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ISSN 1983-5183

Rev. Odontol. Univ. Cid. São Paulo


2014; 26(3): 232-42, set-dez

A INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA E SUAS INTERFERÊNCIAS NO


ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO – REVISÃO DE LITERATURA
THE CHRONIC RENAL FAILURE AND ITS INTERFERENCE IN DENTAL CARE -
REVIEW OF LITERATURE
Nayara Heloíza Medeiros*
Raissa Resende Alves Neves**
Júnia Noronha Carvalhais Amorim***
Santuza Maria Souza de Mendonça****

RESUMO
A insuficiência renal crônica (IRC) é uma patologia causada por alteração estrutural renal bilateral, progressiva
e irreversível que ocasiona redução da capacidade de filtração glomerular. Os rins exercem funções essenciais
na regulação do equilíbrio plasmático ácido-base e hidroelétrico, na síntese da eritropoetina, hidroxicolecalcif-
erol e renina e na excreção de compostos nitrogenados, catabólitos e fármacos. A redução ou perda da função
renal ocasiona complicações que devem ser consideradas no atendimento odontológico. Dentre elas estão
hemorragias, maior susceptibilidade a infecções e intolerância ou sinergismo de medicamentos. Como mani-
festações bucais, são frequentes a xerostomia, halitose, estomatite urêmica, lesões ósseas e maior formação de
tártaro. O presente artigo tem como objetivo realizar uma revisão de literatura a respeito da IRC, discutindo
suas implicações e protocolos clínicos necessários para um tratamento odontológico seguro e eficaz.
DESCRITORES: Insuficiência renal crônica • Odontologia.

ABSTRACT
Chronic renal failure (CRF) is a disease caused by structural bilateral renal change, progressive and irreversible
that causes reduced ability of glomerular filtration. The kidneys perform essential functions in the regulation
of plasma equilibrium acid-base and hydropower; synthesis of erythropoietin hidroxicolecalciferol and renin;
excretion of nitrogenous compounds, catabolites and drugs. The reduction or loss of renal function causes
complications that must be considered in dental care. Among them are hemorrhage, increased susceptibility
to infections and intolerance/synergism to medicines. As oral manifestations are frequent xerostomia, halitosis,
uremic stomatitis, bone lesions and greater formation of tartar. The present article aims to review the literature
regarding the CRF, discussing its implications and clinical protocols needed for a safe and effective dental
treatment.
DESCRIPTORS: Renal insufficiency, chronic • Dentistry.

**** Acadêmica do Curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva/BH-MG, nayara.h@hotmail.com


**** Acadêmica do Curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva/BH-MG, raissaran@outlook.com
**** P
 rofessora Titular do Curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva; Mestre e Doutora em Patologia pela FO/UFMG, juni@morim.com.br
**** P
 rofessora Adjunta do Curso de Odontologia do Centro Universitário Newton Paiva/BH-MG; Mestre em Odontologia, área de concentração Clínica Odon-
tológica FO/UFMG, santuzam@yahoo.com.br

232
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1. INTRODUÇÃO plantados possuem estado clínico deli- Medeiros NH
Neves RRA
A Insuficiência Renal Crônica (IRC) cado e necessitam de atenção especial.
Amorim JNC
pode ser definida como uma síndrome Durante o tratamento odontológico desses Mendonça SMS
complexa que se caracteriza pela lenta, pacientes, deve-se atentar para possíveis
A insuficiên-
progressiva e irreversível destruição dos problemas como hemorragia, decorrente cia renal
néfrons1, 2, 3. A redução da capacidade de anomalias funcionais plaquetárias; hi- crônica e suas
de filtração glomerular causa uremia, ca- pertensão arterial; anemia; intolerância/si- interferências
nergismo a drogas; maior susceptibilidade no atendimento
racterizada pelo acúmulo no sangue de odontológico
substâncias que deveriam ser filtradas e à infecção e outras alterações sistêmicas
– revisão de
excretadas pelos rins, com o consequente ou estomatognáticas associadas à própria literatura
comprometimento desse órgão. Por serem patologia e ao seu tratamento1,8,9,10. O au-
unidades muito especializadas, os néfrons mento da sobrevida dos pacientes com
não apresentam capacidade regenerativa. IRC repercutiu na maior procura destes
No entanto, o rim tenta compensar essa por tratamento odontológico, exigindo
destruição com a hipertrofia dos néfrons que os cirurgiões-dentistas compreendam
remanescentes4. A função renal normal melhor essa patologia e suas implicações1,
é mantida até aproximadamente metade
6, 12, 13
. Este artigo tem como objetivo re-
dos néfrons serem destruídos, mas alguns alizar uma revisão de literatura a respei-
autores afirmam que o rim pode compen- to da IRC, discutindo suas implicações e
sar até 75% dos néfrons perdidos1, 5, 6, 7. protocolos clínicos necessários para um
A partir desse ponto, os néfrons perdem tratamento odontológico seguro e eficaz.
sua capacidade compensatória e iniciam- 2. REVISÃO DA LITERATURA
-se as manifestações clínicas da IRC1,5,7.
O rim normal participa de inúmeras fun- 2.1 Etiopatogenia da IRC
ções, incluindo a regulação plasmática do As etiologias mais comuns da IRC são
equilíbrio ácido-base e hidroeletrolítico; nefroesclerose secundária à hipertensão
síntese e metabolização de eritropoeitina, de longa duração, nefropatia diabética,
hidroxicolecalciferol, renina, hormônios pielonefrite, glomerulonefrite, doença •• 233 ••
e prostaglandina; além da excreção de renal policística, nefrite intersticial, glo-
compostos nitrogenados, catabolíticos e merulosclerose diabética, doenças autoi-
grande parte dos fármacos5, 7, 8, 9, 10. munes, infecções urogenitais recorren-
No Brasil, há aproximadamente tes, intoxicação renal causada por abuso
100.500 pacientes em hemodiálise11. Por- de analgésicos e antibióticos, bem como
tadores de IRC sob hemodiálise ou trans- qualquer outro processo patológico que

