A educação emancipatória nos faz refletir sobre o nosso passado e visa
construir uma sociedade justa, que não permitirá os horrores e atrocidades ocorridos durante o período da escravidão e nazismo, para que os direitos de todos os cidadãos sejam garantidos. O estudante deve construir a sua identidade racial ou étnica. Se não houver o reconhecimento do universo racista brasileiro e o seu combate através da educação democrática e de oportunidades iguais, o negro não poderá participar do processo de construção da democracia e da identidade nacional, por isso é tão importante que se ensine a História da África e do negro nas escolas brasileiras. O rap estilo musical que tem um potencial emancipatório na educação, pois os jovens e adolescentes tem uma afinidade com ele, que pode ser usado para que a história seja contada e debatida de uma forma lúdica e atrativa para os alunos. Muito interessante vermos no trabalho de Daniel Garnet a maneira que foi contada a história da Angola e da rainha Jinga através do rap. O rap surgiu na Jamaica na década de 60 e foi levado para os Estados Unidos na década de 70. Foi difundido nos bairros pobres de Nova Iorque e os jovens negros pobres o impulsionaram para o mundo. Ele tem um discurso rítmico com rimas e poesias. É uma mistura de ritmos musicais intensos com rimas poéticas, integrando o contexto social, cultural e político, onde passa muita informação e pouca melodia. Ideal para que a história da África e do negro em nosso país, para que seja esclarecido e refletido por todos. As figuras de linguagem podem ser bastante exploradas nos raps, a formação de palavras, métrica, rima, ritmo, versos, compassos, estrofes, tempo musical. O levantamento léxico também ajuda na construção imagética do contexto da história contada através do rap. Na semana da consciência negra esse ano, convidei um aluno africano, de Moçambique para contar um pouco da sua história e das influências africanas que ele percebeu desde que veio morar aqui no Brasil. Essa experiência foi enriquecedora, pois haviam peculiaridades que não conhecíamos e só um africano que fala português razoavelmente bem poderia nos explicar. As comidas, a língua, a religião, a música, a arte, tudo isso foi colocado para nós de maneira tão clara e real que todos os alunos ficaram curiosos e empolgados para aprender cada vez mais sobre a história da África. Eu fiquei tão empolgada que pedi ao meu aluno africano que fizesse um vídeo contando um pouco das suas histórias. Este é de uma riqueza cultural imensa. Nunca mais irei esquecer desse momento na minha carreira profissional, pois para mim, essa oportunidade jamais ocorreria na escola onde leciono. Poder conviver e aprender sobre a história da África diretamente com o meu aluno africano. Isso não tem preço. Espero que mais professores e alunos possam também ter essa oportunidade enriquecedora e genuína em suas vidas.