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Texto Atividade 1

Os Filósofos Pré-Socráticos

• A denominação “filósofos pré-socráticos” é basicamente cronológica e designa os


primeiros filósofos, mencionados no capítulo anterior, que viveram antes de Sócrates
(470-399 a.C.), chegando alguns dos últimos a serem seus contemporâneos. Sócrates é
tomado como um marco não só devido à sua influência e importância, mas também por
introduzir uma nova problemática na discussão filosófica, as questões ético-políticas,
ou seja, a problemática humana e social que praticamente ainda não havia sido discutida.
• A leitura, interpretação e discussão da filosofia dos pré-socráticos envolve, para nós,
uma grande dificuldade. Suas obras se perderam na Antiguidade, e só as conhecemos
por meios indiretos. Essas obras não sobreviveram integralmente; trata-se apenas de
fragmentos permitindo no máximo uma reconstrução do pensamento desses filósofos.
• São duas as principais fontes de que dispomos para o conhecimento dos filósofos pré-
socráticos: a doxografia e os fragmentos. Uma tradição que remonta a Aristóteles
(Metafísica I, 4) – e que se encontra igualmente em Diógenes Laércio (I, 14-5), cuja
obra Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres é uma das principais fontes para conhecer
o pensamento dos pré-socráticos – costuma dividi-lo em duas grandes correntes, a
escola jônica e a escola italiana.

• Escola jônica: Caracteriza-se sobretudo pelo interesse pela physis, pelas teorias sobre a
natureza.
• Tales de Mileto (c.585 a.C.) e seus discípulos, Anaximandro (c.610-547 a.C.) e
Anaxímenes (c.585-528 a.C.), que formam a assim chamada escola de Mileto
• Xenófanes de Colofon (c.580-480 a.C.) Heráclito de Éfeso (fl.c.500 a.C.)

• Escola italiana: Caracteriza-se por uma visão de mundo mais abstrata, menos voltada
para uma explicação naturalista da realidade, prenunciando em certo sentido o
surgimento da lógica e da metafísica, sobretudo no que diz respeito aos eleatas.
A ESCOLA JÔNICA
• Tales de Mileto é considerado o primeiro filósofo e, embora conheçamos muito pouco
sobre ele e não subsista nenhum fragmento seu, foi desde a Antiguidade visto como o
iniciador da visão de mundo e do estilo de pensamento que passamos a entender como
filosofia. Duas características são fundamentais nesse sentido; em primeiro lugar, seu
modo de explicar a realidade natural a partir dela mesma, sem nenhuma referência ao
sobrenatural ou ao misterioso, formulando a doutrina da água como elemento
primordial, princípio explicativo de todo o processo natural; e, em segundo lugar, o
caráter crítico de sua doutrina, admitindo e talvez mesmo estimulando que seus
discípulos desenvolvessem outros pontos de vista e adotassem outros princípios
explicativos.
• Anaximandro foi o principal discípulo e sucessor de Tales. Propôs, no entanto, o apeiron
(o ilimitado ou o indeterminado) como primeiro princípio, tendo sido talvez o primeiro
a usar a noção de arqué nesse sentido. Destacou-se por introduzir uma noção nova, que
não se confunde com nenhum dos elementos tradicionais, e que pode ser considerada
um esforço na direção de uma explicação mais abstrata ou genérica do real, uma
primeira versão da noção de matéria.
• Anaxímenes, provavelmente discípulo de Anaximandro, adotou por sua vez o ar
(pneuma) como arqué, uma vez que o ar é incorpóreo e se encontra em toda parte.
Podemos ver nisso uma tentativa de encontrar, em um elemento de caráter invisível e
incorpóreo, uma explicação abstrata da realidade física.
• Xenófanes, embora originário da Jônia, viajou pela Grécia e esteve no sul da Itália,
sendo considerado um precursor do pensamento dos eleatas, e talvez mestre de
Parmênides. Escreveu em estilo poético, atacando o antropomorfismo típico da tradição
religiosa grega, e defendeu a ideia de um deus único que, segundo alguns, se identifica
com a própria natureza. Adota como elemento primordial a terra, de onde se originariam
todas as coisas (fr.27).

AS ESCOLAS ITALIANAS
• Pitágoras, embora originário de Samos, na Jônia, emigrou para a Itália, segundo alguns
devido a problemas políticos, segundo outros após a invasão persa, fundando em
Crotona sua escola de caráter semirreligioso e iniciático. Representa nesse sentido uma
transição do pensamento jônico para o da escola italiana, mas também representa a
permanência de elementos míticos e religiosos no pensamento filosófico. Trata-se de
uma figura misteriosa e quase lendária, cercada de mistério devido talvez às próprias
características de sua escola.
• Uma das principais contribuições dos pitagóricos à filosofia e ao desenvolvimento da
ciência encontra-se na doutrina segundo a qual o número é o elemento básico
explicativo da realidade, podendo-se constatar uma proporção em todo o cosmo, o que
explicaria a harmonia do real garantindo o seu equilíbrio. Os pitagóricos tiveram grande
importância, portanto, no desenvolvimento da matemática grega, sobretudo na
geometria. A teoria da harmonia musical reflete também a concepção pitagórica de que
há uma proporção ideal em todo o universo que se reflete na concepção da escala
musical.
• Anaxágoras usa o termo nous (espírito) no sentido de causa da existência do cosmo, ou
de primeiro motor, de uma maneira que antecipa a concepção aristotélica formulada na
Física.
• Empédocles de Agrigento é conhecido principalmente por sua doutrina dos 4 elementos
(fogo, água, terra e ar) (fr.17), que de certa forma procura sintetizar as doutrinas de
pensadores anteriores sobre os elementos primordiais, bem como superar a oposição
entre a concepção monista eleata de unidade do real e as concepções pluralistas e
mobilistas.

ESCOLA ATOMISTA
• Leucipo é considerado o fundador dessa escola, embora muito pouco se saiba a seu
respeito; aparentemente teria sido discípulo de Zenão e sofrido a influência da escola de
Eleia. Seu pensamento é conhecido sobretudo a partir de seu discípulo Demócrito, que
desenvolveu o atomismo, uma das doutrinas pré-socráticas de maior influência em toda
a Antiguidade. Sua doutrina do atomismo tornou-se conhecida sobretudo pela
formulação feita por Epicuro, de grande influência na Antiguidade. Apesar de
Demócrito ter escrito muitas obras, subsistiram poucos fragmentos de seus textos
referentes a essa doutrina.
• A doutrina atomista sustenta que a realidade consiste em átomos e no vazio, os átomos
se atraindo e se repelindo, e gerando com isso os fenômenos naturais e o movimento. A
atração e repulsão dos átomos devem-se às suas formas geométricas, sendo que átomos
de formas semelhantes se atraem e os de forma diferente se repelem. Os átomos são
imperceptíveis e existem em número infinito.

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