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APOCALÍPSE: UM PONTO DE VISTA

Objetivos:

-Uma introdução

-Mensagem contida nas cartas as sete igrejas

-Mensagem contida nos sete selos; sete trombetas; sete taças com os sete flagelos e o
sentido dos cento e quarenta e quatro mil

-Mensagem e significado das duas bestas; a que sai do mar e a que sai da terra

-Mensagem e significado do milênio: a grande tribulação, o arrebatamento da igreja e


o sentido de reino de Deus e o significado do número da besta 666 e sua marca na mão, teria
algo a ver com chip?

-Conclusão: As bênçãos do novo céu e da nova terra; o esplendor da nova Jerusalém e


os desafios dos cidadãos da nova Jerusalém

Uma introdução:

Willian Hendriksen disse que o livro do apocalipse é incomparavelmente formoso.


Formoso em estilo, em propósito e em significado. Sem dúvidas que este livro é o mais notável
de todo o cânon sagrado. O Apocalipse trata do triunfo de Jesus e de sua igreja. Poder-se ver
no livro que a história não caminha para o caos, nem está dando voltas cíclicas, mas avança
para um fim glorioso, a vitória completa de Cristo e de sua igreja. Precisa-se urgentemente
levar o povo de Deus a confiar que seu Cristo vive e reina eternamente. Ele é quem governa o
mundo a favor de sua igreja. Ele voltará para buscar sua igreja, para morar com ele para
sempre em um universo novo.

Um estudo do livro, mesmo que seja resumido, deve nos incentivar a santidade,
encorajar-nos nos sofrimentos e nos levar a adorar aquele que está no trono. Constitui-se um
erro aproximarmos do livro apenas com propósitos escatológicos, quem assim procede corre o
risco de perder sua mensagem. O propósito principal do livro é confortar a igreja militante em
seu conflito contra as forças do mal. O livro está cheio de consolações para os crentes afligidos.
A eles é dito que Deus vê as suas lágrimas (7:17; 21:4); suas orações produzem verdadeiras
revoluções no mundo (8:3-4); sua morte é preciosa aos olhos de Deus (14:13); sua vitória é
assegurada (15:2); seu sangue será vingado (6:9; 8:3); Seu Cristo governa o mundo em seu
favor (5:7-8) e Jesus, o leão da tribo de Judá, voltará em breve (22:17).

Tema do livro:

Um versículo central seria 17:14 que diz: “Pelejarão eles contra o cordeiro, e o cordeiro
os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão também os chamados,
eleitos e fiéis que se acham com ele.” Em outras palavras o tema central do livro é a vitória de
Cristo e de sua igreja sobre satanás e seus seguidores. A intenção do livro é mostrar que as
coisas não são como parecem ser. O Diabo, o mundo, o anticristo, o falso profeta e todos os
ímpios perecerão, mas a igreja, a noiva do cordeiro, triunfará. Jesus é sempre apresentado
como vencedor e conquistador. Ele triunfa sobre a morte, o inferno, o dragão, a besta, o falso
profeta, a Babilônia e os ímpios. A igreja perseguida ao longa dos séculos, mesmo suportando
martírio, é vencedora (7:14; 22:14;15:2). Os juízos de Deus mandados para a terra são uma
resposta dele as orações dos santos (8:3-5).

O destinatário do livro:

O livro foi inicialmente endereçado aos crentes que estavam suportando o martírio na
época do apóstolo João. Houve muita perseguição contra os crentes nos primeiros séculos.
Muitos imperadores romanos perseguiram cruelmente a igreja tais como Nero (64 d C),
Domiciano (95 dC), Trajano (112 dC), Marco Aurélio (117 dC), Sétimo severo (fim do segundo
século), Décio (250 dC) e Diocleciano (303 dC).

O livro foi enviado as sete igrejas da Ásia menor. O número sete é um número
importante neste livro. Muitos comentaristas entendem que o “sete” é portador de um
sentido simbólico. Ele aparece 54 vezes. Temos no livro sete candeeiros, sete estrelas, sete
selos, sete trombetas, sete taças, sete espíritos, sete cabeças, sete chifres, sete montanhas.
Pode significar completude. Havia mais de sete igrejas na Ásia menor, portanto quando Jesus
escreve as sete igrejas significa que está escrevendo a todas as igrejas, em todos os lugares e
em todos os tempos.

A interpretação do livro de Apocalipse:

Há três escolas principais de interpretação do livro:

Em primeiro lugar temos a interpretação “Preterista”. Segundo essa escola, tudo que é
profetizado no livro já aconteceu. Do ponto de vista preterista a Roma imperial era a besta do
capítulo treze e a classe sacerdotal que incentivava o culto ao imperador era o falso profeta. O
livro, neste ponto de vista, narra apenas as perseguições sofridas pela igreja da parte dos
judeus e imperadores romanos. O livro cumpriu seu propósito de fortalecer e encorajar a
igreja do primeiro século. Essa escola não vê o livro como uma mensagem profética,
pertinente a toda história da igreja.

Em segundo lugar temos a interpretação “Futurista”. Tudo o que é profetizado no livro


a partir do capítulo quatro tem a ver com os últimos dias, sem nenhuma aplicação na história
da igreja. O ponto de vista futurista divide-se em duas correntes: a moderada, ou pré milenista
histórico e a extrema, ou pré milenista dispensacionalista. Embora haja grandes divergências
entre essas duas correntes elas concordam que o propósito do livro de Apocalipse é descrever
a consumação do propósito redentor de Deus no fim dos tempos. (a escola futurista esvazia o
caráter consolador do livro para os crentes primitivos. Um dos aspectos mais vulneráveis da
interpretação futurista é que ela relega ou transfere o Reino para o futuro. A verdade
incontroversa das escrituras é que já fomos feitos um reino; o reino já veio.)

Em terceiro lugar temos a interpretação “histórica”. Essa escola encara o Apocalipse


como uma profecia simbólica de toda a história da igreja até a volta de Cristo e o fim dos
tempos. Assim, o livro é uma profecia da história do reino de Deus desde o primeiro advento
de Cristo até o segundo advento. O livro é rico em símbolos, imagens e números.
Há quatro grandes correntes de interpretação do livro de Apocalípse:

1- A corrente Pós Milenista:

Os Pós Milenistas ensinam que a segunda vinda de Cristo se seguirá a um longo


período de retidão e paz, chamado milênio. Loraine Boettner, ilustre representante do pós
Milenismo, diz: “O milênio se encerrará com a segunda vinda de Cristo, a ressurreição e o
julgamento final. Em suma os pós Milenistas apresentam um reino espiritual nos corações dos
homens.” O pós milenismo crê que o mundo vai ser cristianizado e que teremos um grande e
poderoso reavivamento, produzindo um crescimento espantoso da igreja a ponto de toda
terra encher-se do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar (Hb 2:4). Martyn
Lloyd-Jones diz que os pós Milenistas creem que no fim da era cristã haverá um período de
bênçãos inusitadas e especial, o qual ofuscará tudo que lemos em Atos capítulo 2. Haverá,
dizem, uma tão tremenda profusão do Espírito Santo, levando a uma atividade missionária e
evangelística tal, que a maioria das pessoas na face da terra será convertida e se tornará cristã.
Russell Shedd diz que as raízes do pós Milenismo são conhecidas nas ideias de Ticôniuo e
Agostinho. Essa corrente foi forte nos séculos XVII, XVIII e XIX, quando as missões estavam em
franca expansão. O Pós Milenismo foi o ponto de vista defendido por praticamente todos os
grandes protestantes e comentaristas evangélicos conservadores durante o século XIX.
Homens como Jonathan Edwards, Charles Hodge e Benjamim Warfield, os famosos teólogos
do seminário de Princeton, foram defensores do pós Milenismo. Muitos missionários foram
influenciados por essa interpretação, e muitos hinos missiológicos foram escritos inspirados
por essa visão. Parece que o otimismo incontido dos grandes mestres do pós milenismo foi
abatido pelas duas grandes guerras e o avanço do comunismo ateu. Millard Erickson diz que o
declínio da popularidade do pós Milenismo é resultado mais das considerações históricas do
que exegéticas. Os pós milenistas não são literalistas quanto ao milênio. Para eles o milênio é
um período longo de tempo, não necessariamente de mil anos medidos pelo calendário. O
milênio terminará com a segunda vinda de Cristo, em vez de começar com ela.

2- A corrente pré Milenista:

Ensinam os pré Milenistas que a segunda vinda de Cristo não seguirá, mas precederá o
milênio. O Pré Milenismo foi a posição oficial da igreja primitiva até o quarto século. Os pais da
igreja como Justino, o mártir, Tertuliano, Lactâncio, Papias, Irineu e Hipólito, escreveram sobre
a tribulação pala qual a igreja passaria. George Ladd, Ilustre representante do Pré Milenismo,
resume o período patrístico dizendo que cada pai da igreja que trata do assunto prevê que a
igreja sofrerá nas mãos do anti Cristo, mas Cristo a salvará mediante a sua volta no fim da
tribulação, quando, então, destruirá o anti Cristo, livrará sua igreja e trará ao mundo o fim e
inaugurará o seu reino milenar.

Robert Clouse diz que durante o século XIX o pré milenismo atraiu novamente ampla
atenção, John Nelson Darby (1800-1882), líder dos irmãos Plymouth articulou a perspectiva
dispensacionalista do pré milenismo. Descreveu a vinda de Cristo antes do milênio, consistindo
em dois estágios: O primeiro, um arrebatamento secreto removendo a igreja ante da grande
tribulação devastar a terra; o segundo, Cristo vindo com seus santos para estabelecer o reino.
No momento de sua morte, Darby havia deixado quarenta volumes de escritos e uns mil e
quinhentos congressos realizados ao redor do mundo. Através de seus livros, que incluem
quatro volumes acerca de profecias, o sistema de dispensação foi levado a todo mundo de
língua inglesa.

Um dos maiores fatores do crescimento do dispensacionalismo no meio evangélico foi


a bíblia anotada de Scofield. Essa bíblia foi publicada em 1909 e desde então tem larga
aceitação nos Estados Unidos e em quase todo o mundo. Scofield divide a bíblia em sete
dispensações: 1)- A inocência, desde Adão até a queda; 2)- A consciência, desde a queda até o
diluvio; 3)- O governo humano, desde Noé até Abraão; 4)- A promessa, desde Abraão até
Moisés; 5)- a lei, desde Moisés até o Calvário; 6)- a graça, desde o Calvário até a grande
tribulação; 7)- O reino, desde a grande tribulação até i fim do reinado de Cristo por mil anos na
terra. Dentro dessa visão dispensacionalista, a igreja é apenas um parêntese na história. A
igreja é um mistério que não tinha sido previsto pelos profetas no antigo testamento. Dr.
Ironside, grande expoente do dispensacionalismo diz: “O relógio profético se deteve no
calvário. Nem um tic tac se tem ouvido desde então e o relógio não começará a marcar até
que Cristo regresse”. Um dos grandes destaques da interpretação dispensacionalista é a
distinção entre o arrebatamento e a segunda vinda de Cristo. Para os dispensacionalista a
segunda vinda de Cristo será em dois turnos: a vinda secreta para a igreja que será percebido
com o arrebatamento e a vinda visível com a igreja, a segunda vinda para juízo. Gerge
Henderlite expressa assim: “No arrebatamento Jesus vem receber a igreja no fim da
dispensação atual, mas não chegará à terra. É a igreja, os santos mortos ressuscitados, os vivos
transformados, todos os arrebatados, que saem ao encontro de Jesus no ar. Na segunda vinda,
depois de alguns anos ele vem para a terra a fim de estabelecer o seu reino messiânico.”

John Wavoord, um dos ilustres representantes do dispensacionalismo, comenta:


“entre o arrebatamento da igreja para o céu e o retorno de Cristo em triunfo para estabelecer
seu reino, deve haver bastante tempo para que um novo grupo de crentes, formado de judeus
e gentios, venha a Cristo e seja salvo”.

Durante o século XIX o Pré Milenismo atraiu novamente ampla atenção. No século XX
houve uma explosão de dispensacionalismo, sobretudo, depois da bíblia anotada de Scofield; a
revista Chamada da meia noite e a série de livros “Deixados para trás” de Tim LaHaye.

3)- A Corrente Amilenista:

Os Amilenistas não creem num milênio literal. Eles creem que o milênio é um período
indeterminado que vai da primeira a segunda vinda de Cristo. No quarto século, o mais
destacado teólogo da igreja ocidental, agostinho de Hipona, passou a defender uma nova
interpretação acerca do milênio. Para alguns foi Agostinho que sistematizou e desenvolveu a
abordagem Amilenista. O reino milenar de Cristo e seus santos foi igualado a totalidade da
história da igreja na terra. Essa interpretação foi chamada de Amilenismo.

O Amilenismo tornou-se a interpretação dominante no concílio de Éfeso em 431dC.


Daí para frente crer num milênio terrenal era considerado superstição. O termo Amilenismo
não é muito feliz, diz Antony Hoekema, pois sugere que os Amilenistas não creem no milênio
ou não levam em conta os primeiros seis versículos de Apocalipse vinte, que falam de um reino
de mil anos. Os Amilenistas, embora creiam no milênio, não o interpretam de forma literal. O
milênio está hoje em processo de realização, ele vai da primeira a segunda vinda de Cristo.
Sugere-se que o termo Amilenismo seja trocado por “Milênio realizado”. Antony Hoekema diz
que hoje vivemos a tenção entre o já e o ainda não. Ou seja, já estamos no reino, mas ainda
não na sua plenitude. O reino de Deus está dentro de nós, mas ainda não na sua consumação
final.
Dentro deste ponto de vista o Apocalipse não pode ser interpretado dentro de uma
ordem cronológica e Linear. As mesmas verdades principais são repetidas em sete seções
paralelas e progressivas. Willian Hendrinksen é quem oferece esta interpretação conhecida
como “Paralelismo Progressivo”. De acordo com este ponto de vista o Apocalipse apresenta
sete seções paralelas entre si, cada uma delas descrevendo a igreja e o mundo desde a época
da primeira vinda de Cristo até sua segunda vinda. Cada seção apresenta uma cena do fim. A
cena do fim vai ficando cada vez mais clara, até chegar ao relato apoteótico da última seção.
Estas sete seções estão agrupadas em duas divisões principais: Capítulos de um a onze e
capítulos de doze a vinte e dois. A primeira descreve a perseguição que a igreja sofre por parte
do mundo, dos sistemas políticos e dos ímpios; e a segunda descreve o pano de fundo dessas
perseguições, mostrando que por traz delas estão o diabo e seus aliados, prefigurados no
Dragão e seus agentes. Vejamos os paralelos:

1- Primeira seção: (1-3)- Os sete Candeeiros

Qual a lição dessa seção? É que Cristo tem o controle da igreja em suas mãos.
Encontramos aqui uma descrição do Cristo que morre, ressuscita e vai voltar (1:5-7). A morte e
a ressurreição de cristo são o começo da era Cristã, a sua segunda vinda é o término destas
era. Nesta seção temos um mero anúncio da segunda vinda para o juízo (1:7), mas nenhuma
descrição de como será o juízo.

2- Segunda seção: (4-7)- Os sete selos

Qual a mensagem dessa seção? É que Cristo tem o controle da história em suas mãos
(5:5). Contemplamos sua morte (5:6), mas essa seção encerra-se com uma cena da segunda
vinda de Cristo (6:9-12 e 7:9-17). Notemos a impressão produzida nos incrédulos pela segunda
vinda (6:16-17). Nesta segunda seção, o juízo final não é meramente anunciado, mas
definitivamente introduzido. Os ímpios estão aterrados pelo fato de terem que comparecer
perante o juiz.

3- Terceira seção: (8-11)- as sete trombetas

Nesta seção vemos a igreja vingada, protegida e vitoriosas. Havendo começado com o Senhor
como nosso sumo sacerdote (8:1-5), avançamos até o juízo final (10:7; 11:15-19). Uma vez
mais estamos tratando das mesmas coisas. O senhor e sua igreja e o que lhes sucede no
mundo, o juízo final, os redimidos e os perdidos. As trombetas são avisos antes do
derramamento completo das taças da ira de Deus. Aqui temos o juízo final e o gozo dos
redimidos.

4- Quarta seção: (12-14) A tríade do mal

Novamente voltamos ao início, ao nascimento de Cristo (12:5). Depois vem a perseguição do


Dragão a Cristo e a igreja (12:13). Ele levanta a besta e o falso profeta. Finalmente, vem a cena
do juízo final (14:8; 14-20).

5- Quinta seção (15-16)- as sete taças

Descreve as sete taças da ira de Deus, representando a visão final da sua ira sobre os que
permanecem impenitentes. Uma vez mais a cena começa no céu relatando o Cordeiro com seu
povo. Mas, no capítulo dezesseis uma espantosa descrição do juízo (16:15-20). Aqui a
destruição é completa.
6- Sexta seção (17-19)- a derrota dos agentes do Dragão

Esta seção é um relato da destruição dos aliados do Dragão: A Meretriz, a besta, o falso
profeta e os seguidores da besta. Ao mesmo tempo em que a meretriz, a falsa igreja, está
sendo destruída, a igreja é apresentada como a esposa de Cristo (19:20). A grande festa das
núpcias ocorre; O juízo final é relatado outra vez e uma grande distinção entre redimidos e
perdidos acorre novamente. No capítulo 19 há uma descrição detalhada da gloriosa vinda de
Cristo (19:11-21).

7- Sétima seção (20-22)- O reinado de Cristo

Essa seção mostra o reinado de Cristo com as almas dos santos no céu e não o milênio na terra
depois da segunda vinda. O capítulo vinte começa na primeira vinda e não depois da segunda
vinda. Então, temos a descrição do juízo final (20:11-15). Após isso, vemos os novos céus e a
nova terra e a igreja reinando com Cristo para sempre.

Apesar dessas seções serem paralelas, elas são também progressivas. A última seção
leva-nos mais além do que as outras. Apesar do juízo final já ter sido anunciado em 1:17 e
brevemente descrito em 6:12-17, não é apresentado detalhadamente senão quando
chegamos em 20:11-15. Apesar do gozo final dos redimidos já ter sido insinuado em 7:15-17,
não encontramos uma descrição detalhada senão quando chegamos em 21:1-22:5. Aqui está o
clímax glorioso deste livro!
Cartas as igrejas: Capítulos dois e três

Uma introdução:

A partir do capítulo quatro Jesus manifesta seu juízo ao mundo. Aqui nos capítulos dois
e três Jesus vai falar a sua igreja, ou seja, aqueles que “tem ouvido”. Estas cartas começam
sempre com uma palavra de apresentação: “Estas coisas diz ...”. Após vem uma apreciação do
Senhor a cada igreja sempre com a palavra “Conheço ...”. Depois da apreciação vem uma
reprovação que foi feita a cinco igrejas. São elas Éfeso, Pergamo, Tiatira, Sardes e Laodicéia,
sendo que esta última recebeu só crítica. As outras quatro receberam tanto elogios quanto
críticas. E duas igrejas receberam somente elogios: Esmirna e Filadéfia. Depois dos elogios e
críticas exortativas vem as promessas. As promessas vêm sempre precedidas das palavras “ao
vencedor”. Tem promessas para todas as igrejas. Onde houver um vencedor há uma promessa
do Senhor Jesus. Assim como Ele venceu nós também venceremos. Assim como Ele foi fiel até
a morte precisamos também sê-lo.