TABELA 1: Alterações laboratoriais na IRC

Exames Laboratoriais Níveis Sem Alterações Insuficiência Renal Sintomática


10-50 mL/min.
85-125 mL/min.
(insuficiência renal moderada)
Cleareance de Creatinina (Feminino)
<10 mL/min.
97-140mL/min. (Masculino)
(insuficiência renal severa)
Creatinina Sérica 0,6-1,20 mg/dL >5 mg/dL

BUN 8-18 mg/dL >50 mg/dL

Cálcio Sérico 8,5-10,5 mg/dL Diminuído

Fosfato Sérico 2,5-4,5 mg/dL Elevado


Rev. Odontol.
Univ. Cid. São
Potássio Sérico 3,8-5 mmEq/L. Elevado
Paulo
2014; 26(3): 232-
FONTE - ROSSI & GLICK, 1996, p.212.
42, set-dez
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Medeiros NH leve a desordens renovasculares e/ou a díaca Congestiva (ICC), com hipertrofia
Neves RRA
necrose córtico-tubular renal1,5,7,8,14. O cardíaca e terceira bulha 7,8.
Amorim JNC
Mendonça SMS diabetes mellitus e hipertensão arterial Os exames laboratoriais e as anormali-
são as doenças mais frequentemente res- dades metabólicas são:
A insuficiên-
cia renal ponsáveis pela maioria dos casos da IRC. - Coagulograma – Tempo de sangra-
crônica e suas É importante que o cirurgião-dentista veri- mento prolongado, resultante da inibição
interferências fique a presença de qualquer uma dessas da adesão das plaquetas pelas toxinas urê-
no atendimento patologias, já que também influenciam na micas 5,8,14,17.
odontológico
conduta odontológica1. - Hemograma – anemia normocrômica
– revisão de
literatura 2.2 Aspectos clínicos e diagnóstico e normocítica resultante da falta de produ-
da IRC ção de eritropoetina17.
A IRC é identificada por um conjunto - Eletrólitos – Hipercalemia; acidose
de sinais e sintomas clínicos e pela ava- secundária à retenção de potássio e áci-
liação laboratorial. A função renal é nor- dos; taxa de fosfato sérico elevada, devido
malmente avaliada pela determinação do à retenção de fosfato; taxa de cálcio sérico
Nitrogênio Ureico do Sangue15 e da Cre- diminuída, devido ao prejuízo da síntese
atinina, além da mensuração do débito de vitamina D; BUN e creatinina sérica
urinário diário1,8,15. O nível elevado de elevados8,14.
ureia no sangue é patognomônico da IRC, 2.3 Evolução e abordagem terapêu-
sendo que seu diagnóstico funcional é ca- tica da IRC
racterizado pela redução progressiva da A evolução clínica da IRC depende
taxa de filtração glomerular14. O quadro das complicações a ela associadas. Nos
de anúria ou oligúria pode ser fator con- indivíduos com hipertensão e nefropatia
tribuinte para seu diagnóstico. A Tabela 1 diabética a evolução é rápida, enquanto
mostra os indicadores laboratoriais mais aqueles com doença renal policística têm
comuns na avaliação da IRC7. evolução lenta. O aumento progressivo da
Os rins são capazes de compensar a azotenia demanda tratamento dialítico ou
•• 234 •• diminuição da função por certo período, transplante1,5,8.
mantendo normais os níveis de creatini- A abordagem terapêutica da IRC é re-
na até que ocorra a destruição de 50% da alizada em três etapas. Inicialmente o
massa renal. Apesar da IRC ser assintomá- tratamento médico associado ao contro-
tica em sua fase inicial, exames laborato- le da dieta é eficaz para manutenção da
riais já podem identificar alterações como homeostase. Com o avanço da IRC, há ne-
a homocisteinemia. Com a progressão da cessidade da filtração sanguínea artificial
doença, as funções excretória, endócrina (diálise peritoneal ou hemodiálise). A fase
e metabólica também sofrem alterações final é o transplante renal18.
e o indivíduo começa a apresentar ano- 2.3.1 O Tratamento conservador
rexia, fadiga, prostração e fraqueza. O Baseia-se no controle rigoroso da inges-
agravamento da doença pode provocar tão de sódio, potássio, água e proteínas. O
anasarca, ascite, prurido, náusea, vômi- uso de diuréticos é fundamental1,2,5,8,14,19. A
to, anemia, oligúria, anúria, hipertensão anemia causada pela IRC é bem tolerada
arterial, letargia, insuficiência respiratória e nenhum tratamento adicional é neces-
secundária à cardiopatia ou à sobrecarga sário, a não ser que o indivíduo apresente
de líquido, hipertensão secundária e peri- sintomas severos. Nesses casos, pode ser
