacional de saúde
ambiental. 1. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. (Série B.
Textos Básicos de Saúde).

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e


da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação
na Saúde. Programa de Qualificação de Agentes Indígenas de
Saúde (AIS) e Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN). Área
temática II - AISAN Prevenção e Operacionalização de Ações e
Procedimentos Técnicos na Área de Saneamento. Unidade I -
Ambiente e Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2016. v. 13 E-book.
Disponível em:
http://www.matogrossodosul.fiocruz.br/pesquisa/saude-dos-po
vos-indigenas/projetode-estruturacao-do-curso-de-qualificac
ao-e-capacitacao-para-agentes-indigenas-desaude-ais-e-ag
entes-indigenas-de-saneamento-aisan

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e


da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação
na Saúde. Programa de Qualificação de Agentes Indígenas de
Saúde (AIS) e Agentes Indígenas de Saneamento (AISAN). Área
temática II - AISAN Prevenção e Operacionalização de Ações e
Procedimentos Técnicos na Área de Saneamento. Unidade II -
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Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde
bvsms.saude.gov.br

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