Vejamos, introdutoriamente, algumas lições:

1)- Jesus só pode ser conhecido na igreja e através dela. (1:12-13; 20). Antes de ver Cristo João
viu a igreja na terra, e só depois viu o Cristo glorificado na terra. As cartas as sete igrejas
representam a totalidade de igrejas em todo lugar e em todo tempo. Podemos afirmar que
ninguém poderá ser salvo fora da igreja de Cristo, mas, muito cuidado com o conceito de igreja
que temos em mente. Igreja de Cristo extrapola a ideia de instituição. Igreja é a totalidade dos
salvos. Toda a atenção de Cristo está voltada para sua igreja que é sua noiva.

2)- Cristo anda no meio da igreja para oferecer-lhe oportunidade de arrependimento antes de
aplicar-lhe o juízo. Todas as igrejas recebem uma exortação em alguma área da vida. Caso esta
exortação não fosse atendida uma palavra de alerta é dada. Vejamos por exemplo a igreja de
Éfeso nos versos 4 e 5 do capítulo dois. “Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu
primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta a prática das primeiras
obras; e, se não, venho a ti e moverei do teu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.”

3)- Dentro da igreja há pessoas fiéis e infiéis. Por exemplo, em Pérgamo enquanto havia gente
disposta a morrer por Cristo, alguns crentes estavam seguindo a doutrina de Balão (2:14-15).
Em Tiatira havia tolerância aos ensinos e práticas de uma profetiza imoral (2:20); mas nem
todos os crentes caíram nessa heresia perniciosa (2:24-25). Em Sardes, havia uns poucos que
não contaminaram suas vestiduras (3:4).

4)- O que realmente importa para a igreja é o que Cristo realmente pensa dela. Para os
homens a igreja de Éfeso era ortodoxa, trabalhadora, fiel nas provas, mas para Cristo ela havia
esfriado no amor para com seu Senhor. A igreja de Esmirna era pobre aos olhos homens, mas
para Cristo era rica (2:9). Em Pérgamo tinha gente muito comprometida com Deus a ponto do
martírio (2:13)., mas tinha gente que caia diante da sedução do pecado (2:14).

Vamos nos concentrar nas exortações quanto ao pecado de cada igreja. Isso não significa uma
postura pessimista, mas uma postura realista. Ter nossa atenção voltada as essas questões nos
deixarão com o alerta ligado para evitá-las.

ÉFESO: Uma igreja sem amor

O Apóstolo João, depois de ser liberto da ilha de Patmos, foi levado para a cidade de Éfeso e
pastoreou aquela igreja até a morte, que ocorreu sobre o reinado de Trajano, fim do primeiro
século. A tradição relata que João, já idoso e demasiado fraco para andar, era levado a igreja
de Éfeso, e ali fazia admoestações aqueles irmãos, dizendo-lhes: “Filhinhos, amemo-nos uns
aos outros”. Esta exortação toca no problema central dessa comunidade. No verso quatro
temos uma palavra dura do Senhor Jesus a respeito de problema: “Tenho, porém, contra ti que
abandonaste o teu primeiro amor”. A igreja de Éfeso foi avaliada pelo Senhor como uma igreja
sem amor, sem fraternidade, sem calor humano, sem solidariedade. O problema é que quando
abrimos mão do amor elegemos outras coisas em seu lugar. Trocamos o que é essencial por
coisas periféricas. O trabalho na igreja se torna mais importante que o amor na igreja. Isso se
trona possível quando podemos entender uma senhora que já vive com seu marido a tantos
anos, é fiel a ele, cuida dele como sempre o fez, mas já não o ama. Muita gente vive essa triste
realidade da perda do amor.

ESMIRNA: Uma igreja sem a capacidade de enxergar seu próprio potencial.

Esta é uma igreja que só recebeu elogios por parte de Jesus. Ela é convocada a ser fiel até a
morte, “se fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida”(2:10). Aqui temos uma igreja sofredora,
perseguida, pobre, caluniada, aprisionada, enfrentando a própria morte, mas uma igreja fiel. A
palavra Esmirna vem de “mirra”, uma erva amarga, ou seja um nome apropriado para a
realidade que estava enfrentando. Era a cidade mais bela da Ásia menor. Era considerada uma
cidade comercial, onde ficava o principal porto da Ásia. Tinha uma magnífica arquitetura, com
templos dedicados a Cibelis, Zeus, Apolo, Afrodite e Esculápio. Hoje essa é a única cidade
sobrevivente, com o nome de Izmir, na Turquia, asiática, com 255.000 habitantes. Esmirna
sabia muito bem o sentido de fidelidade. De todas as cidades asiáticas era a mais fiel a Roma.
Cícero dizia que Esmirna era a cidade mais antiga e a mais fiel de Roma. Foi a primeira cidade a
erigir um templo a deusa Roma. Neste ambiente ser cristão em Esmirna era um risco de perder
os bens e a própria vida.

Nas entrelinhas pode-se perceber que seu pecado era a incapacidade de enxergar seu próprio
potencial como igreja. No verso 9 lemos: “Conheço a tua tribulação, a tua pobreza, mas tu és
rico, e a blasfêmia dos que a si mesmo se declaram Judeus e não são, sendo antes, sinagoga de
Satanás”. Jesus está dizendo que conhece a pobreza deles, mas ele não conseguiam ver que
eram ricos. Rev Hernandes Dias Lopes sempre diz que não existe igreja pobre, pois o
patrimônio da igreja são os membros. Uma igreja jamais pode se considerar sem forças para
enfrentar qualquer desafio que o Senhor da mesma a chama, pois ele pode sustenta-la. Um
pecado que corremos o risco de cometer é o de não enxergar o próprio potencial. Isso aponta
para auto comiseração onde a pessoal passa ater dó de si mesma.

PERGAMO: Uma igreja na linha divisória entre a fé e a heresia.

A carta a igreja de Pérgamo é um brado de Jesus a igreja contemporânea. Essa carta é


endereçada a todos nós. Não é uma mensagem diante de nós, mas a nós. O perigo que estava
assaltando a igreja de Pérgamo era a linha divisória entre a verdade e a heresia. O ponto de
discórdia na igreja não era entre o bem e o mal, e sim entre a verdade e o erro. Eram
tolerantes e liberais. Esta igreja, apesar de enfrentar o martírio (2:13) foi alvo da tática de
Satanás de seduzi-la. A palavra “Pérgamo” significa “casado”. A igreja precisa lembrar de que
está comprometida com Cristo, é a noiva de Cristo e precisa se apresentar como uma esposa
santa, pura e incontaminada.

O ponto central desta carta é alertar a igreja sobre o risco da perigosa mistura do povo de
Deus com o engano doutrinário e com a imoralidade do mundo. Não se pode esquecer que a
igreja está instalada no meio do acampamento de Satanás (2:13). Eles tinham um zelo para
com a fé em Jesus a ponto de morrerem por ele, mas foram enganados a semelhança de Israel
que praticaram prostituição com as filhas dos Moabitas e a adorarem seus deuses comendo
coisas sacrificadas aos ídolos (Nm 25:1-2). Mantinham um elevado nível de fidelidade a Jesus
mas que começava a ceder as pressões do mundo.

TIATIRA: Uma igreja que pecou por falta de zelo doutrinário.

Esta carta é a mais extensa as igreja do Apocalipse mas é a menos importante. Eles não
nenhum centro político ou religioso, sua importância era comercial, por causa de sua
localização geográfica por onde passavam o correio imperial. Por este caminho acontecia todo
o intercâmbio comercial entre Europa e Ásia. Em Tiatira havia vários importantes agremiações
de comércio. Estes grêmios tinham fins tanto de mútua proteção e beneficio como social e
recreativo. Seria quase impossível ser comerciante na cidade sem fazer parte destes grêmios.
Não participar era quase um suicídio comercial. Era perder a esperança de prosperidade. Cada
agremiação tinha sua divindade particular. Nos banquetes organizados havia comidas
sacrificadas aos ídolos e acabavam depois com festas cheias de lincenciosidade.

Esse era o problema de Tiatira, não havia persegyição, o perigo estava dentro da igreja. O que
os cristãos deviam fazer nessas circunstâncias: transigir ou progredir? Manter a consciência
pura ou entrar no esquema para não perder dinheiro? Ser santo ou ser esperto? Qual a
posição do cristão: se sai do grêmio perde sua posição, reputação e lucro financeiro. Se
permanece nessas festas nega a Jesus. Nesta situação Jezabel (2:20) fingiu saber a solução.
Disse ela: para vencer a Satanás é preciso conhecer as coisas profundas dele. O ensino de
Jezabel enfatizava que não se pode vencer o pecado sem conhecer profundamente o pecado
pela experiência. Jesus reprova a igreja por ser tolerante com o falso ensino. Eles estavam
tolerando uma falsa profetiza, chamada Jezabel. Ela estava exercendo uma influência tão
nefasta na igreja como Jezabel havia exercido em Israel. Foi ela quem introduziu Israel na culto
pagão a Baal e misturou a religião com prostituição. Ela não só perseguiu os profetas de deus,
mas também promoveu o paganismo. Esta Jezabel estava induzindo os servos de Deus ao
pecado. Pregava que os pecados da carne podiam ser livremente tolerados. A liberdade que
ela pregava era uma verdadeira escravidão. Ela subiu ao púlpito da igreja, exercia a docência e
induzia os crentes ao pecado. A igreja não tinha pulso para desmascara-la e enfrenta-la. Em
uma igreja saudável havia um câncer maligno a formar-se. O lobo não vinha de fora, estava
dentro da mesma.

SARDES: Uma igreja que vivia da fama.

A história da igreja de Sardes tem muito a ver com seu passado. A glória de Sardes estava no
seu passado. Esta cidade foi a capital da Lídia no século VII antes de Cristo. Viveu seu tempo
áureo nos dias do rei Creso. Era uma das cidades mais magnífica do mundo neste tempo.
Situada no alto de uma colina, cercada de muros e fortificada, sentia-se imbatível. Precipícios
íngremes cercavam a cidade de modo que não podia ser escalada. Seus habitantes eram eram
orgulhosos, arrogantes e autoconfiantes. Mas a cidade orgulhosa caiu nas mãos do rei Ciro da
Pérsia. Esta cercou a cidade por quatorze dias, e em um momento em que os soldados
dormiam, ele penetrou com seu exército por um buraco na muralha, o único vulnerável e
dominou a cidade. Os membros dessa igreja sabiam claramente o que Jesus estava dizendo
quando afirmou: “Sede vigilantes” (3:2) se não vigiares “virei como ladrão” (3:3). A cidade foi
reconstruída por Alexandre Magno. Mas em 17 d.C. foi parcialmente destruída por um
terremoto e reconstruída pelo imperador Tibério.
A fama era o lugar onde esta cidade se arrogava. E esta postura contaminou os membros da
igreja. Eles viviam da fama (3:1). Tinha fama de viviam mas estavam mortos. O pecado invadiu
aquela igreja de forma que os membros se entregavam aos encantos de uma vida de luxúria e
prazer. Ao invés de influenciar foi influenciada. Eram como sal sem saber ou uma candeia
escondida.

FILADÉLFIA: Uma igreja que olhava para os obstáculos e não para as oportunidades.

Filadélfia era a mais nova das sete cidades, fundada em 158 a 138 aC. A cidade era chamada de
a “porta para o oriente” e também de pequena Atenas, por muitos templos dedicados aos
deuses. Este ambiente fazia com a mesma estivesse cercada de oportunidade. Ao escrever
esta carta a esta igreja sua mensagem era absolutamente contextualizada. Ele disse que havia
posto uma porta aberta de oportunidades. Da mesma forma que esta cidade era uma porta
aberta ao ensino da cultura grega deveria ser para o ensino do evangelho. Esta situação
histórica favorecia a criação de pontes entre as pessoas para o evangelismo. Esta cidade fora
criada para a expansão da filosofia grega, mas Cristo diz para a igreja que ele colocou uma
porta aberta diante deles para proclamar não a cultura grega, mas o evangelho da salvação. A
razão porque a porta permanece aberta diante da igreja é que as chaves estão nas mãos de
Jesus.

Precisamos conhecer a bíblia e a cidade onde estamos inseridos. Precisamos conhecer a


mensagem e o povo para o qual ministramos. Precisamos interpretar as escrituras e a
congregação da qual participamos. As estratégias que são boas para uma cidade podem não
ser para outras. Os métodos usados em um bairro podem não ser adequados para outros.
Precisamos ser ousados na mudança dos métodos sem mudar o conteúdo do evangelho.

LAODICÉIA: Uma igreja sem o fervor espiritual.

De todas as cartas as igrejas esta é a mais severa. Jesus não faz nenhum elogio a igreja de
Laodicéia. Era uma cidade muito rica, a ponto de ser chamada de “Lar dos milionários’. Na
cidade havia teatros, um estádio e um ginásio ocupado com banhos. Era a cidade dos
banqueiros e transações comerciais (3:17). A igreja tinha a cara da cidade, eles tinham se
conformado a ela. Era uma igreja que se orgulhava de membros ricos. A religião deles era
apenas de fachada. Na cidade havia um centro médico de importância. Havia uma escola de
medicina famosíssima. Fabricavam-se ali dois unguentos quase milagrosos para os ouvidos e os
olhos. O pó para fabricar o colírio era o remédio mais importante produzido na cidade. Esse
colírio era exportado para todos os centros populosos do mundo (3:18). Era também um
centro de águas termais. A região era formada por três cidades: colossos, Hierápolis e
Laodicéia. Em Colossos ficavam as fontes de águas frias e em Hierápolis havia uma fonte de
águas quentes, que em seu curso sobre o planalto tornavam-se mornas, e nesta condição fluía
dos rochedos fronteiros de Laodicéia. Tanto as águas quentes de Hierápolis, como as águas
frias de colossos eram terapêuticas, mas as águas mornas de Laodicéia eram intragáveis (3:15-
16). A vida religiosa da cidade se comparava a estas águas mornas, ou seja frouxa e anêmica.
Parecia que eles tinham tomado um banho morno de religião. Jesus vai identificar esta falta de
fervor e alerta-los.
Os sete selos: Apocalipse 6 e 7

Introdução:

A porta do céu é aberta e João é convidado a entrar. Ele já tivera a visão do Cristo da
glória no meio de sua igreja. Depois dessa primeira visão do Cristo exaltado que cuida de sua
igreja e a protege, começa a revelação do “que acontecerá depois dessas coisas”. (Ap 4:1)
Cristo revelou-se primeiro como aquele que conhece sua noiva no íntimo. Ele conhece todas as
virtudes e fraquezas de sua noiva. Nenhum defeito de sua noiva esta oculto aos seus olhos.
Agora os céus estão abertos para João liberando entendimento para seus servos. Parece-nos
que a visão mostra as grandes tensões que a noiva enfrentará até a segunda vinda de seu
Noivo. Mas antes de segunda vinda as forças do mal empenharam num esforço desesperado
para impedir os planos de Deus de se realizarem. Esta é a grande tensão entre o Reino de Deus
e o reino de Satanás. A abertura dos sete selos revelam as perseguições do mundo sobre a
igreja e o juízo parcial de Deus sobre o mesmo. O destino da noiva não está nas mãos dos
homens mas nas mãos daquele que está assentado no trono (Ap 4:2). Enquanto o mundo está
incendiado pelo ódio, guerras e conflitos; enquanto a terra está cambaleando, bêbada de
sangue, ou sacudida por terremotos, precisamos levantar os olhos e ver nosso Deus assentado
sobre um alto e sublime trono, ele é quem governa o universo. Esse é o verdadeiro
discernimento da história.

Toda a história começa com Deus, está sob o controle dele e terminará segundo a
vontade dele. É importante nesse momento termos as duas visões humanistas da história que
entram em choque com a visão bíblica da mesma.

-Temos a visão “Cíclica dos antigos gregos”: para eles a história não se move para uma
meta. Não há esperança, não há redenção. O que é, é o que foi, o que foi será. Não há uma
consumação.

-Temos a visão do ‘existencialismo ateu”. Para eles a história é uma sucessão de fatos
sem significados. Não há planos, não há esperança, a história é um caos. Sartre no seu livro ‘O
ser e o nada” diz que o homem é uma paixão inútil.

No capítulo cinco de Apocalipse verso um nos diz: “ Vi, na mão direita daquele que
estava assentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete
selos.” Isso nos revela que a história tem sentido, nossa vida não está ao leu, jogada de um
lado para o outro ao sabor das circunstâncias. A humanidade não caminha para um fim trágico
com total ausência de sentido. João vê que Deus está no trono, ele reina. O livro visto em sua
mão direita contém os decretos de Deus, as linhas gerais de todos os acontecimentos até o fim
dos tempos. Este contém o registro antecipado da história. Ele conhece, controla e dirige todas
as coisas para uma consumação final. Não importa a fúria de Satanás, Deus tem a história nas
mãos. O livro está escrito por dentro e por fora. Tudo está traçado, escrito e determinado. O
futuro está nas mãos de Deus.

O livro está selado e precisa ser desatado. Se este livro permanecesse selado os planos
de Deus não seriam realizados, seu plana não seria levado a cabo. O livro precisa ser aberto. A
história sem Deus é um livro lacrado. Só Deus pode dar sentido a história e a nossa vida.
Ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem no céu nem na terra (Verso 2 e 3). Não há
anjos, patriarcas, apóstolos nem Maria que possa abrir o livro. Não há ideologias, nem partidos
políticos, nem sistema econômico que possa realizar os sonhos e as esperanças do coração
humano. Sozinha a humanidade não vai a lugar algum. Sozinha seu destino é o caos. Há uma
impossibilidade radical de o homem ser senhor de seu próprio destino (verso 4). Há uma clara
impotência humana para desvendar o futuro.

No entanto há uma questão: Quem é digno? Há consolo para nós. O anjo no verso
cinco diz: “Não chores”. O futuro nos amedronta, mas Deus tem a solução para os problemas
que nos levam as lágrimas. Há alguém digno, capaz de dirigir a história e dar sentido a vida.
Jesus tem as chaves da interpretação da história nas mãos. Ele venceu para abrir o livro. Jesus
é o leão da tribo de Judá e a raiz de Davi, que venceu e o livro abrirá (verso 5-14)

A abertura dos sete selos

Introdução:

Os capítulos que temos agora apresentarão quadros de sofrimento da igreja, dos juízos
divinos sobre os seus inimigos, e do triunfo final de Cristo. Este tempo descreve as dores de
parto. A medida que os selos são abertos no céu, efeitos tremendos aconteceram na terra. O
céu comanda a terra. Jesus abre os selos, a história está em suas mãos. Podemos fazer um
paralelo enquanto se abrem os selos com os textos de Mateus 24, na mesma sequência:
guerras (Mt 24:4-5); fomes Mt 24:7); perseguições (Mt 24:9-25); abalos no mundo (Mt 24:29) e
segunda vinda (Mt 24:30-31). Teremos a partir do capítulo seis as vozes de comando que vem
do céu: “Vem”. Os cavaleiros devem dar a largada para dentro da história.