cardite. Por fim, o indivíduo pode evoluir usada eritropoetina, terapia com ferro ou
para quadros clínicos de convulsões até o transfusão sanguínea1,2,5. Deve-se evitar o
coma1,5,7,16. uso de qualquer medicamento nefrotóxi-
Ao exame clínico, os portadores da co ou metabolizado nos rins19.
IRC apresentam hipertensão, pele pálida 2.3.2 A Diálise
e amarelada, com possíveis áreas escoria- O objetivo da diálise é manter as con-
Rev. Odontol. das e mucosa bucal pálida. A retenção de centrações ideais de fluidos/eletrólitos e
Univ. Cid. São promover a excreção. Esse procedimento
Paulo
líquidos é evidente. Os indivíduos tam-
2014; 26(3): 232- bém podem manifestar Insuficiência Car- desempenha a função metabólica do rim,
42, set-dez mas não corrige anormalidades endócri-
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nas, doenças ósseas, neuropatias e altera- doença. O maior problema apresentado Medeiros NH
Neves RRA
ções associadas à IRC. O sangue é filtrado por pacientes transplantados é a deficiên-
Amorim JNC
para retirada de água e metabólitos em ex- cia imunológica causada por drogas imu- Mendonça SMS
cesso. Na diálise peritoneal, a membrana nossupressoras, utilizadas para prevenir a
A insuficiên-
peritoneal, rica em vasos sanguíneos, atua rejeição do rim transplantado. Os fárma- cia renal
como filtro. Já na hemodiálise, o dialisa- cos mais utilizados são tacrolimus, ciclos- crônica e suas
dor, presente no interior dos aparelhos, porina, prednisona, sirolimus, azatiopia, interferências
realiza a filtragem. De maneira geral, os micofenolato mofetil ou micofenolato de no atendimento
odontológico
pacientes iniciam seu tratamento com a sódio, globulina antimocítica: ATG, OKT3
– revisão de
diálise peritoneal e podem progredir para 23
. literatura
hemodiálise, se a função renal continuar a 2.4 Manifestações bucais da IRC
diminuir1,2,5,7,8,20. Os pacientes com IRC apresentam ha-
A hemodiálise pode ser realizada de litose, estomatite urêmica, gengivite, fluxo
duas a três vezes por semana em dias salivar diminuído, xerostomia e parotidi-
alternados e as sessões duram em mé- te. Um dos primeiros sintomas bucais é
dia quatro horas. É um momento tenso e gosto ruim na boca e halitose ao acordar,
angustiante para o paciente, por isso seu ambos causados pela alta concentração
impacto psicológico deve ser considera- de uréia na saliva e seu metabolismo em
do7,14. O membro no qual está o acesso amônia5,12,15,24,25,26. A xerostomia no porta-
vascular da hemodiálise nunca deve ser dor de IRC tem-se o envolvimento direto
utilizado para aplicação de medicamentos das glândulas salivares, desidratação e
ou aferição da pressão arterial. O paciente respiração bucal1,5,24. Um estudo conduzi-
sob hemodiálise apresenta alto risco para do em 1998 não identificou diferença es-
endocardite infecciosa e infecções intra- tatisticamente significante no fluxo salivar
vasculares, visto que o acesso vascular total estimulado de pacientes portadores
aumenta o risco de formação de trombos de IRC e controles14.
infecciosos, contribuindo para ocorrência Sessenta por cento dos pacientes trans-
de bacteremia persistente ou êmbolos sép- plantados devido à IRC apresentam pelo •• 235 ••
ticos. Assim, a antibioticoterapia é sempre menos uma lesão bucal. Dentre as alte-
indicada em procedimentos invasivos. O rações bucais mais encontradas estão in-
uso da vancomicina endovenosa durante fecção herpética, candidose, papiloma,
o procedimento de diálise é preconizado, leucoplasia pilosa, língua saburrosa, car-
não havendo necessidade de complemen- cinoma escamocelular de lábio e linfoma
tação em doses posteriores, pois a vanco- não Hodgkin5,13,27. O achado bucal mais
micina tem ação por 4 a 7 dias nos nefro- frequente é palidez da mucosa, sinal da
patas1,2,5,6,7,12. anemia1,12. Outros autores destacam, po-
A diálise inadequada pode provocar es- rém, que as alterações bucais mais fre-
tado urêmico, acompanhado de náuseas, quentes em transplantados renais são
vômitos, anorexia e consequente prejuí- mucosites, hipossalivação, infecções por
