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Fichamento n°3 - Karl Marx e Friederick Engels

"Manifesto do Partido Comunista", é o título da obra encabeçada pelos teóricos Karl


Marx e Friederick Engels e que contou com a participação de diversos outros
comunistas que se reuniram para forjar este manifesto. A princípio, é exposto no início
da obra o quanto o comunismo já estava estava fazendo barulho nas sociedades
europeias. "Um espectro ronda a Europa: o espectro do comunismo (...) O comunismo
já é reconhecido como força poderosa por todas as potências europeias." (Marx, K.
Engels, F. O Manifesto do Partido Comunista. p, 9-10. São Paulo: Ed. Expressão
Popular, 2008). Os comunistas expõe ao mundo sua face, suas características e
tendências.

Os autores dão início ao primeiro capítulo "Burgueses e proletários" com a seguinte


afirmação: "A história de todas as sociedades até agora tem sido a história das lutas de
classe." (Marx, K. Engels, F. O Manifesto do Partido Comunista. p, 10. São Paulo: Ed.
Expressão Popular, 2008). Logo, deixa a entender que os que estão em oposição tem
vivido em uma guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada, mas que por vezes
termina sempre ou em revolução ou em destruição das duas classes em luta. Nas
primeiras épocas históricas, verifica-se quase por toda parte, uma completa divisão da
sociedade em classes distintas, uma escala graduada de condições sociais. A sociedade
burguesa que brotou das ruinas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de
classe, somente reforçou outros graus de opressão aos que já existiam no passado.
Entretanto, atualmente, a sociedade divide-se, cada vez mais em dois vastos campos
opostos: a burguesia e o proletário.

A antiga organização feudal da indústria em que essa era circunscrita, corporações


fechadas já não podiam satisfazer as necessidades que cresciam com a abertura de
novos mercados. A manufatura substituiu a pequena burguesia industrial, suplantou
os mestres das corporações, a divisão do trabalho entre as diferentes corporações
desapareceu diante da divisão do trabalho dentro da própria oficina. Todavia, os
mercados ampliavam-se cada vez mais a procura de mercadorias, aumentava sempre.
A própria manufatura tornou-se insuficiente, então, o vapor e a maquinaria
revolucionaram a produção industrial. A grande indústria moderna suplantou a
manufatura, a media burguesia manufatureira cedeu lugares a indústria, aos chefes de
verdadeiros exércitos industriais ao burgueses modernos.

O mercado mundial acelerou prodigiosamente o desenvolvimento do comércio, da


navegação e dos meios de comunicação por terra. Este desenvolvimento reagiu, por
sua vez, sobre a extensão da indústria, e a medida em que a indústria, o comércio, a
navegação e as vias férreas se desenvolviam, crescia a burguesia, multiplicando seus
capitais e delegando a segundo plano as classes ligadas pela Idade Média.
Visto que a própria burguesia moderna é o produto de um longo processo de
desenvolvimento de uma série de revoluções no modo de produção e de troca. Cada
etapa da evolução percorrida pela burguesia era acompanhada por processos
políticos. A classe social oprimida pelo despotismo feudal, a associação armada
administrando a si própria, o terceiro estado tributário da monarquia, pedra angular
das grandes monarquias. A burguesia desde o estabelecimento da grande indústria,
passou a dominar a soberania politica exclusiva no mercado representativo
moderno. O governo moderno é, senão, um comitê para gerir negócios comuns de
toda classe burguesa.
Desempenhando um papel eminentemente revolucionário, aonde quer que tenha
conquistado poder, a burguesia pôs fim às relações feudais. A burguesia rasgou o véu
de sentimentalismo que envolvia as relações de família e as reduziu a simples relações
monetárias.
Impelida pela necessidade de mercado sempre crescente, a burguesia invade todo o
globo. Estabelecendo, explorando e criando vínculos por toda parte.
Para desespero dos reacionários ela criou a indústria sua base nacional. Industrias que
não entregam mais matérias primas autóctones, mas sim matérias primas vindas das
regiões mais distantes e cujo produtos se consomem não somente no próprio país mas
em todas as partes do globo.
No lugar das antigas necessidades, satisfeitas pelos produtos nacionais, nascem novas
necessidades que reclamam para sua satisfação os produtos das regiões mais
longínquas e dos climas mais diversos. Em lugar do antigo isolamento de regiões e
nações que se bastavam a si próprias, desenvolvem-se um intercâmbio universal.
Universal interdependência das nações e isso se refere tanto à produção material
como a produção intelectual. As criações intelectuais de uma nação tornam-se
propriedade comum de todas. O exclusivismo e isolamento nacional tornam se cada
vez mais impossíveis, possibilitando também o crescimento de uma literatura universal
a partir das locais e nacionais.
Devido ao rápido aperfeiçoamento dos meios de produção e ao constante progresso
dos meios de comunicação, a burguesia arrasta para a torrente civilização, mesmo as
civilizações mais bárbaras.
Os baixos preços de seus produtos são artilharia pesada que destrói todas as muralhas
da China e obrigam a capitularem os bárbaros mais hostis aos estrangeiros. Sob pena,
ela obriga as nações a adotarem o modo burguês de produção, constrange-as a
abraçar o que elas chamam de civilização, isto é, a se tornarem burguesas. No geral,
com o objetivo de se criar um mundo a sua imagem e semelhança.
A burguesia inverteu o modo de vida das populações, submetendo o campo à cidade,
dando origem a grandes centros urbanos, devido ao êxodo rural. Do mesmo modo que
subordinou o campo a cidade, "também pôs os povos bárbaros e semibárbaros na
dependência dos civilizados, as nações agrárias sob o julgo das burguesas, o Oriente
sob o Ocidente." (Marx, K. Engels, F. O Manifesto do Partido Comunista. p, 17. São
Paulo: Ed. Expressão Popular, 2008).
Ela suprime a dispersão dos meios de produção, da propriedade e a população.
Primeiro, como discorrido anteriormente, aglomerou a população, logo em seguida
centralizou os meios de produção em suas mãos e depois tratou de concentrar a
propriedade e o acesso a ela na mão de poucos.
A consequência necessária dessas transformações foi a centralização política, não se
limitando apenas as esferas econômicas. Ligadas por laços federativos, possuindo
interesses, leis, governos, tarifas aduaneiras diferentes e foram interligadas em uma só
barreira alfandegária.
A burguesia durante o seu domínio de classe apenas secular, criou forças produtivas
mais numerosas e mais colossais que todas as gerações passadas em conjunto.
"Dominação das forças da natureza, maquinaria, aplicação da química na indústria e
na agricultura, navegação a vapor, estradas de ferro, telégrafo elétrico,
desbravamento de regiões inteiras, adaptação dos leitos dos rios para a navegação,
fixação de populações vindas não se sabe de onde - que séculos anteriores poderiam
imaginar quanta força produtiva se escondia no seio do trabalho social?" (Marx, K.
Engels, F. O Manifesto do Partido Comunista. p, 18. São Paulo: Ed. Expressão Popular,
2008). Em suma, pode-se entender que os meios de produção e troca, sobre cuja base
se ergue a burguesia, foram gerados no seio de uma sociedade feudal