Os quatro cavaleiros do Apocalipse ( os quatro primeiros selos)

O cavaleiro e seu cavalo branco, uma figura do Cristo vencedor (6:1-2)

Adof Pohl e Warren Wiersbe interpretam o cavalo branco como sendo o anticristo. O
argumento é que o livro do Apocalípse usa imagens duplas para fazer contrastes: duas
mulheres: a mulher e a prostituta; duas cidades: Jerusalém celeste e babilônia; dois
personagens sacrificados: O cordeiro e a besta. Assim, o anticristo estava se contrapondo a
Cristo. Desta forma, o cavalo branco seria uma inocência encenada, fingida, de uma luz falsa. O
anticristo apresenta-se como um pacificador, ele será aclamado como alguém invisível, como o
diabo que se apresenta como anjo de luz e precisa ser despido de sua pele de ovelha.

Willian Barclay, interpretou o cavalo branco como as conquistas militares do império


Romano e dos outros impérios que surgiram depois dele. O cavalo branco era usado pelo rei
vencedor e o arco como simbolismo do poderio militar.

Simon Kistemaker e George Ladd interpretam o cavalo branco como sendo a pregação
do evangelho em dimensões universais. Mesmo em meio as terríveis perseguições, o
evangelho tem sido pregado e será pregado vitoriosamente no mundo inteiro para
testemunho a todas as nações.

Willian Hendriksen e Martin Lloyd-Jones interpretam o cavalo branco e seu cavaleiro


como sendo Jesus Cristo. Sempre que Cristo aparece, Satanás se agita e assim as provas para
os filhos de Deus são iminentes, os cavalos vermelho, preto e amarelo são reações do Diabo.
As palavras Branco, Coroa, Saiu vencendo para vencer só poderiam serem usadas para cristo,
pois estão intimamente ligadas a retidão. Este primeiro selo não traz nenhuma maldição.
Podemos ver esta mesma figura em Apocalípse 19:11-16, onde cristo é descrito em sua
gloriosa vinda.
O cavalo vermelho, uma figura da perseguição religiosa e da guerra (Ap 6:3-4):

O cavaleiro do cavalo vermelho representa a perseguição ao povo de Deus ao longo


dos séculos. Ele tinha na mão uma espada. Esta espada, no original é “Machaira”, um cutelo
sacrificador usado em meio as perseguições religiosas. Esta espada traz a idéia de matança
religiosa. Onde chega o Cavalo branco, chega também as perseguições religiosas. Vejamos
alguns eventos de perseguições na história: ao todo foram 249 anos de perseguição
intermitentes no império Romano durante os quais, 129 anos foram de perseguição intensa e
120 anos de relativa paz. O número oficial de mártires é bem impreciso. Entre 100.000 e
200.000 cristãos pagaram com a vida em fidelidade a Cristo. Houve perseguição, também,
pelos Judeus, pela inquisição, perseguição na pré-reforma, perseguição na pós-reforma, a
noite de São Bartolomeu, perseguição no Nazismo, Facismo e comunismo. O maior número de
perseguições aconteceram no século vinte. Milhares foram mortos em nome do ateísmo
Leninista e Chinês por mãos de Maotse tung, e as perseguições do Islamismo radical.

Também, é nos dito, que a paz foi tirada da terra para que os homens se matassem
uns aos outros. O príncipe da Paz foi rejeitado. Este cavalo vermelho descreve um espírito de
guerra. A guerra faz parte da experiência humana desde que Caim matou Abel. Este cavalo
vermelho é grande agente do dragão vermelho, que é assassino desde o princípio (12:13). A
terra está bêbada de sangue e cambaleando pela guerra. Os homens se tornaram loucos, feras
bestiais, prontos a adorarem a besta e o dragão.

O cavalo preto, uma figura da pobreza, da escassez e da fome (6:5-6)

Este cavalo representa fome, pobreza, opressão e exploração. Fome e guerras andam
juntas. Se a paz foi retirada da terra, não poderá livremente comércio nem negócios. Comer
pão pesado representa grande escassez. Há trigo, mas o preço está muito alto, um homem
precisará trabalhar um dia inteiro para comprar um litro de trigo. Normalmente se compraria
com o mesmo preço 12 litros do mesmo produto. Este cavalo fala do empobrecimento da
população, que só poderia alimentar a família com cevada, o cereal dado aos animais. Em
períodos de racionamento os homens gastam tudo que tem com alimentos. Essa pobreza virá,
também, pelo fato dos crentes não fazerem concessões, não aceitarem a marca da besta e não
poderem comprar nem vender (13:17). Os fieis preferiram a morte a apostasia.

A fome é um subproduto da concentração de riqueza e dos recursos, bem como da


explosão populacional. Hoje já somos mais de seis bilhões de habitantes. Porém, a questão
mais agravante ainda não é a explosão populacional, mas a perversa e injusta distribuição de
renda.

Porém, a pobreza não atinge todos. O azeite e o vinho, produtos que descrevem vida
regalada, não são danificados. Os ricos sempre sabem garantir o seu luxo, enquanto a
população passa fome. Eles tem suas fontes de abastecimento, não precisando abrir mão de
nada. No mesmo mundo onde reina a fome, reinam também o esbanjamento, o luxo, a
desigualdade. Enquanto uma morrem de fome outros morrem de abastança

O cavalo amarelo, uma figura da morte (6:7-8)

A figura da morte e do inferno são pleonásticas, representam uma única realidade. O


hades sempre vem atrás da morte. A morte derruba e o hades vem recolhendo os mortos. A
morte reclama o corpo, enquanto o hades pede a alma do morto.
A morte e o hades não podem fazer o que querem. Eles estão debeixo de autoridade,
só atuam sob permissão divina. Seu círculo de ação é limitado: “somente a quarta parte”. A
morte usa quatro instrumentos para sacrificar sua vítimas: a espada (aqui não é macharia),
aqui é rhomphaia, espada comprida usada na guerra; A fome: a fome é subproduto da guerra,
cidades citiadas, falta de transporte para alimentos; Pestilência ou mortandade: as pragas, as
pestilências crescem com a pobreza, a fome, as guerras; as bestas feras: Despedaçam e
devoram tudo que encontram, tem a ver com as feras lançadas pelos imperadores Romanos
aos cristãos em espetáculo público.

O quinto selo: o clamor do céu (6:9-11):

As almas do que morreram pela fé estão no céu. Com a abertura do quinto selo muda-se o
cenário, da terra passa-se ao céu. Passamos da causa para o efeito. Estas pessoas foram
mortas mas ainda não ressuscitaram. Elas foram mortas e a matança prossegue. As almas
sobreviveram sem o corpo e são conscientes. Elas não estão dormindo, estão no céu. Essa é
nossa gloriosa convicção, morrer é estar com Cristo, a morte não os havia separado de Deus.

Deus não os poupou do martírio, mas deu-lhes poder para morrerem por causa da
palavra. Enquanto os falsos crentes vão apostatar, amando o presente século, adorando o
anticristo, os fieis selarão com seu sangue o seu testemunho e preferirão a morte a apostasia.
Jesus deixou isso claro no sermão profético: “então vos entregarão a tribulação, e vos
matarão, e sereis odiados de todas as gentes por causa de seu nome” (Mt 24:9-10). Muitos
mártires conhecidos e desconhecidos morreram e ainda morrem por causa de sua fidelidade a
Cristo e sua palavra.

As almas dos fieis pedem não vingança pessoal, mas a vindicação da glória do Deus
santo. Sua pergunta não é a mesma de Jesus: “Por que”, mas “até quando?”. Como conciliar
esta pergunta com o perdão que Cristo ofereceu aos seus algozes na cruz? O clamor não pede
vingança pessoal, mas a vindicação da justiça divina (Lc 18:7-8). Esse é o clamor da igreja
diante dos massacres: arenas, piras, campos de concentração, prisões, câmaras de gás, fornos
crematórios. Não é o próprio grito de lamentação, mas o lamento pela glória de Deus.

As almas dos fieis vestem vestes brancas, representando retidão, santidade e alegria.
Os réus e condenados vestiam-se de preto. Os fieis foram condenados na terra, mas não no
céu. As almas dos fieis estão descansando não dormindo, até chegar o dia em que se
completará o número dos mártires. Lá não tem mais dor nem pranto nem luto. O dia está
determinado e o número dos fieis também está determinado. O cordeiro está no controle.
Nem um fio de cabelo nosso pode ser tocado sem que ele permita. Mas é preciso saber que
nos foi dado a graça não apenas de crer em Cristo, mas de padecer por ele. Deus mostra para
estes mártires que o seu sacrifício não foi um acidente, mas um apontamento. Quando o
inimigo pensa estar ganhando a batalha, a igreja vence, ao se dispor a morrer pela fé.

Há um limite para esta enxurrada de injustiça, além do qual ela não prosseguirá. Deus
anuncia este limite intransponível. Trata-se do número completo dos mártires, ele não é citado
mas existe. Justamente no momento em que a violência celebra seus maiores triunfos e
apregoa seus mais altos índices de sucesso, sua ruína torna-se visível. Perseguição sobre os
cristãos amadurece o juízo sobre o mundo, apressando seu fim.
O sexto selo-O clamor sobre a terra- o juízo chegou (Ap 6:12-17)

O juízo chegou: as portas da graça estão fechadas, é o dia da ira do cordeiro. O sexto
selo introduz o dia do juízo. O medo, o terror, o espanto e a consternação daquele dia se
descrevem sob dois simbolismos: um universo sendo sacudido e os homens completamente
aterrorizados, tentando se esconder.

O juízo chegou, o próprio universo está abalado. O sol, alua, as estrelas, o céu, os
montes, as ilhas: tudo aquilo que se considerava sólido, firme, está abalado. As vigas de
sustentação do universo estão cambaleando. A antiga criação está se desintegrando. O
apóstolo Pedro se refere a este momento assim: “Virá, entretanto, como ladrão, o dia do
Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão
abrasados: também a terra e as obras que nela existem serão atingidas” (2Pe 3:10). Este é um
quadro simbólico do terror do dia do Juízo. O simbolismo inteiro nos ensina uma só lição, a
saber,, que será verdadeiramente terrível a efusão final e completa da ira de Deus sobre um
mundo que tem perseguido a igreja. Este momento virá repentinamente. Será como ladrão de
noite. Os homens desmaiaram de terror. O Senhor Jesus descreve esta cena assim: “Haverá
sinais no sol, na lua e nas estrelas; sobre a terra, angústia entre as nações em perplexidade por
causa do bramido do mar e das ondas; haverá homens que desmaiarão de terror e pela
expectativa das coisas que sobrevirão ao mundo; pois os poderes do céu serão abalados. Então
se verá o Filho do homem vindo numa nuvem, com poder e grande glória”.

O juízo chegou: os homens estão em profundo desespero (15-17). Há seis classes de


pessoas descritas; da mesma forma que tinha seis classes de elementos abalados: reis,
grandes, comandantes, ricos, poderosos, escravo e livre. João vê nessa imagem do terror
universal todos os ímpios sobressaltados de um repentino terror, tentando fugir e se esconder
do Deus irado. Os homens estão buscando um lugar para se esconder. Mas, para onde o
homem pode fugir e se esconder de Deus? Deus está em toda parte. Para ele luz e trevas são a
mesma coisa. O primeiro instinto do pecador é se esconder. Essa tem sido uma desesperada
atitude desde o Éden.

De que estão fugindo? Dos montes que estão se desmanchando? Do universo que está
em convulsão? Não, há algo mais terrível: eles estão fugindo do Deus irado, eles sabem de
onde procedem as dificuldades que tanto os assustam. Tentando esconder-se daquele que se
assenta no trono e do Cordeiro, exclamando: “chegou o grande dia da ira deles...” eles buscam
a morte, mas ela não os pode esconder da ira do cordeiro. A corrida por uma vida regalada e
distante de Deus, torna-se uma corrida para a morte. O maior desespero do pecador não é a
morte, mas a manifestação plena da presença de Deus. Mas, agora nem caverna, nem a morte
podem esconde-los desse encontro com Deus. O tempo da graça acabou. Quem não se
encontrou com a graça teve um encontro inexorável da ira de Deus. A porta se fechou, agora é
juízo!

Posição, riqueza e poder político não puderam lhes dar proteção e segurança.
Absolutamente nada pode evitar que os homens enfrentem o tribunal de Cristo. Importa que
todos compareçam perante o justo juiz de toda a terra.

O dia do juízo aproxima. Mas, hoje ainda é o dia aceitável. Ainda os homens podem se
voltar para Deus e encontrar perdão. Mas, é preciso que estejam dispostos a enfrentar
perseguição, pobreza, espada, fome e a própria morte por amor a Cristo e sua palavra.
Capitulo sete: O número dos selados e a igreja na glória:

Versículos 1-3-

O capítulo sete descreve a mesma cena do capítulo anterior, porém noutra


perspectiva. La , os quatro cavalos; aqui os quatro ventos; lá os cavalos trazem juízo; aqui, os
ventos do juízo estão prontos para começar sua missão destrutiva. O fato de serem quatro
anjos, nos quatro cantos da terra, a segurar os quatro ventos da terra, indica que o juízo que
vai desabar é universal. Ninguém escapa. O controle do juiz sobre os cavalos e os ventos
assegura que a igreja será selada e ficará segura antes que os cavaleiros avancem. A destruição
desabará sobre o mundo, mas a igreja é indestrutível.

Deus fará distinção entre seu povo e os ímpios (7:3). Antes que venha este tempo de
terror e devastação, os fieis tem de ser marcados com o selo de Deus. Ser marcados aqui
significa que seriam consagrados a Deus. A destruição não poderia dar a largada antes dos
remidos serem selados. Estes selos aqui tem três significados: Proteção- ninguém pode violar o
que está selado; Propriedade- na antiguidade os escravos eram selados por seu proprietário.
Quem violava o selo atacava seu dono. O selo nos dá a garantia que somos propriedade
exclusiva de Deus; genuinidade- o que está selado não pode ser adulterado. No capítulo seis
verso 17 temos uma pergunta dos ímpios: “Quem pode suster-se diante do Deus irado?” a
resposta da bíblia é que aqueles que foram selados como propriedade de Deus, estarão de pé
diante do trono, com vestes brancas e palmas nas mãos, celebrando a Deus eternamente.

A visão dos 144.000 (7:4-8):

O número é ouvido. O número dos selados é revelado por declaração expressa. Deus
conhece os que lhe pertencem. Este número para Deus é contável.

Três interpretações principais sobre o significado destes 144.000:

-As testemunhas de Jeová: Entendem que a igreja que vai morar no céu limita-se apenas a este
número. Todas as demais criaturas, que receberão a vida eterna não terão parte nesta bem
aventurança, mas viverão nesta terra, sob o domínio de Cristo e sua igreja no céu.

-A interpretação Dispensacionalista: Dizem que são selados 144.000 judeus para pregarem o
evangelho em todo o mundo, sendo protegidos sobrenaturalmente por Deus enquanto
realizam esta missão. Estes judeus são os que estarão vivendo no tempo da angústia de Jacó
(Jr 30:5-7). Embora as tribos tenham sessado Deus as conhece e preservará um remanescente
até restaurar um reino a Israel (At 1:6). Este será o tempo da plenitude dos gentios. Os
dispensacionalista dizem que estes 144.000 referem-se aos judeus que se converterão depois
do arrebatamento e antes do milênio e que viverão na palestina no período da grande
tribulação e serão poupados do juízo que virá sobre o anticristo. Esses Judeus aguardarão
Jesus Cristo, o seu rei, em sua segunda vinda, quando destruirá o anticristo e implantará o seu
reino milenar.

-A interpretação Amilenista e pre-milenista histórica: Para estes esse número é simbólico.


Temos a antiga dispensação com doze patriarcas e a nova dispensação com os doze apóstolos.
Doze vezes doze é 144, vezes 1000 para indicar a inclusão de todos, completude. Indica
portanto o número completo de todos os salvos em Cristo. Para este grupo se torna muito
complicado atribuir este número as doze tribos de Israel uma vez que depois do cativeiro
Assírio dez tribos já tinham desaparecido. E na lista das tribos estão omitidos os nomes de
Efraim e Dã e em seus lugares estão Levi e José. Levi não tinha herança na terra e José entra
com seus dois filhos na divisão da terra, Efraim e Manassés. Ou seja a lista de nomes dos filhos
de Jacó foram trocadas, e não tem nenhuma lista semelhante a esta em toda a bíblia. Segundo
apocalipse 14:3-4, os 144.000 foram comprados por Deus de entre os da terra e não somente
da nação judaica. Assim João queria apontar para a totalidade dos remidos. A igreja é o
verdadeiro Israel espiritual (Gl 6:16; Gl 3:29; Rm 2:28-29 Rm 4:11; Rm 9:6-8;), e segundo o livro
de Filipenses 3:3 aqueles que adoram a Deus e se gloria em Cristo é que são a verdadeira
circuncisão. Este número, então, para os pre Milenistas históricos e os Amilenistas
representam a totalidade dos salvos na perspectiva de Deus.

A multidão vista por João (Ap 7:9-12):

De repente muda-se o cenário, João olha para o céu e vê uma multidão de redimidos
no céu. No lugar de uma tensão cheia de desgraça em vista do perigo iminente, ocorre o
cântico da vitória. No céu conservaremos nossa individualidade. Quem são? São pessoas,
indivíduos que vem de lugares diferentes, mas que não perdem sua individualidade. As
distinções que nos separam na terra não no separam no céu. L não teremos ricos e pobres,
nobres e servos, mas aqueles que foram lavados no sangue do cordeiro. É uma igreja
inumerável, honrada, universal, pura, vencedora e uma igreja que tributa a Deus sua salvação.
Pode-se dizer que esta multidão são os salvos na perspectiva de João, uma multidão que não
se podia contar.

Qual a procedência?

Verso 13 e 14 nos dizem que são os que vieram da grande tribulação. Esta ideia de
grande tribulação remonta Daniel 12:1; Mateus 24:21-22 e também em apocalipse 13:7 e 15. A
grande tribulação é caracterizada como período de grande apostasia e também da
manifestação do homem da iniquidade. Nesse tempo o conflito secular entre Deus e satanás
atingirá seu auge. A igreja será salva na tribulação e não da tribulação. Ela emergirá do meio da
tribulação, como um povo selado e vitorioso. A missão eterna da igreja será de comunhão e
adoração eterna.