zo ao consumo alimentar3. Dependendo vírus da família Herpes e Citomegaloví-
do parâmetro utilizado, a prevalência de rus25. A estomatite urêmica, relacionada
desnutrição entre os indivíduos sob diáli- ao aumento do BUN, é caracterizada por
se varia de 10 a 54%21. A IRC pode levar mucosa avermelhada ou ulcerada reco-
à deficiência de zinco, gerando também berta por espessa pseudomembrana que
quadro de anorexia, aumento nos níveis desaparece com a normalização do BUN.
séricos de noradrenalina, cicatrização Sua etiologia ainda é desconhecida, mas
lenta, atraso na maturação óssea, disfun- existem suspeitas de que seja uma reação
ções imunológicas e hipogeusia22. da mucosa à ureia salivar. As lesões são
2.3.3 O Transplante dolorosas e aparecem mais frequentemen-
A fase terminal da insuficiência renal te na face ventral da língua e soalho bu-
crônica ocorre quando a função renal do cal1,8,24,25. Rev. Odontol.
indivíduo não é mais capaz de manter Alterações ósseas como desminerali- Univ. Cid. São
Paulo
a vida5. O transplante ainda é a melhor zação, redução progressiva de trabecu- 2014; 26(3): 232-
técnica de tratamento nesse estágio da lagem, perda total ou parcial da lâmina 42, set-dez
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Medeiros NH dura, lesão de células gigantes e calcifica- ser controlada através da terapia periodon-
Neves RRA tal, propiciando melhoria da saúde bucal
ções metastáticas também são observadas
Amorim JNC
Mendonça SMS com frequência1,5,10,18,28. Tais manifesta- e efeito positivo sobre a morbidade e mor-
ções são mais comuns na região poste- talidade desses pacientes. O tratamento
A insuficiên-
rior da mandíbula, podendo ser causas de da DP pode contribuir para diminuição
cia renal
crônica e suas fraturas espontâneas e calcificações de dos marcadores sistêmicos de inflamação,
interferências tecidos moles. Após exodontia, é comum melhora da glicemia e controle metabóli-
no atendimento acontecer remodelação anormal do osso, co, restaurando parcialmente a disfunção
odontológico endotelial com consequente melhora da
caracterizada pela ausência de reabsorção
– revisão de
literatura da lâmina dura e deposição de osso escle- condição sistêmica e qualidade de vida
rótico5. Dentre os pacientes com IRC, 5% dos pacientes renais crônicos. O diagnós-
a 25% deles desenvolvem hiperparatireoi- tico precoce, tratamento e controle da DP,
dismo secundário. Em relação aos que re- associados à avaliação periódica da saúde
alizam diálise, essa porcentagem aumenta bucal, desde os estágios iniciais da doen-
para 50%. O hiperparatireoidismo secun- ça renal crônica, devem ser intensificados
dário provoca hiperplasia da glândula pa- como fatores de prevenção de comorbi-
ratireoide, aumentando a síntese e secre- dades. A integração do cirurgião-dentista
ção do paratormônio (PTH). Tal fato gera às clínicas de diálise e equipe multipro-
fatores contribuintes às alterações ósseas fissional certamente terá impacto positivo
como hipocalcemia, hiperfosfatemia, de- no estado de saúde bucal e sistêmica dos
ficiência de calcitrol e da resistência ós- pacientes renais crônicos31.
sea, dores osteomusculares, calcifilaxia, Em 2011 foi realizado estudo transver-
fraturas, deformidades ósseas e osteoclas- sal com indivíduos em hemodiálise. Entre
tomas29. Os indivíduos com IRC possuem os pacientes, 52,9% apresentaram perda
ligeira perda da crista óssea e aumento de inserção clínica menor que 2mm, en-
da distância entre crista alveolar e união quanto 47,1% tinham DP. Notou-se que a
amelocementária10. perda de inserção era maior nos pacientes
•• 236 •• A literatura cita ainda, como alterações idosos32.
da IRC, mobilidade dentária, diminuição Em estudo tipo caso-controle com por-
da câmara pulpar devido a calcificações tadores de IRC submetidos à hemodiálise
e a hipoplasia de esmalte. A hipoplasia e pacientes saudáveis, avaliou-se a micro-
de esmalte ocorre quando a uremia está flora bacteriana e a prevalência de cárie
presente no período de formação dos e cálculo dental. Os resultados revelaram
dentes e pigmentos sanguíneos, de colo- que pacientes com IRC têm alta predis-