A menção das crises comerciais esporádicas cada vez maiores, e que coloca em xeque
e ameaça a existência da sociedade burguesa. Cada crise destrói não apenas uma
grande massa de produtos já fabricados mas também parte das próprias forças
produtivas já desenvolvidas. Nesse contexto, as crises acabam por atuar ou
desenvolver uma epidemia, no caso uma epidemia de superprodução. A sociedade
logo está reconduzindo um estado de barbárie momentânea, tendo como causa a
demasiada população. Logo, a indústria e o comércio não dão conta de supri-la.

Contudo, como explicado anteriormente as crises comercias são periódicas, ou seja,


tendem a acontecer com uma certa frequência, logo, presume-se que os burgueses
sempre encontram maneiras de contorna-las. Os autores explicam que a burguesia
vence essas crises, "Por um lado, pela destruição forçada de grande quantidade de
forças produtivas; e por outro, por meio da conquista de novos mercados e pela
exploração mais intensa de mercados antigos." (Marx, K. Engels, F. O Manifesto do
Partido Comunista. p, 20-21. São Paulo: Ed. Expressão Popular, 2008). E, apesar de
tudo, isso as leva ao preparo de crises mais extensas e mais destruidoras e a
diminuição dos meios para evita-la.

Nesse contexto, as estratégias usadas pela burguesia para desmoronar o feudalismo


voltam-se contra ela. Seguindo a diante, já no meio do capítulo, os autores explicam
essa questão e já adentram em uma das personagens centrais da obra, o proletário.
"Mas a burguesia não forjou apenas as armas que a levarão à morte; produziu
também os homens que usarão essas armas: os trabalhadores modernos, os
proletários." (Marx, K. Engels, F. O Manifesto do Partido Comunista. p, 21. São Paulo:
Ed. Expressão Popular, 2008).

Observa-se nesse processo um sistema de parasitismo entre dominante e dominado,


em que através do desenvolvimento da burguesia e do capital, há também o
desenvolvimento do proletário, do operário moderno. No qual, estes só vivem se
tiverem a oportunidade de se encontrar trabalho, porém o trabalho só se encontra na
medida em que se aumenta o capital.

Estes trabalhadores também servem como mercadoria, artigo de comércio, e como


consequência estão sujeitos a todas as variabilidades da concorrência, as flutuações do
mercado, com o crescente emprego de máquinas despojando o trabalho do operário
de seu caráter autônomo, só se requer dele a operação mais simples e monótona de
se fazer.

Desse modo, o operário se reduz aos meios de manutenção que lhes são necessários,
ora que o preço do trabalho como o da mercadoria é igual ao custo de sua produção.
Portanto, quanto maior o caráter enfadonho do trabalho, menor o salário.