As trombetas começaram a tocar

Enquanto os selos falam do sofrimento da igreja perseguida pelo mundo (6:9); as


trombetas falam do sofrimento do mundo incrédulo em virtude das orações da igreja (8:4). Os
selos falam do sofrimento da igreja até a segunda volta de Cristo, dando particular atenção ao
que a igreja terá de sofrer. As trombetas começam no mesmo ponto, descrevem o que vai
acontecer na história até o retorno de Cristo, dando ênfase ao sofrimento pelo qual o mundo
irá passar, como expressão da advertência de Deus. George Llad comenta:

“É digno de nota que tanto os selos como as trombetas nos levam ao

fim dos tempos. O sexto selo, como já vimos, fala das catástrofes cós

micas que identificarão a vinda do Dia do Senhor (6:17). De maneira

semelhante a sétima trombeta anuncia a vinda do fim. Quando o séti

mo anjo a tocou, foram ouvidas vozes celestiais, dizendo: “O reino do


do mundo se tornou de seu Senhor e de seu Cristo, e ele reinará pelos

séculos dos séculos (11:15)”

Tanto os selos (Ap 7) como as trombetas (Apocalipse 10 e 11) são interrompidos por
um interlúdio:

Antes das trombetas tocarem houve silêncio e súplicas no céu- Ap 8:1-5


O silêncio no céu pode representar duas coisas- Primeiro, o céu fica em silêncio para
ouvir as orações dos santos. As orações estão a ponto de serem elevadas para Deus. Quando
os santos oram todo o céu faz silêncio para que se possa escutar. As necessidades dos santos
significam muito mais para Deus do que todas as músicas no céu. Segundo, o céu fica em
silêncio como atitude de suspense e tremor diante do julgamento de Deus ao mundo. Os
exércitos celestiais, vendo o julgamento de Deus que desabarão sobre o mundo, ficam em
silêncio. É o silêncio da terrível expectativa dos acontecimentos que estão por vir.

As trombetas se preparam para tocar- Ap 8:6


As trombetas são o símbolo das intervenções de Deus na história. O apóstolo João,
como Judeu, entendia bem a importância das trombetas na história de Israel. As trombetas
tinham três usos importantes de acordo com Números dez. Eram usadas para reunir o povo;
eram usadas par anunciar uma guerra e eram usadas para anunciar um tempo especial. As
trombetas falam dos juízos divinos que precedem a volta de Cristo, ao mesmo tempo que
advertem aos homens ao arrependimento. O propósito de Deus também é misericordioso.

As trombetas começam a tocar- Ap 8:7-13


-A primeira trombeta- verso 7:

Há uma tempestade de granizo, fogo e sangue que atinge a terra. Ela é semelhante a
sétima praga do Egito com uma chuva de pedra com fogo (Ex 9:23). Aqui, porém, acrescenta-
se sangue, o que acentua seu caráter destrutivo. Nesta forma simbólica, o livro de Apocalipse,
bem como toda a Escritura, nos diz que calamidades tais como terremotos, vulcões e
inundações estão sob a mão de Deus e são parte de seu método de castigar o pecado e de
anunciar ao mundo que ele não pode perseguir o seu povo impunimente. O significado é que o
Senhor que está reinando afligirá os perseguidores de sua igreja, desde a primeira até a
segunda vinda, com vários desastres que sucederão na terra. Estes eventos não podem ser
datados, mas o espaço de habitação das pessoas e seu alimento serão duramente atingidos.

-A segunda trombeta- verso 8-9:

Esta catástrofe atinge agora o mar. Esta trombeta fala das terríveis calamidades
marítimas, bem como de todos os desastres que acontecem no mar. João vê algo semelhante
a um vulcão em plena erupção, explodindo ardendo, e lançando sua lava no mar. Representa
as mais terríveis calamidades marítimas (Sl 46:2; Ez 38:20). Este juízo e mais severo que o
primeiro. Pois aqui não só há dano a natureza, mas também danos materiais, e por inferência,
de pessoas que viajam nestas embarcações. A ira de Deus queimará todas as seguranças deste
mundo. A pesca e a navegação são submetidas a uma tragédia. Aqui tanto o comércio como
vidas estão sofrendo. São desastres ecológicos e econômicos em proporções gigantescas. O
juízo ainda é delimitado, não é total.
-A terceira trombeta- 10-11:

O juízo agora é que a terça parte das águas doces são transformadas em águas
amargosas. Aquilo que era benção se tornou em maldição. Deus faz sua criação retroceder. A
água potável se torna em problema para a raça humana. Estima-se que o maior problema do
século 21 não será de energia nem de petróleo, mas de água potável. Os recursos naturais
entrarão em colapso. Pragas tem visitado o mundo, doenças tem provindo de rios e fontes
poluídas, e inundações tem ocorrido, pessoas tem sido destruídas nesses castigos Divinos, que
são a vara da ira de Deus contra um mundo hostil a sua igreja. Os perseguidores ímpios não
encontrarão em nenhuma parte do universo descanso verdadeiro, nem tão pouco gozo
permanente. Não somente o mar e a terra, mas também as fontes e os rios, durante essa
época, estarão contra essas pessoas malignas. O texto diz que “muitos homens morreram”,
não são todos, o juízo ainda é parcial.

-A quarta trombeta- 12:

Os astros, o sol, a lua e as estrelas, desde as suas órbitas lutam contra os inimigos da
igreja de Deus. Calamidades tem vindo a humanidade como resultado das coisas que ocorrem
nos céus, meteoros caindo sobre a terra, eclipses, tempestades de areia, furacões, tornados e
outras calamidades terríveis vindas do céu têm visitado a terra. Essas tragédias são trombetas
de Deus alertando os homens a se arrependerem.

-Uma águia voando no céu, avisando sobre o caráter trágico das últimas três
trombetas- verso 13:

João vê e ouve uma águia predizendo as calamidades mais terríveis que sobrevirão aos
homens com resultado das últimas três trombetas. Em outras palavras, ele está dizendo: “Se
vocês pensam que as coisas já aconteceram são terríveis, simplesmente esperem, pois coisas
piores virão.”

Em grande voz a águia dizia: “Ai! Ai! Ai! Dos que moram na terra, por causa das
restantes vozes da trombeta dos três anjos que ainda tem de tocar.” A tríplice repetição é
ênfase superlativa. As últimas três trombetas são denominadas “Ais”, e isso demonstra que
serão pragas extremamente severas. A quinta e a sexta pragas destruirão os homens,
enquanto a sétima destruirá as obras dos homens. Agora não é a natureza que será atingida,
mas os homens e suas obras.

A cavalaria do inferno- Apocalipse 9:1-13 a quinta trombeta


As quatro primeiras trombetas foram juízos de Deus que atingiram a natureza: a terra,
o mar, os rios e os astros. Mas, agora os terrores do tempo do fim vão aumentando em tensão
e intensidade. Agora, não são calamidades naturais, nem terrores deste mundo, mas terrores
demoníacos, que vem do abismo, onde estão aprisionados anjos caídos, que invadem a terra
para atormentar os homens. As últimas três trombetas trazem juízos severos, e estes atingem
os homens ímpios diretamente. São “Ais” que lhes sobrevirão. Essa quinta trombeta fala de
um tormento imposto aos homens que não tem o selo de Deus. Há inquietação no mundo, as
pessoas não têm paz. Elas buscam refúgio na religião, no dinheiro, na bebida, no sexo, nas
drogas, na fama, mas o vazio é cada vez maior. A degradação dos valores morais aumenta. As
famílias estão se desintegrando. A imoralidade campeia, a violência aumenta, os conflitos se
avolumam. Vivemos dias difíceis (2Tm 3:1; Mt 8:28).
Geord Llad fala da quinta trombeta assim: “A quinta praga são gafanhotos diabólicos que
atacam o corpo das pessoas, mas não as matam. Pano de fundo para isso é Joel 2:4-10, onde
uma praga de gafanhotos precederá o Dia do Senhor. Em Joel os gafanhotos se pareciam com
cavalos, fazendo um estrondo como carros, avançando como um exército poderoso,
escurecendo o céu. A diferença é que Joel vê gafanhotos de fato, enquanto que no Apocalipse
eles simbolizam as hostes demoníacas.”

Para um mundo que rejeita Deus, a maldição é receber o que deseja, os próprios
demônios. Um mundo sem Deus somente pode existir como um mundo em que penetra o
satânico. Deus dá aos homens o que eles querem e nisso está a sua maior ruína (Rm 1:18-32).
Deus usa ainda a obra do Diabo como um castigo e uma admoestação aos maus (9:20-21).

O rei da cavalaria do inferno (Ap 9:1, 11)

Quem é esse comandante da cavaria do inferno? Em primeiro lugar, ele é uma estrela
caída do céu. Os anjos são descritos na bíblia como estrelas (Jó 38:7). Lúcifer rebelou-se contra
Deus e foi lançado para fora do céu. “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva!
Como foste lançado por terra, tu que debilitas as nações” (Is 14:12. Jesus diz: “Eu vi a Satanás
como um raio, que caia do céu” (Lc 10:18). A estrela que João viu, foi a estrela caída. Ele não
viu uma estrela caindo, mas caída. A queda de Satanás é fato passado. Uma chave lhe é dada;
ele toma e a usa para abrir uma porta, permitindo que saiam de sua prisão, os ocupantes do
abismo.

Em segundo lugar, ele tem um caráter pervertido, ele é destruidor (v 11). No Antigo
Testamento Abadom já era personificado como príncipe da perdição (Jó 28:22). Os demônios
que saem do poço do abismo são liderados por este ser maligno. Ele é assassino, ladrão e
mentiroso. Há um grande espírito gerador de crise na política, na economia e nas instituições.
Há um espirito gerador de conflito dentro dos homens, entre os homens e entre as nações. Ele
é o deus deste século que agora atua nos filhos da desobediência (Ef 2:3). Esse é o rei da
cavalaria do inferno chamado Abadom, no hebraico, e Apoliom, no grego, por ser ele um
destruidor- o oposto de salvador.

Em terceiro lugar, ele tem sua autoridade limitada (9:1, 4, 5). O diabo é poderoso, mas
Deus é todo poderoso, as ações dele estão sob a chancela de Deus. Percebe-se este limite em
três aspectos: ele precisa receber autoridade para abrir o poço do abismo (9:1). Ele não possui
a chave do poço, ele a recebe. Quem tem as chaves da morte e do inferno é Jesus (1:18). Ele
solta um bando de demônios que estavam presos (Jd 6). Parte desses que estavam presos são
libertos aqui (2Pe 2:4). Segundo, sua autoridade é limitada quanto a ação (9:4-5). Percebe-se
que estes gafanhotos são demônios porque eles não podem causar danos a vegetação. Eles
devem atormentar os homens, não mata-los. Não podem também atormentar os homens que
tem o selo de Deus na fronte. Terceiro, sua autoridade é limitada quanto ao tempo (9:5). Cinco
meses não é um tempo literal, é o tempo de duração da vida de um gafanhoto, da larva a
plenitude de sua ação, eles não têm poder para agirem o tempo todo

Características dos gafanhotos que saem do abismo (Ap 9:7-11)

Do abismo saem gafanhotos e eles são como cavalos preparados para a peleja e
ferroam como escorpião. Estes gafanhotos descritos por João são demônios. O cavalo, o
homem, o leão e o escorpião estão reunidos neles. Em certos períodos da história parece que
todo o inferno é liberado para agir na terra sem restrição divina (Rm 1:18-31). Deus permitiu,
Deus os entregou. De tal forma que essa depravação moral que assola a terra é juízo de Deus
que deixa o homem a seus próprios cuidados por desprezarem e zombarem da palavra Dele.
Deus tirou suas restrições, esse é o toque da quinta trombeta. Como são eles? São espírito de
obscuridade (9:2-3), dizem que gafanhotos voando podem escurecer a luz do sol. Voam em
bandos que chegam a cem metros de altura e seis quilômetros de comprimento. Onde
prevalece as trevas os demônios dominam. São, também, espíritos de destruição (9:11), um
bando de gafanhotos é uma praga devastadora. São comandados por Abadom e Apoliom, são
implacáveis, impiedosos e destruidores. A comando de Satanás entram nos lares, nas escolas,
nas instituições, na televisão, no cinema, no teatro, na imprensa, nas ruas, na vida dos
homens, e como uma cavalaria de guerra provocam grandes tormento. São espíritos que tem
poder e domínio (9:7). Eles atuam nos filhos da desobediência (Ef 2:3); eles mantem sob
cativeiro seus escravos (Mt 12:29); os ímpios estão sob o domínio de Satanás (At 26:18); estão
no reino das trevas (Cl 1:13); ele é o deus deste século (2Co 4:4); é príncipe da potestade do ar
(Ef 2:2). Há pessoas que estão debaixo desse reinado de medo e terror, são verdadeiros
capachos de Satanás. São, também, espíritos que tem inteligência (9:7). Eles podem discernir
os que tem o selo de Deus dos que não tem. No reino espiritual os demônios sabem que você
é, encantamento não vale contra o povo de Deus. O diabo não pode tocar em você e nem
causar dano algum em você, a não ser que Deus permita. São peritos em estratégias, devemos
ficar atentos contra as ciladas do Diabo. Eles penetram a imprensa, as filosofias, as religiões, as
universidades e até os púlpitos. São espíritos de sensualidade (9:8). Devemos fugir daquela
imagem que pinta o diabo como uma criatura horrenda. Ele é dissimulado, se parece com um
anjo de luz, usa máscaras atraentes. São espíritos de violência (9:8). Dentes de leão falam de
poder de aniquilamento, de destruição e de devastação desses demônios. Eles estão por trás
de facínoras como Hitler, de gangues de narcotráfico, por trás do crime organizado, de
políticos que se vendem. Onde eles passam deixam um rastro de destruição. São, também,
espíritos inatingíveis (9:9). Eles não podem ser atingidos por armas convencionais (Jl 2:7-9).
Não podem ser detidos em prisões humanas. Não podem ser destruídos por bombas.
Precisamos enfrenta-los com armas espirituais. Na força da carne não conseguiremos. Não
podemos entrar nesse campo sem revestimento do poder de Deus. Esses demônios têm
couraças de ferro. São como esquemas de corrupção do crime organizado que se instalam nas
instituições e que resistem a ação repressiva da lei.

O juízo de Deus sobre os ímpios- Apocalipse 9:13-21- a sexta trombeta:


A quinta trombeta trouxe sofrimento aos homens, a sexta trará morte. É mais um juízo de
Deus sobre a terra, vejamos as características desses juízos:

Esse juízo é executado pelos quatro anjos que estão atados junto ao rio Eufrates (Ap 9:14)-

Esses anjos são agentes da justiça divina. São anjos maus, caídos, que executam o juízo
de Deus sobre o mundo. Quatro é o número do mundo. O mundo inteiro aqui está em vista.
Eles estão atados junto ao rio Eufrates. Localização do Éden, onde o Diabo levou nossos pais a
queda. O Eufrates se tornou materialização de uma barreira, atrás da qual se represam
tragédia e juízo, barrados por Deus ou liberados por ele com ira. Eufrates, também, significa
Assíria e Babilônia, pois estes povos ficavam no limite norte de Israel, os maiores inimigos do
povo de Deus, o mundo ímpio. O profeta Isaías diz: “O Senhor fará vir sobre eles as águas do
Eufrates, fortes e impetuosas, isto é, o rei da Assíria...” (Is 8:7). Essa invasão é semelhante a
uma enchente do Eufrates. Uma enchente de poderes demoníacos será despejado sobre a
humanidade. Eufrates aqui não aponta para um lugar geograficamente marcado, mas um
símbolo apenas, pois viram de todas as partes do mundo.

Esse juízo desencadeia-se no tempo determinado por Deus (9:15)-

A soberania de Deus comanda os agentes, o espaço e o tempo, Ele está no controle. É


ele quem dá autoridade para Satanás abrir o poço do abismo

Esse juízo de Deus, por mais dramático, é ainda limitado (9:15, 18, 20, 21)-

A ira de Deus ainda esta misturada com a misericórdia. Deus impõe um limite que não
pode ser ultrapassado. É uma terça parte dos homens e nada mais. Deus está no controle
mesmo quando os agentes de juízo estão em ação. A sexta trombeta é a última advertência
aos habitantes da terra. A advertência e a morte da terça parte da terra. Os outros dois terços
são chamados ao arrependimento

Esses juízos mais severos não produzem o arrependimento nos ímpios (9:20-21)-

Os ímpios desperdiçam suas últimas oportunidades. Eles são cegos para perceberem a
mão de Deus nos juízos sabre a história. Em vez de se voltarem para Deus, continuam em seus
pecados se rebelando ainda mais contra Deus.

A alegria dos remidos e o pavor dos ímpios-sétima trombeta (Ap 11:15-18)


João destaca aqui quatro verdades importantes:

Em primeiro lugar, um anúncio de vitória. O céu prorrompe em vozes de exaltação a


Cristo (11:15). É que chegou a parousia, com a irrupção total da glória de Deus e o triunfo final
da igreja. E com a chegada a noiva na casa do Pai, os céus prorrompes em gritos de alegria e
exaltação ao Noivo da igreja. A sétima trombeta aponta para o fim das oportunidades.

Em segundo lugar, o reinado vitorioso e eterno de Deus e de seu Cristo é proclamado


pelos anjos (11:15). O reino de Deus está presente, mas ainda não na sua plenitude. Deus
sempre reinou, Ele jamais deixou de ter todo o poder e toda a autoridade. Jesus ensinou que o
reino de Deus está presente em seu ministério (Mt 12:28; Lc 17:20-21). Deve-se lembrar que
Cristo despojou-se de sua glória, fez-se servo, morreu na cruz, foi sepultado, ressuscitou,
voltou aos céus, mas quando voltar com grande poder e muita glória, então assentar-se-a no
seu trono e seu reinado será pleno, vitorioso, completo cabal

Em terceiro lugar, uma aclamação de louvor (16-17). A igreja não apenas estána glória
mas também no trono. Os anciãos deixam seus tronos e se prostam em adoração diante do
trono de Deus.

Em quarto lugar, a igreja anuncia as cenas do juízo final, onde as glórias da igreja
serão contrastadas com os tormentos dos ímpios (11:18). Enquanto os santos estão dando
glória, os ímpios estão enfurecidos porque a igreja está na glória. Os ímpios não deram ouvidos
as testemunhas, não escutaram as vozes de advertência, nem abandonaram seus pecados, por
isso, quando chega o juízo estão cheios de fúria, enquanto a igreja está dando graças e
adorando a Deus.
Conclusão:

A igreja no céu em comunhão íntima com Deus em contraste com os ímpios sendo
atormentados ( Ap 11:19). O santuário aberto no céu é um sinal de profunda comunhão dos
remidos com Deus para sempre.

As duas Bestas e o número 666


Introdução:

Do capítulo doze ao vinte e dois apresentam o pano de fundo das perseguições que a
igreja sofre. Os inimigos da igreja e do seu Cristo são apresentados. O Dragão, a Besta que
sobe do mar, a Besta que sobe da terra, a Babilônia e os homens que portam a marca da Besta.
As cortinas são abertas, as profundezas por trás das cenas são reveladas. O conflito entre o
mundo e a igreja é a manifestação do conflito entre Cristo e Satanás (o dragão- 12:9)

É importante observar que no capítulo 12 o Dragão é primeiro retratado como tendo o


propósito de destruir a Cristo (12:1-12). Ao falhar nesse intento ele persegue a mulher porque
ela deu a luz o Cristo (12:13-17). Sem sucesso também nisso, ele promove guerra contra o
resto da semente (12:17-18).