ração amarronzada, ficam retidos no es- posição à formação de cálculo, prova-
malte dentário. Alguns portadores de IRC velmente devido à grande concentração
apresentam maior risco de erosão dentá- de ureia na saliva e alteração do cálcio e
ria devido à regurgitação, consequência fosfato séricos. A elevada concentração
da náusea, muito comum no processo de de ureia associada à presença aumentada
diálise1,5. Em crianças com IRC é comum de amônia na saliva é responsável pelo
atrasos na cronologia de erupção dos den- pH significativamente mais alcalino no
tes permanentes ou ordem de erupção al- grupo-caso do que no do grupo-controle.
terada, além de hipoplasia de esmalte e Isso contribui para que a placa bacteriana
pigmentações dentárias1,10,25. se torne também mais alcalina, podendo
Muitos estudos recentes têm demons- influenciar sua microbiota e atividade
trado associação entre doenças renais metabólica. Observou-se ainda que pa-
crônicas e doenças do periodonto. A IRC cientes portadores de IRC apresentavam
pode predispor e/ou agravar a doença quantidade de microrganismos cariogêni-
periodontal (DP), da mesma forma que a cos semelhante aos pacientes saudáveis14.
DP pode ser fator de comorbidade e fonte Outro estudo concluiu que pacientes com
Rev. Odontol. oculta de inflamação, causando ou favo- IRC possuem maior acúmulo de cálculo
Univ. Cid. São recendo o dano renal30, 31. Apesar do pos- dentário e placa, sendo a arcada inferior a
Paulo
2014; 26(3): 232- sível aumento da incidência e severidade mais afetada33.
42, set-dez da DP em pacientes com IRC, a DP pode Em 2012 foram avaliados 75 pacientes
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em hemodiálise. Destes, 37% apresenta- hospitalar .
5 Medeiros NH
ram boa higiene bucal e 63% higiene bu- Os portadores de IRC precisam de cui- Neves RRA
Amorim JNC
cal precária. O acometimento periodon- dados especiais e apoio humano, pois Mendonça SMS
tal foi evidente, pois 24% dos pacientes apresentam situação psicológica delicada
A insuficiên-
apresentaram gengivite e 75% periodonti- e vivem sob condições estritamente con-
cia renal
te. Os autores sugeriram que inter-relação troladas. Tais pacientes são incapazes de crônica e suas
entre nefrologistas e dentistas é necessária tolerar variações significativas na dieta, interferências
para mudança desse quadro26. Apesar dos fluidos e atividades diárias. Escolhendo no atendimento
pacientes portadores de IRC possuírem os momentos corretos, é possível realizar odontológico
– revisão de
dieta rica em carboidratos, devido à res- todo o tratamento odontológico sem inter- literatura
trição de proteínas, eles apresentam baixa rupção da diálise. O tratamento odontoló-
prevalência de cárie. Esse fato decorre da gico não deve comprometer a saúde geral
inibição da formação da placa bacteriana do paciente, nem interferir no tratamen-
e do crescimento de bactérias cariogêni- to médico ou piorar a condição física do
cas devido aos altos índices de ureia na paciente6. É importante que o cirurgião-
saliva1. A elevada concentração de amô- -dentista entre em contato com o médi-
nia na saliva que ocorre nos estágios fi- co responsável para se informar quanto
nais da IRC favorece o desenvolvimento à estabilidade e estágio da doença a fim
de estomatite com características clínicas de planejar o tratamento. O tratamento
semelhantes àquelas da Gengivite Ulcera- odontológico de pacientes descompensa-
tiva Necrosante34. dos deve ser adiado até que estejam esta-
É necessário conscientizar o paciente bilizados5.
portador de IRC das possíveis consequ- A pressão arterial do paciente com IRC
ências das doenças bucais em sua saúde deve ser rigorosamente monitorada antes
geral, bem como elaborar estratégias para e durante todo o tratamento odontológi-
o seu atendimento odontológico14,15. É im- co. Ele deverá apresentar exames recentes
portante a adoção de medidas preventivas para controle do tempo de sangramento,
desde o primeiro contato do cirurgião- contagem de plaquetas, hematócrito, ní- •• 237 ••
