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Fichamento - Liberdade Por Um Fio - História Dos Quilombos No Brasil - Introdução - História Do Brasil 1
Fichamento - Liberdade Por Um Fio - História Dos Quilombos No Brasil - Introdução - História Do Brasil 1
REIS, João José; GOMES, Flávio dos Santos (orgs.). Liberdade por um fio:
História dos quilombos no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
2. Resumo:
5. Tese (s) do autor (es): nem sempre a tese está explicita, nem mesmo no
início do texto; ela pode estar nas entrelinhas ou no final do texto.
a)- A escravidão de africanos nas Américas consumiu cerca de 15 milhões ou
mais de homens e mulheres arrancados de suas terras. O tráfico de escravos
através do Atlântico foi um dos grandes empreendimentos comerciais e culturais
que marcaram a formação do mundo moderno e a criação de um sistema
econômico mundial – Pg. 9.
b)- Onde houve escravidão houve resistência. E de vários tipos. Mesmo sob a
ameaça do chicote, o escravo negociava espaços de autonomia com o senhores
ou fazia corpo mole no trabalho, quebrava ferramentas, incendiava plantações,
agredia a senhores e feitores, rebelava-se individual ou coletivamente – Pg. 9.
c)- Em contrapartida, sugerimos que seria mais frutífero investigar como os
quilombolas continuavam em seus refúgios, com ritmo e meios diferentes, a
formação de uma sociedade afro-brasileira que havia começado nas senzalas –
Pg. 12.
d)- [...] com a descoberta e análise de fontes manuscritas e orais que ampliam
bastante o nosso conhecimento sobre quilombos em várias regiões do Brasil e
apontam para uma complexa relação entre os fugitivos e os diversos grupos da
sociedade em torno deles – Pg. 14.
e)- Donald Ramos trata de questões semelhantes, mas sob uma perspectiva
bastante diferente. Para ele, em lugar de pura ameaça ao sistema, os quilombos
mineiros também se tonaram parte da sociedade colonial, a tal “relação
simbiótica” que desenvolveram com vários setores da população – Pg. 17.
6. Ideias
a)- Para o Brasil, estima-se que vieram perto de 40% dos escravos africanos.
Aqui, não obstante o uso intensivo da mão-de-obra cativa indígena, foram os
africanos e seus descendentes que constituíram a força de trabalho principal
durante os mais de trezentos anos de escravidão. E a escravidão penetrou cada
um dos aspectos da vida brasileira – Pg. 9.
c)- A fuga que levava à formação de grupos de escravos fugidos, aos quais
frequentemente se associavam outras personagens sociais, aconteceu nas
Américas onde vicejou a escravidão [...] No Brasil, esses grupos eram chamados
principalmente quilombos e mocambos e seus membros, quilombolas,
calhambolas ou mocambeiros – Pg. 10.
d)- Ainda assim, esse modo de luta escrava era principalmente ressaltado para
enaltecer as autoridades coloniais que a reprimiam [...] Roger Bastide [...]
Segunda essa corrente, a organização social dos aquilombados era identificada
a um esforço “contra-aculturativo”, uma resistência à “aculturação” europeia a
que eram submetidos os escravos nas senzalas – Pg. 11.
g)- Em toda parte esse processo se deu em ritmos e criando combinações que
variavam na imensidão territorial do Brasil escravocrata. É sobretudo para esse
processo de construção de novas instituições, culturas e relações sociais que se
deve voltar o estudioso, até para descobrir por que os quilombolas e escravos
em geral escolheram manter certos aspectos de suas origens africanas e não
outros e, assim, ao mesmo tempo que africanizavam seu novo mundo,
renovavam o que da velha África conseguiram carregar consigo – Pg. 12.
h)- Santo Antônio, aliás, foi uma figura ambígua em suas relações com os
escravos, pois os perseguiu mas também os protegeu – Pg. 16.
l)- Foi sob esse temor que se desenvolveu a repressão – e Ramos detalha suas
várias modalidades, muitas vezes brutais – envolvendo a mobilização não
apenas de capitães-do-mato, mas também as milícias locais, ou ainda
expedições de maior envergadura – Pg. 18.
m)- Estes últimos [índios] tentavam barrar o avanço dos coloniais e seus
escravos em busca de novos aluviões, mas, como em outras regiões, às vezes
também se aliavam aos quilombolas, se miscigenavam e conviviam com eles
nos mocambos e – entre índios e caboclos – chegaram, em alguns casos, a
constituir liderança e a maioria quilombola – Pg. 18.
o)- Entre os fatores que levavam à fuga estava a procura de ouro para a compra
da alforria, o que fez dos quilombolas, também em Goiás, desbravadores do
interior e descobridores de novos veios auríferos – Pg. 19.
Conclusão
Importante
a)- Entre Palmares e os quilombos dos últimos anos da escravidão, os escravos
brasileiros construíram uma empolgante história da liberdade. Mas uma história
cheia de ciladas e surpresas, avanços e recuos, de conflito e compromisso, sem
um sentido linear, uma história que amplia e torna mais complexa a perspectiva
do temos de nosso passado. “A liberdade”, escreveu a historiadora Barbara
Fields, “não era uma condição fixa, mas um alvo em constante movimento” –
palavras escritas para um outro contexto, que têm valor quase universal. Os
quilombolas brasileiros ocuparam sertões e florestas, cercaram e penetraram
cidades, vilas, garimpos, engenhos e fazendas; foram atacados e usados por
grupos escravistas, aos quais também atacaram e usaram em causa própria;
fugiram da escravidão e se comprometeram com a escravidão; combateram e
se aliaram com outros negros, índios e brancos pobres; criaram economias
próprias e muitas vezes prósperas; formaram grupos pequenos, ágeis, móveis e
temporários, ou grupos maiores, sedentários, com gerações que se sucediam,
politicamente estruturados; envolveram-se com movimentos políticos de outros
setores sociais, desenvolveram seus próprios movimentos, alguns
abolicionistas; aproveitaram se conjunturas políticas conflitivas nacionais,
regionais, até internacionais, para crescer, ampliar alianças, fazer avançar seus
interesses imediatos e projetos de liberdade mais ambiciosos. Esses lances, e
muitos outros, fazem parte da história contada neste livro. Dizer que os
quilombolas celebrados como heróis da liberdade é pouco, pois diminui a riqueza
de sua experiência. Que sejam celebrados como heróis da liberdade, mas o que
celebramos neste volume é a luta de homens e mulheres que para viverem a
liberdade nem sempre puderam conta com as certezas e coerência normalmente
atribuídas aos heróis – Pg. 23.
7. Problematizações principais