No primeiro bloco de versículos que vão de um a seis nos é apresentado três


personagens, a saber: a mulher, o Filho varão e o Dragão. A mulher representa a igreja
(Ef5:32). A bíblia enfatiza que a igreja é ima só entidade em ambas as dispensações. É o povo
escolhido de Cristo: é uma casa, uma vinha, uma família onde Abraão é o pai de todos crentes,
uma oliveira, uma raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de
Deus, uma só noiva e uma só Nova Jerusalém.

Há um Filho, a semente da mulher. Essa criança poderosa é o Cristo. Ele há de reger as


nações com cetro de ferro (v5; Sl 2:9; Ap 2:27). A designação “Filho (semente) da mulher” é
usada sempre para designar o Cristo (Gn 3:15; Gl 4:4).

Há o dragão, ele simboliza Satanás (Ap 20:2).As sete cabeças coroadas referem-se ao
seu domínio mundial (Ef 2:2; 6:12). As coroas apontam para uma pretensa autoridade. Ele quer
destruir o filho da mulher, mas seu intento é frustrado. São tentativas que se veem desde a
criação do mundo.

Os aliados do Dragão Ap 13:1-18-

O capítulo 13 nos mostra os agentes, instrumentos ou armas que o Dragão usa em


seus ataques contra a igreja. Duas bestas são descritas. A primeira é um monstro de indizível
horror. A segunda tem aparência inofensiva, e por isso é vista como menos perigosa que a
primeira. A primeira sobe do mar, a segunda terra. A primeira é a mão de Satanás e a segunda
a mente do Diabo. A primeira representa o poder ´perseguidor de satanás operando em e por
meio das nações deste mundo e por meio de seus governantes. A segunda simboliza as
religiões falsas e as filosofias deste mundo. Um terceiro agente é apresentado na capítulo 14:8.
Isto é, a Babilônia, a meretriz. No total são três agentes impregados por Satanás em seus
ataques sobre a terra. São perseguições anti cristãs, religiões anti cristãs e a sedução anti
cristã. O fato do Dragão está em pé “sobre a areia do mar” (12:18). Indica que seus aliados
estão sendo convocados, eles estão onde o mar e a terra se encontram.

A Besta que sai do mar- 13:1-10

Podemos interpretar a figura como se segue. O mar representa as nações e seus


governantes (Is 17:12). Em que o rumor dos povos é comparado ao rumor do mar, e o
movimento das nações como o movimento de muitas águas. Apocalipse 17:15 também aponta
para essa interpretação. A Besta que sai do mar está associada a Besta que sai do abismo
(Ap11:7). A Besta nascida do mar simboliza o poder perseguidor de Satanás incorporado em
todas as nações ao longo da história. O domínio mundial dirigido contra o povo de Deus, onde
e quando isso ocorre na história, isso é a Besta. Ela assume diferentes formas. Por isso sete
cabeças. Primeiro veio a antiga Babilônia, depois a Assíria, depois a nova Babilônia, depois os
Medos Persas, depois os Gregos Macedônios, depois Roma, etc. Ainda que diferem as formas,
a essência permanece a mesma. Governos mundanos dirigidos contra a igreja. Os planos de
Satanás são executados pelos governos do mundo. É importante notar que as quatro Bestas de
Daniel 7 foram aqui combinadas em uma única Besta do capítulo 13:2. Aqui representam
todos os governos anti cristãos juntos.

Uma das cabeças foi golpeada de morte (v3). Sendo as cabeças governos humanos, a
cabeça golpeada de morte pode significar Roma, a dos dias dos apóstolos. Quando Nero foi
imperador (54-58), esse tirano cruel incendiou Roma e culpou os cristãos. Em 68 Nero
suicidou-se. Como perseguidora Roma recebeu um golpe. Mas sob o domínio de Domiciano a
perseguição foi retomada, a ferida foi curada, e Roma na figura do imperador foi adorada e
cultuada.

A Besta que sai da terra- 13:11-18

Depois disso João vê outra Besta. Conforme Tiago 3:15 a sabedoria anti cristã procede
da terra. Essa Besta não tem dez chifres, mas apenas dois, como um cordeiro, mas fala como
Dragão! Essa Besta é seva da primeira (v12), coopera no seu ministério. Faz sinais maravilhosos
diante dos homens com o propósito de os levar adorar a primeira Besta (12-15). Comunica
fôlego a imagem da Besta para que fale. Os que não a adoram devem ser mortos. Aos leais da
Besta é colocado sua marca na mão direita e na fronte (16-18).Os que recusam a marca não
lhes é permitido nem comprar nem vender (v17). quem Tem sabedoria pode interpretar este
número, pois é número de homem, a saber, 666.

Esta Besta é o falso profeta (Ap 19:20). Simboliza a falsa religião e a falsa filosofia. Ela
se apresenta como cordeiro, mas tem um Dragão no seu interior. Parece cordeiro, mas, fala
como Diabo. É um anjo de luz (llCo 11:14). Representa todos os falsos profetas ao longo da
história.

As duas Bestas atuam em conjunto. Governos e religiões anti cristãs. Em Mt 24:24


somos informados que os falsos profetas realizarão sinais para enganar as massas. Mas, o
poder lhe foi dado (v15), além da esfera da permissão de Deus Satanás não pode fazer nada.

O número 666

A seguir foi marcado todos os adoradores da Besta. O que isso significa? Devemos nos
lembrar que não apenas o gado, mas, escravos eram marcados como sinal de propriedade.
Aqui não é um evento único na história, mas faz parte de um processo de ação das duas Bestas
em conjunto durante todo o tempo de dispensação da igreja. Receber a marca parece
significar “pertencer a Besta e adora-la”. A marca é oposição a Deus, rejeição a Cristo, é o
espírito da anto cristo. A marca está impressa na fronte e na mão direita. De acordo com
Deuteronômio 6:8 a fronte simboliza a mente, a vida em termos de pensamento, da filosofia
da pessoa. A mão direita representa as obras da pessoa, a ação, o comércio como meio de
ganhar a vida. Portanto, receber a marca da Besta significa que essas pessoas pertencem a
companhia dos que perseguem a igreja, no que se refere ao que pensa, diz, escreve, oumais
enfaticamente, no que faz.

Pode-se fazer um paralelo com o selo que o Cristão recebe para uma melhor
harmonização desta interpretação. O selo no servo de Jesus indica que ele pertence a Cristo,
adora-o, respira seu espírito e pensa seus pensamentos. Igualmente a marca da Besta
simboliza o não crente, que persiste na iniquidade, pertence a Besta e, assim, pertence a
Satanás, a quem adora. Uma ilustração disso se encontra na igreja de Tiatira que nos informa
que aqueles que não se ajustam a doutrina de Jezabel sofrem restrições no comércio. São
impedidos e oprimidos, não podem comprar ou vender. A medida que o fim se aproxima essa
oposição aumentará. Não obstante, o crente não deve se desesperar. Que ele se lembre de
que o número da besta é número de homem. Ora, o homem foi criado no sexto dia. O número
seis, não é sete e jamais será. Falha em atingir a perfeição, isto é, significa falha. Sete significa
vitória. Regozije-se a igreja de Deus, a vitória está ao seu lado! Número de homem, pois a
Besta se gloria no homem, e tem de falhar!
Pré-Milenista Histórico

Uma visão geral:

Pré Milenista Histórico é a doutrina que afirma que após a segunda vinda de Cristo, ele
reinará por mil anos sobre a terra antes da consumação final do propósito redentivo de Deus
nos novos céus e nova terra na era vindoura. Esta é a forma natural de se entender Apocalipse
20:1-6.

Apocalipse 20:1-6 retrata a segunda vinda de Cristo como vencedor vindo destruir seus
inimigos: o Anticristo, Satanás e a morte. Apocalipse 19:17-21 retrata então a destruição do
poder maligno por trás do anticristo- o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo, Satanás (Ap
20:2). Isso ocorre em dois estágios.

Primeiramente, Satanás é preso e encarcerado no “abismo” (Ap 20:1) por mil anos
“para que não mais enganasse as nações” (Ap 20:3) como havia feito através do anticristo.
Neste ponto ocorre a “primeira ressurreição” (Ap 20:5) de santos que participam do reinado
de Cristo sobre a terra pelos mil anos. Depois disso Satanás é solto de seus grilhões e, apesar
do fato de Cristo haver reinado sobre a terra por mil anos, acha ainda os corações dos homens
não regenerados prontos a se rebelar contra Deus. Segue-se a guerra escatológica final e o
Diabo é lançado no lago de fogo e enxofre, ocorre então a segunda ressurreição, daqueles que
não haviam sido ressurretos no milênio. Eles comparecem ante o trono do julgamento de Deus
para serem julgados conforme suas obras. “Se alguém não foi achado inscrito no livro da vida,
esse foi lançado para dentro do lago do fogo” (Ap 20:15). Então a morte e o inferno foram
lançados para dentro do lago do fogo.

Assim Cristo alcança sua vitória sobre seus três inimigos: O anticristo, Satanás e a
Morte. Só então subjugados todos os poderes hostis, o cenário está preparado para o estado
eterno- a vinda dos novos céus e a nova terra (Ap 20:1-4). Esta é a maneira mais natural de se
entender Apocalipse 20, e a maioria dos interpretes “preterístas” costuma entender assim.

A questão hermenêutica:

Como se deve interpretar as profecias do Antigo Testamento? Elas são literais ou


espirituais? Há distinção entre Israel e a Igreja? Há um propósito de Deus para cada uma
dessas duas realidades? Para aqueles que interpretam que Deus tem um propósito específico
para a nação de Israel e outro para a igreja, como é o caso dos dispensacionalista, a
interpretação das profecias, principalmente do A.T., devem ser lidas literalmente. Para o
Dispensacionalista existem dois propósitos de Deus expressos na formação de dois povos que
mantêm-se distintos através da eternidade. Para estes o A.T. promete que Israel será o povo
de Deus para sempre, que os judeus herdaram a terra da Palestina para sempre, que
formaram o reino teocrático de Deus para sempre. Estas profecias se cumprirão no milênio.

Uma interpretação mais “espiritualizada” das profecias, isto ´é, que as profecias do
A.T. devem ser aplicadas a igreja cristã. Constitui uma outra forma de interpretação que
conduzirá o interprete a outras conclusões.

O embasamento bíblico sustentado por um Pré Milenista Histórico não mantem a


distinção entre Israel e a Igreja. Pelo simples fato de que as profecias do A.T. não foram
interpretadas de forma literal pelos autores do Novo Testamento. “O fato é que o Novo
testamento frequentemente interpreta profecias do A.T. de uma maneira que não é a sugerida
pelo contexto no Antigo Testamento.

Vamos analisar algumas dessas interpretações. Comecemos por Mateus 2:15 como
citação de Oseias 11:1: “e lá ficou até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora
dito pelo Senhor, por intermédio do profeta: Do Egito chamei o meu filho”. Mateus cita este
texto para provar biblicamente que Jesus deveria vir do Egito. Porém, isso não é o quer dizer o
profeta Oseias no contexto do A.T. Oseias disse: “Quando Israel era menino, eu o amei; e do
Egito chamei o meu filho”. Em Oseias isso não é uma profecia, mas uma afirmação histórica,
que Deus chamou seu filho Israel do Egito, no Êxodo. Porém , Mateus reconhece Jesus como
Filho maior de Deus e transforma deliberadamente uma declaração histórica em profecia.
Parece sugerir que as profecias do A.T. devem ser reinterpretadas à luz do evento Cristo.

Vejamos uma outra profecia do A.T. sendo reinterpretada a lux do evento


Cristo. Quem em sã consciência diria que Isaías 53 não se refere a Cristo? Foi o próprio Filipe
que, ao interpretar este texto para o eunuco etíope (At 8:30-35) como sendo os sofrimentos
de Jesus. No entanto, Isaías 53 não era visto assim pelos Judeus do A.T. Eles sabiam que o
texto se referia a Davi, ungido e vitorioso, antes de seu reinado se realizar. Pois em Isaías 11:3-
4, uma profecia clara do “Ungido” ou “messias” nos aponta uma visão totalmente diferente
desta realidade de Isaias 53. Onde o messias é visto como servo sofredor. Em Isaías 11:3-4 o
Messias deve governar, esmagar o mal, matar o perverso. Como pode um governante vitorioso
ser ao mesmo tempo a pessoa mansa e humilde que derrama sua alma na morte? Por esta
razão os discípulos não podiam entender o fato dele ter que sofrer e ser morto, o Messias
deve vencer e governar, não ser vencido e esmagado. A visão do Messias servo sofredor não
está clara. Isto afirma que a interpretação literal não funciona.

A igreja como Israel espiritual:

Não vejo como evitar a conclusão que o Novo Testamento aplica profecias do antigo à
igreja noetestamentária, e assim fazendo, identifica a igreja com o Israel espiritual. Uma
ilustração extremamente vívida deste princípio encontra-se em Romanos 9, onde Paulo cita
duas passagens de Oseias: “Assim como também diz a Oseias: chamarei povo meu ao que não
era meu povo; e, amada, a que não era amada; e no lugar em que lhes disse: Vós não sois meu
povo, ali mesmo serão chamados filhos do Deus vivo.” em Oseias essas passagem referem-se
ao Israel literal, nacional. Por causa de sua rebeldia, Israel não é mais povo de Deus, mas
Oseias vê um dia em que seriam restaurados, em um futuro os Judeus seriam convertidos.

Paulo toma deliberadamente estas passagens de Oseias acerca da futura salvação de


Israel e as aplica a igreja. A igreja formada de Judeus e gentios, tornou-se povo de Deus. As
profecias de Oseias se cumpriram na igreja cristã. Esta mesma ideia aparece em outras
passagens. Abraão é chamado de “o pai de todos os que creem” (Rm 4:1); é “o pai de todos
nós que somos da fé que teve Abraão” (Rm 4:16); são “os da fé” que são filhos de Abraão (Gl
3:7); “e, se sois de cristo, também sois descendentes de Abraão, e herdeiros segundo a
promessa” (Gl 3:29). Se Abraão é o pai de um povo espiritual, e se todos os crentes são filhos
de Abraão, seus descendentes, segue então que são Israel, espiritualmente falando (Rm 2:28-
29)
O culto Israelita:

Com referência ao culto do Antigo Testamento, Hebreus informa: “Quando ele diz
nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido, está
prestes a desaparecer” (Hb 8:13). O livro de Hebreus anuncia que a antiga ordem do templo
com seus sacrifícios está ultrapassada. Um dos principais dogmas do milenismo
dispensacionalista, baseada em sua hermenêutica literal do A.T., é que no milênio o templo
judaico será reedificado e todo o sistema sacrificial será reinstituído, de acordo com as
profecias de Ezequiel 40 a 48. Porém, qualquer ideia de restauração do sistema sacrificial do
A.T. opõe-se diretamente a hebreus 8, que afirma sem ambiguidade que o sistema de culto do
A.T. é obsoleto e prestes a terminar

Portanto, Hebreus 8:8-13 refuta a teologia dispensacionalista em dois pontos: aplica a


igreja cristã uma profecia que em seu contexto no A.T. referia-se a Israel, e afirma que a nova
aliança em Cristo terminou com o sistema de culto do Antigo Testamento, que por isso está
fadado a desaparecer.

A conversão de Israel:

Há duas passagens no N.T. que não podem ser evitadas. Uma é Romanos 11:26: “E
assim todo o Israel será salvo”. É difícil fugir a conclusão que isto signifique o Israel literal.
Paulo, na capítulo 11 usa a figura da oliveira- o povo de Deus. Israel é nesta figura pos galhos
naturais. Contra a natureza, ramos de oliveira brava foram enxertados na planta, enquanto os
ramos naturais, Israel, foram quebrados por causa da incredulidade (Rm 11:19). No entanto, os
ramos naturais serão re-enxertados na sua própria planta se não continuarem na
incredulidade (Rm 11:23). Se ramos de oliveira brava foram enxertados na planta contra a
natureza, “quanto mais não serão enxertados na sua própria oliveiora aqueles que são ramos
naturais!” (Rm 11:24). Este é o contexto da afirmação de Paulo: que um endurecimento veio
sobre parte de Israel até que entrasse o número total dos gentios. “E assim (quer dizer desta
maneira, Após um período de endurecimento) todo Israel será salva” (Rm 11:26).

O N.T. afirma claramente a salvação do Israel literal, mas não dá detalhe algum acerca
do dia da salvação. Isto, porém, deve ser dito: a salvação de Israel precisa ocorrer nos mesmos
termos que a dos gentios- pela fé em seu messias crucificado. Pode bem ser que a conversão
de Israel se dê no conexão com o milênio. Pode ser que no milênio, pela primeira vez na
história humana, testemunhemos uma nação verdadeiramente cristã. No entanto, o N.T. não
dá detalhe algum da conversão de Israel e seu papel no milênio. Devemos afirmar a conversão
futura de Israel, e deixar em aberto, para Deus, os detalhes.

O contexto do milenismo:

Uma das doutrinas centrais no Novo Testamento, frequentemente negligenciada, é a


do concelho celestial de Cristo (Hb 1:3). Este é um tema constantemente reiterado no N.T (Hb
2:7-8; 10:12-13). Temos aqui uma alusão clara da Salmo 110:1. A direita é lugar de preferência,
de poder, de preeminência. Isto tem a ver com o domínio de Cristo como rei messiânico. A
direita é, com efeito, o trono de Deus. Cristo reina agora do céu como vice regente de Deus. O
reinado de Cristo tem como objetivo subjugar qualquer poder hostil (lCo 15:24-26). O novo
testamento não faz do reinado de Cristo algo limitado a Israel no milênio. É um reinado
espiritual no céu que já foi inaugurado, e seu propósito principal é destruir os inimigos
espirituais de Cristo, o último dos quais é a morte.
A verdade da presente exaltação e reinado de Cristo está expressa claramente na
passagem cristológica de Filipenses 2:5-10. Embora subsistindo em forma de Deus, Cristo não
considerou esta igualdade com Deus algo a que devesse se agarrar, como Adão tentou fazer.
Ao invés ele se derramou tomando a forma de um escravo, nasceu a semelhança de homem.
Reconhecido em figura humana, ele se humilhou tornando-se obediente até a morte, e morte
de cruz. É por isso que Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu um nome e posição de Senhor.
O alvo é que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho e toda a língua confesse que “Jesus é
Senhor para a glória de Deus Pai”. A volta do Senhor será o descanso para os cristãos aflitos
“quando do céu se manifestar o Senhor Jesus” (lTs 1:7). A segunda vinda do Senhor Jesus será
nada menos que a exibição ao mundo do senhorio e reinado que já são seus. Ele é senhor
agora a destra de Deus. Porém, seu reino presente só é visto com o olhar da fé. É invisível e
irreconhecível ao mundo. Seu segundo advento será o desvendamento- revelação- a exibição
do senhorio que já é seu. Será a “manifestação da glória do nosso grande Deus e salvador
Cristo Jesus” (Tt 2:13)

Não encontramos apoio na Escritura para a ideia que Jesus é Senhor da igreja
enquanto é rei de Israel. Não encontramos na escritura a ideia que Jesus começa seu reino
messiânico em sua parousia (volta gloriosa) e que seu reinado pertence primeiramente ao
milênio. O que encontramos, pelo contrário, é que o reino milenial de Cristo será a
manifestação na história da soberania e reinado que já são seus.