-dentista com o paciente, evitando-se o vel de hemoglobina e tempo de protrom-
aparecimento de focos infecciosos e per- bina5. Para procedimentos odontológicos
da prematura de dentes10. As manifesta- invasivos, a profilaxia antibiótica deverá
ções bucais associadas à IRC são secun- ser realizada conforme preconizada pela
dárias às manifestações sistêmicas e não American Heart Association. Em casos de
são específicas para diagnosticar a doença infecções pós-operatórias, estas devem ser
renal crônica2. tratadas agressivamente1,2,5,12,35. É necessá-
2.5 Diagnóstico e planejamento rio cautela no tratamento odontológico de
odontológicos no indivíduo com IRC portadores da IRC, visto que apresentam,
O tratamento odontológico de portado- com frequência, anemia normocrômica
res da IRC sob hemodiálise e comumente ou normocítica. Tais anemias são de difí-
candidatos ao transplante renal não con- cil tratamento, podendo aumentar o risco
siste apenas das resoluções de necessida- de hemorragias em procedimentos cirúr-
des odontológicas preexistentes, mas tam- gicos6. A predisposição à hemorragia é
bém do controle das infecções derivadas um problema constante nos pacientes sob
da IRC na cavidade bucal e toda a região hemodiálise devido à fragilidade capilar,
maxilofacial24. O tipo de tratamento odon- diminuição da adesão e agregação pla-
tológico depende do estágio de destruição quetária e tempos de sangramento e co-
renal e controle da doença. Em indivíduos agulação prolongados. Além disso, esses
bem controlados, os tratamentos de roti- pacientes ainda recebem medicamentos
na como polimento coronário, raspagens anticoagulantes, como a heparina, para
e restaurações podem ser realizados no evitar formação de coágulos durante as
próprio consultório. Caso a doença não sessões de hemodiálise. Por isso, o trata- Rev. Odontol.
esteja sob controle e o indivíduo apresen- mento odontológico deve ser realizado no Univ. Cid. São
Paulo
te estágios avançados de destruição renal, primeiro dia após a diálise, quando a ação 2014; 26(3): 232-
recomenda-se atendimento em ambiente anticoagulante é mínima e os benefícios 42, set-dez
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Medeiros NH da diálise estão presentes1. Os procedi- gingivalis podem causar injúria direta do
Neves RRA
mentos cirúrgicos devem ser realizados néfron, uma vez que muitos dos procedi-
Amorim JNC
Mendonça SMS no intervalo entre uma sessão de diálise e mentos odontológicos provocam bactere-
outra, quando o sangue está livre de hepa- mia transitória e os produtos bacterianos
A insuficiên-
cia renal rina e há tempo suficiente para que ocorra podem atingir o endotélio renal40, 41.
crônica e suas estabilização do coágulo e início do pro- O planejamento integral odontológico
interferências cesso de cicatrização. O cirurgião-dentista do portador da IRC precisa incluir exodon-
no atendimento deve utilizar medidas de hemostasia local tias de dentes não passíveis de restaurações
odontológico
– revisão de
(trombina tópica, colágeno microfibrilar ou severo comprometimento periodontal,
literatura e sutura) para controle do sangramento, restauração das lesões cariosas ativas cavi-
além de executar técnica cirúrgica meti- tadas e tratamento endodôntico dos dentes
culosa1,2,5,7,12,19,36. com comprometimento pulpar. Além disso,
Qualquer procedimento cirúrgico em é preciso incentivar o hábito de higienizar a
pacientes com IRC possui risco significati- cavidade bucal através de orientações sobre
vo. Esse fato se deve à elevada prevalência escovação, uso do fio dental, nutrição e fluo-
de doenças clínicas coexistentes e efeitos retos2,5,12,19,38,42. É de fundamental importância
prejudiciais das anormalidades metabóli- a implementação de um programa preventi-
cas e eletrolíticas, que podem dificultar a vo/terapêutico direcionado aos pacientes com
cicatrização de feridas cirúrgicas e dimi- IRC, através do qual seria possível conscien-
nuir a capacidade de suportar os excessos tizá-los sobre a importância da saúde bucal
perioperatórios37. para a realização e manutenção do transplan-
As infecções oportunistas são causa te renal4.