Os autores adentram em mais uma questão importante no debate: a diferença entre a


visão de gênero pela burguesia e pelos proletários. "Quanto menos destreza e força
exige o trabalho manual, isto é, quanto mais a indústria moderna se desenvolve, tanto
mais o trabalho dos homens é substituído pelo das mulheres e crianças. Diferenças de
sexo ou de idade não têm mais qualquer relevância social para a classe trabalhadora.
Só há instrumentos de trabalho, cujo preço varia conforme a idade e o sexo." (Marx, K.
Engels, F. O Manifesto do Partido Comunista. p, 22-23. São Paulo: Ed. Expressão
Popular, 2008).

A exploração do proletário não dá-se apenas no interior das fábricas. Ele é explorado
de diversas outras maneiras em diferentes vertentes da sociedade. Se tornando presa
de proprietários de imóveis, varejistas, etc. O que os autores chamam de outras
parcelas da burguesia.

"O proletário percorre diversas etapas em seu desenvolvimento. Sua luta contra a
burguesia começa com sua própria existência." (Marx, K. Engels, F. O Manifesto do
Partido Comunista. p, 23. São Paulo: Ed. Expressão Popular, 2008). A princípio, se
empenham na luta isolada, mais tarde operários de uma mesma fábrica, adiante
operários de um setor da indústria contra o burguês que os explora diretamente. Não
limitando seus ataques apenas as relações burguesas de produção, mas, também, os
instrumentos de produção, buscando a posição do trabalhador na Idade Média.

Os autores detalham mais detalhadamente ao longo das páginas como o processo de


levante de oposição dos trabalhadores em relação aos burguesas se desenvolvem.
Adiante, no segundo capítulo da obra os autores discorrem sobre a posição dos
comunistas perante os proletários. "Os comunistas não constituem um partido
especial, separado dos demais partidos operários. Não têm interesses distintos do
proletário em seu conjunto. Não defendem princípios particulares, com os quais
queiram moldar o movimento proletário." (Marx, K. Engels, F. O Manifesto do Partido
Comunista. p, 31. São Paulo: Ed. Expressão Popular, 2008). Eles explicam que o que os
diferencia dos demais partidos proletários é o que carregam como princípio e prática,
a defesa dos interesses de todos os proletários, em todas as suas lutas,
independentemente da nacionalidade pois todos estão unidos contra um oponente
em comum, a burguesia.

"O objetivo imediato dos comunistas é o mesmo dos demais partidos proletários: a
constituição do proletário de classe, a derrubada do domínio da burguesia, a conquista
do poder político pelo proletário." (Marx, K. Engels, F. O Manifesto do Partido
Comunista. p, 32. São Paulo: Ed. Expressão Popular, 2008).

Os comunistas não baseiam suas teses em convicções e crenças que tenham sido
inventadas ou descobertas por eles, "Elas são apenas a expressão geral de uma luta de
classes existente, de um movimento histórico que se desenrola sob nossos olhos."
(Marx, K. Engels, F. O Manifesto do Partido Comunista. p, 33. São Paulo: Ed. Expressão
Popular, 2008).

Ademais, eles têm como objetivo a extinção da propriedade burguesa. Neste ponto
eles enfatizam que o problema não é a supressão da propriedade privada em si. Este é
o primeiro argumento usado pelos anticomunistas, generalizar e cair no senso comum
de que os comunistas abominam a propriedade privada, no caso, tudo aquilo que foi
conquistado através do trabalho pessoal de um indivíduo, o que não é bem assim.

Aqui eles fazem uma critica aos defensores do liberalismo que pregam o direito à
liberdade e à propriedade privada, como se isso fosse realmente um direito que todos
conquistassem em pé de igualdade. "Vocês se referem à propriedade pequeno
burguesa ou do pequeno camponês, que antecedeu à propriedade burguesa? (...) Ou
estão se referindo à propriedade burguesa moderna?(...) Será que o trabalho
assalariado, o trabalho do proletário, cria propriedade para ele? De modo
algum."(Marx, K. Engels, F. O Manifesto do Partido Comunista. p, 33-34. São Paulo: Ed.
Expressão Popular, 2008).

A propriedade, encontra-se na oposição entre capital e trabalho. O capitalista exerce


um papel social na produção. E o capital é um produto social que só funciona se
sustentado por muitos membros, é como se fosse a peça de uma engrenagem. Logo, o
capitalismo não é uma prática individual.

A questão da propriedade privada continua sendo uma das grandes críticas


desenvolvidas extensivamente durante a obra. Os autores expõem o argumento
utilizado pela burguesia de que "os comunistas querem a derruba da propriedade
privada", e criticam ferozmente seus discursos sobre o livre comércio.

"Vocês nos acusam de querer suprimir a propriedade cuja premissa é privar de


propriedade a imensa maioria da sociedade. Vocês nos acusam, em resumo, de querer
acabar com a sua propriedade. De fato, é isso que queremos(...) Vocês confessam,
portanto, que só consideram como indivíduo o burguês, o proprietário burguês. Este
indivíduo, de fato, deve ser abolido." (Marx, K. Engels, F. O Manifesto do Partido
Comunista. p, 36-37. São Paulo: Ed. Expressão Popular, 2008).

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