Milenismo:

Por razões esboçadas anteriormente uma doutrina do milênio não pode ser baseada
em profecias do A.T., mas deve basear-se apenas no N.T. O único lugar na bíblia que fala de
um milênio real é a passagem de Apocalipse 20:1-6. Qualquer doutrina do milênio deve
basear-se na exegese mais natural dessa passagem. A primeira coisa a se notar é que os
acontecimentos de Apocalipse 20 seguem-se a visão da segunda vinda de Cristo, que é
retratada no 19:11-16. Nesta visão a ênfase recai plenamente na vinda de Cristo como
vencedor. Ele é retratado montado num cavalo branco, como guerreiro, acompanhado dos
exércitos do céu. Ele vem como “Rei dos reis e Senhor dos senhores”. Ele vem batalhar contra
o anticristo, que foi retratado nos capítulos 13 e 17. É digno de nota que a única arma
mencionada é a espada de sua boca, com ela ele fere as nações. Ele não vencerá pelo uso das
armas militares do mundo, mas com sua palavra simplesmente. Ele falará e terá vitória.
Apocalipse 19 é a única passagem no Apocalipse que descreve a segunda vinda de Cristo.

Os capítulos 19 e 20 formam uma narrativa contínua anunciando as bodas do cordeiro,


a volta vitoriosa de cristo e sua vitória sobre os inimigos. Apocalipse 19:17-21 descreve com
terminologia de guerra antiga a vitória de Cristo sobre a besta e o falso profeta. “Os dois foram
lançados vivos dentro do lago do fogo que arde com enxofre”. O capítulo 20 relata a vitória de
Cristo sobre aquele que estava por trás da besta, o Diabo. A vitória sobre o Diabo ocorre em
duas etapas. Primeiro ele é acorrentado e trancado no abismo por mil anos, para que não mais
enganasse as nações, verso 3. Apenas no final dos mil anos Satanás é finalmente lançado no
lago do fogo e enxofre para receber o mesmo destino que a besta e o falso profeta (20:10).

A interpretação de apocalipse 20 depende da interpretação de dos versos 4 e 5 do


mesmo capítulo. Esta ressurreição é literal ou espiritual, uma ressurreição de alma? Se
pudermos achar uma resposta a esta questão teremos a chave para solucionarmos o problema
Milenista nesta passagem. Aqui no capítulo 20 não podemos fazer uma variação semelhante
de interpretação. A linguagem da passagem é bem e sem ambiguidades. Não há necessidade
nem possibilidade contextual para interpretar qualquer das ressurreições espiritualmente a
fim de dar sentido a passagem. No começo dos mil anos alguns dos mortos tornam a vida; no
final, o restantes dos mortos torna a vida. A passagem precisa ser interpretada literalmente.
Isto é reforçado pelo fato que a mesma palavra é utilizada em dois outros lugares com
referência a tornar a vida. Apocalipse 2:8 lemos: “Estas coisas diz o primeiro e o último, que
esteve morto e tornou a viver”. Aqui há uma referência clara a ressurreição de Jesus. Em
13:14, lemos da besta: “que ferida a espada, sobreviveu”. Em 13:3 sabemos que a ferida foi
mortal, ou seja, uma ferida que levou a morte.

É fato que a maioria dos escritos do N.T. nada diz sobre um milênio. Há porém, uma
passagem em Paulo que pode referir a um reino intermediário, se não um milênio. lCo 15:23-
26, Paulo retrata o triunfo doa segunda etapa ocorre na parousia (vinda em glória), quando os
que são de Cristo participarão de sua primeira ressurreição. “E então, virá o fim, quando ele
entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda
potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto todos os inimigos debeixo
dos seus pés. O último inimigo a ser vencido é a morte”. Os adversários traduzidos por
“depois” e “então” denotam sequência. Há três etapas distintas: a ressurreição de Jesus,
depois a ressurreição dos crentes no dia da ressurreição, depois o fim. Existe um interva-lo não
identificado entre a parousia e o fim, quando Cristo termina de subjugar seus inimigos. O
milênio revelará ao mundo como nós o conhecemos a glória e o poder de seu reinado.

Há outra razão para o reinado milenal de Cristo No seu fim o Diabo será solto de sua
prisão e encontrará os corações dos homens ainda abertos a seus enganos, apesar de terem
vivido um período de paz e justiça. Isto servirá para mostrar a excelência da justiça de Deus no
julgamento final. O pecado, rebelião contra Deus, não é devido a uma sociedade perversas ou
mas influências do ambiente da vida, mas a pecaminosidade dos corações humanos. Por isso a
justiça de Deus ficará plenamente demonstrada no dia do julgamento final.
Pré-milenismo dispensacionalista
Um mundo em crise anseia por um período na história quando a humanidade poderá
gozar os benefícios do reino milenial como é descrito na bíblia, um período áureo da
civilização. Este reino milenial será introduzido por uma manifestação divina, sobrenatural e
catastrófica do céu na segunda vinda de Cristo. Será estabelecido na terra quando as
condições de vida tiverem atingido as profundezas de uma grande tribulação. O desenrolar dos
fatos sugere que o estabelecimento do reino não está muito longe. O reino milenial é um
aspecto do tema mais amplo do reino de Deus nas escrituras.

O reino declarado nas escrituras:


A bíblia apresenta uma doutrina do reino de Deus. A palavra reino aparece nas
escrituras mais de quatrocentas vezes. Aproximadamente duzentas dessas descrevem um
reino divino escatológico. O conceito de reino de Deus combina-se nos dois testamentos,
como dois atos de um mesmo drama. O ato um aponta para sua conclusão no ato dois, e sem
este, a peça é algo incompleto e insatisfatório. Mas o ato dois deve ser lido a luz do ato um, ou
perderá seu sentido. Porque a peça é uma só, organicamente. Se pudéssemos dar um titulo a
bíblia poderia ser “O livro do reino vindouro de Deus”.

O assunto de domínio é introduzido no primeiro capítulo da bíblia. Imediatamente


após a criação do homem a imagem de Deus, o primeiro mandamento dado a ele é acerca do
exercício de controle soberano sobre a criação (Gn 1:26-28). Este tema desdobra-se de
maneira progressivamente maravilhosa através da bíblia até que por fim o trono de Deus seja
estabelecido na terra (Ap 22:1-3) e os santos redimidos reinem com ele para sempre (Ap 22:5).

Vejamos como este pensamento se desenvolve através da bíblia. No Sinai, o Senhor


organizou a Israel em um reino de sacerdotes (Ex 19:5-6), sendo Moisés o mediador de sua
palavra ao povo (Ex 7:1; At 7:35). Um profeta como Moisés foi prometido para o futuro, a
quem todos os povos se submeteriam (Dt 18:15-18, At 3:19-23). Davi foi ungido rei sobre Israel
e seu reino deveria durar para sempre (2Sm 7:12-16) e isso foi perpetuado através de Salomão
(1Cr 28:5-7). O profeta Isaías anunciou a vinda de um rei e de um reino que não teria fim
(Is.9:6-7). Daniel declarou, depois, que o Deus do céu estabelecerá seu reino e todos os povos,
nações e línguas o servirão (Dn 7:13-14, 27). O anjo enviado a Maria informou-a que Deus
daria a seu filho o trono de seu pai Davi, e seu reinado sobre a casa de Jacó seria para sempre
(Lc 1:32-33). Durante seu ministério pós-ressurreição, Cristo ensinou aos discípulos as coisas
concernentes a esse reino e provocou neles a pergunta sobre a restauração ao reino a Israel
(At 1:3,6). Paulo encorajou os santos a viverem em antecipação do aparecimento do rei e seu
reino (2Tm 4:1). E no último livro da bíblia, ao soar da sétima trombeta, declara-se que este
reino tão esperado tornou-se finalmente “de nosso Senhor e do seu Cristo, e Ele reinará pelos
séculos dos séculos” (Ap 11:5).

O princípio de interpretação das escrituras:


A mensagem da bíblia foi dirigida ao povo de Deus tanto do Antigo Testamento quanto
do Novo. Esta mensagem foi enviada ao povo para que certos benefícios morais e espirituais
pudessem ser discernidos por eles. As escrituras constituem uma mensagem e um método
para torna-los sábios para salvação (2Tm 3:15). Por isso a mensagem tinha de ser dada de uma
maneira simples, direta e clara (1Co 2:1-5) para atingir as mentes das pessoas e atingir o
propósito de Deus. Tudo isso justifica um princípio de interpretação que traz o sentido da
bíblia para dentro do que o povo de Deus, poderia alcançar. Este sentido é o de tomar as
escrituras no seu sentido normal e literal, entendendo que isso se aplica a bíblia toda. Isso não
quer dizer que não se usa linguagem figurada na bíblia. Mas quer dizer que onde tal linguagem
é empregada, interpreta-se a passagem dessa maneira como aplicação do método literal.
Qualquer outro método de interpretação rouba parcialmente, senão totalmente, do povo de
Deus a mensagem que lhe foi enviada. Este é o princípio unificador que permite ao crente ver
cada aspecto da fé cristã em relação com o todo. Acima de tudo o Pré-milenismo fornece uma
filosofia da história que é a melhor e a mais brilhante de todas as filosofias. Esta forma de ver a
história fornece uma atmosfera de otimismo e o incentivo para o exercício de todas as
aspirações e esforços da humanidade para lutar pelo que é melhor, entendendo que todos os
verdadeiros valores da vida serão preservados a atingirão seu cumprimento completo naquele
reino vindouro de nosso Senhor e salvador Jesus Cristo.

Interpretação bíblica do Reino:


A visão bíblica acerca do reino de Deus pode ser definida como o governo de Deus
sobre as suas criaturas. Um exame das passagens sobre o reino revela algumas definições de
certa importância. Muitas passagens apresentam o reino como algo que “sempre existiu” (Sl
10:16), mas outros textos sugerem que o reino deve ter “um começo definido” (Dn 2:44).
Algumas passagens retratam o reino como de “âmbito universal” (Sl 103:19), outras ainda
apresentam o reino como um governo “local na terra” (Is 24:23). Em algumas passagens, Deus
é descrito “governando discretamente” (Sl 59:13), enquanto que em outras ele governa
através de “um mediador” (Sl 2:4-6). Muitos reinos apresentam o reino como algo que está
totalmente “no futuro” (Zc 14:9), e em outros ele é descrito como uma ”realidade presente”
(Sl 29:10). Em muitos lugares o reino é descrito como o governo “incondicional de Deus sobre
suas criaturas” (Dn 4:35-36), mas, em outras, esse governo baseia-se em uma aliança
negociada por Deus com os homens (Sl 89:27-29).

Para estes detalhes aparentemente conflitantes pode ser explicado da seguinte


maneira: reconhece-se a existência de dois reinos, mas deve-se ter cuidado para evitar a ideia
errada de que esses reinos são totalmente diferentes um do outro. Eles constituem dois
aspectos ou fases do governo de Deus sobre suas criaturas, que é um só. Portanto dois termos
apresentam-se aos Dispensacionalistas como melhor descrevendo estes aspectos do governo
de Deus. O primeiro é “Universal”, descrevendo a extensão do governo de Deus. O segundo é
“mediatório”, descrevendo o método do governo de Deus. Em cada caso é a qualidade ou
natureza do reino de Deus o identifica. O reino universal é sempre presente, enquanto o reino
mediatório é uma promessa para o futuro. O reino universal é eterno (Sl 145:13) e envolve
toda a criação (1Cr 29:12). O reino universal opera qualquer que seja a atitude dos que estão
sujeitos (Sl 103:20; Dn 4:35; At 3:17-18). Quando afinal o propósito de Deus for cumprido no
reino mediatório, e todo o inimigo for afinal sujeitado ao Filho (1Co 15:24-28), então o reino
mediatório se confundirá com o reino universal e haverá um único trono (Ap 22:3).

A discussão até este ponto deve ser deixado claro que há três áreas corretamente
identificadas como o reino de Deus. Há primeiramente o reino universal de Deus (Sl 103:19).
Dentro dessa área maior, há a esfera mais limitada do reino mediatório (Dn 2:44).. Dentro da
área do reino mediatório há ainda uma área mais restrita, a saber, a igreja, que participa das
características do reino universal e do reino mediatório. Portanto, é bem adequado para Paulo
dizer que um Santo foi transportado para o reino de Cristo (Cl 1:13). O reino mediatório
pertence aos membros da igreja, no sentido que como esposa de Cristo e rainha ela governará
e reinará com Cristo em seu reino (Hb 12:28; Ap 3:21).

A história do reino Mediatório:


Vamos nos ater a área bíblica do reino mediatório. Tenhamos em mente que por reino
de Deus entendemos o governo de Deus sobre suas criaturas. Já que o reino mediatório é a
primeira etapa da concretização do reino eterno e universal, muito do que descreve o reino
mediatório será também verdade em relação ao reino universal. Isto significa que Deus exerce
controle sobre este reino através de um representante divinamente escolhido que fala e age
por Deus com o povo, por um lado, e por outro represente o povo para Deus. É claro que este
reino relaciona-se especialmente com a raça humana na terra e que o mediador é sempre um
membro da raça humana. As funções do mediador são tríplices: profeta, sacerdote e rei.

No desdobramento progressivo da revelação acerca do reino mediatório, a duração


deste reino não é revelada senão no último livro. Seis vezes nos sete versículos iniciais da
Apocalipse 20, declara-se que este reino tem a duração de mil anos. O preparo para a
inauguração do reino mediatório na história começou na criação. O homem sendo imagem de
Deus foi potencializado para dominar, e então, Deus ordenou que ele exercesse esta função
que provinha de Deus (Gn 1:26-28). Isto se estenderia a “toda a terra”, incluindo a
humanidade. No cumprimento dessa missão a humanidade falhou, pois reconheceu que esta
autoridade vinha de Deus (Rm 5:12, 19; 1Tm 2:14). Isto introduziu o caos e a desordem na
terra (Gn 6:3) e catástrofes universais (Gn 6:1-13). O governo humano falhou (Gn 9:5-6) e foi
necessário o julgamento da confusão de línguas para pôr um freio no governo mundial ímpio
(Gn 11:1-9).

Neste ponto Deus mudou a direção para realizar sua vontade. Ele buscou governar seu
povo pela mediação dos patriarcas. Ele chamou Abraão de Ur dos Caldeus (Gn 12:1-3), e
através desse homem viriam reis (Gn 17:6) que serviriam na capacidade de mediadores
genuínos, exercendo autoridade absoluta (Gn 14:14, 21:9-21). A partir de Abraão, segue-se na
linha de sucessão Isac, Jacó, José, Moisés, Josué, os Juízes, Samuel e os reis, desempenhando a
responsabilidade de liderança mediatória. No sentido mais formal, o reino mediatório
originou-se com Moisés no Êxodo do Egito, no monte Sinai e durante a peregrinação no êrmo.
“com sinais e milagres... e com grandes espantos” (Dt 4:34) o povo foi levado a crer em um
Deus sobrenatural governado através de seu líder escolhido, Moisés. Nestes acontecimentos
veio o nascimento de Israel como nação. Apesar de Moisés não ser citado como rei ele
desempenhou função de rei (At 7:35). Como mediador ele representava Deus para o povo (Ex
4:16; 7:1), e o povo para Deus (Dt 9:24-29). Desta maneira Moisés tornou-se tipo do mediador
perfeito que viria, Cristo (Dt 18:15).

A magnificência deste reino mediatório na história atinge sua plenitude no reinado de


Saul, Davi e Salomão. Essa estrutura monárquica foi predita em profecia (Gn 17:5-7; 35:9-11), e
certos cuidados foram estabelecidos (Dt 17:14-17). A deterioração espiritual no período dos
juízes levou a escolha de um rei (Jz 8:22-23; 1Sm 8:1-9, 19-22). Mas Deus escolheu o rei (1Sm
10:17-24; 12:1-25). Durante todo este período de Moisés a Salomão a presença da glória
indicava a aprovação da regência mediatória por Deus.

A partir de Reoboão houve um declínio gradual na função mediatória, e assim o


governo de Deus tornou-se mais indireto. Neste ponto os profetas entraram em cena. Esta era
a maneira de Deus transmitir sua mensagem ao povo apesar do fracasso dos reis. Este declínio
foi predito em cada etapa da deterioração (1Sm 8:7-20). Os profetas diagnosticaram as
condições espirituais em vista do julgamento que se aproximava (Am 5:18-24). Mas, a
inviolabilidade da aliança do reino (Jr 33:17-21) levou os profetas a prometerem um reino
futuro e ideal (Zc 14:7-9).

Mas, a degeneração e apostasia de Israel trouxeram inevitavelmente a desaprovação


do Senhor e sua partida. A presença da glória havia sido o símbolo da presença de Deus no
meio de seu povo desde o Sinai. Mas a rebelião desesperada e o aprofundamento no pecado
havia atingido seu ponto crucial no tempo de Ezequiel. Por isso Deus deu ao profeta uma visão
da relutância e da partida gradual da sua glória de Israel. Já que o povo havia abandonado a
Deus, então Deus abandonou a nação. Apesar de haver dois templos posteriores depois da
destruição do templo de Salomão por Nabucodonosor, não havia glória. No sentido histórico, o
reino mediatório havia sido interrompido. Mas na boa providência de Deus, uma promessa
divina foi dada a Israel para o futuro (Ez 11:16; 39:21-29; 43:1-7; Zc 14:1-4).

O fracasso do reino mediatória na história deve ser relacionado com três coisas:
Espiritualmente, a maior parte do povo não estava em simpatia com o Senhor nem em
harmonia com suas leis. Intelectualmente o povo estava convencido que para ser bem
sucedido Israel deveria conformar-se as nações ao redor (1Sm 8:5, 20). Além disso,
politicamente os governantes eram cheios de imperfeições.

As promessas para o futuro corrigirão essas fraquezas. A grande maioria do povo terá
experimentado o novo nascimento (Ez 11:17-20) e estará, portanto em harmonia com o rei e
suas leis (Sl 110:1-3). Os reis imperfeitos serão suplantados por um rei mediatório perfeito, o
Senhor Jesus Cristo (Is 42:1-4), completamente submisso a Deus, alheio ao sensacionalismo
vazio do mundo, desempenhando um ministério de salvação para com seus súditos e capaz de
realizar seu programa de governo com sucesso absoluto.