constante de morbidade e mortalidade em A indicação de bochechos com soluções
pacientes sob hemodiálise1,12. A infecção antimicrobianas, como a clorexidina (0,12%),
do acesso vascular é a principal sequela antes do atendimento, tem mostrado bons re-
da hemodiálise e pode levar o paciente ao sultados na diminuição de microrganismos
óbito; assim, procedimentos preventivos patogênicos bucais em pacientes transplan-
•• 238 •• contra infecções são de extrema impor- tados5. O tratamento periodontal consiste em
tância2. facilitar o controle de placa, adicionando aos
Assim, a condição bucal dos pacientes métodos clássicos de higienização o uso de
com IRC candidatos a transplante renal uma escova elétrica ou um irrigador pulsante
deve estar controlada durante a hemo- com solução de peróxido de hidrogênio 2%43.
diálise, períodos pré-transplante e pós- Os pacientes transplantados fazem
-transplante38. As complicações advindas uso de agentes imunossupressores que
de uma infecção bucal não tratada em mascaram os sinais iniciais das infecções
paciente imunossuprimido podem ser se- bucais, dificultando seu diagnóstico pre-
veras e contribuírem para a morbidade e coce. Quando processos agudos se de-
rejeição do órgão transplantado12,15. senvolvem são mais avançados e mais
A proteína C-reativa e imunoglobuli- severos do que em pacientes normais2,5,12.
nas, especialmente a IgG, são mediadores O cirurgião-dentista deve estar ciente da
inflamatórios produzidos durante as rea- alta prevalência de candidose em pa-
ções bacterianas no periodonto e podem cientes transplantados19. Algumas formas
causar danos aos rins39. Da mesma forma, de candidose como: pseudomembra-
as bactérias catalogadas como periodon- nosa (1,9%), eritematosa (3,8%) e atró-
topatogênicas podem agir à distância ou fica (3,8%) foram relatadas em pacientes
atingir órgãos vitais através da corrente transplantados, mostrando maior susceti-
sanguínea. Tais microorganismos podem bilidade desses pacientes a infecções fún-
se instalar não só no glomérulo como nos gicas34,44. Agentes antifúngicos como a
vasos sanguíneos, acelerando a ateroscle- nistatina são utilizados no controle de in-
rose, principal causa das complicações fecções localizadas19.
Rev. Odontol. cardiovasculares em pacientes renal e res- Os pacientes que estão sob uso de este-
Univ. Cid. São ponsável por 60% da taxa de mortalida- roides apresentam risco de ter crise aguda
Paulo
2014; 26(3): 232- de em pacientes sob diálise30. Os patóge- da adrenal durante o atendimento odonto-
42, set-dez nos periodontais como Porphyromonas lógico. A necessidade de suplementação
ISSN 1983-5183
da dose de esteroide deve ser discutida administração .5,12 Medeiros NH
com o médico responsável. Mesmo com Os pacientes renais crônicos podem ser Neves RRA
Amorim JNC
a suplementação da dose de esteroide, o submetidos à anestesia local, desde que se- Mendonça SMS
dentista deve estar atento a qualquer sinal jam utilizadas doses conservadoras. Anes-
A insuficiên-
de crise da adrenal, que inclui rápido de- tésicos locais como lidocaína podem ser
cia renal
senvolvimento de hipotensão, fraqueza, usados normalmente, visto que possuem crônica e suas
náusea, vômito, dor de cabeça e febre. metabolismo predominantemente hepáti- interferências
Deve-se sempre ter esteroide disponível co. A administração de cinco a seis tube- no atendimento
no consultório para qualquer emergência tes de solução de lidocaína é bem tolerada odontológico
– revisão de
de crise da adrenal. Os corticosteroides e segura5,12. Amoxicilina, eritromicina e literatura
também podem prejudicar o tratamento clindamicina podem ser utilizadas em suas
odontológico, visto que interferem na pro- doses usuais e são os antibióticos de esco-
liferação de fibroblastos, recapilarização, lha, no entanto podem alterar o metabo-
síntese de mucopolissacarídeos e minera- lismo das drogas imunossupressoras5,12,18.
lização da matriz óssea em formação2,5. A tetraciclina e estreptomicina não devem
Para todos os pacientes transplantados, ser utilizadas em pacientes com problemas