Desde os anos 600 d. C. tem sido feito um esforço para suscitar o estado de Israel, mas
sem sucesso. Mesmo o estado presente de Israel não deve ser tomado por reino mediatório
incipiente, embora possa ser um sinal de que vem pela frente. O estado final e permanente de
Israel é inseparavelmente ligado ao reino mediatório e espera a vinda do Senhor Jesus Cristo.
O reino mediatório será restaurado (At 1:6), e a profecia afirma que isto é um fato seguro para
o futuro (Os 3:4-5).

O reino na profecia:
Situações históricas da vida real proporcionam oportunidades para profecias preditivas
sobre o reino mediatório. A profecia do Antigo Testamento começa com algumas referencias
esparsas e um tanto obscuras nos livros de Moisés. A maior parte disso está centrada no reino
Mediatório. Ele será o descendente da mulher (Gn 3:15), vem através de Abraão (Nm 24:17) e
um profeta como Moisés (Dt 18:15). A Davi é assegurado de que sua casa, reino e trono, serão
estabelecidos para sempre (1Cr 17:1-4; 2Sm 7:14). Isto precisa ter cumprimento pleno em
Cristo, que é seu descendente (Lc 1:31-33).

Será um reino “literal” no sentido pleno da palavra. Esse reino não é um ideal abstrato
pelo qual os homens estão lutando, mas nunca atingirão. O lugar verdadeiro que será o seu
centro será Jerusalém e suas vizinhanças (Ob 15-21). Um rei verdadeiro se assentará em seu
trono material. Esse reino será uma continuação do reino Davítico histórico (Am 9:1; At 15:16-
18). Jerusalém se tornará a capital do grande Rei, da qual ele governará o mundo (Is 2:3;
24:13).
A “manifestação” do reino mediatório também é literal. É algo que é parte do
desenrolar progressivo dos eventos na sequência do tempo. Os profetas referiram a este
evento como algo mais para além, no futuro, como algo que vai acontecer nos ‘últimos dias”
(Is 2:2). Oseas declara que Israel esperará “por muitos dias” antes que aconteça este evento
(Os 3:4-5). Será precedido por uma série de julgamentos em âmbito mundial que serão
sentidos em toda a estrutura da natureza: sol, lua, estrelas, terremotos, inundações, fogo,
fome e pestilência, todos eles afetando as nações da humanidade (Is 24; Jr 2:30-31). Tudo isso
pra mostrar que o processo se dará repentino, catastrófico, sobrenatural, de tal forma que
todos saberão que Deus está interrompendo o curso da história humana e introduzindo algo
de divino na ordem natural (Is 40:5; Ez 20:33-38; Dn 2:34, 44; Am 9:9-10; Ml 3:1-6; Mt 25:31-
46). Ele é apresentado como “um homem rei” (Is 32:1-2); “um rebento do trono de Jessé” (Is
11:1); como o “filho do homem” (Dn 7:13). Por outro lado diz-se que ele é “Senhor” (Sl 2:7),
“nosso Deus” (Is 40:9-10); “Deus forte” (Is 9:6).

A “forma do governo” no reino mediatório é monárquico. Isto também é literal. A


bíblia diz que “o governo está sobre seus ombros” (Is 9:6). Haverá uma fusão perfeita de
severidade e ternura. Ele governará as nações com vara de ferro (Sl 2:7-9, 12), e “entre seus
braços recolherá os seus cordeirinhos, e os levará no seio; as que amamentam, ele guiará
mansamente” (Is 40:11).

A “organização externa” deste reino mediatório é um fenômeno surpreendente.


Nunca se planejou uma estrutura política como essa. Ao invés da supremacia “reinará um rei
como justiça” (Is 32:1; Zc 14:6). As múltiplas responsabilidades deste reino serão delegadas a
uma nobreza espiritual. Esse grupo é formado de três companhias de santos ressurretos: a
igreja (1Co6:2; Ap 3:21), os santos do Antigo Testamento (Ez 37:24-25; Dn 7: 18, 22, 27), e os
mártires da tribulação (Ap 20:4). A nação viva de Israel, redimida, regenerada e unida
novamente a sua terra, será a cabeça sobre todas as nações da terra (Dt 18:1, 13; Is 41:8-16).
Umm sistema de valores morais estará em vigor neste período (Is 40:4). O padrão objetivo da
lei será a regra de medida (Ml 4:4) essa lei será de Jerusalém para toda a terra (Is 2:3). O
castigo pelo erro será rápido, certeiro e inescapável (Is 11:3-4; Ml 3:1-5). Umm santuário
central será estabelecido em Jerusalém para ser utilizado pelos povos de todas as nações (Ez
37:27-28). Tosos os elementos essenciais que contribuem para a vidas humana estarão
presentes (Zc 14:20-21). Este reino não terá fim (Is 9:7), sua duração será eterna. A primeira
fase será de mil anos (Ap 20:4-6) . então se unirá ao estado eterno e durará para sempre.

O reino nos evangelhos:


Encontra-se nos evangelhos muitos anúncios formais desse reino. Foi proclamado por
um anjo (Lc 1:30-33), anunciado por João Batista (Mt 3:1-2) e pregado por Cristo (Mt 4:17, 23),
os doze Apóstolos (Mt 10:5-7) e os setenta discípulos (Lc 10:11). Apesar do ensino tão claro de
Cristo, o Rei e seu reino foram rejeitados, ele encontrou oposição desde o início de seu
ministério público. Ele foi repudiado em Nazaré (lc 4:28-29). Na segunda páscoa procuravam
mata-lo (Jo %:18, 43). A oposição cresceu sempre até atingir as proporções de crise, ele foi
acusado de blasfêmia e de estar de acordo com o Diabo (Mt 9:3-6, 10:12, 34). Isto culminou
finalmente na morte de Cristo, a rejeição do reino e sua suspensão no presente (Mt 12:38-40).
Tendo rejeitado o rei, a nação de Israel rejeitou o reino que ele veio estabelecer.

Compreendendo que a rejeição de reino seria inevitável, Cristo procurou preparar seus
apóstolos para esse evento. Em uma série de parábolas ele esquematiza uma forma de
ministério do reino durante o período de rejeição de Israel. Haverá uma semeadura em
antecipação de um cumprimento futuro do reino (Mt 13:3-9). Um remanescente fiel de Israel
permanecerá no campo para ser redimido (Mt 13:44), e uma pérola de grande preço, a igreja,
também no campo será redimida (Mt 13:45-46). No fim dos tempos haverá uma separação do
que é bom e do que é mal.

Nesta hora Cristo revela planos para uma mudança de direção em seu ministério ´para
cumprir seu propósito para a época de rejeição do reino. Ele vai edificar a igreja, uma
sociedade de crentes (Mt16:13-20). Ele começa também a instruir seus discípulos mais
claramente sobre a necessidade de sua morte e ressurreição (Mt 16:21; 17:22-23; 20:17-22,
28; 21:33-42). Mas ele também lhes assegura que voltará em glória para estabelecer seu reino.
Na transfiguração ele lhes dá uma antevisão de sua natureza literal (Mt 16:27- 17:8;) e
promete que eles participarão de seu reino (Mt 19:27-28).

A época atual deve ser considerada um período de transição para o reino mediatório.
Havia uma expectativa constante para seu estabelecimento (At 1:6), mas os crentes não
podiam harmonizar essa esperança com a cruz e o túmulo. Foi o elemento tempo que os
confundiu. No entanto, o ensino anterior de Cristo não foi de maneira nenhuma anulado pelas
novas instruções dadas pelo Senhor. Em um sentido peculiar, o reino mediatório foi adiado ou
posto em estado de suspensão durante o período que vai do Pentecostes a volta de Cristo. Isto
quer dizer que ele não está sendo experimentado em seu sentido pleno, conforme é descrito
na profecia do A. T. Se ele existisse neste sentido, os membros da igreja estariam governando
sobre a terra (1Co 4:8). Na realidade não lhes seria necessário orar a oração que o Senhor
Jesus ordenou que orassem: “venha o teu reino” . a proclamação deste reino ainda deve ser
pregada como fazia Paulo (At20:24-27). É parte de todo o desígnio de Deus.

O mal também se desenvolve por seus próprios caminhos durante a presente era. ”Os
filhos do maligno” crescerão até serem um vasto ajuntamento da humanidade que se
organizará em um falso reino sob a liderança do anticristo (Ap 13:5-7). Sobre este último reino
mundial cairá com poder esmagador a pedra cortada da montanha sem auxílio de mãos,
pulverizando-o (Dn 2:34-35, 44-45). Esta é a colheita dos fins dos tempos (Ap 14:14-20), uma
colheita feita pelo Senhor Jesus, a Pedra, e servos evangélicos (Mt 13:36-43, 47-50). –E este
concurso de eventos que introduzirá o reino mediatório de nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo (Dn 2:43, 35, 44-45).

Cumprimento do reino:

O reino mediatório será introduzido por Cristo naquele ponto de tempo quando ele
retornar a terra. O período de sete anos, ou um pouco mais, que imediatamente antecede a
isto será marcado pelos julgamentos providenciais e imediatos que expulsarão os usurpadores
da terra. Estes julgamentos são liderados por Cristo que está no céu segurando em suas mãos
o título de propriedade da terra, selado com sete selos. Ele remove os selos um por um até
que os julgamentos que estão sob os selos, as trombetas e os cálices, tenham se cumprido (Ap
6 a 19). Então Cristo retorna a terra com a igreja (Ap 19:7-8, 14) que havia levado para o céu
antes de começar este terrível período (1 Ts 4:13-17).

Neste ponto Cristo começará a exercer a autoridade que lhe foi delegada (Mt 28:18)
para estabelecer seu reino (Ap 11:15-17). A presença pessoal de Cristo é a característica
distintiva principal deste reino. É a pedra Cristo, que cresce e enche toda a terra (Dn 2:34-35,
44-45). Cristo virá em glória (Mt 24:30) com poder sobrenatural. Os anjos o acompanharão, e
ele estabelecerá e se assentará sobre o seu trono (Ap 19:11-21). Ao santos da igreja terão sido
ressuscitados no período do arrebatamento, que antecede a tribulação. No meio da tribulação
serão ressuscitadas as duas testemunhas martirizadas (Ap 11:1). No final da tribulação a
grande companhia dos mártires da tribulação será ressuscitada (Ap 20:4), bem próximo dos
santos da A.T. (Is 26:19-21; Dn 12:1-2).

O reino mediatória então se cumprirá em todos os seus aspectos. Pouco se diz no N..T.
das vastas mudanças que ocorrem no âmbito do reino. Estas se encontram nas profecias do
A.T. Mas Cristo assegurou aos crentes de que essas mudanças ocorrerão exatamente como
estabelece as profecias do A.T. a maldição será parcialmente revogada, tanto que Isaias
descreve a mudança como um novo céu e uma nova terra (is 65:17). Será necessário exercer
um governo severo e inflexível de justiça para controlar o pecado e perpetuar as virtudes deste
reino (Ap 12:5; 19:15). Durante todo o período do reino mediatório, inistério de Cristo será
dirigido e uma progressiva sujeição dos inimigos de seu governo pessoal e oficial. Quando essa
missão for cumprida, ele então entregará voluntariamente o reino nas mãos do Pai, e o reino
mediatório se confundirá com o reino universal (1Co 15:24, 28) que introduzirá o estado
eterno (Ap 21:1-2). Então haverá um trono apenas, pelos séculos dos séculos (Ap 22:1-3).

Pós-Milenismo
Introdução:

Pós- milenismo é aquela concepção das últimas coisas que sustenta que o reino de
Deus está sendo estendido agora no mundo pela pregação do evangelho e a obra salvadora do
Espírito Santo no coração dos indivíduos, que o mundo irá finalmente ser cristianizado e que a
volta de Cristo ocorrerá no final de um longo período de retidão e paz comumente chamado
de Milênio. Deve-se acrescentar que pelos princípios Pós-milenistas a segunda vinda de Cristo
será seguida imediatamente pela ressurreição geral, julgamento geral, e a introdução da
plenitude do Céu e do inferno.

O milênio que os Pós-milenistas esperam, é, dessa forma, uma era áurea de


prosperidade espiritual dentro da atual dispensação, isto é, na era da igreja. Isto vai ser
provocado por forças que já estão em atividade no mundo. Ela vai durar por um período
indefinidamente longo de tempo, talvez, muito mais que mil anos literais. O caráter
transformado dos indivíduos se refletira numa vida social, econômica, política e cultural
melhor para a humanidade. O mundo todo gozará um estado de retidão que até agora só foi
visto em grupos relativamente pequenos e isolados: por exemplo em alguns círculos
familiares, alguns grupos de igrejas locais e organizações semelhantes.

Isto não significa que haverá um tempo nesta terra quando cada pessoa será cristã ou
o pecado será abolido. Mas significa realmente que o mal em suas múltiplas formas será
finalmente reduzido a proporções desprezíveis, que os princípios cristãos serão as regras, e
que Cristo voltará para um mundo verdadeiramente cristianizado. Isso se deve por uma
interpretação da grande comissão de Mateus 28:18-20. Cremos que a grande comissão inclui
não apenas o anúncio formal e externo do evangelho pregado como testemunho as nações,
mas a verdadeira e efetiva evangelização de todas as nações de modo que os corações e vidas
das pessoas sejam transformadas, pois Cristo foi revestido de autoridade no céu e na terra.
Não foi para uma experiência duvidosa que os discípulos foram chamados, mas, para um
triunfo certo. A pregação do evangelho sob a direção do Espírito Santo durante esta
dispensação é, portanto, o meio todo suficiente para atingir este propósito. O milênio,
portanto, será uma era áurea de retidão e paz que precederá a volta de Cristo, sem um evento
marcante como sinal dessa nova era, mas uma sociedade cristianizada.

Um mundo Redimido:

O pós-milenista põe forte ênfase na universidade da obra redentora de Cristo.


Sustenta uma esperança para a salvação de um número incrível de pessoas da raça humana. Já
que foi o mundo e a raça que caiu em Adão, foi o mundo e a raça o objeto da redenção de
Cristo. As boas novas da redenção não era meramente notícias locais para umas poucas vilas
da Palestina, mas uma mensagem mundial; e o testemunho abundante e contínuo da escritura
é que o reino de Deus deve encher a terra, “de mar a mar, e desde o Eufrates até as
extremidades da terra” (Zc 9:10; Ap 7:9-10).

Deus escolheu redimir milhões incontáveis da raça humana. Que proporção exata foi
incluída em seus propósitos de misericórdia, não somos informados; mas tendo em vista os
dias de prosperidades no futuro que são prometidos a igreja, pode-se bem inferir que a grande
maioria terminará por estar neste número. Supondo que aqueles que morrem na infância são
salvos, como a maior parte das igrejas tem ensinado, e a maior parte dos teólogos tem crido, a
maior parte da raça humana já está salva.

A ideia de que os salvos serão muito mais numerosos que os perdidos é realizada nos
contrastes traçados nas escrituras. O céu é uniformemente retratado como mundo vindouro,
um grande reino, um país, uma cidade; enquanto por outro lado o inferno é retratado
uniformemente como um lugar comparativamente pequeno: uma prisão, um lago, um abismo,
etc. Quando os anjos e santos são mencionados nas escrituras, diz-se que eles são hostes,
miríades, multidão que não se pode enumerar, milhões de milhões e milhares de milhares.
Mas tal linguagem nunca é usada em relação aso perdidos. A descrição do grande trono
branco de julgamento encontrada em Apocalipse 20:11-15 termina com a declaração: “E, se
alguém não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago do fogo”.
Essa linguagem indica que no julgamento o normal será que o nome da pessoa esteja inscrito
no livro da vida. Tal linguagem implica que aqueles cujos nomes não estão inscritos lá são os
casos excepcionais: até, podemos dizer, casos raros.
Progresso Espiritual no Mundo:

Olhando para trás, através dos dois mil anos que se passaram desde a vinda de Cristo,
podemos ver ouve realmente um progresso maravilhoso. Pense , por exemplo, nas terríveis
condições morais e espirituais que havia na terra antes da vinda de Cristo. A maior parte do
mundo tateando desamparadamente nas trevas do paganismo, com a escravidão, poligamia,
as condições oprimidas das mulheres e crianças, a falta quase completa de liberdade política,
ignorância, a pobreza e condições primitivas de medicina, enfrentados por todos, exceto as
classes dominantes.

Hoje o mundo como um todo está em plano muito mais elevado. Os princípios cristãos
são os padrões aceitos em muitas nações. A escravidão e poligamia praticamente
desapareceram. A situação das mulheres e crianças melhorou enormemente. As condições
sociais em vários países alcançaram um outro nível. Percebe-se cooperações internacionais
entre nações. Atitudes jamais vistas em qualquer outro período da história. Hoje há muito
mais recursos financeiros consagrados ao serviço da igreja do que jamais houve. Com isso
parece estar havendo um movimento missionário e evangelístico realmente séria como jamais
houve em qualquer outro período da história. Antes da reforma a bíblia era um livro para uma
minoria formada pelo clero, hoje a bíblia está disponível para 98% das pessoas na terra. Tem-
se programas de rádio e televisão espalhando a mensagem por toda a terra 24 horas por dia.
Estatísticas apontam que o cristianismo ao redor do mundo cresceu mais no último século do
que em toda os anteriores. Temos também um avanço material extraordinário. Ouve avanço
na ciência, transportes, comunicações, medicina, etc. Tudo como subproduto de um avanço
espiritual. Este progresso que já ouve, originado principalmente nas nações protestantes da
Europa Ocidental e nos Estados Unidos, foi alcançado apenas em conexão com um progresso
em direção ao milênio. Que coisas maravilhosas estão ainda pela frente, quando as nações do
mundo todo forem cristãs, quando o milênio tornar-se uma realidade. A vinda do milênio é
como a chegada do verão, só que muito mais lentamente e em escala muito maior.

Princípios de interpretação:

Os Pós-milenistas interpretam a bíblia a partir de uma linguagem simbólica e figurada.


Não é preciso ler muito a bíblia para perceber que nem tudo nela é literal. Dizer que todas as
profecias a respeito de Cristo se cumpriram literalmente é cair no erro. Por exemplo Gn 3:15
onde se diz: “Este te ferirá a cabeça, e tu lhe feriras o calcanhar”. Esta profecia certamente não
se cumpriu literalmente, onde um homem esmagou a cabeça de uma serpente e a serpente
lhe mordeu o calcanhar. Foi cumprida de uma maneira altamente figurativa quando Cristo
triunfou sobre o diabo e suas forças do mal na cruz. A última profecia do AT encontra-se em
Malaquias 4:5 e est[á registrado assim: “Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que
venha o grande e terrível dia do Senhor”. Esta profecia, semelhante, não cumprida de forma
literal. O próprio Cristo disse que esta profecia se cumpriu na pessoa de João Batista (Mt
11:14), que veio no Espírito e poder de Elias. Novamente temos esta profecia em Isaías 40:3-5.
Isto certamente não se cumpriu através de um programa de construção de estradas na
Palestina, mas sim na obra de João Batista, que preparou o caminho para o ministério público
de Jesus. O próprio João disse: “Porque este é o referido pelo profeta Isaías...” e passou a citar
os versos de Isaías (Mt 3:1-3).

Muitas outras profecias do AT em linguagem figurada poderiam ser citadas, mas estas
certamente são suficientes para mostrar que simplesmente não é verdade que “cada profecia
que indicava o primeiro advento de Cristo foi cumprida literalmente ao pé da letra em cada
detalhe”. Espiritualizar certas profecias ou outras declarações não significa racionaliza-las para
não precisarmos segui-las. As vezes seu verdadeiro significado encontra-se apenas no mundo
espiritual invisível. Os pre-Milenistas frequentemente materializam e literalizam as profecias a
tal ponto que as mantém em um nível terreno, perdendo seu dignificado verdadeiro e mais
profundo. Isto é exatamente o que os Judeus fizeram em suas interpretações das profecias
messiânicas. Eles aguardavam o cumprimento literal, como um reino terreno e um dominador
político. O resultado é que eles perderam completamente o elemento redentivo. Quando o
Messias veio, eles não o reconheceram, mas o rejeitaram e crucificaram. As terríveis
consequências dessa interpretação literalistas no que diz respeito a primeira vinda devia
alertar-nos contra cometer o mesmo erro quanto a segunda vinda.
O Amilenismo
Introdução:
Primeiramente uma palavra sobre a terminologia. O termo “Amilenismo” não é feliz.
Sugere que os Amilenistas não creem em qualquer tipo de milênio ou simplesmente ignoram
os seis primeiros versos de apocalipse 20, que falam de um reino milenial. Nenhuma dessas
duas afirmações é verdadeira. Apesar de ser verdade que os Amilenistas não creem em um
reino literal terreno de mil anos que se seguira ao retorno de Cristo, o termo “Amilenista” não
é uma descrição precisa de seu ponto de vista. O Professor Jay E. Adans, do seminário da
Filadélfia, sugeriu que o termo “Amilenismo” fosse substituído pela expressão “Milênio
realizado”. Este termo descreve melhor a posição “Amilenista” de forma mais precisa, já que a
ideia de milênio do Apocalipse 20 já está hoje em processo de realização.

A interpretação do livro de Apocalipse


Para podermos ver o pano de fundo da perspectiva Amilenista do milênio deve-se
primeiro se preocupar com o problema da interpretação do apocalipse. O Amilenista entende
que apocalipse 20:1-6 descreve o que acontece em toda a história da igreja, a partir da
primeira vinda de Cristo. Com isto posto teremos uma interpretação do milênio bem diferente
de todas as outras correntes milenistas.

O sistema de interpretação do Apocalipse que me parece mais satisfatório, apesar de


ter também seus problemas, é o conhecido como “Paralelismo progressivo”, bem defendido
por Willian Hendriksen. De acordo com este ponto de vista, o livro do Apocalipse consiste de
sete seções paralelas entre si, cada uma delas descrevendo a igreja e o mundo desde a época
da primeira vinda de Cristo até a da sua segunda vinda.

A primeira dessas sete seções está nos capítulos 1 a 3. João vê o Cristo ressurreto e
glorificado andando no meio dos sete candeeiros de ouro. A visão do Cristo glorificado
juntamente com as cartas as sete igrejas formam claramente uma unidade. Preciso observar,
primeiramente que no texto dos capítulos 1 a 3 temos referência a eventos, pessoas e lugares
da época em que o livro foi escrito. Em segundo lugar, os princípios, as recomendações e
avisos contidos nestas cartas valem para a igreja de todos os tempos. Estas informações
fornecem uma pista para a interpretação do livro todo. O livro foi escrito para as igrejas do
primeiro século, pois sua mensagem tinha relação com os eventos da época, mas pode-se
afirmar concomitante a isso que a mesma mensagem pode ser aplicada as igrejas em todos os
tempos da história, tornando-se relevante para nós hoje.

A segunda seção é visão dos sete selos que se encontra nos capítulos 4 a 7. João é
levado ao Céu e vê Deus sentado em seu trono radiante. Ele vê então o cordeiro que tinha sido
morto tomar o rolo selado com sete selos da mão daquele que estava sentado no trono. Os
diversos selos são quebrados, e diversos julgamentos de Deus sobre o mundo são descritos.
Nesta visão temos a igreja sofrendo provas e perseguições sobre o pano de fundo da vitória de
Cristo.

A terceira seção, nos capítulos 8 a 11, descreve as sete trombetas de julgamento.


Nesta visão vemos a igreja vingada, protegida e vitoriosa.

A quarta seção, capítulos 12 a 14, começa com a visão da mulher dando a luz um filho
enquanto o dragão espera para devora-lo logo que nasça, uma referência óbvia ao nascimento
de Cristo. O restante da seção descreve a contínua oposição que o Dragão, que representa
Satanás, faz a igreja. Esta seção apresenta-nos também as duas bestas que são os auxiliares do
Dragão: a besta que emerge do mar e a que emerge da terra.

A quinta seção encontra-se nos capítulos 15 a 16. Descreve as sete taças da ira,
representando dessa forma de maneira bem vívida a visitação final da ira de Deus sobre os que
permanecem impenitentes.

A sexta seção, capítulos 17 a 19, descreve a queda da Babilônia e das bestas. Babilônia
representa a cidade do mundo, as forças do secularismo, e impiedade que se opõe ao reino de
Deus. O final do capítulo 19 descreve a queda e punição final dos dois auxiliares do Dragão: a
besta que emerge do mar e o falso profeta, que parecem se identificar com a besta que sai da
terra. (16:3)

A sétima seção narra o fim do Dragão, completando assim a descrição da derrota dos
inimigos de Cristo. Além disso descreve o juízo, o triunfo final de Cristo e sua igreja e o
universo restaurado, chamado aqui de novos céus e nova terra.

Observe que apesar dessas sete seções serem paralelas entre si, revelam, também, um
certo grau de progressão escatológica. A última seção por exemplo, leva-nos mais além para o
futuro que as outras. Apesar de que o juízo final já tivesse sido anunciado em 1:7 e
brevemente descrito em 6:12 -17, não é apresentado detalhadamente senão quando
chegamos a 20:11-15. Apesar do gozo final dos redimidos já ter sido insinuado em 7:15-17, não
encontramos uma descrição detalhada e elaborada da benção da vida na nova terra senão
quando chegamos ao capítulo 21 até 22:5. Por essa razão, este método de interpretação é
chamado “Paralelismo progressivo”

Temos também duas outras divisões dentro dessa progressão escatológica, onde dos
capítulos 1 a 11 descreve a luta da igreja na terra sendo perseguida pelo mundo, e dos
capítulos 12 a 22, a segunda metade do livro, descreve o pano de fundo espiritual dessa luta
descrevendo a perseguição da igreja pelo Dragão e seus aliados.

A luz do exposto até aqui, vemos que Apocalipse 20 a 22 se encaixa no todo. Esta
última seção descreve o julgamento que cai sobre Satanás, e seu fim definitivo. Já que Satanás
é o supremo oponente de Cristo, é lógico que seu fim devia ser narrado por último.

A interpretação de Apocalipse 20:1-6:


Podemos agora prosseguir para a interpretação de Apocalipse 20:1-6, a única
passagem na bíblia que fala explicitamente de um reino de mil anos. Observe que a passagem
obviamente se divide em duas partes: 1 a 3 que descrevem o acorrentamento de Satanás, e os
versos 4 a 6 , que descrevem a reinado de mil anos das almas com Cristo.

Como foi mostrado anteriormente os capítulos 20 a 22 constituem a última seção do


livro de apocalipse, e portanto não descrevem o que sucede a volta de Cristo narrado no
capítulo 19. Ao invés, Apocalipse 20:1 leva-nos ao princípio da era cristã.

Certamente a derrota de Satanás começou com a primeira vinda de Cristo. O reinado


milenial descritos nos versos 4 a 6 acontece antes da segunda vinda de Cristo, isso se torna
evidente pelo fato que o julgamento final, descritos nos versos 11 a 15 deste capítulo é
descrito vindo depois do reinado de mil anos. Não apenas no livro de Apocalipse, mas em
qualquer outro lugar no Novo Testamento, o juízo final está ligado a segunda vinda de Cristo
(veja Ap 22:12; Mt 16:27; 25:31-32; Jd 14 e 15;2Ts 1:7-10). Sendo assim, é óbvio que o reinado
de mil anos de Apocalipse 20:4-6 deve acontecer antes, a não depois da segunda vinda de
Cristo.

Observemos mais de perto apocalipse 20:1-6 mesmo, a começar dos versos 1 a 3.


Nestes versos temos a descrição do acorrentamento de satanás. Ele é preso por mil anos e
então é lançado em um lugar chamado abismo. O propósito desta prisão é “para que ele não
mais enganasse as nações até se completarem os mil anos”.

O livro de Apocalipse é cheio de números simbólicos. Obviamente o número mil que é


usado aqui não deve ser interpretado de forma literal. Desde que o número 10 significa
inteireza, e mil é dez elevada a terceira potência, podemos julgar que a expressão “mil anos”
representa um período completo, um período bem longo de extensão indeterminada. De
acordo com o que foi dito acima sobre a estrutura do livro, e a luz dos versos 7 a 15 deste
capítulo, que descrevem o pouco tempo de satanás, a batalha final e o juízo final, podemos
concluir que este período de mil anos vai da primeira vinda de Cristo até logo antes da
segunda vinda de Cristo.

Já que o “lago de fogo” mencionado nos versos 10, 14 e 15 é obviamente uma


descrição do lugar de punição final, o “abismo” mencionados nos versos 1 e 3 não deve ser o
lugar de punição final. A palavra abismo deve ser considerada uma descrição figurada da
maneira como a atividade de Satanás será refreada durante os mil anos.

O que dizer então o “acorrentamento de Satanás”? Na época do antigo Testamento,


pelo menos nos tempos pós Abraâmicos, todas as nações do mundo exceto Israel estavam, por
assim dizer, sob o governo de Satanás. Naquela época o povo de Israel foi recipiente da
revelação especial de Deus, e por esta razão conheciam a verdade de Deus sobre eles próprios,
sua pecaminosidade e a maneira de obter o perdão e a salvação. Ao mesmo tempo, porém, as
outras nações do mundo não conheciam esta verdade, e estavam, portanto, na ignorância e
erro (At 17:30), exceto por alguma pessoa, família ou cidade que ocasionalmente entravam em
contato com a revelação especial de Deus. Pode-se dizer que nesta época estas nações
estavam enganadas por Satanás, como nossos primeiros pais haviam sido enganados por
Satanás quando caíram em pecado no jardim do Éden.

Um pouco antes de sua ascensão entretanto Cristo deu a seus discípulos a grande
comissão (Mt 28:19). Neste ponto pode-se muito bem imaginar os discípulos levantando uma
pergunta perturbadora: “Como poderíamos ter alguma chance de fazer isso se Satanás
continuar a enganar as nações da maneira que fez no passado?” Em Apocalipse 20:1-3, João dá
uma animadora resposta a esta pergunta! Parafraseando esta resposta seria mais ou menos
assim: “Na era do evangelho que foi iniciada, Satanás não poderá continuar enganando as
nações da maneira que fez no passado, pois ele foi preso. Durante todo este período,
portanto, vocês, os discípulos de Cristo poderão pregar o evangelho e fazer discípulos de todas
a s nações”.

Não significa que Satanás não possa fazer mal algum, mas que ele está preso e não
poderá enganar as nações de tal maneira que as impeça de aprender sobre a verdade de Deus.
Mais adiante no capítulo somos informados que quando os mil anos terminarem Satanás será
liberto de sua prisão e sairá para enganar as nações do mundo para ajunta-las para combater e
se possível, destruir o povo de Deus (versos 7-9). Isto, entretanto, não pode fazer enquanto
está preso. Concluímos que o acorrentamento de Satanás na era do evangelho significa,
primeiramente, que ele não pode impedir o crescimento do evangelho e, também, que ele não
pode reunir todos os inimigos de Cristo para atacarem a igreja.

Há alguma indicação no Novo Testamento que Satanás estaria preso na época da


primeira vinda de Cristo? Há sim. Quando os Fariseus acusaram Jesus de estar expulsando
demônios pelo poder de Satanás, Jesus replicou: “Como pode alguém entrar na casa do
valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarra-lo?” (Mt 12:29). É bem interessante que a
palavra usada por Mateus para descrever o ato de amarrar o valente é a mesma palavra usada
em Apocalipse 20 para descrever o acorrentamento de Satanás. Pode-se dizer que Jesus
prendeu o Diabo quando triunfou sobre ele no deserto, recusando-se a ceder as suas
tentações. A expulsão de demônios por Jesus, ele nos ensinou nesta passagem, era evidência
de seu triunfo. Pode-se replicar que a expulsão de demônios é evidência da presença do reino
de Deus (Mt 12:28) e que é exatamente pelo reino ter vindo que o evangelho pode ser
pregado hoje a todas as nações (Mt 13:24-30, 44-50).

Quando os setenta retornaram de sua missão de pregação, disseram a Jesus: “Senhor,


os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome!” Jesus respondeu: “eu via a Satanás
caindo do céu como um relâmpago” (Lc 10:7 e 18). Estas palavras, nem é preciso dizer, não
devem ser interpretadas literalmente. Elas devem ser entendidas com o significado que Jesus
viu no trabalho que seus discípulos estavam fazendo uma indicação que o reino de satanás
havia acabado de receber um golpe esmagador, que na realidade uma certa prisão de Satanás,
uma certa restrição de seu poder, havia acabado de acontecer. Neste caso, a queda ou prisão
de Satanás está associada diretamente a atividade missionária dos discípulos de Jesus.

Outra passagem que liga refreamento das atividades de satanás com o esforço
missionário de Deus é João 12:31-32: “Chegou o momento de ser julgado este mundo, e agora
seu príncipe será expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo”. É
interessante notar que o verbo aqui traduzido como “expulso” é “ekballo” derivado da mesma
raiz que a palavra usada em Apocalipse 20:3: “O anjo lançou (ballo), Satanás no abismo. Mais
importante ainda, porém, é observar que a expulsão de satanás é aqui associada com o fato
que não apenas Judeus, mas homens de todas as nacionalidades serão atraídos a Cristo
quando ele for levantado na cruz.

Vemos aqui que o acorrentamento de Satanás que é descrito em Apocalipse 20:1-3


significa que durante toda a era do evangelho, na qual vivemos, a influência de Satanás, apesar
de certamente não aniquilada, está tão restringida que ele não pode evitar a propagação do
evangelho as nações do mundo. Por causa da prisão de Satanás na época atual as nações não
podem vencer a igreja, mas a igreja está vencendo e conquistando as nações.

Prosseguimos agora para os versos 4 a 6. Já vimos que os versos 1 a 3 falam de um


período de mil anos. Vemos agora que os versos 4 a 6 também se referem a um período de mil
anos. Os mil anos dos versos 1 a 3 refere-se aos mesmos mil anos dos versos 4 a 6. Este
período estende-se por toda a era evangélica, ou seja, toda a dispensação do Novo
Testamento, da época da primeira vinda até quase a sua segunda vinda.

Observemos o verso 4 mais atentamente. A primeira questão que devemos enfrentar


é: Onde estão estes tronos? A palavra trono aparece no Apocalipse 47 vezes, e que, exceto em
2:13; 13:2 e 16:10 o trono não está no céu. Os tronos que João vê aqui estão no céu. Juntamos
a isto a visão das almas dos decapitados. Confirma-se a conclusão dos tronos no céu. Ou seja,
podemos então dizer que, apesar do período de mil anos descrito nestes versos serem sempre
os mesmos, os versos de 1 a 3 descrevem o que acontece na terra durante este período, e os
versos 4 a 6 retratam o que acontece no céu. O que estas almas fazem? João informa que a
eles foi dada a autoridade de julgar. E quem são esses? João vê as almas daqueles que haviam
sido mortos por causa de seu testemunho por Cristo e por causa da palavra de Deus. Em
outras palavras, ele vê as almas dos mártires, crentes que sofreram morte de martírio por
causa de sua fidelidade a Cristo. No tempo de João muitos estavam sendo mortos por causa da
palavra. João vê essas almas agora sentadas em tronos no céu, tomando parte no trabalho de
julgar. Mas João não vê somente os mártires, mas vê todos que não adoraram a besta e
permaneceram fieis ao seu Senhor, ou seja todos que permanecerem fieis até o fim.

Seguem-se as palavras mais controversas desta passagem: “Viveram e reinaram com


Cristo durante mil anos”. Os pre milenistas interpretam esta passagem como sendo uma
ressurreição literal de entre os mortos, e por isso encontram nesta passagem uma evidencia
de um reinado de mil anos de Cristo na terra, após sua segunda vinda. Se aqui temos uma
ressurreição literal teremos que defender duas ressurreições antes do julgamento final. Sendo
uma de crentes e outra de incrédulos. Porém, as escrituras defendem a ideia de apenas uma
ressurreição física, incluindo tanto os crentes como os não crentes (Jo 5:28-29; At 24:15).

O que significa então estas palavras “viveram e reinaram com Cristo durante mil
anos”? Significa que aqueles que morreram em Cristo, foram fieis até o fim, neste momento
reinam com Cristo, enquanto aqueles que morreram sem Cristo aguardam o juízo final, a fim
de serem condenados. É praticamente impossível ver aqui uma ressurreição literal dos crentes.
O verso 6 continua dizendo que sobre estes, que foram fieis, a segunda morte não tem
autoridade. Ou seja, não serão condenados juntos daqueles que morreram sem Cristo. Por isso
reinarão com Cristo durante os mil anos, ou seja, durante a presente dispensação até o dia do
juízo final. Pois sobre aqueles que a segunda morte tem autoridade serão lançados no inferno,
este é sentido de “segunda morte” no verso 14 deste capítulo. Por isso “Primeira ressurreição”
não pode significar ressurreição física.

“Pelo contrário, serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele os mil anos”
(v 6b). Durante todo este período de mil anos, portanto os mortos crentes servirão a Deus e a
Cristo como sacerdotes e reinarão com Cristo como reis. Apesar de João aqui estar pensando
apenas no período de mil anos que vai até o retorno de Cristo, os capítulos finais de apocalipse
indicam que após Cristo voltar e após a ressurreição do corpo, estes mortos crente poderão
adorar a Deus, servir a Deus e reinar com Cristo de uma maneira ainda mais rica do que agora.
Eles adorarão e servirão a Deus por toda a eternidade em perfeição sem pecado com corpos
glorificados na nova terra.

Esta, então é a interpretação Amilenista de Apocalipse 20:1-6. Entendida desta forma,


a passagem nada diz de um reinado terreno de Cristo sobre um reino que é principalmente
Judaico. Ao invés disso, descreve o reinado com Cristo, no Céu, das almas dos crentes que
morreram. Eles reinam no período entre suas mortes e a segunda vinda de Cristo.

A interpretação das profecias do Antigo Testamento:

Um breve esboço da escatologia Amilenista:

Algumas implicações da escatologia Amilenista:

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