é obrigatória a antibioticoterapia em casos renais, pois são nefrotóxicas e contribuem
de procedimentos invasivos. A prescrição para acúmulo de ureia18. O ácido acetil
de medicamentos e o cuidado com drogas salicílico e o acetaminofeno podem ser
nefrotóxicas continua sendo importan- utilizados em doses baixas ou moderadas
te2,5,19. por períodos curtos de tempo18. No entan-
A terapia endodôntica em pacientes to, alguns autores, contraindicam o uso do
transplantados com abcesso periapical só ácido acetil salicílico por sua interferência
poderá ser realizada se os mesmos apre- na coagulação sanguínea e potencial ul-
sentarem boas condições de saúde e é cerogênico, principalmente em pacientes
desaconselhada, caso haja envolvimento que fazem uso de corticosteroide5,12. A co-
periapical severo e potencialmente peri- deína pode ser usada para controle da dor,
goso a ponto de disseminar uma infecção. uma vez que apresenta seu metabolismo •• 239 ••
Qualquer tratamento endodôntico deve no fígado18. Anti-inflamatórios são con-
ser proservado anualmente através de ra- traindicados e analgésicos, principalmente
diografias12. os morfinomiméticos, devem ser utilizados
2.6 Fármacos com cautela7.
Como o metabolismo e excreção de 2.7 Controle odontológico periódico
muitas drogas apresentam-se alterados O controle odontológico periódico e
em indivíduos com IRC, desaconselha- o reforço de medidas preventivas devem
-se o uso de fármacos em altas dosagens; ser realizados a cada três ou quatro meses.
excretados pelos rins ou nefrotóxicos. Um exame bucal criterioso deve ser feito
Felizmente, a maior parte dos medica- em pacientes transplantados que usam ci-
mentos utilizados em Odontologia são closporina, pois estes estão sob risco de
seguros para pacientes renais em doses desenvolver hiperplasia gengival medi-
terapêuticas, apesar de existirem algumas camentosa. O controle radiográfico dos
exceções18. O domínio do conhecimento tratamentos endodônticos deve ser reali-
sobre uso de fármacos e sua toxicidade é zado anualmente e o paciente instruído a
importante para o tratamento de pacientes procurar o dentista imediatamente, caso
com IRC5. O ajuste da dose de drogas eli- ocorra qualquer alteração em sua cavi-
minadas exclusivamente pelos rins é feito dade bucal. A avaliação periodontal deve
de acordo com o nível de prejuízo da fun- ser criteriosa10,12.
ção renal, medicação e existência de ou-
tros problemas sistêmicos. Dois métodos 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
são usados para ajustar o uso de medica- Os pacientes portadores de IRC ou
mentos: redução da quantidade de droga transplantados renais apresentam maior Rev. Odontol.
com manutenção do intervalo de admi- predisposição para o desenvolvimento Univ. Cid. São
Paulo
nistração e manutenção da quantidade da de patologias bucais. O cirurgião-dentista 2014; 26(3): 232-
droga com prolongamento do intervalo de deve trabalhar de forma interdisciplinar 42, set-dez
ISSN 1983-5183
Medeiros NH visando à assistência integral do indiví- conscientizado sobre as possíveis conse-
Neves RRA duo. Durante o tratamento odontológico, quências das doenças bucais e sua saúde
Amorim JNC
Mendonça SMS
esses pacientes merecem cuidados espe- geral. O papel do cirurgião dentista é de
ciais, principalmente no que se refere a enfatizar que o sucesso do transplante e
A insuficiên-
processos hemorrágicos, presença de fo- de qualquer outro tratamento depende
cia renal
crônica e suas cos de infecção e administração de anes- diretamente do envolvimento do pacien-
interferências tésicos ou outros fármacos. Os principais te juntamente com ele, para que se obte-
no atendimento objetivos do atendimento odontológico nha uma saúde bucal ideal. O profissional
odontológico ao portador da IRC são: medida preven- deve estar preparado adequadamente para
– revisão de
literatura tiva, detecção precoces de alterações atender tais pacientes, já que merecem e
bucais, viabilizando um tratamento mais necessitam de um atendimento visando o
conservador. O portador de IRC deve ser mesmo como um todo.

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